Você está na página 1de 231

 

 
 
 
Diretor Responsável/Editor
Solon Ibanez
 
Produção Editorial
Revisão/Capa
Solon Ibanez
 
Está expressamente proibida a reprodução total, parcial, reedição ou
tradução, sem autorização prévia do autor (art. 9, do Dec. n.º 75.699/75 -
Convenção Internacional de Berna c/c art. 5º, inc. XXVII, da Constituição
Federal de 1988 c/c arts. 22 e 29, da Lei n.º 9.610/98 - Lei dos Direitos
Autorais c/c art. 17 e et seq. , da Lei n.º 5.194/66 - Lei da Engenharia).
O ofensor de qualquer dos direitos patrimoniais, morais e/ou que
prejudiquem a reputação e honra do autor, está sujeito a prisão e multas
previstas no art. 184, §§ 1º e 2º, do Códex Penal, assim como, indenizações e
reparações diante do art. 159, do Códex Civil e, também, a transferências
dos valores e prêmios ganhos para o autor, em especial aos arts. 103 e 104,
da Lei n.º 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais e o art. 17 e et seq. , da Lei
n.º 5.194/66 - Lei da Engenharia, sem prejuízo as demais obrigações e
direitos nacionais ou internacionais envolvidos.
 
Registro CREA-RS e BN © 2021 Todos direitos reservados.
 
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
  Laudo Elétrico: “Gato” de Energia Elétrica, ed. 1ª, rev. 63 /
Solon Ibanez, Porto Alegre: Editora independente, dez. 2021,
(Curso de Laudo Elétrico)
  Bibliografia.
ISBN 000-00-000-00000-0
 
   
00-00000 CDU-000.0
Índice para catálogo sistemático: Laudo Elétrico [CDU]
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica;

AgRG Agravo Regimental;

ARE Analisador de Redes Elétricas;

AREsp Agravo em Recurso Especial;

ART Anotação de Responsabilidade Técnica (Engenheiros Eletricistas);

BA4 Pessoas advertidas ou supervisionadas por pessoas qualificadas;

BA5 Pessoas qualificadas (Engenheiros e Técnicos em eletrotécnica);

BT/MT/AT Baixa, Média e Alta Tensão;

CC02 Lei n.º 10.406/02 – Código Civil de 2002;

CF88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988;

CD Caixa de Distribuição;

CED Caixa de Entrada e Distribuição;

CEEE-D Companhia Distribuidora de Energia Elétrica do Estado;

CPC Lei n.º 13.105/15 – (Novo) Código de Processo Civil;

CP Decreto-Lei n.º 2.848/40 - Código Penal;

CP Caixa de Proteção (dos contatos do medidor de energia);


CPP Decreto-Lei n.º 3.689/41 - Código de Processo Penal;

CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia;

DJe Diário de Justiça eletrônico;

IEC International Electrotechnical Commission ;

kW kilo Watt ou 1.000 Watts, normalmente designa a Potência ativa da


Carga;

kWh kilo Watt hora Energia consumida, relação de potência no tempo;

kVA kilo Watt, normalmente designa a Potência demandada ou Potência


aparente;

kVAr kilo Watt,  Potência reativa (indutiva ou capacitiva);

NBR Norma Brasileira Regulamentadora;

NR Norma Regulamentadora;

PNT Perda Não Técnica (“Gato de energia elétrica”);

QDC Quadro de Distribuição de Circuitos;

QG Quadro Geral;

QLF Quadro de Luz e Força;

REsp Recurso Especial;

RIC Regulamento de Instalações Consumidoras;

RN Resolução Normativa;
SEFAZ Secretaria da Fazenda;

SPDA Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas;

STJ Supremo Tribunal de Justiça

TE Tarifa de Energia (R$/kWh);

TUSD Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição;

TUST Tarifa de Utilização de Serviços de Transmissão;

TRT Termo de Responsabilidade Técnica (Técnicos em Eletrotécnica);

UC Unidade Consumidora;
ÍNDICE
 
LAUDO ELÉTRICO – PERDA NÃO TÉCNICA (“GATO”)

1. INTRODUÇÃO
2. NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITO

2.1 DAS PROVAS EM GERAL


2.1.1 Do objetivo das provas
2.1.2 Do valor da prova
2.1.3 Da admissibilidade processual
2.1.4 Do ônus de provar
2.1.5 Dos tipos de provas elementares
2.1.6 Depoimento Pessoal
2.1.7 Confissão
2.1.8 Testemunhas
2.1.9 Documentos
2.2 DA PROVA PERICIAL
2.2.1 Nomeação
2.2.2 Prazos
2.2.3 Itens essenciais do Laudo Técnico
2.2.4 Falsa Perícia
2.3 TIPIFICAÇÃO PENAL – Furto ou Estelionato?
2.3.1 O fato incide na Lei
2.3.2 Entendimentos da Corte
2.3.3 Elementos do tipo penal a serem analisados
2.3.4 Autoria
2.3.5 Materialidade
2.3.6 Quantum
2.4 NOÇÕES DE PROCESSO – Inquérito Policial, Ação Penal e Civil
2.4.1 Inquérito Policial
2.4.2 Ação penal
2.4.3 Ação Civil

3. DA REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA
3.1 ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
3.1.1 Dos procedimentos diante de irregularidades
3.1.2 Da responsabilidade do Consumidor
3.2 RIC – Regulamento de Instalações Consumidoras (padrão CEEE-D)
3.2.1 Terminologias elementares
3.2.2 Tipo de Medição
3.2.3 Tipo de Fornecimento
3.2.4 Elementos eletromecânicos da Entrada de Serviço

4. DO LAUDO TÉCNICO DE ENERGIA ELÉTRICA

4.1 CAPÍTULOS ESSENCIAIS DO LAUDO TÉCNICO


4.1.1 Estrutura elementar legal e normativa
4.1.2 Linguagem e fundamentação
4.2 CAPÍTULO 1 – DAS PARTES
4.2.1 Dados de qualificação
4.3 CAPÍTULO 2 – DO OBJETO
4.3.1 Localização das instalações
4.3.2 Escopo de circuitos elétricos
4.4 CAPÍTULO 3 – DA METODOLOGIA
4.4.1 Etapa 1 – Vistoria Técnica
4.4.2 Etapa 2 – Normativa Técnica
4.4.3 Etapa 3 – Elementos legais necessários
4.5 CAPÍTULO 4 – DA VISTORIA TÉCNICA
4.5.1 Preparação
4.5.2 Registros Iniciais
4.5.3 Entrevistas e coleta de documentos
4.5.4 Analisador de Redes Elétricas - ARE
4.5.5 Condições e aspectos gerais das instalações
4.5.6 Fornecimento BT/MT e carga/demanda estimada
4.5.7 Prumada Elétrica, Diagrama Unifilar e Diagrama Multifilar
4.5.8 Testes, ensaios e Medições
4.5.9 CheckList
4.5.10 Finalização da Vistoria Técnica
4.6 CAPÍTULO 5 – DA ANÁLISE TÉCNICA
4.6.1 Autoria e elementos do tipo penal
4.6.2 Materialidade
4.6.3 Quantum
4.7 CAPÍTULO 6 – DAS RESPOSTAS AOS QUESITOS
4.7.1 Quesitos Suplementares
4.8 CAPÍTULO 7 – DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS DO LAUDO
TÉCNICO
4.8.1 Segurança das instalações
4.8.2 Exercício ilegal da profissão
4.9 CAPÍTULO 8 – DO PARECER TÉCNICO
4.9.1 Parecer Técnico Duplo ou Complexo
4.10 CAPÍTULO 9 – DOS ANEXOS
4.10.1 Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)
5. REFLEXÕES FINAIS

6. MODELOS
6.1 MODELO SIMPLIFICADO – CONSUMIDOR VS CONSUMIDOR

7. GLOSSÁRIO
8. REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO
Qual o verdadeiro segredo do “Gato de Energia”?
Como se faz um Laudo Elétrico para a nova realidade energética?
Direito e a Engenharia Elétrica trabalhando juntos?
Assistente Técnico ganha mais que Perito? 
Com que frequência o Perito é chamado?
O que acontece se o Laudo Técnico é mal feito?
Quem vai preso e quem paga o prejuízo?
Neste Curso de Laudo Elétrico você vai aprender sobre processo
judicial , provas em geral e prova pericial e a correta tipificação penal do
crime de “Gato de Energia Elétrica” e, além disso, sobre a regulamentação
técnica , terminologias, prumada elétrica, diagramas unifilares e
multifilares, tarifas e muito mais.
Nesse trilho, aprenderá passo-a-passo para montar um Laudo
Elétrico imbatível, desenvolvendo a metodologia , formalidades
importantíssimas para Vistoria Técnica e Relatório Técnico , respostas
aos quesitos e, também, elaborar um Parecer Técnico adequado para a
justiça.
Você Engenheiro Eletricista ou Técnico em Eletrotécnica , não
precisa começar como Perito da Justiça, pode iniciar como Assistente
Técnico da Parte no litígio (o que pode ser mais vantajoso) ou, ainda,
Auxiliar do Engenheiro permitindo vazão para maior número de serviços.
Você Advogado criminalista ou civil, aprenda a esfacelar os Laudos
Técnicos ordinários e outras formas de potencializar as suas provas
técnicas. Aumentando seus honorários e agregando mais serviços junto aos
Engenheiros Eletricistas, desenvolvendo uma equipe multidisciplinar de
alta performance.
Você empresário , síndico , locatário , cuidado para não cair numa
armadilha de responsabilidades criminais e civis.
O mercado de provas técnicas está borbulhando, principalmente
com a possibilidade de arbitragem técnica, mediação e conciliação, que
abriu a possibilidade das partes buscarem a solução de litígios sem
depender integralmente da morosidade judiciária.
Com a formação de um Laudo Técnico consistente e claro é possível
resolver um conflito mais rapidamente e com menos onerosidade e,
oportunamente, evitar uma contenta judicial nos casos mais simples.
Evitando inúmeras dores de cabeça desnecessárias.

O curso foi elaborado


com muita dedicação por Solon Ibanez , que possuí formação em
Engenharia Elétrica com ênfase em eletrônica pela PUCRS, Direito pela
FADERGS e Técnico em eletrônica pelo Colégio Santo. Foi pioneiro na
telefonia celular do país na Companhia Rio-grandense de Telecomunicações
(CRT), Telefónica e Vivo. Trabalhou com a ANATEL e incontáveis
multinacionais em áreas como: logística, infraestrutura e transmissão de
dados.
No curso utiliza-se uma linguagem acessível, direta e objetiva,
direcionada para advogados e engenheiros, aproximando o usuário do
conhecimento realmente pertinente e útil no processo e, também, com o
benefício de uma metodologia de aprendizado baseada nas novas
descobertas da neurociência e pensamento sistêmico.
O custo da energia está cada vez mais cara, novas alternativas de
geração de energia estão chegando no mercado e as técnicas ainda estão mal
regulamentadas, ou seja, vem muita confusão nos próximos “meses”.
Não importa mais os modelos antigos de laudos técnicos, uma nova
matriz energética está surgindo e o que importa é a saber o que realmente o
laudo elétrico precisa diante do processo judicial. Esteja verdadeiramente
preparado para esse novo mercado que vai agitar o judiciário.
Comece logo! Este é um conteúdo atual e único, que une os mundos
do Direito e Engenharia Elétrica como nenhum outro disponível no
mercado!
Te aguardo e desejo-lhe enorme sucesso!
SOLON IBANEZ
  https://linktr.ee/solon.ibanez

 
 

LAUDO ELÉTRICO – PERDA NÃO TÉCNICA


(“GATO”)
 
1. INTRODUÇÃO
A proposta da obra é possibilitar a compreensão do leitor na
elaboração do Laudo Elétrico para os casos de “gato”, de forma adequada e
consistente no mundo jurídico. Para unir os dois mundos, ela embarcará em
duas partes principais: O estudo das noções gerais sobre o Direito pátrio e,
depois, a regulamentação técnica. Uma terceira parte, será focada na
elaboração do Laudo Elétrico na prática.
A primeira parte, irá abordar os aspectos gerais das provas e
aprofundará na prova pericial, na sequência, identificará a correta
tipificação penal para tornar claro os elementos essenciais para o laudo, por
fim, trará noções de processo penal e civil para entender os melhores
momentos de manifestações e procedimentos básicos.
Na segunda parte, verificar-se-á a legislação e normativas técnicas
da Agência Reguladora de Energia Elétrica (ANEEL) e, após, entraremos
nas normas e padrões técnicos mais completos usados pelas concessionárias
do RS, consultando terminologias, RICs, NBRs, NRs e demais normas
regulamentadoras relacionadas.
A terceira parte descreverá capítulo por capítulo do Laudo Técnico,
detalhando e dando dicas importantes para elaboração do Relatório de
Vistoria, respostas aos quesitos, Parecer Técnico. Inclusive a Análise
Técnica e elaboração da ART válida.
Ao longo da lavra, será apresentada algumas abordagens
inovadoras, mais adequadas a nova realidade do mercado energético e,
também, sinalizado algumas demandas desapercebidas no geral.
Ao final, forja-se algumas reflexões sobre o custo de um Laudo
Técnico e chama-se atenção à quantidade de laudos que um perito faz por
ano e a quantidade que um assistente técnico é capaz de fazer com um
técnico auxiliar.
A qualificação para nos adaptar à nova realidade é urgente, portanto,
vamos adiante!
 
2. NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITO
O Laudo Técnico é um dos meios de prova qualificada que se utiliza
em um processo administrativo ou judicial para dar substância a uma
decisão. O Laudo Técnico é uma espécie de prova e dentre seus gêneros
está o Laudo Elétrico, como outros, v. g., Laudo do Instituto Médico Legal
(IML), Laudo Estrutural, Laudo de Avaliação de Mercado, etc.
As provas técnicas estão relacionadas com a matéria estudada diante
do fato jurídico em contenta. Nessa perspectiva o Laudo Técnico embarca
no processo quando a matéria vai além dos conhecimentos da tríade
envolvida (autor-juiz-réu), sendo assim, é necessária a opinião técnica
qualificada (Parecer Técnico) de um profissional com competência para
esclarecer a questão.
Nesse trilho, estudar-se-á as provas em geral e a prova pericial que
dá base para o Laudo Técnico Pericial e o Laudo Técnico dos Assistentes
Técnicos das Partes. Na sequência, verificar-se-á as tipificações criminais
para o caso do “Gato de Energia Elétrica” ou, nomenclatura correta diante
da ANEEL, Perda Não Técnica (PNT). Ainda, importa adquirir breves
noções sobre o processo penal e o processo civil pátrio e a formação e
manifestação das provas neles.
De tal modo, iniciamos pelo capítulo das provas em geral, depois da
prova pericial, tipificação penal e, por fim, noções de processo judicial,
nesta primeira parte da obra.

1.

.12.DAS PROVAS EM GERAL


Nesse capítulo iremos abordar algumas características elementares
das provas em geral, dando ênfase na formação do Laudo Técnico tanto na
esfera administrativa como na penal e civil.
Para que servem? Qual o valor processual de cada prova? Quais são
admissíveis? Quem prova o quê? Quais os tipos? São perguntas que vamos
explorar nos tópicos adiante.

1.1 Do objetivo das provas


As prova buscam fornecer subsídios para cognição e motivação do
magistrado, conforme podemos verificar no seguinte artigo da Lei n.º
13.105/15 – Código de Processo Civil (CPC):
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os
meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda
que não especificados neste Código, para provar a
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa
e influir eficazmente na convicção do juiz .
Como destacado no dispositivo legal, provar a verdade dos fatos,
não necessariamente significa levar a uma verdade absoluta, porque cada
indivíduo possui suas verdades, versões ou mesmo sua própria realidade,
com base nas suas percepções e sensações. Nesse sentido, o polo ativo
(autor) e polo passivo (réu) apresentarão as “suas” verdades .
Para ficar mais nítido, imagine uma testemunha leiga, um
engenheiro e dois advogados relatando nos autos do processo sobre se a
atividade criminosa foi realizada em horário noturno:
- O leigo, possivelmente, diria que após às 18h consideraria um
horário noturno.
- O engenheiro provavelmente relataria que o horário noturno se
inicia em exata hora de crepúsculo (civil, náutico ou astrológico) calculado
para aquela latitude e longitude ou diante de relatórios do Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET).
- Já o advogado penal destacaria a intenção de ocultar o crime pela
ausência da luz diurna, constituindo majorante de penalidades.
- O advogado civil chamaria atenção, no caso de furto de energia,
que o custo da tarifa de consumo e demanda de energia serem diferentes na
hora de “Ponta” e “Fora Ponta”, conforme janelas de horário estipulados
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Não existe certo ou errado na narrativa nem de um nem de outro, ao
final, depende da consistência e valor dos elementos de prova reunidos e
existentes no processo capazes de motivar a convicção do magistrado diante
dos pedidos das partes e, consequentemente, firmando a solidez da sentença
(art. 489, da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil CPC).
Para exemplificar o impacto na formação dessa prova, observe a
majorante de pena no tipo penal destacado do CP:
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço , se o crime é
praticado durante o repouso noturno .
 
Corroborando, o Código de Processo Penal destaca além da
cognição do magistrado diante das provas como, também, a motivação ou
fundamentação da sentença.
Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre
apreciação da prova produzida em contraditório judicial,
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
Note que, o Laudo Técnico pode embarcar na esfera administrativa
(nos moldes da arbitragem, por exemplo), na esfera penal e esfera civil. Por
isso, a adequação e ciência dos desdobramentos pode ser necessária para
não comprometer a consistência da prova técnica.
Portanto, evidencia-se que, a formação da prova deve atentar aos
impactos decisórios e de adequação dentro do processo almejado e, por esse
motivo, deve possibilitar o maior valor probatório.

1.2 Do valor da prova


A valorização da prova para convicção do juiz precisa ser sustentada
por um tripé: (a) pertinência ao mérito do debate, (b) relevância para
esclarecer os fatos e (c) controversa às versões adversas nos autos. [1]
Quando se confecciona um Laudo Técnico para postular uma ação,
ele precisa focar no que está sendo discutido para ser pertinente , ou seja, o
Laudo Técnico deve abster-se de discutir assuntos tangentes aos que intenta
a petição inicial do processo.
Este alinhamento é importante também em relação a relevância dos
itens esclarecidos no Laudo Técnico, pois pode não ser importante em face
dos pedidos realizados no documento de propositura da ação.
Noutro prisma, quando a ação já está em curso, outro aspecto que o
Laudo Técnico deve acrescentar é em controverter as versões que existem
nos autos do processo.
Em outras palavras, considerando “ pontos ” como compatibilidades
nas versões, portanto, verdades aceitas e harmônicas entre si, e “ questões ”
aquilo que não é compatível entre as versões, o Laudo Técnico deve tecer
no sentido de pôr em prova as questões entre as versões dos fatos. [2]
De fato, estes são os primeiros aspectos para valorização do Laudo
Técnico como prova sólida e, por inequívoco, qualquer outra prova
admitida no mundo jurídico.

1.3 Da admissibilidade processual


Outro aspecto importante é quanto a admissibilidade das provas nos
autos. Sublinha-se, para elucidar, aquelas vedadas pelo ordenamento
jurídico ou adquiridas por meio ilícito e derivadas desta.
Nessa perspectiva, por força constitucional, as provas proibidas são
inadmissíveis no processo e devem ser desentranhadas do processo de
imediato, não podem ser valorizadas ou usadas no processo.
Destaca-se, abaixo, o Direito Fundamental Constitucional que
abarca o assunto:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: [...]
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos ;
 
Em outras palavras, caso o Laudo Técnico utilize documentos
contaminados ou adquiridos por vias ilícitas ou violando normas
infraconstitucionais, pode ser retirado totalmente do processo. Explico.
Diferentemente do que acontece no máximo aproveitamento de
contratos que mesmo possuindo cláusulas nulas ou inválidas preserva-se
aquelas válidas, nas provas em geral vigora a Teoria da Árvore Envenenada
, que condena todos os frutos advindos dela, v. g., o parecer final. Logo, o
Laudo Técnico contaminado fica comprometido e sujeito a ser descartado
por inteiro no processo, porque ele é uma substância única diante da
metodologia aplicada. [3]
Neste sentido, o Código de Processo Penal deixa cristalino:
Art. 157.  São inadmissíveis , devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas , assim
entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. 
§ 1o  São também inadmissíveis as provas derivadas
das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das
primeiras. 
De fato, algumas provas são tão difíceis de se conseguir que,
desavisadamente, podem ser constituídas de forma ilícita, contudo, diante
de dificuldades probatórias deve-se recorrer a alteração do ônus da prova.

1.4 Do ônus de provar


O ônus da prova, grosso modo, se trata de quem é o dever de
apresentar os meios concretos que sustentam as afirmações que as partes
fazem no processo.
Ao autor , basicamente, cabe provar os fatos , autoria e outros
elementos específicos do crime. Nesse ponto, quando a ação gira em torno
de fatos que exigem a expertise técnica, é insofismável que o Laudo
Técnico se consubstancia como principal prova no cerne dos autos.
Ao réu caberá provar a existências de fato impeditivo , modificativo
, extintivos , v. g., as excludentes de ilicitude (estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de
Direito) e, também, diluir os elementos específicos do crime como
agravantes e majorantes, assim como indicar elementos atenuantes e
minorantes de penalidades. Neste segundo ponto, caso inescusável o crime,
torna-se o Laudo Técnico, detalhado e focado em reduzir a pena, prova
processual de máxima importância para a justa pena. [4]

Inversão do ônus da prova


Nesse interim, respeitando o contraditório, o juiz poderá inverter o
ônus de provar questões nos casos de difícil obtenção (prova diabólica) ou
nos casos previstos na lei, v. g., aqueles em que a parte é considerada
hipossuficiente (Direito do Consumidor, Direito Trabalhista, etc.).
Observe o que o art. 373 da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo
Civil (CPC) versa:
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade
ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da
prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da
prova de modo diverso , desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi
atribuído.
No mesmo artigo, ainda consta a possibilidade das partes
combinarem o ônus das provas. Algo importante quando se trata de
questões técnicas de alta complexidade. Vejamos:
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também
pode ocorrer por convenção das partes , salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício
do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada
antes ou durante o processo .
No Código de Processo Penal, que segue a mesma linha de
raciocínio, o juiz ainda pode determinar a produção antecipada , pensando
num Inquérito Policial, por exemplo.
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a
fizer , sendo, porém, facultado ao juiz de ofício :
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a
produção antecipada de provas consideradas urgentes e
relevantes , observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir
dúvida sobre ponto relevante.
Em suma, apesar de serem breves destaques acima, devemos
observar as provas com as lentes apontadas para o seu valor jurídico ao caso
postulado, sua admissibilidade lícita nos autos processuais e, também, sob
os aspectos que devem ser provados conforme a posição processual.

1.5 Dos tipos de provas elementares


Notório que podemos utilizar todos meios de provas admitidos em
Direito para garantir a ampla defesa e ansiar o justo para o caso, contudo,
alguns tipos de provas se destacam mais para um Laudo Técnico.
Sublinha-se, rapidamente, as seguintes:
[5]
Prova antecipada – Realizada antes, confirmando a
necessidade de um litígio ou diante do receio de perecimento da
materialidade dos fatos;
Ata notarial – Lavrada por tabelião dando fé pública atestando
fatos, v. g., imagens e gravações (art. 384, do CPC);
Depoimento Pessoal – Realizado em audiência de instrução e
julgamento, com algumas formalidades necessárias (art. 385 e
seq., do CPC);
Confissão – A judicial pode ser espontânea ou provocada, a
extrajudicial depende de prova complementar, caso a lei exija
(arts. 390 e 394, do CPC);
Documental – Escritos públicos ou particulares em geral, e-
mails, fotografias, fonográficos, cinematográficos, eletrônicos,
etc. O principal utilizado nos laudos (art. 405 e seq. do CPC);
Testemunha – Utilizada quando não se tem outras provas dos
fatos e a pessoa não seja incapaz, impedida ou suspeita, por
conseguinte, dispensa-se se na perícia os fatos estarem
provados. (art. 442 e seq. do CPC);
Adiante vamos detalhar um pouco mais sobre as principais.
1.6 Depoimento Pessoal
Durante a Vistoria Técnica para formação de um Laudo, pode
ocorrer a necessidade de se realizar alguma entrevista à pessoas envolvidas
para esclarecer algum fato.
Considerando a audiência ato uno [6] e que o perito é auxiliar do juiz
capaz de questionar pontos técnicos importantes para esclarecimento dos
fatos e, dependendo das formalidades com que a entrevista ocorrer, a
entrevista pode caracterizar um depoimento in loco , se bem sustentar o
advogado da parte ou assim entender o magistrado.
A primeira formalidade consiste em haver um requerimento da parte
ou ordem do juiz, é vedado a quem não depôs assistir ao interrogatório da
outra parte, além disso, a pessoa deve ser advertida da pena de confissão
(art. 385 do CPC).
Outro, ponto previsto, é sobre o material de consulta durante o
depoimento. O entrevistado pode consultar documentos, como: contas de
energia, faturas, e-mail e similares e, também, pequenas anotações para
esclarecer os fatos, mas não pode se valer de escritos preparados
anteriormente , inclusive nesse sentido, o perito deve ficar atento se o
entrevistado decorou uma história previamente ensaiada , podendo
desconsidera-la no Laudo Técnico ou outra tratativa mais adequada (art.
387 do CPC).
Um juiz treinado e habilidoso, consegue facilmente identificar uma
história ensaiada e seu auxiliar também deve aprender as técnicas válidas de
interrogatório ao se propor em realizar entrevistas e relata-las no Laudo
Técnico, sob o risco de contaminar o trabalho e comprometer a qualidade e
valor da prova técnica. [7]
1.7 Confissão
A confissão também pode ocorrer no momento da Vistoria Técnica,
contudo, ela é retratável em alguns casos e sozinha não é prova suficiente,
porque considera-se a possibilidade da pessoa sofrer coação ou ser induzida
ao erro.
Vejamos o que diz a Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil
(CPC):
Art. 393. A confissão é irrevogável, mas pode ser
anulada se decorreu de erro de fato ou de coação .
Além, disso, existe a possibilidade de uma simples entrevista tomar
contornos de um interrogatório, o que exige a presença do advogado, exceto
na fase do inquérito policial ou antes da Ação Judicial seja ela Penal ou
Civil.
Portanto, ocorrendo confissão espontânea durante a Vistoria Técnica
o melhor caminho é pedir para o agente indicar como ele realizou o crime
mantendo o foco na materialidade e dando subsídios para o juiz inquerir o
autor dentro das formalidades necessárias.
Ainda no CPC, temos:
Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita
oralmente , só terá eficácia nos casos em que a lei não
exija prova literal .
Nesse sentido, a lei que vai exigir prova literal depende da
incidência do caso concreto.
Por outro lado, a confissão espontânea judicial ou extrajudicial
podem atenuar as penalidades e até mesmo extinguir a punibilidade .
Por isso, o autor pode ter interesse em confessar, conforme indica o
Decreto-Lei n.º 2.848/40 - Código Penal (CP):
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
[...]
III - ter o agente: [...]
d) confessado espontaneamente , perante a autoridade,
a autoria do crime;
E, também, pensando na relação dos impostos não recolhidos, o
Código Penal elucida:
Apropriação indébita previdenciária
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
forma legal ou convencional: [...]
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente,
espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições , importâncias ou valores
e presta as informações devidas à previdência social, na
forma definida em lei ou regulamento, antes do início
da ação fiscal .

Delação
Ainda pode ocorrer a delação , instituto jurídico que ainda toma
solidez no ordenamento jurídico, que se trata do acusado confessar e
atribuir a (co)autoria à outra pessoa, quando interrogado na presença do
advogado, pelo juiz ou polícia.
Nestes casos, o relato no Laudo Técnico torna-se mais delicado
ainda, pois pode tomar contornos de um crime de calunia por parte do
profissional, principalmente para o assistente técnico que auxilia a parte e
não é auxiliar do juiz, por isso, solicitar a presença policial, incluir outras
provas e evidências que sustentam a(s) autoria(s) são tão prudentes quanto
edificar subsídios para o juiz utilizar em um eventual interrogatório.
Assim sendo, em um segundo momento, o juiz poderá obter a
confissão e delação posteriormente subsidiado pelo Laudo Técnico e
cumprindo as formalidades necessárias.

1.8 Testemunhas
[8]
A prova testemunhal pode ser necessária caso não haja provas
documentais completas, confissão ou divergência sobre a vontade das partes
(principalmente em contratos). 
As testemunhas precisam prestar compromisso de dizer a verdade e,
isso, ocorre diante do juiz em audiência, com as exceções previstas no
artigo abaixo do CPC:
Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as
testemunhas devem ser ouvidas na sede do juízo .
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por
enfermidade ou por outro motivo relevante , estiver
impossibilitada de comparecer , mas não de prestar
depoimento, o juiz designará, conforme as
circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.
Aquele que pode testemunhar não pode ser incapaz, impedido ou
suspeito, conforme dispõe o artigo da Lei n.º 13.105/15 – Código de
Processo Civil (CPC), logo, abaixo:
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as
pessoas, exceto as incapazes , impedidas ou suspeitas .
Incapazes
Os incapazes estão arrolados no mesmo artigo, vejamos:
§ 1º São incapazes : [...]
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos; [...]
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender
dos sentidos que lhes faltam.
Impedidos

Os impedidos no parágrafo seguinte:


§ 2º São impedidos :
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o
descendente em qualquer grau e o colateral, até o
terceiro grau, de alguma das partes, por
consanguinidade ou afinidade , salvo se o exigir o
interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao
estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a
prova que o juiz repute necessária ao julgamento do
mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o
tutor , o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o
advogado e outros que assistam ou tenham assistido as
partes.

