Você está na página 1de 142

Fruticultura Tropical:

Diversificação e consolidação
Editores
Moises Zucoloto
Robson Bonomo

Fruticultura Tropical:
Diversificação e consolidação
Volume II

Alegre – ES
CAUFES
2017

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)


(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do
Espírito Santo, ES, Brasil)

F945 Fruticultura Tropical: diversificação e consolidação / Moises


Zucoloto, Robson Bonomo (organizadores) – Alegre, ES:
CAUFES, 2017.
143 p. : il.; 15,5x20,5cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-61890-91-9

1. Mamão. 2. Banana. 3. Maracujá. 4. Manga. 5. Coco. 6.


Goiaba. I. Zucoloto, Moises. II. Bonomo, Robson.

CDU: 634.6
ORGANIZADORES

Moises Zucoloto
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em
Produção Vegetal pela UFES (2009). Doutorado em Fitotecnia UFV (2012) e
Pós-Doutorado pela Universidade de Illinois-EUA (2014). É professor da
UFES/CCAE atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com área
de atuação em Fruticultura.

Robson Bonomo
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (1992). Mestrado em
Engenharia Agrícola pela UFV (1994), Doutorado em Engenharia Agrícola
pela UFV (1999). É professor da UFES/CEUNES atuando em ensino
universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em irrigação, manejo
de irrigação, fertirrigação e gotejamento.
AUTORES

Abel Rebouças São José


Graduado em Agronomia pela Faculdade de Agronomia e Zootecnia Manoel
Carlos Gonçalves (1981), Mestrado em Agronomia (Horticultura) pela
Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus Botucatu (1987),
Doutorado em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual
Paulista - UNESP, Campus Jaboticabal (1988) e Pós-doutorado pelo Colegio
de Postgraduados, Campus Montecillo, Texcoco, México (2011). Professor
Titular/Pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia desde 1982,
onde ataua na área de Fruticultura.

Adahilda Almeida de Brito


Possui graduação em Nutrição pela Universidade José do Rosário Vellano -
Unifenas - MG (2003) e Especialização em Clínica e Terapêutica Nutricional
pelo Instituto de Pesquisa, Capacitação e Especialização da Faculdade CBES
- Salvador/BA (2007). Tem experiência na área de Nutrição Clínica e
Nutrição do Escolar.

Alessandro de Magalhães Arantes


Graduado em Engenharia Agronômica pela FAMESF/UNEB (1994).
Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes pela UFPel (2004).
Doutorado em Fitotecnia pela UFV (2014). Professor do Instituto Federal
Baiano atua com ensino, pesquisa e extensão em fruticultura.

Ana Maria Alves de Souza Ribeiro


Graduada em Engenharia Agronômica pela UFAC (2014). Mestrado em
Agricultura Tropical pela UFES (2016), Doutoranda em Produção Vegetal
UDESC (2017). Atualmente, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em
Produção Vegetal pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
com linha de pesquisa em Fruticultura e Horticultura.

Anita de Souza Dias Gutierrez


Possui graduação em Economia Doméstica (1970), Especialização em
Demografia e Saúde Pública na Faculdade de Saúde Pública (1971),
graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo
(1975), Mestrado em Produção Vegetal pela Universidade de São Paulo
(1982), Latu-sensu em Agricultura Tropical pela ABEAS Associação
Brasileira de Educação Agrícola Superior (1985) e Doutorado m Produção
Vegetal pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é chefe do Centro
de Qualidade em Horticultura da Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo e presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade em
Horticultura - HortiBrasil. Tem experiência na área de Agronomia, com
ênfase em Padronização e Classificação de Produtos Hortícolas Frescos,
atuando principalmente em: comercialização, padronização, frutas e
hortaliças frescas, cadeia de valor, capacitação, alimentação escolar, pós-
colheita e educação alimentar.

Bruna Beltrame Ronchi


Graduada em Engenharia Agronômica pela UFES (2016). Mestranda do
Programa de Agricultura Tropical (2017).

Cesar José Fanton


Graduado em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP (1981). Mestrado
em Entomologia pela UFV (1989), Doutorado em Entomologia pela UFV
(2000). É pesquisador do INCAPER com atuação em Fruticultura e
Cafeicultura.

Erli Röpke
Técnico Agrícola – Graduado na Escola Agrotécnica Federal de Colatina-ES
(1983); Técnico de Projetos de Desenvolvimento da IECLB (1987/1997);
Empresário/proprietário da empresa Frucafé Mudas e Plantas Ltda
(1995/2017). Consultor na área de Fruticultura.

Fernando Zancanela Bonomo


Graduado em Engenharia Agronômica pela UFRRJ (2005). Produtor rural,
atuando diretamente na produção e consultoria na cultura do coqueiro anão
verde.

Francisco Ermelindo Rodrigues


Graduado em Engenharia Agronômica pela EARTH, Costa Rica (1996).
Mestrado em Produção Vegetal no Semiárido pela UNIMONTES (2010).
Consultor autônomo em Fruticultura, PlantUai, Janaúba, MG.

Francisco Graziano Neto


Xico Graziano, nasceu em Araras/SP. Engº Agrônomo (ESALQ/USP, 1974),
Mestre em Economia Agrária (USP, 1977) e Doutor em Administração
(FGV/SP, 1989), foi professor da Unesp/Jaboticabal (1976-92). Consultor em
organização, marketing de agronegócios e sustentabilidade, é professor de
MBA da FGV/SP, sócio-diretor da OIABrasil/Certificação socioambiental e
sócio-diretor da ePoliticsGraziano, empresa de posicionamento digital.

Hélio Satoshi Watanabe


Possui graduação em Engenharia Agronomica pela Faculdade De Agronomia
De Paraguaçu Paulista (1978). Atualmente é engenheiro agrônomo sênior da
Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Tem experiência
na área de Pós Colheita e Comercialização de Frutas e Hortaliças, atuando
principalmente na elaboração de normas de classificação de produtos
hortifrutícolas.

Ivan Vilas Boas Souza


Possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (1988) e mestrado em Agronomia pela Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia (2006). Doutor em Agronomia pela UESB, área de
concentração Fitotecnia. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase
em Fitotecnia.

Jalille Amim Altoé Freitas


Graduada em Engenharia Agronômica pela UFES (2004). Mestrado em
Produção Vegetal pela UENF (2006), Doutorado em Produção Vegetal pela
UENF (2011) e Pós doutorado pela UENF (2015). É professora do
CEUNES/UFES atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com
área de atuação em fruticultura.

Maria Geralda Vilela Rodrigues


Graduada em Engenharia Agronômica pela UFLA (1992). Mestrado em
Fitotecnia pela UFLA (1995). Doutorado em Produção Vegetal pela UNESP
Jaboticabal (2006). Pesquisadora da EPAMIG Norte e atua com pesquisa e
extensão em fruticultura.

Marinês Pereira Bomfim


Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em
2004. Mestre em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia em 2007, Doutora em Agronomia pela Faculdade de
Ciências Agronômicas - UNESP, Botucatu - SP em 2011 realizou Doutorado
de co-tutela na Università Degli Studi di Padova - Itália em 2010. Atua nas
aéreas Fruticultura Tropical, Olericultura, Culturas Perenes, Controle
biológico, produção de fungo entomopatogênico.

Moises Zucoloto
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em
Produção Vegetal pela UFES (2009), Doutorado em Fitotecnia UFV (2012) e
Ph.D pela Universidade de Illinois-EUA (2014). É professor da UFES/CCAE
atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em
Fruticultura.

Mônica de Moura Pires


Graduada em Administração pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (1989), mestre em Economia Rural pela Universidade Federal de
Viçosa (1995), doutora em Economia Rural pela Universidade Federal de
Viçosa (2001), Pós-doutorado em Modelagem econômica pelo Colegio
Postgraduados, Campus Montecillo, Texcoco, México. Experiência na área
de Economia, com ênfase em Economia Rural, Regional, Desenvolvimento e
Economia dos Recursos Naturais.

Renan Batista Queiroz


Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (2009). Mestrado em
Entomologia pela UFV (2011), Doutorado em Entomologia pela UFV (2014).
É pesquisador do INCAPER com atuação em Fruticultura e Cafeicultura.

Robson Bonomo
Graduado em Agronomia pela UFV (1992). Mestrado em Engenharia
Agrícola pela UFV (1994) e doutorado em Engenharia Agrícola pela UFV
(1999). Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES). Tem experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase
em Irrigação e Drenagem, atuando principalmente nos seguintes temas:
cafeicultura irrigada, irrigação, manejo de irrigação, fertirrigação e
gotejamento.

Sarah Ola Moreira


Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em
Produção Vegetal (2008) e doutorado em Genética e Melhoramento de
Plantas (2012) pela UENF. É pesquisadora do Incaper - Regional Centro
Serrano na área de melhoramento de plantas.

Sérgio Luiz Rodrigues Donato


Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (1991). Mestrado em
Ciência e Tecnologia de Sementes pela UFPel (2004). Doutorado em
Fitotecnia pela UFV (2007). Professor do Instituto Federal Baiano e atua com
ensino, pesquisa e extensão em Fruticultura.

Vagner Alves Rodrigues Filho


Graduado em Engenharia Agronômica pelo IF Baiano (2017). Mestrando em
Fitotecnica pela UFV.

Vanessa Alves Justino Borges


Graduada em Ciências Sociais pela UFES (2002). Mestrado Sociologia das
Organizações pela UFMG (2007). É pesquisadora do Incaper na área
Socioeconomia.
Agradecimentos

À Universidade Federal do Espírito Santo, ao Centro Universitário Norte


do Espírito Santo, ao Centro de Ciências Agrárias e Engenharia, ao
Departamento de Agronomia e ao Departamento de Ciências Agrárias e
Biológicas pelo apoio.
Ao apoiador diamante Crea, aos apoiadores ouro MAPA, Nortefrut, Leão
e Kero Coco e aos apoiadores Heringer, Frucafé, Defesa, Frutas Santa Rita,
Nutrimaq, Casa do Adubo, Syngenta, Yara, Provaso, Jisa, Procampo, FMC e
Nova Onda.
A Sociedade Brasileira de Fruticultura, a Empresa Junior de Agronomia
(Projagro) e aos estudantes do curso de Agronomia da UFES pela organização
do evento.
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
Fruticultura Sustentável no Brasil ........................................................... 14

CAPÍTULO 2
Desafios do mamão ..................................................................................... 16

CAPÍTULO 3
I Simpósio Capixaba de Fruticultura e Trabalhos desenvolvidos pela
UFES com Frutíferas ................................................................................. 26

CAPÍTULO 4
A cultura da Goiabeira no Estado do Espírito Santo ............................. 41

CAPÍTULO 5
Aspectos de ecofisiologia e estratégias de manejo da bananeira ............ 57

CAPÍTULO 6
A pesquisa com espécies frutíferas no Incaper ........................................ 74

CAPÍTULO 7
A cultura do coqueiro no Espírito Santo .................................................. 88

CAPÍTULO 8
Fruticultura e a Agricultura Familia ..................................................... 101

CAPÍTULO 9
Principais prasgas das frutíferas no Norte do Espírito Santo .............. 114

CAPÍTULO 10
Cultivo do abacaxizeiro fertirrigado ...................................................... 129
Apresentação

Este livro apresenta informações atualizadas como forma de diversificar e


consolidar a fruticultura tropical, abordando diversas culturas desde a situação
nacional e capixaba, os principais problemas enfrentados e as possíveis
soluções. Também descreve a mais alta tecnologia empregada na cadeia
produtiva através de informações de autores que são referência em suas áreas
e que acumularam conhecimento ao longo de vários anos de pesquisa. Ainda,
servirá como consulta para estudantes, professores, produtores e profissionais
da área para aprimorarem seus conhecimentos.

Autores

13
CAPÍTULO 1

Fruticultura Sustentável no Brasil

Xico Graziano

Introdução
Existem forças civilizatórias que movem a humanidade. O avanço
tecnológico é uma delas, fruto das incessantes descobertas científicas,
verificada em todos os ramos do conhecimento. A globalização é outra força
incontrolável, arrebentando barreiras, na economia, na comunicação, nos
costumes sociais.
Sustentabilidade deve ser vista nesse prisma, o do avanço civilizatório.
Trata-se de um movimento inevitável, fruto da pegada ecológica, que se torna
crítica pelo aumento da população humana na Terra. A opinião pública global
respalda a defesa ambiental e a justiça social. Goste-se ou não, a agenda da
sustentabilidade se imporá. Nesse raciocínio, pode-se perguntar: vamos nós,
do agro, dominar a agenda da produção sustentável, e aplicá-la devidamente,
ou ficando reticentes, seremos obrigados a engoli-la de qualquer forma?
Queremos ser protagonistas, ou figurantes da agricultura sustentável?
Na fruticultura, como em qualquer ramo de produção agropecuária, as
variáveis ambientais tornam-se crescentemente fundamentais,
obrigatoriamente respeitadas pela cadeia de negócios, da roça até o
consumidor final. A rastreabilidade e, muitas vezes, a certificação de boas
práticas socioambientais se torna uma constante.
Existem, já, tecnologias avançadas que permitem conciliar a produtividade
com o respeito ao meio ambiente. Pode-se comprovar esse sucesso
agronômico no manejo de solos, na irrigação, no controle integrado de pragas
e doenças, por exemplo. Os processos tecnológicos avançados, embora ainda
não utilizados por todos os fruticultores, superam antigos problemas, como a
14
erosão, o uso perdulário da água, as intoxicações e contaminações causadas
pelo excesso de agrotóxicos.
Estamos, porém, ainda, no início do processo de construção da fruticultura
sustentável do futuro. E o Brasil, com sua especial tropicalidade, elevada
diversidade, tradição no campo, apresenta excelentes condições para vencer
esse desafio.
Para tanto, muita pesquisa, com geração de novos conhecimentos
tecnológicos, será necessária. Pesquisa pública e pesquisa nos laboratórios
privados ampliarão, e muito, a fronteira da qualidade ambiental na
fruticultura. Os defensivos agrícolas de quarta geração, não mais
“agrotóxicos”, baseados em moléculas seletivas e biodegradáveis, estão
chegando. Biodefensivos e controle biológico devem evoluir. Na tecnologia
de aplicação de defensivos se espera uma revolução.
A engenharia genética será capaz de gerar plantas mais resistentes,
produtivas, com elevada qualidade nutricional. Sistemas agroflorestais
crescerão, facilitados pelo Código Florestal nas propriedades familiares,
incentivando a fruticultura orgânica.
Após o Acordo geral sobre o clima, patrocinado pela ONU em dezembro
de 2015, em Paris, a economia global entrou na era do baixo carbono. Todos
os setores serão cobrados pela sua responsabilidade contra o aquecimento do
planeta. Emissões de gases de efeito-estufa, eficiência energética, custo
ambiental das tecnologias: abrem-se novas e difíceis equações na
competitividade global.
Estarão os produtores aptos para enfrentar os requisitos da
sustentabilidade? Estarão, para tanto, capacitados? Entenderão os requisitos
da sustentabilidade como obstáculos à sua rentabilidade, ou os enxergarão
como oportunidades de bons negócios?
Fornecer frutas com atestada qualidade socioambiental, direcionadas ao
varejo ou às fábricas processadoras, é a grande tarefa dos produtores rurais,
inseridos na cadeia produtiva da fruticultura nacional. Quebra de paradigmas
e muita pesquisa se vislumbram nos próximos anos. Sem conservadorismo,
acreditando na tecnologia, o Brasil será o líder mundial da fruticultura global.

15
CAPÍTULO 2

Desafios do mamão

Anita de Souza Dias Gutierrez


Hélio Satoshi Watanabe

Introdução
O Entreposto Terminal de São Paulo da CEAGESP, mais conhecido como
ceasa de São Paulo, é um dos treze centros de abastecimento da CEAGESP e
um dos maiores do mundo. São comercializadas aqui, mais de 3 milhões de
toneladas por ano e mais de 11 milhões de quilos por dia. O seu abastecimento
exige o fornecimento, em um ano, de mais de 1.500 municípios de 24 estados
brasileiros e de 14 diferentes países. O varejo tradicional (54%) e a Região
Metropolitana de São Paulo (67%) concentram o destino dos produtos aqui
comercializados. É o local de convergência de produtos originários de
diferentes regiões do Brasil e dos diferentes agentes de produção, transporte
e comercialização: atacado, varejo e serviço de alimentação. É o local ideal
para compreender a realidade e implementar estratégias de mudança. A
qualidade e a quantidade do produto que aqui recebemos é o resultado da
tecnologia aplicada na produção e na pós-colheita, da aptidão agrícola do local
de produção e de uma boa parceria com ‘São Pedro’. O ceasa paulistano
comercializa 10% da produção brasileira de mamão, sendo 64% mamão Solo
e 36% mamão Formosa.
O Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da CEAGESP foi
criado na CEAGESP, por demanda da Câmara Setorial de Frutas e a de
Hortaliças da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, que consideraram como seus principais problemas do setor a
inexistência de padrões de qualidade e a má qualidade das embalagens. A
16
CEAGESP foi encarregada da operacionalização do então criado o ‘Programa
Paulista para a Melhoria dos Padrões Comerciais e de Embalagens de
Hortigranjeiros’, um programa de adesão voluntária e de auto-regulamentação
setorial. A CEAGESP contratou uma equipe de técnicos e começou o trabalho
em 1997.
O nosso trabalho começou com o desenvolvimento das normas de
classificação, uma linguagem de caracterização mensurável do tamanho e da
qualidade das frutas e hortaliças frescas, para ser utilizada na negociação entre
o produtor e o seu primeiro comprador.
Dedicamos muitas horas do nosso trabalho ao mamão com o
desenvolvimento das normas de classificação, a tentativa de acabar com o
mamão Formosa a granel em 2002, o apoio a pesquisas de pós-colheita de
mamão, a participação no Programa de Produção Integrada de Mamão, o
desenvolvimento de Guia de Variedades, de Padrões Mínimos de Qualidade,
de equivalência das diferentes denominações de classificação com uma
característica mensurável, de um sistema de informação de comercialização
semanal para os produtores de mamão, o desenvolvimento de um gabarito
visual de avaliação da qualidade do mamão e a determinação dos atributos
responsáveis pela diferenciação de valor do mamão Formosa, o estudo da
evolução da embalagem.
As Normas de Classificação de Mamão do então denominado ‘Programa
Brasileiro para a Modernização da Horticultura’ foram desenvolvidas por
demanda do MAPA-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em
2002. Os países europeus importadores de frutas brasileiras exigiam que o
Brasil, como país exportador, tivesse padrões de qualidade e tamanho dos
produtos exportados. Foram feitas reuniões com produtores, pesquisadores e
técnicos de todas as regiões produtoras do Brasil, para se chegar a um
denominador comum. As normas de classificação abrangem a caracterização
dos grupos varietais, do tamanho e da qualidade, a morfologia do produto e
um glossário com os termos utilizados. A melhor característica mensurável
do tamanho e a amplitude de variação de tamanho tolerada dentro de cada lote
são definidas. A diferença de tolerância aos defeitos muito graves, graves,
leves e muito leves é utilizada para definir as diferentes categorias de
qualidade. No caso do mamão ficamos insatisfeitos, na época, com o conceito
de imaturo, que não estabeleceu o conteúdo mínimo de sólidos solúveis. Os
frutos de mamão de boa qualidade comercializados no ceasa paulistano
17
apresentam um conteúdo de sólidos solúveis igual ou superior a 12º Brix.
Hoje, numa revisão da norma atual, faríamos mudanças na caracterização do
tamanho, da doçura e de alguns critérios de qualidade (Figura 1).

Figura 1 - Normas de Classificação do Mamão’

18
Existe grande diferença de valor do mesmo produto, no mesmo dia, entre
diferentes tamanhos e qualidades, na venda do atacado para o varejo. A
compreensão dos atributos que determinam a diferença de valor e da
importância de cada um é imprescindível para que o produtor consiga
melhorar o seu produto e a sua rentabilidade. Durante três anos, como parte
de um projeto de apoio do governo japonês aos produtores de Jaíba na
comercialização de frutas, foram adquiridas e avaliadas a cada semana, uma
caixa de mamão dos lotes de maior e menor valor no ceasa paulistano e no
ceasa de Contagem em Minas Gerais, de Mamão Formosa. Os lotes de menor
valor foram escolhidos entre os lotes vendidos normalmente, sem problemas
de descarte ou queima de preço. A avaliação utilizou o gabarito visual
desenvolvido pelo Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da
CEAGESP, aferindo notas para cada atributo de cada fruto na caixa, com
exceção dos atributos e homogeneidade de tamanho e coloração, avaliados na
caixa. Os resultados mostraram uma diferença média de valor por qualidade
de 63% e máxima de 165%, entre lotes de mesmo tamanho e variedade, no
mesmo dia. Os atributos mais importantes na valoração do Mamão Formosa,
em ordem de importância são a homogeneidade de tamanho, a coloração da
polpa, coloração da casca, danos mecânicos, defeito de casca, conteúdo de
sólidos solúveis, sanidade, defeito de formação e defeito de polpa. As
operações mais importantes na diferenciação de valor são a classificação
(homogeneidade de tamanho e de coloração, a escolha do ponto de colheita
(coloração da polpa, da casca e conteúdo de sólidos solúveis), o manuseio
(dano mecânico. O gabarito de avaliação do Mamão Formosa pode ser
encontrado e baixado em www.hortibrasil.org.br (Figura 2 e 3).

19
Figura 2. Gabarito de avaliação da qualidade do Mamão Formosa
20
Figura 3. Frutos considerados de maior e menor valor.

O HortiEscolha surgiu da constatação da enorme dificuldade que os


gestores de alimentação escolar têm para escolher a classificação e o produto
de melhor custo-benefício, na época mais adequada e com a qualidade
necessária para um bom aproveitamento no consumo. A utilização das
ferramentas do HortiEscolha permite, com o mesmo recurso monetário, a
colocação do dobro do alimento no prato, maior diversidade, na melhor época,
com maior participação da agricultura local e dentro de padrões mínimos de
qualidade. Foram desenvolvidas para o mamão e mais 96 frutas e hortaliças
frescas o ‘Guia de Variedades’, que contém a representação gráfica das
principais variedades de cada produto, os ‘Padrões Mínimos de Qualidade’,
com os defeitos que não podem ser aceitos, a ‘Equivalência das Classificação
com Características Mensuráveis de Tamanho’, que estabelece as medidas de
tamanho das denominações de classificações do mercado atacadista e da
Cotação de Preços da CEAGESP e o ‘Índice de Escolha entre Classificações’,
que utiliza a diferença de aproveitamento e a diferença de valor entre as
classificações para estabelecer a classificação de melhor custo-benefício.

21
Todas as informações estão disponíveis em www.hortiescolha.com.br (Figura
4).

Figura 4. Equivalência

É possível observar no ceasa paulistano os limites de tecnologia pós-


colheita. É espantoso que a maioria do Mamão Formosa ainda venha a granel
e que seja selecionado e embalado no mercado (Figura 5). Normalmente são
gastos 6 horas por caminhão, com as operações de descarga e embalamento,
gerando lixo, perda de qualidade de mamão e um desconto mínimo por perda,
acordado entre o produtor e o atacadista, de 400 kg de mamão, num caminhão
de 14.000kg. O mamão que chega a granel é selecionado por tamanho,
coloração e qualidade. Os frutos com menor qualidade e mais maduros,
provenientes da parte inferior da carga são descartados ou destinados a nichos
de mercado menos exigentes e vendidos a preços bem menores. Por outro
lado, recebemos mamões colhidos maduros, com garantia de doçura,
selecionados por tamanho e coloração, protegidos com rede ou envoltos em
plástico, refrigerados da produção ao mercado atacadista. Hoje o mamão
Formosa embalado na produção representa 7% do volume total e está
crescendo. O seu valor é o dobro do mamão recebido a granel, de mesma
classificação, selecionado entre os melhores frutos da carga.

