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CURSO DE
EMBRIOLOGIA HUMANA
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
1
CURSO DE
EMBRIOLOGIA HUMANA
MÓDULO I
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
APRESENTAÇÃO
1 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
1.1 ESCROTO
1.1.1 Testículos
1.1.1.1 Espermatogênese
1.2 EPIDÍDIMO
1.3 DUCTO DEFERENTE
1.4 DUCTO EJACULATÓRIO
1.5 GLÂNDULAS ACESSÓRIAS
1.5.1 Vesículas Seminais
1.5.2 Próstata
1.5.3 Glândulas Bulbouretrais
1.6 PÊNIS
1.7 URETRA MASCULINA
1.8 SÊMEN
1.8.1 Análise Laboratorial do Sêmen
1.9 ATO SEXUAL
1.10 TESTOSTERONA E OUTROS HORMÔNIOS SEXUAIS MASCULINOS
1.10.1 Controle das Funções Sexuais Masculinos pelos Hormônios Gonadotrópicos
da Glândula Hipófise Anterior – FSH e LH
2 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
2.1 MONTE PÚBICO
2.2 LÁBIOS MAIORES
2.3 LÁBIOS MENORES
2.4 VESTÍBULO
2.5 GLÂNDULAS VESTIBULARES MAIORES
2.6 CLITÓRIS
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2.7 HÍMEN
2.8 VAGINA
2.9 ÚTERO
2.10 TUBAS UTERINAS
2.11 OVÁRIOS
2.11.1 Ovulogênese
2.12 OS HORMÔNIOS FEMININOS
2.12.1 Funções dos Hormônios Gonadotrópicos da Adeno-hipófise no Controle do
Ciclo Mensal Ovariano
2.12.2 Ovulação
2.12.3 Funções dos hormônios ovarianos estradiol e progesterona
2.12.4 Funções dos esteroides – efeitos sobre as características sexuais primárias e
secundárias
2.12.5 Funções da progesterona
2.13 O CICLO ENDOMETRIAL E A MENSTRUAÇÃO
3 FERTILIZAÇÃO OU FECUNDAÇÃO E FORMAÇÃO DO ZIGOTO
4 IMPLANTAÇÃO OU NIDAÇÃO
5 DISCO GERMINATIVO BILAMINAR
5.1 OITAVO DIA DO DESENVOLVIMENTO
5.2 NONO DIA DO DESENVOLVIMENTO
5.3 DÉCIMO-PRIMEIRO AO DÉCIMO-SEGUNDO DIA DO DESENVOLVIMENTO
5.4 DÉCIMO-TERCEIRO DIA DO DESENVOLVIMENTO
5.5 CORRELAÇÕES CLÍNICAS
6 DISCO GERMINATIVO TRILAMINAR
6.1 GASTRULAÇÃO: FORMAÇÃO DO MESODERMA E DO ENDODERMA
EMBRIONÁRIOS
6.2 FORMAÇÃO DA NOTOCORDA
6.3 CRESCIMENTO DO DISCO GERMINATIVO
6.4 CORRELAÇÃO CLÍNICA
6.5 DESENVOLVIMENTO POSTERIOR DO TROFOBLASTO
6.6 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DA 4ª A 8ª SEMANA
6.7 PERÍODO FETAL
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MÓDULO II
7 ASPECTOS CLÍNICOS DA FUNÇÃO REPRODUTIVA E INFERTILIDADE
7.1 FUNÇÃO REPRODUTIVA NA MULHER E NO HOMEM
7.2 CAUSAS DA INFERTILIDADE NA MULHER
7.2.1 Problemas ovarianos
7.2.2 Endometriose
7.2.3 Fator cervical
7.2.4 Fator tubário
7.2.5 Fator uterino
7.2.6 Fator peritoneal
7.3 CAUSAS DA INFERTILIDADE NO HOMEM
7.3.1 Anomalias do Sêmen
7.3.2 Testes complementares à análise seminal de importância diagnóstica
7.3.3 Avaliação hormonal
7.3.4 Avaliação genética
7.3.5 Análise da estrutura da cromatina espermática
7.4 PROTOCOLOS PARA A INDUÇÃO DA OVULAÇÃO
7.4.1 Hiperestimulação ovariana
7.4.2 Esquemas de hiperestimulação ovariana
7.4.2.1 Citrato de clomifeno
7.4.2.2 Agonistas/Antagonistas do GnRH
7.4.2.3 Gonadotrofinas
7.4.2.4 Gonadotrofinas coriônicas
7.5 TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
7.5.1 Relação Sexual Programada
7.5.2 Inseminação Intrauterina (IIU)
7.5.2.1 Conheça o passo a passo da técnica
7.5.3 Fertilização in vitro (FIV)
7.5.3.1 Conheça o passo a passo da técnica
7.5.4 Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI)
7.5.5 Transferência Intratubária de Gametas ou GIFT (Gamete Intrafallopian
Transfer)
7.5.6 Transferência Intratubárica de Zigotos ou ZIFT (Zygote Intrafallopian Transfer)
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MÓDULO III
8 CRIOPRESERVAÇÃO
8.1 SAIBA MAIS
8.1.1 Quais as vantagens dos crioprotetores?
8.1.2 Quais são os crioprotetores mais usados?
8.1.3 Quais amostras são susceptíveis à criopreservação?
8.2 TIPOS DE CRIOPRESERVAÇÃO
8.2.1 Lenta ou Computadorizada
8.2.2 Ultrarrápida
8.3 CRIOPRESERVAÇÃO DE ESPERMATOZOIDES
8.4 CRIOPRESERVAÇÃO DE OVÓCITOS
8.5 SAIBA MAIS ...
8.6 CRIOPRESERVAÇÃO DE EMBRIÕES
8.6.1 Pré-zigotos
8.6.2 Pré-embriões em clivagem
8.6.3 Blastocistos
8.7 BIÓPSIA DE EMBRIÕES OU DIAGNÓSTICO GENÉTICO PRÉ-
IMPLANTACIONAL (PGD)
8.8 ASSISTED HATCHING
8.9 REMOÇÃO DE FRAGMENTOS DOS EMBRIÕES
9 NORMAS ÉTICAS PARA A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO
ASSISTIDA (Resolução do Conselho Federal de Medicina n 2.013/13)
9.1 PRINCÍPIOS GERAIS
9.2 PACIENTES DAS TÉCNICAS DE RA
9.3 REFERENTE ÀS CLÍNICAS, CENTROS OU SERVIÇOS QUE APLICAM
TÉCNICAS DE RA
9.4 DOAÇÃO DE GAMETAS OU EMBRIÕES
9.5 CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS OU EMBRIÕES
9.6 SOBRE A GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO (DOAÇÃO TEMPORÁRIA DO
ÚTERO)
9.7 REPRODUÇÃO ASSISTIDA POST-MORTEM
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MÓDULO IV
10 HEREDITARIEDADE – A BASE MENDELIANA
10.1 A BASE CROMOSSÔMICA DA HEREDITARIEDADE
10.2 TERATOGÊNESE
10.3 ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS
10.3.1 Trissomia do Cromossomo 21 (Síndrome de Down)
10.3.2 Trissomia 18 - Síndrome de Edwards
10.3.3 Trissomia 13 – Síndrome de Patau
10.3.4 Síndrome de Turner - Monossomia do Cromossomo X
10.3.5 Síndrome de Klinefelter
10.3.6 Síndrome de Cri-du-chat (Miado de Gato)
11 BIOÉTICA E BIOLOGIA REPRODUTIVA
11.1 INTRODUÇÃO À BIOÉTICA
11.1.1 Introdução Histórica
11.1.2 Bioética no Brasil
11.1.3 Princípios da Bioética
12 BIOÉTICA E A REPRODUÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA
12.1 PROBLEMAS JURÍDICOS DECORRENTES DAS NOVAS TÉCNICAS DE
REPRODUÇÃO HUMANA
13 BIOÉTICA E CLONAGEM
14 CONCLUSÃO
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APRESENTAÇÃO
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MÓDULO I
1.1 ESCROTO
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para manter a viabilidade dos mesmos, temperatura essa que deve estar entre 2 e
3°C (dois e três graus Celsius) abaixo da temperatura corpórea.
1.1.1 Testículos
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palpáveis, em que geralmente o esquerdo é relativamente mais baixo do que o
direito.
São os órgãos produtores de espermatozoides, compostos por um
emaranhado de tubos (túbulos seminíferos), sendo que, a partir da puberdade,
também produzem hormônios, sobretudo o testosterona, que são responsáveis
pelo desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e o aparecimento das
características sexuais secundárias. Esses hormônios promovem o aumento da
massa muscular e óssea na puberdade, estimulam o crescimento das glândulas
sebáceas e a elaboração do sebo, estimulam os folículos pilosos para que façam
crescer a barba masculina e o pelo pubiano, ampliam a laringe e tornam mais grave
a voz.
No início da vida fetal, os testículos estão localizados na cavidade
abdominal, cerca de dois meses antes do nascimento descem para o escroto,
procedido de uma invaginação do peritônio chamada de processo vaginal, a partir da
qual se origina a túnica vaginal, camada mais externa dos testículos. Sob a túnica
vaginal, encontra-se um revestimento fibroso do testículo, conhecido como túnica
albugínea, uma camada densa de tecido conjuntivo fibroelástico, contendo células
musculares lisas espalhadas, especialmente na região adjacente ao epidídimo.
Septos fibrosos (estruturas de tecido conjuntivo que separa estruturas
anatômicas nos testículos chamadas lóbulos) (Figura 2A) estendem-se para dentro
da substância do testículo, dividindo-o em cerca de 250 lóbulos. Cada lóbulo contém
de um a três estreitos túbulos enovelados conhecidos como túbulos seminíferos, que
se fossem desenrolados em conjunto mediriam 500 metros, considerando os túbulos
seminíferos de ambos os testículos! As células reprodutoras masculinas (células
germinativas, os espermatozoides) (Figura 2B) estão localizadas no interior desses
túbulos, e as prematuras espermatogônias e os espermatócitos primários, na
periferia dos túbulos, mais próximo do epitélio germinativo.
Os túbulos seminíferos unem-se para formar uma série de túbulos retos
mais largos, que, por sua vez, formam uma rede conhecida como rede do testículo.
Cerca de 20 ductos eferentes deixam a extremidade superior da rede dos
testículos, perfurando a túnica albugínea e abrindo no epidídimo.
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FIGURA 2 ESTRUTURA DOS TESTÍCULOS
A. Gônada masculina. O testículo é formado por lóbulos que contêm túbulos seminíferos envolvidos
por células intersticiais. Observe a união entre o epidídimo e o ducto deferente. B. Espermatozoide
mostrando a cabeça, o corpo e a cauda. FONTE: Herlihy e Maebius, 2002.
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A espermatogênese (síntese de espermatozoides) desenvolve-se na
parede dos túbulos seminíferos pela diferenciação de células espermatogônicas,
onde estas, a partir da puberdade, passam a se multiplicar e vão se transformando
em espermatócitos primários, cada um destes, origina dois espermatócitos
secundáios, que sofrem a segunda divisão meiótica e originam cada um, duas
espermátides (Figura 3) que se diferenciam em espermatozoides. Os
espermatozoides recém-formados caem na cavidade interna dos túbulos seminíferos
e passam a se deslocar passivamente em seu interior, devido às contrações das
paredes dos túbulos e do fluxo de líquido presente dentro deles, até chegarem aos
epidídimos, onde serão maturados e armazenados até o momento da ejaculação.
Além das células reprodutoras, outras células são encontradas nos
testículos, como as células de Sertoli (que fornecem substâncias nutritivas, suporte
aos espermatozoides e realizam fagocitose de restos citoplasmáticos das
espermátides) (Figura 3) e as células intersticiais ou de Leydig (encontradas entre
os túbulos seminíferos e são responsáveis pela produção de testosterona).
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Espermatócitos e espermátides recém-formados ocupam depressões nos aspectos basais da célula,
enquanto espermátides mais maduras situam-se nos recessos profundos, próximos do ápice.
FONTE: Junqueira e Carneiro, 2004.
1.1.1.1 Espermatogênese
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espermatozoides, compostos de cabeça, colo, corpo (ou peça intermediária) e
cauda. Para formar a cabeça, o material nuclear condensa-se numa massa
compacta e a membrana celular se contrai em torno do núcleo (Figura 4).
Na parte superior da cabeça do espermatozoide, existe uma saliência
denominada acrossoma, formada pelo aparelho de Golgi, contendo hialuronidase e
proteases, que desempenham papéis importantes para a penetração do
espermatozoide no óvulo. Os centríolos estão localizados e agregados no colo do
espermatozoide, ao passo que, as mitocôndrias estão dispostas em espiral em volta
do corpo (Figura 4).
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microtúbulos pareados no centro e 9 microtúbulos duplos dispostos em torno da
borda. Toda essa estrutura é denominada axonema.
Os movimentos flagelados da cauda para um lado e para outro dá
mobilidade ao espermatozoide. Esse movimento decorre do deslizamento
longitudinal para frente e para trás entre os túbulos anteriores e posteriores que
formam o axonema. Os espermatozoides normais movem-se em linha reta com
velocidade de 1 a 4 mm por minuto.
O pH também influencia na atividade locomotora dos espermatozoides.
Geralmente em meios neutros e ligeiramente alcalinos, como no sêmen ejaculado,
os espermatozoides têm um ambiente favorável a sua atividade, mas é bastante
reduzida em meios ligeiramente ácidos, e meios fortemente ácidos, que além do
mais, podem propiciar a morte dessas células. Sabe-se que os espermatozoides
podem viver por muitas semanas nos dutos genitais dos testículos e, que sua vida
nos órgãos genitais femininos é de apenas 1 a 2 dias.
1.2 EPIDÍDIMO
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capazes de fertilizar o óvulo, num processo denominado maturação. O epidídimo
secreta grande quantidade de um líquido que contém hormônios, enzimas e
nutrientes especiais fundamentais para a maturação dos espermatozoides.
Uma pequena quantidade de espermatozoide pode ser armazenada no
epidídimo, mas a maior quantidade é armazenada no epidídimo e na sua ampola.
Eles podem ser armazenados nessas porções durante um período de um mês,
mantendo sua fertilidade.
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As vesículas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais constituem as
glândulas acessórias do aparelho reprodutor masculino (Figura 5).
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FIGURA 5 ESQUEMA GERAL DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO
1.5.2 Próstata
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extensão pela uretra e secreta um líquido fluido, leitoso e alcalino que neutraliza a
acidez vaginal e auxilia na manutenção da viabilidade dos espermatozoides.
A secreção das glândulas prostáticas é lançada diretamente na uretra por
meio de inúmeros dúctulos prostáticos (não visíveis macroscopicamente) e conferem
odor característico ao sêmen.
1.6 PÊNIS
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Os corpos cavernosos são duas colunas longitudinais localizadas
dorsalmente e formam a maior parte do pênis. A terceira coluna longitudinal é
conhecida como corpo esponjoso, encontra-se situado ventralmente e é atravessada
pela porção peniana da uretra, ou seja, o corpo esponjoso envolve a uretra peniana.
Apresenta duas dilatações, uma anterior (glande do pênis) e a outra posterior (bulbo
do pênis).
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desse órgão pelo óstio externo da uretra. São encontradas quatro porções na uretra
masculina: prostática, membranosa, bulbouretral e peniana.