Suspeitos
Os suspeitos na sequência:
§ 3º São suspeitos :
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o
depoimento das testemunhas menores, impedidas ou
suspeitas .
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados
independentemente de compromisso , e o juiz lhes
atribuirá o valor que possam merecer.
Portanto, não existem testemunha durante uma perícia. O perito ou
assistente técnico podem indicar como entrevistado que auxiliou no
esclarecimento dos fatos e, posteriormente, respeitando as possibilidades
processuais, as partes podem indica-lo como testemunha ou o juiz pode
solicitar a sua presença para prestar depoimento e atribuir-lhe valor de
testemunha ou informante, conforme considerar.

1.9 Documentos
Na confecção do Laudo Técnico, pode-se anexar documentos que
também são provas e nutrem o Laudo Técnico com consistência.
O Relatório de Vistoria Técnica pode constituir um documento
valioso se realizado de forma sólida, indicando: referências, datas, horários,
locais, coletando assinaturas dos presentes e tudo mais que for indicado
para o caso concreto em análise e que o torne uma prova consistente e
valorosa nos autos do processo.
Outros documentos, como contratos, faturas, extratos, etc.
dificilmente irão contribuir com a materialidade e autoria dos fatos, no
entanto, em relação ao quantum envolvido na lide, podem ser importantes,
principalmente, para uma ação civil.
Salienta-se que, se tais documentos já existirem nos autos do
processo basta fazer referência a eles, para economia processual.

Solicitação de documentos pelo Engenheiro Eletricista

O perito, como auxiliar do juiz, e os assistentes técnicos possuem


prerrogativa , no sentido de direitos especiais, de solicitar documentos
específicos para as partes, particulares e órgãos públicos para promover a
ampla defesa dos Direitos.
Observe o que versa o art. 473, da Lei n.º 13.105/15 – Código de
Processo Civil (CPC):
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os
assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,
solicitando documentos que estejam em poder da
parte, de terceiros ou em repartições públicas , bem
como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas,
desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao
esclarecimento do objeto da perícia.
A negativa ou inovação de documentos pelos terceiros, pode
constituir crime contra a administração da justiça. Vejamos o Decreto-Lei
n.º 2.848/40 - Código Penal (CP):
Fraude processual
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
ou o perito :
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
efeito em processo penal, ainda que não iniciado , as
penas aplicam-se em dobro.
 
A constitucionalidade da tipificação do crime de obstrução à justiça
ainda é debatida nos tribunais superiores, entretanto, pode ser vista
tipificada na Lei n.° 12.850/13 que trata de Organizações Criminosas,
vejamos:
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar,
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização
criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações
penais praticadas.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de
qualquer forma, embaraça a investigação de infração
penal que envolva organização criminosa.
O Projeto de Lei n.º 3.180-A cria o crime de obstrução e, apesar de
não destacar a atividade do perito e assistente técnico, revela uma evolução
importante no texto penal.
Obstrução
Art. 329-A – Impedir , embaraçar , retardar ou de
qualquer forma obstruir
cumprimento de ordem judicial ou ação da autoridade
policial em
investigação criminal:
Pena: Detenção de 1(um) ano a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço se a
ordem judicial
ou a ação policial não se realizam em razão da obstrução.
Portanto, o perito e o assistente técnico podem solicitar os
documentos em pose de terceiros, contudo, a negativa na entrega não
necessariamente constitui crime.

.2    DA PROVA PERICIAL
Nesse capítulo iremos estudar alguns aspectos elementares sobre a
prova pericial, assim como vistas na: Nomeação, Prazos, Itens do laudo e
sobre a Falsa Perícia.
A Perícia consiste em um meio de prova técnica baseada na análise,
vistoria e avaliação de um profissional habilitado quando a questão depende
de conhecimento científico ou técnico específico.
Essa pode ser dispensada, caso seja improvável verificar e formar
prova, como no caso de modificação da materialidade no decurso do tempo
ou perecimento do objeto de análise ou, ainda, dispensa-se caso já exista
elementos nos autos que já permitem a convicção e motivação jurisdicional.
Vejamos o que o Código de Processo Civil, no Capítulo XII – Das
Provas, nos revela:
Da Prova Pericial
Art. 464. A prova pericial consiste em exame , vistoria
ou avaliação .
§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender de conhecimento
especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas
produzidas;
III - a verificação for impraticável.
Outrossim, a Perícia consubstancia-se por meio do Laudo Técnico
ou das manifestações do perito durante a audiência.
O Laudo Técnico , basicamente, obedece a uma metodologia de
análise técnica aceita no meio profissional relativo ao assunto abordado, um
desenvolvimento consistente e fundamentado e, também, um Parecer
Técnico conclusivo, no entanto, pode incluir outros meios de provas
pertinentes, v. g., a prova documental e entrevistas. Em capítulo posterior
desenvolveremos o tópico.
A Prova Técnica Simplificada é a simples inquirição, em audiência,
do profissional sobre questões de pouca complexidade.
Observe os passos do mesmo artigo mencionado acima:
§ 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz
poderá, em substituição à perícia, determinar a produção
de prova técnica simplificada , quando o ponto
controvertido for de menor complexidade.
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na
inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto
controvertido da causa que demande especial
conhecimento científico ou técnico.
§ 4 o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter
formação acadêmica específica na área objeto de seu
depoimento , poderá valer-se de qualquer recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim
de esclarecer os pontos controvertidos da causa.
Apesar do texto literal exigir formação acadêmica específica, em
muitos casos contemporâneos existem tecnologias que ainda são reservadas
a grandes empresas e não chegaram nas academias tradicionais e, além
disso, muitos jovens sem idade acadêmica tem mostrado maior expertise em
assuntos tecnológicos, apesar da informalidade ou ausência de diplomas, v.
g., áreas como informática e programação. Nesses casos, nada impede o
advogado perspicaz comparar os feitos e apresentar a obra do indivíduo de
notório saber , para comprovar a expertise no objeto de análise.
Quem elabora o Laudo Técnico?

O Laudo Técnico pode se ingressado no processo judicial de duas


formas básicas, pelo(a): (a) perito ou (b) assistente técnico.
O perito é assistente direto do juiz, caso o magistrado não possuir o
conhecimento técnico necessário para avaliar fatos específicos. Neste caso,
o juiz o nomeia sorteando-o, dentro da especialidade, no banco de dados de
peritos cadastrados no Tribunal de Justiça. [9]
No segundo caso, os polos podem contratar diretamente o “
Assistente Técnico ” para auxiliar na construção da acusação ou defesa,
caso o advogado não possuir o conhecimento técnico necessário e/ou não
ser habilitado na matéria do objeto de debate.

O Juiz é obrigado a aceitar o Parecer Técnico?

O Parecer Técnico , que se trata de uma opinião qualificada sobre o


assunto, possuí um peso significativo no processo e pode se sobressair aos
demais meios de prova, no entanto, o juiz não está atrelado a ele seja do
perito ou assistente técnico, porque ele pode formar sua convicção por meio
de outros elementos intrínsecos ao processo.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com
o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos
que o levaram a considerar ou a deixar de considerar
as conclusões do laudo , levando em conta o método
utilizado pelo perito. [10]
Em outras palavras, o juiz não é obrigado a se submeter as
conclusões do Laudo Técnico, desde que apresente seus fundamentos, ou
seja, trata-se da valorização das provas e do peso delas na fundamentação
decisória.
E dependendo da rasa perícia, pode o juiz ou as partes solicitarem
nova perícia para completar a primeira. Na Lei n.º 13.105/15 – Código de
Processo Civil (CPC):
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento
da parte, a realização de nova perícia quando a matéria
não estiver suficientemente esclarecida.
§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos
sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir
eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta
conduziu.
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições
estabelecidas para a primeira.
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira ,
cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra.
Nesse aspecto, pode o juiz reduzir a remuneração dos honorários do
perito, conforme art. 465 do CPC:
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até
cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor
do perito no início dos trabalhos, devendo o
remanescente ser pago apenas ao final, depois de
entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos
necessários.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente , o
juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada
para o trabalho.
Ainda neste trilho, conforme o art. 468, inc. II, da Lei n.º 13.105/15
– Código de Processo Civil (CPC) o perito que sem motivo deixar de
cumprir o encargo pode incorrer em multa, restituição dos valores
(execução) e impedimento de atuar.
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a
ocorrência à corporação profissional respectiva,
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em
vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do
atraso no processo .
§ 2º O perito substituído restituirá , no prazo de 15
(quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não
realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como
perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos .
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o
§ 2º, a parte que tiver realizado o adiantamento dos
honorários poderá promover execução contra o perito ,
na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com
fundamento na decisão que determinar a devolução do
numerário.
Outro aspecto a ser explorado, é o perito valer-se do Laudo Técnico
do assistente técnico sem nenhum impedimento, além dos autorais (art. 17 e
et seq. , da Lei n.º 5.194/66 - Lei da Engenharia), para formar fundamentos
técnicos para suas conclusões. 

2.1 Nomeação
Como vimos anteriormente, o Perito é o auxiliar do juiz, nomeado
pelo próprio magistrado e responde diretamente a ele, por isso, o
profissional tem o dever de ser imparcial entre as partes do litígio.
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto
da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do
laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias
contados da intimação do despacho de nomeação do
perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for
o caso;
II - indicar assistente técnico ; [...]
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta , poder-se-á
proceder à nomeação de perito e à indicação de
assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a
perícia.
No primeiro ponto, o perito é passível de impedimento ou suspeição
[11]
da mesma forma que o juiz. E, por esse motivo, pode escusar-se do
encargo.
Art. 467. O perito pode escusar -se ou ser recusado por
impedimento ou suspeição.
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar
procedente a impugnação, nomeará novo perito .
Vejamos os casos de impedimento e suspeição adiante.

Impedimento

Assim define-se o impedimento na Lei n.º 13.105/15 – Código de


Processo Civil (CPC):
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado
exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou
como perito, funcionou como membro do Ministério
Público ou prestou depoimento como testemunha ;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo
proferido decisão ;
III - quando nele estiver postulando , como defensor
público, advogado ou membro do Ministério Público,
seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente ,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu
cônjuge ou companheiro, ou parente , consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de
administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com
a qual tenha relação de emprego ou decorrente de
contrato de prestação de serviços ;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de
advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente ,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por
advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu
advogado.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se
verifica quando o defensor público, o advogado ou o
membro do Ministério Público já integrava o processo
antes do início da atividade judicante do juiz.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de
caracterizar impedimento do juiz.
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se
verifica no caso de mandato conferido a membro de
escritório de advocacia que tenha em seus quadros
advogado que individualmente ostente a condição nele
prevista, mesmo que não intervenha diretamente no
processo.
Suspeição

Assim define-se a suspeição na Lei n.º 13.105/15 – Código de


Processo Civil (CPC):
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de
seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem
interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo,
que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa ou que subministrar meios para atender às
despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou
devedora , de seu cônjuge ou companheiro ou de
parentes destes, em linha reta até o terceiro grau,
inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de
qualquer das partes.
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro
íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que
signifique manifesta aceitação do arguido.

Perícia Consensual
Somando-se as possibilidades de nomeação, uma opção interessante
é a escolha do perito pelas partes , ou seja, os litigantes podem indicar ao
juiz um perito em comum, possibilitando reduzir os custos da contratação
de um assistente técnico para cada.
Sublinha-se que, a maturidade dessa escolha, permite inclusive levar
o litígio a uma solução mais rápida e abrir portas para uma possível
conciliação ou mediação.
Observe o artigo da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil
(CPC):
Art. 471. As partes podem , de comum acordo, escolher
o perito , indicando-o mediante requerimento, desde
que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição .
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os
respectivos assistentes técnicos para acompanhar a
realização da perícia , que se realizará em data e local
previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar,
respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo
juiz.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os
efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo
juiz.
Perceba que, aqui o perito, como no caso da escolha pelo juiz, deve
ser imparcial e ainda fica sob o jugo do crime de Falsa Pericia e outras
infrações Éticas do Código da Engenharia.
Substituição do perito

Ao passo da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil (CPC) o


perito pode ser substituído se lhe faltar conhecimento ou descumprir o
encargo, vejamos:
Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo
no prazo que lhe foi assinado.

Vários peritos
Ainda, pode-se nomear mais de um perito no caso de perícias com
teor técnico mais amplo ou necessidade de equipes de perícia visto a
densidade do trabalho, vejamos:
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja
mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz
poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais
de um assistente técnico.
Indubitavelmente, um Laudo Técnico na área da eletricidade já é,
por sua natureza, complexo.
Suas particularidades, tanto tecnológicas quanto em relação aos:
elementos eletroeletrônicos, circuitos elétricos, testes, ensaios, medições de
potência, determinação de potência desviada no tempo, dentre outras que
per si já são um desafio de compatibilizar e simplificar nos autos
processuais.
Ainda, nesse contexto, sobrepõe a legislação e normativas
regulamentadoras que não são triviais e simples de compreender,
principalmente para situações de “Perdas Não Técnicas” (PNT) ou no
popular: “Gato de Energia Elétrica”.
Torna-se inteligente e evidente, incluir um profissional também
especialista em questões energéticas na elaboração do documento, para não
esterilizar o processo.
Nomeação do Assistente Técnico

No segundo ponto do artigo 465, da Lei n.º 13.105/15 – Código de


Processo Civil (CPC), o Assistente Técnico é indicado pelas partes e por
esse motivo não tem o dever de ser imparcial o que não significa que ele
possa faltar com a verdade em suas manifestações, como veremos em
capítulo mais adiante que trata do crime de Falsa Perícia.
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo
que lhe foi cometido, independentemente de termo de
compromisso.
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte
e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
Um ponto possível de explorar no processo é a possibilidade de
dispensar o Perito , e seus custos de honorários e tempo processual, se a as
provas realizadas pelo Assistente Técnico forem suficientes para convicção
do magistrado.
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial
quando as partes, na inicial e na contestação,
apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres
técnicos ou documentos elucidativos que considerar
suficientes.
 
Apesar do Assistente Técnico não ter obrigação de ser imparcial, se
assim ele for, forja-se uma boa possibilidade do juiz utilizar o laudo dele
para sua motivação, lastreado pela economia processual e celeridade.

2.2 Prazos
Os prazos em um processo judicial possuem algumas sutilezas, no
qual o Perito precisa estar atento para não causar embaraços no processo e o
Assistente Técnico precisa se antecipar, pois o prazo para seu trabalho
acaba sendo mais curto.
Prima facie e em breves linhas, em processos civis os prazos são
contatos a partir da publicação iniciando a contagem no próximo dia útil
contado o último dia (art. 219 c/c art. 224, ambos da Lei n.º 13.105/15 –
Código de Processo Civil), nos processos penais os prazos iniciam na
intimação, são contínuos não se interrompem por férias, domingo ou
feriados (art. 798 do Decreto-Lei n.º 3.689/41 - Código de Processo Penal
CPP). Em ambos, sobrepõe-se ao prazo legal aquele que for indicado pelo
magistrado.
Analisando a primeira etapa, após a nomeação do perito,
percebemos que as partes têm 15 dias para contrapor a escolha, indicar o
Assistente Técnico para acompanhar e as perguntas (quesitos) que devem
serem respondidas pelo Perito.
Com a lente na economia processual, convém as partes, se não for
sólido caso de impedimento ou suspeição, aguardar o perito se manifestar
até o 5º dia da sua intimação, seja quanto ao seu currículo e compatibilidade
com a questão em debate ou pelos valores de honorários.
Ao passo que, importa as partes se manifestarem sobre a proposta
do perito em 5 dias.
Portanto, considerando uma intimação simultânea entre todos, numa
audiência por exemplo, o melhor momento e mais completo para
manifestação das partes no processo estão entre o 5º e 10º dia.
Vejamos o texto da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil
(CPC):
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto
da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do
laudo.
§ 1º Incumbe às partes , dentro de 15 (quinze) dias
contados da intimação do despacho de nomeação do
perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for
o caso;
II - indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5
(cinco) dias :
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço
eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações
pessoais.
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários
para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5
(cinco) dias , após o que o juiz arbitrará o valor,
intimando-se as partes para os fins do art. 95 .
No gráfico Pert, a seguir, podemos visualizar melhor essa etapa:
Superada essa primeira etapa, o Perito já deve agir com zelo e
atenção comunicando, nos autos, sempre com antecedência mínima de 5
dias sobre intervenções no qual os Assistentes Técnicos, querendo, podem
acompanhar no local com dia e hora certa.
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo
que lhe foi cometido, independentemente de termo de
compromisso. [...]
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o
acesso e o acompanhamento das diligências e dos
exames que realizar, com prévia comunicação ,
comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5
(cinco) dias.
O comunicado deve conter data, hora e local, por certo:
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local
designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter
início a produção da prova.
Vejamos graficamente:

Para entrega do Laudo Técnico , se houver justificativa plausível,


como encontrar algo imprevisto durante a vistoria, o juiz poderá conceder
uma prorrogação do prazo acrescentando a metade de dias do prazo original
previsto.
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder
apresentar o laudo dentro do prazo , o juiz poderá
conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade
do prazo originalmente fixado.
No entanto, o laudo precisa se entregue 20 dias antes da audiência,
permitindo que as partes, incluindo os Assistentes Técnicos, manifestem-se
em até 15 dias após a intimação.
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no
prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes
da audiência de instrução e julgamento.
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo,
manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo
comum de 15 (quinze) dias , podendo o assistente
técnico de cada uma das partes, em igual prazo,
apresentar seu respectivo parecer .
Assim sendo, o perito deverá esclarecer divergência ou dúvida
no prazo de 15 dias ou, ainda, poderá ser intimado a comparecer à
audiência para prestar os esclarecimentos em forma de perguntas
prévias (novos quesitos).
Logo, será intimado por e-mail, 10 dias antes da audiência.
 
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15
(quinze) dias , esclarecer ponto:
I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de
qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério
Público;
II - divergente apresentado no parecer do assistente
técnico da parte.
§ 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a
parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o
assistente técnico a comparecer à audiência de
instrução e julgamento, formulando, desde logo, as
perguntas, sob forma de quesitos .
§ 4º O perito ou o assistente técnico será intimado por
meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de
antecedência da audiência .
Observe o gráfico abaixo:

Em suma, os tempos previstos no texto legal auxiliam no impulso


do processo, contudo, cada caso concreto poderá apresentar peculiaridades
que podem ser adequadas pelo magistrado conforme as necessidades de
efetividade do devido processo.

2.3 Itens essenciais do Laudo Técnico


Em geral, o Laudo Técnico do perito deve possuir alguns itens
essenciais:
Objeto de análise;
O desenvolvimento da análise ;
O método e sua aceitação;
Respostas dos quesitos ;
No capítulo sobre a confecção do Laudo Técnico de Energia Elétrica
, veremos com mais detalhes específicos. Para o momento, precisamos
obter a ciência do texto legal abaixo:
Art. 473. O laudo pericial deverá conter :
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e
demonstrando ser predominantemente aceito pelos
especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos
apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
Ministério Público.
De fato, são itens básicos para um Laudo Técnico, no entanto,
quando ele for realizado antes do processo, não existirão quesitos
elaborados, portanto, o Parecer Técnico deverá almejar concluir sobre
dúvidas elementares, principalmente, sobre elementos de um tipo penal e o
quantum mínimo envolvido.
Seguindo pelo mesmo artigo, poderemos observar orientações na
construção do Laudo Técnico, como utilização de linguagem simples e
lógica e ausência de pessoalizações.
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua
fundamentação em linguagem simples e com coerência
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua
designação, bem como emitir opiniões pessoais que
excedam o exame técnico ou científico do objeto da
perícia.

Quesitos

Outro ponto importante, para perícia judicial são os quesitos ou


perguntas realizadas pelas partes de modo a esclarecer logicamente uma
questão.
Art. 470. Incumbe ao juiz:
I - indeferir quesitos impertinentes ;
II - formular os quesitos que entender necessários ao
esclarecimento da causa.
Ainda, assim, durante a vistoria técnica, podem ocorrer quesitos
suplementares que o perito poderá responder no Laudo Técnico ou na
Audiência.
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos
suplementares durante a diligência , que poderão ser
respondidos pelo perito previamente ou na audiência de
instrução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência
da juntada dos quesitos aos autos.
Em capítulo posterior veremos exemplos de quesitos comuns e o
pano de fundo envolvido neles.

2.4 Falsa Perícia


Outro ponto relevante está relacionado ao crime de falso testemunho
ou falsa perícia .
Nesse sentido, mentir ou omitir informações sabidamente relevantes
em um processo seja ele administrativo, judicial ou arbitral ou, também, em
um inquérito policial, independente das consequências, repercute em
penalidades que podem ser agravadas, justamente se intentadas de produzir
efeitos em um processo ou mediante suborno.
Vejamos o texto legal do Código Penal:
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa , ou negar ou calar a
verdade como testemunha, perito , contador, tradutor ou
intérprete em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.    
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o
crime é praticado mediante suborno ou se cometido com
o fim de obter prova destinada a produzir efeito em
processo penal, ou em processo civil em que for parte
entidade da administração pública direta ou indireta.
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
declara a verdade.
Portanto, o perito e o assistente técnico devem zelar com primor
sobre o trabalho realizado e acautelar-se nas afirmações que realizar no
documento buscando sempre o amparo da fundamentação técnica.

.3    TIPIFICAÇÃO PENAL – Furto ou Estelionato?


A tipificação penal, em breves linhas, consiste em determinar qual o
tipo penal da lei é equivalente aos fatos do caso concreto, ou seja, como os
fatos são enquadrados em determinado artigo do Decreto-Lei n.º 2.848/40 -
Código Penal (CP).
Neste sentido, atenta-se ao verbo da ação descrita no cabeçalho (
caput ) do artigo. Daí surge o termo popular: “ verbalização do crime ”,
comum nos corredores do foro.
Para compreender qual o é tipo penal relativa a Perda Não Técnica
(PNT), precisamos esclarecer algumas premissas elementares para, então,
confeccionarmos um parecer técnico mais consistente e de alta qualidade
processual.
Prima facie , devemos considerar a energia elétrica como um bem
móvel , conforme define o art. 83, inc. I, da Lei n.º 10.406/02 – Código
Civil (CC02): “ Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as
energias que tenham valor econômico ”, mesmo teor encontrado no art.
155, § 3º, do Código Penal: “ Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica
ou qualquer outra que tenha valor econômico.” , em outros termos, a
energia elétrica equipara-se a uma maçã comprada no mercado.
Quanto a classificação, dentre os casos mais comuns, são o: (a)
crime permanente, aquele que foi consumado com a realização das
adulterações eletroeletrônicas e seus efeitos continuaram acontecendo e
renovando-se ao longo do tempo; (b) crime habitual em que o agente
periodicamente reitera a conduta, v. g., todo mês o agente altera
eletronicamente a medição do medidor digital de energia elétrica usando
dispositivo eletrônico de comunicação digital; Ou, ainda, (c) crime
complexo no qual encontramos elementos de mais de um tipo penal como
na fraude no furto e no estelionato combinados, conforme veremos adiante.
Outros aspectos elementares, superficialmente falando, é
compreender que furto é a subtração do bem móvel (similar ao roubo em
que existe violência) e o estelionato é obtenção de vantagem logrando outra
pessoa e, também, compreender que fraude constitui uma das formas em
que podem ocorrer.

3.1 O fato incide na Lei


Um dos ensinamentos mais incipientes do Direito é de que o
ingresso no mundo jurídico se dá quando um fato, de valor jurídico,
encontra um suporte fático (norma) capaz de emergir o fenômeno da
juridicização, em breves palavras, os fatos incidem na lei e não ao contrário.
[12]
Vale relembrar a doutrina diante de tanta esquizofrenia jurisdicional
observada hodiernamente na má pratica cultivada e ludibriada de “encaixar”
os fatos em decisuns e cases já prontos.
Outro ensinamento balizar remete às fontes do Direito. No sistema
civil law brasileiro a fonte primária é a lei , em segundo plano a
jurisprudência , formada por linhas decisórias reiteradas e validadas e,
quando há necessidade de debates interpretativos da lei ou comparação
entre casos concretos similares, recorre-se a doutrina e decisões esparsas
precedentes .
Ressoando, temos a exigência estrutural mínima na fundamentação
das decisões gravada no artigo 489 da Lei n.º 13.105/15 – Código de
Processo Civil (CPC) e a exposição do que é considerada uma decisão
falha, passível de recurso:
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: [...]
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase
de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa
ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados , sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso ;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão ;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte , sem
demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
 
Nesse trilho, por inequívoco, as decisões judiciais tem efeitos inter
partes (entre as partes) e não erga omnes (para todos) como a legislação.
Entretanto, as decisões dos tribunais tomam contornos de jurisprudência,
pela construção contínua e amadurecida de casos similares, o que influência
fortemente a formação das leis que passam pelo devido processo legislativo,
teoricamente.
Logo, é importante estar atento no correto ato criminal incidindo na
fundamentação apropriada para não incorrer em impropriedades na escolha
da fonte do Direito mais adequada.
Por isso, para compreendermos a importância de uma descrição
precisa no Laudo Técnico, vamos embarcar na fonte do direito primária e
iremos trabalhar com os dois tipos penais mais discutidos nos tribunais: o
Furto e o Estelionato.
Vamos iniciar pelo crime de furto que é definido, no Decreto-Lei n.º
2.848/40 - Código Penal (CP), como:
Furto
Art. 155 - Subtrair , para si ou para outrem, coisa alheia
móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno .
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa;
II - com abuso de confiança , ou mediante fraude ,
escalada ou destreza; [...]
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas . [...]
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático,
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a
violação de mecanismo de segurança ou a utilização de
programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo.    
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,
considerada a relevância do resultado gravoso: [...]
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é
praticado contra idoso ou vulnerável.   
O verbo utilizado no tipo penal é o “subtrair” como alguém que
simplesmente pega para si e, note que, trata-se de retirar coisa da esfera
patrimonial de uma pessoa e coloca-la na sua própria ou de alguma outra
pessoa, grosso modo.
Perceba também que, conforme os fatos comprovados do caso
concreto, a penalidade de reclusão pode ser aumentada ou restrita a somente
multa.
O tipo penal do estelionato também possuí suas particularidades no
corpo do artigo. Analisemos:
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
erro, mediante artifício, ardil , ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende , permuta , dá em pagamento, em locação ou
em garantia coisa alheia como própria; [...]
Estelionato contra idoso ou vulnerável
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o
crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
considerada a relevância do resultado gravoso.
§ 5º Somente se procede mediante representação , salvo
se a vítima for:         
I - a Administração Pública, direta ou indireta; [...]
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. [...]
O verbo utilizado aqui é o “obter” e, perceba a necessidade de
existir alguém que foi enganado por meio, raso modo, de mentiras e/ou
fraudes.
A penalidade imposta, em um primeiro instante, pode ser levemente
mais árdua que no crime de furto, no entanto, as majorantes de pena são
mais voltadas a outras atividades ilícitas com ideia distante das questões de
energia elétrica.
Logo, sublinha-se o tipo penal para os casos concretos mais
específicos, v. g., permuta fraudulenta de créditos de energia elétrica por
induzir o leiturista da concessionária a fazer uma leitura errada do Medidor
[13]
por meio de uma placa informativa junto ao Medidor de energia.
Juridicamente um bom advogado pode desqualificar, com facilidade, um
laudo mal elaborado quando ocorre esse tipo de crime.
Portanto, a diferença elementar entre o furto e o estelionato está em
como se deu a ação do agente. No furto o autor do crime age por conta
própria e, no estelionato, o autor do crime induz outra pessoa a prejudicar
alguém ou a si, ao passo em que o estelionatário se beneficiará do resultado.
Ambas tipificações guardam semelhança quando se trata de fraude,
por isso a lente de análise deve atentar no caso concreto sobre a maneira em
que foi cometida a fraude e, assim, dependendo dos fatos pode sustentar
tipificação por furto e/ou por estelionato.
  Ilustra-se, adiante, com dois casos de adulteração do Medidor de
energia elétrica:
Caso 1:  Na parte mecânica do Medidor Analógico foi retirado
alguns dentes da engrenagem eletromagnética que gira o mostrador
numérico e com isso a contagem de energia (kWh) sempre apresenta um
valor inferior ao que foi realmente consumido.
Caso 2: O Medidor Digital bidirecional, utilizado em sistemas
fotovoltaicos ou de micro e minigeração, possuí o código 03 para indicar a
energia consumida e o código 103 para indicar a energia injetada na rede da
concessionária, grosso modo, o cliente da concessionária paga a diferença
ou acumula créditos energéticos. O Medidor foi alterado para inverter a
numeração do código.
No Caso 1 é nítido o crime permanente tipificado como furto
qualificado ao que versa o art. 155, § 4°, inc. II, do Decreto-Lei n.º 2.848/40
- Código Penal (CP), visto que o Medidor Analógico instalado foi
adulterado em ação consumada, assim, fraudando continuamente os valores
de energia (kWh) registrados.
No Caso 2 requer-se sagacidade na tipificação correta.
O primeiro ponto é nítido, os valores de energia indicados no
Medidor não foram alterados. O que ocorre é que o leiturista da
concessionária foi induzido a registrar os valores invertidos entre o que foi
consumido e o que foi gerado no sistema fotovoltaico. Obtendo o cliente a
vantagem ilícita, conforme o caput do art. 171 do Decreto-Lei n.º 2.848/40 -
Código Penal (CP).
O segundo ponto é confirmar que o sistema fotovoltaico está
subdimensionado ou por algum outro motivo gera menos energia que a
energia consumida.
Sendo assim, ocorre que o cliente da concessionária pagaria pela
energia gerada como se fosse a consumida (valor menor) e o que realmente
consumiu (valor maior) seria devolvido para o cliente da concessionária em
forma de créditos energéticos no mês seguinte. Ao longo do tempo o que
ocorreria é que o cliente da concessionária só pagaria as taxas básicas pois
sempre teria mais créditos que consumo.
Em resumo, além da subtração de energia elétrica, o agente obteve a
vantagem ilícita dos créditos energéticos (art. 155, caput e art. 171, caput ,
do CP)
Per si , classificado como crime complexo, ficamos diante de duas
tipificações: (a) subtração por furto qualificado versado no art. 155, § 4°,
inc. II e (b) obtenção de vantagem ilícita induzindo alguém ao erro
conforme o art. 171, caput , ambos do Decreto-Lei n.º 2.848/40 - Código
Penal (CP).
Para elencar mais uma reflexão, imagine os desdobramentos
processuais uma vez constatado que no Caso 1 não houve o recolhimento
correto dos impostos como PIS/PASEP, COFINS e ICMS e no Caso 2,
atualmente em alguns lugares, não existe recolhimento do ICMS.
Portanto, para permitir a correta tipificação e, consequentemente,
atenuações ou agravamentos na(s) penalidade(s), a apresentação detalhada
dos fatos no laudo sobre as circunstâncias do crime é de máxima
importância e responsabilidade do profissional técnico.
Agora vamos entender como a corte judicial compreende o delito da
Perda Não Técnica (PNT) ou, popularmente, “Gato de energia elétrica”.