22
Figura 5. Transporte de mamão Formosa a Granel.

23
A ocorrência de problemas pós-colheita em mamão é assustadora. A tese
de doutoramento de Elaine Costa-Cerqueira Pereira, orientada pelo professor
Ângelo Pedro Jacomino da ESALQ em 2014, mostrou uma triste realidade,
95% de lesões e 93% de podridão em mamão Golden, em embalagem de
madeira, transportado sem paletização e sem refrigeração e 52% de lesões e
29% de podridão, em caixa de papelão, paletizado e transportado refrigerado,
depois de 6 dias de armazenamento. Os dois lotes foram colhidos no mesmo
dia, da mesma lavoura e foram mantidos a 23ºC e 85% UR durante os nove
dias de avaliação.
O futuro da produção de mamão é preocupante. Ele vem sendo expulso,
como aconteceu no Estado de São Paulo, de outras regiões brasileiras como o
Jaíba. É urgente a incorporação aos mecanismos legais da Defesa Sanitária
Vegetal de regras que previnam a proliferação das pragas e moléstias
agrícolas. Hoje, os órgãos de governo federais e estaduais ligados à
agricultura não possuem mecanismos legais de prevenção da proliferação de
pragas e moléstias vegetais. O único mecanismo legal que permite a punição
pela promoção da proliferação de pragas e moléstias vegetais é do Ministério
do Meio Ambiente. O Artigo 61 da Lei 9605/98 determina que 'Disseminar
doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária,
à fauna, à flora ou aos ecossistemas’. Muitas culturas importantes foram
expulsas do Estado de São Paulo, como o mamão e o maracujá e muitas
técnicas como variedades resistentes, técnicas e insumos perderam
rapidamente a sua eficácia. Medidas simples como a exigência de erradicação
das lavouras abandonadas, a erradicação das plantas com virose, poderiam ter
sido utilizadas e evitado a situação atual. O atual sistema de manejo de solo
está destruindo os solos frágeis dos tabuleiros costeiros.
A competência e a dedicação dos técnicos da INCAPER viabilizaram a
Produção Integrada de Mamão e conseguiram regularizar o registro de
agrotóxicos para a cultura. A pergunta que fica é: As recomendações da
Produção Integrada estão sendo adotadas pelos produtores de mamão?
O futuro do consumo do mamão é preocupante. O sabor do mamão é feito
na produção. O conteúdo de sólidos solúveis não cresce depois da colheita. O
prazer no consumo depende do ponto de colheita do fruto. A colheita do fruto

24
maduro exige maiores cuidados na produção, na colheita e na pós-colheita,
mas é o único caminho para um futuro promissor (Figura 6).
Como já dizia o Dr. Beauchamp, em 9 de março de 1999, numa conferência
do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos da América: _ Nenhum
alimento ou bebida, mesmo muito saudável, promoverá benefícios .... senão
for palatável e portanto não consumido ... Os consumidores têm nos dito, alto
e claro, que o sabor determina o prazer no consumo.

Figura 6. Teste de para verificar teor de sólidos solúveis em mamão.

Todos os estudos e ferramentas estão disponíveis. É só entrar em contato


com cqh@ceagesp.gov.br ou pelos telefones 11 36433825 ou 11 36433890.

25
CAPÍTULO 3

I Simpósio Capixaba de Fruticultura e Trabalhos desenvolvidos pela


UFES com Frutíferas

Moises Zucoloto
Jalille Amim Altoé Freitas
Bruna Beltrame Ronchi

Introdução
A fruticultura no Espírito Santo representa grande importância devido à
grande demanda de mão de obra e o capital gerado ao longo da sua cadeia.
Porém, segundo Carvalho et al. (2015), na última década, o Espírito Santo
vem diminuindo a produção de frutas, devido a redução das áreas de
mamoeiro e principalmente de maracujazeiro. Diante dessa situação, medidas
devem ser tomadas para estimular cada vez o fortalecimento dessa importante
área da agropecuária capixaba. Devido à enorme demanda em favor de
consolidar e diversificar a Fruticultura Capixaba, criou-se o I Simpósio
Capixaba de Fruticultura, associado também a divulgação dos resultados de
pesquisas desenvolvidas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

I Simpósio Capixaba de Fruticultura


26
O I Simpósio Capixaba de Fruticultura realizado no dia 12 de junho de
2015, no Centro universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES) da UFES,
em São Mateus, faz parte de um dos pilares que norteiam a Universidade, que
é atender a comunidade e interiorizar o conhecimento por meio da Extensão.
A realização do evento contou com a ajuda da UFES, da Sociedade
Brasileira de Fruticultura (SBF) e da Empresa Junior de Agronomia
(PROJAGRO). Ainda, o evento foi apoiado pelas empresas Nortefrut e
Fertilizantes Heringer (Apoiadores Diamante), SBF, Sociedade Espírito-
Santense de Engenheiros Agrônomos (Apoiadores Ouro) e por diversas
empresas do setor agropecuário, sendo elas: Defagro, LC Comércio Agrícola,
Frucafé, Caliman, Defesa Agrícola, Frutas Santa Rita, Embrapa Mandioca e
Fruticultura, Nutrimaq, Topseed, Acqua Fertil, SQM Vitas e Provaso.
O evento teve a participação de várias autoridades, dentre elas, a presença
do diretor do CEUNES, o Professor Roney Pignaton da Silva, do Pró-Reitor
de administração, representando o reitor da UFES, o Professor Eustáquio
Vinícius Ribeiro de Castro; o coordenador do Simpósio, o Professor Moises
Zucoloto; o vice-prefeito municipal de São Mateus, Keydson Quaresma
Gomes; o sub-secretário estadual de agricultura, Marcelo Suzart; o Deputado
Federal Jorge Silva; o presidente da Sociedade Brasileira de Fruticultura, o
Professor Almy Junior Cordeiro de Carvalho; o presidente da Empresa Júnior
de Agronomia, o estudante Alex Campanharo e o representante dos
produtores presentes no evento, o Senhor Janábio de Oliveira.
Dentre as diferentes classes que participaram do evento, estudantes de
graduação representaram 19%, seguidos por estudantes do ensino médio e
pessoas ligada a iniciativa privada com 18% cada. Produtores rurais
corresponderam a 15%, apoiadores 9%, Incaper e Idaf 4%, palestrantes e
professores 3% e autoridades 2% (Figura 1).

27
Figura 1. Porcentagem das diferentes classes que participaram do I Simpósio
Capixaba de Fruticultura.

O total de participantes foi de 602 pessoas durante todo o evento, o que fez
com que o auditório permanecesse praticamente cheio durante grande parte
do dia (Figura 2). Em destaque na figura 2, a presença de agricultoras
indígenas da aldeia Pau Brasil do munícipio de Aracruz-ES.

28
Figura 2. Vista frontal dos participantes no auditório Central do CEUNES
no dia do Simpósio – São Mateus - ES.

Na ocasião do evento, foi entregue para cada participante o livro intitulado


de Fruticultura Tropical: Diversificação e consolidação. O livro contém dez
capítulos, dentre os quais, os seis primeiros referem-se as palestras
ministradas durante o simpósio e os outros demais capítulos, abordam temas
relevantes sobre a fruticultura atual.
Com relação a avaliação feita pelos participantes por meio da ficha
entregue no dia do evento, analisou-se todas as informações fornecidas pelos
participantes. De modo geral, o evento foi classificado como excelente.
Dentre os pontos positivos destaca-se a segurança e experiência dos
palestrantes, estrutura e organização do evento.
Com relação as sugestões sobre temas a serem abordados para o próximo
evento, a fruticultura e a agricultura familiar foi o tema mais sugerido dentre
os participantes. Outro tema bastante requisitado foi a comercialização de
mamão e a abordagem de outras culturas, como goiabeira, coqueiro e
abacaxizeiro. Outro tema bastante requisitado foi a necessidade de melhorar
a transferência de tecnologia para os evolvidos na cadeia produtiva.
29
Infelizmente, vários participantes sugeriram que abordassemos a cultura
do cacaueiro, porém, essa cultura apesar de ser enquadrada dentro da
Fruticultura, normalmente é trabalhada isoladamente, assim como o cafeeiro,
pimenta-do-reino, entre outros.
Com relação aos pontos negativos, grande parte dos participantes citaram
a falta de divulgação, o que será priorizado nos próximos eventos.
Outra sugestão dos participantes se refere a necessidade de que o evento
ocorra em dois dias. No entanto, vários fatores dificultam que isso ocorra,
dentre eles destacam-se a dificuldades de locomoção e acomodações dos
participantes nos dois dias e consequentemente, aumento nos custos.

Receitas e despesas geradas no I Simpósio Capixaba de Fruticultura


A receita obtida por meio de apoiadores gerou um total de R$19,000,00.
Com relação a inscrição obteve-se R$ 7.770,00, sendo que o referido valor
tem por objetivo arcar com as despesas do livro, almoço e lanches. O total das
receitas geradas foi de R$26.770,00, conforme Tabela 1.

Tabela 1. Detalhamento das Receitas para a realização do I Simpósio


Capixaba de Fruticultura.
Apoiadores Subtotal 19.000,00
Inscrições Subtotal 7.770,00
TOTAL DAS RECEITAS 26.770,00

O detalhamento das despesas geradas está descrito na Tabela 2. A maior


parcela da despesa foi através do material gráfico, totalizando R$11.078,00.
Vale destacar que alguns palestrantes foram financiados pelas Instituições
em que eles representavam, tais como Embrapa, SBF e Caliman, não gerando
receita e despesa para o evento.

30
Tabela 2. Detalhamento das despesas para a realização do I Simpósio
Capixaba de Fruticultura.
Livros 7.440,00
Panfletos 970,00
Cartazes 858,00
Gráfica Bloquinhos 100,00
Crachás 567,00
Pastas 788,00
Faixas 150,00
Outdoor 205,00
Subtotal 11.078,00

Palestrantes Subtotal 2.640,00

Coffee break Subtotal 5.924,00

Camisas 815,00
Aluguel de som e 500,00
tendas
Outras despesas Serviços da Projagro 3.000,00
Brindes 400,00
Divulgação 1.000,00
Outros 1.189,00
Subtotal 6.904,00
TOTAL DAS DESPESAS 26.546,00

Trabalhos desenvolvidos pela UFES com Frutíferas


A Universidade se baseia em três pilares que são o Ensino, Pesquisa e
Extensão. Vale ressaltar a importância de cada uma das atividades, uma vez
que, em conjunto, elas formam um tripé de sustentação, no qual a Instituição
e a sociedade se desenvolvem. Essas atividades se complementam, uma vez
que o ensino é a base para a pesquisa e a atuação por meio da extensão. Por
outro lado, a pesquisa enriquece o ensino e seus resultados possibilitam
modificar a forma de atuar e contribui para o desenvolvimento da sociedade.
31
Não obstante, a extensão universitária, além da disseminação de
conhecimento, permite vivenciar as soluções e os problemas da comunidade,
os quais contribuem para aprimoramento do ensino e para o desenvolvimento
de novos projetos de pesquisa.
São inúmeros os trabalhos desenvolvidos com diferentes frutíferas pela
UFES, que serão apresentados brevemente a seguir.

Bananeira
Unidades demonstrativas foram instaladas na UFES-CEUNES para avaliar
a adaptação de materiais advindos da EMBRAPRA Mandioca e Fruticultura.
Destaca-se a cultivar BRS Princesa, do tipo maça, que além de ser resistente
ao mal-do-panamá, apresenta sabor de fruto semelhante a cultivar maça. Com
relação a cultivares do tipo Prata, a BRS Platina é uma alternativa para
agricultores familiares com baixo a média nível tecnológico, já que é
resistente a Sigatoka Negra e não demanda de grande nível tecnológico
quando comparada com a Prata-Anã (FISCHER et al., 2016).
Avaliou-se os padrões de crescimento de diferentes cultivares de bananeira
na unidade demonstrativa do CEUNES (Tabela 3) (RONCHI et al., 2016).
A cultivar Pacovan Ken apresentou maior potencial produtivo, com cerca
de 26,7 t ha-1, diferindo estatisticamente das demais cultivares do subgrupo
Prata. Outro fator a ser considerado se refere ao menor custo de produção, já
tanto a ‘Pacovan Ken’ quanto a ‘BRS Platina’ são resistentes a Sigatoka
Negra. Isso faz com que essas cultivares tornem-se excelentes opções para
produtores menos tecnificados, já que requerem menores investimentos.
A ‘BRS Princesa’, além de se destacar por ser resistente ao mal-do-
panamá, apresentou boa produtividade quando comparada a tradicional
cultivar Maça. Ainda, por meio de testes informais, o sabor dos frutos foi bem
aceito por provadores voluntários.

32
Tabela3. Dias do plantio à emissão do cacho (DPEC), dias do plantio à
colheita (DPC) e produtividade de sete cultivares de bananeira no Norte do
Espírito Santo.
DPEC DPC Produtividade
Cultivar (Dias) (Dias) (t ha-1)
Prata-Anã 161 375 20,51 b
Pacovan Ken 187 365 26,76 a
BRS Platina 166 368 19,33 b
Maçã 192 402 12,34 c
BRS Tropical 197 375 8,85 c
Caipira 187 402 15,60 c
BRS Princesa 197 368 13,97 c
Média 183 379 16,76
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem entre si, pelo teste de
Scott Knott, ao nível de 5% de probabilidade.

Trabalhos que avaliam a relação das dimensões (largura e comprimento)


da terceira folha da bananeira com a área foliar total para as cultivares de
bananeira do grupo Maçã (Maçã e Tropical) foram realizados, a fim de se
empregar métodos não destrutivos para estimar a área foliar total (FERREIRA
et al., 2016).
A anatomia foliar das diferentes cultivares da unidade demonstrativa está
sendo analisada a fim de verificar quais estruturas diferem entre cultivares.
Busca-se verificar se mudanças anatômicas possam servir como barreira para
doenças e resistência a seca.
Em continuidade aos trabalhor anteriores, em um experimento a campo a
fertirrigação da bananeira ‘Pacovan Ken’ está sendo estudada por meio de
aplicações quinzenais de doses crescentes de Nitrogênio (200, 400, 600 e 800
kg/hectare/ano) e Potássio (300, 600, 900 e 1200 kg/hectare/ano). O estudo
visa identificar a dosagem que apresente maior produção na região Norte do
Espírito Santo.

33
Citrus
A citricultura é tida com enorme potencial para a diversificação do Norte
do Estado. Visando essa oportunidade, dois porta-enxertos, sendo eles o
Citromelo Swingle e o Citrandarim Riverside e doze copas de lima ácida
Tahiti estão sendo testadas em São Mateus. Pretende-se obter resultados
suficientes para indicar as melhores combinações entre os porta-enxerto e
copas de lima ácida Tahiti para o Estado do Espírito Santo.
Ainda em relação a lima ácida Tahiti, está em desenvolvimento um
trabalho com diferentes dosagens e forma de aplicação de Paclobutrazol
(PBZ) com o objetivo de realizar o escalonamento da produção, já que a
concentração da produção tem afetado os lucros.

Mangueira
Em decorrência a alternância de produção em mangueiras ‘Ubás’ no
Espírito Santo, está em andamento um trabalho com diferentes doses de PBZ
e desponte dos ramos no município de Colatina (Figura 3). O experimento
está em seu segundo ano e visa identificar a dose ideal e se o desponte de
ramos é eficiente na uniformização do florescimento, garantindo assim,
menor alternância de produção.
Além disso, como as perdas pós colheita com frutos de manga ‘Ubá’ são
altas, avaliou-se a utilização de armazenamento refrigerado para reduzir tais
perdas. Verificou-se que frutos armazenados por quatorze dias a temperatura
de 15 °C podem ser comercializados em até 6 dias, já armazenados por 28
dias, os mesmos devem ser consumidos em até três dias.
Amostras de polpa de frutos de mangueira ‘Ubá’ foram enviados para a
Universidade de West Virginia University – EUA para determinação de
compostos antioxidantes, fenólicos e voláteis, já que é uma fruta pouco
estudada.

34
Figura 3. Plantas antes (A) e depois da poda (B). Na foto consta o Senhor
Eduardo Glaber, proprietário da área.

Mamoeiro
Está em estudo a diagnose precoce de danos por injúria mecânica em frutos
de mamoeiro. O teste é feito por meio de tetrazólio, produto que reage em
locais onde a atividade das células é alta. Após testes preliminares, verificou-

35
se que o composto reage com rapidez e é capaz de identificar os danos
causados por impacto, atrito e compressão, que culminam em danos
mecânicos e, consequentemente, depreciação dos frutos. Ainda, o
experimento visa identificar o mais rápido possível o dano e também, detectar
o local onde ocorreu. Também, pretende-se avaliar os diferentes tipos de
embalagens usados na cadeia produtiva do mamoeiro.
A equipe de trabalho da UFES realizou pesquisas com a cultivar Golden
visando estender o tempo de prateleira quando submetidas a diferentes
dosagens de vapor de etanol. Segundo Ronchi et al. (2016), as concentrações
usadas apresentaram alterações nas características dos frutos durante o
período de pós-colheita, como: firmeza, pH e perda de massa, se mostrando
uma técnica eficiente, de baixo custo e de fácil manuseio. Porém, novos
estudos devem ser feitos.

Abacaxizeiro
Avaliou-se diferentes frequências de fertirrigações de nitrogênio e potássio
em abacaxizeiro. Observou-se que tanto fertirrigações semanais como
mensais não interferiram na produção e qualidade dos frutos de abacaxizeiros
(RIBEIRO et al., 2015). As referidas informações estão detalhadas no
Capítulo 10.
Semelhante ao experimento de bananeira, citado anteriormente, está em
andamento a fertirrigação de abacaxizeiro por meio de aplicações semanais
de doses crescentes de Nitrogênio (128, 256, 384 e 640 kg/hectare/ano) e
Potássio (192, 384, 576 e 960 kg K2O/hectare/ciclo). O estudo visa identificar
a dosagem que apresente maior produção na região Norte do Espírito Santo.

Diante da importância de estudo do sistema radicular e ainda em função


dos diversos manejos existentes, realizou-se experimentos que visaram
avaliar o sistema radicular do abacaxizeiro ‘Perola’ em função do
parcelamento da adubação e alternativas de manejo da fertirrigação. Por meio
do estudo, verificou-se que os tratamentos irrigado com fertirrigações
parceladas mensalmente para o N e 2 aplicações semanais para o K e o
tratamento não irrigado e não fertirrigado com 4 aplicações ao longo do ciclo
sobre o solo (entre outubro e novembro e abril) para N e (entre outubro e
junho) para o K, apresentaram maiores valores em relação as variáveis
volume, comprimento e massa seca de raízes (SILVA et al., 2016).
36
Na fazenda experimental do CEUNES encontra-se uma unidade
demonstrativa do abacaxizeiro BRS Imperial (Figura 4). Este abacaxizeiro é
resistente a fusariose e apresenta coloração de polpa amarelada-alaranjada.
Devido as suas características é tido como uma excelente opção para
diversificação da cultura no Estado. Alguns produtores em diferentes partes
do Brasil já estão ofertando o fruto, que está sendo aceito e requisitado por
mercados exigentes.

Figura 4. Unidade demonstrativa de abacaxizeiro BRS Imperial na fazenda


experimental do CEUNES-UFES em São Mateus-ES.

Maracujazeiro
Em maracujazeiro, um grupo de pesquisa coordenado pela Professora
Milene Miranda Praça Fontes estuda a caracterização do genoma de espécies
cultivadas no Espírito Santo. O estudo visa o pré-melhoramento e o
estabelecimento de bancos de germoplasma, com intuito de gerar frutos mais

37
produtivos e resistentes a doenças, além de agregar valor às características
não exploradas pelos produtores.
Em parceria com a Penitenciaria de São Mateus, Carítas Diocesana de São
Mateus e a Empresa Trop Frutas, realizou-se experimentos com a finalidade
de avaliar a influência dos estádios de maturação (45, 50, 55 e 60 dias após a
antese) e tratamentos pré-germinativos na germinação do maracujazeiro
amarelo. Diante dos resultados, verificou-se que o estádio de maturação
possui influência significativa na porcentagem de emergência das plântulas e
que frutos colhidos entre 50 e 55 dias após a antese apresentaram maiores
índices de germinação (RONCHI et al., 2015).

Physalis peruviana
A Physalys peruviana L. é uma fruta considerada exótica, originaria da
Amazônia e dos Andes. A fruta tem como característica o sabor doce e
expressivo conteúdo de vitaminas A e C, ferro e fósforo. A inserção de novas
culturas, como a Physalis ainda é inovadora no Espírito Santo, porém já
despertou o interesse na região, uma vez que vem sendo consumida no Norte
do estado do Espírito Santo tanto na forma in natura quanto em decorações
de bolos e doces.
Diante do contexto e da oportunidade de diversificação que a cultura pode
oferecer aos produtores do Norte do estado do Espirito Santo, alguns trabalhos
com Physalis peruviana estão sendo realizados no Campus da UFES em São
Mateus, como a caracterização fenológica das plantas; estádios de maturação
do cálice dos frutos e formas de armazenamento na germinação de sementes
e caracterização do ponto de colheita dos frutos. Esses estudos visam obter
conhecimentos do desenvolvimento da espécie na região Norte do Espírito
Santo e proporcionar informações sobre as épocas oportunas para a realização
das práticas culturais e produção de frutos de qualidade.

Criação e implementação do Polo de Fruticultura do Caparaó


O projeto tem como objetivo estimular a Fruticultura no Sul do Estado do
Espírito Santo, criando alternativas para diversificação da agricultura,
principalmente a familiar. Vislumbra-se ainda, adequar o manejo adequado
de frutíferas em potencial e criação de unidades demonstrativas nos
municípios que integramo Caparaó.

38
Pretende-se criar uma unidade demonstrativa na UFES com todas as
culturas em potencial e outras vinte e duas nos onze municípios do Caparaó
Capixaba. Espera-se que o polo sirva como garantia de produção, implicando,
ainda, a confiança por parte dos produtores para a implantação de novas áreas
e a ampliação dos investimentos em áreas já existentes. Assim, haverá maior
necessidade de mão-de-obra e consequentemente, aumento do emprego e da
renda no campo, favorecendo a permanência do homem no campo. Ainda,
servirá como alternativa para pessoas alocadas nos grandes centros de forma
precária e desumana, a retornar para o campo e viverem em condições
confortáveis. Portanto, o Polo servirá como alternativa para uma região
dependente, quase que exclusivamente, da criação de bovinos e café.

Conclusões
A necessidade de pesquisas são incessantes, porém, a cada dia,
percebemos que as Instituições devem caminhar mais próximas das demandas
dos produtores e da iniciativa privada. Da mesma forma, os atores envolvidos
devem se aproximar das Instituições de pesquisa, pois só assim, todos serão
beneficiados.
Infelizmente, vivemos em um momento de instabilidade, no entanto, o
agronegócio é o propulsor da nossa economia a anos, o que faz com que
tenhamos esperança de dias melhores quando passarmos por essa turbulência.

Referências
CARVALO, A.J.C de; FREITAS, J.A.A.; PESSANHA, P.G.O. Situação da
Fruticultura Brasileira e Capixaba. In: ZUCOLOTO, M. SCHILDT, E.R.
COELHO, R.I. Fruticultura Tropical: Diversificação e consolidação. Alegre:
CAUFES, 2015. Capítulo 1, p.13-22.
FERREIRA, H. A. L.; SILVA, F. O dos R.; RONCHI, B. B.; FALQUETO,
A. R.; ZUCOLOTO, M. Relação entre as dimensões da terceira folha e a
área foliar total de bananeiras do tipo maçã. In: XXIV CONGRESSO
BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. 24, 2016. São Luís – MA.
FISCHER, L de R. Fenologia e caracterização físico-química dos frutos de
bananeiras no Norte do Espírito Santo. 2016. 22 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Bacharelado em Agronomia) - Centro Universitário Norte do
Espírito Santo, Universidade Federal do Espírito, São Mateus.