1.8 SÊMEN
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enzimas seja particularmente importante para abrir passagem entre as células da
granulosa, de modo que o espermatozoide possa chegar até o óvulo e fertilizá-lo.
Ao chegar à zona pelúcida do óvulo, a membrana anterior do
espermatozoide se liga especificamente a uma proteína receptora na zona pelúcida,
com isso toda membrana anterior do acrossoma se dissolve rapidamente, e todas as
enzimas acrossômicas são logo liberadas. Ocorrem reações químicas e, dentro de
minutos, elas abrem passagem para a penetração da cabeça dos espermatozoides
por meio da zona pelúcida e, o material genético do espermatozoide penetra no
óvulo.
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g) 60% dos espermatozoides vivos no ejaculado.
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venosos cavernosos, que normalmente estão relativamente vazios, mas que se
dilatam de modo acentuado quando o sangue flui para dentro deles sob pressão.
Esses corpos eretores também são circundados por forte revestimento fibroso, por
esta razão, a pressão elevada no interior dos sinusoides causa o bombeamento do
tecido erétil de tal modo que o pênis fica rígido e alongado.
A emissão e a ejaculação são o clímax do ato sexual masculino. Quando o
estímulo sexual fica extremamente intenso, os centros reflexos da medula espinhal
começam a emitir estímulos simpáticos que deixam a medula por L1 e L2 e vão até
os órgãos genitais, iniciando a emissão, precursora da ejaculação.
A emissão inicia-se tanto pela contração do ducto deferente quanto pela sua
ampola, ocasionando a expulsão do esperma para uretra interna. Em seguida,
contrações das vesículas seminais e do revestimento muscular da próstata expelem
o líquido seminal e o líquido prostático, forçando o esperma para diante. Todos
esses líquidos misturam-se ao muco já secretado pelas glândulas bulbouretrais,
formando o sêmen. O processo até esse ponto é a emissão.
O enchimento da uretra interna produz estímulos que são transmitidos à
região sacral da medula espinhal. Esses sinais na medula sacral, por sua vez,
excitam ainda mais a contração rítmica dos órgãos genitais internos, provocando,
também, contrações dos musculoesqueléticos isquiocavernoso e bulbocavernoso,
que comprimem as bases do tecido erétil do pênis. Esses efeitos aumentam ainda
mais os movimentos peristálticos em forma de ondas, da pressão dos ductos
genitais e da uretra, que projetam o sêmen da uretra para o exterior. Esse processo
é denominado ejaculação. Ao mesmo tempo, contrações rítmicas dos músculos
pélvicos e, até mesmo, de alguns dos músculos do tronco causam movimentos
projetivos da pelve e do pênis, que também ajudam a impelir o sêmen para os
recessos mais profundos da vagina e, talvez, mesmo até o útero, por meio do colo
uterino.
O organismo masculino é compreendido como todo esse período de
emissão e ejaculação. Quando ele termina, a excitação sexual masculina
desaparece quase totalmente em 1 a 2 minutos e a ereção cessa, um processo
denominado resolução.
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1.10 TESTOSTERONA E OUTROS HORMÔNIOS SEXUAIS MASCULINOS
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desenvolvimento da glândula próstata, das vesículas seminais e dos dutos genitais
masculinos, suprimindo ao mesmo tempo a formação dos órgãos genitais femininos.
Uma outra função importante da testosterona durante a vida intrauterina do
feto é a descida dos testículos da cavidade abdominal para o escroto, que ocorre
frequentemente entre o 8º e 9º mês de gravidez. Quando o feto nasce sem essa
descida, a administração de testosterona pode resolver essa anormalidade; ou a
administração de hormônios gonadotrópicos, que estimulam as células intersticiais
dos testículos a produzirem testosterona. Se por acaso, mesmo com a administração
desses hormônios, os testículos não descerem, uma intervenção cirúrgica pode ser
necessária.
A secreção de testosterona após a puberdade faz o pênis, o escroto e os
testículos aumentarem de tamanho cerca de oito vezes até por volta dos 20 anos de
idade. Além disso, a testosterona faz com que se desenvolvam ao mesmo tempo as
características sexuais secundárias masculinas, começando na puberdade, e
terminando na maturidade. Essas características sexuais secundárias, promovidas
pela testosterona, além dos próprios órgãos sexuais, distinguem o homem da mulher
na distribuição de pelos corporais (no púbis, na face, no tórax, nas costas e aumenta
a quantidade de pelo por quase todo o corpo); na voz mais grave porque ela causa
hipertrofia da mucosa laríngea e o aumento da laringe, esses efeitos causam
inicialmente voz relativamente dissonante, “rachada”, mas que passa de modo
gradual à típica, voz profunda masculina e também aumenta a espessura da pele
em todo o corpo.
Além disso, uma das mais importantes características masculinas é o
desenvolvimento crescente da musculatura após a puberdade; os homens têm em
média um aumento da ordem de 50% da massa muscular em relação às mulheres.
No músculo, a testosterona aumenta o volume, a força muscular e o vigor, devido a
esses efeitos, a testosterona (ou, mais comumente, um andrógeno sintético em seu
lugar) é muito utilizada por atletas para melhorar seu desempenho.
Geralmente, o homem apresenta uma quantidade maior de hemácias do que
as mulheres. Essa realidade não está relacionada com a estimulação da produção
de eritrócitos diretamente pela testosterona, e sim, com o aumento do metabolismo
induzido por este hormônio. Também a retenção de cálcio e o aumento da matriz
extracelular óssea são condições promovidas pela testosterona. Dessa forma, esse
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hormônio nos ossos atua promovendo o crescimento ósseo em espessura e também
depositam quantidade substancial de sais de cálcio.
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vulva ou pudendo, e é composto pelo monte púbico, clitóris, lábios maiores, lábios
menores, vestíbulo, glândulas vestibulares maiores e hímen (Figura 7). Já os órgãos
femininos internos da reprodução incluem a vagina, o útero, as tubas uterinas e os
ovários.
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(pelos pubianos), que após a puberdade se tornam espessos, longos e com
distribuição característica.
O monte de Vênus e os lábios maiores são revestidos por pele e de pelos,
ao contrário do resto da vulva, que é revestida de mucosa.
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caracterizados, porém, as extremidades parecem unir-se por uma prega transversal
da pele chamada frênulo dos lábios menores.
2.4 VESTÍBULO
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2.6 CLITÓRIS
2.7 HÍMEN
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Portanto, anatomicamente nem a presença nem a ausência do hímen pode
ser considerado como critério classificatório para a virgindade. Após a dilaceração
ou ruptura da membrana, restam pequenos fragmentos no local de inserção de sua
margem, são as chamadas carúnculas himenais.
2.8 VAGINA
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estratificado, que forma espessas pregas transversais que se mantém umedecida
por secreções cervicais.
2.9 ÚTERO
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Esse é o órgão que aloja e garante um ambiente adequado para o
desenvolvimento do embrião e do feto, apresenta-se envolto pelo ligamento largo
(Figuras 9A e 10), tem em geral a forma de uma pera invertida, na mulher não
grávida, que em seu estado normal, mede aproximadamente 7,5 cm de comprimento
e 5 cm de largura.
Ele distingue-se em quatro partes: fundo, corpo, istmo e cérvix (colo)
(Figura 9A). O corpo comunica-se de cada lado com suas respectivas tubas
uterinas, e a porção acima do óstio das tubas uterinas é o chamado fundo do útero.
O corpo é a porção principal e estende-se até o istmo, uma região inferior
estreitada, curta, medindo cerca de 1 cm ou menos, a ele segue o colo do útero que
faz projeção na vagina e com ela se comunica pelo óstio do útero.
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O útero pode variar de forma, tamanho, posição e estrutura de acordo com a
idade, estado nutricional, nuliparidade ou multiparidade, volume da bexiga urinária e
do reto e, sobretudo, do estado de gestação.
Estruturalmente o útero apresenta três túnicas: uma interna ou endométrio,
que passa por modificações de acordo com a fase do ciclo menstrual, uterino ou da
gravidez; uma média ou miométrio, formado por fibras musculares lisas embebidas
em tecido conjuntivo, que consiste na maior parte da parede uterina e uma externa
ou perimétrio (Figura 9A), representada pelo peritônio.
As paredes do útero são espessas em razão da musculatura, porém, a
cavidade uterina é relativamente estreita no útero não gravídico. Mensalmente, o
endométrio passa por modificações (aumento do volume do endométrio com
formação de abundantes redes capilares) com a finalidade de se preparar para
receber o zigoto, ou seja, o futuro embrião. Não ocorrendo fertilização, toda essa
camada que se formou para receber o zigoto se descama, com hemorragia e,
concomitantemente, a eliminação sanguínea através da vagina e vulva, fenômeno
conhecido como menstruação.
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circular e uma externa longitudinal descontínua, e a camada serosa é formada
basicamente por tecido conjuntivo fibroso.
O óstio das tubas uterinas confere uma outra diferença existente entre o
homem e a mulher; elas permitem na mulher a comunicação da cavidade peritoneal
com o ambiente externo, por meio das tubas uterinas, cavidade uterina, canal
vaginal e vulva, comunicação essa inexistente no homem, onde a cavidade
peritoneal é dita fechada.
As tubas uterinas podem ser divididas em quatro partes, partindo do útero
para o ovário são: intramural (na parede do útero), istmo, ampola e infundíbulo
(Figura 10). O istmo abre-se na cavidade uterina, sendo continuado pela ampola,
uma parte dilatada e central da tuba, em que geralmente ocorre a fertilização, que
por sua vez, continua-se com o infundíbulo, estrutura em forma de funil cuja base se
encontra o óstio abdominal da tuba e é dotado em suas margens por progressões
digitiformes ou fímbrias, que se curvam e dobram-se em torno do ovário, mas, não
necessariamente está em contato direto com ele.
Quando um óvulo amadurece e é expelido do ovário, as fímbrias funcionam
como tentáculos, trazendo-o para o interior da tuba, onde pode ocorrer o encontro
com o espermatozoide e a consequente fertilização; os movimentos ciliares e
peristálticos conduzem o óvulo ou zigoto para o interior do útero.
2.11 OVÁRIOS
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modelar o corpo feminino de acordo com suas características; aumento dos lábios
maiores e menores, clitóris; aparecimentos das mamas e entre outros) e atuam
sobre o útero nos mecanismos de implantação do óvulo fecundado e início do
desenvolvimento do embrião.
Antes da primeira ovulação, os ovários são frequentemente lisos e rosados,
mas após sucessivas ovulações tornam-se branco-acinzentados e rugosos devido
às características deixadas pelas subsequentes ovulações, e aos poucos vão se
atrofiando de modo que, nas idosas, o seu tamanho está consideravelmente menor.
Já no final do desenvolvimento embrionário, a menina contém nos seus
dois ovários todas as células que irão se transformar em gametas (óvulos). Essas
células, os ovócitos primários, encontram-se dentro de estruturas denominadas
folículos ovarianos. A partir da adolescência, com a puberdade, sob estimulação
hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a desenvolver. Os folículos
em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno.
Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o desenvolvimento
e a maturação, rompendo-se e liberando o ovócito secundário (gameta feminino);
fenômeno conhecido como ovulação, discutido posteriormente. Após seu
rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo lúteo (corpo
amarelo), que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com o
tempo, o corpo lúteo passa por um processo de involução e se converte em corpo
albicans (corpo branco), uma pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no
ovário (Figura 11).
O corpo albicans é considerado uma cicatriz deixada pelo ovócito que se
rompeu e partiu do ovário para as tubas uterinas.
Compreendemos que diferentemente dos homens, que têm um órgão (o
pênis) que possui várias finalidades (ter relações sexuais, reprodução e urinar), a
mulher tem vários órgãos diferentes para essas funções: vagina (canal muscular
que vai da vulva ao útero), que serve para ter relações sexuais funcionando como
órgão de cópula, passagem do feto e produtos da menstruação; a uretra (canal que
vai da vulva à bexiga), que serve para conduzir a urina do organismo para o meio
ambiente e o clitóris, que serve exclusivamente para o prazer sexual.
É importante ressaltar que a uretra no homem é comum tanto ao sistema
reprodutor quanto ao sistema urinário, diferentemente do que se observa nas
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38
mulheres, nas quais a uretra funciona única e exclusivamente para conduzir a urina
do ambiente interno para o externo.
Principais componentes ovarianos dee uma mulher em idade reprodutiva. FONTE: Junqueira e
Carneiro, 2004.
2.11.1 Ovulogênese
AN02FREV001/REV 4.0
39
malformação genética do embrião. Esse é um problema que pode ocorrer em
mulheres que são mães tardiamente.
As ovogônias são células diploides (46 cromossomos) e grandes que por
divisões mitóticas originam os ovócitos primários, os quais passam por meiose,
sendo a primeira etapa chamada de reducional ou meiose I, pois, ocorre a redução
do número de cromossomos, de 46 para 23, no ovócito secundário. A meiose I no
ovócito primário (célula diploide) origina duas células haploides, o ovócito
secundário e o primeiro glóbulo polar (Figura 12). Essas duas células possuem
tamanhos diferentes, sendo que o ovócito secundário recebe a maior parte do
citoplasma e o corpúsculo polar é uma célula, pois, recebe uma menor quantidade
de citoplasma.
O ovócito secundário por sua vez origina o óvulo, na segunda etapa da
meiose, tida como equacional ou meiose II, pois, mantém o número haploide (23)
de cromossomos.
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40
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/biologia/ovulogenese.htm>. Acesso em: 22 fev.
2014.
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41
A reprodução começa pelo desenvolvimento de óvulos nos ovários. Nos
meados de cada ciclo menstrual, um só óvulo é expelido normalmente, porém,
raramente pode ser expelido mais de um óvulo para a cavidade abdominal por um
folículo ovariano. Esse óvulo atinge o útero pelas tubas uterinas e caso tenha sido
fertilizado por um espermatozoide é implantado na parede uterina e começa o
processo de implantação do futuro embrião.
Na época da puberdade, os dois ovários contêm de 400.000 a 500.000
óvulos. Cada óvulo é circundado por uma camada única de células da granulosa e é
denominado folículo primordial. São células consideradas gigantes e haploides,
enquanto que os espermatozoides são células microscópicas (visualizadas somente
no microscópico eletrônico com aumento de no mínimo de 1.200 vezes) e móveis
graças aos movimentos flagelados. Durante toda vida reprodutiva da mulher, apenas
cerca de 400 folículos se desenvolvem o suficiente para expelir seu óvulo; o restante
se degenera. Portanto, uma mulher ao longo da vida ovula 400 vezes desde que não
faça uso de métodos contraceptivos que impeçam a ovulação. Ao final do ciclo
reprodutivo, denominado menopausa, apenas alguns folículos primordiais
permanecem nos ovários, e mesmo esses se degeneram depois.
O sistema hormonal feminino, assim como no masculino consiste em três
hierarquias distintas de hormônios, o hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH),
secretado pelo hipotálamo, que atua na adeno-hipófise promovendo a liberação de
LH e FSH, que por sua vez, atuam estimulando os ovários a secretar os hormônios
ovarianos estrogênio e progesterona.
AN02FREV001/REV 4.0
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dias, porém, mesmo em mulheres inteiramente normais podem ocorrer alterações na
duração desses dias tanto para mais quanto para menos.