3.2 Entendimentos da Corte


As decisões dos órgãos superiores podem auxiliar na convicção do
magistrado se os fatos do caso julgado guardam similaridade com o caso
em pauta, pois, como vimos, os fatos incidem na lei e as fontes acessórias
como decisões com efeitos inter partes podem auxiliar numa linha de
interpretação dos fatos diante da fonte primária.
Nesse teor, vejamos a ementa do Recurso de Habeas Corpus julgado
pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em 2016:
EMENTA : PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO
EM HABEAS CORPUS. ADULTERAÇÃO DO MEDIDOR
DE ENERGIA . VÍTIMA. EMPRESA CONCESSIONÁRIA.
PARCELAMENTO DO VALOR CORRESPONDENTE À
ENERGIA SUBTRAÍDA. ADIMPLEMENTO.
POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO ANALÓGICA DAS LEIS
9.249/1995 E 10.684/2003. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
OCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 1. O trancamento da
ação penal, é medida excepcional, só admitida quando restar
provada, de forma clara e precisa, sem a necessidade de exame
valorativo do conjunto fático ou probatório, a atipicidade da
conduta , a ocorrência de causa extintiva da punibilidade, ou,
ainda, a ausência de indícios de autoria ou de prova da
materialidade. 2. Pago o débito de energia antes do
oferecimento da denúncia , resolvido está o ilícito civil, não se
justificando a persecução penal. Precedentes. 3. Na hipótese, o
recorrente celebrou acordo com a concessionária de energia
elétrica, parcelando o débito decorrente da subtração de energia
elétrica que lhe foi imputada, com o seu posterior
adimplemento, circunstância que enseja a extinção de sua
punibilidade. 4. Recurso provido para trancar a ação penal
instaurada em face do recorrente. (STJ - RHC: 62437 SC
2015/0189854-2, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de
Julgamento: 21/06/2016, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 01/07/2016 RB vol. 634 p. 51).  
Na ação penal originária do paciente (suposto agente do crime) foi
tipificada a conduta como estelionato (Art. 171, caput, do CP) por
adulteração do medidor de energia, no entanto, o relator destaca que melhor
seria o delito ser tipificado como furto mediante fraude e não estelionato,
como argumento secundário para extinção de punibilidade. O argumento
principal foi o fato do paciente ter feito acordo com a concessionária
quitando os valores antes do recebimento da denúncia pelo Ministério
Público o que promove a extinção da punibilidade ao caso.
O fato concreto é descrito abaixo:
“A. utilizou-se de adulteração do medidor de energia,
consistente na realização de um minúsculo furo na lateral
do lacre (mascarando a violação), abertura deste e no
entortamento de um dos pinos nos soquetes das correntes
e tensões responsáveis pela medição do consumo de
energia, o qual deixava de fazer contato com o plug
respectivo, reduzindo em aproximadamente um terço o
registro de consumo efetivo. No período da adulteração
foram geradas 2 (duas) faturas de pagamento com
valores aquém daqueles realmente devidos.”
De fato, como vimos anteriormente, acertou o relator ao tipificar
com furto qualificado mediante fraude, porque houve a fraude no
equipamento e não artifícios psicológicos para induzir diretamente o
leiturista ou técnicos da concessionária a errar a leitura.
Agora vejamos o Agravo em Recurso Especial julgado pelo
Supremo Tribunal de Justiça (STJ) três anos após a decisão anterior:
EMENTA : AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
RECURSO CONHECIDO. ANÁLISE DO MÉRITO
RECURSOL. PENAL E PROCESSUAL PENAL.
ALTERAÇÃO NO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA.
FRAUDE POR USO DE SUBSTÂNCIA. REDUÇÃO DO
CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. TIPICIDADE
LEGAL. ESTELIONATO . CONDENAÇÃO MANTIDA.
RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Extrai-se dos autos
que fraude empregada pelos agravantes – uso de material
transparente nas fases a e b do medidor – reduzia a
quantidade de energia registrada no relógio e, por consequência,
a de consumo, gerando a obtenção de vantagem ilícita. 2. “No
furto qualificado com fraude, o agente subtrai a coisa com
discordância expressa ou presumida da vítima, sendo a fraude
meio para retirar a res da esfera de vigilância da vítima,
enquanto no estelionato o autor obtém o bem através da
transferência empreendida pelo próprio ofendido por ter
sido induzido em erro ”. (AgRG no REsp 1279802/SP, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
8/5/2012, DJe 15/5/12). 3. O caso dos autos revela não se
tratar da figura do “gato” de energia elétrica , em que há
subtração e inversão da posse do bem. Trata-se de prestação de
serviço lícito, regular, com contraprestação pecuniária, em que a
medição de energia elétrica é alterada, com forma de burla ao
sistema de controle de consumo, - fraude-, por induzimento ao
erro da companhia de eletricidade , que mais se adequa à
figura descrita no art. 171, do Código Penal -CP (estelionato). 4
Recurso especial desprovido. (STJ - AREsp: 1418119 DF
2018/0333774-2, Relator: Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
Data de Julgamento: 07/05/2019, T5 - QUINTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 13/05/2019). 
Agora vejamos os elementos essenciais da sentença descritos no
artigo 489 do Código de Processo Civil (CPC):
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
[...]
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial , seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
que:
I - se limitar à indicação , à reprodução ou à paráfrase
de ato normativo, sem explicar sua relação com a
causa ou a questão decidida ;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar
qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
Nesse julgado, infelizmente, ao emergir um argumento segmentado
de um Agravo Regimental contido em um Recurso Especial de 2012
(anterior a primeira decisão estudada), forçou o relator que no delito de
furto existe a necessidade do elemento subjetivo de discordância expressa
ou a presunção de que a vítima não tinha vontade de ser lesada. Em
palavras simples e analogicamente, seria como a necessidade de colocar
uma placa “proibido furtar ou roubar” em cada carro estacionado nas ruas,
por exemplo.
Por óbvio, o leiturista ou representante da concessionária não
estavam presentes na consumação do crime para manifestar sua volitiva ou
transferirem, eles mesmos, a energia sem registro no medidor para a
unidade consumidora.
De qualquer forma, contra-argumentando com o próprio argumento
do relator, já se presume que a concessionária não queira ser lesada por
existir a colocação de lacres nos elementos eletromecânicos da instalação,
inclusive no próprio medidor de energia, fato silenciado na decisão e,
também, uma relação contratual bastante clara em relação ao custo tarifário
da energia elétrica consumida.
Ainda assim, considerando que energia elétrica é bem móvel e que
foi consumido mais do que o registrado, para posterior contraprestação,
houve subtração de patrimônio da concessionária ao não registrar a
diferença do que foi consumido na unidade consumidora.
Portanto, para o caso concreto posto, materializado pela adulteração
do medidor de energia, não procede a tipificação de estelionato. 
Perceba a importância de um Laudo Técnico consistente e alinhado
com o ordenamento jurídico para a formação dos argumentos pelos
operadores do direito. Ao caso supra, a tipificação incorreta poderia
permitir a extinção da punibilidade do agente e abriu ceara para o uma pena
de até cinco anos, diferentemente dos até oito anos previstos para o crime
de furto qualificado mediante fraude.
Outrossim, decisões advindas de tribunais superiores, influenciam
fortemente e massivamente o entendimento dos juízes mesmo que
erosivamente, comprometendo até mesmo a formação de jurisprudências
desaire com a ideia de justiça.
Nesse tônus, é digno ao perito ou assistente técnico, devido ao
conhecimento envolvido, fornecer esclarecimentos contundentes ao
magistrado pautados em todos elementos do tipo penal elencado na lide e,
se for o caso, sugerir a correção, sem utilizar falácias ad verecundiam mas
deter-se aos fatos técnicos concretos. Vejamos a seguir.

3.3 Elementos do tipo penal a serem analisados


Dando seguimento ao assunto, alguns elementos não podem deixar
de serem analisados e relatados no Laudo Técnico, porque podem causar
mudanças significativas nas penalidades e até mesmo desconfigurar o
crime.
Conforme será exposto a seguir, devemos destacar os indícios de
autoria , a materialidade e o valor ( quantum ) que estão envolvidos no caso.
E, nessa lavra, recomenda-se detalhar esses tópicos de acordo com o
desenvolver dos fatos para estabelecer uma lógica e coerência no
documento.

3.4 Autoria
O primeiro aspecto que devemos indicar no Laudo Técnico é se a
consumação do crime ocorreu no período noturno (art. 155, §1°, do CP), ou
seja, o horário em que o criminoso realizou a ligação elétrica ou instalação
do componente elétrico. Isso pode ser determinado por meio de câmeras de
vigilância o que permitiria verificar a autoria, por exemplo.
O autor não é necessariamente o cliente da concessionária ou
proprietário do imóvel, pode existir a participação de um terceiro até
mesmo com intuito de incrimina-los. Portanto, esse item do Laudo Técnico
é bem sensível e pode mudar o rumo de todo processo.
Perceba que, para o furto qualificado (art. 155, §4°, inc. IV, do CP),
outro ponto majorante de pena é relativo à participação de duas ou mais
pessoas . No Laudo Técnico é importante indicar se o autor agiu sozinho ou
ele contou com auxílio de mais pessoas ou contratou um eletricista para
realizar as ligações e/ou fraude, porque as pessoas poderiam assumir papel
de autor, coautor, partícipe ou, até mesmo, vítima no crime, repercutindo
nas penas a serem impostas.
Ainda nesse trilho, destaca-se o vulnerável e o idoso, no sentido de
conhecimento técnico, que podem estar sujeitos a malícia ou imperícia de
um profissional eletricista no qual tenham contratado. Nesse ínterim,
ilustra-se com dois casos não muito difíceis de ocorrer em locais com
múltiplas unidades consumidoras.
Caso 3: Síndico do prédio contrata eletricista para colocar
iluminação na fachada frontal e sótão do prédio. Durante os trabalhos o
eletricista constata que o circuito elétrico de serviço do prédio não chega até
o sótão e fachada. Contudo, encontra um circuito elétrico, à vista, de uma
das salas comerciais do prédio. Faz uma emenda elétrica nos cabos e dá por
concluído o serviço.
Notório que a responsabilidade recai sobre o síndico por ter
contratado um profissional imperito ou desabilitado para profissão (art. 155,
caput , do CP), no entanto, caso ele tenha exigido do eletricista a Anotação
de Responsabilidade Técnica (ART) ou o Termo de Responsabilidade
Técnica (TRT) o eletricista quem responde penalmente por furto qualificado
mediante o abuso de confiança (art. 155, §4º, inc. II, do CP) podendo a pena
ser majorada diante da vulnerabilidade quanto ao conhecimento técnico do
síndico (§ 4º-C, inc. II). Ao condomínio, quem utilizou a energia elétrica,
recairá a ação civil para indenizar a vítima (proprietário ou locador da sala
comercial), caso não haja um acordo de ressarcimento dos valores.
Caso 4: Um condômino de um apartamento em um prédio
residencial contrata serviço de telecomunicações (Internet e TV a cabo). O
instalador instala um amplificador de sinal alimentado para rede elétrica do
condomínio. Esse condômino é o único no prédio que utiliza o serviço
daquela empresa de telecomunicações.
Apesar de similar ao caso 3, este caso, importa na responsabilidade
da empresa de telecomunicações que enviou seus funcionários. Todavia, o
quantum envolvido pode recair no princípio da insignificância, se
constatado no Laudo Técnico ou, até mesmo, o condomínio regularizar em
assembleia geral o uso de amplificadores de sinal para todos condôminos.
Situação que vale anexar ao laudo a ata da assembleia para fundamentar as
conclusões do Parecer Técnico.
Com as ilustrações de casos acima fica mais fácil, conforme os
casos que nos depararmos, referir-se adequadamente as pessoas envolvidas
ou, em breves palavras, quem participou (partícipe), autor (no caso de uma
só pessoa), coautores (mais de uma pessoa) ou vítima (no caso de alguém
que foi incriminada intencionalmente).

3.5 Materialidade
O tratamento das provas fotográficas, documentais, testemunhais ou
outras devem estar firmes e claras, de modo a não deixarem dúvidas sobre a
existência do crime e os elementos que modulam as penalidades e sua
distribuição entre as pessoas envolvidas.
Nesse contexto, para o furto qualificado (art. 155, §4°, inc. I, do
CP), um elemento majorante de pena está relacionado ao rompimento de
obstáculo que pode ser interpretado como a remoção dos lacres dos
componentes eletromecânicos. Logo, importa relatar e fotografar o
rompimento ou ausência dos lacres.
Também para o furto qualificado (art. 155, §4°, inc. II, do CP), outra
majorante é relativa à fraude , em que o criminoso utiliza com destreza o
conhecimento técnico para ocultar, alterar e/ou utilizar circuitos
eletroeletrônicos maliciosos. Por exemplo, a alteração dos valores do
Medidor Digital de energia elétrica utilizando equipamento eletrônico
capazes de alterar a programação do aparelho ou valores medidos ou,
noutro caso, inverter a ligação elétrica de Medidor Analógico de energia
elétrica, sem catraca interna, para retroagir os valores registrado. Nesses
casos, é necessário um olho clínico para encontrar a fraude, como vimos
nas decisões do STJ anteriormente.
Outro ponto de interpretação é quanto o § 4-B, no qual a vontade do
legislador nitidamente está relacionada a furtos cometidos por meio de
aparelhos de processamento computacional , vejamos trecho: “... fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou
não à rede de computadores ...”, ocorre que, os Medidores Digitais, assim
como urnas eletrônicas, são sistemas computacionais dedicados e também
suscetíveis a fraudes por um programador astuto que conheça os protocolos
de comunicação e comandos necessários. Este, dependendo da programação
do código, o mais difícil de detectar, se não for realizada uma medição
paralela com outro aparelho para comparação dos fluxos de energia elétrica.
Por óbvio, a linha de interpretação, seja ela sistemática, literal,
teológica, histórica, comparativa, pela vontade da lei, ou outra, fica a
critério do magistrado, advogados ou partes envolvidas, ao assistente
técnico ou perito cabe apontar no laudo os elementos supra citados para que
se possa desenvolve-los diante do processo.

3.6 Quantum
O quantum está relacionado a quantidade subtraída de energia ou
obtida em formas de créditos energéticos, por exemplo. O quantum guarda
relação, também, com valores de taxas, impostos, tarifas específicas para o
tipo de contrato (tarifa branca, verde, azul, demanda, etc.) e, até mesmo,
relação com possíveis danos causados à rede elétrica da concessionária em
face de sobrecarga dos cabos e transformadores devido à falta de previsão
nos projetos de distribuição.
Por outro lado, o quantum pode indicar um pequeno valor,
normalmente comparado nos tribunais com o correspondente a valores de
até um salário mínimo, ensejando assim o princípio da insignificância ou
furto de bagatela não configurando crime ou lesão ao patrimônio alheio (art.
155, §2°, do CP).
Nesse sentido, chegar ao quantum envolve determinar o período em
que o crime permaneceu subtraindo energia elétrica, relacionado com o
custo tarifário da energia elétrica para aquela Unidade Consumidora (UC) e,
em determinados julgados, o custo dos impostos e taxas relativas.
Note que, determinar a data da consumação do crime pode ser uma
tarefa improvável, contudo, pode ser estimado analisando o histórico de
consumo, verificando um momento de brusca redução de consumo
registrada pela concessionária naquela UC. Quanto as tarifas aplicadas no
período é tarefa mais singela para uma planilha de cálculos e uma pesquisa
junto a concessionária envolvida.
Por fim, o Laudo Técnico deve detalhar os elementos de (a) autoria,
(b) materialidade e (c) quantum e caso for improvável, no sentido de não
haver provas firmes, pode ser oferecido indícios, evidências e estimativas
para concatenação com outras provas e avaliação ulterior.

.4    NOÇÕES DE PROCESSO – Inquérito Policial,


Ação Penal e Civil
Compreender o básico sobre os processos envolvidos no caso de
furto de energia elétrica ajudará a esclarecer algumas perguntas comuns
quando tratamos de Laudo Técnico. Prima facie e em brevíssimas linhas
importa conhecer a estrutura básica do processo civil que se divide em dois
momentos.
O primeiro é o processo de conhecimento onde é debatido,
basicamente, os fatos e o direito e termina com a sentença que é um título
executivo judicial. Nessa, existe a fase postulatória contendo uma petição
inicial descrevendo os fatos, fundamentos legais e provas e, por fim, os
pedidos do autor. Na fase saneadora, haverá uma análise dos pressupostos
da existência, requisitos de validade e condições da ação e um primeiro
momento para possibilidade de conciliação entre as partes. Na fase
instrutória, inicia-se os debates com a apresentação das provas, em especial
o Laudo Técnico dos Assistentes Técnicos incluídas na Petição Inicial ou
Contestação do réu ou, ainda, a nomeação do Perito para realizara a
produção de provas. Na fase decisória o juiz revisa todo processo e
consolida sua cognição na sentença de procedência ou improcedência.
O segundo processo é o de cumprimento de sentença no qual com
posse do título executivo judicial (sentença de procedência) o quantum é
reconhecido como devido e o réu é intimado a pagar em 15 dias. Caso não o
faça, inicia-se os atos de expropriação de bens até a extinção do processo.
Por sorte é possível outros desdobramentos, v. g., pagamento parcial da
dívida, contudo, não é a proposta do curso aprofundar muito nos detalhes.
Em resumo, observe a figura abaixo:

Etapas elementares do processo.

Ainda assim, importa saber que o novo modelo constitucional do


processo permite ocorrer de forma sincrética, em outras palavras, misturar
as etapas. Por exemplo, digamos que nas primeiras fases do processo de
conhecimento o réu tenha confessado parte da dívida, assim, o juiz poderá
decidir interlocutoriamente pelo pagamento imediato da parte da dívida
confessa, ficando a diferença a ser discutida posteriormente.
Observemos, o artigo a seguir da Lei n.º 13.105/15 – Código de
Processo Civil (CPC):
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa , ou
já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre
parcela incontroversa , o cumprimento definitivo da
sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o
executado intimado para pagar o débito, no prazo de
15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do
caput , o débito será acrescido de multa de dez por cento
e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no
caput , a multa e os honorários previstos no § 1º incidirão
sobre o restante.
§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento
voluntário, será expedido, desde logo, mandado de
penhora e avaliação, seguindo-se os atos de
expropriação .
Ainda nesse trilho:
Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o
cumprimento da sentença, comparecer em juízo e
oferecer em pagamento o valor que entender devido,
apresentando memória discriminada do cálculo.
Por óbvio, o caso na realidade não envolve somente a esfera civil e
repercute nas demais esferas. Desconectar as repercussões no Laudo
Técnico ou defesa do advogado é imprudente e acusa a limitação perceptiva
do profissional raso, o que não é nosso caso. Portanto, adiante vamos visitar
na esfera penal.
4.1 Inquérito Policial
No processo penal, em um primeiro momento, temos o Inquérito
Policial que é um procedimento considerado informativo, porque nele serão
coletados os elementos de provas e dados para a ação penal. Observe:

A primeira movimentação é a notícia do crime para autoridade


policial. A autoridade policial comandará as investigações de forma
inquisitória (sem contraditório) e sigilosa. Fará interrogatório na presença
do Delegado, escrivão e duas testemunhas e, diante de razoáveis indícios de
autoria, procederá o indiciamento. Poderá o Delegado determinar a
necessidade de perícia policial, contudo, não é comum para os casos de
furto de energia elétrica. Concluindo o Relatório do Inquérito Policial em
10 ou 30 dias, conforme o caso, o Delegado encaminha para o magistrado
dar continuidade no caso ou arquivar.
 
Ocorre que, como a formação de provas e informações no furto de
energia é algo muito técnico a vítima legitimada poderá, por meio do
profissional técnico habilitado, reunir as provas suficientes para propor
diretamente a ação penal e/ou civil. Dispensando, com isso, o procedimento
do Inquérito Policial.

4.2 Ação penal


A queixa-crime é a proposição da ação penal privada realizada pela
pessoa ofendida, contudo, pode ocorrer a proposição da denúncia que é
realizada pelo membro do Ministério Público para o caso de situações
específicas de furto de energia.
Na propositura da ação é o melhor momento para incluír o Laudo
Técnico do Assistente Técnico, porque o caso seja designado um perito
judicial este terá de atentar ao conteúdo do Laudo existente.
Caso não seja incluído o Laudo Técnico na propositura da ação e
venha a ser incluído um Laudo Pericial ao longo do processo, o Assistente
Técnico é quem deverá rebater inconsistências e, devido ao tempo
processual, corre o risco das provas materiais se alterarem do local ou não
estarem mais disponíveis.
Após a sentença condenatória existe um prazo para o réu recorrer e
caso esse prazo se expire sem manifestação, ocorre o trânsito em julgado
formando assim a chamada “coisa julgada”, em outras palavras, o “trânsito
em julgado” significa que o prazo para recorrer da sentença expirou e não
há mais nada a se fazer em contraposição devendo-se cumprir o
determinado.
  Outrossim, essa sentença forma um título judicial que conterá as
circunstâncias para dosimetria da pena como agravantes e atenuantes,
majorantes e minorantes e, também, o valor mínimo de reparação dos danos
causados, conforme os capítulos da sentença nela presentes.
Um dos capítulos tratará da forma e tempo de prisão e/ou
pagamento de multa reconhecendo de forma motivada a autoria e
materialidade do crime. Assim sendo, caberá ao próximo juiz, o juiz da
execução penal, iniciar os procedimentos para prisão, multa e demais.

4.3 Ação Civil


Um dos capítulos da sentença condenatória, na esfera penal, trará o
quantum envolvido no crime, ou seja, quando ocorrer a condenação
irrecorrível na esfera penal formar-se-á título executivo permitindo a
execução na esfera civil de um valor certo e determinado.
Nesse sentido o Decreto-Lei n.º 3.689/41 - Código de Processo
Penal (CPP):
Art. 63.  Transitada em julgado a sentença
condenatória , poderão promover-lhe a execução, no
juízo cível, para o efeito da reparação do dano , o
ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Nesse sentido, convém a sentença trazer o quantum envolvido,
vejamos:
Art. 387.  O juiz, ao proferir sentença condenatória:        
[...]
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido;
 
Sendo assim, a discussão na esfera civil estaria possibilitada em
majorar o valor indenizado, todavia, não se discute mais a existência ou não
do crime e sua autoria. Isto é, caso o autor não se dê por satisfeito pelo
valor sentenciado e apresente justificativas para majoração, abre-se a
possibilidade do debate para questões como dano moral, equalização do
dano material sofrido e reflexos como taxa e tributos, por exemplo.
Ainda nesse trilho, sabido que mesmo a sentença absolutória não
impede proposição da ação civil se for reconhecida a materialidade dos
fatos, arquivamento do inquérito policial, decisão com extinção de
punibilidade ou cujo fato não constituir crime (art. 66 e 67, do CPP).
Suspensão do processo civil

Sob outra realidade, contanto forem propostas uma Ação Penal e


uma Ação Civil paralelamente, esta visando a reparação do dano causado (
quantum ) e a outra para determinar a autoria e materialidade dos fatos, a
Ação Civil será suspensa aguardado a sentença da Ação Penal que
confirma-rá a existência do crime.
Conforme esclarece o Decreto-Lei n.º 3.689/41 - Código de
Processo Penal (CPP):
Art. 64.  Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a
ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no
juízo cível , contra o autor do crime e, se for caso, contra
o responsável civil.  
Parágrafo único.  Intentada a ação penal , o juiz da ação
civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento
definitivo daquela.
 
Portanto, para evitar um conflito de sentenças, em relação a matéria
de autoria e materialidade, sobressai a sentença do juízo da esfera penal,
passando o debate da matéria do quantum definitivo para sentença do juízo
da esfera civil.
Ao fim e ao cabo, apesar de breves abordagens supra diante da
complexidade do ordenamento jurídico, fica a compreensão de que o Laudo
Técnico deve ser confeccionado como prova principal, com primor e
atenção a sutilezas elementares das tipificações penais envolvidas. Em
razão da linguagem simples, autoria, materialidade, quantum, prazos e o
próprio processo como um todo.
Adiante veremos questões mais técnicas que somarão ao
conhecimento do profissional de qualidade.
3. DA REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regulamenta o
setor elétrico no país ditando as regras gerais, em especial as que as
empresas, que receberam a concessão para exploração do mercado de
energia, devem seguir junto aos seus consumidores.
As concessionárias podem criar seus regulamentos e padrões
conforme as particularidades de sua rede elétrica, dentro dos limites
impostos pela ANEEL.
Nesse interim, necessitamos conhecer alguns dos procedimentos
gerais no caso de irregularidades e apuração preliminar de
responsabilidades e, também, adquirir uma noção dos regulamentos,
padrões e terminologias das concessionárias em geral.
Quanto aos regulamentos das concessionárias não teremos espaço
para abordar cada uma delas em detalhes, contudo, podemos utilizar a
regulamentação da CEEE-D como norte, por ser bem completa e usada por
outras concessionarias como RGE e AES.
Seguimos.

.13.ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica


A Resolução Normativa n° 414/2010 – Condições Gerais de
Fornecimento de Energia Elétrica, da ANEEL é o documento principal que
estabelece os procedimentos e responsabilidades para todas as
concessionárias, me geral.
Na Agência Reguladora, o Grupo de Faturamento e Serviços da
Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição (SRD) é quem
regulamente as chamadas “perdas não técnicas” (PNT) e o ressarcimento de
danos elétricos. [14]

1.1 Dos procedimentos diante de irregularidades


Naturalmente, estes procedimentos ocorrem em relação a PNT
relacionada com a concessionária de energia elétrica e não entre
consumidores. Motivo pelo qual, o capítulo XI, da Resolução Normativa n°
414/2010, versa sobre a apuração de irregularidades e recuperação da
receita não faturada e/ou diferença no faturamento mantendo o foco em
procedimentos relacionados a constatação de adulteração do medidor de
energia elétrica ou desvio de energia elétrica. Vejamos:
Art. 129. Na ocorrência de indício de procedimento
irregular , a distribuidora deve adotar as providências
necessárias para sua fiel caracterização e apuração do
consumo não faturado ou faturado a menor.
§ 1o A distribuidora deve compor conjunto de
evidências para a caracterização de eventual
irregularidade por meio dos seguintes procedimentos:
Dentre os procedimentos, o consumidor pode solicitar a perícia ou
assistência técnica, conforme art. 129, § 1º e 4º, da Resolução Normativa n.º
414/10:
II – solicitar perícia técnica , a seu critério, ou quando
requerida pelo consumidor ou por seu representante
legal;
III – elaborar relatório de avaliação técnica , quando
constatada a violação do medidor ou demais
equipamentos de medição, exceto quando for solicitada a
perícia técnica de que trata o inciso II;
[...]
§ 4º O consumidor tem 15 (quinze) dias, a partir do
recebimento do TOI, para informar à distribuidora a
opção pela perícia técnica no medidor e demais
equipamentos, quando for o caso, desde que não se tenha
manifestado expressamente no ato de sua emissão.
No mesmo artigo, existe um procedimento específico para retirada
do medidor para leva-lo ao laboratório, que se não for obedecido abre
espaço para questionamentos judiciais importantes:
§ 5o Nos casos em que houver a necessidade de retirada
do medidor ou demais equipamentos de medição, a
distribuidora deve acondicioná-los em invólucro
específico, a ser lacrado no ato da retirada, mediante
entrega de comprovante desse procedimento ao
consumidor ou àquele que acompanhar a inspeção, e
encaminhá-los por meio de transporte adequado para
realização da avaliação técnica.
§ 6º A avaliação técnica dos equipamentos de medição
pode ser realizada pela Rede de Laboratórios
Acreditados ou pelo laboratório da distribuidora, desde
que com pessoal tecnicamente habilitado e equipamentos
calibrados conforme padrões do órgão metrológico,
devendo o processo ter certificação na norma ABNT
NBR ISO 9001, preservado o direito de o consumidor
requerer a perícia técnica de que trata o inciso II do § 1º.
 