39
FISCHER, L de R.; MACEDO, I.; KUHLCAMP, K. T.; BARROS, F. L de
S.; MOREIRA, S. O.; ZUCOLOTO, M. Correlações entre caracteres
morfoagronômicos e de reação a doenças em mamoeiro da cultivar Rubi
Incaper 511. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA.
OSIPI, E. A. F.; NAKAGAWA, J. Efeito da temperatura na avaliação da
qualidade fisiológica de sementes do maracujá- doce (Passiflora alata
Dryander). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 1, p.
179-181, 2005.
RIBEIRO, A. M. S. Produtividade e qualidade pós-colheita de
abacaxizeiro fertirrigado em função de diferentes parcelamentos de
nitrogênio e potássio. 2015. 32f. Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Agricultura Tropical, Centro Universitário Norte do Espírito
Santo, Universidade Federal do Espírito, São Mateus.
RONCHI, B. B.; FISCHER, L de R.; EFFEGEM, C.; SILVA, F. O dos R da;
ZUCOLOTO, M. Qualidade pós-colheita de mamão cv. Golden submetido
ao vapor de etanol. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA
RONCHI, B. B.; FISCHER, L de R.; SILVA, F. O dos R. da; AMORIM, E.
P.; ZUCOLOTO, M. Fenologia de diferentes cultivares de bananeira no
estádio de florescimento no Norte do ES. In: XXIV CONGRESSO
BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA.
RONCHI, B. B.; FISCHER, L de R.; SILVA, F. O dos R da; PELEGRINI, H.
R.; ZUCOLOTO, M. Germinação de sementes de maracujazeiro amarelo
em função do tratamento pré germinativo e do estádio de maturação. In:
XIX ENCONTRO LATINO AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA,
XV ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓS-GRADUAÇÃO E V
ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA. 19., 2015. São José dos
Campos - SP. Anais. São José dos Campos: Universidade do Vale da Paraíba,
2015. 1 CD.
SILVA, F. O dos R da; ZUCOLOTO, M.; BARROCA, M. V.; RONCHI, B.
B.; FISCHER, L de R. Sistema radicular do abacaxizeiro ‘Pérola’ em
função do parcelamento da adubação e alternativas de manejo da
fertirrigação. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA. 24., 2016. São Luis – MA.

40
CAPÍTULO 4

A cultura da Goiabeira no Estado do Espírito Santo

Erli Röpke

Introdução
A goiabbeira (Psidium guajava L.) tem sua origem na América Tropical e
é um alimento muito nutritivo, pois tem sais minerais e vitaminas,
principalmente a vitamina C. O Brasil é um dos maiores produtores de goiaba
do mundo, seguido por países como a Índia, Paquistão, México, Egito,
Tailândia, entre outros. Os Estados de São Paulo e Pernambuco são os maiores
produtores no Brasil.

Histórico do cultivo da goiabeira no Estado do Espírito Santo (ES)


O cultivo comercial da goiabeira no Estado do Espírito Santo iniciou no
município de Santa Teresa com o casal José e Isabel Corti (goiaba Cortibel –
1991), seguidos pelo Sr. Luiz Carlos Battisti (goiaba Paluma - 1992) e ainda,
no segundo semestre de 1992, com apoio do Incaper-ES, um grupo de
produtores receberam cerca de 100 mudas de goiaba Paluma cada um,
destacando-se a família Brunow em Tancredinho (hoje município de São
Roque do Canaã). No ano de 2003 o Governo do Estado lançou o Polo de
Goiabeira no município de Pedro Canário, com objetivo principal de atender
à fábrica de sucos em Linhares-ES. Esse Polo de Goiabeira ficou prejudicado
com a presença do nematóide-das-galhas (Meloidogyne mayaguensis) nas
41
lavouras, o que provocou um comprometimento na expansão do Polo. Hoje o
ES conta com cerca de 500ha de goiabeira plantada, sendo os municípios de
Afonso Cláudio e São Roque do Canaã, os maiores produtores. As cultivares
Paluma e Cortibel são as goiabeiras mais cultivadas no ES, com expansão
expressiva das cultivares Cortibeis. A cultura da goiabeira no ES é praticada
por pequenos produtores, sendo de grande importância social, pois gera
emprego e renda no campo o ano inteiro.

Descrição das cultivares


As cultivares de goiabeira mais plantadas no Brasil, atualmente são:
Paluma e Pedro Sato (mais antigas) e, Tailandesa e Cortibel (novas
cultivares).

1- Paluma: goiaba vermelha, muito produtiva e de rápido


desenvolvimento vegetativo (Figura 1). Desenvolvida na
UNESP/FCAV de Jaboticabal-SP, seu cultivo expandiu-se
rapidamente por todas as regiões produtoras de goiaba do Brasil na
década de 90, devido a facilidade de sua multiplicação por
enraizamento de estacas, sua homogeneidade de produção e aos
avanços nas técnicas de produção de goiaba. É a goiaba mais utilizada
pela indústria na confecção de sucos, doces e outros derivados. A
goiaba Paluma tem pós colheita curto, dificultando seu fornecimento
em mercados mais distantes e também, uma possível exportação.

42
Figura 1 – Paluma, Experimento Frucafé, Linhares-ES – foto Erli Röpke

43
2- Pedro Sato: goiaba vermelha, plantas vigorosas, fruto rugoso e
saboroso (Figura 2). Surgiu provavelmente no Rio de Janeiro e é muito
plantada nos Estados de SP e MG, como opção de goiaba para mercado
de mesa. Pós colheita razoável, porém, menos produtiva, se comparada
à Paluma.

Figura 2 – Pedro Sato, Experimento Frucafé, Linhares-ES – foto Erli Röpke

44
3- Tailandesa: goiaba vermelha, frutos grandes e rugosos, produtiva e
com plantas vigorosas (Figura 3). Surgiu no Estado de SP, onde
expandiu-se rapidamente nos últimos 05 anos entre os produtores
como opção de goiaba para mesa. Esta cultivar não está registrada no
RNC (Registro Nacional de Cultivares), portanto sua multiplicação e
comercialização de mudas está ocorrendo de modo irregular. Também
sofreu ataque de Pinta preta (Guignardia psidii), doença não comum
em goiaba. Pós-colheita considerada boa.

Figura 03 – Tailandesa, produtor Donizete De Grande, C. Rodrigues-SP – foto


Erli Röpke

45
4- Cortibel RM (Rugosa Média): goiaba vermelha, frutos rugosos de
sabor incomparável, plantas vigorosas e rústicas (Figura 4). Surgiu no
ES, fruto de melhoramento realizado pelo Sr. José Corti/Frucafé
Mudas. Muito indicada para o mercado de frutos de mesa e para
regiões mais frias e úmidas, pois é muito resistente à ferrugem,
bacteriose e antracnose. As maiores áreas de plantio desta cultivar
estão na região de Barbacena-MG, na região serrana do ES e em
Goiânia-GO. Pós-colheita dos frutos é satisfatório.

Figura 4 – Cortibel RM, produtor Marcus Vinícius, Goiânia-GO – foto Erli


Röpke

46
5- Cortibel RG (Rugosa Grande): goiaba vermelha, frutos rugosos e
grandes, plantas vigorosas e muito produtivas (Figura 5). Surgiu no
ES, fruto de melhoramento realizado pelo Sr. José Corti/Frucafé
Mudas. Muito indicada para o mercado de frutos de mesa, pois
apresenta tamanho médio/grande dos frutos, rugosidade, textura firme
e polpa crocante. Está expandindo por todo o Brasil. Pós-colheita
excelente com indicação para mercados distantes e até a exportação.

Figura 5 – Cortibel RG, produtor Ronaldo J. Postighel, Itarana-ES – foto Erli


Röpke

47
6- Cortibel SLG (Semi Lisa Grande): goiaba vermelha, frutos grandes e
saborosos, plantas vigorosas e muito produtivas (Figura 6). Surgiu no
ES, fruto de melhoramento realizado pelo Sr. José Corti/Frucafé
Mudas. Indicada para o mercado de frutos de mesa, pois apresenta
tamanho médio/grande dos frutos, textura firme da polpa e não libera
cheiro forte para ambiente quando está madura. Está expandindo-se
por todo o Brasil. Pós-colheita muito boa com indicação para mercados
distantes e exportação.

Figura 6 – Cortibel SLG, Experimento Frucafé – foto Erli Röpke

Condições de clima, solo e relevo


A goiabeira adapta-se aos mais diversos tipos de solo, clima e relevo. No
Estado do ES a goiabeira é cultivada praticamente em todas as regiões, com
colheitas o ano todo. Nas regiões mais quentes, percebe-se que algumas
cultivares podem acelerar o ciclo, e até mesmo, apresentar frutos menores ou
com mais problemas fitossanitários. Já nas regiões muito frias, o ciclo pode
48
aumentar e até impossibilitar a realização de podas entre os meses de maio a
julho. Em casos onde os produtores utilizam mecanização em suas áreas,
deve-se dar preferência para terrenos mais planos.

Espaçamento e plantio
Os espaçamentos utilizados pelos produtores e/ou recomendados podem
variar conforme relevo, tamanho do pomar e se o objetivo é para frutos de
mesa ou indústria. Para indústria recomenda-se 7m x 5m, média de 35m² a
40m² por planta. Pomares para frutos de mesa recomenda-se 6m x 3,5m,
média de 18m² a 25m² por planta. Há produtores aderindo à plantio mais
adensados, mas também, deverá intensificar as atividades de manejo, pois
pode trazer mais pragas e dificuldade na mecanização. Na Frucafé Mudas em
Linhares-ES, está sendo implantado um experimento (2017/2025) com 39
cultivares de goiabeira com 09 repetições, com espaçamentos que iniciam
com 6 x 3m (555 plantas/ha) até mais adensados com 3 x 2m (1.666
plantas/ha). Para o pequeno produtor, que dispõe de pouca área para plantio,
o adensamento pode ser uma excelente opção, podendo em alguns casos,
dobrar sua produtividade por hectare.

Mudas de qualidade e plantio


No momento do plantio, o produtor deve estar atento à qualidade das
mudas e adquiri-las com viveirista idôneo, com RENASEM (Registro
Nacional de Sementes e Mudas) e com Inscrição de Viveiro para goiabeira. O
viveiro que está em dia com a legislação de mudas, emitirá Nota Fiscal e
Termo de Conformidade do lote de mudas. As mudas devem ser produzidas
em ambiente de canteiros suspensos, em substrato que não contenha solo e
irrigadas com água que não venha de córregos e rios e sim, de fonte limpa ou
água tratada. O plantio pode ocorrer em covas (50x50x50cm) ou em sulcos
adubados com adubos fostatados e material orgânico compostado. Dê
preferência à análise de solo. Mudas devem ser plantadas com cerca de 3 a 5
pares de folhas e tutoradas no ato do plantio para facilitar a formação inicial
das plantas.

Irrigação
O manejo de pomar de goiabeira sem irrigação no ES é inviável, pois os
períodos de chuvas são curtos e muito mal distribuídos. Para colher goiaba o
49
ano todo é necessário irrigar, pois as plantas exigem quantidades diferentes
de água durante o ciclo. O sistema de irrigação mais indicado para goiabeira
é o de microaspersão com vazão entre 37 e 70 litros por hora. Há produtores
que utilizam microjets, microspray e gotejamento, até a primeira poda de
produção, com instalação dos microaspersores a partir desta fase. A
quantidade de água varia com a idade do pomar, tipo de solo e temperatura.
Em solos mais arenosos recomenda-se irrigar mais vezes (todo dia, por ex.) e
com menos tempo e, em solos mais argilosos pode-se irrigar com maior
quantidade de água e menor frequência (2 ou 3 vezes por semana, por ex.).

Pragas e Doenças
Do mesmo modo que a goiaba é um alimento importante para o ser
humano, também é para muitos insetos e microrganismos da natureza.
Portanto, é necessário um monitoramento constante do pomar, a fim de
realizar atividades de manejo adequados e fazer prevenção para as pragas não
danificarem o pomar e os frutos. Para que o produtor faça o manejo e
prevenção adequados das pragas, ele necessita em primeiro lugar de conhecer
as fases em que ocorre os danos as plantas ou aos frutos, horário de possível
ataque, condições favoráveis à sua proliferação vetores, inimigos naturais,
entre vários outros.
Para ajudar na identificação, a seguir será descrito algumas das pragas mais
importantes no cultivo de goiabeira no ES, numerando-as na sequência que
atacam desde a poda à colheita.
1- Tripes – inseto bem pequeno (tipo uma larva) de cor preto e/ou vermelho
que ataca os ponteiros da planta, botões florais e goiabas novas. Ataca o ano
todo, sendo mais intenso entre os meses de setembro a março. Controle com
pulverizações preventivas.
2- Ácaro branco - Inseto muito pequeno, praticamente invisível a olho nu.
Ataca as folhas novas do ponteiro da planta, deixando-as com tamanho menor,
retorcidas e com cor amarelo-claro (como se a planta estivesse num local
sombreado). Inibe o crescimento da planta e dos botões florais. Aparece
principalmente, em períodos que não chove. Fazer pulverizações contínuas
com produtos piretróides, o que pode intensificar o aparecimento de ácaros
no pomar. Controle preventivo com pulverizações de Calda Sulfocálcica e
inseticidas/acaricidas.
3- Psilídio – inseto pequeno que ataca a bordadura da folha, fazendo com que
50
essa se enrole e apresente uma cor roxeada. Causa grandes prejuízos se não
controlado logo no início, pois paralisa o crescimento da planta e dificulta o
controle. Pode ocorrer o ano todo, sendo mais intenso de fevereiro a outubro.
Controle com pulverizações no início da infestação.
4- Ferrugem – doença fúngica que ataca folhas e frutos. Nas folhas apresenta
áreas arredondadas na forma de um “pó” amarelo na parte inferior (de baixo)
das folhas. Nos frutos, ataca sua superfície. Maior ocorrência em períodos
chuvosos e quentes (janeiro a abril). Controle com podas adequadas e
pulverizações preventivas.
5- Gorgulho – inseto de tamanho médio (parece um caruncho de milho
gigante), de cor preto-acinzentado. Ataca os ponteiros da planta fazendo um
furo no ramo, paralisando seu crescimento. Nos frutos (tamanho de um
pêssego) fazem perfurações e depositam um ovo que se transforma numa
larva branca e grande, que inutiliza todo o fruto (não serve nem para a
indústria). No local perfurado aparece uma mancha escura do tamanho de
0,5cm. Ataca ano todo, sendo mais intenso de outubro a março. Controle com
eliminação e catação dos frutos atacados e pulverizações preventivas.
6- Moscas-das-frutas – mosca pequena, de cor preto-amarelada. Deposita os
ovos na fruta que se transformam em pequenas larvas brancas (bicho da
goiaba), tornando-o inútil para o mercado de fruto in natura. Ataca o ano todo,
sendo mais intenso de outubro a março. Controle com armadilhas de garrafas
pet, ensacamento dos frutos e pulverizações preventivas.
7- Antracnose – doença que ataca os frutos em fase de amadurecimento e
pós-colheita, provocando pequenas manchas pretas que vão crescendo e
amolecendo o fruto. Frutos que sofreram ataques de insetos (Ex. tripes,
ácaros, etc.) quando novos são mais susceptíveis ao ataque da Antracnose.
Controle de insetos no fruto, irrigação e adubação adequada podem evitar a
Antracnose. As primeiras colheitas sempre apresentam mais problemas com
Antracnose. Prevenção e controle através pulverizações com fungicidas.
Outras pragas que também podem atacar a goiabeira e seus frutos:
cochonilhas, formigas cortadeiras, ácaro vermelho, percevejos, besouros,
mosca branca, vaquinhas, lagartas, broca do tronco, nematoides, etc. Estas
pragas são chamadas de pragas secundárias, pois pomares bem cuidados
normalmente não apresentam problemas com essas pragas, mas mudanças
bruscas de clima podem dar condições para o desenvolvimento rápido de uma
praga ou doença. O uso excessivo de nitrogênio nas adubações, podem
51
provocar a proliferação mais rápida de várias pragas na goiaba. Não há muitos
produtos registrados para controle fitossanitário em goiabas no Brasil,
principalmente inseticidas. É necessário intensificar pesquisas e
posicionamento dos produtores de goiaba para aumentar o leque de produtos
registrados, para que a comercialização no mercado interno e as exportações
sejam seguras.

Podas
A poda é a atividade de manejo mais importante no cultivo da goiabeira,
tanto as podas de formação das plantas, quanto as podas de produção. A poda
pode determinar a quantidade e a qualidade dos frutos que serão colhidos,
portanto, o produtor deve investir em treinamento para não errar nas podas.
Até o terceiro ano de idade, as plantas de goiabeira estarão em formação,
mesmo já tento passado por cerca de três podas de produção. Até alguns anos
atrás, os produtores de todo Brasil utilizavam podas de formação de plantas
mais abertas e grandes (até 6m de diâmetro de copa), porém, com a expansão
da ideia de adensamento, cada vez mais os produtores estão compactando as
plantas com podas mais curtas, sendo toda a formação feita com tesoura de
poda, sem escoramento ou amarração de ramos. Se considerarmos um pomar
plantado em ambiente tropical, teremos a seguinte cronograma de poda: 1ª
poda de formação (entre 90 e 120 dias após o plantio) com o corte do ramo
principal (guia) cerca de 40cm de altura (Figura 7); 2ª poda de formação (entre
120 e 160 dias após plantio) com corte das ponteiras dos ramos laterais em
cerca de 30 a 40cm do tronco (Figura 8); 3ª poda de formação (entre 160 e
210 dias após o plantio) com corte novamente dos ponteiros dos ramos que
brotaram após a 2ª poda em cerca de 30 a 40cm. Após a 3ª poda a planta estará
com cerca de 20 ramos que vão crescer à vontade até ficarem maduros (com
pelo menos 6 pares de folhas no ramo de cor marrom). 1ª poda de produção
(cerca de 10 a 12 meses após o plantio) que consiste na poda drástica de todos
os ramos (podar na parte marrom) em cerca de 20 a 30cm da última poda
(Figura 9 e 10). Todos os ramos vão lançar de 1 a 3 brotos com botões florais
que darão origem à primeira colheita (cerca de 20 a 40kg de frutos por planta)
6 meses após a poda. 2ª poda de produção (ocorrerá cerca de 8 meses – 34 a
36 semanas após a 1ª poda de produção). 3ª poda de produção (ocorrerá cerca
de 8 meses – 34 a 36 semanas após a 2ª poda de produção) (Figura 11). 4ª
poda de produção (ocorrerá cerca de 8 meses – 34 a 36 semanas após a 3ª
52
poda de produção). Nesta fase, as plantas estarão com cerca de 36 a 40 meses
de idade e totalmente formadas com cerca de 200 ramos de produção, com
capacidade de produzir entre 600 e 800 frutos a cada 8 meses. É bom ressaltar
que algumas cultivares (Paluma, por ex.) necessitam de podas de produção
mais alongadas nos ramos e outras mais curtas (Cortibel RG, por ex.).

Figura 7 – 1ª poda de formação

Figura 8 – 2ª poda de formação

53
Figura 9 – Planta apta para a 1ª poda de produção

Figura 10 – 60 dias após a 1ª poda de produção

Figura 11 – planta após a 3ª poda de produção – planta com cerca de 30 meses


de idade

54
Manejo em talhões e ciclo de produção
A goiabeira é uma das poucas frutas que podem ser manejadas em
quaisquer regiões do Brasil (exceção para climas muito frios), e produzir o
ano todo. Para produzir o ano todo, o manejo do pomar em talhões é
fundamental, pois o produtor consegue seguir uma agenda de atividades que
coincide com o ciclo das plantas e frutos. Assim, o produtor pode alterar
volume de irrigação durante o ciclo, pulverizar e respeitar carência dos
produtos, fazer raleio dos frutos na hora certa, colher todos os dias numa
quantidade menor de plantas, entre outras. Há variações no ciclo das
cultivares entre a poda e o início da maturação dos frutos, por ex. a Cortibel
RM inicia com 165 dias, a Paluma com 175 dias e a Cortibel RG com 190
dias, podendo sofrer alteração para 10 dias menos ou mais, de uma região para
outra. Considerando que o ciclo entre uma poda de produção e outra, vai de
224 dias a 252 dias (32 a 36 semanas), o produtor deve criar uma agenda
semanal de atividades para cada talhão. Para as cultivares mais precoces
(Cortibel RM, Paluma), sugerimos um número mínimo de 08 talhões e para
as mais tardias (Cortibel RG), um mínimo de 09 talhões, ambos os casos com
podas de um novo talhão a cada 28 dias (04 semanas). Para garantir uma
produção semanal mais estável em volume de frutos, há produtores que fazem
podas a cada 14 dias, o que dobra o número de talhões.

Colheita e comercialização
Como descrito anteriormente, o produtor é que escolhe o dia que quer
colher. Mas é muito importante definir anteriormente para quem vai vender,
mercado de mesa (feiras, supermercados, CEASAs) ou para a indústria. O
ponto de colheita do fruto e sua embalagem vai determinar como este fruto
vai chegar ao consumidor final. As cultivares com melhor pós colheita, vão
fazer a diferença quando o mercado é mais longe ou quando o produtor
exportar. O resfriamento do fruto logo após a colheita e o transporte em
ambiente resfriado, também vão aumentar a vida útil dos frutos.
Normalmente, faz-se 2 ou 3 colheitas no pomar por semana, mas há
produtores que preferem colher todos os dias, assim, sempre terá frutos no
mesmo padrão de maturação. Há necessidade de mais pesquisas nesta área de
pós-colheita com goiabas, principalmente das novas cultivares.

55
Conclusão
A cultura da goiabeira é uma excelente opção de emprego e renda no
campo, pois proporciona colheita e faturamento o ano todo. Também é um
desafio, pois exige mais precisão e qualidade nas decisões e atividades dos
produtores. No ano de 2000, escrevi a frase a seguir em um documento para
um grupo de produtores em que prestava assistência técnica: “O SUCESSO
NO CULTIVO DA GOIABEIRA ESTÁ EM OBSERVAR
CONSTANTEMENTE O POMAR, SEGUIR AS RECOMENDAÇÕES E
NÃO DAR OUVIDO À PESSOAS QUE NÃO SÃO PRODUTORES DE
GOIABA”. (Erli Röpke – mar/2000).

56
CAPÍTULO 5

Aspectos de ecofisiologia e estratégias de manejo da


bananeira

Sérgio Luiz Rodrigues Donato


Alessandro de Magalhães Arantes
Vagner Alves Rodrigues Filho
Maria Geralda Vilela Rodrigues
Francisco Ermelindo Rodrigues

Introdução
Ecofisiologia compreende o estudo do funcionamento, da adaptação e da
eficiência de uma determinada espécie ou cultivar a um ambiente específico.
Os diversos processos são interdependentes e influenciados pelas interações
dos fatores água-solo-genótipo-atmosfera. Esses processos determinam o
crescimento, o desenvolvimento fenológico (Figura 1) e a produtividade da
bananeira, que também são regulados pela interferência humana.
O cultivo da bananeira no mundo abrange diferentes zonas climáticas. Em
cada ambiente predomina determinados estresses abióticos que limitam a
produtividade. Contudo, independentemente do padrão climático da região de
cultivo, as discussões atuais remetem para o predomínio de extremos e
variabilidade climática, que sugerem aumentos dos estresses de seca e calor.
Na maioria dos ambientes de cultivo, a bananeira está quase sempre sob
estresse, deslocada do seu ótimo fisiológico. Portanto, o entendimento da
ecofisiologia da bananeira fomenta a interferência para aumentar a segurança
produtiva, a sustentabilidade e a resiliência do cultivo. Isso envolve atuação
em desenvolvimento de cultivares tolerantes a esses estresses (Ravi et al.,
2013) e de estratégias de manejo em sintonia fina com as especificidades e
interações locais. Assim, objetiva-se com o presente texto apresentar algumas
informações sobre ecofisiologia e estratégias de manejo da bananeira.

57
Desenvolvimento fenológico, ecofisiologia e práticas culturais na
produção de banana
O ciclo de desenvolvimento da bananeira (Figura 1B) compreende quatro
estádios com duração média de 90 dias, a depender da cultivar e das condições
ambientais. No ciclo de produção da planta-mãe, no primeiro estádio,
denominado infantil, que se estende do pegamento até o surgimento da
primeira folha com 10 cm (F10) de largura de limbo (Soto Ballestero, 2008),
o crescimento é lento. Nos ciclos posteriores o rebento depende da planta-mãe
e quanto mais durar essa dependência, quando permanecerá com folhas
lanceoladas por inibição hormonal da mãe, maior será a sua produção.