Como vimos, as alterações ovarianas durante o ciclo sexual dependem
inteiramente dos hormônios gonadotrópicos secretados pela hipófise anterior. Os
ovários que não são estimulados por esses hormônios permanecem totalmente
inativos, como acontece naturalmente durante toda infância, quando não é
secretado nenhum hormônio gonadotrópico. A partir da idade de 8 anos,
progressivamente a hipófise começa a secretar cada vez mais hormônio
gonadotrópico, o que culmina no início dos ciclos sexuais mensais, que
normalmente, ocorre entre os 11 a 15 anos de idade, onde ocorre a menarca
(primeira menstruação) e esse período na vida das meninas é denominado
puberdade.
Os hormônios LH e FSH são pequenas glicoproteínas com peso molecular
de cerca de 30.000. A cada mês do ciclo sexual feminino, ocorre elevação e
diminuição cíclicas do FSH e LH, que por sua vez, causam alterações ovarianas
cíclicas na produção de estrógeno e progesterona.
Durante toda infância, os folículos primordiais não crescem, porém, na
puberdade, quando o FSH e o LH da glândula hipófise anterior começam a ser
secretados em grandes quantidades, todo ovário e muitos dos folículos nele contido,
começam a crescer. O primeiro estágio do crescimento folicular é o aumento do
óvulo propriamente dito e, o crescimento de células da granulosa; o folículo é
designado, então, folículo primário. Algumas semanas antes da ovulação,
desenvolve-se muitas camadas de células da granulosa. As células tecais
(localizadas ao redor das células da granulosa) se originam do estroma ovariano,
logo assumindo características epitelioides. Assim, essas células da granulosa e
tecais secretam os hormônios ovarianos estrogênio e progesterona.
No início de cada ciclo sexual, a concentração de FSH e LH aumenta
promovendo um crescimento acelerado das células tecais e granulosa em cerca de
20 folículos ovarianos a cada mês. Essas células, por sua vez, secretam um líquido
folicular contendo concentração elevada de estrogênio, um dos importantes
hormônios sexuais femininos. O acúmulo desse líquido no folículo faz aparecer no
meio da massa de células tecais e da granulosa, um antro, espaço no qual esse
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43
líquido fica retido. Nessa fase, o folículo em crescimento é denominado folículo
antral ou vesicular (Figura 13).
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44
2.12.2 Ovulação
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45
ocorrido. Assim a massa de células da granulosa que ainda fica no ovário no local
da ruptura do folículo transforma-se no corpo lúteo.
O corpo lúteo secreta grande quantidade dos hormônios estrogênio e
progesterona. As células do corpo lúteo são grandes e apresentam inclusões
lipídicas, que lhes confere uma cor amarelada característica, da qual deriva o termo
lúteo, que significa amarelo.
Normalmente, o corpo lúteo cresce até 1,5 cm, atingindo esse estágio de
desenvolvimento cerca de 7 a 8 dias após a ovulação. Depois disso ele começa a
involuir e perde a sua função secretora, aproximadamente 12 dias após a ovulação,
tornam-se, então, o chamado corpo albicans, que durante as semanas
subsequentes é substituído por tecido conjuntivo.
A conversão das células da granulosa nas células luteínicas do corpo lúteo
requer a presença do LH. De fato, essa é a razão do seu nome. Também, na
presença contínua do LH, o crescimento do corpo lúteo é maior, sua secreção
aumenta e sua vida é prolongada.
Quando o corpo lúteo está ativo, como vimos, ele secreta grandes
quantidade de estrogênio e progesterona, que inibe a síntese do hormônio liberador
da gonadotropinas (GnRH) pelo hipotálamo, reduzindo, dessa forma, a produção de
LH e FSH (Figura 15); como consequência, durante esse período, nenhum novo
folículo começa a crescer no ovário. Entretanto, quando o corpo lúteo se degenera
totalmente, ao fim do 12° dia de sua vida (aproximadamente no 26° do ciclo sexual
feminino), a perda da supressão por feedback possibilita, agora, a glândula hipófise
anterior começar mais uma vez a secretar quantidades maiores de FSH e LH. Esses
dois hormônios promovem o crescimento de folículos, dando origem a um novo ciclo
ovariano. Ao mesmo tempo, a pequena secreção de progesterona e estrogênio leva
à menstruação pelo útero.
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46
FIGURA 15 OS HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS CONTROLAM A MAIORIA DAS
FUNÇÕES OVARIANAS
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progestinas a mais importante é, sem dúvida, a progesterona. Os estrógenos
promovem principalmente o crescimento dos órgãos sexuais femininos nas meninas
e o desenvolvimento da maioria das características sexuais secundárias femininas.
Por outro lado, as progestinas destinam-se quase que totalmente à preparação final
do útero para a gravidez e das mamas para a amamentação.
Tanto o estrógeno quanto a progesterona são esteroides sintetizados pelos
ovários a partir do colesterol derivado do sangue, mas também, em pequeno grau,
da acetil coenzima A, e múltiplas moléculas dela podem combinar-se para formar o
núcleo esteroide apropriado.
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48
sistemas de ductos. Os lóbulos e os alvéolos da mama desenvolvem-se em
pequeno grau, mas são a progesterona e a prolactina que causam o crescimento
determinativo e o funcionamento dessas estruturas. Em suma, os estrógenos
desencadeiam o crescimento das mamas e do aparelho mamário produtor de leite,
sempre também responsáveis pela aparência externa característica da mama
feminina adulta, mas não completam a conversão das mamas em órgãos produtores
de leite.
Os estrógenos também apresentam a capacidade de aumentar a atividade
osteoblástica, ou seja, de atuar nos ossos, aumentando a síntese de matriz
extracelular calcificada. Quando a menina entra na puberdade, sua altura se altera
agudamente. Entretanto, os estrógenos têm outro potente efeito sobre o crescimento
do esqueleto, que acaba por fazer cessar o aumento da altura, isto é, os estrógenos
causam a união precoce das epífises às hastes dos ossos longos. Esse efeito é
muito mais forte nas mulheres do que o efeito semelhante da testosterona nos
homens. Como consequência o crescimento feminino cessa naturalmente alguns
anos antes do masculino.
Os estrógenos causam o depósito de maior quantidade de gordura nos
tecidos subcutâneos, mamas, nádegas e coxas, produzindo o alargamento dos
quadris característicos das mulheres.
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49
A progesterona promove o desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos
mamários, fazendo as células alveolares proliferarem, aumentando de tamanho e
assumirem natureza secretória, porém, ela não faz os alvéolos secretar leite, tarefa
exercida pela prolactina, hormônio secretado pela adeno-hipófise.
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50
substâncias secretoras se acumulam nas células epiteliais glandulares e as
glândulas secretam pequenas quantidades de líquido endometrial. Há um acúmulo
de lipídios e glicogênio nas células do estroma endometrial, bem como ocorre um
aumento do suprimento sanguíneo para o endométrio nessa fase. A espessura do
endométrio dobra aproximadamente durante a fase secretora, de modo que, ao final
do ciclo mensal, o endométrio tem espessura de 5 a 6 mm.
Todas essas alterações endometriais visam produzir um endométrio
altamente secretor, contendo grande reserva de nutrientes, capaz de proporcionar
condições apropriadas à implantação de um óvulo fertilizado durante a última
metade do ciclo mensal.
Menstruação: é causada por uma redução súbita tanto de progesterona
quanto dos estrógenos ao final do ciclo mensal do ovário. O primeiro efeito é a
menor estimulação das células endometriais por esses dois hormônios, seguida
rapidamente pela involução do próprio endométrio para cerca de 65% de sua
espessura anterior. Durante as 24 horas que precedem o início da menstruação, os
vasos sanguíneos que vão para as camadas mucosas do endométrio sofrem
vasoespasmo e isso promove o início da necrose do endométrio. Como
consequência, o sangue extravasa para os tecidos da camada vascular do
endométrio, e as áreas hemorrágicas crescem num período de 24 a 36 horas.
Gradativamente, as camadas externas necrosadas se descamam do útero no local
das hemorragias, até que aproximadamente 48 horas após o início da menstruação
todas as camadas superficiais do endométrio tenham se desprendido. O tecido
descamado e o sangue na cavidade uterina produzem contrações uterinas que
expelem o conteúdo uterino.
Durante a menstruação normal, são perdidos aproximadamente 40 ml de
sangue e outros 35 ml de líquido seroso. Esse líquido menstrual normalmente não
se coagula, pois uma fibrinolisina é liberada junto com o material endometrial
necrosado. Dentro de 4 a 7 dias do início da menstruação, a perda de sangue cessa,
pois a essa altura, o endométrio já foi totalmente reepitelizado.
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FIGURA 16 TRANSFORMAÇÕES QUE OCORREM NA MUCOSA UTERINA
(ENDOMÉTRIO) DURANTE UM CICLO MENSTRUAL
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52
3 FERTILIZAÇÃO OU FECUNDAÇÃO E FORMAÇÃO DO ZIGOTO
Durante a ovulação, acredita-se que fímbrias varram o folículo que se rompe, colham o ovócito e o
conduzem para dentro da tuba uterina. FONTE: Sadler, 1997.
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muitas vezes mais rápido do que a motilidade dos próprios espermatozoides pode
conseguir, o que indica que movimentos propulsivos do útero e das tubas uterinas
podem ser responsáveis por grande parte do movimento dos espermatozoides.
Entretanto, mesmo com essa ajuda, apenas 1.000 a 3.000 dos quase 500 milhões
de espermatozoides depositados na vagina conseguem percorrer a tuba uterina e
chegar próximo do óvulo.
Só é necessário um espermatozoide para fertilizar o óvulo. De fato, muitos
espermatozoides tentam efetivamente penetrar na zona pelúcida, mas só um
consegue. Uma vez que o primeiro espermatozoide atravessa a zona pelúcida,
ocorre uma reação de zona nessa camada amorfa que a torna impermeável a
outros espermatozoides (Figura 18).
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54
Acredita-se que a reação de zona seja resultante da ação de enzimas
lisossomais liberadas pelos grânulos corticais existentes no citoplasma próximo à
membrana plasmática do óvulo. O conteúdo destes grânulos, que são liberados para
o espaço perivitelino, provoca mudanças na membrana plasmática do óvulo,
tornando-a igualmente impermeável aos espermatozoides.
Após o espermatozoide penetrar no óvulo, sua cabeça aumenta rapidamente
de volume, formando o pronúcleo masculino. Depois os 23 cromossomos do
pronúcleo masculino e os 23 cromossomos do pronúcleo feminino se dispõem de
modo a formar novamente um complemento completo de 46 cromossomos (23
pares) no óvulo fertilizado, ou seja, o zigoto.
Os principais resultados da fertilização são:
1. restauração do número diploide de cromossomos, metade dos
quais do pai e metade da mãe. Portanto, o zigoto contém uma nova
combinação de cromossomos que difere da de ambos os pais;
2. determinação do sexo do novo indivíduo. Um espermatozoide
portador de um X produzirá um embrião feminino (XX), enquanto um
espermatozoide portador de um Y produzirá um embrião masculino (XY).
Portanto, o sexo cromossômico do embrião é determinado na fertilização;
3. início da clivagem. Sem a clivagem, geralmente o ovócito degenera
24 horas após a ovulação.
A fertilização do óvulo ocorre normalmente logo após o óvulo penetrar na
tuba uterina. Após a fertilização, são necessários em média 3 a 4 dias para
transporte do zigoto até a cavidade do útero ao longo da tuba. Esse transporte é
realizado principalmente pela fraca corrente de líquido na tuba uterina propiciada
pela ação dos cílios do epitélio que reveste a tuba. Também é possível que as fracas
contrações das tubas uterinas auxiliem a passagem do zigoto.
Esse demorado transporte do zigoto pela tuba uterina possibilita a
ocorrência de vários estágios de divisão mitótica do zigoto, formando vários
blastômeros (Figuras 18 e 19). Primeiro, o zigoto se divide em duas células; estas
então se dividem em quatro blastômeros, oito blastômeros, e assim por diante
(Figura 18). No estágio de 12 blastômeros ou mais, obtém-se a mórula, uma bola
sólida de blastômeros (Figuras 18 e 19).
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55
FIGURA 19 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS EVENTOS QUE
OCORREM DURANTE A PRIMEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
A, Fertilização 12-24 horas após a ovulação. B, Estágio de 2 a 8 células. C, Mórula contendo 12-16
blastômeros (aproximadamente três dias após a fertilização). D, Estágio de blastocisto inicial
(aproximadamente quatro dias e meio). A zona pelúcida já desapareceu. Fase inicial da implantação
(blastocisto com aproximadamente seis dias de idade). O ovário mostra os estádios de transformação
de um folículo primário até um folículo de graaf, assim como um corpo lúteo. FONTE: Herlihy e
Maebius, 2002.
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FIGURA 20 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO DESENVOLVIMENTO DE
UM ZIGOTO DESDE O ESTÁDIO DE DUAS CÉLULAS ATÉ O ESTÁGIO DE
BLASTOCISTO
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Mais ou menos no momento em que a mórula penetra a cavidade uterina,
um fluido começa a penetrar os espaços intercelulares da massa celular interna.
Gradualmente, os espaços intercelulares tornam-se confluentes e, finalmente,
forma-se uma cavidade única, a blastocele ou cavidade blastocística. Nesse
momento, o embrião é denominado blastocisto (Figura 19). As células da massa
celular interna, agora denominadas embrioblasto, localizam-se em um polo,
enquanto as da massa celular externa, ou trofoblasto, achatam-se e formam a
parede epitelial do blastocisto. A zona pelúcida já desapareceu, possibilitando que a
implantação se inicie.
4 IMPLANTAÇÃO OU NIDAÇÃO
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58
FIGURA 21 ESQUEMAS DE BLASTOCISTOS
AN02FREV001/REV 4.0
59
FIGURA 22 ÚTERO NA FASE SECRETORA OU PROGESTACIONAL
Observar glândulas endometriais tortuosas e dilatadas nesta fase. FONTE: Junqueira e Carneiro,
2004.
A seguir é feito um relato dia a dia dos principais eventos que ocorrem
durante a segunda semana do desenvolvimento. Contudo, é preciso lembrar que
embriões com a mesma idade de fertilização não se desenvolvem necessariamente
com a mesma velocidade. De fato, foram encontradas diferenças consideráveis na
velocidade de crescimento embrionário mesmo nesses estádios tão precoces do
desenvolvimento.
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60
5.1 OITAVO DIA DO DESENVOLVIMENTO
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61
FIGURA 23 DESENHO REPRESENTANDO UM BLASTOCISTO HUMANO,
PARCIALMENTE INSERIDO NO ESTROMA ENDOMETRIAL
O trofoblasto consiste em uma camada interna com células mononucleares, o citotrofoblasto, e uma
camada externa sem limites celulares inidentificáveis, o sinciciotrofoblasto. O embrioblasto é formado
pelas camadas germinativas, denominadas epiblasto e hipoblasto. A cavidade amniótica aparece
como uma pequena fenda. FONTE: Sadler, 1997.
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membrana, juntamente com o hipoblasto, constitui o revestimento da cavidade
exocelômica (saco vitelino primitivo) (Figura 23).
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63
O trofoblasto caracteriza-se, neste estádio, por espaços lacunares no
sincício, que formam uma rede intercomunicante. Isto é especialmente evidente no
polo embrionário; contudo, no polo não embrionário, o trofoblasto ainda consiste
basicamente em células citotrofoblásticas.
Ao mesmo tempo, células do sinciciotrofoblasto penetram mais
profundamente o estroma, erodindo o revestimento endotelial dos capilares
maternos. Esses capilares apresentam-se congestionados e dilatados, sendo
conhecidos como sinusoides.