Assim como na perícia judicial, a concessionária deverá comunicar
com antecedência o consumidor que poderá acompanhar o procedimento:
§ 7o Na hipótese do § 6o, a distribuidora deve
comunicar ao consumidor , por escrito, mediante
comprovação, com pelo menos 10 (dez) dias de
antecedência, o local, data e hora da realização da
avaliação técnica , para que ele possa, caso deseje,
acompanhá-la pessoalmente ou por meio de
representante nomeado.
Adicionado ao quantum estão os custos de deslocamento e perícia
técnica:
§ 10. Comprovada a irregularidade nos equipamentos
de medição , o consumidor será responsável pelos
custos de frete e da perícia técnica, caso tenha optado
por ela, devendo a distribuidora informá-lo previamente
destes custos, vedada a cobrança de demais custos.
§ 11. Os custos de frete de que trata o § 10 devem ser
limitados ao disposto no § 10 do art. 137.
Outro ponto é o valor global limitado ao que versa o artigo. 132 que
basicamente estima o período da PNT e limita em 36 meses o máximo a
ressarcir.
Art. 132. O período de duração , para fins de
recuperação da receita , no caso da prática comprovada
de procedimentos irregulares ou de deficiência de
medição decorrente de aumento de carga à revelia, deve
ser determinado tecnicamente ou pela análise do
histórico dos consumos de energia elétrica e demanda
de potência, respeitados os limites instituídos neste
artigo. [...]
§ 5o O prazo máximo de cobrança retroativa é de 36
(trinta e seis) meses.
Mesmo que os procedimentos aqui não sejam relacionados a caso de
PNT entre consumidores, pode-se usar subsidiariamente os procedimentos
aqui descritos e os demais contidos na Resolução Normativa n.º 414/10 da
ANEEL.

1.2 Da responsabilidade do Consumidor


O capítulo XIII trata das responsabilidades do consumidor, na
Resolução Normativa n.º 414/10, abordando o seguinte:
Art. 167. O consumidor é responsável :
I – pelos danos causados a pessoas ou bens, decorrentes
de defeitos na sua unidade consumidora, em razão de má
utilização e conservação das instalações ou do uso
inadequado da energia ; [...]
III – pelos danos causados aos equipamentos de
medição ou ao sistema elétrico da distribuidora ,
decorrentes de qualquer procedimento irregular ou
deficiência técnica da unidade consumidora; e
IV – pela custódia dos equipamentos fornecidos pela
distribuidora, para medição ou para o acompanhamento
da leitura, na qualidade de depositário a título gratuito,
quando instalados no interior de sua propriedade.
Parágrafo único. A responsabilidade por danos causados
aos equipamentos de medição externa não pode ser
atribuída ao consumidor, salvo nos casos de ação
comprovada que lhe possa ser imputada.
Porquanto, além da energia elétrica subtraída, os danos causados aos
equipamentos da concessionária também devem ser ressarcidos para o caso
de adulteração/fraude do medidor de energia elétrica ou, ainda, no caso de
seccionamento dos cabos de energia da concessionária ou outros. 

.2    RIC – Regulamento de Instalações Consumidoras


(padrão CEEE-D)
[15]
O RIC-BT é o Regulamento de Instalações Consumidores em
Baixa Tensão que padroniza e orienta sobre as condições gerais de
fornecimento de energia elétrica em baixa tensão (380/220V, 220/127V e
[16] [17]
220 Volts ) para cargas de até 75kW na CEEE-D Companhia
Estadual de Distribuição de Energia Elétrica, que faz parte do Grupo
Equatorial e é utilizada por outras concessionarias, como RGE e AES Sul, e
é bastante similar as demais pelo país.
Ela foi elaborada a partir de consultas e orientações da Agência
Fiscalizadora, das recomendações da Associação Brasileira de Empresas
Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE), Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), normas subsidiárias da International
Electrotechnical Commission (IEC) e, também, a legislação energética em
vigor.
Sublinha-se que o regulamento vai sendo alterado ao longo do
tempo conforme necessidades hodiernas, assim, importa sempre identificar
no Laudo Técnico a(s) versão(ões) que está(ão) sendo utilizada(s), visto que
na data de alteração da rede elétrica ou de ligação de energia pela
concessionária poderia estar vigente um texto retrógrado ao atual e, assim,
com orientações divergentes e escusáveis.
Existe ainda a RIC-MT que complementa os casos em que o
fornecimento é feito em média tensão (13.000V) com demanda calculada
superior a 115kW, normalmente nos casos de entradas nas subestações para
grandes consumidores e industrias. Nesses casos dificilmente existe furto de
energia elétrica devido a uma maior fiscalização e as grandes potências
envolvidas, o que exigiriam equipamentos especiais e maior qualificação.
Entretanto, quando se trata de múltiplas unidades consumidoras a
PNT pode ser encontrada entre os consumidores e dependendo do ponto de
materialidade a RIC pode emergir como fundamento normativo.

2.1 Terminologias elementares


Para melhor nos expressarmos no Laudo Técnico, precisamos
conhecer algumas terminologias básicas que provavelmente iremos utilizar.
Por exemplo, Unidade Consumidora (UC): Instalações caracterizada
pelo recebimento da energia elétrica em um único ponto de entrega e
medição de energia elétrica.
Note a figura abaixo:

Componentes da Entrada de Serviço aérea (Figura 1 da RIC-BT).


 
Entrada de Serviço : Condutores e elementos entre o ponto de derivação
da rede da concessionária e a origem da Entrada de Energia. Pode ter
ligação aérea quando a demanda é inferior a 57kVA (2201/127V) ou
99kVA (380/220V) utilizando cabo multiplex de até 30 metros de vão
livre ou, obrigatoriamente, subterrânea para demandas superiores as
indicadas anteriormente ou para condutores com seção superior a
35mm² de cobre ou 50mm² de alumínio, conforme item 8.1 da RIC-BT.
Entrada de Energia : Instalação de responsabilidade do consumidor.
Incluí ramal de entrada, poste particular ou pontalete (suporte para
ancoragem dos cabos do ramal), dispositivos de proteção, aterramento e
demais caixas e ferragens.
Ramal de Ligação: Conjunto de elementos eletromecânicos e condutores
entre o ponto de derivação da rede da concessionária e o Ponto de
Entrega.
Ponto de Entrega: Ponto de conexão na rede elétrica da concessionária
com a Entrada de Energia da UC. É até onde vai a responsabilidade da
concessionária.
Ramal de Entrada: Conjunto de elementos eletromecânicos e condutores
entre o Ponto de Entrega e a Medição ou disjuntor de proteção do Caixa
de Entrada e Distribuição (CED) (veremos logo adiante) para o caso de
múltiplas UCs.
Origem da Instalação : É o ponto do disjuntor de proteção geral da UC.
Circuito alimentador : Circuito entre a origem da instalação/medição até
às instalações internas da UC. Normalmente até o Quadro de
Distribuição dos Circuitos (QDC) da UC.
Podemos detalhar um pouco mais, utilizando as figuras
padronizadas da RIC-BT, vejamos:
 
Entrada de Energia com medição em poste particular (Figura 6 da RIC-BT).

No padrão acima temos um poste em concreto armado com a


tubulação fixa lateralmente, local onde pode ser encontrado seccionamentos
irregulares nos cabos ou, ainda, por detrás da caixa do medidor.

Entrada de Energia com medição em poste de aço (Figura 7A da RIC-BT).


 
No padrão de poste metálico o cabeamento passa por dentro do
poste que normalmente já vem lacrado.

Entrada de Energia com medição na parede frontal (Figura 12 da RIC-BT).


No padrão com caixa de medição embutida na parede, o ponto que
requer atenção, em geral, é no local de fixação dos cabos que vêm da rede
da concessionária. Em instalações mais antigas elas vão direto para o
telhado.
 

Componentes da Entrada de Serviço subterrânea (Figura 1 da RIC-BT).


 
Agora observe a figura adiante que ilustra um Quadro de Medição
com múltiplas UCs, popularmente chamado de Quadro de Luz ou Quadro
Geral. Este é o local onde fica(m) o(s) medidor(es) cabeamento e
disjuntores e demais proteções elétricas e, comumente, fica localizado no
ambiente chamado Centro de Medições , como uma sala, por exemplo.
Agrupamento de 2 medidores (ANEXO Z da RIC-BT).
 
Exemplo de agrupamento de 5 medidores monofásicos (ANEXO Z da RIC-
BT).
Caixa de Proteção (CP): Destinada a proteção dos contatos e ligações
com o medidor de energia elétrica.
Caixa de Entrada e Distribuição (CED): Caixa metálica onde são
interligados os circuitos das UCs por meio de barramentos de
distribuição e fica o disjuntor geral.
Caixa de Distribuição (CD): Similar ao CED, utilizado para medições
indiretas contando com Transformadores de Corrente (TCs).
Circuito de distribuição : Circuito que interliga o CED com as CPs.
Disjuntor (DJ): Dispositivo de manobra mecânica capaz de interromper
as correntes de um circuito e, também, estabelecer proteção térmica e de
curto-circuito para cabeamento do circuito.
Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS): Dispositivo de
seccionamento automático destinado a proteger o circuito e
equipamentos de sobretensões e sobrecorrentes, conforme a categoria do
dispositivo, p. e., descargas atmosféricas.
Outros termos que temos de absorver são os seguintes:
Carga Instalada : Refere-se a soma das potências ativas (kW) de todos
equipamentos elétricos instalados na unidade consumidora.
Demanda: Refere-se a soma das potências instantâneas (aparente) (KVA)
solicitadas pelo sistema elétrico da UC. Demandas superiores a 15kVA
(220/127V) ou 25kVA (380/220V) devem ser calculadas inclusive para
dimensionamento dos condutores. Este é utilizado mais para grandes
unidades de consumo e podem constituir, com a concessionária, um
contrato de consumo e outro de demanda.
Energia elétrica ativa (kWh): Potência elétrica utilizada em um
determinado período de tempo.
Dispositivo de proteção de corrente diferencial-Residual (DR):
Dispositivo de seccionamento automático responsável por desativar o
circuito elétrico caso haja uma diferença entre a corrente circulante de
entrada e saída do circuito, p. e., choque elétrico.
1
2 Tipo de Medição
O Tipo de Medição pode ser direta , no qual, o circuito de distribuição
é ligado diretamente no medidor de energia, ou indireta, no qual, o circuito
de distribuição passa por transformadores de corrente (TC) que coletam as
grandezas elétricas em uma escala inferior suportada pela interface do
medidor. Este último é utilizado devido a espessura dos cabos e os limites
de capacidade do medidor em medir grandezas muito altas de energia.
A medição direta ocorre em UCs com demanda inferior a 38kVA
(220/127V) ou 66kVA (380/220V). A medição indireta ocorre em UCs com
demanda superior aos limites indicados na medição direta, conforme
indicado na RIC-BT.

2.3 Tipo de Fornecimento


O Tipo de Fornecimento refere-se à quantidade de fases que a UC irá
receber.
Tipo A – monofásico 1 (fase-neutro) para UC individual.
Tipo B – bifásico 2 (fase-fase-neutro) para UC individual.
Tipo C – trifásico 3 (fase-fase-fase-neutro) para UC individual.
Tipo D – trifásico 3 (fase-fase-fase-neutro) para Centros de
Medição com múltiplas UCs.
A combinação das letras com os números na tabela do Anexo J da
RIC-BT indica o nível de energia elétrica fornecido, como veremos logo
adiante.

2.4 Elementos eletromecânicos da Entrada de Serviço


A determinação preliminar dos elementos eletromecânicos da Entrada
de Serviço pode ser realizada por meio da tabela do Anexo J da RIC-BT.
Conhecendo a tensão disponível na rede local da concessionária, a
potência total das cargas instaladas e a demanda exigida pelos
equipamentos, podemos encontrar, além do Tipo de Fornecimento, as
demais características preliminares dos elementos da Entrada de Serviço.
Por exemplo, para uma entrada de serviço individual, sabendo que a
tensão de fase no local da UC é 127V, a carga total instalada é 20kW e a
demanda é de 25kVA, então o Tipo de Fornecimento é o C2 com as
seguintes caraterísticas:
Tipo de Medição: Direta
Disjuntor de entrada: 70A 3
Ramal de Ligação: cabo quadriplex de alumínio Q-16 ou cobre
10mm²
Ramal de Entrada: cabo isolado de cobre de 25mm², eletroduto
de 40mm²
Cabo de Aterramento: cabo isolado de cobre de 10mm²,
eletroduto de 20mm²
Cabo de Proteção: cabo isolado de cobre de 16mm², eletroduto
de 20mm²
Conforme tabela a seguir:
Entrada de Serviço Individual (ANEXO J da RIC-BT).
 
Entrada de Serviço para Centros de Medição (ANEXO J da RIC-BT).

O Manual Pirelli de Instalações Elétricas é a referência técnica para


os cabos e eletrodutos que consolida inúmeras normas técnicas como:
NBR-5111, NBR-5368, NBR-6880, NBR-7575, NBR-6252, NBR-6251,
NBR-6148, NBR-6980, NBR-8661, NBR-7288, NBR-9508, NBR-7286,
NBR-7285, NBR-7287, NBR-7289, NBR-7290, NBR-8344, NBR-8182,
NBR-9024, NBR-6524, NBR-9113, NBR-9375 e NBR-5410.
Evidente que, deve-se atentar à concessionária de energia que estamos
atuando, porque podem possuir algumas diferenças sutis nos padrões.
Entretanto, com base nessas informações já se pode compreender o básico
do sistema nacional de distribuição de energia elétrica e, principalmente,
utilizar a linguagem técnica apropriada no Laudo Técnico.
 
 
4. DO LAUDO TÉCNICO DE ENERGIA ELÉTRICA
Adiante vamos detalhar o passo-a-passo da confecção do laudo,
destacando particularidades e dicas importantes para não falhar no trabalho.
Prima facie , vamos verificar a estrutura legal básica do Laudo
Técnico e linguagem utilizada. Em segundo momento, ensaiaremos a
construção de cada capítulo do Laudo Técnico, começando pela
qualificação das partes envolvidas, do objeto de estudo, a metodologia
empregada.
Na sequência, termos o passo-a-passo da Vistoria Técnica e
elaboração de seu relatório. Depois como realizar a análise com base nos
três pilares legais: autoria, materialidade e quantum . O que nos levará para
confecção do Parecer Técnico e suas opções possíveis.
Ao final, naturalmente responder-se-á as perguntas das partes ou
simulação e se encerrará com as considerações finais e questões de
segurança.

.14.CAPÍTULOS ESSENCIAIS DO LAUDO TÉCNICO


O Laudo Técnico possuí uma estrutura essencial orientada pela
legislação geral pátria e normas técnicas esparsas.

1.1 Estrutura elementar legal e normativa


Neste teor, vale sublinhar que a espécie de Laudo Técnico do gênero
Laudo Elétrico, inicia sua estrutura pela Lei n° 13.105/15 - Código de
Processo Civil (CPC) que elenca, no artigo a seguir, o seguinte:
Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e
demonstrando ser predominantemente aceito pelos
especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos
apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do
Ministério Público.
 
Ainda assim, vale lembrar a RN n.° 414/10 da ANEEL, que no seu
artigo 129, § 1º, inc. IV, que nutre a necessidade de avaliação do histórico
de consumo e o artigo 130, caput e inc. II e IV e, ainda, os custos
administrativos elencados no artigo 131 e 132, conforme vimos
anteriormente.
Nesse teor vale indicar a memória descritiva dos cálculos junto da
análise, conforme o artigo a seguir:
Art. 133. Nos casos em que houver diferença a cobrar
ou a devolver , a distribuidora deve informar ao
consumidor, por escrito, a respeito dos seguintes
elementos:
I – ocorrência constatada;
II – memória descritiva dos cálculos do valor apurado
referente às diferenças de consumos de energia elétrica e
de demandas de potências ativas e reativas excedentes,
consoante os critérios fixados nesta Resolução;
[...]
VI – tarifa(s) utilizada(s).
§ 1º Caso haja discordância em relação à cobrança ou
devolução dos respectivos valores, o consumidor pode
apresentar reclamação, por escrito, à distribuidora, a ser
realizada em até 30 (trinta) dias da notificação.
Nessa esteira, sabemos que teremos no mínimo um capítulo para
identificar as partes envolvidas, outro para delimitar o objeto , outro para
apresentar a metodologia , outro com o Relatório da Vistoria Técnica ,
posteriormente o capítulo com a análise técnica descrevendo os valores
envolvidos, em seguida as respostas aos quesitos (se for o caso de um
processo em andamento), as considerações finais incluindo questões
incidentes e, por fim, o Parecer Técnico assinado.

1.2 Linguagem e fundamentação


Na mesma sequência do artigo 473 da Lei n.º 13.105/15 – Código de
Processo Civil (CPC), podemos observar como esses capítulos deverão se
desenvolver. Vejamos:
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua
fundamentação em linguagem simples e com coerência
lógica, indicando como alcançou suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua
designação, bem como emitir opiniões pessoais que
excedam o exame técnico ou científico do objeto da
perícia.
Em suma, deve-se observar a utilização de uma linguagem clara e
fundamentada, assim como, evitar opiniões pessoais e outras adjetivações
textuais.

.2    CAPÍTULO 1 – DAS PARTES


No primeiro capítulo do Laudo Técnico importa apontar, o mais
claramente possível, os responsáveis envolvidos classificando-os,
impessoalmente, como: querelante (autor da ação penal) ou querelado (réu),
proprietário do imóvel, locador do imóvel, consumidor registrado da UC e
Concessionária. Note que, autor do crime é diferente de autor da ação penal.
Lembre-se que no Laudo Técnico podem surgir novas pessoas
envolvidas alterando a classificação dada inicialmente nos autos de um
processo em andamento, por esse motivo, é importante que se utilize a
própria classificação compatibilizada com a atualidade do processo.  

2.1 Dados de qualificação


Por sorte, para algumas qualificações basta fazer referência aos
autos, quando existir um processo em andamento, contudo, quando não for
possível, deve-se destacar o melhor possível as qualificações da seguinte
forma:
Números do processo , se existir. Atente que, alguns processos
migram dos autos físicos para eletrônicos e, por isso, mudam a
numeração para o padrão da plataforma utilizada;
Querelante ou Querelado (Dono do Laudo Técnico): Sendo
pessoa física, o nome, nacionalidade, profissão, documento de
identificação, endereço de domicílio, e-mail. Sendo pessoa
jurídica, o nome da empresa ou condomínio, CNPJ, endereço de
correspondência/intimações, e-mail e dados do representante
legal. Os dados do representante são os mesmos da pessoa física
(art. 319, inc. II, do CPC);
Proprietário do imóvel: Qualificação básica junto com
documentos de comprovação, como: numeração da matrícula do
imóvel ou contrato de compra e venda. Estes últimos com
cópias anexadas ao final do Laudo;
Locador do imóvel : Se for o caso, as qualificações básicas e
cópia anexada do contrato de locação (o mesmo encaminhado
para concessionária de energia elétrica no momento da ligação
de energia no início do aluguel). Aqui importa destacar o
período da locação com data de início e fim, se for o caso;
Consumidor da UC: Qualificações básicas do consumidor da
energia elétrica perante a concessionária com a cópia anexada
de uma fatura de energia atual e a primeira fatura após a ligação
de energia no local pela concessionária e, se possível, o
protocolo do pedido de ligação inicial. (Em algumas
concessionárias é possível pegar tal histórico no site, utilizando
o CPF e a senha de usuário);
Concessionária : Sendo pessoa jurídica, o nome atual da
empresa e grupo econômico pertencente, CNPJ, endereço de
correspondência/intimações, e-mail e dados do representante
legal.
Salienta-se que, visto a natureza de um caso de Perda Não Técnica
(PNT) de energia, alguns documentos e informações podem não serem
disponibilizadas ou estarem indisponíveis na vistoria técnica ou pesquisa
ulterior ou, ainda, se tornarem irrelevantes ou redundantes diante de um
processo administrativo ou judicial comprometendo a celeridade e, por isso,
o solicitante pode escusar sua necessidade de anexa-las no Laudo Técnico
se houver outras provas capazes de sustentar as afirmações ou ser possível
indicar no processo o documento referido.

.3    CAPÍTULO 2 – DO OBJETO
A delimitação do objeto de análise é muito importante para evitar
incompatibilidades entre os laudos e advertir silêncio sob determinadas
questões técnicas pertinentes ao caso. Por esse motivo, além da indicação
física das instalações elétricas, importa incluir o escopo dos circuitos que
serão analisados de forma precisa e sem margem de dúvidas.
3.1 Localização das instalações
Quanto a identificação do local da instalação da rede elétrica deve-
se destacar, inicialmente: (a) o endereço completo, (b) numeração do poste
no qual é realizado o ponto de derivação da rede da concessionária e do (c)
Centro de Medições.
Principalmente para os casos de múltiplas unidades consumidoras ,
recomenda-se incluir uma fotografia da numeração da propriedade,
numeração do poste e transformador mais próximo, centro de medições
com o número da caixa de proteção (CP) dos circuitos analisados e outras
fotografias que se julgar pertinente para não deixar dúvidas sobre o local
correto de estudo.
Quando for o caso de uma lide com a concessionária, antes do
processo judicial obrigatoriamente haverá um processo administrativo,
como condição da ação judicial. Nesse ponto a numeração do poste e
transformador do ramal de distribuição estará relacionado com os projetos
elétricos de distribuição da concessionária de energia para avaliar algum
dano na rede da concessionária.

3.2 Escopo de circuitos elétricos


Delimitar o escopo dos circuitos analisados é muito importante, para
que não ocorra extensões desnecessárias e impertinentes ao objetivo. Logo,
precisamos deixar claro onde começa a avaliação, o caminho do circuito
elétrico e onde termina.
O mais indicado é incluir um diagrama de prumada elétrica
esperada, conforme as normas técnicas, e nela relacionar os pontos
pertinentes com fotografias, se for imprescindível ou possa deixar uma
lacuna importante no Laudo Técnico, v. g., não ficou claro o tipo de entrada
de energia para relacionar com o padrão das normas técnicas da
concessionária (poste de concreto, poste metálico, entrada subterrânea,
etc.).
Em sentido congênere, quando lidamos com múltiplas unidades
consumidoras, existirão circuitos impertinentes para análise contidos nos
mesmos elementos eletromecânicos como quadro de medição e eletrodutos.
Se algum circuito ensejar dúvidas convém classifica-lo como dentro ou fora
do escopo e o motivo, v. g., circuito elétrico antigo desativado.

.4    CAPÍTULO 3 – DA METODOLOGIA
A metodologia, conforme vimos, representa um dos pilares legais
que sustenta o Laudo Técnico e, por esse motivo, deve-se indicar que ela é
aceita pela maioria das autoridades na área (art. 473, III, do CPC).
A metodologia , em breves linhas, representa como foi conduzida a
análise, ou seja, a explicitação da linha desenvolvida no processo
investigativo do caso. Ao passo que, importa fornecer informações sobre:
O tipo de pesquisa realizada (exploratória/descritiva);
As etapas do processo e seus objetivos;
Indicar as técnicas utilizadas.
Ao ponto em que a análise consubstanciada no Laudo Elétrico possa
ser validada cientificamente por outros profissionais da área e possível de
comprovar e comparar com outros laudos.
Em geral, as metodologias mais aceitas são as recomendadas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da International
Electrotechnical Commission (IEC), mas podemos encontrar outras
orientações junto a Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de
Energia Elétrica (ABRADEE) e outros órgãos ligados à área de distribuição
de energia elétrica.
Inclusive a RN n.° 414/10 da ANEEL destaca bem os
procedimentos do caso de possível adulteração do medidor no artigo 129 e
seq., conforme vimos.
Métodos de ensaio, calibragem, medições de grandezas e exames
em laboratório são mais específicos para equipamentos eletroeletrônicos
(medidores de energia, por exemplo) e questões mecânicas na instalação
elétrica e, por isso, são mais detalhados nas normas técnicas da ABNT e
IEC. Portanto, a metodologia de ensaios e teste utilizados vai depender
muito do caso concreto.
Recomenda-se iniciar por uma linha metodológica básica, conforme
descreve-se adiante, e no seguir da análise verifica-se a real necessidade de
um detalhamento mais específico, para não incorrer numa impertinência ou
ruído na análise.
As metodologias mais utilizadas são a:
indutiva - evidências pontuais que podem ser generalizadas;
dedutiva - premissas gerais que podem ser usadas para testar
hipóteses em pontos específicos;
dialética - comparação de opostos para chegar a uma conclusão;
dialógico - debate interdisciplinar aberto capaz de construir um
conhecimento transitório e aplicável num determinado contexto.
Portanto, para o Laudo Elétrico, em destaque, recomenda-se utilizar
o método Dialógico.
O tipo de pesquisa pode se apresentar como:
exploratória - objetiva conhecer melhor o problema,
explicitando-o;
descritiva - descrever características e relações de determinado
objeto de análise.
Ao ponto que, insofismavelmente, o Laudo Elétrico deverá
apresentar, no mínimo, uma etapa da pesquisa exploratória realizada por
meio da Vistoria Técnica in loco conduzida para explicitar o caso de forma
firme e imparcial e, uma segunda etapa de pesquisa descritiva que irá
delinear as características técnicas esperadas, conforme as normas técnicas
aplicáveis e confrontadas com os dados coletados na primeira etapa da
pesquisa.
Com esta estrutura preliminar em mente é possível constituir
algumas etapas metodológicas elementares para um Laudo Técnico.
Vejamos:

4.1 Etapa 1 – Vistoria Técnica


Objetivo: Conhecer o problema por meio da coleta de dados
(pesquisa exploratória).
Marcação para vistoria no local com acesso irrestrito, data, hora
e acompanhamento de responsável(eis);
Entrevista com envolvidos e coleta de documentos;
Esquematização dos componentes e rede elétrica;
Registro fotográfico/vídeo e medições/registro das grandezas
elétricas;
Testes e ensaios técnicos;
Registros das calibragens e características técnicas dos
equipamentos utilizados.
Checklist e finalização da vistoria.

1   Etapa 2 – Normativa Técnica


Objetivo: Pesquisar normas técnicas relacionadas ao caso e sua
incidência diante das constatações fáticas (pesquisa descritiva).
Elencar as Normas Técnicas válidas aplicáveis, gerais e
especiais, conforme o caso;
Confrontar a realidade encontrada com a normativa indicando
as irregularidades;
Advertir o comprometimento das instalações e segurança.

1   Etapa 3 – Elementos legais necessários


Objetivo: Pesquisar e sugerir a tipificação adequada ao caso
concreto, incluindo os elementos necessários para fundamentação jurídica.
Para o profissional limitado de competência na área de conhecimento
abordada, a interpretação literal é a mais adequada, entretanto, nada impede
um Parecer Técnico Duplo consolidado por um profissional do Direito, sob
esse ponto em destaque.
Sugerir legislação balizar (tipificação) e seus elementos
essenciais, como: autoria, materialidade, quantum e
qualificadores;
Na tipificação penal as atenuantes e agravantes, normalmente são
levantadas no inquérito policial, logo, o foco está nas majorantes e
minorantes descritas no tipo penal. Na incidência legal civil o foco está
mais nos aspectos de ressarcimento e indenizações, portanto, no caso de
assistência técnica a construção dependerá da estratégia da parte.
O método para determinar a autoria e materialidade poderá ser
descrito como verificação de câmeras, relatos de testemunhas, delação,
fotografias, medições, ensaios, etc. conforme o caso concreto se apresentar.
O método para determinar o quantum poderá ser a utilização de
documentos (fatura) do período em que estava ocorrendo a PNT e cálculos
numa planilha e, se necessário, visto complexidade no caso, um documento
com a memória de cálculos (art. 133 da RN n.° 414/10 da ANEEL).
Os qualificadores provavelmente aparecerão durante a Vistoria
Técnica e dependerão da tipificação. Em nosso caso, o ideal é já coletarmos
todos os qualificadores para o crime de Furto e de Estelionato utilizando
todos meios de prova disponível e legais.