A B
Figura 1. Representação do ciclo da bananeira, com adaptações das durações dos estádios para bananeira Prata
(A). Distribuição percentual da matéria seca em bananeira ‘Williams’ (AAA) durante os estádios fenológicos
ao longo do primeiro ciclo nos subtrópicos (B). Adaptação aproximada dos períodos para ’Prata-Anã’.
NOTA: Y: gema, desenvolvimento do filho; F10: primeira folha com 10 cm de largura; Fm: primeira folha
adulta característica da cultivar; DF: diferenciação floral; F: emissão da inflorescência; C: colheita do cacho.
FONTE: Donato et al. (2015). A - Adaptado e modificado de Soto Ballestero (2008). B - Adaptado e modificado
do original de Robinson & Galán Saúco (2010). Ilustrações: Pedro Ricardo Rocha Marques

O estádio juvenil, de crescimento rápido, que se estende do surgimento da


folha F10 à emergência da primeira folha adulta (Fm), corresponde à
diferenciação floral e à independência da planta-filha. Nesse estádio é crucial
a interferência do produtor com estratégias que assegurem o aumento do ritmo
de emissão foliar para favorecer a emissão de uma inflorescência com muitas
pencas. O terceiro estádio, reprodutivo, porém vegetativo aparente, vai da
diferenciação floral ao aparecimento da inflorescência (F). A partir da
emergência do cacho a planta-mãe paralisa a emissão de raízes e folhas e os
filhos passam a contribuir mais com absorção de água e nutrientes.
A retirada de folhas danificadas e sombreadas deve ter atenção especial a

58
partir do florescimento, pois podem constituir drenos, além de dificultar a
refrigeração do bananal e afetar a eficiência instantânea de uso da água. O
conhecimento das relações fonte–dreno entre órgãos ao longo do ciclo
(Figura1B) possibilita ao produtor direcionar o acúmulo de assimilados para
a produção e a continuidade do cultivo. No primeiro estádio, há acúmulo de
matéria seca (MS) na folha, dreno preferencial e no segundo estádio, no
pseudocaule, por apresentar grande desenvolvimento estrutural para suportar
o cacho. No terceiro e início do quarto estádio, a MS é alocada para o rizoma
e filhos jovens e, após o florescimento, é realocada simultaneamente para o
desenvolvimento do cacho e para o broto selecionado para ser a planta-filha.
No momento da colheita o cacho representa 30% à 50% da MS da planta.
A prática de desbaste realizada em época próxima à diferenciação floral é
essencial para assegurar a continuidade e equilibrar as relações fonte-dreno.
Dessa maneira, o pico de dreno de assimilados do seguidor coincide com o do
rizoma. O filho passa a ser independente e não compete diretamente com o
cacho. A remoção do excesso de netos diminui a competição posterior com o
cacho, além de assegurar a sincronia na família no momento da colheita
(Figura 2A), sem risco de atraso nos ciclos posteriores (Figura 2B).

A B
Figura 2. Família de bananeira Prata em primeiro ciclo de produção. Sincronia normal (A). Família sem
sincronia (B). Fotos: A: Sérgio Luiz Rodrigues Donato; B) Alessandro de Magalhães Arantes

Bananeira é uma planta hidrófita, considerada sensível ao déficit hídrico


no solo e responsiva à irrigação, por isso, a água é o fator abiótico mais
limitante à sua produção (Vanhove et al., 2012). Em condições de estresse por
seca e/ou calor aumenta a síntese do hormônio ácido abscísico (ABA) nas
raízes (Mahouachi et al., 2014), transporta até a parte aérea via xilema e
provoca o fechamento estomático. Esse mecanismo conserva a água na planta,
mas interfere na assimilação de CO2 e na produtividade. A compactação
também influencia a síntese de ABA, pois diminui o transporte de água do
59
solo até as raízes e restringe o crescimento radicular.
Apesar das bananeiras serem bastante sensíveis à seca, genótipos de
genoma “B”, em particular "ABB", são mais tolerantes à seca e outros
estresses abióticos que os de genoma “A” (Vanhove et al., 2012). Assim, os
programas de melhoramento devem ter um plano de fenotipagem como pré-
requisito para melhorar características direcionadas a esses estresses.
A disponibilidade de água e nutrientes no solo está relacionada às trocas
gasosas e ao crescimento e desenvolvimento da bananeira. Desse modo,
quaisquer medidas em plantas devem ser corroboradas com medições da
umidade do solo e de condições atmosféricas (Mahouachi et al., 2014).
Em condições semiáridas do norte de Minas Gerais, a taxa de assimilação
líquida de CO2, a taxa de transpiração (Figura 3A) e a eficiência de
carboxilação (Figura 3B) da ´Prata-Anã’ (AAB) variam de forma direta com
o aumento da disponibilidade de água no solo, proporcionada pelo aumento
da lâmina de irrigação aplicada. A taxa de assimilação líquida varia de forma
direta com a taxa de transpiração (Figura 3C), decorrente do aumento da
lâmina de irrigação aplicada, em cultivares de diferentes grupos genômicos.

A B C
Figura 3. Taxas de assimilação líquida de CO2 A e de transpiração E (A) e eficiência de carboxilação A/Ci da
cultivar Prata-Anã em função da lâmina de irrigação (%ETc) (B).Correlação entre taxas de assimilação líquida
de CO2 A e de transpiração E das cultivares Prata-Anã (AAB), Grande Naine (AAA), BRS Princesa (AAAB),
BRS Platina (AAAB) e FHIA-18 (AAAB) submetidas à lâminas de irrigação variando de 25 à 125% ETc (C).
Maio à novembro de 2011, Nova Porteirinha, MG.
Nota: mensurações realizadas às 14:00.

Esses resultados atestam que em bananeira com inadequado suprimento de


água, os decréscimos na fotossíntese (Figura 3A) e na eficiência de
carboxilação (Figura 3B) estão associados inicialmente à restrição estomática
à entrada de CO2, evidenciado pela diminuição da transpiração com
decréscimo da lâmina aplicada (Figura 3C). A diminuição de CO2 no sítio da
rubisco por fechamento estomático causado pelo estresse hídrico ou
60
problemas no sistema enzimático, por exemplo, desnaturação de proteínas,
rompimento de membranas em razão de choque térmico, modifica as
constantes cinéticas da rubisco, aumenta a taxa de oxigenação
(fotorrespiração) preferencialmente à carboxilação e decresce a fotossíntese.
A literatura indica os limites térmicos para a bananeira entre 15 e 38 ºC
(Robinson & Gálan Saúco, 2010). O estresse inicia com 34 ºC, com 38 ºC o
crescimento é paralisado, ocorre fechamento estomático e superaquecimento
dos tecidos. Esses dados estabelecem as temperaturas infra e supraótimas e
formam a base para estimar a produção potencial da bananeira, desde que os
demais fatores de produção estejam no ótimo. São informações genéricas para
bananeiras de diferentes grupos genômicos, embora a maioria das
observações refere-se a cultivares tipo Cavendish (AAA).
A maior temperatura da folha de bananeiras tipo Maçã registrada às 14:00
h comparada às 8:00 h (Tabela 1), é consequência da elevação da temperatura
do ar à tarde, que aumenta a transpiração e diminui a eficiência instantânea de
uso da água (EUA) (Arantes et al., 2016). A irrigação também favorece o
aumento da transpiração. Esse aumento da transpiração à tarde sugere que o
declínio da EUA decorre mais de alterações no sistema enzimático
decrescendo a eficiência de carboxilação do que da restrição estomática à
entrada de CO2.

61
Tabela 1. Taxa fotossintética (A), taxa de transpiração (E), eficiência instantânea do uso da água (A/E),
eficiência de carboxilação (A/Ci), μmol CO2 m-2s-1/μmol CO2, temperatura foliar (Tleaf), avaliadas na terceira
folha de bananeiras tipo Maçã (‘Maçã’, ‘BRS Tropical’, ‘BRS Princesa’, Maçã, YB42-03; YB42-17, YB42-47
e ‘Caipira’), no primeiro ciclo de produção em diferentes épocas e horários. Guanambi, BA, 2010-2011
A(μmol CO2 m-2s-1) E(mmol H2O m-2s-1) A/E A/Ci Tleaf(oC)
Meses
08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h 08:00 h 14:00 h

Fev 15,51 Ca 11,64 Db 3,14 Cb 5,11 Da 5,00 Ba 2,29 Db 0,073 Ca 0,056 Cb 31,36 Cb 39,19 Aa
Mar 15,23 Ca 15,74 Ba 2,91 Cb 4,78 Da 5,20 Ba 3,36 Bb 0,067 Ca 0,071 Ba 31,88 Cb 35,68 Ca
Abr 15,12 Ca 13,72 Ca 2,27 Db 4,00 Da 6,81 Aa 3,97 Ab 0,070 Ca 0,060 Cb 34,57 Aa 35,01 Ca
Jul 24,05 Aa 19,19 Ab 4,51 Bb 7,65 Ba 5,39 Ba 2,57 Cb 0,110 Aa 0,090 Ab 29,59 Db 37,30 Ba
Ago 24,00 Aa 18,03 Ab 4,78 Bb 9,04 Aa 5,05 Ba 2,03 Db 0,114 Aa 0,083 Ab 31,08 Cb 39,93 Aa
Set 24,98 Aa 18,06 Ab 6,94 Ab 7,57 Ba 3,70 Ca 2,56 Cb 0,114 Aa 0,085 Ab 33,58 Bb 37,53 Ba
Nov 18,28 Ba 15,55 Bb 3,60 Cb 6,28 Ca 5,20 Ba 2,53 Cb 0,084 Ba 0,072 Bb 31,49 Cb 39,05 Aa

CV(%) 21,49 24,78 23,33 23,19 4,98


*Médias seguidas por letras iguais maiúsculas, nas colunas para meses, pertencem a um mesmo agrupamento pelo critério de
Scott-Knott a 5% de probabilidade; e minúsculas nas linhas para horários não diferem significativamente pelo teste F a 5% de
probabilidade. Médias das cultivares. Fonte: Elaboração dos autores.

Dessa forma, cultivos de bananeira em regiões mais sujeitas à variabilidade


climática, onde predominam estresses de calor e radiação associados, pelo
menos em determinadas épocas do ano requer manejo que melhore a
refrigeração da planta e maximize a produtividade. Por exemplo, aumento de
densidade de plantio, desfolha, manejo do pseudocaule e da palhada,
adubação orgânica, manejo e sistemas adequados de irrigação, aplicação de
protetores solar. Adicionalmente, em mercados com maior remuneração da
produção ou estresses mais extremos, é recomendável a adoção de cultivo
protegido (Cabrera & Galán Saúco, 2005), com diferentes níveis de
sombreamento e materiais de cobertura (Pirkner et al., 2014).
A desfolha (Figura 4A) melhora a troca de calor sensível no bananal,
diminui inóculo de patógenos e efeito de dreno exercido por folhas velhas
sombreadas. Contudo, para produtividades normais, a bananeira, no
florescimento demanda de 10 a 12 folhas para ‘Prata-Anã’, menos que 12 para
‘Grande Naine’ (Rodríguez González et al., 2012) e para plátanos, seis folhas
funcionais da floração aos 45 dias de idade do cacho (Barrera et al., 2009).
O uso de protetores solar tem aumentado em função da variabilidade
climática e incremento da produtividade dos cultivos. Os fabricantes
informam que produtos à base de caolim e carbonato de cálcio são concebidos
62
por tecnologia de reflectância avançada, constituem um filme de partículas
minerais finas com formulação líquida não abrasiva, de fácil manuseio e
utilização em mistura de tanque para pulverização, além de fácil remoção dos
frutos nos tanques de lavagem durante o processamento. Há afirmações que a
caulininta calcinada (Surround WP®) aumenta a refletividade da luz solar,
protege as plantas de queima solar e estresse por calor, promove o
desenvolvimento de biomassa, reduz o dano causado pela radiação
ultravioleta e infra-vemelha, aumenta a captura, a transmissão de luz, a
concentração de clorofila, reduz a temperatura das folhas e frutos, não
bloqueia os estômatos e ativa a fotossíntese (Ortiz et al., 2013a, b, c).
Ortiz et al. (2013b, c) aplicaram com pulverizador costal, a cada 15 dias,
do transplantio até a floração da planta-mãe e do seguidor selecionado em
‘Grande Naine’, em Limon, Costa Rica, Surround WP® (Nova Source, EUA)
a 5% do produto comercial e Surround WP® (Nova Source, EUA) + Green
Sol 70 (citocininas + nutrientes, Frit Ind., EUA), a 5% e 10% do produto
comercial, respectivamente. Concluiram haver tendência a maior crescimento
vegetativo da planta-mãe e do seguidor com aplicação Surround WP® +
Green Sol 70 e menor influência na produção de cachos, mas indicaram
necessidade de mais estudos. O uso conjunto de protetor, reguladores de
crescimento e nutrientes, Surround WP® + Green Sol 70 na aclimatação de
mudas de meristema, reduziu a temperatura foliar, estimulou o crescimento e
diminuiu a permanência das mudas no viveiro (Ortiz et al., 2013a).
Trabalho realizado no Norte de Minas Gerais (dados não publicados)
consideraram o uso de diferentes concentrações de produtos à base de caulim,
caulinita e mistura com nutrientes em ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba (Figura 4,
Tabela 2). Utilizaram-se P1 (13,33%); P2 (testemunha de 13,33%); P3
(Protesol); P4 (6,66%); P5 (testemunha de 6,66%); P6 (1,00%); P7
(testemunha de 1,00%); P8 (5,00%); P9 (testemunha de 5,00%); P10
(Glifosato). Os tratamentos testemunha foram constituídos por plantas
vizinhas às plantas protegidas, enquanto o P10, planta com sintomas severos
de fitotoxidade por deriva na aplicação de Glifosato, situação comum em
bananais, e que constitui um fator de estresse abiótico.

63
B
A

C D E
Figura 4. Bananal recém desfolhado e desbastado, com boa ventilação (A). Folha de ‘Prata-Anã pulverizada
com cal a 2% (B), Guanambi, BA. Mensurações com analisador de gás ao infravermelho (IRGA), modelo
LCPro+®, ADC BioScientific Ltda, em bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, submetidas a diferentes
tratamentos de proteção solar, aos quatro meses após o transplantio - Tratamento P6 (1%) (C); Tratamento P1
(13,33) com detalhes dos clips para leitura de fluorescência da clorofila (D); Tratamento P10 (Glifosato) (E).
Nova Porteirinha, MG, 2016. Fotos: A, C, D, E - Sérgio Luiz Rodrigues Donato. B - Alessandro de Magalhães Arantes.

Bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba mais vigorosas expressaram maior


taxa de fotossíntese, eficiência de carboxilação, eficiência fotoquímica
máxima do fotossistema II e maior rendimento quântico da fotossíntese, o que
corrobora Robinson & Galán Saúco (2010). Enquanto a planta com menor
vigor, tratamento P10 (Glifosato), evidenciou menores valores de
fotossíntese, eficiência fotoquímica da fotossíntese, eficiência de
carboxilação, EUA, maior temperatura foliar e menor condutância estomática.
Glifosato é um herbicida do grupo químico Glicina substituída, sistêmico,
pós-emergente, não seletivo, registrado para uso em bananais (BRASIL,
2016), cujo mecanismo de ação é inibição da enzima EPSP sintase (5
enolpiruvilchiquimato-3-fosfato sintase) por competição com o substrato PEP
(fosfoenolpiruvato). Inibe a síntese de aminoácidos aromáticos, fenilalanina,
tirosina e triptopfano, a síntese de auxina nas rotas dependente e independente
do triptofano e aumenta a atividade da AIA oxidase. Também favorece a
síntese S-Adenosil Metionina (SAM), que sob estresse passa a ácido 1-
carboxílico1-amino ciclopropano (ACC), precursor do etileno, resultando em
redução do crescimento e morte das plantas. O Glifosato controla plantas

64
daninhas em bananais, desde que aplicado em jato dirigido para evitar deriva,
pois há muitos casos de fitotoxicidade, com atraso no crescimento e emissão
dos filhos, principalmente sob condições estressantes para a planta não alvo
(Yamada & Castro, 2007). Há problemas com a sua exsudação radicular.
Tabela 2. Temperatura foliar (Tleaf), fotossíntese (A), transpiração (E) e eficiência instantânea de uso da água (A/E), mensuradas pela
manhã e à tarde, em bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, submetidas a diferentes tratamentos de proteção solar, aos quatro e cinco
meses após o transplantio. Nova Porteirinha, MG, 2016
Planta/tratamento Tleaf(oC) A (µmol m-² s-1 deCO2) E (mmol m-² s-1 de H2O) A/E(EUA) Horário
Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde
P1 (13,33%) 30,7Cb 41,2Ba 23,44Ba 11,34Cb 5,03Cb 9,59Ca 4,65Aa 1,18Cb 08:00 12:54
P2 (13,33 % test) 30,9Cb 41,0Ba 13,83Cb 22,79Ba 4,29Cb 13,25Ba 3,22Ba 1,72Bb 08:15 13:00
P3 Protesol 34,3Bb 42,0Ba 24,60Ba 17,47Bb 7,01Bb 11,25Ba 3,51Ba 1,55Bb 08:30 13:06
P4 (6,66%) 35,2Bb 43,6Aa 25,56Ba 11,29Cb 8,30Bb 11,49Ba 3,07Ba 0,98Cb 08:37 13:25
P5 (6,66% test) 35,5Bb 42,4Ba 27,33Ba 22,01Ba 9,45Bb 15,86Aa 2,89Ba 1,38Bb 08:40 13:27
P6 (1%) 37,1Bb 41,8Ba 28,85Aa 21,22Bb 9,89Bb 13,05Ba 2,91Ba 1,57Bb 08:50 13:39
P7 (1% test) 36,6Bb 42,0Ba 23,64Ba 24,36Aa 8,04Bb 13,37Ba 2,94Ba 1,82Bb 08:57 13:45
P8 (5%) 38,2Ba 40,6Ba 26,89Ba 24,39Aa 11,77Aa 11,29Ba 2,28Ba 2,16Aa 09:07 13:49
P9 (5% test) 38,8Ba 41,0Ba 24,55Ba 17,10Bb 10,61Aa 10,78Ba 2,31Ba 1,58Ba 09:10 14:00
P10 Glifosato 42ª - 13,59C - 7,37B 1,83C - 09:20 14:10
Média 35,93 41,73 23,22 19,10 8,17 12,21 0,013 0,009 - -
Desvio padrão 3,46 0,91 5,29 5,12 2,36 1,85 0,003 0,002 - -
CV (%) 9,64 2,18 22,79 26,81 28,95 15,22 26,78 29,16 - -
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna, para tratamentos de proteção solar, e minúscula na linha, para horários
de avaliação, pertencem à mesma classe estratificada pela média e o desvio padrão (Y±Sy). Classes estabelecidas: a =
≥(Y+(2Sy)); b = ≥(Y+(Sy)) e <(Y+(2Sy)); c = Y±Sy: (≥Y-Sy) e <(Y+Sy); d = ≥(Y-(2Sy)) e <(Y-(Sy)); e = <(Y-(2Sy)); em que:
Y é a média da característica avaliada, e Sy é o desvio padrão da característica avaliada. Fonte: Elaboração dos autores.

Os tratamentos de proteção solar P1 (13,33%) e P3 (Protesol), nesta ordem,


proporcionaram, de forma geral, menores valores de radiação solar incidente
nas folhas, maiores valores de eficiência fotoquímica da fotossíntese,
rendimento quântico da fotossíntese e eficiência fotoquímica máxima do PSII
em bananeiras ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, indicando a integridade dos
centros de reação do PSII. As trocas gasosas podem variar com a proteção
solar, pois nas avaliações com aparelhos, as medidas expressam valores
pontuais, influenciados também pelas condições às quais as plantas estejam
submetidas no momento, sejam climáticas (Arantes et al., 2016) ou resultantes
de algum tratamento, refletindo o status atual da planta.
A predominância de maiores taxas de fotossíntese, eficiência de
carboxilação, EUA pela manhã, e dos maiores valores de radiação solar
incidente na folha, temperatura foliar e transpiração à tarde (Tabela 2)
corrobora as argumentações de Donato et al. (2015), que decréscimos na
fotossíntese e EUA em bananeira com o aumento da temperatura (Tabela 2)
estão mais associados a problemas enzimáticos, comprovados pela menor

65
eficiência de carboxilação à tarde, que ao fechamento estomático, pois as
taxas de transpiração são maiores à tarde, mesmo para temperaturas acima de
40 oC, embora a condutância estomática tenha reduzido.
A temperatura da folha da bananeira ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba, pela
manhã, entre 8:00 e 9:20 h, quando realizadas as mensurações, aumentou de
30,8 até 38,2 oC, enquanto à tarde, entre 13:00 e 14:20 h, variou de 41 a 43 oC
(Tabela 2). A temperatura do ar pela manhã, nos mesmos horários, aumentou
de 26,8 até 29,7 oC e a umidade relativa decresceu de 56 para 46%. À tarde a
temperatura do ar aumentou de 32,1 para 34,5 oC e a umidade relativa
decresceu de 39 para 32% (EPAMIG, 2016).
A temperatura da folha aumenta com a elevação da temperatura do ar
(Figura 5). Com isso, a planta transpira mais, mesmo com diminuição da
condutância estomática e diminui a EUA (Lucena, 2013; Arantes et al., 2016).
A maior transpiração à tarde é favorecida também pela umidade do solo
decorrente da irrigação e evidencia a ativação desse mecanismo de
resfriamento da planta para diminuir o estresse térmico, ainda que a
temperatura da folha foi 8 oC superior à do ar nos horários mais quentes.

Figura 5. Correlação entre temperatura da folha de bananeira ‘Prata-Anã’ clone Gorutuba e temperatura do ar
(ºC) entre 8:00 e 14:00 h. Nova Porteirinha, MG, 2016.
Nota: Dados temperatura do ar - EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS –
EPAMIG. EPAMIG Norte - Campo Experimental do Gorutuba. Estação Meteorológica Automática de Nova
Porteirinha, MG, 2016.
Fonte: Elaboração dos autores.

O vento limita produtividade da bananeira. O tipo e a intensidade do dano


variam com a velocidade, duração e temperatura do vento, com a cultivar e
sua fenologia. Pode causar quebra do pseudocaule, tombamento, chilling
66
(ventos frios), desidratação da planta devido à grande evaporação,
fendilhamento entre nervuras foliares secundárias, diminuição da área foliar
pela dilaceração do limbo e rompimento de raízes. Também reduzem a
eficiência de aplicação de água dos sistemas de irrigação com aspersão.
O vento diminui as taxas de fotossíntese e a produtividade em bananeira
Cavendish, a depender da intensidade de dilaceração do limbo (Robinson &
Galán Saúco, 2010). Diminui em 36% as taxas de fotossíntese em cultivares
tipo prata de maior porte comparadas às de menor porte (Donato et al., 2015),
o que pode estar relacionado à dilaceração do limbo e ao rompimento de
raízes, provocados pelo vento, com maior efeito nas cultivares de porte
elevado. Os efeitos deletérios na produção da bananeira provocados por vento,
podem ser atenuados com o cultivo protegido (Pirkner et al., 2014).
O aumento da densidade de plantio melhora a proteção contra o vento
(Figura 7A, B, C e D), diminui o excesso de radiação, a emergência de ervas
daninhas, a incidência de Sigatoka-amarela, melhora a refrigeração do
bananal, reduz a evaporação de água do solo e aumenta a eficiência de uso da
água, pois eleva a produtividade para as mesmas condições
evapotranspirométricas. Contudo, a qualidade dos frutos deve ser mantida.
A despeito da sugestão de Donato et al. (2015) que o aumento da densidade
de plantio pode melhorar o conforto térmico no bananal, a temperatura da
folha do plátano ‘D’Angola’ (Figura 6E) elevou com a densidade de plantio.
Entretanto, o conforto térmico no interior do dossel provavelmente aumenta
com o aumento da população, pois a temperatura foliar foi medida na folha
três (Arantes et al., 2016), no topo do dossel.
Nos cultivos mais densos, a captação de radiação fotossinteticamente ativa
pelo dossel é maior, consequência do aumento do IAF (Turner et al., 2007), o
que aumenta a concentração de clorofila, caso típico de folhas de sombra.
Entretanto, ocorre decréscimo na quantidade de radiação na base das plantas
e, consequentemente, pela extinção da radiação no dossel, diminui a emissão
e o desenvolvimento de filhos. Bananais com IAF próximo a 4,5, como
observado para as populações iguais ou maiores que 3.125 plantas ha-1(Figura
6F), cerca de 90% do terreno será sombreado ao meio dia de um dia
ensolarado, ou seja, 90% da radiação é interceptada pelo dossel. Desse modo,
aumento do IAF acima desse valor é pouco benéfico, pois a maior parte da
radiação recebida já é interceptada (Turner et al., 2007).
O IAF da cultivar D’Angola aumentou com a densidade de plantio e com
67
os dias após o transplantio, de forma linear, ajustando uma superfície de
resposta (Figura 6F). O modelo estima IAFs aos 341 dias após o transplantio
de 2,79 à 4,92 para populações de 1.111 à 4.166 plantas ha-1, respectivamente.