As lacunas sinciciais tomam-se então contínuas com os sinusoides,
permitindo que o sangue materno invada o sistema. Enquanto o trofoblasto
prossegue com a erosão de um número cada vez maior de sinusoides, o sangue
materno começa a fluir através do sistema trofoblástico, estabelecendo assim a
circulação uteroplacentária.
Paralelamente, surge uma nova população de células entre a superfície
interna do citotrofoblasto e a superfície externa da cavidade exocelômica. Essas
células são derivadas das células do saco vitelino e formam o tecido conjuntivo
delgado e frouxo, o mesoderma extraembrionário, que irá preencher todo o
espaço entre a superfície externa do âmnio e a superfície interna da membrana
exocelômica. Grandes cavidades logo se formam no mesoderma extraembrionário e,
ao se tornarem confluentes, forma-se um novo espaço, denominado celoma
extraembrionário (cavidade coriônica) (Figura 25). Este espaço envolve o saco
vitelino primitivo e a cavidade amniótica, exceto na região onde o disco germinativo
está ligado ao trofoblasto pelo pedículo de ligação. O mesoderma extraembrionário
que reveste o citotrofoblasto e o âmnio é denominado mesoderma somatopleural
extraembrionário; o revestimento do saco vitelino é denominado mesoderma
esplancnopleural extraembrionário (Figura 25).
O crescimento do disco germinativo bilaminar é relativamente lento quando
comparado ao lado do trofoblasto; consequentemente, o disco apresenta-se muito
pequeno (0,1 - 0,2 mm). Enquanto isso as células endometriais adquirem forma
poliédrica e enchem-se de glicogênio e lipídios; os espaços intercelulares são
ocupados por exsudato, e o tecido apresenta-se edematoso. Essas mudanças,
conhecidas como reação tecidual, estão inicialmente confinadas à área
AN02FREV001/REV 4.0
64
imediatamente vizinha ao sítio de implantação, mais logo se espalham por todo o
endométrio.
As lacunas trofoblásticas no polo embrionário estão em conexão aberta com os sinusoides maternos
no estroma endometrial. O mesoderma extraembrionário prolifera e preenche os espaços entre a
membrana exocelômica e o aspecto interno do trofoblasto. FONTE: Sadler, 1997.
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65
caracteriza-se pelo aparecimento de estruturas vilamentosas. As células dos
citotrofoblasto proliferam localmente e invadem o sinciciotrofoblasto, formando
colunas celulares cercadas por sincício. Estas colunas de células revestidas pelo
sincício são chamadas de vilosidades primárias (Figura 26).
Simultaneamente, o hipoblasto produz células adicionais que migram ao
longo da face interna da membrana exocelômica. Estas células proliferam e formam
gradualmente uma nova cavidade no interior da cavidade exocelômica. Esta nova
cavidade é denominada saco vitelino secundário ou definitivo (Figura 26). Esse
saco vitelino é bem menor do que cavidade exocelômica original ou saco vitelo
primitivo. Durante sua formação, grandes porções da cavidade exocelômica se
desprendem. Essas porções são representadas pelos cistos exocelômicos, que
são frequentemente encontrados no celoma extraembrionário ou cavidade
coriônica.
Paralelamente, o celoma extraembrionário expande-se para constituir uma
grande cavidade, conhecida como a cavidade coriônica. O mesoderma
extraembrionário que reveste o interior do citotrofoblasto passa então a ser chamado
de placa coriônica. O único ponto onde o mesoderma extraembrionário cruza a
cavidade coriônica é no pedículo de ligação (Figura 26). Com o desenvolvimento
de vasos sanguíneos, o pedúnculo transforma-se no cordão umbilical.
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FIGURA 26 DESENHO DE UM BLASTOCISTO HUMANO DE 13 DIAS
As lacunas trofoblásticas então agora presentes tanto no colo embrionário quanto no polo não
embrionário, e a circulação o uteroplacentária já está estabelecida. Observe as vilosidades primarias
e o celoma extraembrionário, ou cavidade coriônica. O saco vitelino secundário apresenta-se
totalmente revestido por endoderma. FONTE: Sadler, 1997.
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67
5.5 CORRELAÇÕES CLÍNICAS
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FIGURA 27 DESENHO REPRESENTANDO SÍTIOS ANORMAIS DE
IMPLANTAÇÃO DO BLASTOCISTO
1. Sítio de implantação na cavidade abdominal. O óvulo fertilizado implanta-se na maioria das vezes
na cavidade retouterina (bolsa de douglas), mas pode implantar-se em qualquer ponto revestido por
peritônio. 2. Implantação na região da ampola da tuba. 3. Implantação tubária. 4. Implantação
intersticial, isto é, na porção estreita da tuba uterina. 5. Implantação na região do óstio interno, que
resulta frequentemente em placenta prévia. FONTE: Sadler, 1997.
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69
do epiblasto (Figura 28). No início, a linha primitiva é mal definida, mas, em um
embrião de 15-16 dias, ela é claramente visível como um sulco estreito com bordas
levemente salientes de ambos os lados. A extremidade cefálica da linha, conhecida
como nó primitivo, consiste em uma área um pouco saliente que circunda a
pequena fosseta primitiva.
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70
contato um com o outro e que a linha primitiva forma um sulco na região caudal do embrião. FONTE:
Sadler, 1997.
Em uma seção transversal por meio da região do sulco primitivo, vê-se que
as células têm forma de garrafa e que uma nova camada se forma entre o epiblasto
e o hipoblasto. Células do epiblasto migram em direção à linha primitiva para formar
o mesoderma e o endoderma intraembrionário. Ao chegar à região da linha, elas
assumem a forma de garrafa, destacam-se do epiblasto e deslizam por abaixo dele.
Esse movimento para dentro é conhecido como invaginação (Figura 29). Uma vez
invaginadas, algumas células deslocam o hipoblasto, criando, dessa maneira, o
endoderma embrionário, enquanto outras formam o mesoderma ao se disporem
entre o epiblasto e o endoderma recém-criado. As células que permanecem no
epiblasto formam, então, o ectoderma. Desse modo, o epiblasto, por meio do
processo da gastrulação, constitui a fonte de todas as camadas germinativas do
embrião (isto é, ectoderma, mesoderma e endoderma).
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71
FIGURA 29 A. VISTA ESQUEMÁTICA DO LADO DORSAL DO DISCO
GERMINATIVO DE UM EMBRIÃO DE 16 DIAS
Notar o movimento das células epiblásticas superficiais (linhas pretas contínuas) através da linha
primitiva e do nó, assim como a migração subsequente de células entre o hipoblasto e o epiblasto
(linhas interrompidas). B. Seção transversal da região cefálica da linha 15 dias, mostrando a
invaginação de células de epiblasto. As primeiras células a se moverem para dentro deslocam o
hipoblasto para criar o endoderma definitivo. Uma vez estabelecido o endoderma definitivo, o
epiblasto que se move para dentro forma mesoderma. FONTE: Sadler, 1997.
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72
em frente a essa área, onde formam a placa cardiogênica ou formadora do
coração (Figura 29).
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73
FIGURA 30 FORMAÇÃO DA NOTOCORDA
As células prenotocordais migram através da linha primitiva, se intervalam no endoderma para formar
a placa notocordal e, finalmente, se destacam do endoderma para formar a notocorda definitiva.
Como esses eventos se dão em uma sequência cefálico-caudal, partes da notocorda definitiva se
estabelecem primeiro na região cefálica. A. Desenho de uma seção sagital através de um embrião de
17 dias. A porção mais cefálica da notocorda definitiva já está formada perto da placa precordal,
enquanto que as células prenotocordais caudais e essa região estão intercaladas no endoderma,
formando a placa notocordal. B. Micrografia eletrônica de varredura de um embrião de camundongo,
mostrando a região da placa precordal (setas). Em situação posterior a essa região e se estendendo
caudalmente está a placa prenotocordal (cabeças de setas). C. Seção transversal esquemática
através da região da placa notocordal. Logo a placa notocordal se destacará do endoderma para
AN02FREV001/REV 4.0
74
formar a notocorda definitiva. D. Micrografia eletrônica de varredura de um embrião de camundongo,
mostrando a separação da placa notocordal do endoderma. E. Vista esquemática, mostrando a
notocorda definitiva. F. Micrografia eletrônica de varredura de um embrião de camundongo,
mostrando a notocorda definitiva (setas) situada junto do tubo neural (nt). FONTE: Moore e Persaud,
2000.
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75
FIGURA 31 A. DESENHO DO ASPECTO DORSAL DE UM EMBRIÃO DE 18 DIAS
AN02FREV001/REV 4.0
76
FIGURA 32 SIRENOMELIA (DISGENESIA CAUDAL)
A perda de mesoderma da região lombossacra resultou na fusão dos brotos dos membros e outros
defeitos. FONTE: Sadler, 1997.
CORRELAÇÃO CLÍNICA
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77
FIGURA 33 TERATOMA SACROCOCCÍGEO
O teratoma sacrococcígeo é resultante de resto da linha primitiva. Esses tumores podem tornar-se
malignos e são mais comuns nas mulheres. FONTE: Sadler, 1997.
AN02FREV001/REV 4.0
78
vasos, por sua vez, estabeleceram comunicação com o sistema circulatório
intraembrionário; dessa forma é estabelecida a ligação entre a placenta e o embrião.
Portanto, quando o coração começa a bater na quarta semana do desenvolvimento,
o sistema de vilosidades está pronto para suprir o embrião com os nutrientes
essenciais e oxigênio.
AN02FREV001/REV 4.0
79
A cavidade coriônica vai aumentando de volume e, por volta do 19º ou 20º
dia, o embrião está preso a sua capa trofoblástica somente por um estreito pedículo
de ligação (Figura 35). O pedículo de ligação desenvolve-se, posteriormente, no
cordão umbilical, que forma a ligação entre a placenta e o embrião.
AN02FREV001/REV 4.0
80
4ª semana (Figura 36)
─ dobramento cefalicocaudal e lateral do embrião.
─ embrião reto ou ligeiramente curvo.
─ tubo neural se formando ou formado entre os somitos, mas
amplamente aberto nos neuroporos rostral e caudal.
─ desenvolvimento dos arcos faríngeos.
─ desenvolvimento do encéfalo anterior.
─ aparecimento dos brotos dos membros superiores e, posteriormente,
dos membros inferiores.
─ surgimento das fossetas óticas (futuros ouvidos internos) e placódios
ópticos (futuros olhos).
─ presença de cauda.
─ embrião em forma de C.
AN02FREV001/REV 4.0
81
─ brotos dos membros superiores e inferiores em forma de remo.
─ aparecimento dos raios digitais da mão aos 33 dias.
─ os braços desenvolvem-se um pouco antes do que as pernas.
─ nesta fase, o embrião apresenta movimentos espontâneos, como,
contrações do tronco e dos membros.
AN02FREV001/REV 4.0
82
FIGURA 38 VISTA LATERAL DE UM EMBRIÃO DE APROXIMADAMENTE 42
DIAS, COM AS ESTRUTURAS INDICADAS
Saliências auriculares
formando a aurícula da
orelha externa
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83
FIGURA 39 VISTA LATERAL DE UM EMBRIÃO DE APROXIMADAMENTE 48
DIAS, COM AS ESTRUTURAS INDICADAS
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84
FIGURA 40 VISTA LATERAL DE UM EMBRIÃO DE APROXIMADAMENTE 52
DIAS, MOSTRANDO AS ESTRUTURAS
AN02FREV001/REV 4.0
85
semestre, já se formaram todos os principais sistemas. No final do segundo
trimestre, o feto pode sobreviver caso nasça prematuro. No terceiro semestre, o feto
atinge o máximo do seu desenvolvimento e com 35 semanas de gestação pesa
2.500 g.
A seguir apresentamos os principais acontecimentos durante o
desenvolvimento fetal:
9ª a 12ª semana
─ no início da nona semana, a cabeça constitui metade do comprimento
do feto.
─ com nove semanas, A face é larga, os olhos estão muito separados, as
orelhas tem implantação baixa e as pálpebras estão fundidas.
─ vários centros de ossificação estão presentes no feto com 12 semanas,
sobretudo, no crânio e nos ossos longos.
─ os membros inferiores estão menos desenvolvidos em relação aos
membros superiores.
─ A genitália externa masculina e feminina são muito semelhantes até o
final da nona semana. A diferenciação da genitália em ambos os sexos
acontece após a 12ª semana.
─ No início do período fetal, o fígado é o principal órgão da eritropoese
(formação dos glóbulos vermelhos do sangue). No final da 12ª semana, essa
atividade diminuiu no fígado e inicia-se no baço.
─ Entre a 9ª a 12ª semana, inicia-se a formação da urina, a qual é
lançada pelo feto no líquido amniótico.
AN02FREV001/REV 4.0
86
─ os ovários já se diferenciaram e contêm folículos primordiais com
ovogônias, com 16 semanas.
─ a genitália externa já pode ser reconhecida com 14 semanas.
─ Os olhos ocupam uma posição anterior da face em vez de
anterolateral.
AN02FREV001/REV 4.0
87
tensoativo que mantém abertos os alvéolos pulmonares em
desenvolvimento.
─ o feto de 22 a 25 semanas, caso nasça, pode sobreviver se receber
cuidados intensivos, embora a chance de morrer seja alta devido à
imaturidade de seu sistema respiratório.
AN02FREV001/REV 4.0
88
─ no final da gestação, a maioria dos fetos são roliços, devido a gordura
subcutânea acumulada. A termo, a quantidade de gordura amarela é de
cerca de 16% do peso corporal.
─ os fetos normais pesam cerca de 3.400 g e possuem um comprimento
CR de 36 cm.
─ em fetos masculinos a termo, os testículos estão no escroto; nos
prematuros, comumente os testículos ainda não desceram.
FIM DO MÓDULO I
AN02FREV001/REV 4.0
89
MÓDULO II
AN02FREV001/REV 4.0
92
Uma associação entre a idade da mulher e a redução da fecundidade tem
sido bem documentada. Esse declínio da fecundidade começa no início da quarta
década de vida e acelera-se no final da quarta década de vida e início da quinta
década de vida. Aproximadamente 30% dos casais em que a parceira tem de 35 a
44 anos são inférteis. As causas mais comuns da infertilidade feminina são: a)
problemas ovarianos, b) endometriose, c) fatores cervicais, d) fatores tubários, e)
fator uterino e f) fator peritoneal (THIESEN et al., 2002).
A produção de espermatozoides pode ter interferência de fatores como a
idade do indivíduo - quanto mais avançada a idade, menor a produção, sua
ocupação profissional - contato com substâncias tóxicas como agrotóxicos e
inseticidas, ou se trabalha em áreas de muito calor e, os antecedentes familiares -
se há doenças hereditárias envolvidas, ou casos de infertilidade familiar.
Outros antecedentes e alguns hábitos pessoais também podem determinar a
existência de espermatozoides com baixa motilidade (capacidade de movimento) e
vitalidade, entre eles: certos tipos de cirurgias, traumatismos, uso de drogas (tanto
entorpecentes quanto algumas substâncias químicas terapêuticas podem provocar
degeneração das células germinativas), álcool e temperatura elevada (MAEGAWA e
CENTA, 2000).