.5    CAPÍTULO 4 – DA VISTORIA TÉCNICA


A Vistoria Técnica é o momento principal para constatar a
materialidade dos fatos e, talvez, a autoria ou seus indícios. Nessa forma-se
o Relatório de Vistoria Técnica que, grosso modo, assemelha-se a uma ata
de reunião.
O Relatório de Vistoria Técnica , basicamente, é a transcrição dos
relatos das pessoas que fizeram parte da Vistoria Técnica e constatações
técnicas in loco consolidadas pelos meios de provas, como: fotografias,
medições de grandezas elétricas, gravações de vídeo de segurança (desde
que devidamente sinalizadas e legais), documentos apresentados, etc.
Nesse trilho, temos alguns tópicos que emergem referentes a
vistoria, são eles: (a) Preparação; (b) Registros iniciais; (c) Entrevistas e
coleta de documentos; (d) Condições e aspectos gerais das instalações; (e)
Tensão de Fornecimento e Carga instalada; (f) Prumada elétrica, Diagrama
Unifilar e Multifilar; (g) Testes, ensaios e Medições; (h) Checklist e (i)
Finalização formal.

5.1 Preparação
A preparação para Vistoria Técnica é muito importante, porque caso
você esqueça de abordar algum aspecto ou esqueça de algum equipamento
necessário, sua análise ficará incompleta e dificilmente você poderá fazer
uma nova vistoria para sanar as lacunas da lavra.
Nesse sentido, importa abordar cinco etapas balizares:

Estudo do processo
Caso se trate de um processo já em andamento, o perito ou
assistente técnico das partes podem solicitar uma cópia do processo para
analisa-lo e verificar documentos, como: faturas, qualificações e contatos,
fotografias e relatos que possam ser utilizados para confecção do laudo.
Isso permite economizar tempo com o levantamento de documentos
já existentes nos autos e, também, ter uma ideia dos tipos de equipamentos
e ferramentas que serão necessários no momento da vistoria, v. g.,
analisador de rede elétrica, escadas e chaves de acesso a locais restritos.

Marcação oficial da Vistoria

Como vimos, se estivermos no andamento de um processo judicial o


perito deverá obedecer a alguns ritos como o da convocação das partes e/ou
terceiros, inclusive os assistentes técnicos, designando dia/hora e local de
encontro com antecedência mínima de 5 dias, protocolado nos autos (art.
466, § 2º, do CPC).
Caso a Vistoria Técnica tenha o intuito de sedimentar o início de
uma ação, o ideal é que seja realizada de dia e na presença do solicitante do
Laudo Técnico e testemunhas, v. g., síndico da edificação e proprietário do
circuito elétrico.
O ideal é que seja feito sem muito alarde, para preservar as provas e
evitar obstáculos. Nesse contexto, tenha em mãos o telefone da delegacia de
polícia mais próxima caso necessite da presença policial ou a abertura de
um inquérito.
Ferramental e equipamentos

No caso de um processo já em andamento, podemos prever as


ferramentas e equipamentos mínimos que iremos precisar na hora da
vistoria. Entretanto, é natural nos depararmos com situações inusitadas no
qual não prevíamos a necessidade de algum equipamento específico
podendo, assim, comprometer o andamento da Vistoria Técnica.
Nesse passo, arrolamos alguns equipamentos imprescindíveis, logo
a seguir:
Analisador de Redes Elétricas (ARE) : O Analisador de Redes
Elétricas ou Registrador de Grandezas Elétricas é um aparelho que
memoriza medições de grandezas elétricas de tensão, corrente e ciclo de
fase em intervalos de tempo pré-programados e, por meio do seu software
dedicado calcula os demais parâmetros automaticamente como fator de
potência, ângulos de fase, harmônicas, potências reativas, potências
aparentes, potências reais, etc. fornecendo, assim, um relatório completo do
funcionamento dos fluxos elétricos numa rede. Desta forma é possível
detectar instabilidades nas instalações e muito mais.
Este aparelho precisa de ajustes preliminares. Certifique-se da
programação correta referente a taxa de amostragem, tensões, número de
fases, até data e hora. Verifique também se todos alicates e ponteiras estão
em perfeito estado e a necessidade de calibração e certificados para
medições que exigirão maior precisão;
Multiteste : Aparelho elementar capaz de fazer medições
instantâneas de tensões, correntes, potências, etc. Leve mais de um, pois
algumas ligações clandestinas podem queimar seu aparelho e, naturalmente,
não esqueça das pilhas reservas;
Alicante amperímetro : O Alicate permite medir correntes alternadas
sem precisar desconectar cabos e, ainda, permite medir a diferença de
correntes circulantes em mais de um cabo simultaneamente (Teste de
retorno no Neutro). A potência da UC vai determinar o calibre do alicate e a
tensão de isolamento, ainda assim, em algumas instalações pode ser difícil
pinçar cabos com alicates muito pequenos ou mesmo muito grandes;
Máquina fotográfica : Alguns celulares possuem câmeras com
qualidade profissional e podem ser usados, todavia, deve-se atentar para
capacidade da bateria (levar Power Bank), disponibilidade de memória e o
zoom para não precisar subir em postes ou se aproximar de áreas de alta
tensão;
Luneta portátil/Escada: A luneta permite fazer uma avaliação
preliminar em locais de difícil acesso e verificar numerações em
equipamentos elétricos, como transformadores em cima de postes;
Gravador de voz: A gravação, se não for autorizada, não pode ser
incluída no Laudo Técnico, mas ajuda na confecção como anotação pessoal
para não esquecer algum detalhe importante. Ele dá maior fidelidade aos
eventos e constatações durante a vistoria.
Caneta detectora de fase : Este equipamento permite, sem contato
elétrico, diferenciar as fases pela cor, assim pode-se encontrar o caminho de
cada fase até mesmo através de eletrodutos PVC ou outros obstáculos
plásticos;
EPIs e EPCs: Equipamentos de proteção conforme as tensões
máximas do local, como: luvas isolantes, óculos, capacete, botinas, cones,
placas de sinalização e fitas de isolamento, grampos de aterramento, etc.
vide item 10.2.9 da NR-10:
10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando
as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente
inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem
ser adotados equipamentos de proteção individual
específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em
atendimento ao disposto na NR 6.
10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser
adequadas às atividades, devendo contemplar a
condutibilidade, inflamabilidade e influências
eletromagnéticas.
A delimitação e sinalização das áreas podem ser verificadas nos
itens 10.2.8 e 10.10.1 da NR-10, NR-23 e NR-26. Vide:
10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do
estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas
outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação
das partes vivas, obstáculos , barreiras, sinalização ,
sistema de seccionamento automático de alimentação,
bloqueio do religamento automático.
Outros: Prancheta, chave padrão da concessionária, chaves de
fenda/philips isoladas, alicate universal, alicate de corte, parafusadeira (com
baterias), fita isolante, lanternas e outras miscelâneas.
É comum nos deparamos com instalações altamente irregulares e,
por isso, com alto risco de choque e curtos-circuitos . Nesse sentido, o uso
de Equipamento de Proteção Individual (EPI) é imprescindível, como: usar
ferramentas com isolamento mínimo de 1000V; óculos de proteção; luvas,
preferencialmente, com mangas para isolamento de no mínimo 1000V;
botinas de eletricista e não utilizar nenhum acessório metálico nas roupas
(anéis, relógios, óculos com haste metálica, correntes e colares, etc.)
Lembrando que fortes campos eletromagnéticos podem induzir correntes
elétricas nesses assessórios e causar choques e queimaduras graves,
conforme NR-10.
Em geral, os equipamentos de medição utilizados precisam estar
descritos no Laudo Técnico, especialmente o modelo e faixa de tolerâncias
nas medições. No entanto, alguns equipamentos para medições mais
precisas necessitam de calibragem anterior à vistoria ou até mesmo uma
programação prévia.
Por exemplo, as especificações do Alicate Amperiométrico, a
seguir:
Especificações técnicas do Alicate Amperiométrico Fluke mod. 323/324/325.

No caso de medições que exijam precisão, o certificado de


calibragem deverá ser anexado no documento técnico. Para o Analisador de
Rede Elétrica o ideal seria ficar instalado por no mínimo 30 dias (art. 129, §
1°, inc. V, alínea “a” c/c art. 130, da RN n.° 414/10, da ANEEL), portanto, a
calibração do aparelho não fará diferença frente a amostragem pífia do
tempo da vistoria. Assim, servirá para indicar a necessidade de avaliação do
medidor de energia elétrica da concessionária, em laboratório.
Conforme versa o artigo 129, § 6º, da Resolução Normativa n.°
414/10 da ANEEL.
Art. 129. Na ocorrência de indício de procedimento
irregular , a distribuidora deve adotar as providências
necessárias para sua fiel caracterização e apuração do
consumo não faturado ou faturado a menor. [...]
§ 6º A avaliação técnica dos equipamentos de medição
pode ser realizada pela Rede de Laboratórios
Acreditados ou pelo laboratório da distribuidora, desde
que com pessoal tecnicamente habilitado e equipamentos
calibrados conforme padrões do órgão metrológico,
devendo o processo ter certificação na norma ABNT
NBR ISO 9001, preservado o direito de o consumidor
requerer a perícia técnica de que trata o inciso II do §
1º.
Roteiro do Relatório de Vistoria

Após analisar os autos, já teremos ideia de onde está o problema,


mas devemos ter cuidado para não sermos induzidos a um pré-julgamento
errôneo. O bom profissional irá fazer a avaliação completa desde o início do
ramal da rede elétrica da concessionária até, pouco além, do circuito
alimentador da UC.
Nesse trilho, evidente, que já surge um roteiro básico para o
momento da vistoria, vejamos:
Datar o Relatório de Vistoria Técnica, identificar o local e o
assunto;
Identificação dos presentes : Coletar nomes e contatos dos
presentes e envolvidos. Se necessário o cargo ocupado, v. g., porteiro
ou segurança do local;
Entrevistas e coleta de documentos
Ouvir as versões dos fatos;
Faturas de energia elétrica do período;
Contrato com a Concessionária, locação, compra e venda
(conforme o caso);
Fotografar crachás ou outros documentos de identificação que
não constam nos autos;
Outros documentos que acolher pertinentes.
Pode ocorrer das pessoas não terem o documento em mãos, peça
que eles designem outra pessoa, que não faz parte da Vistoria Técnica para
providenciar até o final da Vistoria, para não haver cerceamento de defesa
com a ausência da pessoa no acompanhamento.
Instalar o Analisador de Redes Elétricas (ARE) no centro de
medições, no ponto a ser analisado e fotografar os valores indicados
no medidor da concessionária;
Relatar as condições gerais das instalações e aspectos gerais;
Estimar a carga instalada e a demanda elétrica e fornecimento
(BT/MT);
As próximas etapas basicamente são seguir o circuito e, em paralelo
à inspeção, fazer o Diagrama de Prumada Elétrica, o Diagrama Unifilar
Elétrico ou Diagrama Multifilar Elétrico e realizar os registros (fotografias,
medições e demais).
Ponto de Entrega :
Número do poste e transformador rebaixador de tensão;
Identificar tipo de entrada: Aérea/Subterrânea;
Ramal de ligação :
Identificar o cabeamento (Singelo/multiplexado) e caixas de
passagem;
Ponto de entrega :
Poste utilizado (concreto/aço) ou parede/telhado;
Detalhar pontalete, chegada dos cabos e entrada no
eletroduto/poste de aço;
Ramal de entrada :
Identificar o condutor do ramal de entrada;
Detalhar alguma abertura no eletroduto até a caixa de medição;
Caixa de Medição /Centro de Medição:
Identificar o tipo de medição: Direta/Indireta;
Identificar o tipo de fornecimento e tensão de fase: A/B/C/D;
Identificar a tensão de fase: 110/127/220/380V;
Identificar os circuitos e eletrodutos;
Identificar todos elementos eletroeletrônicos (medidor, disjuntor
geral, cabeamento, etc.);
Realizar as medições/testes e registrar;
Se em litígio, na presença do representante da concessionária,
romper os lacres da caixa de proteção para verificar as
condições internas, colocar novo lacre e registrar a numeração
(Registrar o procedimento e coletar assinatura do
representente);
Registrar indícios de sobrecargas acima do delimitado para as
condições de fornecimento e outros indícios de mais energia
consumida que a capacidade dos elementos elétricos;
Circuito Alimentador :
Identificar alguma abertura no eletroduto até o ponto de fixação
dos cabos (se for o caso);
Verificar a ligação entre o ponto de entrega e a fixação no poste
do circuito alimentador;
Outro exame, é verificar holofotes ou outras instalações do usuário
no poste de entrada de energia, porquanto algumas instalações paralelas
podem camuflar alguma irregularidade.
O circuito alimentador, depois que chega nas dependências do
imóvel já está distante do ramal de ligação, logo, dificilmente após esse
ponto haverá uma PNT, a não ser que haja outra entrada de energia
clandestina. Facilmente verificado desligando o disjuntor geral.
Recolher o Analisador de Rede Elétrica e fotografar os valores
indicados no medidor, para comparação;
Indicar o horário do final das atividades, ler em voz alta para todos
presentes e coletar as assinaturas .
Previsível que, em casos que ainda não estão em litígio, algumas
pessoas podem se negar a colaborar, nesses casos basta relatar no relatório,
com assinatura de duas testemunhas e, se necessário, recomendar a oitiva da
pessoa em juízo ou apresentação dos documentos solicitados por mandado
judicial.

Checklist

Um tanto básico e nos livra da dor de cabeça de esquecer algo


importante e não ter mais como reverter a situação.
O checklist, montado previamente, recomendado é de duas etapas: o
de preparação para vistoria e o da vistoria . Em ambos já temos os pontos
básicos e adicionar mais pontos vai depender do caso. Um, por exemplo, é
sobre a pessoa que foi providenciar algum documento no início da vistoria e
ao final ainda não apresentou, vale fazer uma última solicitação ou pedir
para apresentar nos autos do processo (sem fazer parte do Laudo Técnico).

5.2 Registros Iniciais


Os registros inicias compreendem a descrição do objetivo, da data,
hora, local e, também, das pessoas presentes.

Objetivo
O objetivo não se confunde com o objeto, assim, deve-se descrever
o que está se fazendo no local, v. g., uma Vistoria Técnica para perícia no
processo n.° XXX/X.XX.XXXXXXX-X ou, também, uma Vistoria Técnica
para verificação de compatibilidade das instalações com a normativa
técnica.

Data, hora e local

Datar o relatório por extenso, como numa ata de reunião, indicando


a hora de início e no final do relatório, horário final das atividades. Assim
como a descrição do endereço e entrada de energia analisada (podem haver
mais de uma).
Pessoas presentes

Algumas pessoas já estarão identificadas nos autos, portanto, basta


fazer uma referência. Entretanto, podem surgir outras pessoas não
mencionadas, nesse caso, peça a identificação, profissão, endereço de
correspondência e contato delas.
Tire uma fotografia da carteira de identidade, crachá ou outra forma
no qual a pessoas se identificou, pensando na possibilidade do juiz chama-
la para prestar depoimento em audiência. Portanto, o contato com endereço
de correspondência, telefone e e-mail poupa o tempo processual na busca
de endereço para intimação nas bases cadastrais do Estado.

5.3 Entrevistas e coleta de documentos


A primeira interação pode acarretar em algumas tensões,
resistências ou posturas defensivas. Procure desenvolver um diálogo em um
tom contribuitivo e colaborativo.

Primeira abordagem
Reúna todos envolvidos e explique o óbvio, começando por
esclarecer que não está ali para julgar e sim levantar todos os dados técnicos
para posteriormente ser debatido pelas partes e valorado no processo.
Na sequência, pode esclarecer que mesmo que seja comprovado a
existência da PNT, a vistoria pode contribuir para atenuação e minoração
das penalidades e multas ou vice versa, v. g., a confissão, demonstração de
erro, imperícia na instalação, arrependimento, ressarcimento dos valores
antecipadamente, colaboração, etc.
Já gravando, explique que você gostaria de utilizar o gravador de
voz para que ele não esquece de nenhum detalhe da Vistoria e peça
autorização para gravar o áudio para todos. Aquele que não autorizar,
registre no Relatório de Vistoria Técnica. Nesse trilho, procure registrar o
horário dos eventos no relatório, para ficar mais fácil consultar o áudio
posteriormente.
Encerrando a primeira abordagem, explique as etapas da Vistoria
Técnica em tópicos, conforme visto anteriormente, de forma que as pessoas
se sintam mais seguras e dispostas a colaborar.
Entrevista com querelante (autor da ação penal privada)

Em particular com o querelante, na presença e assistidos pelo


advogado e pelo assistente técnico (evitando intervenção destes), e em local
sem interrupções, peça para esclarecer os fatos, o que motivou a agir e suas
intenções finais. Ouça com atenção a versão e anote cada detalhe,
principalmente os desconexos e os que a pessoa demonstrou mais agitação.
Se houverem quesitos já existentes no processo, pergunte e anote ou
crie perguntas relacionadas com a autoria, materialidade e quantum ,
conforme a versão apresentada.
Solicite documentos que comprovem as afirmações feitas, como:
filmagens de câmeras de segurança, notas fiscais ou contratos relacionados
com prestação de serviço de eletricista, fotografias, faturas de energia
elétrica (inicial com a concessionária, do período da PNT e atual) e demais
documentos que sustentem a versão apresentada.

Entrevista com querelado (réu da ação penal privada)

Preferencialmente em particular, para evitar desentendimentos entre


as partes, na presença e assistidos pelo advogado e pelo assistente técnico
(evitando intervenção destes), peça para esclarecer os fatos, motivos e
justificativas. Ouça com atenção a versão e anote cada detalhe,
principalmente os desconexos ou que apresentem muita linearidade, como
histórias ensaiadas.
Faça as mesmas perguntas realizadas ao querelante. As afirmações
em comum entre o querelante e o querelado são pontos de concordância que
dificilmente irão requerer debates judiciais. Por outro lado, as afirmações
conflitantes que possuem relevância jurídica são as questões que se deve
esclarecer. Nessas que se deve manter o foco, solicitando documentos ou
outros meios de provas disponíveis com o querelado que fundamentem as
afirmações realizadas na sua versão dos fatos.
Esses documentos podem ser entregues até o final da Vistoria
Técnica, não sendo possível aceitar a promessa de entrega ulterior. Caso em
que só poderão ser protocolados diretamente nos autos sob peticionamento
específico conforme etapa do processo, mas não farão parte do Laudo
Técnico.

Entrevista com terceiros

Naturalmente, podem surgir terceiros não previstos, v. g., porteiros,


seguranças, vizinhos, etc. A primeira etapa é identificar se se trata de um
informante ou testemunha importante para o processo.
Por óbvio, que se trata de uma pré-qualificação, porque a
qualificação oficial será dada pelo juiz, todavia, se busca ser o mais preciso
possível no Relatório de Vistoria Técnica, descrevendo a conexão em
relação ao rol de incapazes, suspeitos ou impedidos legalmente, conforme
artigo 447 da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil (CPC):
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as
pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º São incapazes :
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento
mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia
discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está
habilitado a transmitir as percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender
dos sentidos que lhes faltam.
§ 2º São impedidos :
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o
descendente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro
grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou
afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou,
tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se
puder obter de outro modo a prova que o juiz repute
necessária ao julgamento do mérito;
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor,
o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o
advogado e outros que assistam ou tenham assistido as
partes.
§ 3º São suspeitos :
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento
das testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados
independentemente de compromisso, e o juiz lhes
atribuirá o valor que possam merecer.
Antes de ouvir a versão inicie por identificar a relação que a pessoa
tem com as partes, como: grau de parentesco, amigo ou inimigo, ou ainda,
algum outro tipo de intimidade e relacionamento. Perguntas despretensiosas
como: “A quanto tempo você conhece o fulano?”, “Ele é gente boa?”,
“Você costuma ir na casa dele?”, “Quanto tempo você trabalha para ele?”,
etc. dependendo das respostas, já qualifica a pessoa.
Caso perceba algum constrangimento ou coação por algum dos
presentes, peça para a entrevista se desenvolver no particular. Em questões
penais, nem sempre quem cala consente.
Quando se trata de porteiro ou empregado, normalmente existe
outros tipos de registros como cadastros indicando dia e hora de entrada das
pessoas, câmeras de segurança e outras provas que muitas vezes as partes
esquecem de levantar. Explore isso no quesito autoria e início da
materialidade, suprindo a ausência e a exigência da documentação técnica
das instalações elétricas alternativamente.
Documentação Técnica e alternativas

Vale lembrar que aos peritos e aos assistentes técnicos deve-se


permitir acesso a todos meios de provas que estiveram com as partes,
terceiros e, até mesmo, repartições públicas, em face do artigo 473 da Lei
n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil (CPC):
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os
assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios
necessários, ouvindo testemunhas , obtendo
informações, solicitando documentos que estejam em
poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas,
bem como instruir o laudo com planilhas , mapas,
plantas, desenhos , fotografias ou outros elementos
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
 
Somado a isso, esclarece, a segunda parte do parágrafo, que o
técnico poderá utilizar planilhas, desenhos, fotografias e outros. Nessa
esteira, para vídeos e mensagens instantâneas convém utilizar o recurso de
Ata Notarial que tem fé pública para formação de provas, conforme versa o
artigo da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil (CPC):
Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato
podem ser atestados ou documentados, a requerimento
do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou
som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar
da ata notarial.
 
O ponto delicado aqui é quanto ao limite de exigência de
documentos e o valor de prova. Como vimos anteriormente, legalmente
pode-se exigir todos meios de provas para emergir a verdade dos fatos (art.
473, § 3º, do CPC), contudo, um bom advogado questionaria os limites da
competência técnica em relação a avaliação e uso de determinadas
fundamentações no Laudo Técnico, o que tornaria o valor das provas mais
amenizados e comprometidos.
Nesse interim, uma excelente estratégia seria o Parecer Técnico
Duplo, assinado por um engenheiro e um advogado, o que tornaria o laudo
mais consistente e traria um valor maior para as provas naquilo que é
matéria de competência de cada um (art. 475, do CPC). Essa abordagem
seria indispensável para PNT em relação a sistemas próprios de geração de
energia, v. g., energia fotovoltaica, devido à complexidade técnica,
normativa e legal que atualmente oscila sobre o assunto.
Consoante, sublinha-se que, toda instalação elétrica deve possuir
uma documentação mínima como: plantas, projeto elétrico e memoriais de
execução. Adicional a isso, a norma técnica exige, para instalações
superiores a 75kW um prontuário mais detalhado de documentos, como
veremos adiante.
O item 10.2.3 da NR-10 e o item 6.1.7 e 8, da NBR 5410, que
tratam da Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade e das
Instalações Elétricas de Baixa Tensão, respectivamente, versam:
10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter
esquemas unifilares atualizados das instalações
elétricas dos seus estabelecimentos com as
especificações do sistema de aterramento e demais
equipamentos e dispositivos de proteção.
E, também:
6.1.7.1 A instalação deverá ser executada a partir de
projeto específico, que deverá conter, no mínimo:
a) plantas ;
b) esquemas ( unifilares e outros que se façam
necessários);
c) detalhes de montagem, quando necessários;
d) memorial descritivo;
e) especificação dos componentes: descrição sucinta do
componente, características nominais e norma(s) a que
devem atender.
 
Os itens 1.4 e 8.2, da NBR 5410, indicam a necessidade de
habilitação e as restrições quanto a competência das pessoas BA4
(Advertidas) e BA5 (qualificadas) que podem realizar intervenções nas
instalações elétricas.
1.4 O projeto , a execução e a manutenção das
instalações elétricas só devem ser confiados a pessoas
habilitadas a conceber e executar os trabalhos em
conformidade com esta Norma.
 
Somando-se a isso, o item 10.8 da NR-10, esclarece quanto a
autorização dada pelo responsável da empresa para intervenção nas
instalações elétricas. Observemos:
10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores
qualificados ou capacitados e os profissionais
habilitados, com anuência formal da empresa.
10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de
identificação que permita a qualquer tempo conhecer a
abrangência da autorização de cada trabalhador,
conforme o item 10.8.4.
Ainda nesse sentido:
10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser
planejados e realizados em conformidade com
procedimentos de trabalho específicos, padronizados,
com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo,
assinados por profissional que atenda ao que estabelece
o item 10.8 desta NR.
O Prontuário Elétrico completo é exigido para instalações com
cargas superiores a 75kW, conforme item 10.2.4 da NR-10, vejamos;
10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior
a 75 kW devem constituir e manter o Prontuário de
Instalações Elétricas , contendo, além do disposto no
subitem 10.2.3, no mínimo:
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e
administrativas de segurança e saúde, implantadas e
relacionadas a esta NR e descrição das medidas de
controle existentes;
b) documentação das inspeções e medições do sistema
de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos
elétricos;
c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva
e individual e o ferramental, aplicáveis conforme
determina esta NR;
d) documentação comprobatória da qualificação,
habilitação , capacitação, autorização dos trabalhadores
e dos treinamentos realizados;
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em
equipamentos de proteção individual e coletiva;
f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos
em áreas classificadas;
g) relatório técnico das inspeções atualizadas com
recomendações, cronogramas de adequações,
contemplando as alíneas de “a” a “f”.
Assim como o Relatório Técnico de Inspeções , o registro das
pessoas habilitadas/autorizadas deve ficar disponível, preferencialmente,
junto do prontuário de instalações elétricas e demais documentos,
conforme, também, aos itens 6.1.7 e 8, da NBR 5410.
Quanto a isso, a responsabilidade é solidária entre o contratante e o
contratado pela documentação, conforme item 10.13.1 da NR-10, vejamos:
10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento
desta NR são solidárias aos contratantes e contratados
envolvidos.
Ainda nesse passo:
10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser
organizado e mantido atualizado pelo empregador ou
pessoa formalmente designada pela empresa, devendo
permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos
nas instalações e serviços em eletricidade.
De fato, para o quesito autoria, dificilmente esses registros são feitos
de forma confiável e corretamente, portanto, como medida alternativa e/ou
adicional, pode-se utilizar outros tipos de documentos para levantar esses
aspectos na intervenção na rede elétrica, v. g., contratos de prestação de
serviço, câmeras de segurança, registros de portarias, etc.

5.4 Analisador de Redes Elétricas - ARE


Instalar o Analisador de Redes Elétricas é exímio para verificar
instabilidades na rede elétrica e comparar com o valor registrado no
medidor de energia elétrica da concessionária e indicar desvios de corrente
elétrica.
O ideal seria deixar um período de tempo longo, na escala de meses,
no entanto, isso seria inviável dado a situação e o risco de alguém furtar o
aparelho e ocultar provas.
Assim uma alternativa é pegar uma amostragem, mesmo que
estatisticamente insuficiente, para indicar indícios de adulteração no
medidor de energia elétrica e recomendar uma análise em laboratório
certificado pelo INMETRO.
Para amostragem, instala-se o ARE no início da vistoria e registra-se
o valor apresentado no medidor de energia elétrica da concessionária e, no
final da vistoria, compara-se os valores registrados de energia elétrica, no
tempo, com o último registro do medidor da concessionária.
É possível utilizar outros aparelhos mais simples, em instalações
monofásicas, capazes de registrar a energia consumida, contudo, para redes
elétricas trifásicas ou de alta potência que utilizam medições de potência
reativa e demanda é necessário utilizar analisadores de rede mais robustos e
adequados.
Abaixo temos um modelo de ARE trifásico com excelente
desempenho e precisão, com várias opções de programação e relatórios de
medição:

Analisador de Rede Elétrica com registro interno – ST9600R da Sultech.


Analisador de Rede Elétrica com Data Log – Fluke 1732 e 435-II .

Existem outros modelos disponíveis no mercado com faixa de


preços que vão dos mil a algumas dezenas de milhar de reais, vai depender
dos recursos, CAT e precisão necessárias.
Não esqueça de anotar o número do Medidor e tirar uma foto das
suas informações também, por exemplo:

Códigos de leitura, Numero de fases, número do medidor e demais


informações técnicas.