A B C
45

43
Temperatura foliar ( C)

41
yˆ 08:00
 33,424  0,001 * *x; r ²  0,98
39
yˆ 14:00
 40,365  0,0007 * *x; r ²  0,98
37

35

33
1.111 1.611 2.111 2.611 3.111 3.611 4.111
Densidades Populacionais (pl ha-1)

D E F
Figura 6. Plátano ‘D’Angola’ com densidade de plantio de 1.111 plantas ha-1, aos 220 dias após o transplantio
(A) e na época da colheita, plantas tombadas (B); Com densidade de plantio de 4.166 plantas ha-1, aos 220 dias
após o transplantio (C) e na época da colheita, plantas em pé (D); Temperatura foliar (Tleaf) mensurada às 8:00
e às 14:00 h, na terceira folha de plátano ‘D’Angola’ submetida a diferentes densidades de plantio (E); Índice
de área foliar (IAF) de plátano ‘D’Angola’ em função de diferentes densidades de plantio e dias após o
transplantio (DAT) (F). Guanambi-BA, 2015. Elaboração dos autores. Fotos: Alessandro de Magalhães Arantes

As plantas devem ser avaliadas quanto à morfologia, geometria e natureza


quantitativa de raízes de bananeira, pois as raízes desempenham papel
importante no reconhecimento de déficit de umidade do solo e sinalização
para ativação de tolerância ao estresse de seca, como síntese de ácido
abscísico (Mahouachi et al., 2014). Sob estresse as raízes têm o crescimento
prejudicado e senescem, desencadeia um desbalanço hormonal de auxina e
giberelina que afeta o desenvolvimento foliar. A obstrução foliar,
caracterizada pelo aprisionamento da inflorescência no momento da
emergência do pseudocaule pelos pecíolos e internódios curtos, congestiona
e compacta a abertura, atrasa a emergência e deforma os cachos.
O sintoma manifesta-se mais em cultivares de menor porte e é problema
comum em diversas regiões bananeiras. Com causas diferentes e sintomas
semelhantes, a diagnose precisa requer sintonia fina por parte do
“diagnosticador”, decorrente da interação clima x solo x cultivar e homem.
68
As causas podem ter relação com deficiência de zinco. Danos mecânicos
ao sistema radicular quando associados a estresses abióticos, dificultam o
fluxo de nutrientes no solo. A deficiência de zinco se manifesta em baixa
atividade da gema terminal, ocasionando decréscimo da síntese de auxina,
hormônio responsável pelo crescimento, o que traduz em encurtamento dos
lançamentos foliares e aspecto de roseta, com compressão da inflorescência.
A elevação da temperatura na zona radicular diminui a viscosidade da
água, e, consequentemente, aumenta o fluxo difusivo de nutrientes do solo até
a raiz. Já nas épocas frias, a água torna-se mais viscosa, fato comprovado na
prática, pelo aumento da ocorrência de "encoqueiramento" em bananeira
quando ocorrem baixas temperaturas em diferentes regiões produtoras,
relacionados à deficiência de zinco, mesmo em áreas irrigadas.
A compactação do solo, decorrente do caminhamento para realizar práticas
culturais, pode diminuir a porosidade. Em solos com pH elevado a situação
se agrava, já que a maior proximidade com as cargas da fase sólida de solos
eletronegativos favorece a adsorção do Zn++ em detrimento da manutenção do
fluxo no poro e sua absorção pela planta. Aplicação do Zn++ via filho
desbastado e em pulverização evita a adsorção pelo solo, ou ainda aplicação
via fertirrigação, contribuem para solucionar o problema.
O manejo da palhada do bananal, com disposição dos pseudocaules
rebaixados e das folhas nas ruas, e o aporte frequente de adubos orgânicos de
origem vegetal ou animal, contribuem para aumentar a emissão de raízes
(Figura 7A, C), a fauna do solo (Figura 7B). Além disso melhoram os
atributos físicos do solo, particularmente a porosidade, e químicos via adição
e ciclagem de nutrientes, principalmente potássio (K+), pela palhada.
A taxa de ciclagem varia com o solo, clima, genótipo, manejo, sistema de
irrigação e organismos decompositores. Além da economia nutricional, o K+
está relacionado à regulação hídrica e osmótica da planta e, por isso, à
proteção anti-estresses abióticos. Contudo, a adição de grandes quantidades
de materiais orgânicos ao solo aumenta a adsorção de Zn, Cu e B, o que requer
maior atenção quanto à situação nutricional das bananeiras.

69
A B C
Figura 7. Vigor de raízes de bananeira ‘BRS Platina’ adubada com esterco bovino e farinha de rocha (A);
presença intensa de minhocas na região de distribuição dos adubos orgânicos (B); vista do sistema radicular da
família(C). Fotos: A, B - Alessandro de Magalhães Arantes. C – Sérgio Luiz Rodrigues Donato

Considerações finais
O ideótipo de bananeira deve florescer precocemente, apresentar porte
reduzido, sem ser anã, e possuir cachos médios (Turner et al., 2014) de modo
a diminuir o tempo de exposição aos estresses abióticos. Isso assume grande
importância, particularmente diante da variabilidade climática e da universal
crise de recursos hídricos que limita a expansão do cultivo de bananeira.
Contudo, nas três últimas décadas vários genótipos resistentes às principais
doenças da bananeira e com alto potencial produtivo foram disponibilizados
aos agricultores do mundo inteiro por diferentes programas de melhoramento,
a maioria com baixo grau de adoção por agricultores com alegação
principalmente de problemas de mercado.
A despeito da importância do melhoramento genético, a solução desses
problemas perpassa a condução de experimentos em casa de vegetação e
principalmente no campo, que apresentem maior relevância fisiológica para
uma sintonia fina na definição de estratégias de manejo que possibilitem
maior especificidade no âmbito local. Isso possibilita construir soluções que
sigam as regras locais da interação homem-genótipo-ambiente de modo a
aumentar a segurança produtiva, a sustentabilidade e a resiliência do cultivo,
especialmente para regiões ou épocas com condições de estresses abióticos
em que há desajuste entre a ambiência e o ótimo ecológico para a espécie.

Referências
ARANTES, A.M.; DONATO, S.L.R.; SIQUEIRA, D.L.; COELHO, E.F.;
SILVA, T.S. Gas exchange in different varieties of banana prata in semi-arid
environment. Revista Brasileira de Fruticultura, v.38, p.1-12, 2016.
BARRERA, J.; CAYÓN, G.; ROBLES, J. Influencia de la exposición de las

70
hojas y el epicarpio de frutos sobre el desarrollo y lacalidad del racimo de
plátano Hartón (Musa AAB Simmonds). Agronomía Colombiana, v. 27, n.
1, p. 73-79, 2009.
BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Agrofit.
Disponível em
<http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>.
Acesso em: 14out.2016.
CABRERA, J.C.; GALÁN SAÚCO, V. Evaluation of the banana cultivares
Zelig, Grande Naine and Gruesa under different environmental conditions in
the Canary Islands. Fruits, v. 60, p. 357-369, 2005.
DONATO, S.L.R.; ARANTES, A. de M.; MARQUES, P.R.R.;
RODRIGUES, M. G. V. Considerações ecofisológicas e estratégias de
manejo da bananeira. Informe Agropecuário, v.36, n.288, p.13-26, 2015.
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS –
EPAMIG. EPAMIG Norte - Campo Experimental do Gorutuba. Estação
Meteorológica Automática de Nova Porteirinha. Nova Porteirinha, 2016.
LUCENA, C.C. Estratégias de manejo de irrigação de bananeiras
baseadas em coeficientes de transpiração e área foliar. 2013. 152 f. Tese
(Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2013.
MAHOAUCHI, J.; LÓPEZ-CLIMENT, M.F.; GÓMEZ-CADENAS. A.
Hormonal and hidroxycinnamic acids profiles in banana leaves in response to
various periods of water stress. The Scientific World Journal, v.2014, p.1-
9, 2014.
ORTIZ, R.; BERMÚDEZ, A; MORENO, E.; VALVERDE, J. Applicación de
surround Surround WP® y Green Sol 70® en meristemos de banano en
vivero. In: REUNIAO INTERNACIONAL DA ASSOCIACAO PARAA
COOPERACAO EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL
DAS MUSACEAS (BANANAS E PLATANOS),20., 2013, Fortaleza.
Acorbat: 40 anos compartilhando ciência e tecnologia. Fortaleza: Instituto
Frutal: Acorbat Internacional, 2013. p.163. ACORBAT 2013a.
ORTIZ, R.; BERMÚDEZ, A; VALVERDE, J.; VOLKER, K.; BARROWS,
P. Aplicación de Surround WP® y Green Sol 70® sobre el crecimiento,
desarrollo y producción de banano (Musa spp.). In: REUNIAO
INTERNACIONAL DA ASSOCIACAO PARAA COOPERACAO EM
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS MUSACEAS
(BANANAS E PLATANOS),20., 2013, Fortaleza. Acorbat: 40 anos
71
compartilhando ciência e tecnologia. Fortaleza: Instituto Frutal: Acorbat
Internacional, 2013. p. 162. ACORBAT 2013b.
ORTIZ, R.; GONZÁLEZ, M.; BERMÚDEZ, A; VOLKER, K.; BARROWS,
P.; VALVERDE, J. Uso de Surround WP® y Green Sol 70® para aumentar
la producción y calidad de banano (Musa spp.). In: REUNIAO
INTERNACIONAL DA ASSOCIACAO PARAA COOPERACAO EM
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DAS MUSACEAS
(BANANAS E PLATANOS),20., 2013, Fortaleza. Acorbat: 40 anos
compartilhando ciência e tecnologia. Fortaleza: Instituto Frutal: Acorbat
Internacional, 2013. p.169. ACORBAT 2013c.
PIRKNER, M.; TANNY, J.; SHAPIRA, O.; TEITEL, M.; COHEN, S.;
SHAHAK, Y.; ISRAELI, Y. The effect of screen type on crop micro-climate,
reference evapotranspiration and yield of a screenhouse banana plantation.
Scientia Horticulturae, v.180, n.1, p.32-39, 2014.
RAVI, I.; UMA, S.; VAGANAM, M.M.; MUSTAFFA, M.M. Phenotyping
bananas for drought resistance. Frontiers in physiology, v.4, n.1, p.1-15,
2013.
ROBINSON, J.C.; GALÁN SAÚCO, V. Bananas and plantains. 2nd ed.
Oxford: CAB International. 311p. (Crop production science in horticulturae
series, 19). 2010.
RODRÍGUEZ GONZÁLEZ, C.; CAYÓN SALINAS, D.G.; MIRA
CASTILLO, J.J. Efecto del número de hojas funcionales a la floración sobre
la producción de banano Gran Enano (Musa AAA Simmonds). Revista da
Faculdad Nacional de Agronomia de Medellin, v.65, n.2, p.6585-6591,
2012.
SOTO BALLESTERO, M. Bananos: técnicas de produción, poscosecha y
comercialización. 3.ed. San José: Litografia e Imprensa LIL, 2008. 1 CD-
ROM.
TURNER, D.W.; FORTESCUE, J.A.; DANIELLS, J.W. Banana Agronomy.
Can unraveling the Musa genome. In: 29thInternational Horticulturae
Congress - IHC 2014 – ProMusa - Unravelling the bananas genomic potential,
2014, Brisbane. Abstracts...: ProMusa – Unravelling the bananas genomic
potential. Brisbane: IHC, 2014. v.1. p.1-34.
TURNER, D.W.; FORTESCUE, J.A.; THOMAS, D.S. Environmental
physiology of the bananas (Musa spp.). Brazilian Journal of Plant
Physiology, v.19, p.463-484, 2007.
72
VANHOVE, A.C.; VERMAELEN, W.; PANIS, B.; SWENNEN, R.;
CARPENTIER, S.C. Screening the banana biodiversity for drought tolerance:
can an in vitro growth model and proteomics be used as a tool to discover
tolerant varieties and understand homeostasis. Frontiers in Plant Science,
v.3, n.176, p.1-10, 2012.
YAMADA, T; CASTRO, P.R.C. Efeito do glifosato nas plantas:
implicações fisiológicas e agronômicas. Piracicaba: IPNI, Encarte Técnico:
Informações Agronômicas No 119, set. 2007, 32p.

73
CAPÍTULO 6

A pesquisa com espécies frutíferas no Incaper

Sarah Ola Moreira


Vanessa Alves Justino Borges

Introdução
O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural -
Incaper, comemorou recentemente seus 60 anos de história. No entanto, o
trabalho com fruticultura começou antes mesmo de sua criação. Ainda em
1952, foi fundada, no município de Domingos Martins, a Estação
Experimental de Vitivinicultura com o objetivo de introduzir e avaliar o
comportamento de genótipos de uva na Região Serrana do Estado. Algum
tempo depois, em 1984, em homenagem ao pesquisador que implantou a
fruticultura nessa região, a Estação Experimental passou a ser conhecida
como Fazenda Mendes da Fonseca. Atualmente, nessa fazenda funciona o
Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro Serrano, uma das
unidades de pesquisa do Incaper (Ventura & Girelli, 2014).
Outros marcos importantes nos trabalhos em fruticultura desenvolvidos
pelo Incaper nesses 60 anos foram: a introdução do primeiro pomar clonal de
citrus, em 1971, considerado o início da citricultura no estado; a avaliação e
introdução de novas cultivares de banana do tipo ‘Prata’, na década de 1980;
trabalhos com fitossanidade e melhoramento do mamoeiro, como a
introdução da cultivar Improved Sunrise Solo Line 72/12 e a seleção da
‘Baixinho de Santa Amália’, na década de 1980 (Ventura & Girelli, 2014).

74
Assim, o Incaper, em parceria com outras instituições públicas e privadas,
desenvolve ações de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, a fim de
organizar as cadeias produtivas, aumentar a produtividade e melhorar a
qualidade das frutas produzidas no Espírito Santo. São realizadas ações de
pesquisa com abacaxi, acerola, banana, cacau, goiaba, citrus, mamão, manga,
uva, framboesa, pêssego e frutas nativas da Mata Atlântica, que contribuem
para o desenvolvimento da cadeia de fruticultura capixaba.
A descentralização da estrutura física e de pessoal do Instituto, que está
presente em todos os municípios do estado, com 85 escritórios, 12 fazendas
experimentais e 13 laboratórios em diversas áreas, possibilita que os
conhecimentos e tecnologias geradas sejam compartilhados com os
produtores de maneira mais dinâmica. Dessa forma, os trabalhos
desenvolvidos nos campos experimentais e laboratórios do Incaper,
contribuem, não só para a ciência, mas, para o desenvolvimento do campo,
com geração de renda e qualidade de vida ao produtor.

Gestão da pesquisa no Incaper


O Incaper realizou, em 2011, o seu planejamento estratégico, no qual
definiu-se que a missão do instituto é “promover soluções tecnológicas e
sociais por meio de ações integradas de pesquisa, assistência técnica e
extensão rural” (Incaper, 2012). A atuação deve ser focada na agricultura
familiar, sustentabilidade, empreendedorismo, organização social e
regionalização.
As ações de pesquisa do Incaper incorporam as diretrizes e os princípios
definidos nesse Planejamento Estratégico, e usam os processos e ferramentas
operacionais que levam a ações integradas e permitem o alcance dos objetivos
institucionais. Um desses processos é o Mapa Estratégico da Pesquisa, que
visa padronizar, facilitar e incrementar a qualidade das ações de pesquisa
realizadas no Instituto.
Assim, a pesquisa do Incaper tem como objetivo ampliar a base cientifica
e tecnológica com enfoque na sustentabilidade; promover a aproximação da
pesquisa com os elos da cadeia produtiva; e gerar tecnologias, produtos e
processos visando aumentar a renda, com inclusão social e produtiva da
agricultura familiar (Incaper, 2012). Para isso, os projetos de pesquisa
desenvolvidos pelo Instituto devem buscar:

75
 O aumento da produtividade, a redução dos custos, a melhoria do valor
agregado, a segurança alimentar e qualidade dos alimentos;
 A recuperação e conservação ambiental;
 A formulação e revisão da legislação agropecuária, de políticas públicas
e de mercado;
 O desenvolvimento de projetos de ciência tecnologia e inovação de
forma diversificada, e;
 A geração de publicações científicas e técnicas a partir dos resultados
das pesquisas.
Outras ferramentas importantes que estão sendo implementadas no Incaper
são: a carteira de projetos estratégicos, estruturantes e operacionais, que
correspondem a projetos de longo, médio e curto prazos; o programa de
registro e gestão de projetos, que armazena informações dos projetos em
planejamento, execução e encerrados do Instituto; os indicadores de pesquisa,
divididos em institucionais e pessoais, que quantifica os resultados obtidos
pelos pesquisadores e pelo instituto; e a discussão de um novo modelo de
geração de conhecimento.
Esse processo de geração do conhecimento tem por objetivo nortear que o
conhecimento e informação sejam produzidos com foco maior nas demandas
do público-alvo do Incaper, diminuindo a distância entre o produtor rural e o
pesquisador e visando o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário
do estado do Espírito Santo. Segundo este processo, a partir das demandas de
pesquisa levantadas pelos extensionistas do Instituto junto ao seu público-
alvo, são elaborados os projetos de pesquisa. Esses projetos são,
primeiramente, avaliados pela instituição, sendo então, submetidos, pelo
pesquisador, a editais de financiamento para os quais se enquadra. Aprovado
o projeto de pesquisa, este é executado, e os resultados gerados
(conhecimento) são divulgados tanto para a comunidade científica quanto
para os produtores ou público demandante. Esse processo estabelece a
integração da pesquisa com a extensão rural e assistência técnica (Ater) em
diversos pontos, mas sempre resguardando as particularidades de cada área de
atuação do Instituto (Martins et al., 2014). Permite, ainda, que o recurso
investido no Incaper retorne ao público-alvo em forma de ciência e tecnologia
geradora de renda e qualidade de vida (Figura 1).

76
Figura 1: Resumo do processo de geração de conhecimento do Incaper.

Soluções tecnológicas desenvolvidas pelo Incaper


Em sua história, o Incaper sempre trabalhou com tecnologias que ajudaram
a promover o desenvolvimento rural capixaba. Os resultados desses anos de
pesquisa desenvolvidas pelo Instituto foi inventariado por Esteves e Borges
(2014), que reuniram as principais tecnologias geradas, recomendadas ou
adaptadas em todas as áreas de conhecimento. Nesse capítulo, priorizou-se os
principais resultados históricos na área de fruticultura e aqueles obtidos nos
últimos anos. Outros resultados poderão ser consultados em Esteves e Borges
(2014) e no site da Biblioteca do Incaper (http://biblioteca.incaper.es.gov.br/).
Nesse site também estão disponíveis todas as publicações relacionadas as
tecnologias aqui destacadas.

77
Desde 2014, mais de 100 publicações com resultados de pesquisa em
fruticultura do Incaper foram publicadas em revistas nacionais, internacionais
e em eventos técnicos. Em 2015, o Instituto realizou o VI Simpósio do Papaya
Brasileiro, que reuniu, aproximadamente, 50 instituições da cadeia produtiva,
com representantes de 15 estados e três países. Além disso, o Incaper tem
registrada uma cultivar de mamão (‘Rubi Incaper 511’, primeira cultivar de
mamoeiro do Grupo Formosa capixaba) e uma de abacaxi (BRS Vitória), em
parceria com Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, além
de patentes registradas e concedidas.
Para quantificar o impacto de algumas das tecnologias geradas no
incremento de produtividade, na redução de custos e na agregação de valor, o
Incaper divulga, anualmente, o seu Balanço Social. Nele são descritas
algumas tecnologias, seu percentual de adoção e seu impacto econômico,
quantificados conforme metodologia de avaliação de impactos de tecnologias
agropecuárias desenvolvida pela Embrapa (Ávila et al., 2008). Na área de
fruticultura, foram incluídas seis tecnologias, que juntas, tiveram impacto
econômico superior a 77 milhões de reais em 2015 (Tabela 1).

Tabela 1. Impacto econômico de 2015 de tecnologias geradas e/ou


recomendadas pelo Incaper (adaptado de Oliveira & Borges, 2016).
Área de Participação Impacto
Tecnologia adoção no do Incaper Econômico
ES (ha) (%) (mil R$)
Systems Approach: mamão 904 70 1.895,3
Abacaxi ‘Vitória’1 24 70 1.593,5
Manejo da broca na
13.237 70 17.395,5
bananeira
Manejo de fusariose no
4.643 70 4.999,4
abacaxizeiro
Banana ´Vitória’ 1.500 70 12.020,4
Recomendação de calagem
6.643 70 39.559,0
e adubação 2
Total 77.463,1
1
Somados os impactos econômicos em incremento de produtividade e redução de custos.
2
Considerou-se somente o impacto para as seguintes culturas: laranja, tangerina, abacaxi,
goiaba, mamão solo e maracujá.

78
As culturas frutícolas mais estudadas pelo Incaper são o mamoeiro,
abacaxizeiro, citrus e bananeira. Outros trabalhos com cacaueiro, goiabeira,
mangueira, lichia e frutas nativas são desenvolvidos, mas em menor escala.
Outros produtos tecnológicos do Incaper têm impacto direto na produção de
frutas, dentre eles, o Sistema de Informações Meteorológicas e o Boletim
Meteorológico Trimestral, o Sistema Integrado de Bases Geoespaciais do
Estado do Espírito Santo (GeoBases) e o Sistema de Informações da Produção
Agropecuária Capixaba (Sipac) e o Boletim da Conjuntura Agropecuária
Capixaba. Abaixo serão descritos alguns resultados obtidos pelo Incaper
desenvolvidos nos últimos anos.

Mamoeiro
É para o mamoeiro que o Incaper tem resultados mais significativos ao
longo de sua história, com destaque para o System Approach, que é um
sistema de redução de risco de infestação por pragas e permitiu a exportação
do mamoeiro ainda na década de 1990; e para a ‘Rubi Incaper 511’, uma
cultivar do grupo Formosa, que por ser de polinização aberta permite o
reaproveitamento das sementes e reduz o custo de produção. Em um estudo
recente, essa cultivar teve melhor produção de frutos quando comparado a
outros oito genótipos de mamoeiro.
Nos últimos anos, o mamão permanece em destaque dentre as espécies
frutíferas estudada pelo Incaper, responsável por mais de 50% das publicações
de fruticultura. Foram desenvolvidos trabalhos nas áreas de fitopatologia,
entomologia, fisiologia, sementes, melhoramento de plantas, socioeconomia,
biologia molecular e farmacologia.
Na área de fitopatologia destacam-se os trabalhos com as viroses do
mamoeiro (mosaico e meleira), envolvendo manejo, epidemiologia e
dinâmica temporal, avaliação de plantas hospedeiras e vetores, alterações
físicas e fisiológicas nas plantas doentes e análise e associação de microRNAs
ao estresse causado pela virose. Para pinta preta, mancha de phoma e
corynespora estão sendo desenvolvidos trabalhos para seleção de materiais
genéticos tolerantes. Na área se entomologia, foram realizados trabalhos sobre
infestação e danos causados pela cochonilha-do-mamoeiro, mosca branca,
tripes e definição de escala de danos causados por pragas. Na área de sementes
foram avaliados a qualidade de compostos fenólicos, o envelhecimento
79
acelerado, a quebra de dormência e o impacto do armazenamento sobre as
sementes. No melhoramento, foi conduzido um novo ciclo de seleção entre e
dentro da ‘Rubi Incaper 511’, visando a melhoria do teor de sólidos solúveis.
Por fim, em parceria com a UVV, foi observado o potencial anti-hipertensivo
do mamoeiro.