Os ftalatos – usados na produção de plástico e na manufatura de cosméticos
– fazem parte do grupo dos "disruptores endócrinos" e tem conhecido efeito negativo
sobre a fertilidade masculina. Entretanto, ainda existe pouca investigação em
relação à mulher, apesar da alta exposição a estes compostos químicos.
Esse estudo demonstrou que a exposição aos ftalatos - medida pelos níveis
de metabólitos de ftalato na urina – está associada com a redução da fertilidade,
quando avaliada a resposta ao tratamento de FIV. O número de ovócitos e o índice
de implantação foram inversamente proporcionais à concentração de ftalatos na
urina (SOUTER et al., 2013).
Outro fator que pode afetar a fertilidade nas mulheres é o trabalho noturno e
alteração do sono-vigília. Strocker et al. (2013), por meio de um estudo de meta-
análise que inclui artigos publicados entre 1969 e janeiro de 2013 sobre o impacto
de horários de trabalho não padrão (incluindo o trabalho noturno e turnos mistos),
sobre a fertilidade de 119.345 mulheres, constataram que aquelas que trabalhavam
alternando turnos diurnos e noturnos, tiveram 33% a mais de alteração menstrual do
AN02FREV001/REV 4.0
93
que aquelas que trabalham em horário regular, e um aumento de 80% na taxa de
infertilidade. As mulheres que trabalhavam apenas à noite apresentaram maior
índice de abortamento.
AN02FREV001/REV 4.0
94
progesterona no sangue ou de um de seus metabólitos pode ser mensurada. Um
aumento acentuado indica que a ovulação ocorreu (MANUAL MERCK, 2003).
Atualmente, há uma variedade de drogas utilizadas para induzir ovulação e
a escolha de qual deverá ser usada depende da causa da anovulação e se
pretendemos fazer apenas a indução da ovulação e coito programado (isto é,
orientação do casal para ter relações sexuais no período da provável ovulação) ou
inseminação intrauterina (IIU), ou se pretendemos usar técnicas de fertilização
assistida.
Nas pacientes portadoras de anovulação crônica e com níveis normais ou
elevados de estrogênios, como as portadoras de síndrome dos ovários policísticos,
devemos sempre iniciar com citrato de clomifeno, por ser uma droga mais barata e
com menor índice de complicações. A ação principal do citrato de clomifeno se dá
no hipotálamo, estimulando a liberação de GnRH e, consequentemente, de FSH
pela hipófise. O FSH levará ao recrutamento de uma população de folículos que se
desenvolverão até que um assuma a dominância, produzindo estradiol o suficiente
para desencadear o pico de LH, que levará à maturação final do folículo e à
ovulação (CONCEIÇÃO e ALBUQUERQUE E SILVA, 2005).
As gonadotrofinas são usadas para indução de ovulação em pacientes que
não responderam ao citrato de clomifeno; em portadoras de hipogonadismo
hipogonadotrófico; para promover superovulação em portadoras de infertilidade sem
causa aparente e em mulheres que serão submetidas à inseminação intrauterina.
São medicações de uso parenteral (intramuscular ou subcutâneo) de custo elevado
e que podem levar a complicações importantes, como, a gravidez múltipla e a
síndrome de hiperestimulação dos ovários (SHO). Esta tem, como distúrbio básico, o
aumento da permeabilidade vascular, com saída do líquido do espaço intravascular
para o espaço intersticial, com consequente hipovolemia (CONCEIÇÃO e
ALBUQUERQUE E SILVA, 2005).
Para saber mais sobre exames que permitam acompanhar a ovulação,
visando uma futura gestação e tratamento para estimular a ovulação, assista ao
vídeo Fator Ovariano no link abaixo:
http://www.centrodefertilidade.com.br/index.php?pg=causas_da_infertilidade-
fator_ovariano.
AN02FREV001/REV 4.0
95
7.2.2 Endometriose
Assim, toda vez que a mulher menstrua, isso acontece dentro e fora do
útero, ou seja, onde existem essas células. O sangue, portanto, cai na cavidade
AN02FREV001/REV 4.0
96
abdominal. Uma vez implantado, o tecido endometrial responde ao ciclo hormonal e
libera sangue nos locais de implantação. Como nestes locais não há como escoar o
sangue produzido, frequentemente ocorre cisto, inflamação, dor ou infertilidade. O
principal sintoma da endometriose é a dor, às vezes, muito forte, na época da
menstruação.
Estima-se que 15% das mulheres entre 15 e 45 anos de idade possuem
essa doença. Esse percentual sobe para até 70% quando a mulher apresenta
história de infertilidade ou dor pélvica (PORTAL DA ENDOMETRIOSE, 2014).
AN02FREV001/REV 4.0
97
Alterações nas propriedades bioquímicas do muco são responsáveis por
mudanças na receptividade ao espermatozoide, impedindo ou facilitando a
passagem destes pelo cérvix. Durante o ciclo menstrual, o muco cervical permite a
penetração do esperma somente durante o período ovulatório, exercendo assim um
papel regulador na colonização espermática do trato genital superior (CENTRO DE
REPRODUÇÃO HUMANA, 2014).
O teste clássico para avaliação do papel potencial do fator cervical na
infertilidade é o Teste Pós-Coito (TPC). O TPC tem por objetivo avaliar a qualidade
do muco cervical, a presença e o número de espermatozoides móveis no trato
reprodutivo feminino após o coito.
O exame realizado 2 a 8 horas após uma relação sexual pode determinar se
o esperma consegue sobreviver no muco cervical. O exame é programado para ser
realizado na metade do ciclo menstrual, quando a concentração de estradiol
encontra-se mais elevada e a mulher está ovulando. Normalmente, o muco é claro e
pode ser distendido até 8 a10 centímetros sem romper. Ao microscópio, o muco
possui um aspecto semelhante a uma samambaia (Figura 42) e, na ampliação
máxima, pelo menos cinco espermatozoides são visíveis no campo. Os resultados
anormais incluem um muco nitidamente espesso, a ausência de espermatozoides e
a aglomeração de espermatozoides devido ao fato do muco possuir anticorpos
contra o esperma (MANUAL MERCK, 2014).
AN02FREV001/REV 4.0
98
FIGURA 42 VISTA ATRAVÉS DO MICROSCÓPIO ÓPTICO DO MUCO
CERVICAL CRISTALIZADO SEMELHANTE ÀS FOLHAS DE SAMAMBAIA
AN02FREV001/REV 4.0
99
7.2.4 Fator tubário
AN02FREV001/REV 4.0
100
classificação de BUTTRAM e GIBBONS (1979) em úteros: unicorno, bicorno, didelfo
e septado (Figura 43).
AN02FREV001/REV 4.0
101
a contratilidade normal da musculatura; (c) adenomiose – a fibrose progressiva que
afetará a gestação da mesma forma que os miomas (THIESEN et al., 2002).
As lesões endometriais ligadas à infertilidade podem ser de cinco tipos: (a)
metrose de receptividade – o endométrio não responde aos estímulos hormonais. O
processo costuma ser temporário; (b) pólipos endometriais; (c) sinéquias –
aderências intracavitárias, por vezes extensas, por vezes em apenas um ponto, mas
provocando uma metrose de receptividade específica, que só curará com o
tratamento da sinéquia; (d) endometrite – as endometrites crônicas podem estar
ligadas a micro-organismos habituais nas infecções ginecológicas, ao bacilo de Koch
e a simples processos inflamatórios decorrentes de miomas submucosos ou áreas
de adenomiose próximas ao endométrio; (e) metaplasia óssea ou ossificação
endometrial – presença de tecido ósseo na cavidade endometrial, por metaplasia ou
resíduos fetais ou embrionários. A semiologia da cavidade endometrial inclui, além
dos exames de avaliação anatômica, o estudo histológico da mucosa endometrial
(THIESEN et al., 2002).
AN02FREV001/REV 4.0
102
7.3 CAUSAS DA INFERTILIDADE NO HOMEM
AN02FREV001/REV 4.0
103
(em ambos os lados). A ausência de frutose (um açúcar produzido pelas vesículas
seminais) no sêmen indica ausência dos vasos deferentes ou das vesículas
seminais ou obstrução dos condutos ejaculatórios.
A varicocele, a anomalia anatômica mais comum no homem estéril, é uma
massa de veias dilatadas e tortuosas no escroto, similares às veias varicosas. Essa
anomalia pode impedir a drenagem adequada do sangue dos testículos e,
consequentemente, elevando a temperatura e reduzindo a velocidade de formação
do sêmen.
Mais raramente, o sêmen segue uma direção contrária à habitual
(ejaculação retrógrada), isto é, ele reflui para o interior da bexiga ao invés de ir em
direção ao pênis. Esse distúrbio é mais comum nos homens submetidos a uma
cirurgia pélvica, sobretudo a remoção da próstata, e nos homens diabéticos. A
ejaculação retrógrada também pode ser decorrente de um funcionamento anormal
dos nervos.
AN02FREV001/REV 4.0
104
7.3.3 Avaliação hormonal
AN02FREV001/REV 4.0
105
azoospermia gene” ou DAZ. Essas deleções são muito pequenas para serem vistas
citogeneticamente, mas observa-se nos fenótipos histológicos: ausência de células
germinativas, ausência de células pós-meióticas, quantidades variadas de células
germinativas em diferentes estágios incluindo espermatozoides maduros
(MAEGAWA e CENTA, 2000).
AN02FREV001/REV 4.0
106
7.4 PROTOCOLOS PARA A INDUÇÃO DA OVULAÇÃO
AN02FREV001/REV 4.0
107
meio do processo de aromatização, metaboliza o androgênio em estrogênio
(CORNEL et al., 2014).
AN02FREV001/REV 4.0
108
gonadotrofinas endógenas e são administrados diariamente em conjunto com a
administração das gonadotrofinas.
Assim, os análogos/antagonistas do GnRH são utilizados primariamente nos
protocolos de supressão da hipófise em reprodução assistida, para reforçar o
controle do ciclo da mulher e da estimulação dos ovários. Atuam na prevenção de
um evento hormonal denominado pico de LH, o qual promove a ovulação prematura.
7.4.2.3 Gonadotrofinas
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109
7.4.2.4 Gonadotrofinas coriônicas
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110
7.5.1 Relação Sexual Programada
AN02FREV001/REV 4.0
111
FIGURA 44 IMAGEM ESQUEMÁTICA DA INSEMINAÇÃO INTRAUTERINA (IIU).
AN02FREV001/REV 4.0
112
Os índices variam entre 12,5 e 18% de gravidez por ciclo, em mulheres até
35 anos. Os principais fatores dos baixos índices de sucesso estão na incapacidade
de avaliar a qualidade dos óvulos liberados.
AN02FREV001/REV 4.0
113
inférteis conceber e dar à luz por mais de três décadas, pois o primeiro caso de
sucesso de FIV foi 1978 e ocorreu na Grã-Bretanha. Desde então, milhares de
bebês foram concebidos através da FIV.
Para que uma gravidez ocorra, um óvulo deve ser liberado do ovário e unir-
se a um espermatozoide. Essa união, chamada de fertilização, normalmente ocorre
dentro da tuba uterina. Durante o processo de FIV, contudo, esta união ocorre no
laboratório após a coleta dos óvulos e do esperma. Os óvulos fertilizados são então
transferidos para o útero para continuar o desenvolvimento (VARELLA, 2014).
A indicação desta técnica implica numa busca apurada da causa básica da
infertilidade conjugal, obtida a partir de uma avaliação clínica e laboratorial completa
realizada em ambos os parceiros (CORNEL et al., 2014).
São indicações de fertilização in vitro:
─ doença tubária,
─ disovulias e/ ou anovulias em falha de tratamentos anteriores,
─ endometriose,
─ problemas cervicais,
─ infertilidade “sem explicação”,
─ falha da IIU.
A indicação definitiva da FIV deve ser precedida de algumas reflexões, em
que pesem seu alto custo, a necessidade de procedimento mais invasivo e a
utilização de medicamentos de estimulação da foliculogênese associados com
alguns riscos para a mulher. Além disso, não se pode esquecer o aumento na taxa
de gestações múltiplas que é responsável diretamente por muitos dos custos das
gestações obtidas pelas técnicas de fertilização in vitro e também pelo aumento das
complicações fetais (CORNEL et al., 2014).
A opção de tratamentos mais conservadores deve sempre ser levada em
conta nos casais com tubas pérvias e sem fator masculino mais acentuado
(moderado ou severo). Causas de subfertilidade deverão ser tratadas antes de
iniciadas as tentativas de FIV, uma vez que não só as taxas de concepção natural,
mas também as da própria FIV podem ser melhoradas com tais cuidados.
Geralmente, na ausência de fatores absolutos de infertilidade, tais como a
obstrução tubária bilateral e fator masculino severo, deve-se oferecer a estes casais
de três a seis ciclos de estimulação e inseminação. Em casais onde a mulher
AN02FREV001/REV 4.0
114
apresenta idade superior a 40 anos encontra-se apoio na literatura para se oferecer
a FIV como tratamento de primeira opção, não se desprezando, contudo o
tratamento prévio de fatores que venham a afetar negativamente o resultado final.
É consenso na literatura que a presença de hidrossalpinge ao exame
ultrassonográfico da pelve feminina, reduz de maneira significativa os resultados da
FIV ou com ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides). A salpingectomia
prévia, na situação citada, recebe apoio da literatura e das principais sociedades
internacionais, como maneira mais eficiente de aumentarem-se as taxas de sucesso
do tratamento. Não se encontra na literatura consenso quanto a garantir-se
melhores resultados com a ICSI nos casos onde a FIV pode ser utilizada.
O maior determinante de sucesso das técnicas de fertilização in vitro é sem
dúvida a idade da mulher, ou seja, idade inferior a 35 anos.
a) Identificação
O líquido folicular é recebido e aliquotado em placas de Petri onde, sob
visão microscópica os ovócitos são identificados e classificados quanto a sua
maturidade.
b) Classificação ovocitária
Existem várias classificações, porém a mais utilizada e aconselhada é
descrita como se segue:
─ Vesícula Germinativa – células do cumulus e da corona aderidas ao ovócito e
vesícula germinativa presente no citoplasma. O ovócito está em Prófase (P).
─ Ovócito Imaturo – células da corona compactadas com células do cumulus
apresentando algum grau de dispersão. Ovócito em geral em Metáfase I (M1).
─ Ovócito Pré-Ovulatório – células da corona ainda aderidas e as do cumulus bem
dispersas. O primeiro corpúsculo polar já liberado. Ovócito em Metáfase II (M2).
AN02FREV001/REV 4.0
115
─ Ovócito Pós-Maduro – Corona ausente com intensa dispersão das células do
cumulus. O primeiro corpúsculo polar é ainda visível e o ovócito permanece em
metáfase II.
─ Ovócito Luteinizado – ausência de corona e a arquitetura das células do cumulus
é representada como uma massa gelatinosa.