5.5 Condições e aspectos gerais das instalações


De fato, algumas instalações são bem antigas ou, simplesmente,
apresentam falta de manutenção adequada e “gambiarras” feitas por
eletricistas contratados irregularmente e desabilitados. [18]
Realize uma checagem rápida fotografando pontos degradados, que
apresentem falta de segurança e perigo iminente e aspectos gritantes fora
das normas técnicas, em especial da RIC, NR-10 e Item 8 da NBR 5410.
Os pontos que representam falta de segurança e perigo devem ser
comunicados em destaque e recomendado que sejam tomadas medidas para
segurança da coletividade, isolando o local se necessário e,
preferencialmente, sem alterar as provas.
Nesse sentido a NR-10 apresenta medidas de proteção coletiva na
intervenção das instalações nos itens 10.2.8 e 10.10.1, alínea “c” e, também,
a NR-26 – Sinalização de Segurança.
No caso em que coloque em risco a segurança dos usuários deve ser
desenergizada, conforme item 8.4, da NBR5410, vejamos:
Toda instalação ou parte dela que não esteja em
conformidade com 8.3, ou ainda, que por qualquer
motivo coloque em risco a segurança dos seus usuários,
deve ser imediatamente desenergizada , no todo ou na
parte afetada, e somente deve ser recolocada em serviço
após reparação satisfatória.
Toda falha ou anomalia constatada nas instalações, ou
componentes ou equipamentos elétricos, ou em seu
funcionamento, deve ser comunicada à pessoa advertida
(BA4) ou qualificada (BA5), para fins de reparação,
notadamente quando os dispositivos de proteção contra
sobrecorrentes ou contra choques elétricos atuarem sem
causa conhecida.
Portanto, essa avaliação inicial já irá determinar a necessidade de
isolamento e proteções adicionais para o seguir da vistoria.
5.6 Fornecimento BT/MT e carga/demanda estimada
Nesta etapa, busca-se identificar a faixa de tensão de fornecimento
se é em Baixa Tensão (BT) ou existe uma subestação recebendo Média
Tensão (MT). Ao passo que, determinará o grupo de normas técnicas que
deverão ser obedecidas.
Se possível, com zoom (evitando proximidade com altas tensões),
fotografe a placa de identificação do transformador, onde teremos as
tensões de entrada/saída e potências máximas.
Liste, brevemente, as cargas instaladas ou realize o levantamento da
área da UC por plantas ou trenas, para estimar a carga total consumida e,
também, para realizar um cálculo de demanda. Estes valores serão
importantes para determinação da energia elétrica não registrada ou
desviada, conforme veremos adiante.
Dessa forma é possível verificar a compatibilidade dos elementos
eletroeletrônicos e eletromecânicos da Entrada de Serviço com o Anexo J
da RIC-BT e o valor da causa.

5.7 Prumada Elétrica, Diagrama Unifilar e Diagrama


Multifilar
Iniciando pelo ramal de ligação junto a rede da concessionária, na
medida que a vistoria se desenvolve, realize os diagramas de Prumada,
Unifilar e Multifilar dos circuitos elétricos.
Prumada Elétrica

A Prumada Elétrica constitui, basicamente, o diagrama vertical dos


eletrodutos e caixas ao longo do circuito elétrico. Esse diagrama possibilita
identificar fisicamente os pontos da instalação como: curvas nos
eletrodutos, interligações entre as caixas, locais de passagem dos
eletrodutos e outras partes da instalação elétrica, desta forma, é possível
apontar com mais precisão o(s) local(is) da materialidade dos fatos e indicar
as fotografias relacionadas.
Abaixo um exemplo clássico de Prumada Elétrica:

Rapidamente, já conseguimos identificar a CM (Caixa de Medição),


CPs (Caixas de Passagem), QG-BT (Quadro Geral em Baixa Tensão), QDC
(Quadro de Distribuição de Circuitos) e o QLF (Quadro de Luz e Força).
Outro exemplo:
A Prumada Elétrica é o melhor gráfico para indicar o ponto da
materialidade dos fatos e, nos próximos diagramas, detalhar como ocorre a
PNT.
Diagrama Unifilar

O Diagrama Unifilar é um gráfico de circuito elétrico simplificado


que indica as ligações entre os elementos elétricos das instalações.
As empresas deverão fornecer os esquemas unifilares, conforme
item 10.2.3 da NR-10, contudo, se não as tiverem um – atualizado - o
melhor é montar conforme constata-se no local.
Abaixo exemplos:
Ramal de ligação aéreo subestação ao tempo, capacidade inferior a 300kVA em 380/220V.

Entrada subterrânea rede particular aérea após a medição, capacidade igual a 300kVA em
220/127V.

Entrada subterrânea subestação de entrada com transformação, capacidade de 300kVA a


1000kVA em 13,8kV ou 1500kVA em 23kV.

 
Esses são alguns padrões que encontramos para subestações
transformadoras, conforme a RIC-MT para fornecimento em tensão
primária de distribuição em Média Tensão até 25kV.
A simbologia adotada, também, está na norma técnica da RIC-MT
no anexo E4. Vejamos:
 
O próximo exemplo, revela uma instalação residencial de energia
fotovoltaica, inclusive com detalhes dos elementos elétricos:
 
Diagrama Multifilar

Se necessário para o caso, no Diagrama Multifilar identificamos o


cabeamento e interligações com maiores detalhes, vejamos a seguir:
A NBR-5444 versa sobre a simbologia para gráficos de instalações
elétricas prediais. Existe uma pequena variação em relação as normas
internacionais do IEC, que é utilizada na maioria dos softwares de
diagramação, todavia, não compromete a compreensão elementar.
A seguir a indicação do tipo de condutores conforme a NBR-5444:

Outros símbolos podem ser encontrados em normas específicas


conforme o caso.

5.8 Testes, ensaios e Medições


Em relação ao caso do tipo de materialidade, existirão normas
técnicas específicas que descrevem como realizar os testes e ensaios.
Obviamente, além do tipo de caso que nos deparamos, também, irá
depender do grau de precisão necessário, pois a própria Resolução
Normativa n.º 414/10 da ANEEL já determina como estimar valores e
referências de consumo, dispensado, em alguns casos, testes e ensaios mais
precisos.
Porém, importa realizar alguns testes e medições básicas em alguns
pontos específicos, em especial, no PNT para determinar ou estimar o
quanto de energia foi desviado ou não registrado.
Como a medida correta vai depender da estabilidade da rede
elétrica, medidas não simultâneas de corrente elétrica nos trechos de
circuitos, podem causar um erro significativo para o cálculo do fator de
perda.

5.9 CheckList
O checklist é essencial para não esquecer nada importante,
principalmente quando as coisas ficam tensas e agitadas.
Abaixo um modelo básico de verificação de itens para antes da
Vistoria :
(  ) – Comunicado (5 ou 10 dias conforme o processo: judicial ou
administrativo);
(  ) – Análise do processo: administrativo/judicial;
(  ) – Ferramental e equipamentos, calibragens, programação e
pilhas;
(  ) – Prancheta, folhas e canetas;
(  ) – Máq. Fotográfica (memoria, bateria, power banck), Chaves,
escadas, etc;
 
Abaixo um modelo básico de verificação de itens para o final da
Vistoria :
(  ) – Data, Hora e local;
(  ) – Identificação de todos presentes (fotos dos documentos e
contatos);
(  ) – Entrevistas pertinentes;
(  ) – Coleta de documentos (Faturas, Contratos, Protocolos, etc.);
(  ) – Condições e aspectos gerais das instalações;
(  ) – Listagens das cargas;
(  ) – Prumada Elétrica;
(  ) – Diagrama Unifilar;
(  ) – Diagrama Multifilar;
(  ) – Numeração do Poste/Transformador da Concessionária;
(  ) – Medidas de Tensão na Caixa de Medição;
(  ) – Testes, ensaios e medidas;
(  ) – Determinação da energia elétrica desviada na PNT;
(  ) – Verificação dos lacres;
(  ) – Indícios de sobrecarga;
(  ) – Verificação dos eletrodutos do ramal de entrada e circuito
alimentador;
(  ) – Registros do Medidor e do Analisador de Rede Elétrica (ARE);
(  ) – Leitura em voz alta do Relatório;
(  ) – Hora do encerramento e coleta de assinaturas dos presentes.

5.10                   Finalização da Vistoria Técnica


A finalização da Vistoria Técnica, merece algumas formalidades,
para que não fique nada em aberto, porque poderia fragilizar o contraditório
e o devido processo legal, garantidos constitucionalmente (art. 5º, inc. LIV
e LV, da CF88).
Portanto, o melhor procedimento está em ler em voz alta o Relatório
de Vistoria Técnica para todos presentes e coletar as respectivas assinaturas.
Caso alguém se negue a assinar, basta registrar a negativa e pegar o visto de
duas pessoas presentes.
Posteriormente, a cópia será disponibilizada, anexada ao Laudo
Técnico, nos autos do processo.

.6    CAPÍTULO 5 – DA ANÁLISE TÉCNICA


Como será exposto a seguir, este capítulo é dedicado a análise dos
dados coletados, correlacionando com as normativas técnicas de forma a
fundamentar as conclusões quanto aos três pilares legais: a autoria e seus
elementos do tipo penal, a materialidade e o quantum .

6.1 Autoria e elementos do tipo penal


Por mais óbvio que pareça, para determinar a autoria o ideal é
reconstruir a cena do crime. Diante desse vislumbre, tranquilamente,
aparecerá as pessoas envolvidas e os elementos do tipo penal que irão
minorar ou majorar as penalidades.
Nessa perspectiva, se não houver imagens disponíveis das câmeras
de segurança, comece cruzando os pontos em comum das versões
apresentadas nas entrevistas. Após inicie o preenchimento das lacunas com
outras provas, v. g., os dados e datas do contrato de prestação de serviço
e/ou registros de portaria. A sugestão é usar notas de rodapé para indicar as
evidências que sustentam as afirmações dentro da crônica e anexa-las no
final do laudo.
Em relação as imagens das câmeras, dificilmente haverá câmeras na
área das instalações elétricas para determinar taxativamente que foi
determinada pessoa quem realmente alterou a rede elétrica maliciosamente.
Pode, por exemplo, a pessoa ter entrado no cubículo do Centro de Medição
por curiosidade ou porque foi chamado para alcançar uma mala de
ferramentas, mas não necessariamente alterou a rede elétrica de forma
criminosa.
Nessa linha de raciocínio, atente-se diante dos limites e valor de
prova e, se não for possível determinar conclusivamente a autoria, descreva
no laudo com termos neutros do tipo “indícios” ou “suspeito” de autoria,
deixando o julgamento para o juiz natural que coletará mais depoimentos e
outras provas para formar sua convicção (art. 5º, inc. LIII, da CF88).
O segundo passo é determinar as ações efetivas da(s) pessoa(s)
envolvida(s) no ato criminoso. Por exemplo, podemos ter uma pessoa que
contratou os serviços, outra que executou as alterações irregulares na rede
elétrica, a pessoa que forneceu o relógio adulterado, etc.
Nesse trilho, pode-se indicar pessoas que testemunharam os fatos e
sugerir a intimação para depoimento.
Textualmente convém referir-se as pessoas conforme a profissão
representada nos fatos, v. g., eletricista, auxiliar do eletricista, síndico,
porteiro, etc. Entretanto, se for utilizado um Parecer Técnico Duplo , é
possível classificar as pessoas conforme as ações comprovadamente
realizadas em conformidade com a legislação, v. g., autor do crime, coautor,
partícipe, vulnerável, vítima, testemunha, informante e outras classificações
legais conforme o caso.
Diante da possibilidade do uso da linguagem jurídica, sem
extrapolar os limites de competência profissional, isso daria uma firme
consistência para elucidar o caso concreto perante a corte judiciária.      

Elementos Penais

Conforme vimos em capítulo anterior, o Laudo Técnico também


serve para equilibrar a penalidade diante do impacto do crime cometido, na
busca da justa punição, no caso do crime comprovado.
Notório que, a tipificação definitiva ficará por conta das autoridades,
no entanto, já sabemos de antemão as tipificações mais prováveis para o
caso de PNT que são: o furto ou o estelionato. Assim, deve-se pontuar todos
elementos desses tipos penais que pudermos constatar.
O período do dia em que o crime foi cometido pode ser sustentado
pelos registros de portaria e imagens das câmeras de segurança ou, até
mesmo, pelas entrevistas. A quantidade de pessoas que participaram como
autores também majorará a pena. O envolvimento de idoso ou vulnerável
também deve ser destacado indicando idade e condição especial. Como se
deu a fraude, indução subjetiva/objetiva ao erro ou outra forma (conforme
estudado em capítulo anterior). Se houve abuso de confiança, uso de
equipamentos eletrônicos, hackeamento de software do medidor de energia,
etc.
Todos esses elementos devem ser destacados no Laudo Técnico e,
também, no Parecer Final.
A falta de habilitação no Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia (CREA) ou Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT)
do eletricista também deve ser destacado, como exercício ilegal da
profissão (art. 6, da Lei n.° 5.194/66). Nesse diapasão, convém mencionar
isso nas considerações finais para possíveis providências ex officio ou
denúncia do Ministério Público ao órgão de classe.
No Decreto-Lei n.° 2.848/40, Código Penal (CP), podemos
interpretar como agravante:
Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena
, quando não constituem ou qualificam o crime: [...]
II - ter o agente cometido o crime: [...]
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a
cargo, ofício, ministério ou profissão ;
 
Em suma, na análise técnica, busque identificar de forma mais
neutra possível as pessoas envolvidas no delito e, também, pontuar o grau
de responsabilidades e todos elementos qualificadores, majorantes,
minorantes, atenuantes, agravantes, conforme vimos anteriormente, que
constatar em relação aos tipos penais clássicos para o caso, sempre
sustentado concretamente as afirmações com provas e evidências.

6.2 Materialidade
Expressar a materialidade dos fatos, sem ser muito técnico na
linguagem, é um desafio, porque exige conhecimentos profundos tanto de
engenharia elétrica quanto do ordenamento jurídico para encontrar um
balanceamento adequado na linguagem.
Nessa perspectiva, talvez a forma mais simples de compatibilidade
na linguagem seja estabelecer comparações entre o que deveria ser
normativamente e o que é in loco . Para isso, avançamos em etapas,
vejamos:
Etapa 1 – Prumada Elétrica e Dimensionamento da Entrada de
Energia

Inicie a construção da análise pela Prumada Elétrica destacando no


diagrama, com um número indicativo de referência, o ponto na rede elétrica
em análise. Monte uma tabela indicado: o número; descrição fática de como
está instalado; fotografias; descrição de como deveria estar instalado e a(s)
norma(s) técnica(s) de referência. 
Por exemplo:

Prumada Elétrica com indicação de inconsistência na normativa técnica.


 
 
 
 
 
Resumo da Norma
Ref. Fato Fotografia
Análise Técnica
1 Centro de A ausência de Item 9.3, fig.
Medição: lacre na Caixa de 31, nota 2, da
Ausência Proteção já RIC-BT
de Lacre consubstancia (Mar2017 Ver.
na Caixa irregularidade e 1.5) e art. 129,
de indício de caput , da
Proteção adulteração dos Resolução
(CP) circuitos elétricos Normativa n.°
e/ou medidor de 414/10 da
energia elétrica. ANEEL

 
Obviamente, não se detenha em problemas de instalação
secundários, como a identificação do cabo de fase com fita isolante azul, na
fotografia, o que é vedado na RIC-BT e NBR 5410. Foque na questão da
comprovação da materialidade do crime.
No que se refere ao dimensionamento da entrada de energia, para
saber o que deveria estar instalado, coletamos a lista de cargas, montada na
Vistoria Técnica, para estimar a carga e usamos as tabelas da RIC-BT ou do
Manual Pirelli de Instalações Elétricas e pela carga e demanda calculada
(vide exemplo de cálculo na RIC-BT) podemos verificar no ANEXO J que
tipo de entrada é a correta para UC.
Para calcular a carga, se não houver indicativo de potência, podemos
utilizar as seguintes tabelas:

Tabela do Anexo C da RIC-BT.

 
Tabela do Anexo C da RIC-BT.
Tabela de estimativa de consumo mensal do Manual Pirelli de Inst. Elétricas.
 

Tabela do Anexo D da RIC-BT.


 
 

Tabela do Anexo T da RIC-BT versão 1.5


Os cálculos e listas de dimensionamento de cargas devem ficar
anexados no laudo como memória de cálculo.
Além de poder estimar a energia elétrica desviada ou não registrada
no medidor, envolve aqui, também, identificar as incompatibilidades
técnicas na instalação, porque existe uma boa possibilidade da entrada de
energia estar subdimensionada e a PNT estar causando uma sobrecarga na
rede elétrica do ramal de ligação da concessionária.

Etapa 2 – Diagrama Unifilar/Multifilar e o detalhamento de


incompatibilidades

A segunda etapa é aprofundar um pouco mais nos detalhes. Com o


diagrama unifilar e/ou multifilar indique o fluxo de corrente elétrica,
demonstrando algum desvio ou PNT. Dependendo da complexidade do
caso, se necessário, faça analogia a um sistema hidráulico, pois é de fácil
compreensão ao leigo.
Nessa etapa, além de tabelas com fotografias e outras evidências de
provas, pode-se detalhar algum bloco específico, relacionando o diagrama
com as fotografias e as medições realizadas. Talvez seja possível estimar o
fator de correção na medição, para posteriormente calcular o valor não
registrado ou desviado na PNT.
Demonstre o real fluxo de energia por meio das medições
realizadas, comprovando a existência de tensão e corrente nos cabos
apontados. Aqui a fotografia do display dos equipamentos em operação são
o suficiente para comprovar a existência de fluxo de energia elétrica.
Contando que a função “HOLD” (congelamento do valor medindo no
display) não esteja ligada no equipamento e indicada no display.
Lembre-se, juridicamente, é o desvio da energia elétrica, como bem
móvel, que devemos comprovar e não os cabos, pois é comum a existência
de cabos desativados em instalações mais antigas e a simples existência
deles não consubstancia a total materialidade do delito.
Complementando o entendimento, perceba que o fluxo de energia
não precisa passar necessariamente por cabos, é possível casos em que se
utiliza eletrodutos metálicos, encanamentos de cobre, estrutura e parafusos
do pontalete, cabos de aço de suspensão e ancoragem, estruturas metálicas
de toldos e telhados ou alguma outra estrutura metálica para desviar a
energia.
Outrossim, temos o caso da fraude do medidor . Nesse caso, não
haverá circuitos de desvio de energia elétrica. A comprovação da
materialidade definitiva será feita em laboratório certificado (art. 129, § 6º,
RN n.º 414/10 ANEEL). O que podemos encontrar são indícios de
adulteração do medidor comparando a amostra medida com o Analisador de
Rede Elétrica ou encontrando rompimento de lacres, furos, aberturas
irregulares e ligações diversas.

6.3 Quantum
Conforme vimos anteriormente, determinar o valor de prejuízo/dano
é essencial para execução civil e seus reflexos.
  Preliminarmente precisamos organizar algumas informações como:
data provável ou estimada do início da PNT, faturas do período, data em
que cessou o PNT, quem pagou as faturas no período. Existe a possibilidade
que o imóvel tenha sido (sub)locado para outra pessoa que desconhecida o
PNT ou ainda a UC esteja registrada em nome diverso da realidade.

Tarifa do período e outros custos


Outro ponto que precisamos compreender, pelo menos brevemente,
é a constituição da tarifa de energia elétrica. Aqui será dada uma noção
superficial para compreensão, pois a regulamentação tarifária da ANEEL
vem sofrendo alterações periódicas diante dos debates em relação a geração
própria de energia. Portanto, deve-se pesquisar as condições tarifárias atuais
aos eventos pra cada caso concreto, na ANEEL e na própria concessionária.
Cálculo da tarifa (a partir de Mai/21):

* - Resolução homologatória ANEEL n.° 2.798/2020

Alíquotas de ICMS no RS:


30% Residencial acima de 50kWh, Comercial, Poderes
Públicos, Rural (sem CPR)
17,5 % Industrial (reconhecido pelo SEFAZ)
12% Residencia até 50kW e Rural com CPR
[19]
Tabela tarifária da concessionária para o Grupo A de
consumidores:

Tabela tarifária para o Grupo B de consumidores:


Temos ainda os valores dos sistemas de bandeiras tarifárias e valor
excedente, conforme art. 96 e 97 da REN ANEEL 414/2010:

A grande dúvida aqui é se devemos separar os impostos do preço


homologado para calcular o quantum . A resposta é não, pois a
concessionária recebe o valor integral com o compromisso de repassar o
valor referente aos impostos para o Estado. Portanto, a concessionária é que
deve receber os impostos, assim como os valores de iluminação pública,
bandeiras e etc.
Um exemplo comum de fatura:
Note que, o valor total de R$ 138,00 reflete inclusive os impostos
incluídos na tarifa de 0,8393 R$/Wh.
Adiante um exemplo de fatura do local remoto das instalações de
um sistema de energia solar registrada no mesmo CPF na modalidade
autoconsumo remoto:

Neste caso, devemos nos atentar ao acúmulo de créditos, no qual,


por ser uma permuta de valores não existe incidência de impostos. Por esse
motivo, os valores são calculados em face da TUSD, TUS e TE, ou seja, do
preço homologado da ANEEL.
No caso da CEEE-D, os valores acumulados de créditos energéticos
vêm descritos nas observações da fatura.

Com posse dos valores das tarifas nos períodos e demais custos,
agora precisamos verificar a quantidade de energia elétrica desviada na
PNT.

Energia Elétrica desviada


Inicialmente, temos dois caminhos que devemos observar: O PNT
foi em relação a concessionária ou outra pessoa?
  A concessionária possuí norma para determinar a diferença que
falta pagar. Observe o que versa o artigo 130 da Resolução Normativa n.º
414/10 da ANEEL:
Art. 130. Comprovado o procedimento irregular, para
proceder à recuperação da receita , a distribuidora
deve apurar as diferenças entre os valores efetivamente
faturados e aqueles apurados por meio de um dos
critérios descritos nos incisos a seguir, aplicáveis de
forma sucessiva, sem prejuízo do disposto nos arts. 131 e
170:
I – utilização do consumo apurado por medição
fiscalizadora , proporcionalizado em 30 dias, desde que
utilizada para caracterização da irregularidade, segundo a
alínea “a” do inciso V do § 1o do art. 129;
II – aplicação do fator de correção obtido por meio de
aferição do erro de medição causado pelo emprego de
procedimentos irregulares, desde que os selos e lacres, a
tampa e a base do medidor estejam intactos;
III – utilização da média dos 3 (três) maiores valores
disponíveis de consumo de energia elétrica,
proporcionalizados em 30 dias, e de demanda de
potências ativas e reativas excedentes, ocorridos em até
12 (doze) ciclos completos de medição regular,
imediatamente anteriores ao início da irregularidade ;
IV – determinação dos consumos de energia elétrica e
das demandas de potências ativas e reativas excedentes,
por meio da carga desviada, quando identificada, ou por
meio da carga instalada , verificada no momento da
constatação da irregularidade, aplicando-se para a classe
residencial o tempo médio e a frequência de utilização de
cada carga; e, para as demais classes, os fatores de
carga e de demanda , obtidos a partir de outras
unidades consumidoras com atividades similares; ou
V – utilização dos valores máximos de consumo de
energia elétrica, proporcionalizado em 30 (trinta) dias, e
das demandas de potência ativa e reativa excedentes,
dentre os ocorridos nos 3 (três) ciclos imediatamente
posteriores à regularização da medição.
 
Para o caso de PNT em relação a outra pessoa, podemos usar o
critério da carga desviada, conforme o artigo 130, inc. IV, da RN n.º 414/10
da ANEEL:
IV – determinação dos consumos de energia elétrica e
das demandas de potências ativas e reativas excedentes,
por meio da carga desviada , quando identificada, ou
por meio da carga instalada, verificada no momento da
constatação da irregularidade, aplicando-se para a classe
residencial o tempo médio e a frequência de utilização de
cada carga; e, para as demais classes, os fatores de
carga e de demanda , obtidos a partir de outras
unidades consumidoras com atividades similares;
No entanto, se foi possível determinar um fator de correção,
indicando quanto foi desviado, podemos usar esse critério também.
Em suma, calcular o valor desviado será uma tarefa trabalhosa e
depende de cada caso, o importante é conseguirmos medir no local a
quantidade desviada e ter acesso as faturas do período da PNT. Ademais,
basta tabelar numa planilha de cálculos.

.7    CAPÍTULO 6 – DAS RESPOSTAS AOS


QUESITOS
Os quesitos são as perguntas formuladas pelas partes ou Ministério
Público num processo, que visam esclarecer os fatos e gerar fundamentação
para as teses. Elas são encaminhadas para o juiz que irá seleciona-las e
repassar para o engenheiro elétrico responder.
O Laudo Pericial deverá apresentar respostas conclusivas de todas
perguntas encaminhadas (art. 473, do CPC). Isso pode ser um problema na
questão da autoria em que pode ser muito complexa a definição e, por mais
esse motivo, convém o Parecer Duplo para classificar corretamente ou da
melhor forma possível as pessoas envolvidas.
Evidente que em um processo iniciado pelo Laudo Técnico não
haverá quesitos, no entanto, o engenheiro elétrico perspicaz irá elaborar os
possíveis quesitos, com base na sua experiência e lógica, e deixará suas
respostas disponíveis no Laudo Técnico ou disponibilizará caso seja
inquirido em audiência de instrução e julgamento.
Nesse sentido, se em determinado ponto do processo for solicitada a
perícia e os quesitos apresentados forem em mesmo sentido dos
apresentados pela assistência técnica é possível solicitar a dispensa da
perícia, visto que o laudo já supri o ensejo.
Portanto convém simular, ao final do laudo, algumas perguntas
clássicas relacionadas aos três pilares: autoria, materialidade e quantum ,
por exemplo:
Quem realizou as alterações na rede elétrica?
Quem autorizou as alterações na rede elétrica?
Houve a participação de mais pessoas?
Que dia e hora foram realizados?
Qual(is) elemento(s) elétrico(s) estava(m) fora das normas
técnicas?
Como foi feita a constatação, ou não, da PNT?
Se ocorreu, qual valor envolvido na PNT?

1 Quesitos Suplementares
Poderão ocorrer, ainda, os quesitos suplementares durante a Vistoria
Técnica em que o perito poderá responder na Vistoria Técnica (registrados
no Relatório de Vistoria Técnica), no Laudo Técnico ou na Audiência.
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos
suplementares durante a diligência , que poderão ser
respondidos pelo perito previamente ou na audiência de
instrução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência
da juntada dos quesitos aos autos.
Ao final, não restando dúvidas, em sentido congênere, o Laudo
Técnico elucidativo elaborado pelo assistente técnico da parte pode causar a
dispensa de mais documentos é até mesmo a necessidade do custo da
contratação do perito no processo (art. 472, do CPC).

.8    CAPÍTULO 7 – DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS


DO LAUDO TÉCNICO
As considerações finais do Laudo Técnico versam sobre questões
incidentais que ocorrem durante o lavoro, como a negativa no fornecimento
de algum documento solicitado, por exemplo. Dentre elas, as mais comuns
são sobre a segurança das instalações e o exercício ilegal da profissão por
quem alterou ou adulterou as instalações elétricas.

8.1 Segurança das instalações


Segundo levantamento da Associação Brasileira de Conscientização
para Perigos da Eletricidade (ABRACOPEL) a média de mortes por
eletricidade é de duas pessoas por dia no Brasil.
Ao lado de inflamáveis e explosivos, o risco de vida em instalações
elétricas é reconhecido até mesmo quanto ao adicional de periculosidade na
profissão, conforme artigo 129, Inc. I, do Decreto-Lei n.° 5.452/43 –
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Art. 193. São consideradas atividades ou operações
perigosas , na forma da regulamentação aprovada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do
trabalhador a:
I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica ;
O anexo 6 da NR-16 c/c Portaria nº 1.078/14, do Ministério do
Trabalho, versam sobre as atividades e operações perigosas com energia
elétrica sujeitas ao adicional de periculosidade no salário.
16.2 O exercício de trabalho em condições de
periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de
adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o
salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações,
prêmios ou participação nos lucros da empresa.
16.5 Para os fins desta Norma Regulamentadora – NR
são consideradas atividades ou operações perigosas as
executadas com explosivos sujeitos a: [...]
b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade,
faíscas , fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos.
Têm direito ao adicional de periculosidade os
trabalhadores:
a) que executam atividades ou operações em instalações
ou equipamentos elétricos energizados em alta tensão ;
b) que realizam atividades ou operações com trabalho em
proximidade, conforme estabelece a NR-10 ;
c) que realizam atividades ou operações em instalações
ou equipamentos elétricos energizados em baixa tensão
no sistema elétrico de consumo – SEC, no caso de
descumprimento do item 10.2.8 e seus subitens da NR10
– Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade;
Afora isso, a NR-10 e NR-26 orientam quanto as medidas a serem
tomadas em caso de risco, assim como, o item 8.4 da NBR-5410 deixa claro
a imposição de desenergizarão das instalações. Vejamos:
Toda instalação ou parte dela que não esteja em
conformidade com 8.3, ou ainda, que por qualquer
motivo coloque em risco a segurança dos seus usuários,
deve ser imediatamente desenergizada , no todo ou na
parte afetada, e somente deve ser recolocada em serviço
após reparação satisfatória.
Toda falha ou anomalia constatada nas instalações, ou
componentes ou equipamentos elétricos, ou em seu
funcionamento, deve ser comunicada à pessoa advertida
(BA4) ou qualificada (BA5), para fins de reparação,
notadamente quando os dispositivos de proteção contra
sobrecorrentes ou contra choques elétricos atuarem sem
causa conhecida.
Portanto, importa isolar e sinalizar instalações que oferecem risco
ou desenergizar completamente as instalações que oferecem risco iminente.