Abacaxi
Para o abacaxizeiro, diferentes estudos avaliaram a sua produtividade e
qualidade dos frutos em função das épocas de plantio, técnicas de indução
floral, qualidade de mudas micropropagadas, exigência térmica, dentre
outros. Nesses estudos também foi feita a caracterização da folha "D" em
função de épocas de plantio e indução floral e sua correlação com
características físicas e químicas de frutos. Para essa cultura também foi
publicada uma avaliação no uso de iscas para o manejo integrado de pragas.
Na área de fitopatologia, foi avaliado o comportamento de diferentes
materiais genéticos quando a resistência à fusariose, além de ter sido
desenvolvido, em parceria com a Ufes, um protocolo de diagnóstico
molecular de Fusarium guttiforme. Esse trabalho que deu origem a um
registro de patente, que está sob avaliação do Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI).

Citrus
Para os citrus, os trabalhos de pesquisa do Incaper envolvem,
principalmente, a adaptabilidade de diferentes materiais genéticos e diferentes
combinações de copa e porta-enxerto. Nesses estudos ainda estão sendo
avaliados materiais genéticos que permitam o escalonamento da produção e
comercialização durante o ano.
Outro trabalho de grande importância é a manutenção de um banco de
germoplasma de citrus. Nesse banco estão disponíveis mais de 150 materiais
que foram avaliados e caracterizados e, alguns deles, estão aptos a fornecer
borbulheiras para produção de mudas. O trabalho com citrus, que envolve
atividades de pesquisa e assistência técnica do plantio a comercialização
desenvolvido no Polo de Tangerina, rendeu ao Incaper o Prêmio Inoves na
categoria Práticas Transformadoras. O Prêmio Inoves é uma iniciativa do
Governo do Espírito Santo e reconhece trabalhos inovadores, desenvolvidos

80
por servidores públicos, que modernizam a gestão, melhoram a vida do
cidadão e transformam a realidade.

Frutas Nativas
Nos últimos anos o Incaper passou a se dedicar a experimentação com
frutas nativas da Mata Atlântica associando dois objetivos principais: tornar
essas frutas conhecidas da população, por suas características organolépticas
e nutricionais; e ampliar a manutenção e restauração florestal com espécies
nativas por meio da conservação pelo uso. Esse conceito consiste na
preservação das espécies nativas pelos produtores rurais por elas serem fonte
de alimento e renda. Como resultados iniciais, foram avaliadas as
características físico-química, morfológicas e métodos de extração de polpa
de juçara, uvaia, cambuci, jabuticaba e de outras espécies frutíferas ou
potencialmente geradoras de produtos florestais não madeireiros. Ações dessa
natureza também contribuirá com outras políticas públicas do Governo do ES,
como o Programa Reflorestar.
Como resultado desse trabalho e visando a popularização do consumo, foi
publicado, em 2017, o livro Palmeira juçara: patrimônio natural da Mata
Atlântica no Espírito Santo (Guimarães & Souza, 2017). Esse trabalho
também foi laureado com o Prêmio de melhor projeto de instituição pública,
indicado pelo Conselho de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo a 12ª
Semana Estadual de Ciência e Tecnologia.

Sipac e o Boletim da Conjuntura Agropecuária Capixaba


Esse sistema reúne informações das atividades agropecuárias e de todos os
seus produtos no Espírito Santo, as quais são levantadas pelas principais
instituições de pesquisa que atuam no Estado. Isso porque parte significativa
do que é produzido no Espírito Santo, principalmente na olericultura e na
fruticultura, que são de relevância econômica e social no estado, não é
contemplado nas publicações desse tipo feitos em escala nacional. Assim, esse
sistema disponibiliza uma informação mais apurada para o estado. Uma
análise trimestral desses dados é publicada na forma resumida no Boletim da
Conjuntura Agropecuária Capixaba e disponibilizada no site do Instituto.
Na área de fruticultura, o Sipac traz dados de 25 culturas, além de permitir
análise de conjuntura agropecuária e florestal. Por exemplo, em 2015, no
Espírito Santo, enquanto a cafeicultura deu um retorno de R$ 7,7 mil/ha, a
81
fruticultura rendeu R$ 16,25 mil/ha. Além disso, a fruticultura foi responsável
por 11,2% do valor bruto da produção agropecuária do Espírito Santo. São
mais de 71 mil hectares cultivados e mais de 781 mil toneladas de frutas
produzidas, indicando o sucesso da atividade no estado (Galeano & Souza,
2016).

Parcerias
Nos trabalhos com fruticultura, o Incaper possui uma ampla rede de
parcerias, das quais podemos destacar: a Universidade Federal do Espírito
Santo - Ufes em seus três campi; a Universidade de Vila Velha – UVV;
diversos campi do Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes; o Instituto
Agronômico de Campinas – IAC; a Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira – Ceplac; a Embrapa; a Associação Brasileira dos Produtores e
Exportadores de Papaya - Brapex, dentre tantas outras. Essas parcerias
permitem a ampliação dos trabalhos e dos resultados gerados, seja pela soma
de saberes e de infraestrutura disponíveis, ou pela multidisciplinaridade com
que uma pesquisa pode ser abordada. Assim, esses parceiros são
corresponsáveis pelos resultados gerados pelo Incaper.

Perspectivas futuras
A pesquisa agropecuária brasileira viveu diferentes fases de
desenvolvimento, sempre relacionadas com as necessidades da sociedade em
cada época. Atualmente, a preservação ambiental e todas as variáveis que
envolvem essa discussão, devem ser consideradas como parte integrante do
modelo de desenvolvimento atual em qualquer processo de geração de
conhecimentos e de tecnologias. Portanto, não basta mais produzir frutas em
quantidade e com qualidade. É necessário associar essa produção à
conservação dos recursos naturais, uma vez que a água, a terra e a
biodiversidade são pilares para o desenvolvimento de uma agricultura
sustentável (Moreira et al., 2014).
Aliado a isso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco, 2010) ressalta que o desenvolvimento da ciência
e da tecnologia devem ter como foco a redução dos desequilíbrios e da
exclusão social. Diante disso, a ciência deve se basear na erradicação da
pobreza, na harmonia com a natureza e no desenvolvimento sustentável,
integrando suas dimensões social, ambiental e econômica.
82
Diante desse cenário, apesar de toda a pesquisa em fruticultura já
desenvolvida pelo Incaper, ainda é necessário encontrar respostas para
grandes desafios atuais e futuros. Com base no Planejamento Estratégico do
Incaper e nas demandas levantadas nos Fóruns de Integração Pesquisa e Ater,
realizados pelo Incaper em 2014, algumas áreas de atuação estão sendo
priorizadas para as ações futuras na área de fruticultura do Instituto, como o
uso e conservação dos recursos naturais; adaptação e desenvolvimento
regional; mudanças climáticas; e fitossanidade e segurança alimentar.
Considerando a extensa devastação da Mata Atlântica ocorrida no Espírito
Santo, a pesquisa com frutas nativas da Mata Atlântica pode favorecer o
enriquecimento da cobertura florestal, bem como complementar a renda dos
produtores. O conhecimento as potencialidades dessas frutas aliada a ações de
divulgação de suas propriedades nutricionais contribuirão para que o
agricultor utilize áreas preservadas para obtenção de renda. Assim, o produtor
poderá extrair frutas de áreas preservadas e comercializá-las, ao mesmo tempo
que mantém a árvore nativa, promovendo uma integração entre a preservação
de recursos naturais e a adoção de modelos de desenvolvimento rural em bases
mais sustentáveis.
Cabe lembrar que o Novo Código Florestal indica que a exploração
agroflorestal sustentável, que não descaracteriza a cobertura vegetal existente
e não prejudica a função ambiental da área, é considerado de interesse social,
além disso, permite a exploração econômica da Reserva Legal. Essas áreas
poderão ser utilizadas para a produção comercial de frutas nativas. Visando
atender esse objetivo, estão em execução projetos que visam a caracterização
físico-química e nutricional de frutas nativas da Mata Atlântica com potencial
econômico e ambiental; a intensificação ecológica de plantações de arbóreas
nativas da Mata Atlântica em associação com a palmeira juçara para produção
de frutos; a investigação do potencial das espécies arbóreas nativas para o
desenvolvimento de boas práticas agrícolas em sistemas agrossilvipastoris; a
avaliação da recuperação de área de proteção permanente com palmáceas
nativas; o uso de espécies frutíferas em consórcio com cafeeiro; avaliação da
qualidade ambiental e rentabilidade da agrofloresta sucessional biodiversa,
dentre outros.
Por outro lado, pesquisas que visam o reaproveitamento de resíduos para
adubação podem favorecer o produtor por eliminar custos de produção, ao
mesmo tempo em que dão destinação adequada a resíduos que podem causar
83
problemas na área rural. Um exemplo de resíduo agrícola que pode causar
danos se mal utilizado é a palha do café, que favorece o surgimento de mosca
dos estábulos (Stomoxys calcitrans), prejudicial ao rebanho bovino. Trabalhos
para a utilização desse e outros de resíduos orgânicos para adubação do
abacaxizeiro e da bananeira estão sendo executados pelo Incaper.
Outra área de atuação de com boas perspectivas futuras é o
desenvolvimento de pesquisas que permitem produzir frutas de forma mais
segura, reduzindo o uso de agrotóxicos nas lavouras. Projetos sobre o controle
integrado de pragas e doenças, que envolvem, técnicas de manejo, material
genético resistente ou tolerante, avaliação de produtos naturais e químicos
sobre as principais pragas e sobre as culturas. Para isso, estão sendo
desenvolvidos os trabalhos nas seguintes áreas:
 Controle biológico do ácaro rajado do mamoeiro;
 Melhoramento genético do mamoeiro visando resistência à pinta
preta, mancha de phoma e corynespora;
 Avaliação dos impactos na pós-colheita de mamoeiro pela aplicação
de produtos químicos para o controle de doenças fúngicas;
 Identificação e manejo de insetos vetores do vírus da meleira do
mamoeiro;
 Avaliação in vitro da resistência do Colletotrichum gloeosporioides
aos fungicidas utilizados em campo;
 Manejo integrado de cochonilhas;
 Avaliação fitotécnica e fitopatológica de cacaueiro cultivado a pleno
sol;
 Viabilidade técnica e econômica de diferentes materiais usados no
ensacamento dos frutos da goiabeira;
 Avaliação do controle de plantas daninhas com herbicidas em
lavouras de abacaxi;
 Propagação in vitro e limpeza clonal de abacaxizeiro;
 Avaliação e manejo nutricional de abacaxizeiro, dentre outros.
Com relação a adaptação e desenvolvimento regional, os trabalhos em
fruticultura em desenvolvimento no Incaper buscam adaptar materiais
genéticos e técnicas de manejo às condições edafoclimáticas das diferentes
regiões do estado, bem como, trabalhos de extensão que permitam o maior
engajamento e geração de renda aos produtores. Nesse sentido, estão sendo

84
desenvolvidas ações como a consolidação de polos de fruticultura, sendo os
principais deles, os polos de mamão, manga e tangerina (Costa & Costa,
2015); a estruturação e fortalecimento dos setores produtivos da agricultura
familiar; a inclusão de mulheres como empreendedoras rurais, dentre outras.
As principais ações de pesquisa voltadas para o desenvolvimento
regional são àquelas que visam a avaliação de novos cultivos ou novos
materiais genéticos. Por exemplo: avaliação de matérias genéticos de manga
Ubá; de tangerinas de mesa e de laranja em diferentes porta-enxertos; de
framboesa, amora-preta, uva, oliveira e pêssego.

Conclusão
O Incaper, por meio das soluções tecnológicas desenvolvidas,
recomendadas e/ou adaptadas, contribui sobremaneira para o
desenvolvimento da fruticultura no Espírito Santo. Além da geração de
conhecimentos aplicados, as atividades de assistência técnica e extensão rural
auxiliam na divulgação dos resultados obtidos aos produtores, permitindo que
esse conhecimento gere renda e qualidade de vida no campo. O fato das
pesquisas desenvolvidas serem baseadas em demandas do público-alvo do
Incaper faz com que a ciência e tecnologias geradas estejam alinhadas às
necessidades e potencialidades do nosso Estado. Desta forma, o Incaper se
consolida como um dos principais agentes de desenvolvimento da fruticultura
do Espírito Santo.
No entanto, diante de tantos desafios a serem vencidos, será necessário
agregar competências para que uma nova fruticultura, que produza frutas de
melhor qualidade e com segurança alimentar, diminuindo as desigualdades
sociais e conservando os recursos naturais. O Incaper precisará, cada vez
mais, ampliar as parcerias com outras instituições públicas e privadas de
pesquisa, ensino e de inovação tecnológica, bem como com o setor produtivo.
O apoio do Governo do Estado, com o fortalecimento do capital humano e
da infraestrutura, a modernização de laboratórios e campos experimentais,
bem como, no financiamento de projetos, é imprescindível para que o Incaper
avance ainda mais no desenvolvimento de pesquisas aplicadas ao produtor
rural. Cabe lembrar que segundo o Balanço Social de 2015, o impacto

85
econômico da atuação do Incaper rendeu R$ 1,19 bilhão de lucro social1.
Além disso, devido à participação da agricultura no produto interno bruto, as
inovações tecnológicas na agropecuária têm forte impacto na economia
capixaba.
Por fim, os pesquisadores do Incaper devem trabalhar continuamente para
obter as soluções para os problemas futuros da fruticultura capixaba, antes
que estes causem impactos negativos aos produtores rurais e ao meio
ambiente. Assim, é preciso planejar, em conjunto com a extensão rural, com
os agricultores e demais parceiros, os caminhos a serem percorridos pela
pesquisa para gerar ciência, tecnologia e inovação voltados para o
desenvolvimento sustentável da fruticultura do Espírito Santo.

Referências
AVILA, A.F.D.; RODRIGUES G.E.; VEDOVOTO, G.L. Avaliação dos
impactos de tecnologias geradas pela Embrapa: Metodologia de referência.
Brasília-DF: Embrapa Informação Tecnológica, 189 p., 2008. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/132174/1/Metodologia
ReferenciaAvalImpactoEmbrapa.pdf. Acesso em: 06 abr. 2017
COSTA, A.F.S.; COSTA, A.N. Polos de fruticultura no estado do Espírito
Santo. In: ZUCOLOTO, M.; SCHMILDT, E.R.; COELHO, R.I. (Eds).
Fruticultura tropical: diversificação e consolidação. Alegre, ES: CAUFES,
2015. 176-183p.
ESTEVES, J.; BORGES, V.A.J. Os frutos da inovação. Incaper em Revista,
v.3-4, p.34-77, 2014.
GUIMARÃES, L.A.O.P.; SOUZA, R.G. (Org.). Palmeira juçara:
patrimônio natural da Mata Atlântica no Espírito Santo. Vitória: Incaper,
2017. 68p.
GALEANO, E.A.V. SOUZA, R.C. Boletim da Conjuntura Agropecuária
Capixaba. Vitória: Incaper, v.2; n.8, 14p. 2016.
INCAPER. INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA
TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Planejamento estratégico do Incaper.
Vitória: Incaper, 2012. (Série Documentos, n° 204).

1
Lucro social é a somatório dos impactos econômicos das tecnologias geradas e dos
indicadores sociais internos, tais como encargos sociais, investimentos em capacitação e
desenvolvimento profissional, bem-estar e saúde, segurança do trabalho, dentre outros.
86
MARTINS, A.G.; VENTURA, J.A.; PREZOTTI, L.C.; MOREIRA, S.O.
Gestão estratégica da pesquisa no Incaper. Incaper em Revista, v.3-4, p.108-
112, 2014.
MOREIRA, S.O.; SOBREIRA, F.M.; SOUZA, G.S.; ZANUNCIO JUNIOR,
J.S.; KUHLCAMP, K.T.; DIAS, M.A.; DAN, M.L., FIGUEIREDO, M.R.;
GODINHO, T.O. De olho no futuro: as tendências da pesquisa agropecuária
no Incaper. Incaper em Revista, v.3-4, p.122-129, 2014.
OLIVEIRA, L.R.; BORGES, V.A.J. (Org.). Balanço social 2015 Incaper. 3
ed. Vitória, ES: Incaper, 2016. 68 p. (Série Documentos, n° 244).
UNESCO. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A
EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. A ciência para o século XXI:
uma nova visão e uma base de ação. Brasília: UNESCO, ABIPTI, 2003. 72p.
VENTURA, J.A.; GIRELLI, L.S. Pesquisa agropecuária: a trajetória do
conhecimento no Espírito Santo. Incaper em Revista, v.3-4, p.06-33, 2014.

87
CAPÍTULO 7

A cultura do coqueiro no Espírito Santo

Fernando Zancanela Bonomo

Introdução
O coqueiro foi introduzido no Brasil no ano de 1553 pelos portugueses no
Estado da Bahia. Desde então assumiu papel muito importante em toda a
região costeira do Nordeste brasileiro, destacando-se os estados do Ceará,
Sergipe e Rio Grande do Norte, sendo assim os maiores produtores do país.
No Estado do Espírito Santo, o coqueiro chegou na década de 60 no município
de São Gabriel da Palha, de onde a partir da década de 90 se expandiu para os
municípios de Jaguaré, São Mateus e Conceição da Barra, motivado pelo
aumento do turismo no litoral capixaba.
Nos últimos anos, a cultura vem se destacando pelo país e o plantio do
coqueiro-anão para a produção de água de coco, tanto para o consumo in
natura, como para a indústria. Segundo pesquisas, o consumo de água de coco
no Brasil vem tendo um crescimento anual na ordem de 15 a 20%, passando
a concorrer nas prateleiras dos supermercados com os sucos e os refrigerantes.
Motivado por esse crescimento, algumas regiões não muito tradicionais (os
Estados de SP, MG e MT) vem tendo um aumento das suas áreas plantadas
com o coco anão irrigado, sendo que os estados do Espírito santo, Rio de
Janeiro e sul da Bahia vêm se destacando pela proximidade dos maiores
centros consumidores (RJ, SP e Belo Horizonte).

Exigências Edafoclimáticas
O coqueiro é uma planta essencialmente de clima tropical úmido, tendo
sua distribuição geográfica bem definida entre os Trópicos de Câncer e de
Capricórnio. Quando se fala em temperatura, pode-se dizer que o fator
88
limitante são as temperaturas amenas, sendo uma temperatura média em torno
de 27 ºC a ideal, com variações médias diárias entre 5 a 7 ºC para se ter um
bom desempenho da cultura. Temperaturas abaixo de 15 ºC causam
abortamento das flores e reduzem o número de flores femininas nas
inflorescências.
O coqueiro anão necessita de uma precipitação mínima anual de 1500mm,
com distribuição mensal não inferior a 130mm. Existem diferenças entre as
variedades, sendo as variedades anãs as mais sensíveis ao déficit hídrico,
tendo como consequência nessas condições, uma baixa emissão do número
de folhas e, consequentemente, do número de inflorescências, assim como
baixo pegamento de frutos e redução da qualidade dos mesmos. Por todos
esses motivos faz-se necessário o uso de irrigação para uma produção
satisfatória em regiões onde não se tem as condições ideais de precipitação
exigidas pela cultura.
Quando se fala em intensidade luminosa, o coqueiro é uma planta bastante
exigente, necessitando em torno de no mínimo 2000 horas anuais de
insolação, com um mínimo mensal de 120 horas (Frémondet et al., 1966).
Mesmo tendo um nível ótimo de radiação, o coqueiro pode não expressar seu
potencial, visto que este fator está diretamente ligado a disponibilidade de
água no solo e umidade relativa do ar. Em umidades relativas inferiores a 60%
o coqueiro reduz a abertura estomática e, consequentemente, a absorção de
água e nutrientes, já em níveis muito altos, essa umidade relativa propicia o
aparecimento de pragas e doenças.
O coqueiro é uma planta que se desenvolve nos mais distintos tipos de
solos, entretanto, tem preferência por solos mais arenosos. Devido ao seu
sistema de raízes fasciculadas, suas raízes tem dificuldades no rompimento de
camadas mais compactas de solos, assim como no desenvolvimento em solos
muito argilosos.

Implantação da cultura, manejo e tratos culturais


Os espaçamentos de plantio do coqueiro são diferentes em função das
diferentes variedades, e estão diretamente relacionados com o tamanho das
plantas. Para o coqueiro da variedade gigante a recomendação é o
espaçamento de 9 m x 9 m (142 plantas por hectare), em triangulo. Para a
cultivar híbrido é de 8,5 m x 8,5 m (160 plantas por hectare), e para a
variedade de coqueiro-anão é de 7,5 m x 7,5 m (205 plantas por hectare).
89
Quanto maior o número de plantas por hectare, maior será a concorrência por
água, luz e nutrientes.
Para o plantio das mudas no campo, é recomendada a abertura de covas
com as dimensões mínimas de 0,60 x 0,60 x 0,60m, adicionando 800g de
superfosfato simples e esterco ou alguma outra fonte de matéria orgânica
existente na região.
Para o controle de ervas daninhas nas entrelinhas pode fazer o uso de
gradagem ou roçagem, sendo que em regiões com alto déficit hídrico e com
predominância de gramíneas recomenda-se a gradagem, resultado num
melhor desenvolvimento e precocidade dos coqueiros. Na região da coroa das
plantas recomenda-se fazer uma capina, podendo ser química ou mecânica,
num raio em torno de 2,0 a 2,5m a partir da estipe da planta.
É importante que se faça periodicamente a limpeza da copa das plantas,
que consiste na retirada de cachos velhos, folhas secas e outras partes mortas
que ali se encontram abaixo das folhas, evitando assim a proliferação de
pragas, principalmente as brocas. Esses restos de cultura, juntamente com os
restos que se encontram sob as copas na coroa das plantas, devem ser retirados
da área ou enleirados nas entrelinhas e triturados. Na região sudeste do Brasil
é muito severo o ataque por fungos (lixa-grande, lixa-pequena e queima-das-
folhas), o que reduz drasticamente o número de folhas do coqueiro, sendo
necessário desta forma fazer o escoramento dos cachos, aproveitando esse
momento de limpeza da copa para fazer também esta operação.