─ Ovócito Degenerado ou Atrésico – cumulus retraído com células escassas ao
redor do ovócito. Podem ser identificados diferentes sinais de anormalidades
como: citoplasma retraído e escurecido, vacúolos, zona pelúcida (ZP) fraturada ou
rota e ainda ZP vazia.
c) Processamento Seminal
O sêmen coletado após período de liquefação é avaliado quanto às suas
características biofísicas e passa então por técnica de processamento com a
associação de lavagens, centrifugações e migrações (swim-up, centrifugação em
gradientes descendentes ou outros), em meios específicos (isolate, pure-sperm ou
outros) que visam à separação do plasma seminal e seleção dos espermatozoides
mais móveis e capazes para a inseminação dos ovócitos.
e) Verificação da Fertilização
A fertilização é confirmada 17 a 20 horas após a inseminação quando é
observada a presença dos pró-núcleo feminino e masculino.
f) Verificação da Clivagem
A clivagem embrionária com a formação dos pré-embriões é observada na
maioria dos protocolos publicados, após período de mais 24 horas da fertilização
confirmada, isto é, por volta de 48 horas após a inseminação dos ovócitos. Alguns
autores aconselham a identificação da clivagem precoce, avaliada 25 a 29 horas
AN02FREV001/REV 4.0
116
após a inseminação, como maneira mais eficiente para a identificação do melhor
pré-embrião para a transferência.
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117
7.5.4 Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI)
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118
excedentes e, caso os pais autorizem, depois de três anos, tais embriões podem ser
utilizados na pesquisa científica.
Os óvulos para ICSI são obtidos exatamente da mesma maneira que na FIV.
Após a retirada do óvulo, as células que circundam cada óvulo são cuidadosamente
removidas. Os óvulos são examinados sob um microscópio e apenas aqueles
considerados maduros estão adequados para a injeção. Em geral, 70% dos óvulos
obtidos estão adequados para a ICSI (ENGRAVIDE, 2014).
O espermatozoide é lavado e preparado. O óvulo e o espermatozoide são
então colocados em um microscópio especial com micromanipuladores acoplados.
Um micromanipulador mantém o óvulo no lugar, enquanto o outro é utilizado para
injetar o espermatozoide no óvulo. Os procedimentos restantes são similares aos da
FIV padrão com respeito à incubação dos óvulos e transferência dos embriões
resultantes (ESPERANDO O MELHOR: FILHOS. BLOGSPOT, 2014).
Casos em que a ICSI pode ser recomendada:
─ número muito baixo de espermatozoide móveis com morfologia normal;
AN02FREV001/REV 4.0
119
─ problemas com acoplamento e penetração do espermatozoide no
óvulo;
─ anticorpos antiespermatozoides (proteínas imunológicas ou protetoras
que atacam e destroem o espermatozoide), os quais prejudicam a
fertilização;
─ falha anterior de fertilização com cultura e métodos de fertilização de
FIV padrão;
─ ausência de espermatozoide no fluido seminal.
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120
apanhada utilizando instrumentos especiais e o cateter contendo os óvulos e os
espermatozoides é inserido na tuba uterina. Os óvulos e os espermatozoides são
injetados no interior da tuba uterina.
A ideia é desviar-se das barreiras físicas do transporte normal do óvulo e
dos espermatozoides devido a aderências, endometriose e problemas imunológicos.
Embora o procedimento coloque o óvulo e os espermatozoides em estreita
proximidade, reforçando a chance de encontro, não há garantia de fertilização.
Casos em que recomenda-se a GIFT (FERRING, 2014):
─ endometriose com tubas desobstruídas;
─ hostilidade do muco cervical/disfunção;
─ falha da IIU.
Vantagens da GIFT (FERRING, 2014):
─ ambiente natural para fertilização;
─ menos exigências técnicas.
Desvantagens da GIFT (FERRING, 2014):
─ fertilização não confirmada;
─ as tubas devem estar desobstruídas;
─ anestesia geral.
FIM DO MÓDULO II
AN02FREV001/REV 4.0
121
MÓDULO III
8 CRIOPRESERVAÇÃO
AN02FREV001/REV 4.0
124
Vários fatores interferem no aparecimento dessas crioinjúrias: o tipo de
célula criopreservada, os reagentes utilizados (crioprotetores), a velocidade de
queda da temperatura, o local onde a célula foi armazenada e a forma de
descongelamento das amostras.
Atualmente, existe um bom conhecimento na criopreservação de sêmen e
de embriões, com a obtenção de ótimos resultados. Porém, os estudos se
concentram na busca de melhores técnicas de criopreservação de tecidos ovarianos
e de óvulos, já que os resultados de fertilização e gestação utilizando essas células
criopreservadas ainda são pouco animadores.
O principal objetivo de um programa de congelamento é causar o mínimo de
dano possível no momento em que os gametas, embriões e tecido germinativo
estiverem expostos a uma temperatura muito baixa não fisiológica. Quando os
espermatozoides, os ovócitos, os zigotos e os pré-embriões estão expostos às
soluções hipermolares, reagem a elas perdendo água. Quando alguns componentes
são adicionados ao meio de criopreservação, a relação entre sobrevida e
temperatura pode ser drasticamente alterada. A sobrevida das células e tecidos
vivos criopreservados depende em grande parte do meio crioprotetor. Dessa
maneira, a utilização de agentes crioprotetores adequados é indispensável para
prevenir danos às células e tecidos germinativos (CORNEL et al., 2014).
Os protocolos usados hoje em dia envolvem, essencialmente, técnicas que
permitem a desidratação da célula, prevenindo a formação de gelo intracelular, que
pode causar danos pelo arrebentamento e dispersão das organelas celulares, ou por
provocar quebras da membrana citoplasmática. Quando os gametas ou embriões
são colocados em um meio contendo um agente de crioproteção intracelular, a água
sai da célula devido à alta concentração extracelular de crioprotetores. Isso causa o
encolhimento da célula até o equilíbrio osmótico ser atingido pela difusão lenta dos
crioprotetores para o interior celular (CORNEL et al., 2014).
Para prevenir o super-resfriamento durante o congelamento, um cristal de
gelo é introduzido num processo controlado chamado "seeding". Isso contribui para
a desidratação intracelular. Um correto equilíbrio entre a velocidade de
congelamento e a concentração do crioprotetor diminui os danos que o
congelamento pode causar nas estruturas celulares no processo de desidratação.
Se a taxa de resfriamento é muito rápida, a água não pode sair suficientemente
AN02FREV001/REV 4.0
125
rápido da célula e, ocorre a formação intensa de cristais de gelo (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE REPRODUÇÃO HUMANA, 2006).
A taxa de penetração dos crioprotetores depende da temperatura; o
equilíbrio é ativado rapidamente em altas temperaturas. Por essa razão, ovócitos e
embriões são usualmente colocados no meio de crioproteção em temperatura
ambiente. Entretanto, como alguns crioprotetores, como o dimetilsulfóxido (DMSO),
são tóxicos em elevadas concentrações, esse é frequentemente usado em baixas
temperaturas para reduzir os efeitos adversos.
Se o resfriamento final ocorre a uma temperatura relativamente alta (>
30°C), a célula carrega mais gelo intracelular do que se o resfriamento for mais
demorado, com baixas temperaturas (< 80°C). Assim, para proteger a célula
naquela situação, o descongelamento deve ser realizado rapidamente, induzindo a
uma rápida dispersão do gelo. Inversamente, amostras resfriadas a < 80°C devem
ser descongeladas mais lentamente para permitir a reidratação gradual e evitar o
risco de arrebentamento da célula. Dessa maneira, amostras descongeladas são
usualmente expostas progressivamente em diluições mais baixas de crioprotetores
para removê-los da célula gradativamente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
REPRODUÇÃO HUMANA, 2006).
AN02FREV001/REV 4.0
126
PROH são frequentemente usados para congelamento de embriões em estágio de
pouca divisão celular, e o glicerol é sempre usado para blastocistos.
Sacarose – substância extracelular com grandes moléculas não permeáveis.
Apresenta efeito osmótico, acelerando a desidratação da célula. Não pode ser usada
isoladamente, é utilizada junto a crioprotetores intracelulares padrão.
AN02FREV001/REV 4.0
127
que ocorre durante a realização do processo de congelação, responsáveis por
danos celulares irreversíveis durante a criopreservação (CARVALHO et al., 2011).
8.2.2 Ultrarrápida
AN02FREV001/REV 4.0
128
8.3 CRIOPRESERVAÇÃO DE ESPERMATOZOIDES
AN02FREV001/REV 4.0
129
Desde a criação do primeiro banco de sêmen, diversos autores publicaram
suas experiências com a criopreservação de espermatozoides. Concluíram que, nas
gestações decorrentes de inseminação artificial com sêmen criopreservado, as taxas
de aborto, de gestação ectópica, de malformações fetais, o peso ao nascimento e a
relação do sexo masculino: feminino foram as mesmas da população em geral.
Com o desenvolvimento da técnica de injeção intracitoplasmática de
espermatozoides (ICSI) em 1992, disponibilizou-se uma nova perspectiva
terapêutica para os casais inférteis devido a um fator masculino grave, pela
utilização de espermatozoides oriundos de programas de doação de sêmen,
ressurgindo a ideia da criação dos bancos de sêmen (BONHO, 2009).
Os bancos de sêmen podem ser classificados em homólogos e heterólogos.
Os homólogos armazenam sêmen para o “uso próprio”, enquanto que os
heterólogos têm a finalidade de doação.
Com o surgimento da AIDS, os bancos de sêmen de doador passaram a ter
grande preocupação com a qualidade e estocagem do sêmen, sendo as amostras
liberadas apenas após um prazo de no mínimo seis meses, período em que se
completa a investigação sorológica do doador (BONHO, 2009).
As indicações da criopreservação de espermatozoides são as seguintes
(CORNEL, 2014):
─ criopreservação terapêutica: manutenção de fertilidade em homens a
serem submetidos à quimio ou radioterapia ou cirurgias que possam
comprometer o potencial fértil (dissecção do retroperitôneo, ressecção
endoscópica da próstata, cirurgias envolvendo o colo da bexiga). A presença
de tumores ou outras neoplasias, aliada às terapias de erradicação podem
ter como resultado a indução de oligozoospermia ou mesmo de
azoospermia, sendo que essas alterações podem ser temporárias ou
definitivas.
─ inseminação artificial ou fertilização in vitro com sêmen de
doador: formação de banco de sêmen.
─ inseminação com sêmen do parceiro: nos casos de ausência
temporária ou definitiva do mesmo, baixa frequência sexual e disfunção erétil
em procedimentos de inseminação intrauterina ou fertilização in vitro.
AN02FREV001/REV 4.0
130
─ preservação do material genético: pacientes que desejam ser
submetidos à vasectomia poderão guardar amostras de sêmen para serem
utilizadas no futuro procedimentos de reprodução assistida.
─ criopreservação dos espermatozoides obtidos durante
microcirurgias para reconstrução do sistema reprodutivo (reversão de
vasectomia) ou por técnicas cirúrgicas do epidídimo ou do parênquima
testicular (aspiração microcirúrgica do epidídimo; biópsia convencional ou
microcirúrgica do testículo), para futura utilização em micromanipulação de
gametas.
─ criopreservação de sêmen de indivíduos que trabalham em
profissões de alto risco (mergulhadores de elevada profundidade, pilotos,
indústrias químicas, exposição a agrotóxicos e pesticidas e exposição a
radiações ionizantes).
Todos os pacientes que desejam criopreservar amostras seminais devem
realizar, previamente ao procedimento, os seguintes exames: HIV I e II; Grupo ABO;
Fator Rh; Clamídia, Ureaplasma, Micoplasma, Gonorréia, Espermograma,
Espermocultura, entre outros. Os marcadores de hepatite e AIDS devem ser
repetidos após 3 meses da coleta para afastar o risco de resultado falso negativo
devido à janela imunológica (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REPRODUÇÃO
HUMANA, 2006).
AN02FREV001/REV 4.0
131
Para que a criopreservação do ovócito seja possível, é feito um estímulo
medicamentoso na paciente; esse estímulo é realizado anteriormente à extração de
seu óvulo - feita por punção transvaginal auxiliada por ultrassom. Algumas vezes é
necessário mais de um ciclo de estimulação ovariana para que seja produzida uma
quantidade mínima necessária que garanta uma coleta bem-sucedida (CLÍNICA DE
REPRODUÇÃO HUMANA, 2014).
AN02FREV001/REV 4.0
132
8.5 SAIBA MAIS ...
Caso 1
Um jovem de 20 anos de idade se apresentou em 1990 com câncer de
testículo que apresentava 2 componentes, 60% carcinoma embrionário e 40%
teratoma maduro/imaturo, sendo realizada orquiectomia inguinal esquerda. Seis
meses depois, uma metástase pulmonar foi detectada e quimioterapia (carboplatina,
ciclofosfamida e etoposide) foi prescrita. Seu sêmen foi criopreservado antes da
quimioterapia no Idant Laboratories (New York, EUA), demonstrando uma análise
seminal básica pré-congelamento adequada (concentração 40x106/ml, motilidade
progressiva 40% e morfologia normal 30%). O sêmen foi congelado usando-se
glicerol como crioprotetor, e assim mantido por 12 anos. Uma análise seminal foi
realizada antes que sua esposa fosse submetida à estimulação ovariana e mostrou
azoospermia completa após centrifugação em alta velocidade.
Sua esposa, de 32 anos, foi estimulada com uma combinação de agonista
do hormônio liberador de gonadotrofina (aGnRH), gonadotrofinas (rFSH) e
gonadotrofina coriônica humana, sendo a seguir realizadas aspiração folicular
transvaginal e cultura embrionária. Após descongelamento do sêmen, os
espermatozoides com alta motilidade foram isolados pela separação por gradiente
descontínuo e depois lavados com fluido tubário humano (HTF, Irvine Scientific,
Santa Ana, EUA) suplementado com proteína. A ICSI foi realizada apenas em
ovócitos em metáfase II. Dois embriões foram transferidos, usando cateter macio,
através do colo uterino no terceiro dia após a aspiração ovocitária guiada por
ultrassonografia transabdominal. Uma gravidez única se desenvolveu e um bebê do
sexo feminino nasceu (peso de 3480 g e altura de 50 cm) após cesariana com 39
semanas de gestação.
Caso 2
AN02FREV001/REV 4.0
133
Um paciente com 33 anos foi encaminhado para esta unidade antes de
iniciar quimioterapia (regime baseado em vincristina, ciclofosfamida, adriamicina,
ifosfamida e etoposide) e radioterapia (2.100 cGy, divididos em 26 seções) por
apresentar tumor neuroectodérmico primitivo em couro cabeludo. Seu sêmen foi
criopreservado na Androlab (Curitiba, Brasil), demonstrando uma adequada análise
seminal básica pré-congelamento (concentração 278x106/ml, motilidade progressiva
30%). O sêmen foi congelado usando um tampão com gema de ovo (TEST Yolk
Buffer, Irvine Scientific, EUA) como crioprotetor e mantido congelado por 16 meses.
Sua esposa, com 32 anos, teve sua estimulação ovariana realizada com
uma combinação de agonista do hormônio liberador de gonadotrofinas (aGnRH),
gonadotrofinas (rFSH) e gonadotrofina coriônica humana. Um total de 18 ovócitos
em metáfase II foram aspirados e submetidos à ICSI, sendo formados 15 embriões.
Três embriões foram transferidos três dias após a aspiração ovocitária guiada por
ecografia transabdominal usando cateter macio. Os doze embriões restantes foram
criopreservados. Uma gravidez única se desenvolveu e um bebê do sexo feminino
nasceu (peso de 2750 g e altura de 48 cm) após cesariana com 39 semanas de
gestação.
Discussão
Estes relatos demonstram que a criopreservação de sêmen permite ao
homem portador de neoplasia se tornar pai, até mesmo se submetido a tratamentos
agressivos, como orquiectomia, quimioterapia e radioterapia, ainda que os
espermatozoides permaneçam congelados por longo período. Todo esforço deve ser
feito para encaminhar pacientes com câncer para a criopreservação de sêmen antes
de se iniciar a quimio e radioterapia.