8.2 Exercício ilegal da profissão


A Constituição Federal de 1988 elenca no inciso XIII do artigo 5º a
liberdade de exercer a profissão se atendida as condições legais para isso:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer ;
Nesse sentido, reforça junto as empresas:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa , tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios: [...]
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício
de qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
previstos em lei.
De fato, para exercer as atividades relacionadas com a engenharia
elétrica é necessária a habilitação para tanto.  Nesse contexto, a Lei n.°
5.194/66 – Lei da Engenharia estabelece especificamente o exercício ilegal
da profissão de engenheiro eletricista, conforme a seguir:
Art. 6º Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro,
arquiteto ou engenheiro-agrônomo:
a) a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar
serviços público ou privado reservados aos profissionais
de que trata esta lei e que não possua registro nos
Conselhos Regionais;
b) o profissional que se incumbir de atividades
estranhas às atribuições discriminadas em seu registro;
c) o profissional que emprestar seu nome a pessoas,
firmas, organizações ou empresas executoras de obras e
serviços sem sua real participação nos trabalhos delas;
d) o profissional que, suspenso de seu exercício,
continue em atividade;
e) a firma, organização ou sociedade que, na qualidade
de pessoa jurídica , exercer atribuições reservadas aos
profissionais da engenharia, da arquitetura e da
agronomia, com infringência do disposto no parágrafo
único do art. 8ºdesta lei.
No caso do Técnico em Eletrotécnica a Lei do Engenheiro é
subsidiária nesse sentido, conforme observa-se no Decreto-Lei n.°
90.922/85 – Lei do Técnico Industrial, logo, vale a mesma regra:
Art 18. O exercício da profissão de técnico industrial e
de técnico agrícola de 2º grau é regulado pela Lei nº
5.524, de 05 de novembro de 1968, e, no que couber,
pelas disposições das Leis nºs 5.194 , de 24 de dezembro
de 1966 e 6.994, de 26 de maio de 1982.
Ainda assim, versa o mesmo Decreto-Lei:
Art 14. Os profissionais de que trata este Decreto só
poderão exercer a profissão após o registro nos
respectivos Conselhos Profissionais da jurisdição do
exercício de sua atividade.
Vale destacar a nulidade nessas relações contratuais, conforme versa
a Lei n.° 5.194/66 – Lei do Engenheiro:
Art. 15. São nulos de pleno direito os contratos
referentes a qualquer ramo da engenharia, arquitetura ou
da agronomia, inclusive a elaboração de projeto, direção
ou execução de obras, quando firmados por entidade
pública ou particular com pessoa física ou jurídica não
legalmente habilitada a praticar a atividade nos termos
desta lei.
E, também, a necessidade da Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART) ou Termo de Responsabilidade Técnica (TRT) no caso dos Técnicos,
conforme versa a Lei n.° 6.496/77 – Lei da ART:
Art 1º - Todo contrato , escrito ou verbal , para a
execução de obras ou prestação de quaisquer serviços
profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à
Agronomia fica sujeito à "Anotação de Responsabilidade
Técnica" (ART).
Caso ocorra essas irregularidades, vale indicar como agravante
penal e denúncia no respectivo Conselho de classe profissional (art. 468, §
1º, do CPC).

.9    CAPÍTULO 8 – DO PARECER TÉCNICO


O Parecer Técnico é uma opinião técnica qualificada que, grosso
modo, deve refletir o resumo de toda análise realizada no Laudo Técnico.
Nessa lógica, evidente que deve possuir a descrição das partes
litigantes, do objeto de análise, uma breve descrição das etapas de
realizadas e uma exposição firme da autoria dos fatos ou seus indícios, da
comprovação da materialidade e do valor envolvido na contenda. Tudo
acompanhado das respectivas fundamentações e evidências que levaram a
essas conclusões.
Num segundo instante, demonstra-se a comprovação de habilitação
profissional e Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) com suas
respectivas assinaturas e taxas pagas.
Neste passo, importa sublinhar constatações de risco que envolva a
segurança das pessoas próximas as instalações elétricas e a orientação sobre
desligamento imediato e necessidade de intervenção para manutenção. Essa
intervenção, se não demandar urgência, deve ser autorizada para não
comprometer as provas materiais.

9.1 Parecer Técnico Duplo ou Complexo


Uma possibilidade para o Laudo Técnico é o Parecer Técnico
embarcar matéria que vai além da competência do engenheiro eletricista.
Entretanto para isso, o profissional deverá possuir competência para tal ou
ter a validação de outro profissional de forma complementar. Nesse último,
o Laudo Técnico deverá ser construído pelos dois profissionais juntos de
modo a compatibilizar as áreas do saber.
Por conseguinte, possibilitando estruturar com maior consistência
técnico-jurídica e quase imbatível diante de outros laudos mais limitados de
competência sobre o objeto em pauta.
Note que, essa compatibilização é que seria a tarefa posterior na
audiência, no entanto, a atividade poderá ser adiantada, indubitavelmente,
com maior integração e firmeza jurídica sobressaindo o valor de prova do
Laudo Técnico sobre os demais elementos dos autos como, v. g., outros
documentos não correlacionados técnico-juridicamente.
De fato, poupa-se muito trabalho dos operadores do direito e
contribui muito para celeridade processual apresentar um Parecer Duplo
que possivelmente colaborará muito para o fim ao litígio.

.10 CAPÍTULO 9 – DOS ANEXOS


Alguns anexos são imprescindíveis como a:
ART – Anotação de Responsabilidade Técnica;
Relatório de Vistoria Técnica;
Faturas de energia elétrica utilizadas;
Memórias de Cálculos;
Dados técnicos dos equipamentos de medição;
Glossário de terminologias técnicas;
Outros anexos podem ser necessários, conforme o caso se apresente:
Documentos de qualificação de pessoas;
Tabelas de testes, ensaios e medições;
Atas notariais;
Certificado de calibração;
E outros.

1                Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)


O documento de responsabilização técnica é a comprovação de
competência para atividade e, por óbvio, a responsabilização pelas
informações ali contidas fundamentando o crime de falsa perícia (art. 342,
do CP) e outras repercussões. 
Observe as atribuições do engenheiro conforme a Lei n.° 5.194/66 –
Lei da Engenharia:
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do
engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrônomo
consistem em: [...]
c) estudos, projetos, análises , avaliações , vistorias ,
perícias , pareceres e divulgação técnica;
d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios ; [...]
h) produção técnica especializada , industrial ou
agropecuária.
Parágrafo único. Os engenheiros, arquitetos e
engenheiros-agrônomos poderão exercer qualquer outra
atividade que, por sua natureza , se inclua no âmbito de
suas profissões.
Nesse sentido, a mesma legislação ressalta o valor jurídico do Laudo
Técnico elaborado por profissional desabilitado:
Art. 13. Os estudos, plantas, projetos, laudos e qualquer
outro trabalho de engenharia, de arquitetura e de
agronomia, quer público, quer particular, somente
poderão ser submetidos ao julgamento das autoridades
competentes e só terão valor jurídico quando seus
autores forem profissionais habilitados de acordo com
esta lei.
A legislação detalha ainda que o Parecer Técnico deverá ser
assinado e indicado o(s) título(s) profissional(is) e o(s) número(s) de
habilitação:
Art. 14. Nos trabalhos gráficos, especificações,
orçamentos, pareceres , laudos e atos judiciais ou
administrativos, é obrigatória além da assinatura,
precedida do nome da empresa, sociedade, instituição ou
firma a que interessarem, a menção explícita do título do
profissional que os subscrever e do número da carteira
referida no art. 56.
Para os Técnicos, incluindo o Eletrotécnico, temos o Decreto n.°
90.922/85 dispondo sobre o exercício do Técnico Industrial de nível médio:
Art 4º As atribuições dos técnicos industriais de 2º grau,
em suas diversas
modalidades, para efeito do exercício profissional e de
sua fiscalização, respeitados os limites de sua formação,
consistem em: [...]
II - prestar assistência técnica e assessoria no estudo de
viabilidade e desenvolvimento de projetos e pesquisas
tecnológicas, ou nos trabalhos de vistoria , perícia ,
avaliação , arbitramento e consultoria , exercendo,
dentre outras, as seguintes atividades:
1. coleta de dados de natureza técnica;
2. desenho de detalhes e da representação gráfica de
cálculos; [...]
6. execução de ensaios de rotina, registrando
observações relativas ao controle de qualidade dos
materiais, peças e conjuntos;
Portanto, para Laudos Técnicos o Técnico em Eletrotécnica poderá
prestar assistência na vistoria, avaliação e elaboração. Ainda assim, no
mesmo artigo temos um limite sobre a demanda máxima de potência da
planta elétrica.
§ 2º Os técnicos em Eletrotécnica poderão projetar e
dirigir instalações elétricas com demanda de energia de
até 800 kVA, bem como exercer a atividade de
desenhista de sua especialidade.
Este ponto causa, muitas dúvidas entre os profissionais, pois a não
deixa claro que não é a única limitação profissional.
Art 5º Além das atribuições mencionadas neste Decreto,
fica assegurado aos técnicos industriais de 2º grau, o
exercício de outras atribuições, desde que compatíveis
com a sua formação curricular .
O artigo supra do decreto impõe o limite da grade de formação
curricular, ou seja, uma entrada de energia acima de 75kVA exige uma
subestação com fornecimento em Média Tensão ou Alta Tensão o que já
extrapola a formação do Técnico em eletrotécnica e, portanto, ele não
poderá atuar nesse caso.
Ainda assim, questiona-se os limites da matéria abordada no decreto
e sua validade diante da recepção constitucional de 1988. Situação ainda
não apaziguada, pois a Lei n.° 5.524/68 – Técnico industrial de nível médio,
diferente da lei do engenheiro, atribui força de execução da lei para o Poder
Executivo por meio de regulamentações, observe:
Art. 5º O Poder Executivo promoverá expedição de
regulamentos , para execução da presente Lei.
De uma forma ou de outra, o Técnico em Eletrotécnica somente
poderá prestar assistência na elaboração do Laudo Técnico. Sendo assim,
importa o Engenheiro Eletricista emitir uma ART indicando o serviço
conforme abaixo:

 
A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), preenchida
corretamente e atenta a Lei n.° 6.994/82, além de atribuir a responsabilidade
e autoria do lavor ao engenheiro comprova a competência para atividade,
porque, se não, não conseguiria emitir pelo sistema de emissão.
 
 
 
5. REFLEXÕES FINAIS
Entoando o final da lavra, indubitavelmente, percebe-se que o
Laudo Elétrico em um processo judicial que trata de PNT tem uma força
herculana como prova técnica e, diante disso, a responsabilidade do
profissional que irá elaborar o documento é de mesmo peso.
Por isso, a remuneração deve (ou deveria) acompanhar essa
responsabilidade.
No entanto, a realidade é de que os valores das causas, na esfera
civil, na maioria das vezes são desproporcionais ao que deveria ser exigido
na elaboração do laudo ou seguem tabelas estabelecidas por critérios
indigestos. Consequentemente, a maioria dos profissionais se limitam a
estabelecer o simples quantum e desenvolver minimamente as investigações
de autoria e materialidade, cambaleando, assim, pela fronteira da ética
profissional.
Por outro lado, na esfera penal, quando se trata de prisão que
ultrapassa os 4 anos, desenvolver os tópicos de autoria e materialidade se
tornam decisivos, até mesmo para redução da pena e, também, permitir
acesso a mecanismos para o autor responder em liberdade.
Nesse sentido, quanto valeria um Laudo Elétrico comparando a um
Habeas Corpus?
Eis a reflexão deixada.
Em resumo, embarcamos no mundo do Direito pelos elementos de
prova, não só compreendendo a prova pericial, como desmitificando a
tipificação penal da PNT e compreendendo, minimamente, os processos
judiciais envolvidos. Na segunda parte da obra, trouxemos à baila a vasta
regulamentação técnica e sua linguagem terminológica para, então,
entender como elaborar com qualidade o Laudo Técnico de Energia
Elétrica, passando pelos seus capítulos essenciais, pela Vistoria Técnica e
pelo Parecer Técnico. Esse último, apresentando uma nova abordagem
dupla mais intensa e combativa diante do valor dos demais elementos de
prova em um processo judicial.
Ao fim e ao cabo, consolida-se conhecimentos complexos, unindo
duas áreas aparentemente distantes. Um desafio numa sociedade que cultua
divisões e outras limitações. Entretanto, se você chegou até aqui, você está
em outro nível de desenvolvimento intelectivo e demonstra capacidade de
entender o todo.
Parabéns! Desejo-lhe, de coração, um enorme sucesso!
                SOLON   https://linktr.ee/solon.ibanez
IBANEZ
 
 
6. MODELOS
A seguir um modelo simplificado de Laudo Elétrico, para um caso
de PNT entre um locatário de sala e o condomínio do prédio.
Note que, como não podemos extrapolar a competência técnica, fica
um pouco vago o laudo que não consegue “costurar” as questões técnicas
com as jurídicas e pense na força de poder fazer isso.

5.

.16.MODELO SIMPLIFICADO – CONSUMIDOR VS


CONSUMIDOR
 
 

N.° PROCESSO ELETRÔNICO : XXXXXX-


XX.XXXX.XX.XX.XXXX

DAS PARTES

QUERELANTE : HERMES, brasileiro, empresário,

divorciado, inscrito no CPF de n.º XXX.XXX.XXX-XX,

residente e domiciliado na Rua do Triunvirato, n.º 33, ap. 2,


bairro Passo de Atenas, na cidade de Porto Alegre/RS, CEP:

99.999-999 e e-mail hermes@email.com

 
QUERELADO : CONDOMÍNIO EDIFÍCIO ATENAS,
inscrito no CNPJ de n.º XX.XXX.XXX/0001-XX, sediando na

Rua do Pretor, n.º 8, bairro Passo de Atenas, na cidade de Porto


Alegre/RS, CEP: 99.999-999, representada pelo Síndico

MERCÚRIO, brasileiro, solteiro, aposentado, inscrito no CPF

de n.º XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua do


Triunvirato, n.º 33, ap. 1, bairro Passo de Atenas, na cidade de

Porto Alegre/RS, CEP: 99.999-999 e e-mail

mercurio@email.com

DO OBJETO

O objeto de análise é a sala comercial locada para o querelante

na Torre 1 do querelado, conforme detalhado a seguir:

Localização das instalações

Endereço: Rua do Pretor, nº 8, sala 201 - Sede da Versun

Contabilidade

Numeração do Poste de Ramal da Distribuidora: XXXX-X

Centro de Medições com múltiplas Unidades Consumidoras

(UCs) localizado no andar Térreo ao lado da Portaria, conforme


detalhes abaixo:
Fig. 1 - Detalhes do Centro de Medições

Escopo de circuitos elétricos


O escopo de análise do circuito elétrico inicia após o disjuntor
geral (DJ) no Centro de Medições (CM) e vai até o Quadro de

Distribuição de Circuitos da sala comercial n.º 201, incluindo

análise de cargas da UC, conforme o gráfico de prumada


elétrica logo abaixo:

Fig. 2 - Prumada Elétrica: Trecho em análise CM-SL.201.

Demais circuitos não serão analisados, em primeiro momento.

DA METODOLOGIA

A metodologia utilizada iniciará por uma pesquisa exploratória

realizada por meio da Vistoria Técnica in loco e, numa segunda


etapa, uma pesquisa descritiva que irá delinear as características

técnicas esperadas, conforme as normas técnicas aplicáveis e

confrontadas com os dados coletados na primeira etapa da


pesquisa.

Processo pelo qual irá passar pelas seguintes etapas. Vejamos:


Etapa 1 – Vistoria Técnica

Objetivo: Conhecer o problema por meio da coleta de dados

(pesquisa exploratória).

                Marcação para vistoria no local com acesso irrestrito,

data, hora e acompanhamento de responsável(eis);


                Entrevista com envolvidos e coleta de documentos;

                Esquematização dos componentes e rede elétrica;

                Registro fotográfico/vídeo e medições/registro das


grandezas elétricas;

                Testes e ensaios técnicos;

                Registros das calibragens e características técnicas dos


equipamentos utilizados.

                Checklist e finalização da vistoria.

Etapa 2 – Normativa Técnica

Objetivo: Pesquisar normas técnicas relacionadas ao caso e sua

incidência diante das constatações fáticas (pesquisa descritiva).

                Elencar as Normas Técnicas válidas aplicáveis, gerais


e especiais, conforme o caso;

                Confrontar a realidade encontrada com a normativa

indicando as irregularidades;
                Advertir o comprometimento das instalações e

segurança.

Etapa 3 – Elementos legais necessários

Objetivo: Pesquisar e sugerir a tipificação adequada ao caso

concreto, incluindo os elementos necessários para


fundamentação jurídica.

                Sugerir legislação balizar (tipificação)

                Elementos essenciais, como: autoria, materialidade,

quantum e qualificadores;

DO RELATÓRIO DE VISTORIA TÉCNICA

Transcrição do Relatório de Vistoria Técnica (Anexo 1)

Registros Iniciais

Ao vigésimo dia do mês de setembro de dois mil e vinte e dois,


com início às oito horas, reuniram-se em frente à Rua do Pretor,

n.º 8, com objetivo de realizar a Vistoria Técnica para perícia no


processo n.° XXX/X.XX.XXXXXXX-X, as seguintes pessoas:

                HERMES, proprietário da sala comercial 201 e já

qualificado nos autos.


                MERCÚRIO, síndico do Condomínio Ed. Atenas, já

qualificados nos autos.

                DR. DRACON, advogado de MERCÚRIO e já


qualificado nos autos.

                ZÉ, brasileiro, porteiro, casado, inscrito no CPF de n.º


XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua do Pretor,

n.º 8, ap. 0, bairro Passo de Atenas, na cidade de Porto

Alegre/RS, CEP: 99.999-999 e telefone celular n.º (51) 999 999


999. (Anexo 2: Cópia da Identidade do Sr. Zé)

Após identificações, foi explanado os procedimentos da Vistoria


e iniciou-se as Entrevistas e Coletas de documentos.

Entrevistas e coleta de documentos

Entrevista 1 - Querelante

PERITO: Senhor HERMES, o que foi que aconteceu?

HERMES: Certo dia comecei a desligar o disjuntor da minha


sala quando saía, por estava gastando muita luz e notei que as

luzes do corredor do prédio estava sempre desligadas, pedi para

o Seu Zé trocar as lâmpadas antes que alguém caísse da escada,


mas ele não trocava. As vezes elas estavam funcionando e as

vezes não. Outro dia a minha esposa veio me buscar para ir


jantar fora e, ela estava esperando o elevador, sabe? Então

estava fechado a sala e desliguei os disjuntores. Ele gritou que

faltou luz. Estranhei e liguei de novo os disjuntores e ela gritou


que voltou. Falei com um amigo de um amigo meu que entende

dessas coisas e ele disse que a luz do corredor estava ligada na

minha luz da sala. Então me caiu a ficha. Por isso, a conta de


luz estava tão cara esse verão. Não entendia, por que estava de

férias na praia.

PERITO: Alguém mais percebeu isso?

HERMES: O Seu Zé, o porteiro, mas ele achou que as lâmpadas

estava em curto, por isso, as vezes funcionava outras não.

PERITO: Você se lembra quando isso começou?

HERMES: Não faço ideia. Demorei para reparar.

PERITO: Você se lembra de ter visto alguém mexendo na fiação

e elétrica da sala ou prédio?

HERMES: Olha acho que a última vez... foi um cara que estava

instalando um ar condicionado na sala do lado. Foi faz um ano,


mais ou menos, antes do verão.

Após foi solicitada as faturas dos últimos 36 meses ou o que


tivesse disponível. Foi entregue dos últimos 12 meses (Anexo
2).

Entrevista 2 - Querelado

PERITO: Senhor MERCÚRIO, o que foi que aconteceu?

MERCÚRIO: Pois é! Não sei, esse cara da sala 201 é muito


chato. Nem estou sabendo de nada. Só me chamaram e sei lá.

PERITO: O Senhor chegou a verificar as lâmpadas do corredor?

MERCÚRIO: Ele reclamou que estavam falhando e pedi para o


Seu Zé dar uma olhada.

PERITO: Alguém mais percebeu isso?

MERCÚRIO: Não sei! Ninguém mais reclamou.

PERITO: Você se lembra quando isso começou?

MERCÚRIO: Não faço ideia. Mas comprei lâmpadas novas

para trocar as estragadas faz mais de uns seis meses, acho.

PERITO: Você se lembra de ter visto alguém mexendo na fiação


e elétrica da sala ou prédio?

MERCÚRIO: Teve um cara que pediu para passar um fio do ar-


condicionado da sala do lado. Daí começou a dar problema na

luz do corredor. Ai chamei um eletricista para arrumar. Tenho

um contrato com ele para fazer esses serviços no prédio.


Após foi solicitada as faturas dos últimos 36 meses do
condomínio ou o que tivesse disponível. Foi entregue dos

últimos 36 meses (Anexo 3). O prontuário da rede elétrica do

prédio, mas não havia. A nota fiscal da compra das lâmpadas,


que foi entregue (Anexo 4). E cópia do contrato de prestação de

serviços de eletricidade, também, entregue (Anexo 5).

Entrevista 3 - Porteiro

PERITO: Senhor Zé, o que foi que aconteceu?

ZÉ: As lâmpadas estavam queimando, comprei novas e troquei,

mas continuam queimando.

PERITO: Alguém mais percebeu isso?

ZÉ: Sim, volta e meia tinha alguém reclamando, inclusive a

dona Clara quase caiu na escada.

PERITO: Você se lembra quando isso começou?

ZÈ: Foi com o cara do ar-condicionado da sala 202. As luzes

pararam de funcionar e o Seu MERCÚRIO chamou o eletricista

para arrumar.

PERITO: Então o eletricista foi o último a mexer na rede

elétrica?
ZÉ: Isso mesmo! Depois do cara do ar-condicionado, não ligava
mais nada. O eletricista arrumou e só agora as luzes começaram

a desligar quando o Seu HERMES desliga os disjuntores da sala

dele.

PERITO: Você tem o registro de acesso do dia que o eletricista

veio ou vídeo das câmeras de segurança?

ZÉ: Tenho sim! O drive das câmeras que não sei se gravam

mais de um ano...

Após foi solicitado os registros do dia que o eletricista esteve

dando manutenção as luzes do corredor (Anexo 6). Foi

disponibilizado também as imagens das câmeras de segurança


em baixa resolução pelo período de 20 meses (Anexo 7).

Analisador de Redes Elétricas - ARE

Foi instalado o Analisador de Redes Elétricas e solicitado que


fossem desligados todos os equipamentos, aparelhos das tomas,

luzes e demais da sala 201.

Condições e aspectos gerais das instalações

Número da UC: XXXXXXX (UC202)

Classe de Consumo Aneel: Comercial, Serviços e outras

atividades.
Fator de Potência: 1,00000

Registrado em nome de HERMES CPF: XXX.XXX.XXX-XX

Tipo de Fornecimento: Classe B, Tipo C11  – 3 ⦰ – quatro

condutores

Tensão: 380/220V

Carga instalada: C > 25Kw (Anexo 8 – Lista de Cargas)

Demanda Calculada: D < 32kVA (Anexo 9 – Memorial de

cálculo de demanda)

Disjuntor termomagnético: 50A trifásico (Marca Soprano)

Ramal de ligação: Condutor de cobre 10 mm2

Detalhes do circuito:

Fig. 3 - CM - Atende as normas da RIC-BT, sem violações ou riscos.


 

Fig. 4 - QDC Quadro de Distribuição de Circuitos sala 201.

Fig. 5 – Tubulação no forro no corredor.


Fig. 6 – Tubulação no forro no corredor.

As tubulações do forro, no corredor, estavam abertas e expondo


os cabos de energia da sala 201 e 202. (Inconformidade com

Item 8 da NBR 5410).

Prumada elétrica

Fig. 7 – Prumada elétrica.

Diagrama Unifilar

Foi constatado que os cabos de iluminação do corredor foram

ligados no circuito de alimentação elétrica da sala. 201ao invés


do circuito elétrico de serviço do prédio. (Ponto 1 na Fig. 6 e 7)

(Inconformidade com a NBR 5410).

Fig. 7 – Diagrama unifilar.

Fig. 8 – Amperímetro medição de PNT.

A medição realizada confirmou a corrente elétrica alimentando

as lâmpadas do corredor, e, também, recolhido o ARE foi

constatado uma corrente de mesma magnitude no CM.


Finalização

Foi realizado o checklist final, coletada as assinaturas dos


presentes e encerrado as atividades ao meio dia do mesmo dia.

DA ANÁLISE TÉCNICA

Autoria e elementos do tipo penal

Quanto a autoria constatou-se que após o pessoal que instalou o


ar-condicionado, puxar os cabos de energia do aparelho,

arrebentaram os cabos da iluminação do corredor. O eletricista

contratado pelo condomínio, ao prestar a manutenção ligou


erroneamente os cabos da iluminação do corredor em uma das

fases da sala 201. Conforme o registro de portaria e ausência de

outra intervenção no local segundo as imagens das câmeras e


conexão das entrevistas realizadas.

O serviço de manutenção elétrica foi realizado durante o horário

comercial e sinaliza imperícia técnica do prestador de serviços.

Materialidade

Constatou-se o desvio de uma das fases da UC201 por uma


emenda irregular no cabo. O fechamento do circuito foi feito
pelo cano neutro da UC de serviço do condomínio. Conforme
transcrição do Relatório de Vistoria acima.

Quantum

Considerando que o as luzes do corredor possuem um sensor de


presença, ou seja, ligam conforme o fluxo de pessoas

independente do horário noturno e a dificuldade de estabelecer

uma média de acionamentos, o melhor meio encontrado foi


calcular a média de redução de consumo na UC do condomínio

e comparar com o aumento de consumo na UC da sala 201 mês

a mês (Anexo 10 – Memória de cálculo)

Assim, chegou-se a um valor global de R$ 8.000,00 referente a

14.545 kWh desviados durante o dia 10 de novembro de 2019

(anexo 6) até o dia de hoje (o desvio de energia ainda está


ocorrendo).

DAS RESPOSTAS AOS QUESITOS

1.              Quem realizou as alterações na rede elétrica?


i. O eletricista contratado pelo Querelado,

conforme consta no contrato de prestação de

serviço (Anexo 5) e o registro de portaria


(Anexo 6).
 
2.              Quem autorizou as alterações na rede elétrica?

i. Não houve autorização para realização das

ligações constatadas de PNT. Somente estava


autorizada a manutenção por força do contrato

de prestação de serviços (Anexo 5).

 
3.              Houve a participação de mais pessoas?

i. Não houve a participação de mais pessoas,

conforme as imagens da câmera de segurança


(Anexo 7).

4.                         Que dia e hora foi realizada a alteração do circuito


elétrico?

i. No dia 10 de novembro de 2022, das 15h às

18h do dia, conforme imagens da câmera de


segurança (Anexo 7).

5.              Como foi feita a constatação, ou não, da PNT?


i. A PNT foi constatada pelo desvio de uma das

linhas de fase da UC da sala 201 com retorno do


neutro pela UC de serviço do prédio, medição de

corrente elétrica circulando nos cabos e registros


do Analisador de Rede Elétrica, conforme Fig.

De 5 até 8 supra e também o Anexo 11 –


Relatório do ARE.

6.              Se ocorreu, qual valor envolvido na PNT?


i. Calculou-se a um valor global de R$ 8.000,00

referente a 14.545 kWh desviados durante o dia

10 de novembro de 2019 (anexo 6) até o dia de


hoje (o desvio de energia ainda está ocorrendo).

(Anexo 10 – Memória de Cálculo).

DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS DO LAUDO TÉCNICO

Em consulta ao Conselho dos Engenheiros e Conselho dos

Técnicos o profissional que realizou a manutenção, não possuí

registro nos órgãos nem ART ou TRT registrada.

De fato, para exercer as atividades relacionadas com a

engenharia elétrica é necessária a habilitação para tanto.  Nesse

contexto, a Lei n.° 5.194/66 – Lei da Engenharia estabelece


especificamente o exercício ilegal da profissão de engenheiro

eletricista, conforme a seguir:

Art. 6º Exerce ilegalmente a profissão de

engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo:

a) a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou


prestar serviços público ou privado reservados aos

profissionais de que trata esta lei e que não possua

registro nos Conselhos Regionais;

b) o profissional que se incumbir de atividades


estranhas às atribuições discriminadas em seu

registro;

c) o profissional que emprestar seu nome a

pessoas, firmas, organizações ou empresas


executoras de obras e serviços sem sua real

participação nos trabalhos delas;

d) o profissional que, suspenso de seu exercício,

continue em atividade;

e) a firma, organização ou sociedade que, na

qualidade de pessoa jurídica , exercer atribuições


reservadas aos profissionais da engenharia, da
arquitetura e da agronomia, com infringência do

disposto no parágrafo único do art. 8ºdesta lei.

No caso do Técnico em Eletrotécnica a Lei do Engenheiro é

subsidiária nesse sentido, conforme observa-se no Decreto-Lei


n.° 90.922/85 – Lei do Técnico Industrial, logo, vale a mesma

regra:

Art 18. O exercício da profissão de técnico

industrial e de técnico agrícola de 2º grau é regulado

pela Lei nº 5.524, de 05 de novembro de 1968, e, no


que couber, pelas disposições das Leis nºs 5.194 , de

24 de dezembro de 1966 e 6.994, de 26 de maio de

1982.