Colheita e Mercado
Na região sudeste do Brasil, faz-se a colheita dos frutos do coqueiro-anão
verde para consumo de água entre o sexto a oitavo mês após a abertura das
inflorescências, dependendo da época do ano e da finalidade do uso da água
(consumo in natura, praia, carrinho ou fábricas de envase). Colhe-se em
média de 1 a 2 cachos por planta em cada colheita, com um intervalo médio
de 45 dias uma da outra.
Um dado muito interessante observado em relação ao ponto de colheita é
que quanto mais cedo se faz a colheita dos frutos, maior é a produtividade.
Quanto mais tempo os cachos já em ponto de colheita ficam na planta, maior
é o esgotamento da mesma, podendo assim diminuir a qualidade dos frutos
dos cachos seguintes, assim como aumentar o abortamento de flores
femininas. A colheita para o consumo in natuta está diretamente ligada ao
90
clima, em períodos de bastante calor, principalmente no verão a demanda por
esse fruto é bem grande, o que estimula o produtor a estar sempre com a
colheita em dia.
Em períodos de temperaturas mais amenas e muito chuvosos nos grandes
centros consumidores, o consumo de agua diminui, reduzindo também desse
modo a colheita. Nesses períodos é de suma importância a atuação das
fábricas envasadoras, pois podem estar em plena produção, absorvendo esses
frutos que o mercado não pode absorver no momento ideal de colheita,
mantendo assim plantas sem excesso de frutos. Outro dado interessante é que
as fábricas envasadoras geralmente pagam pelo volume de água envasado, e
não por unidades, desse modo, os frutos podem ser colhidos para esse fim
num ponto de maturação de melhor rendimento de volume por fruto, que
geralmente é mais novo do que se colhe para o mercado. A atuação das
fábricas envasadoras também tem um efeito sobre os preços pagos pelo
mercado, visto que captam um grande volume de produção, diminuindo assim
a oferta e com isso, dando maior estabilidade na manutenção dos preços.
A região norte do Estado do Espírito, juntamente com o Sul do Estado da
Bahia vem se destacando com grandes áreas de cultivo do coco anão, motivo
esse que tem atraídos grandes fábricas envasadoras, algumas já instaladas e
operando na região e outras em projetos futuros.

Calagem e adubação
É recomendado fazer a calagem para se atingir uma saturação de bases
entre 60 e 70%. A calagem deve ser feita em área total quando o teor de Al
no solo na camada de 0 a 20 cm de profundidade estiver acima de 5 mmol/dm3,
estando abaixo desse valor, recomenda-se efetuar a calagem somente na área
onde é feita a adubação, na projeção da copa.
Sobral (1998) determinou uma extração e exportação de nutrientes para o
coqueiro, considerando uma produtividade de 200 frutos por planta/ano, em
kg/ha/ano de: 87,71; 12,44; 169,77; 6,02; 9,48; 7,85 e 92,0 para N, P, K, Ca,
Mg, S e Cl, respectivamente. Observado um alto valor para o cloro (Cl), sendo
então considerado como um macro nutriente para o coqueiro.
Para a determinação de níveis críticos de nutrientes no tecido foliar, é feito
a coleta a partir de folhas medianas da copa das plantas, sendo a folha nº 9 e
folha nº 14 um padrão de referência. É recomendado se fazer a coleta de folhas

91
e análises foliares pelo menos a cada seis meses. Segue tabela abaixo com os
níveis críticos foliares para macro e micronutrientes.

Tabela 1. Níveis críticos de macro e micronutrientes nas folhas nº 9 e nº 14


do coqueiro-anão verde
Nutriente Folha n° 9 Folha n° 14
-1
Macronutriente -----------------------------[g kg ]--------------------------------
N 21,0 22,0
P 1,50 1,40
K 16,0 15,0
Ca 3,0 3,5
Mg 3,0 3,3
S 1,3 1,5
Micronutriente -----------------------------[mg kg-1]------------------------------
Cl 8,0 7,5
Na 1,5 1,3
B 17,0 20,0
Cu 5,0 5,0
Mn 60,0 65,0
Zn 14,0 15,0
Fe 35,0 40,0
Fontes: Holanda, J.S de, 2004; Raij. B. van., 2004; Sobral, L.F., 2004.

No coqueiro adulto a folha que melhor expressa o estado nutricional da


planta é a folha nº 14 (Frémondet et al., 1966). Em plantas jovens pode-se
utilizar as folhas nº 4 e nº 9. Para determinação das folhas nº 4 e nº 9, toma-
se como base a folha flecha (folha da região apical, ainda não aberta),
contando-a como folha zero, a folha emitida logo após a mesma é a folha nº
1 e assim sucessivamente até chegar as folhas nº 4 e nº 9. Para determinar a
folha nº 14 tomamos como base a folha nº 10, folha essa onde se encontra a
em sua axila a inflorescência mais recentemente aberta, do lado oposto
encontraremos o folha nº 9 (tem em sua axila a maior da planta, prestes a se
abrir), onde logo abaixo encontramos a folha nº 14 (tem em sua axila a
inflorescência cujos frutos tem aproximadamente o tamanho de um punho
fechado).

92
É necessário ressaltar que as quantidades indicadas nas tabelas 2 e 3 podem
variar em função de alguns fatores, tais como: clima predominante na região
(temperatura, umidade relativa do ar, pluviometria), tipo de solo, técnicas de
manejo (sistema de irrigação usado, fontes dos nutrientes aplicados, formas
de aplicação dos nutrientes, etc.).

Tabela 2. Recomendação de adubação N, P e K para o coqueiro-anão verde


em formação, com base em análise foliar para N e análise de solo para P e K
N na folha P-resina K-trocável
-1 -3
[g kg ] [mg dm ] [mmol dm-3]
<16 16-20 >20 <12 12-30 >30 <1,6 1,6-3,0 >3,0
Idade N P2O5 K2O
-1 -1
[anos] [g planta ] [g planta ] [g planta-1]
0-1 450 450 450 0 0 0 600 400 200
1-2 600 450 300 200 150 100 900 700 500
2-3 900 750 600 300 200 100 1200 900 600
Fontes: Holanda, J.S de. 2004; Raij, B. van., 2004; Sobral, L.F., 2004.

Tabela 3. Recomendação de adubação com N, P e K para o coqueiro-anão


verde em produção, com base na análise foliar para o N, análise de solo para
P e K e rendimento esperado
N na folha 14 P-resina K-trocável
[g kg-1] [mg dm-3] [mmol dm-3]
<16 16-20 >20 <12 12-30 >30 <1,6 1,6-3,0 >3,0
x 1.000 N P2O5 K2O
fruto ha-1 [kg ha-1] [kg ha-1] [kg ha-1]
<20 180 120 80 80 60 20 200 150 100
20-30 220 180 100 100 70 30 250 200 120
30-40 260 200 120 120 90 40 300 240 150
40-50 300 220 140 140 100 50 400 300 180
>50 360 250 160 160 120 60 500 350 200
Fontes: Holanda, J.S de, 2004; Raij, B. van., 2004; Sobral, L.F., 2004.

O coqueiro é uma cultura que tem uma característica muito particular, pois
depois que se inicia a sua produção encontramos numa mesma planta frutos
em todas as suas fases de formação, que vão desde a diferenciação floral até
93
o ponto de colheita. Desta forma, sugere-se realizar o parcelamento das
adubações o maior número de vezes possível, mantendo a planta sempre num
ótimo estado de nutrição.

Pragas do coqueiro
1 – Rhynchophorus palmarum Linnaeus, 1764 (Coleóptera:
Curculionidae): Broca-do-olho-do-coqueiro
O adulto é um besouro de cor preto-opaca e aveludada, com 45 a 60mm de
comprimento e 15 a 18mm de largura (Bondar, 1940). A fêmea faz sua postura
na parte tenra do coqueiro, pondo cinco ovos/dia, podendo totalizar 250 ovos
em um único ciclo. Em laboratório, Wilson (1963), observou os seguintes
dados biológicos; período de incubação dos ovos – 64 a 88 horas, período
larval – 33 a 62 dias, período pupal até a saída do casulo – 18 dias, a partir do
nono dia após a saída do casulo a fêmea começa a fazer a postura de ovos por
um período de 25 dias. A longevidade dos adultos é em média 127,5 dias para
os machos e 44,8 dias para as fêmeas.
Essa espécie (R. palmarum) ocorre desde a Argentina até a Califórnia,
onde, segundo Silva et al. (1968), fazem postura e se reproduzem em várias
espécies de plantas além do coqueiro, como por exemplo: babaçu, bacabá,
cana-brava, cana-de-açúcar, dendezeiro, palmeira imperial. Esse besouro tem
o hábito diurno, fazendo seu vôo nas horas mais quentes do dia e podendo ser
encontrado em qualquer época do ano (Sanches et al., 1993).
Após a postura, as larvas passam a se alimentar dos tecidos meristemáticos
da planta, fazendo galerias para todas as direções, que quando são intensas e
numerosas podem causar a fermentação do palmito e, consequentemente, a
morte da planta (Bondar, 1940). Esse besouro também é o principal agente
transmissor do nematóide Bursaphelenchus cocophilus, agente causal da
doença conhecida como anel-vermelho, doença letal para o coqueiro.
Medidas de controle: recomenda-se eliminar as plantas mortas da
lavoura, queimando-as ou usando as mesmas como isca, pulverizando
inseticidas específicos para a praga, eliminando assim tanto as larvas que nela
se encontram como os adultos que atraídos pelo cheiro da fermentação que ali
viriam a fazer postura. Também é recomendado que se evitem os ferimentos
na estrutura das plantas durante os tratos culturais, visto que esses ferimentos
atraem o besouro. Outra forma de controle é o uso de armadilhas, a mais usada
é a em forma de alçapão, onde é colocado em seu interior iscas, sendo a mais
94
usada pedaços de cana-de-açúcar (Moura et al., 1991), sendo que também hoje
já se encontra no mercado um feromônio a base de Rhynchophorol, onde
dessa forma os besouros capturados devem ser coletados periodicamente e
mortos.

2 – Aceria guerreronis Keifer, 1965 (Acari : Eriophyidae): Ácaro-da-


necrose-do-coqueiro
É um ácaro extremamente pequeno, de cor branco-leitosa ou levemente
amarelada brilhante, medindo de entre 205 a 255 micrômetros de
comprimento por 36 a 52 micrômetros de diâmetro (Flechtmann, 1979). Tem
um ciclo de vida variando entre 8 e 11 dias (Suarez & Almaguel, 1992),
especula-se que ele pode se reproduzir por partenogênese, tendo desta forma
um alto potencial reprodutivo (Cabrera, 1991). Este ácaro encontra-se
disseminado por todas as regiões produtoras nos continentes asiático, africano
e americano (Cabrera, 1991).
Esses ácaros se criam geralmente sob as brácteas dos frutos mais jovens,
mas também podem ser encontrados nas brotações das plantas jovens. No
primeiro caso eles passam a predar a superfície dos frutos, causando lesões na
mesma, onde, com o crescimento dos frutos começam a aparecer manchas
amarelo-esbranquiçadas a partir das brácteas, evoluindo pra coloração
marrom e tomando grande parte da superfície do fruto. Em grande parte os
frutos atacados racham e caem, e os que chegam ao ponto de colheita perdem
seu valor comercial. No caso do ataque na brotação das plantas jovens, ocorre
um necrosamento das folhas no meristema apical, que dificulta o
desenvolvimento da planta, e quando é mais severo pode causar a morte da
mesma.
Medidas de controle: para o controle de ácaros nos frutos é recomendado
o uso de acaricidas específicos para a praga, fazendo pulverizações nos
inflorescências mais novas (fixadas nas axilas das folhas nº 10, 11, 12, 13 e
14), assim como nas espatas (inflorescências ainda não abertas), com um
intervalo de aplicação variando entre 15 a 21 dias, podendo chegar a 30 dias
em condições de um controle mais eficiente. Deve-se intensificar a atenção
do controle no período mais quente do ano, pois é nesse período em que se
abrem o maior número de inflorescências e com o maior número de flores, e
quando o ciclo da praga se torna mais curto, intensificando assim a sua taxa
reprodutiva. Uma outra alternativa de controle é o uso de um óleo de origem
95
vegetal (óleo de algodão, óleo de soja, etc.), juntamente com detergente neutro
nas seguintes proporções: óleo 1,5% e detergente 1,0% do volume da calda,
usando a mesma metodologia de aplicação indicada para os defensivos.

3 – Aleurodicus pseudugesii (Hemíptera : Aleyrodidae): Mosca Branca


É considerada como uma das pragas agrícolas mais importantes do mundo,
tendo registro de 43 espécies atacando palmeiras, das quais 9 já foram
identificadas em lavouras no Brasil, sendo Aleurodicus pseudugesii a mais
comum.
A A. pseudugesii completa todo seu ciclo (ovo, ninfa, adulto) no coqueiro,
num período de cerca de 22 dias, sendo que em períodos muito quentes e secos
as fases entre ovo e adulto podem se encurtadas. A postura dos ovos é feita na
parte inferior dos folíolos das folhas, em forma de um espiral, onde nascendo
as ninfas de coloração amarelo-clara, translúcidas, passam a sugar a seiva da
planta, secretando então uma camada branca cerácea que as protegem durante
esta fase. Essa praga tem uma alta capacidade reprodutiva, podendo uma
fêmea pôr entre 100 a 300 ovos durante a seu período reprodutivo.
Na superfície das folhas das plantas atacadas se depositam além da camada
cerácea produzida pelas moscas, um fungo conhecido como fumagina, que se
desenvolve nas substâncias açucaradas excretadas pela praga. Esse complexo
de substâncias produzidas e fungos podem em condições de ataques mais
severos, cobrir toda a superfície das folhas das plantas, reduzindo assim
drasticamente a capacidade fotossintética das mesmas, ocasionando desta
forma grandes perdas em produtividade.
Medidas de Controle: recomenda-se fazer pulverizações com defensivos
específicos para a praga, juntamente com espalhantes siliconados nas horas
mais frescas do dia ou preferencialmente durante a noite, momento em que a
praga tem seu hábito de revoada. A pulverização deve ser dirigida para as
partes inferiores dos folíolos, de forma a atingir a praga. O controle deve ser
iniciado de preferência antes que a praga atinja altos índices de infestação,
com intervalo de pulverizações entre 8 a 15 dias, sendo necessário se repetir
até três ou quatro vezes.

Doenças do coqueiro
1 – Thielaviopsis paradox: Resinose do coqueiro

96
A resinose do coqueiro é uma doença causada por um fungo que ataca o
sistema vascular das plantas, obstruindo os vasos, impossibilitando a
translocação de seiva e nutrientes, depauperando a planta, e podendo até levar
a morte da mesma. Os seus sintomas mais visíveis são o aparecimento de um
líquido marrom-avermelhado que escorre através de rachaduras no tronco. A
sua contaminação ocorre facilmente através de insetos vetores, solo
contaminado, água contaminada e ferramentas usadas nos tratos culturais e na
colheita. Essa doença teve seu primeiro registro no Brasil no ano de 2004, e
desde então tem se alastrado por todas as regiões produtoras do país.
Medidas de controle: deve-se procurar fazer o controle dos principais insetos
vetores, evitando dessa forma sua entrada em lavouras ainda livres dessa
doença, visto que se apresenta como o principal fator de entrada em áreas
ainda livres. É recomendado que as plantas em estágios mais avançados da
doença sejam erradicadas da lavoura, visto que o fungo pode sobreviver por
um longo período nos restos culturais. Em plantas em estágios iniciais da
doença recomenda-se fazer uma raspagem da estipe na região atacada e
pulverizar a ponto de escorrimento com a seguinte mistura: para 100 litros de
água usa-se 300g de tiofanato metílico + 500g de ureia + 200g de cloreto de
potássio + 200g de cloreto de sódio (sal grosso). Após a secagem da estipe
recomenda-se pincelar piche ou alcatrão vegetal na área onde foi feita a
raspagem.

2 – Drechslera incurvata: Helmintosporiose


Doença fúngica que ataca mais comumente plantas jovens, seu ataque
começa pelas folhas basais e posteriormente progredindo para a região apical.
As lesões tem um formato pequeno, elípticos e alongados, coloração marrom
com halo amarelo-ouro. Quando o ataque é severo podem atingir toda a
superfície das folhas, podendo causar a morte da planta.
Essa doença é favorecida e encontra condições propícias em regiões e
períodos com predominância de alta humidade relativa do ar e temperaturas
entre 18 a 27ºC. Também contribuem para a sua incidência o consórcio com
gramíneas. O desbalanço nutricional como o excesso de nitrogênio e
deficiência de cloro também pode favorecer a doença.
Medidas de controle: recomenda-se manter a área livre de ervas daninhas
(principalmente as gramíneas). Manter um balanço nutricional adequado e

97
fazer o uso de fungicidas específicos quando identificado os sintomas iniciais
da doença.

3 – Sphaerodothis acromiae e Phyllachora torrendiella: Lixa-grande e


Lixa-Pequena (respectivamente)
A lixa é encontrada em quase todas as regiões produtoras de coco, sendo
que as duas formas atacam a planta ao mesmo tempo, tanto a lixa-grande
quanto a lixa-pequena. Seus danos podem passar despercebidos em
determinadas regiões, assim como podem causar enormes prejuízos em
outras. Esses fungos são favorecidos pela alta humidade relativa,
desenvolvendo-se nos folíolos, no limbo foliar, nas nervuras dos folíolos, e
também ao longo de toda ráquis foliar. Apresentam lesões com a aparência de
pequenas verrugas de coloração escura nas folhas mais velhas do coqueiro,
causando desta forma a morte prematura dessas folhas, reduzindo assim
enormemente o potencial produtivo da planta.
Medidas de controle: ainda não foram obtidos resultados definitivos
sobre o controle químicos dessas doenças, entretanto, recomenda-se o uso de
fungicidas protetores quando a incidência da doença for muito alta, realizando
pulverizações com um intervalo entre 20 a 40 dias nas folhas da metade
inferior da copa das plantas. Outra medida auxiliar é manter o balanço
nutricional das plantas.
Na tabela 4 são apresentados os produtos com registros ativos junto ao
Instituto de Defesa Agrícola e Florestal (IDAF) para a cultura do coqueiro no
Estado do Espírito santo.

98
Tabela 4. Defensivos registrados para a cultura do coqueiro no estado do ES
Registro Cadastro Produto Classe
3801 682 Abamex Acaricida/Inseticida
14807 635 Azamax Inseticida/Acaricida
458791 362 BacControl WP Inseticida microbiológico
15716 1288 Difcor 250 EC Fungicida
703 2 Envidor Acaricida
892 292 Marshal 200 SC Inseticida/Acaricida
9195 400 Match EC Inseticida
1706 170 Oberon Inseticida/Acaricida
8813 0 Orkestra SC Fungicida
3893 439 Ortus 50 SC Acaricida
8005 88 PotenzaSinon Acaricida/Inseticida
3102 116 RMD-1 Feromônio
4299 147 Roundup Transorb Herbicida
695 71 Safety Inseticida
2894 99 Score Fungicida
107 643 Talento Acaricida
8396 156 Tecto SC Fungicida
618895 91 Vertimec 18 EC Acaricida/Inseticida
Acesso em: 07 de abril de 2017, http://idaf.es.gov.br. Consulta de Produtos
Agrotóxicos.

Referências
BONDAR, G. Insetos nocivos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera L.)
no Brasil. Salvador: Tipografia Naval, 156 p.1940
CABRERA, R.I. EI acaro del cocotero Eriophyes guerreronis su
importância economia y métodos de lucha. Habana: Estacion Nacional de
sanidade de los Cítricos y outros frutales, 40p. 1991
IDAF, http://idaf.es.gov.br. Consulta de Produtos Agrotóxicos.
FERREIRA, J. S.; LINS, P.M.P.; OMENA, R.P.M. de LIMA, A.F. de;
RACCA FILHO, F. Ocorrência da mosca branca Aleurodicus pseudugesii
Martin. Método de controle e dano causado à produção do coqueiro anão
verde. In: CONGRESSO DE FRUTICULTURA, 21. Natal, RN, 2010.

99
FERREIRA, J.S.; WARWIK, D.R.N.; SIQUEIRA, L.A. A cultura do
coqueiro no Brasil. 2º edição revista e ampliada. Brasília: Embrapa-SPI;
Aracaju: Embrapa- CPATC, 292p. 1998
FLECHTMANN, C.H.N. Ácaros de importância agrícola. 3. Ed. São Paulo:
Nobel, 189p. 1979.
GUTIERREZ, A de S.D.; FERRARI, P.R. Como vencer a mosca branca no
tomate. Centro de qualidade em horticultura. Compahia de entrepostos e
armazéns Gerais de São Paulo CEAGESP. Circular Técnica No. 1, 2002.11p.
MIRISOLA, L.A. Cultivo de coco anão. Viçosa, MG. 321p. 2002
MOURA, J.I.L.; RESENDE, M.L.V.; LIMA, M.F. de SANTANA, D.L. de
Q. Táticas para o controle integrado de Rhynchophorus palmarum. Ilhéus:
CEPLAC, 16P. 1991.
SILVA, A.G. da; GONÇALVES, C.R,; GALVÃO, D.M,; GONÇALVES,
A.J.L,; GOMES, J; SILVA, M. do N,; SIMONI, L.de. Quarto catálogo de
insetos que vivem nas plantas do Brasil: seus parasitas e predadores. Rio de
Janeiro: Serviço de Defesa Sanitária Vegetal, parte II, Tomo 1 .622p. 1968.
SUAREZ, G.A; ALMAGUEL, R.L. Biologia y dinâmica poblacional y de
daño del ácaro E. guerreroni. Enemigos naturales. In: TALLER
INTERNACIONAL SOBRE LOS ÁCAROS Y OTRAS PLAGAS DEL
COCOTERO Y SUS POSYBLES METODOS DE LUCHA, 1.; 1992,
Guantanamo. Resumenes... Habana: Centro de informacion y
Documentacion Agropecuário del Instituto de investigaciones de Cítricus e
outros frutales, p.265. 1992.
WILSON, M. Investigations into the development of palm weevil
Rynchophorus palmarum. Tropical agriculture, v.40, p.185-196, 1963.

100
CAPÍTULO 8

Fruticultura e a Agricultura Familia

Abel Rebouças São José


Mônica de Moura Pires
Ivan Vilas Boas Souza
Marinês Pereira Bomfim
Adahilda Almeida de Brito

Introdução
A agricultura brasileira experimentou importantes transformações nas
últimas décadas, especialmente nos últimos 10 anos. Tais mudanças se devem
em parte pela urbanização do país, especialmente com a migração rural-
urbana, gerando cada vez mais aglomerados urbanos (Figuras 1 e 2). Até
meados da década de 1960 o país era caracteristicamente rural, pois a maior
parte da população brasileira vivia nas zonas rurais. A partir da década de
1960 inicia-se um processo de profunda transformação do país com a
formação de grandes aglomerados urbanos, cidades de médio e grande porte,
resultante do processo de industrialização do Brasil. De acordo com o Censo
Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os
anos compreendidos entre 1940-2010, vê-se que no último Censo, o do ano
de 2010, apenas 14% da população residiam nas zonas rurais, com tendências
de redução ainda mais significativa nas próximas décadas.

101
250.000.000
200.000.000
150.000.000
100.000.000
50.000.000
0
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Total Urbana Rural
Figura 1 – Evolução da população brasileira, segundo Censo Demográfico
do IBGE, 1940-2010 - Fonte: Censo Demográfico Dados Históricos (vários
anos).

90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Urbana Rural
Figura 2 – Evolução da população urbana e rural em termos percentuais,
1940-2010 - Fonte: Censo Demográfico Dados Históricos (vários anos).

A redução da população rural se deve a fatores como diminuição da taxa


de natalidade, a entrada na mulher no mercado de trabalho, mudança no
102
tamanho das famílias, migração e melhores oportunidades de trabalho nos
centros urbanos, dentre outros. Toda essa transformação vem proporcionando
mudanças importantes no cenário agrícola brasileiro, especialmente nas
atividades que exigem elevado contingente de mão-de-obra. Diante desse
cenário, tem-se buscado substituir total ou parcialmente a mão de obra por
meio da mecanização e automação de diversas operações na agricultura. Esse
processo vem ocorrendo em uma velocidade cada vez maior e inserido em
diversas etapas do processo produtivo. Nesse contexto, merece destaque a
mecanização mais intensiva que vem ocorrendo desde o plantio até a colheita
em culturas como café, soja, milho, batata, eucaliptos, etc.