A criopreservação do sêmen antes do início de um tratamento que provoque
esterilidade permite o emprego de técnicas de reprodução assistida, especialmente
a micromanipulação de gametas, bastando que uma amostra com pequeno número
de espermatozoides esteja disponível.
Uma preocupação no manejo dos pacientes com câncer é que até 90%
deles terão azoospermia poucas semanas após o início da quimioterapia, e apenas
20-50% reassumem a espermatogênese dois a três anos após término do
tratamento.
AN02FREV001/REV 4.0
134
Outro importante aspecto é a necessidade do congelamento de
ovócitos/tecido ovariano em mulheres jovens que se apresentam com câncer,
oferecendo a possibilidade de elas terem sua fertilidade restaurada após terapias
esterilizantes. Algum sucesso tem sido relatado usando-se esta técnica. O
entendimento da criopreservação de ovócitos e tecido ovariano é desejável para se
oferecer essa tecnologia também a pacientes com risco maior de falência ovariana
prematura. Existe uma preocupação legítima no que diz respeito ao risco potencial
de se reintroduzir células malignas com o transplante ovariano, dependendo do tipo
de câncer. No entanto, há um interesse grande no desenvolvimento de técnicas de
maturação in vitro de ovócitos, para que não haja necessidade de se transplantar o
tecido ovariano para o organismo da mulher para esse fim.
Sendo assim, com os recentes desenvolvimentos nas tecnologias de
reprodução assistida, as pacientes com câncer devem ser encorajadas a
preservarem seu potencial reprodutivo. Atualmente, um ou dois ciclos de fertilização
in vitro pré-tratamento com a criopreservação de embriões é a melhor opção. A
criopreservação de tecido ovariano, ovócitos imaturos ou maduros é uma técnica em
desenvolvimento e pode ser considerada para algumas pacientes. Se a falência
gonadal é um resultado provável, as esperanças recaem sobre as intensas
evoluções na estocagem de tecido ovariano. Em vista disso, o desenvolvimento
dessa nova tecnologia é muito desejável pela sua alta aplicabilidade em pacientes
jovens que venham a ser submetidas, com sucesso, a tratamentos agressivos contra
as mais diversas neoplasias.
O ressurgimento da indicação de criopreservação ovariana se deve à
melhoria da taxa de sobrevivência a longo prazo em pessoas jovens, portadoras de
doenças malignas, as quais são submetidas a tratamentos agressivos com terapias
oncológicas modernas, incluindo quimioterapia e radioterapia. Como resultado, um
grande número de pacientes jovens tem sido curado de suas neoplasias, mas
permanecem com a falência ovariana.
É importante salientar que mesmo com sêmen criopreservado por longo
período é possível conseguir-se uma gravidez viável. É importante oferecer aos
pacientes que serão submetidos à quimio e/ou radioterapia esta possibilidade,
embora eles possam não estar pensando em se tornar pais naquele momento.
AN02FREV001/REV 4.0
135
A criopreservação de sêmen deve ser, portanto, parte de uma rotina no
manejo terapêutico para preservar a fertilidade em homens jovens com doenças
neoplásicas.
8.6.1 Pré-zigotos
AN02FREV001/REV 4.0
136
congelamento após clivagem. A vantagem da criopreservação nesse estágio
consiste no fato dos pró-núcleos não apresentarem a decondensação dos núcleos,
na qual um novo ser geneticamente identificado é formado, portanto diminui
questões éticas associadas ao congelamento embrionário (CORNEL et al., 2014).
É de extrema importância congelar o pré-zigoto antes do desaparecimento
dos pró-núcleos, para garantir melhores resultados. A morfologia dos pré-zigotos
descongelados é, geralmente, semelhante a sua aparência pré-congelamento,
porém, ocasionalmente, o citoplasma é mais claro e há reduzido número de
organelas em torno das estruturas pró-nucleares (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
REPRODUÇÃO HUMANA, 2006).
Após o descongelamento os nucléolos são frequentemente vistos
espalhados dentro dos pró-núcleos apesar de seu prévio alinhamento nas junções
pró-nucleares antes do congelamento. Pode ocorrer a condensação de dois pró-
núcleos em um grande pró-núcleo durante o processo de criopreservação. Deixado
em cultura por 15-24 horas, o pró-núcleo saudável completa o processo de
fertilização, e prossegue para primeira clivagem, o que indica verdadeiramente a
sobrevivência após o descongelamento; < 5% dos pré-zigotos que parecem estar
saudáveis após o descongelamento falham no seguimento deste padrão.
AN02FREV001/REV 4.0
137
implantação. Tornou-se mais comum escolher os melhores embriões para
transferência a fresco e congelar todos os outros com boa morfologia somente após
ter sido feita a seleção a fresco.
O descongelamento pode resultar em pré-embriões com blastômeros vivos e
mortos, o que se apresenta como a desvantagem desse processo, já que a
avaliação da viabilidade torna-se mais difícil. Cultivar esse pré-embrião por 18 a 24
horas pode confirmar viabilidade, se ocorrer uma ou duas divisões nesse período.
Em geral, um pré-embrião que possui mais de 50% de blastômeros viáveis no
descongelamento é considerado um sobrevivente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
REPRODUÇÃO HUMANA, 2006).
Não existe evidência convincente de que a perda de um ou dois blastômeros
é claramente danosa para os pré-embriões no seu desenvolvimento inicial. Apesar
disso, tem sido relatado que pré-embriões humanos inteiramente intactos
demonstram uma taxa de implantação mais elevada do que aqueles parcialmente
intactos (CORNEL et al., 2014).
Devem ser congelados nesse estágio os embriões remanescentes, após
transferência, com características morfológicas satisfatórias – zona pelúcida íntegra,
clivados no dia 2 para dia 3, que apresentarem blastômeros simétricos ou com
discreta assimetria e com menos de 50% de fragmentação. Os demais embriões
devem ser mantidos em cultura até dia 5, quando serão congelados somente os
blastocistos viáveis (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REPRODUÇÃO HUMANA,
2006).
8.6.3 Blastocistos
AN02FREV001/REV 4.0
138
interna celular, quanto ao trofoblasto. Para resolver esse problema, muitos
pesquisadores têm colapsado a blastocele por micromanipulação.
Cota et al. (2011) avaliaram 292 ciclos de congelamento e descongelamento
de blastocisto, sendo que a idade média das mulheres de 34,35 anos. Os
pesquisadores obtiveram 604 blastocistos descongelados e desses 482 blastocistos
sobreviveram, sendo a taxa de sobrevivência do blastocisto de 80% e a taxa global
de gravidez por ciclo de descongelamento de 44,5%.
Atualmente, ao descongelar embriões, as taxas de sobrevida flutuam entre
40 e 100%. Essas taxas têm relação, acima de tudo, com o potencial biológico dos
embriões, previamente ao congelamento. É altamente provável que aqueles
embriões que não sobrevivem ao serem descongelados, são os mesmos que não
teriam atingido o desenvolvimento embrionário até a implantação (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE REPRODUÇÃO HUMANA, 2006).
AN02FREV001/REV 4.0
139
Teoricamente, o melhor método de biópsia de embriões é utilizar células do
trofoblasto devido à maior quantidade de células para análise genética em
comparação a biópsia do primeiro corpúsculo polar.
Segundo a Resolução nº 2.013/13 do Conselho Federal de Medicina, o
diagnóstico genético pré-implantacional do embrião pode ser utilizado nos seguintes
casos:
AN02FREV001/REV 4.0
140
FIGURA 48 BIÓPSIA DO SEGUNDO CORPÚSCULO POLAR
AN02FREV001/REV 4.0
141
(Polymerase Chain Reaction) a fim de se determinar e evitar doenças
ligadas ao sexo;
b) detecção de certas aneuploidias (alterações da quantidade e
constituição dos cromossomos) e anomalias cromossômicas estruturais
em casos de translocações balanceadas no pré-embrião;
c) detecção de defeitos genéticos, envolvendo um único gene (tais
como fibrose cística, anemia falciforme, doença de Tay-Sachs) e outras
doenças comuns com alterações genéticas.
AN02FREV001/REV 4.0
142
FIGURA 50 ETAPAS DA TÉCNICA DE ASSISTED HATCHING. NOTAR A ZONA
PELÚCIDA PERFURADA (SETA BRANCA) NA FIGURA E
AN02FREV001/REV 4.0
143
─ coloração anormal da zona pelúcida;
─ fragmentação citoplasmática excessiva;
─ embriões com morfologia pobre e baixas taxas de crescimento.
AN02FREV001/REV 4.0
144
9 NORMAS ÉTICAS PARA A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO
ASSISTIDA (Resolução do Conselho Federal de Medicina n 2.013/13)
AN02FREV001/REV 4.0
145
9.3 REFERENTE ÀS CLÍNICAS, CENTROS OU SERVIÇOS QUE APLICAM
TÉCNICAS DE RA
AN02FREV001/REV 4.0
146
9.5 CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS OU EMBRIÕES
AN02FREV001/REV 4.0
147
9.7 REPRODUÇÃO ASSISTIDA POST-MORTEM
AN02FREV001/REV 4.0
148
MÓDULO IV
AN02FREV001/REV 4.0
151
Nas três décadas que se seguiram à contribuição de Mendel, passos
gigantes foram dados na compreensão da natureza das células e da reprodução
celular. Em 1902, Walter Sutton (1877-1916) propôs que os genes estão nos
cromossomos. Na década de 40, a genética começou a usar bactérias e vírus
para o estudo detalhado da organização e estrutura dos genes. Mais ou menos
nessa época, acumularam-se evidências de que o DNA era o repositório da
informação genética. James Watson e Crick descreveram a estrutura
tridimensional do DNA em 1953, entrando na era da genética molecular.
Em 1966, a estrutura química do DNA e o sistema pelo qual ele
determina a sequência de aminoácidos das proteínas tinham sido
desenvolvidos. A reação em cadeia da polimerase, uma técnica para a rápida
amplificação de pequenas quantidades de DNA foi desenvolvida em 1983. Em
1990, a terapia gênica foi usada pela primeira vez para tratar doenças genéticas
humanas nos Estados Unidos, e foi iniciado o Projeto Genoma Humano, o que
promoveu uma nova era na genética.
AN02FREV001/REV 4.0
152
Os processos de mitose e meiose garantem que cada célula filha receba
um conjunto completo de cromossomos de um organismo. A mitose é a
separação dos cromossomos replicados durante a reprodução das células
somáticas (não sexuais). A meiose é o pareamento e a separação de
cromossomos replicados durante a divisão das células sexuais para produzir
gametas (células reprodutivas).
No nível mais simples, podemos pensar em um gene como unidade de
informação que codifica uma característica genética. Muitos genes codificam
características especificando a estrutura das proteínas. A informação genética é
primeiro transcrita do DNA para o RNA, que é então traduzida na sequência de
aminoácidos de uma proteína.
As mutações gênicas afetam apenas a informação genética de um único
gene; as mutações cromossômicas alteram o número ou a estrutura de
cromossomos, e, portanto, em geral afetam muitos genes.
10.2 TERATOGÊNESE
AN02FREV001/REV 4.0
153
valproico, carbonato de lítio, warfarina, dietilestilbestrol, andrógenos e altas
doses de progesterona, etc.); agentes biológicos (infecciosos), tais como
citomeglovírus, vírus do herpes simples, vírus da imunodeficiência humana -
HIV, vírus da rubéola, vírus da varicela, Toxoplasma gondii, Treponema
pallidum; e agentes físicos, tal como a radiação ionizante.
Os teratógenos agem por meio de um número relativamente limitado de
mecanismos patogênicos, produzindo morte celular, alterações no crescimento
dos tecidos (hiperplasia, hipoplasia ou crescimento assincrônico), interferência
na diferenciação celular ou em outros processos morfogenéticos. Esses
mecanismos afetam eventos básicos do organismo em desenvolvimento e
geralmente suas consequências atingirão mais de um tecido ou órgão
(SCHÜLER-FACCINI, SANSEVERINO e NETTO, 2014).
A fase embrionária é a mais prejudicada pelos teratógenos, podendo
afetar várias estruturas. O desenvolvimento do embrião é facilmente perturbado
durante a formação dos tecidos e órgãos, sendo o tipo de anomalia dependente
de quais partes destes tecidos e órgãos estarão mais susceptíveis no momento
de ação do teratógeno. Segundo Sales et al. (2008), um teratógeno pode afetar
os seguintes órgãos em períodos específicos:
AN02FREV001/REV 4.0
154
todas as gestações reconhecidas terminem em aborto e que de 3% de todos os
recém-nascidos vivos apresentem algum defeito congênito (SCHÜLER-
FACCINI, SANSEVERINO e NETTO, 2014).
A anencefalia é uma malformação congênita originada de uma
neurulação anormal, resultando na ausência de fusão das pregas neurais e da
formação do tubo neural na região do encéfalo. Existem inúmeros fatores que
podem causar esta anormalidade. Relatos afirmam que o trabalho de mães
gestantes na agricultura tem sido associado com defeitos congênitos de recém-
nascidos, pois grande quantidade de herbicidas gera efeitos teratogênicos
quando testados em animais de laboratórios. O ácido valproico, medicação
usada para o tratamento de epilepsia, se utilizado durante a gestação, interfere
no metabolismo do ácido fólico e aumenta o risco de malformações do tubo
neural. A administração de 0,4mg de ácido fólico meses antes e durante as
primeiras semanas da gravidez reduz o risco de espinha bífida e anencefalia
(ALBERTO et al., 2010).
AN02FREV001/REV 4.0
155
FIGURA 52 - CARIÓTIPO NORMAL DO SEXO FEMININO (46, XX)
AN02FREV001/REV 4.0
156
As aberrações numéricas podem ser divididas em dois grupos: as
euploidias, onde as células contêm múltiplos haploides de cromossomos, isto é,
69 cromossomos, 92 cromossomos, e assim por diante.
Como exemplos de aberrações numéricas têm as aneuploidias, ou
seja, um aumento ou diminuição de um ou mais cromossomos, em um ou mais
dos 23 pares, mas não de todos. O mecanismo cromossômico mais comum da
aneuploidia é a não disjunção (não separação dos cromossomos de seus
pares), durante a meiose.
São tipos de aneuploidias:
− trissomia: presença de 1 cromossomo a mais em um dos 23
pares. Por exemplo, trissomia do par de cromossomos número 21
(Síndrome de Down), trissomia do 13 (Síndrome de Patau) e trissomia
do 18 (Síndrome de Edwards).
− monossomia: ausência de 1 cromossomo em um dos 23 pares.
Como exemplo de aneuplodia, podemos citar a monossomia do
cromossomo X (Síndrome de Turner).
As aberrações estruturais dos cromossomos resultam de uma ou
várias quebras em diferentes porções dos braços cromossômicos, seguida de
reconstituição em uma combinação anormal. Os rearranjos estruturais são
classificados em equilibrados e não equilibrados.