Ainda assim, versa o mesmo Decreto-Lei:

Art 14. Os profissionais de que trata este Decreto só


poderão exercer a profissão após o registro nos

respectivos Conselhos Profissionais da jurisdição do


exercício de sua atividade.

Vale destacar a nulidade nessas relações contratuais, conforme


versa a Lei n.° 5.194/66 – Lei do Engenheiro:
Art. 15. São nulos de pleno direito os contratos

referentes a qualquer ramo da engenharia,

arquitetura ou da agronomia, inclusive a elaboração


de projeto, direção ou execução de obras, quando

firmados por entidade pública ou particular com

pessoa física ou jurídica não legalmente habilitada


a praticar a atividade nos termos desta lei.

E, também, a necessidade da Anotação de Responsabilidade

Técnica (ART) ou Termo de Responsabilidade Técnica (TRT)

no caso dos Técnicos, conforme versa a Lei n.° 6.496/77 – Lei


da ART:

Art 1º - Todo contrato , escrito ou verbal , para a


execução de obras ou prestação de quaisquer

serviços profissionais referentes à Engenharia, à

Arquitetura e à Agronomia fica sujeito à "Anotação


de Responsabilidade Técnica" (ART).

Caso ocorra essas irregularidades, vale indicar como agravante

penal e denúncia no respectivo Conselho de classe profissional


(art. 468, § 1º, do CPC).

PARECER TÉCNICO
Ao vigésimo dia do mês de setembro de dois mil e vinte e dois,

com início às oito horas e final ao meio dia, na Rua do Pretor,

n.º 8, realizou-se a Vistoria Técnica no circuito alimentador da


UC201, para perícia no processo n.° XXX/X.XX.XXXXXXX-

X, no qual originou o presente Laudo Técnico de Instalações

Elétricas em Baixa Tensão registrado no CREA/RS sob número


de ART: XXXXXXX (Anexo 11).

Segue o Parecer:

1. De modo geral foi constatado que as instalações não


estão em conformidade com a NBR5410, em relação as

ligações dos circuitos elétricos e demais elementos

eletromecânicos de instalação no foro do corredor em


frente as salas 201 e 202. Assim, representando um risco a

segurança patrimonial e das pessoas ali presentes, logo, de

início, alerta-se para que sejam tomadas as providências


para regularização das instalações o mais breve possível.

2. Foi constatada a materialidade do desvio de energia da

UC201 para os circuitos da iluminação do corredor.

3. A autoria foi do eletricista contratado de forma irregular

e, também, que exerce ilegalmente a profissão, que


realizou a ligação errada por imperícia técnica, porque
nenhuma vantagem obteria.

4. chegou-se a um valor global de R$ 8.000,00 referente a

14.545 kWh desviados durante o dia 10/11/19 até o dia de

hoje.

Sem mais, firma-se.

Porto Alegre, 20 de setembro de 2022.

Eng.º Eletricista

CREA-RS: XXX.XXX

DOS ANEXOS

Lista de anexos:

                Anexo 1 – relatório de vistoria Técnica;

                Anexo 2 – Faturas da UC201 dos últimos 12 meses;

                Anexo 3 – Faturas do Condomínio dos últimos 36


meses;
                Anexo 4 – Nota fiscal da compra das lâmpadas;
                Anexo 5 – Contrato de Prestação de Serviço de

Manut. em Eletricidade;

                Anexo 6 – Registros de Portaria do Condomínio;


                Anexo 7 – DVD com imagens das câmeras de

segurança dos últimos 20 meses;

                Anexo 8 – Lista de Cargas instaladas na UC201;


                Anexo 9 – Memória de cálculo de demanda elétrica;

                Anexo 10 – Memória de cálculo de energia desviada;

                Anexo 11 - ART – Anotação de Responsabilidade


Técnica;

 
 
7. GLOSSÁRIO
Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou
1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.
Atmosfera Explosiva: mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de
substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na
qual após a ignição a combustão se propaga.
Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou
120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente
alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e
terra.
Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas
das instalações elétricas.
Barra de Prote ç ão: Barra de cobre para a interliga ç ão do condutor de
prote ç ão das unidades consumidoras com o condutor de prote ç ão do
eletrodo de aterramento.
Caixa de distribui ç ão (CD): Caixa metálica destinada a interligar
circuitos, podendo conter as prote ç ões dos circuitos de interliga ç ão, o
barramento e os transformadores de corrente para medi ç ão.
Caixa de entrada e distribui ç ão (CED): Caixa metálica destinada a
receber o ramal de entrada e as prote ç ões, podendo ainda conter o
barramento e os transformadores de corrente para medi ç ão.
Caixa de passagem: Caixa destinada a possibilitar mudan ç as de dire ç
ão e facilitar a enfia ç ão dos condutores.
Caixa de prote ç ão (CP): Caixa metálica ou plástica anti-chama destinada
a garantir a inviolabilidade das liga ç ões aos terminais de cada medidor.
Caixa de medi ç ão: Caixa destinada à instala ç ão de um ou mais
medidores, seus acessórios e dispositivos de prote ç ão.
Carga instalada: Soma das pot ê ncias nominais dos equipamentos
elétricos instalados na unidade consumidora, em condi ç ões de entrar em
funcionamento, expressa em quilowatts (kW).
Cavidade de inspe ç ão: Caixa ou tubo destinado a possibilitar a inspe ç
ão da haste e conexões dos condutores de aterramento e prote ç ão.
Centro de medi ç ão: Local onde está situada a medi ç ão de duas ou mais
unidades consumidoras.
Circuito alimentador: Circuito que interliga a medi ç ão às instala ç ões
internas da unidade consumidora.
Circuito de distribui ç ão: Circuito que interliga a Caixa de Distribui ç ão
ou a Caixa de Entrada de Distribui ç ão com as Caixas de Prote ç ão ou
entre Caixas de Prote ç ão.
Circuito de interliga ç ão: Circuito que interliga a Caixa de Entrada e
Distribui ç ão (CED) com a Caixa de Distribui ç ão (CD) ou ainda entre
Caixas de Distribui ç ão (CD ́s).
Condutor de aterramento: Condutor que interliga o eletrodo de
aterramento à primeira conexão com o condutor neutro da medi ç ão ou
Centro de Medi ç ão.
Condutor de prote ç ão: Condutor que liga as massas e os elementos
condutores estranhos à instala ç ão ao eletrodo de aterramento ou a um
barramento de equipotencializa ç ão.
Consumidor: Pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
legalmente representada, que solicite o fornecimento, a contrata ç ão de
energia ou o uso do sistema elétrico à distribuidora, assumindo as obriga ç
ões decorrentes deste atendimento à(s) sua(s) unidade(s) consumidora(s),
segundo disposto nas normas e nos contratos.
Demanda: Soma das pot ê ncias elétricas instant â neas solicitadas ao
sistema elétrico, expressa em quilowatts (kW), quilovolt-ampère-reativo
(kVAr) ou quilovolt-ampère (kVA).
Disjuntor: Dispositivo de manobra (mec â nico) e prote ç ão, capaz de
estabelecer, conduzir e interromper correntes em condi ç ões normais do
circuito, assim como estabelecer, conduzir por tempo especificado e
interromper correntes, automaticamente, em condi ç ões anormais do
circuito.
Dispositivo de prote ç ão contra surtos (DPS): Dispositivo utilizado para
limitar as sobretensões transitórias e escoar os surtos de corrente originários
de descargas atmosféricas em redes de energia.
Dispositivo de prote ç ão a corrente diferencial-residual (DR):
Dispositivo de seccionamento mec â n ico ou associa ç ão de dispositivos
destinados a provocar a abertura de contatos quando a corrente diferencial
residual atingir um valor dimensionado.
Distribuidora : Agente titular de concessão ou permissão federal para
prestar o servi ç o público de distribui ç ão de energia elétrica.
Direito de Recusa: instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção
de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave e
iminente risco para sua segurança e saúde ou de outras pessoas.
Edifica ç ão de múltiplas unidades consumidoras: Edifica ç ão que
possua mais de uma unidade consumidora, como salas, apartamentos, lojas,
e/ou depend ê ncias semelhantes, e que disponha de área de uso comum
com utiliza ç ão de energia elétrica.
Energia elétrica ativa: Energia elétrica que pode ser convertida em outra
forma de energia, expressa em quilowatt-hora (kWh).
Energia elétrica reativa: Energia elétrica que circula continuamente entre
os diversos campos elétricos e magnéticos de um sistema de corrente
alternada, sem produzir trabalho, expressa em quilovolt–ampère–reativo–
hora (kVArh).
Entrada de energia: Instala ç ão de responsabilidade do consumidor,
compreendendo ramal de entrada, poste particular ou pontalete, caixas,
dispositivos de prote ç ão, eletrodo de aterramento e ferragens, preparada
de forma a permitir a liga ç ão de uma ou mais unidades consumidoras à
rede da distribuidora.
Entrada de servi ç o: Condutores, equipamentos e acessórios,
compreendidos entre o ponto de deriva ç ão da rede da distribuidora e a
origem da instala ç ão.
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio,
fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade
física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.
Equipamento Segregado: equipamento tornado inacessível por meio de
invólucro ou barreira.
Instalação Elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e
com características coordenadas entre si, que são necessárias ao
funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico.
Instalação Liberada para Serviços (BT/AT): aquela que garanta as
condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e
equipamentos adequados desde o início até o final dos trabalhos e liberação
para uso.
Isolamento Elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente
elétrica, por interposição de materiais isolantes.
Medidor: Aparelho instalado pela distribuidora, com o objetivo de medir e
registrar grandezas elétricas.
Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão
física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.
Pessoa Advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente para
evitar os perigos da eletricidade.
Ponto de entrega: Ponto de conexão do sistema elétrico da distribuidora
com as instala ç ões elétricas da unidade consumidora, até o qual a
distribuidora é responsável pelo fornecimento de energia elétrica,
participando dos investimentos necessários e responsabilizando-se pela
execu ç ão dos servi ç os, opera ç ão e manuten ç ão, caracterizando-se
como limite de responsabilidade de fornecimento.
Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica
de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.
Ramal de entrada: Conjunto de condutores e acessórios instalados pelo
consumidor entre o ponto de entrega e a medi ç ão. No caso de centro(s) de
medi ç ão, até a prote ç ão geral do painel de medidores.
Ramal de liga ç ão: Conjunto de condutores e acessórios instalados entre o
ponto de deriva ç ão da rede da distribuidora e o ponto de entrega.
Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar
e advertir.
Sistema Elétrico: circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados
destinados a atingir um determinado objetivo.
Unidade consumidora: Conjunto composto por instala ç ões, ramal de
entrada, equipamentos elétricos, condutores e acessórios, caracterizado pelo
recebimento de energia elétrica em apenas um ponto de entrega com medi
ç ão individualizada, correspondente a um único consumidor e localizado
em uma mesma propriedade ou em propriedades contíguas.
Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada,
acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo
com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais
autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de
trabalho.
Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada,
acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja
aproximação só é permitida a profissionais autorizados.
 
8. REFERÊNCIAS

ABNT. Fios de cobre nus, de seção circular, para fins elétricos , NBR
5111. Rio de Janeiro, 1997;

_____. Fios de cobre mole estanhados para fins elétricos , NBR 5368. Rio
de Janeiro, 1997;

_____. Instalações elétricas de baixa tensão , NBR 5410. Rio de Janeiro,


1997;

_____. Iluminância de interiores , NBR 5413. Rio de Janeiro, 1997;

_____. Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas , NBR 5419.


Rio de Janeiro, 2015;

_____. Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais , NBR 5444.


Rio de Janeiro, 1989;

_____. Eletroduto rígido de aço-carbono e acessórios com revestimento


protetor, com rosca ANSI/ASME B1.20.1 , NBR 5597. Rio de Janeiro, 1995;

_____. Eletroduto rígido de aço-carbono com revestimento protetor, com


rosca NBR6414 , NBR 5598. Rio de Janeiro, 1993;

_____. Eletroduto rígido de aço-carbono, com costura, com revestimento


protetor e rosca NBR 8133 , NBR 5624. Rio de Janeiro, 1993;

_____. Condutores isolados com isolação extrudada de cloreto de


polivinila (PVC) para tensões até 750V , NBR 6148. Rio de Janeiro, 1999;
_____. Ferragens eletrotécnicas para redes aéreas, urbanas e rurais de
distribuição de energia elétrica , NBR 8159. Rio de Janeiro, 2017;

_____. Iluminação de ambientes de trabalho , NBR ISSO/CIE 8995-1. Rio


de Janeiro, 2013;

_____. Instalações elétricas em locais de afluência de público , NBR


13570. Rio de Janeiro, 1996;

_____. Proteção contra incêndio em subestações elétricas de distribuição ,


NBR 13859. Rio de Janeiro, 1997;

_____. Instalações elétricas de média tensão de 1,0kV a 36,2kV , NBR


14039. Rio de Janeiro, 2003;

_____. Proteção elétrica e compatibilidade eletromagnética em redes


internas de telecomunicações em edificações , NBR 14306. Rio de Janeiro,
1999;

_____. Sistemas de eletrodutos plásticos para instalações elétricas de baixa


tensão , NBR 15465. Rio de Janeiro, 2020;

_____. Rede de distribuição aérea de energia elétrica com condutores nus ,


NBR 15688. Rio de Janeiro, 2013;

_____. Vocabulário eletrotécnico internacional - Capítulo 826: Instalações


elétricas em edificações , NBR IEC 60050. Rio de Janeiro, 1997;

_____. Graus de Proteção para invólucros de equipamentos elétricos


(código IP) , NBR IEC 60529. Rio de Janeiro, 2017;
_____. Condutores de cabos isolados (IEC 60228, MOD) , NBR NM 280.
Rio de Janeiro, 2002;

_____. Disjuntores para proteção de sobrecorrentes para instalações


domesticas e similares , NBR 60898. Rio de Janeiro, 1998;

ARAUJO, Jorge Alberto. Interrogatório Eficaz: Tenha sucesso na prova


testemunhal . Curitiba: Íthala, 2017;

ARENHART, Sérgio Cruz. A tutela inibitória da vida privada. coleção


temas atuais de direito processual civil. v. 2. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2000.

BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada :


tutelas sumárias e de urgência (tentativa de sistematização). São Paulo:
Malheiros, 1998.

BENUCCI, Renato Luís. Antecipação da tutela em face da fazenda pública


. São Paulo: Dialética, [s.d.];

BRASIL . Constituição (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03
/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm >. Acesso em: dez. 2021;

______. Resolução Normativa n.º 414, de 9 de setembro de 2010 .


Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica . Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 15 set. 2010. Disponível
em: <
https://www.aneel.gov.br/documents/656877/14486448/bren2010414.pdf/3
bd33297-26f9-4ddf-94c3-f01d76d6f14a?version=1.0 >. Acesso em: dez.
2021;

______. Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal


Brasileiro .   Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil . Brasília,
DF, 7 dez. 1940. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm >.
Acesso em: dez. 2021;

______. Projeto de Lei n.º 3.180-A, de 19 de outubro de 2004 . Adiciona o


Crime de obstrução ao CP. Câmara legislativa da República Federativa
do Brasil . Brasília, DF, 27 out. 2005. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid
=node0y96d1ydy54yu1r36oxj46i3oe14117187.node0?
codteor=354611&filename=Avulso+-PL+3180/2004 >. Acesso em: dez.
2021;

______. Decreto-Lei n.º 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de


Processo Penal .   Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil .
Brasília, DF, 3 out. 1941. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm >. Acesso
em: dez. 2021;

______. Decreto-Lei n.º 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de


Introdução às normas do Direito Brasileiro .   Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 4 set. 1942. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto-lei/Del4657.htm >. Acesso
em: ago. 2016;
______. Lei n.º 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das
profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo .   Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 24 dez. 1967.
Disponível em: < http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5194.htm >.
Acesso em: dez. 2021;

______. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das


Leis do Trabalho (CLT) .   Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil . Brasília, DF, 1 mai. 1943. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm >. Acesso
em: dez. 2021;

______. Lei n.º 5.524, de 5 de novembro de 1968. Regula o exercício da


profissão de Técnico Industrial de nível médio.   Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 11 nov. 1968. Disponível em:
< http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5524.htm >. Acesso em:
dez. 2021;

______. Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973. (Antigo) Código de


Processo Civil.   Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil .
Brasília, DF, 17 jan. 1973. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm >. Acesso em: mar.
2016;

______. Lei n.º 6.496, de 7 de dezembro de 1977. Institui a Anotação de


Responsabilidade Técnica (ART).   Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil . Brasília, DF, 9 dez. 1977. Disponível em: < http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6496.htm >. Acesso em: dez. 2021;
______. Lei n.º 8.952, de 13 de dezembro de 1994. Altera dispositivos do
Código de Processo Civil sobre o processo de conhecimento e o processo
cautelar.   Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil . Brasília, DF,
13 dez. 1994. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8952.htm >. Acesso em: dez.
2021;

______. Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo


administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.   Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 29 jan. 1999.
Disponível em: < http://www .planalto .gov.br/ccivil_03/leis/L9784.htm >.
Acesso em: dez. 2021;

______. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil .   Diário


Oficial [da] República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 11 jan. 2002.
Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm >.
Acesso em: dez. 2021;

______. Lei n.º 12.850, de 2 de agosto de 2013. Define organização


criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da
prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal.   Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 2 ago. 2013.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12850.htm >. Acesso em: dez. 2021;

______. Lei n.º 13.105, de 16 de março de 2015 . (Novo) Código de


Processo Civil . Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil .
Brasília, DF, 16 mar. 2015. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/ lei/ l13105.htm
>. Acesso em: dez. 2021;

______. Lei Complementar n.º 14.376, de 26 de dezembro de 2013 .


Estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra
Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio
Grande do Sul e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil . Brasília, DF, 26 dez. 2013. Disponível em: <
http://www.al.rs.gov.br/FileRepository/repLegisComp/Lec%20n%C2%BA
%2014.376.pdf >. Acesso em: dez. 2021;

______. Decreto Municipal n.º 18.574, de 24 de fevereiro de 2014 . Regras


Gerais e Específicas a serem obedecidas na manutenção e conservação
das edificações . Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil .
Brasília, DF, 25 mar. 2014. Disponível em: <
https://leismunicipais.com.br/a1/rs/p/porto-
alegre/decreto/2014/1857/18574/decreto-n-18574-2014-regulamenta-o-art-
10-da-lei-complementar-n-284-de-27-de-outubro-de-1992-que-dispoe-
sobre-as-regras-gerais-e-especificas-a-serem-obedecidas-na-manutencao-e-
conservacao-das-edificacoes-e-revoga-o-decreto-n-17720-de-2-de-abril-de-
2012   >. Acesso em: dez. 2021;

______. Decreto Municipal n.º 23.569, de 11 de dezembro de 1933 .


Regula o exercício das profissões de engenheiro, de arquiteto e de
agrimensor . Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil . Brasília,
DF, 15 dez. 1933. Disponível em: < https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d23569.htm >. Acesso
em: dez. 2021;
______. Decreto n.º 90.922, de 6 de fevereiro de 1985 . Regula o exercício
da profissão de técnico industrial e técnico agrícola . Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil . Brasília, DF, 7 fev. 1985. Disponível em:
<  https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d90922.htm >.
Acesso em: dez. 2021;

BRITTIAN, L. W.. Instalações Elétricas: Guia Compacto (Eletrical trades


pocket manual). Trad. Luiz Paulo de Oliveira. Rio de Janeiro: LTC , 2017 ;

CAMISASSA, Mara Queiroga. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 36


comentadas e descomplicadas. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,
2015;

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição .


6 a . ed. rev. Coimbra, PT: Livraria Almedina, 1993;

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19 ed. São Paulo: Saraiva,


2012.

CARNELUTTI, Francesco. Direito e processo: direito processual civil.


Tradução [s.n.] Campinas: Péritas, 2001.

______. Sistema de direito processual civil. v. 2. Tradução Hiltomar Martins


Oliveira. São Paulo: Classic Book, 2000;

CEEE-D, RGE, AES Sul. RIC-BT Regulamento de Instalações


Consumidoras:  Fornecimento em tensão secundária – Rede de distribuição
aérea . Ver. 1.5. Porto Alegre, 2017. Disponível em: <
https://ceee.equatorialenergia.com.br/normas-tecnicas/ric >. Acesso em:
dez. 2021;
CEEE-D, RGE, AES Sul. RIC-MT Regulamento de Instalações
Consumidoras:  Fornecimento em tensão Primária de Distribuição – Média
Tensão até 25kV. Versão 0.3. Porto Alegre, 2018. Disponível em: <
https://ceee.equatorialenergia.com.br/normas-tecnicas/ric >. Acesso em:
dez. 2021;

CITRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini;


DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo . 28 a . ed. São
Paulo: Malheiros, 2012.

COSTA, Fábio Silva. Tutela antecipada : hermenêutica, acesso à justiça e


princípio da efetividade processual. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000.

CUNHA, Guilherme Antunes da. Tutelas de urgência satisfativas


autônomas no processo civil: Perspectivas a partir do projeto do novo CPC
. v. 4. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2014;

DINAMARCO, Cândido Rangel. Capítulos de Sentença . 5ª ed. São Paulo:


Malheiros, 2013;

JUNIOR, Nelson Nery. Proibição das provas ilícitas na Constituição de


1988 . 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método : traços fundamentais de uma


hermenêutica filosófica. Tradução Flávio Paulo Meurer. Revisão Ênio Paulo
Giachini. 3ª. ed.  Petrópolis: Vozes, 1999.

GRINOVER, Ada Pellegrini. As Nulidades do Processo Penal . 6. ed. São


Paulo: Saraiva, 1996.
GROSSI, Paolo. Mitologias jurídicas da modernidade . 2ª. ed. rev. e atual.
Tradução Arno Dal Ri Júnior. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2007;

HIDALGO, Daniela Boito Maurmann. Relação entre direito material e


processo: uma compreensão hermenêutica: compreensão e reflexos da
afirmação da ação de direito material. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2011;

HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos : uma história . Tradução


Rosaura Eichenberg. Revisão Ana Maria Barbosa e Huendel Viana. São
Paulo: Companhia das Letras, 2009;

MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico: Plano da


Existência. 22ª ed. São Paulo: Saraiva Jur., 2019;

_______. Teoria do Fato Jurídico: Plano da Validade. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva Jur., 2019;

_______. Teoria do Fato Jurídico: Plano da Eficácia. 11ª ed. São Paulo:
Saraiva Jur., 2019;

MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO,


Daniel.  Novo curso de processo civil : teoria do processo civil . v. 1 . São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;

______. Técnica processual e tutela dos direitos . 3ª. ed. rev. e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010;

______. A antecipação de tutela . 6 a . ed. São Paulo: Malheiros, 2000.


MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito . 19 a . ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2010;

MEDINA, José Miguel Garcia. ARAÚJO, Fábio Caldas de. GAJARDONI,


Fernando da Fonseca. Procedimentos cautelares e especiais . v. 4. 2ª. ed.
rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010;

MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal . 10 ed. São Paulo: Atlas,


2004.

MITIDIERO, Daniel. Antecipação de tutela : da tutela cautelar à técnica


antecipatória. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013;

MTE. Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade , NR 10.


Brasília, 2004;

____. Atividades e Operações Perigosas , NR 16. Brasília, 2012;

____. Ergonomia , NR 17. Brasília, 2012;

____. Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção ,


NR 18. Brasília, 2011;

____. Explosivos , NR 19. Brasília, 2011;

____. Trabalhos a céu aberto , NR 21. Brasília, 1999;

____. Proteção Contra Incêndios , NR 23. Brasília, 2021;

____. Sinalização de Segurança , NR 26. Brasília, 2011;


____. Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no
Ministério do Trabalho , NR 27. Brasília, 2021;

____. Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados , NR 33.


Brasília, 2019;

____. Trabalho em altura , NR 35. Brasília, 2012;

____. Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados , NR 33.


Brasília, 2019;

____. Portaria nº 1.078, de 16 de julho de 2014 . Atividades e operações


perigosas com energia elétrica . Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil . Brasília, DF, 17 jul. 2014. Disponível em: <
http://www.normaslegais.com.br/legislacao/Portaria-mte-1078-2014.htm  
>. Acesso em: dez. 2021;

OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. MITIDIERO, Daniel. Curso de


processo civil: teoria geral do processo civil e parte geral do direito
processual civil . v. 1. São Paulo: Atlas, 2010;

PIRELLI, Divisão de cabos. Manual Pirelli de Instalações Elétricas em


Baixa Tensão . São Paulo: Pini, 1990;

GUASTINI, Riccardo. Das fontes às normas . Tradução Edson Bini. São


Paulo: Quartier Latin, 2005;

REIS, NATALI NUNES DOS. Instalações elétricas . Londrina: Editora e


Distribuidor Educacional S.A., 2017;
SILVA, Jaqueline Mielke da . A tutela provisória no novo código de
processo civil: tutela de urgência e tutela de evidência . 2ª. ed. rev. e atual.
Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2016;

SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Jurisdição e execução na tradição


romano-canônica . 3ª. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense, 2007;

______. Da função à estrutura . In: STRECK, Lenio Luiz. (Org.).


MORAIS, José Luis Bolzan de. (Org.). Constituição, sistemas sociais e
hermenêutica. Porto Alegre: Livraria dos Advogados, 2009; São Leopoldo:
Unisinos, 2009;

______. Processo e ideologia: o paradigma racionalista . 2ª. ed. Rio de


Janeiro: Forense, 2006;

______. GOMES, Fábio. Teoria geral do processo civil . 3ª. ed. rev. e atual.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002;

STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração


hermenêutica da construção do direito . 11ª. ed. rev., atual. e ampl. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2014;

TORRES, Artur. Processo de conhecimento: iniciação ao processo civil.


vol. 2. Porto Alegre: Arana, 2013;

______. O processo do trabalho e o paradigma constitucional processual


brasileiro: compatibilidade? São Paulo: LTr, 2012;

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de processo civil : teoria geral do


direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum.
v. 1. 56. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015;
VAZ, Paulo Afonso Brum. Manual da tutela antecipada: doutrina e
jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002.

WAMBIER, Luiz Rodrigues. TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de


processo civil : teoria geral do processo e processo de conhecimento. v. 1.
11ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010;

WATANABE, Kazuo . Da cognição no processo civil . 2ª. ed. atual.


Campinas: Bookseller, 2000;

 
 

 
 

[1]
ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto MITIDIERO, Daniel. Curso de processo
Civil, p. 45;
[2]
DINAMARCO, Cândido Rangel. Capítulos de Sentença. 5ª ed. São Paulo: Malheiros,
2013;
[3]
Trata-se da Teoria do Fruto da árvore envenenada, já consolidado no Direito pátrio em
relação as provas de um processo;
[4]
Vide art. 373, inc, I e II, do CPC; Vide também o art. 374 sobre fatos que não dependem
de provas;
[5]
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja
fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos
fatos na pendência da ação; II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a
autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; III - o prévio
conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
[6]
Art. 365 do CPC, reza: “A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e
justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemunha, desde que haja
concordância das partes.”
[7]
ARAUJO, Jorge Alberto. Interrogatório Eficaz: Tenha sucesso na prova testemunhal .
Curitiba: Íthala, 2017.
[8]
Art. 442 e et. seq. da Lei n.º 13.105/15 – Código de Processo Civil (CPC).
[9]
Vide https://www.tjrs.jus.br/novo/processos-e-servicos/servicos-processuais/pericias-e-
outras-especialidades/cadastro-de-peritos-tradutores-e-interpretes/
[10]
Art. 371 - O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito
que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
[11]
No CPC Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao
membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos
imparciais do processo. § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em
que lhe couber falar nos autos.
[12]
MELLO, Marcos Bernardes de. Cap. IV – Fenomenologia da juridicização In: Teoria
do Fato Jurídico . Mundo fático Suporte Normativo Mundo Jurídico.
[13]
Com o advento da energia solar o Medidor de Energia Elétrica utilizado é bidirecional
e contém códigos específicos quando aos valores registrados. É fácil encontrar leituristas
que não estão familiarizados com os códigos e serem induzidos ao erro de leitura.
[14]
https://www.aneel.gov.br/srd vide capítulo XVI sobre ressarcimento de danos elétricos;
[15]
Regulamento de Instalações Consumidoras em Baixa Tensão – Fornecimento em
Tensão secundária em rede de distribuição aérea, Março de 2017, versão 1.5;
[16]
Volts unidade de media de tensão elétrica, representado pela letra “V”; A tensão de
fornecimento está atrelada ao número de fases fornecidos e em determinadas localidades
podem existir fornecimentos específicos como 110V em contra partida dos 127V o que
pode impactar na qualidade da energia fornecida.
[17]
Carga elétrica, nesse caso, seria a soma das potências (Watts) de todos equipamentos
que a UC tem instalada ou utiliza.
[18]
O exercício ilegal da profissão pode ser denunciado no CREA ou CONFEA. Vide art.
6º e 15 da Lei n.° 5.194/66
[19]
https://www.ceee.com.br/a-ceee/distribuicao-arquivos/folder-grupo-a_2020 e
https://www.ceee.com.br/a-ceee/distribuicao-arquivos/folder-grupo-b_2020

Você também pode gostar