Os rearranjos não equilibrados ocorrem quando o conjunto
cromossômico possui informações a mais ou a menos. Os rearranjos não
balanceados envolvem (USP, 2014):
− deleção: resulta em desequilíbrio do cromossomo por perda de um
segmento cromossômico. Uma deleção pode ser terminal ou intersticial
(Figura 53);
AN02FREV001/REV 4.0
157
FIGURA 53 – EXEMPLOS DE DELEÇÃO CROMOSSÔMICA
AN02FREV001/REV 4.0
158
FIGURA 55 – EXEMPLO DE ISOCROMOSSOMO
AN02FREV001/REV 4.0
159
10.3.1 Trissomia do Cromossomo 21 (Síndrome de Down)
AN02FREV001/REV 4.0
160
O seu diagnóstico pode ser feito ainda intraútero, no período pré-natal,
sendo indicada uma investigação genética no material fetal quando a idade da
mãe for superior a 35 anos. Apenas aproximadamente 25% dos embriões que
possuem a Síndrome de Down conseguem nascer, a sua grande maioria (75%)
evolui para aborto ou morte fetal durante a gestação.
O diagnóstico, após o nascimento, é realizado por meio do quadro
clínico do recém-nascido e do estudo genético. O recém-nascido apresenta
pouco tônus muscular e pode parecer “mole” por meses ou mesmo anos. É
muito comum a presença de malformações congênitas específicas em indivíduos
com síndrome de Down.
O sinal clínico constante em todos os pacientes é a deficiência mental.
Embora a maioria dos pacientes apresente um QI na faixa de 25 a 50, pode ser
educável e capaz de aprender a ler e escrever. Outras alterações morfológicas
são frequentes: malformações cardíacas congênitas (defeitos no septo,
tetralogia de Fallot). Noventa por cento de todos os pacientes com Down têm
uma significativa perda da audição (BARROSO, 2014).
AN02FREV001/REV 4.0
161
FIGURA 57 − CARIÓTIPO DE UM MENINO COM SÍNDROME DE EDWARDS
AN02FREV001/REV 4.0
162
− nos meninos é comum a ocorrência de criptorquidia, já nas
meninas é comum a hipertrofia de clitóris com hipoplasia dos grandes
lábios.
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163
10.3.4 Síndrome de Turner - Monossomia do Cromossomo X
AN02FREV001/REV 4.0
164
FIGURA 58 − CARIÓTIPO DE UMA PACIENTE COM SÍNDROME DE TURNER
(MONOSSOMIA DO CROMOSSOMO X)
AN02FREV001/REV 4.0
165
FIGURA 59 − CARIÓTIPO DE PACIENTE COM SÍNDROME DE KLINEFELTER
AN02FREV001/REV 4.0
166
10.3.6 Síndrome de Cri-du-chat (Miado de Gato)
AN02FREV001/REV 4.0
167
11 BIOÉTICA E BIOLOGIA REPRODUTIVA
AN02FREV001/REV 4.0
168
filósofos, advogados, teólogos, etc. Mas para isso é preciso pensar a partir de
um novo paradigma para a ciência e para o conhecimento. É difícil entender
esse transdisciplinar dentro da nossa formação cartesiana de disciplinas
distintas, que são consideradas, erroneamente, como disciplinas totalmente
independentes e isoladas, que mascaram a unidade da ciência. O que parece
evidente nesse modelo de ciência, em que, com certeza, todos foram formados,
é de se vivenciar uma total solidão na práxis. Isso gera tensão resultante do
isolamento na tomada de decisões éticas. Também gera ou reforça o
desagregamento da atividade profissional.
Portanto, a Bioética permeia questões e dilemas éticas/bioéticas que
surgirão na vida profissional e ajudarão os profissionais a se posicionarem sobre
tais questões. Para Junqueira (2011), sem esses conceitos básicos de Bioética:
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169
Indubitavelmente, a Bioética serve de instrumento para balizar os
avanços científicos, respeitando a dignidade do ser humano.
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170
Em relação às pesquisas com animais e mesmo a utilização dos
mesmos para aulas práticas nos cursos de ciências da saúde e biológicas,
recomenda-se os princípios do 3Rs (replacement, reduction, refinement),
substituição, redução e refinamento) (CORDEIRO e TRUJILLO, 2003a), na
tentativa de reduzir o número de animais para esses fins, utilizando-se de outros
recursos, como aulas com modelos computadorizados e a utilização do menor
número possível de animais em um experimento, porém, mantendo-se a
qualidade das aulas e pesquisas.
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171
O princípio de beneficência: a beneficência tem sido associada à
excelência profissional desde os tempos da medicina grega, e está expressa no
Juramento de Hipócrates: “Usarei o tratamento para ajudar os doentes, de
acordo com minha habilidade e julgamento e nunca o utilizarei para prejudicá-
los” (KIPPER, 2007).
De uma maneira prática, isso significa que temos a obrigação moral de
agir para o benefício do outro. Este conceito, quando é utilizado na área de
cuidados com a saúde, que engloba todas as profissões das ciências
biomédicas, significa fazer o que é melhor para o paciente, não só do ponto de
vista técnico-assistencial, mas também do ponto de vista ético. É usar todos os
conhecimentos e habilidades profissionais a serviço do paciente, considerando,
na tomada de decisão, a minimização dos riscos e a maximização dos
benefícios do procedimento a realizar (LOCH, 2014).
O princípio de respeito à autonomia: autonomia é a capacidade de
uma pessoa para decidir fazer ou buscar aquilo que ela julga ser o melhor para
si mesma. De acordo com esse princípio, as pessoas têm “liberdade de decisão”
sobre sua vida. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948), manifesta logo no seu início
que as pessoas são livres (UNIFESP, 2011) e, portanto, não podem sofrer
coerção de qualquer natureza, serem forçadas a seguir um tratamento médico
ou até mesmo participarem de uma pesquisa científica.
Já o respeito à autonomia significa ter consciência deste direito da
pessoa de possuir um projeto de vida próprio, de ter seus pontos de vista e
opiniões, de fazer escolhas autônomas, de agir segundo seus valores e
convicções. Respeitar a autonomia é, em última análise, preservar os direitos
fundamentais do homem, aceitando o pluralismo ético-social que existe na
atualidade (LOCH, 2014).
O princípio de justiça: a justiça está associada preferencialmente com
as relações entre grupos sociais, preocupando-se com a equidade na
distribuição de bens e recursos considerados comuns, numa tentativa de igualar
as oportunidades de acesso a estes bens (LOCH, 2014). De acordo com o
princípio da justiça, é preciso (UNIFESP, 2014):
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172
respeitar com imparcialidade o direito de cada um. Não seria ética uma
decisão que levasse um dos personagens envolvidos (profissional ou
paciente) a se prejudicar. É também a partir desse princípio que se
fundamenta a chamada objeção de consciência, que representa o
direito de um profissional de se recusar a realizar um procedimento,
aceito pelo paciente ou mesmo legalizado.
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FIGURA 61 – ESQUEMA DE CLONAGEM DA OVELHA DOLLY
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− Que pensar quando os embriões congelados são destruídos
após a fecundação? Não se está se destruindo um potencial ser
humano? O que se deve fazer com os que ficam congelados?
− É legítimo fazer experiências com embriões humanos?
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nascido de um embrião que ficara congelado por oito anos (Figura 62) (O
ESTADO DE SÃO PAULO, 2010).
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176
Quando duas células sexuais se unem, formando uma só célula, temos
um ser humano, pelo menos em potencial. Por consequência, os embriões
sobrantes não podem de forma alguma ser destruídos, em respeito aos
princípios assegurados no artigo 5º de nossa Constituição. O grande problema é
que nossa Constituição também garante como direito fundamental a intimidade,
a vida privada, honra e imagem das pessoas (art. 5º, X), gerando um conflito de
princípios: o direito à vida do embrião versus o direito à intimidade da mulher.
Perguntamo-nos, então: pode a mulher pedir a destruição dos embriões
sobrantes? (OMMATI, 1998).
Segundo Ommati (1999), a resposta é negativa:
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que será "respeitado o direito da objeção de consciência do médico" (JORNAL
DA CIÊNCIA, 2013).
Resta abordar o problema das mães de substituição. A prática de mães
de substituição, ou “barriga de aluguel” como usualmente se conhece, fere o
princípio da dignidade humana, por representar a comercialização da vida. A
“barriga de aluguel”, como o próprio nome revela, pressupõe uma
contraprestação pecuniária que, para muitos doutrinadores, deve de todo modo
ser inibida. Entretanto, há de ser admitida nas hipóteses em que se verifica o
princípio da beneficência, quando parente próximo disponibiliza seu corpo, sem
interesses econômicos, a fim de que o ser concebido nela se desenvolva até o
nascimento.
A resolução do CFM nº 2.013/2013 estabelece que o “útero de
substituição” deve vir de uma familiar separada por no máximo quatro graus de
parentesco. Isso significa que, caso precisem, tanto um homem como uma
mulher podem pedir para a irmã, a mãe, a avó, a tia ou a prima carregarem o
bebê. O limite anterior era para parentes de primeiro ou segundo graus, o que
excluía tias e primas. O pagamento por uma barriga de aluguel continua proibido
(JORNAL DA CIÊNCIA, 2013).
O tema “barriga de aluguel” já foi tema de novela da Rede Globo de
Televisão e estampa as manchetes dos jornais com uma certa frequência.
Vejamos o caso de Fernanda que descobriu que não poderia ter filhos aos
13 anos. A funcionária pública nasceu com deficiência uterina e, segundo ela,
precisou retirar o órgão após a primeira menstruação, quando teve cólicas tão fortes
que a levaram para o hospital. Ela se casou aos 20 anos e tentou adotar uma
criança, mas não conseguiu. Em 2011, sua mãe, Maria da Glória, de 52 anos, foi
submetida a exames que revelaram a ótima saúde para gerar os bebês e, então
Fernanda doou os óvulos e seu esposo, os espermatozoides, obtendo-se quatro
embriões em laboratório. Dois foram implantados no útero de sua mãe que deu à luz
duas meninas (Figura 63), em 07 de janeiro de 2013 (CARVALHO, 2013).
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FIGURA 63 – GÊMEAS NASCIDAS DO ÚTERO DE SUBSTITUIÇÃO DA AVÓ, AS
QUAIS APARECEM NO COLO DA ENFERMEIRA E AO LADO DA MÃE
BIOLÓGICA
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casal que com ela contratou. Ora, foi ela que suportou todas as
dificuldades durante nove meses e, muitas vezes, aprendeu a amar o
bebê, que, de estranho, passou a ser o seu bebê.
13 BIOÉTICA E CLONAGEM
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FIGURA 64 - ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DA CLONAGEM REPRODUTIVA
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FIGURA 65 - ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DA CLONAGEM TERAPÊUTICA
O blastocisto não é implantado no útero e, sim colocado em meio de cultura em placa de petri
para a obtenção de células-tronco para fins terapêuticos. FONTE: Disponível em:
<http://www.ghente.org/temas/clonagem/index_txr.htm>. Acesso em: 10 mar. 2014.
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pulmonares em vacas, ovelhas e porcos, problemas imunológicos, falha na
produção de leucócitos, defeitos musculares em carneiros (ZATZ, 2004).
Aproximadamente 5-6 dias depois que um óvulo humano é fertilizado, o
mesmo é denominado blastocisto e consiste de cerca de cem células, sendo que
a maioria delas já estão especializadas para formar a placenta. Muitos países
que permitem a terapêutica de fertilização in vitro (FIV) permitem a utilização de
embriões para pesquisa científica com células-tronco, à semelhança do Brasil.
As células-tronco são classificadas em células-tronco embrionárias e
células-tronco adultas. As células-tronco embrionárias são totipotentes podem
originar qualquer um dos mais de 200 tipos celulares encontrados em nosso
corpo, além de se autorreplicarem em novas células-tronco embrionárias (Figura
66). Assim, as mesmas podem ser usadas para restaurar órgãos lesados por
doenças, como no caso de doenças neurológicas, diabetes, problemas
cardíacos e doenças sanguíneas.
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As células-tronco adultas não possuem essa capacidade de se
transformar em qualquer tecido. Na fase adulta, as células-tronco encontram-se,
principalmente, na medula óssea e no sangue do cordão umbilical, mas cada
órgão do nosso corpo possui um pouco de células-tronco para poder renovar as
células ao longo da nossa vida. Por exemplo, as células musculares vão originar
células musculares, as células de fígado vão originar células de fígado, e assim
por diante (LEITE, 2003).
As primeiras células-tronco humanas induzidas foram produzidas em
2007, a partir da pele. E tem sido daí que são retiradas as células para
reprogramação, mesmo que teoricamente, qualquer tecido do corpo possa ser
reprogramado. O processo de reprogramação se dá pela inserção de um vírus
contendo 4 genes. Esses genes se inserem no DNA da célula adulta, como, por
exemplo, uma da pele, e reprogramam o código genético. Com este novo
programa, as células voltam ao estágio de uma célula-tronco embrionária e
possuem características de autorrenovação e capacidade de se diferenciarem
em qualquer tecido, como na figura mais abaixo (Figura 67). Estas células são
chamadas de células-tronco de pluripotência induzida ou pela sigla iPS (do
inglês induced pluripotent stem cells) (INSTITUTO DE PESQUISA COM
CÉLULAS-TRONCO, 2014).
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FIGURA 67 – ESQUEMA MOSTRA COMO É FEITA A REPROGRAMAÇÃO
DAS CÉLULAS DA PELE ATRAVÉS DA INSERÇÃO DOS VETORES VIRAIS
14 CONCLUSÃO
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185
Técnicas de reprodução humana assistida, como indução à ovulação e a
fertilização in vitro, bem como as causas da infertilidade foram apresentados ao
longo do curso. Uma discussão ampla foi apresentada sobre as técnicas de
reprodução assistida e pesquisa com células-tronco, balizando o leitor por meio
da Bioética.
Assim, não pretendemos com esse curso esgotar os temas de
Embriologia Humana, contudo, embasar e subsidiar o participante no
entendimento do maravilhoso e misterioso desenvolvimento humano.
FIM DO MÓDULO IV
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GLOSSÁRIO
Albicans: branco.
Corpo lúteo: uma estrutura que se forma no local de um folículo ovariano após
este liberar um ovócito. O corpo lúteo libera estrógeno e progesterona, dois
hormônios necessários para a manutenção da gravidez; se esta acontece, o
corpo lúteo funciona por cinco ou seis meses; se não acontece, ele para de
funcionar.
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Diagnóstico pré-implantacional: diagnóstico genético realizado a partir da
aspiração de um ou mais blastômeros de um pré-embrião, obtido por FIV ou
ICSI, através de micromanipulação, antes do mesmo ser transferido para o útero
materno.
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Folículos: são estruturas preenchidas por fluidos existentes no ovário, os quais
contêm os ovócitos liberados quando da ovulação.
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189
Hipotálamo: estrutura no cérebro que controla o funcionamento das principais
glândulas endócrinas. O hipotálamo produz hormônios e se relaciona
fisiologicamente e anatomicamente com a glândula hipófise.
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injetado diretamente no interior do óvulo para possibilitar a fertilização. Após
isso, o embrião é, então, transferido para o útero.
Lúteo: amarelo.
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Pico do Hormônio Luteinizante (Pico do LH): a liberação de hormônio
luteinizante (LH) que causa liberação de um ovócito maduro a partir do folículo
ovariano.
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espermatozoides de alta qualidade e ótima motilidade daqueles com problemas
de motilidade, com alterações estruturais e/ou mortos.
Tubas uterinas (Trompas): ductos através dos quais os ovócitos passam até
chegar ao útero. Local no qual ocorre a fertilização ou fecundação.
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193
Vasectomia: Procedimento cirúrgico de ligadura dos ductos deferentes para o
controle de natalidade.
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194
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FIM DO CURSO
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