A fruticultura como opção para a agricultura familiar


Nos diversos setores da agricultura, a fruticultura é um dos setores que
requer uso intensivo de mão-de-obra em diversas atividades, o que tem levado
os fruticultores a buscarem alternativas para reduzir esse uso a partir da
mecanização e automação no processo produtivo. Em algumas regiões
produtoras e em grandes e médias propriedades, se observa a presença de
colheita semi-mecanizada do melão, colheita totalmente mecanizada da uva
para produção de vinho e de laranja destinada à produção de suco, etc. Porém,
esse fato vem ocorrendo também em pequenas propriedades, como forma de
reduzir custos, aumentar produtividade, e enfrentar o problema da escassez de
mão-de-obra.
Na fruticultura, a falta de mão-de-obra na zona rural vem afetando de
maneira substancial os produtores, independentemente do seu tamanho
(familiar, pequeno, médio ou grande) e, a expectativa é que tal realidade se
agrave nos próximos anos. Daí, a escolha por um cultivo deverá levar em
conta a necessidade de demanda de mão de obra e a capacidade de
mecanização e automação que pode ser inserida no cultivo, o que significa
que determinados cultivos poderão se tornar “inibitivos” para grandes e
médios produtores em função da escassez da mão-de-obra no campo. Como
exemplo pode-se citar que algumas décadas era comum grandes áreas com
cultivo de maracujá (40 a 400 hectares) que se espalhavam desde o norte do
Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, etc. No entanto, a realidade
atual é muito distinta, pois esse cultivo tem sido feito, praticamente, por
pequenos produtores e agricultores familiares com áreas variando entre ½ a 5
hectares. A mesma situação se observa nos cultivos de pinha e graviola, cujas
103
áreas são, na sua grande maioria, inferiores a 5 hectares. Esses cultivos
passaram a ser típicos de agricultores familiares e pequenos produtores, em
função da grande exigência em operações manuais na lavoura, que vão desde
o plantio, produção (por exemplo podas de formação e produção, polinização,
algumas vezes ensacamento de frutos ou pulverizações com defensivos),
colheitas em diferentes períodos do ano. Essas são atividades, normalmente,
realizadas por membros da família ou contratação temporária de reduzido
número de trabalhadores para as operações de poda, polinização, controle de
pragas, colheita.
Nesse sentido, a estratégia de produção atual deve-se adaptar a essa
realidade, e, portanto, os agricultores familiares, micro e pequenos produtores
deverão selecionar cultivos frutícolas de acordo com a demanda e
disponibilidade de mão-de-obra na propriedade ou na região, da necessidade
de mão de obra da lavoura e da condição de tecnificação da produção e do
produtor. Diante desse cenário, percebe-se que as indústrias têm buscado
suprir esse tipo de demanda, desenvolvendo máquinas e equipamentos para
atender à procura de pequenos produtores, em especial fruticultores. Assim,
para responder a esse nicho de mercado, vêm sendo criados e produzidos
equipamentos que podem ser acoplados à tração animal ou micro-trator, ou
ainda sistemas de automação (na irrigação, pulverizações, etc.) para facilitar
as atividades produtivas do pequeno fruticultor nesse novo cenário. O sucesso
do pequeno fruticultor necessita da otimização dos seus custos de produção,
de maior produtividade e qualidade, a fim de atender as exigências do
mercado. Para tanto é necessário minimizar os custos que envolvem aquisição
e aplicação dos insumos (adubos, defensivos, etc.), custo da água e energia
elétrica para irrigação, impostos e despesas fixas e variáveis diversas, custo
da mão-de-obra, encargos sociais, etc. Além disso, o pequeno fruticultor
deverá conhecer detalhadamente os custos de transporte até o seu mercado
destino a fim de escoar adequadamente o produto, a sazonalidade da oferta e
dos preços, as exigências dos compradores, intermediários ou indústrias de
processamento.
Nesse novo cenário o pequeno fruticultor tem um papel cada vez mais
relevante no mercado. Assim, relatamos a seguir alguns casos de sucesso na
atividade frutícola que podem servir de modelo e reflexão para a busca de
maior inserção dos pequenos produtores no mercado frutícola brasileiro.

104
Casos de sucesso e recomendações da fruticultura no contexto da
agricultura familiar

1) Cultivo da gravioleira
Na Bahia e em Pernambuco existem experiências bem sucedidas no cultivo
de gravioleira (Annona muricata). Na região do baixo Sul da Bahia,
especialmente nos municípios de Wenceslau Guimarães, Teolândia, Gandu,
dentre outros, os produtores rurais buscaram alternativas econômicas,
principalmente após a grande crise do cacau da década de 1980, dentre elas a
gravioleira como uma lavoura alternativa. Os primeiros cultivos dessa fruta
foram implantados com poucos conhecimentos sobre o manejo de produção.
Pouco a pouco com o crescimento local da demanda por essa fruta foram
adquirindo conhecimento técnico a fim de praticar bom manejo da cultura,
além de boas práticas na colheita, pós-colheita e processamento da fruta no
âmbito da propriedade. Os produtores começaram a perceber que produzir
graviola era um bom negócio, já que o mercado absorvia toda a produção com
preços atrativos, tanto da fruta fresca quanto daquela destinada à
agroindústria, tanto no mercado local como também exportando para outros
estados brasileiros. Estudo realizado por Freitas (2012) na região do baixo
sul da Bahia revela que a graviola representa uma importante fonte de renda
para os agricultores locais, predominando na lavoura os agricultores
familiares, já que o tamanho médio dos pomares, segundo esse autor, era de
3,25 ha, sendo que quase 50% deles possuíam áreas de até 2 ha. Esse é um
cultivo que exige uso intensivo e qualificado de mão de obra nas diversas
etapas do cultivo. Quando isso não ocorre, o risco e o comprometimento total
ou parcial da produção, sobretudo nas operações que estão associadas
diretamente aos frutos, como ensacamento e controle das brocas do fruto e da
semente. Assim pode-se prejudicar a produção comercial da graviola que
ocorre após cerca de quatro anos após o plantio e a expectativa futura de
produção. Os produtores locais daquela região são relativamente organizados
e contam com apoio do SENAR, SEBRAE, Universidades Estaduais baianas
(UESB e UESC), CEPLAC, ADAB e diversas entidades privadas. Os
produtores receberam diversos treinamentos em relação às técnicas de
produção (podas, polinização, adubação, controle de pragas, ensacamento de
frutos, colheita, pós-colheita, processamento da fruta, etc). Algumas técnicas
que não eram usuais nos pomares, após os treinamentos passaram a ser
105
adotadas por um número expressivo de produtores que resultaram em
elevação significativa da produtividade e qualidade de frutos. Pode-se citar
dentre essas técnicas, a polinização, podas, adubação, controle fitossanitário
e a forma de colheita dos frutos, as quais promoveram um forte incremento
na produtividade dos pomares.
A média de produção da região estava em cerca de 6 toneladas/ha, mas
com a adoção dessas novas tecnologias, diversos produtores têm alcançado
produtividades entre 20 a 38 toneladas/ha. Outro grande avanço que foi
observado, diz respeito às operações de pós-colheita e pré-processamento na
propriedade. Antes, essas operações eram realizadas de maneira inadequada,
o que colocava em risco a qualidade (principalmente riscos de contaminação
por microrganismos), podendo em algum momento afetar significativamente
o mercado. Um importante trabalho de esclarecimento e capacitação dos
produtores foi realizado na região, os quais foram orientados no sentido de
construir um galpão totalmente asséptico, para recepção, descascamento e
extração e congelamento da massa da graviola para atender ao exigente
mercado de polpas e outros derivados, preconizando as boas práticas de
colheita, pós-colheita e processamento da fruta. A grande maioria dos
produtores aderiu à construção desses galpões e o mercado vem crescendo
com solidez.
Diante dessa situação, pode-se afirmar que os bons produtores têm
auferido uma receita bruta variando de R$40.000,00 a 80.000,00/ha/ano,
dependendo da produtividade e da sazonalidade do preço no mercado. Isso
tem levado à expressividade econômica da lavoura, tornando a Bahia a
principal região produtora dessa fruta no país. Atualmente, muitos são os
produtores que têm na gravioleira sua principal fonte de renda, dinamizando
o mercado local e propiciando à sua família um bom padrão de vida na
propriedade rural onde residem, com moradias adequadas e infraestrutura
como energia elétrica, água, estradas, etc., além de meios de transporte de
elevado padrão para a família, boas escolas para os filhos, etc. Essa é uma
realidade para aqueles produtores que adotam maior nível de tecnificação, têm
uma produção organizada e um mercado solidificado para a comercialização
da produção. Boa parte desses produtores não desejam ampliar o tamanho dos
pomares de gravioleira, por uma razão muito simples: a região não dispõe de
mão-de-obra, portanto, poderão incorrer em grande risco de fazer um
investimento que não obterá sucesso, já que poderá ocorrer maior número de
106
operações (podas, polinização, etc.) que atualmente são feitas principalmente
por membros da família, e ao aumentar o tamanho da propriedade, essas
deixariam de ser realizadas, afetando negativamente a produtividade dos
pomares. Situação parecida ocorre também como os pequenos produtores de
graviola no município de Chã Grande em Pernambuco, os quais têm logrado
êxito nas suas atividades também em pequenas propriedades.

2) Cultivo da pinha
Outro exemplo é a produção de pinha ou fruta-do-conde (Annona
squamosa). Há poucos anos era comum encontrar pomares de pinheira
variando entre 20 a 80 ha. Levando-se em conta que a elevada intensidade do
uso mão-de-obra para as diversas operações de manejo nas plantas,
principalmente na produção, muitos médios ou grandes produtores
abandonaram essa atividade. Por outro lado, os pequenos produtores e
agricultores familiares foram ganhando espaço nessa cultura, em diversas
regiões produtoras do país, especialmente no estado da Bahia, Alagoas,
Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais. O município de Presidente Dutra,
localizado na microrregião de Irecê, Bahia, considerada a maior região
produtora de pinha do país, tem se destacado na produção para os mercados
do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, etc. Em Presidente Dutra o
predomínio é de pequenos produtores, que têm nesse cultivo sua principal
fonte de renda. A economia desse município está alicerçada fortemente na
produção dessa fruta. Várias são as instituições que com o tempo passaram a
apoiar os produtores, destacando-se as instituições governamentais baianas
(ADAB, Universidades, etc), na adoção de novas tecnologias de produção,
melhorando a produtividade e a qualidade dos frutos, inclusive produzindo
em período de entressafra de outros estados a partir do uso de podas,
polinização, nutrição e indução da floração para produzir em épocas de
melhores preços no mercado.
Percebe-se também que os produtores estão cada vez mais preocupados
com a qualidade da fruta, especialmente no que se refere ao tamanho, formas
de colheita e embalagem utilizada (Souza et al., 2016). Pouco a pouco estão
substituindo as caixas de madeira que causam atrito às cascas dos frutos
manchando-os e depreciando o valor no mercado pelas caixas de papelão com
ou sem tampa de acordo com mercado de destino. As frutas com maiores
preços devem ter peso igual ou superior a 300 g, pois o tamanho influencia
107
fortemente o preço praticado no mercado. Os pequenos produtores de pinha
com senso empreendedor zelam para obter essas características do fruto e
auferem maior lucratividade.
No Vale do Rio Gavião, localizado na região de clima semiárido do
Sudoeste da Bahia, uma importante região produtora de pinha, apesar de
existir poucos produtores, esses estão organizados há mais de dez anos,
realizando conjuntamente a compra das embalagens (caixas de papelão
padronizadas), o transporte para o CEAGESP, além de compartilhar as
informações relacionadas ao mercado. Nessa região todos os produtores são
pequenos e usam excelente tecnologia de produção e tratam a atividade de
maneira empresarial, sendo um grande exemplo de que os pequenos podem
obter excelente resultado econômico quando adotam adequadamente a
tecnologia disponível, e consideram as características do mercado (qualidade
da fruta, detalhes de colheita, pós-colheita, embalagem, transporte e relação
adequada com os compradores) na tomada de decisão.

3) Cultivo do maracujá
Outro exemplo de atividade frutícola que vem se tornando em uma opção
para os pequenos produtores é a cultura do maracujazeiro. Atualmente, em
função de diversos problemas relacionados à cultura, poucos são os
produtores de tamanho médio, isto é, áreas superiores a 20 ha. A grande
maioria dos produtores é de pequenos (predominando áreas entre ½ a 3
hectares). Esse cultivo vem apresentando uma série de limitações para os
produtores, devido a ocorrência de pragas (insetos, ácaros e patógenos),
muitas de difícil controle, além da escassez de defensivos registrados para a
cultura, aliado a fortes oscilações de mercado de fruta fresca e da indústria.
Em algumas regiões a falta ou o excesso de chuvas tem prejudicado o
cultivo; mesmo nas regiões irrigadas mais tradicionais, e mesmo naquelas em
que o padrão esperado de chuvas tem alterado muito nos últimos cinco,
gerando reduzido volume de água nas represas, açudes e até mesmo de água
subterrânea, impedindo a prática de irrigação. Apesar disso, muitos
produtores de maracujá têm seu sustento por anos seguidos com essa frutífera.
Para tanto várias recomendações são fundamentais para o sucesso na
atividade e, os pequenos produtores mais esclarecidos têm obtido bons
resultados econômicos. Algumas recomendações básicas que se aplicam a
todos os tamanhos de produtores são: evitar que o novo pomar seja plantado
108
próximo ao pomar antigo (item fundamental); nunca fazer mudas próximas
ao pomar de maracujá a fim de evitar a transmissão de doenças, especialmente
as viroses; realizar adequadamente pulverizações para controlar as pragas;
colher as frutas na planta para o mercado de fruta fresca; escolher
adequadamente seus parceiros para a comercialização, seja indústria ou fruta
fresca; zelar pela qualidade da fruta (frutas grandes, ausentes de manchas,
especialmente a antracnose, ponto adequado de maturação, embalagem
adequada, etc.).

4) Outros cultivos
Muitas outras frutíferas podem e são cultivadas por pequenos produtores,
podendo ser destacadas algumas nas quais os pequenos fruticultores têm
obtido êxito. A banana do grupo Terra, tem sido cultivado principalmente por
pequenos produtores no baixo sul da Bahia há muitos anos com resultados
econômicos bastante positivos. Naquela região encontra-se a principal zona
produtora de banana do grupo Terra do Brasil. Os pequenos produtores
recebem assistência técnica de órgãos governamentais e privados, e têm
logrado excelentes resultados nos últimos anos, entretanto, é importante frisar
que produtores que não seguem as recomendações técnicas usualmente não
obtêm boa rentabilidade, em função da baixa produtividade e da qualidade da
fruta. Essa banana é afetada por diversos fatores, merecendo destaque, o
ataque de nematoides, Sigatoka Negra, moleque da bananeira, irregularidade
das chuvas (especialmente nos últimos quatro anos). Os pequenos
bananicultores precisam estar organizados para receberem orientações
técnicas e assim obterem boa produção e comercialização a preço justo das
frutas.
A goiabeira passou a ser uma frutífera adequada para pequenos produtores
pois exige elevada intensidade de mão de obra principalmente na etapa de
poda e colheita. A grande maioria dos pequenos produtores de goiaba,
utilizam a variedade Paluma, por ter boa aceitação no mercado de fruta fresca
e na indústria de processamento. O produtor deve ter cautela ao escolher esta
frutífera para produção. Deve estar atento à origem das mudas, as quais devem
ser propagadas por estaquia enraizada, devem apresentar total sanidade,
especialmente em relação à presença de nematoides formadores das galhas
nas raízes (fato que inviabiliza o cultivo em poucos anos após o plantio).

109
Várias pragas atacam a goiabeira e seus frutos, com destaque para o inseto
psilídeo, nematoides (pragas chaves), mosca das frutas, gorgulho dos frutos,
ferrugem nas folhas, flores e frutos, antracnose (especialmente na pós-
colheita). Portanto, é uma frutífera ideal para pequenos fruticultores
tecnificados, pois apresenta boa lucratividade, mas exige tratos intensivos e
cuidados permanentes no combate às pragas. A colheita da goiabeira requer
intensivo uso de mão-de-obra, já que não há métodos de colheita mecânica.
Os frutos em estádio “de vez” são destinados para mercado de fruta fresca e
os maduros são destinados para agroindústria para processamento de polpas,
doces, etc. O fruto ao atingir o estádio de maturação para fruta fresca que não
for colhido naquele dia, certamente no dia seguinte terá como destino o
processamento industrial. Dessa forma o pequeno produtor de goiaba, deverá
fazer um levantamento a respeito do mercado destino, incluindo a
comercialização da fruta fresca e para o processamento. Nesse sentido será
preciso levar em consideração o volume e o custo de transporte até o mercado
alvo.
Importante levar em consideração que os melhores casos de sucesso de
produtores de goiaba, ocorrem quando há agroindústrias de processamento na
região e facilidade de comercializar a fruta fresca. Nos últimos anos os preços
de goiaba, tanto para indústria como para o mercado in natura, têm sido muito
atrativos para os produtores. A produtividade de goiabeiras Paluma, pode
atingir entre 50 a 75 toneladas/ha para produtores que usam boa tecnologia de
produção, incluindo irrigação.
A citricultura pode também vir a ser uma ótima opção para os pequenos
produtores, como ocorre na região do Recôncavo baiano (Cruz das Almas e
outros municípios da região) e no estado de Sergipe. Os pequenos citricultores
nessas regiões produzem laranjas, lima ácida Tahiti, limas, etc. Usualmente
não são muito tecnificados, mas obtêm dessa cultura a principal fonte de
renda.
No mercado brasileiro a citricultura é fortemente dominada por grandes
produtores, especialmente no estado de São Paulo, entretanto, há nichos de
mercado que podem ser explorados pelos pequenos produtores em diversas
regiões do país. Nesse sentido o sucesso de um pequeno citricultor depende
de diversos fatores, como descritos a seguir: 1) escolha adequada do terrenos
onde será implantado o pomar; 2) aquisição de mudas de boa procedência
(viveiristas registrados no Ministério da Agricultura); 3) escolha correta das
110
variedades e plantios nos espaçamentos recomendados; 4) manejo adequado
das plantas daninhas, pragas; 5) irrigação de preferência localizada, quando
houver necessidade e disponibilidade de água; 6) conhecimento do mercado
local e regional para comercialização da sua produção; etc. O pequeno
citricultor poderá escolher as variedades que usualmente proporcionam
melhor comercialização, como acontece com a laranjeira Bahia (ou de
Umbigo), que apresenta uma colheita na meia estação (maio a agosto, a
depender da região), entretanto, é importante saber que esta variedade não se
presta para processamento industrial.
Outra variedade que pode ser adotada é a Hamlin, que apresenta
precocidade na produção, cuja colheita ocorre entre abril a maio. Ainda as
variedades Natal e Valência poderão ser adotadas caso deseje colher nos
meses de outubro a novembro. Portanto, se for desejo do citricultor, ele poderá
fazer um pomar com diversas variedades de laranjeiras e colher as frutas desde
abril até novembro.
No caso de optar pela lima ácida Tahiti (popularmente chamada de “limão”
Tahiti) o pequeno citricultor deverá ter um cuidado redobrado em relação ao
mercado. Será preciso conhecer bem a questão da sazonalidade de preços e
ofertas dessa fruta, que em condições normais, são observados preços baixos
no primeiro semestre e preços elevados entre setembro a novembro. Portanto,
deverá conhecer: o mercado local e regional para escoar sua produção; se há
possibilidade de comercializar seus frutos em parceria com outros produtores;
se os preços praticados no primeiro semestre são compatíveis com a sua
expectativa; se o clima na região permite a realização da indução floral, etc.
O mangustão pode também ser uma fruteira apropriada para pequenos
produtores e agricultores familiares, especialmente em condições ambientais
adequadas como é o caso da região litorânea do Espírito Santo e da Bahia.
Entretanto, o produtor necessita de conhecimento a respeito dessa frutífera,
pois essa inicia florescimento após 8 anos do plantio da muda e começa sua
produção plena a partir dos 12 ou 15 anos de idade. Apesar desse largo período
juvenil para entrar em produção, trata-se de uma frutífera de elevada
rentabilidade para pequenos pomares. O agricultor familiar ou o pequeno
produtor poderá intercalar outros cultivos anuais e ou semi perenes para
auferir rentabilidade enquanto o mangustão não iniciar a produção.
Várias outras fruteiras poderiam ser recomendadas para a agricultura
familiar. Em algumas circunstâncias até mesmo fruteiras tradicionais,
111
cultivadas por médios e grandes produtores, para o agricultor familiar ou do
pequeno produtor obter êxito necessita de um estudo detalhado do mercado
(preços, distância entre o pomar e o destino final da produção, etc). Por outro
lado, existem frutas consideradas de menor expressão econômica no cenário
da fruticultura brasileira, como por exemplo: pitanga, acerola, rambutão,
umbu, cajá, dentre muitas outras. Essas frutas se produzidas próximas às
zonas de comercialização (fruta fresca e ou processamento) poderão ser
lucrativas, pois reduziriam consideravelmente os custos de transporte, item
importante na composição dos custos dos produtores.
Importante ainda é lembrar que, as mudanças nos hábitos alimentares
podem abrir novas possibilidades para o agricultor familiar. A cada ano novas
descobertas são obtidas nas composições de várias frutas (muitas ainda sem
grande expressão econômica) em relação aos seus valores nutracêuticos. Os
teores de substâncias antioxidantes (carotenoides, flavonoides, ácido
ascórbico, etc, presentes nas cerejas, açaí, pupunha, guariva, araticum, pequi,
dentre muitas outras) estão cada vez mais valorizados pelos consumidores, na
prevenção de doenças cardiovasculares, envelhecimento precoce, canceres,
etc. Frutas ricas nestes componentes poderão ser importantes para os
agricultores familiares garantirem mercado, preço justo, e estabilidade e
sustentabilidade econômica. Os meios de comunicação têm dado grande
apoio na divulgação da qualidade nutracêutica de diversas frutas,
especialmente os telejornais, telenovelas, revistas especializadas em nutrição,
assim como, a facilidade do uso das redes sociais para divulgar os benefícios
para a saúde pela ingestão das frutas.

Conclusão
A fruticultura é uma importante opção para a agricultura familiar, mas para
o produtor lograr êxito necessita adotar manejo adequado. A escolha da
frutífera a ser cultivada deve levar em consideração as exigências do mercado
local ou regional, as possibilidades de mecanização e automação, os nichos
de mercado, os custos de produção e de transporte, dentre outros. Muitas são
as opções de frutíferas e variedades que o produtor pode escolher para
implantar sua lavoura, no entanto, deve observar também adequação ao solo
e clima da região onde se deseja cultivar. Ademais, o contexto atual exige
também um agricultor familiar empresarial no sentido de produzir bem, com
qualidade, respeito ao meio ambiente e à saúde dos consumidores, pois o
112
sucesso dos produtores contribui não apenas para melhoria da qualidade de
vida da sua família, mas gera também a dinamização da economia local.

Bibliografia consultada
FREITAS, A. L. G. E. Caracterização da produção e do mercado da
graviola (Annona muricata L.) em municípios da região Sul da Bahia.
Vitória da Conquista – BA: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
2012. 104p. (Dissertação – Mestrado em Agronomia).
SOUZA, I. V. B.; SÃO JOSÉ, A. R.; SILVA, J. C. G. da; BOMFIM, M.
P.; JESUS, J. S. de. The development of custard apple flower bud under
nitrogen and potassium nutrition. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal , v. 38, n. 2, e-507, 2016.

113
CAPÍTULO 9

Principais prasgas das frutíferas no Norte do Espírito


Santo

Cesar José Fanton


Renan Batista Queiroz

1. Introdução
Dentre os problemas fitossanitários da fruticultura na Região Norte do
Espírito Santo as pragas requerem especial atenção, tanto pelos problemas que
podem causar ao provocar redução na produção das culturas, como nos casos
em que, incorretamente identificadas, ocasionam aumento nos custos de
produção e contaminação ambiental por resíduos de pesticidas utilizados
desnecessariamente. Assim, é importante a correta identificação das pragas
que ocorrem nas principais culturas e os meios adequados a serem
empregados no seu controle.
De maneira geral, os insetos ou ácaros pragas podem provocar danos
diretos à produção, quando afetam ou danificam os frutos a serem colhidos,
ou danos indiretos, quando atacam outras partes da planta e provocam redução
na capacidade produtiva da mesma.

2. Pragas do Mamoeiro
As principais pragas do mamoeiro na região norte do Espírito Santo são
ácaros e cigarrinhas, que podem ser controladas nos focos iniciais de ataque
(reboleiras) desde que detectados precocemente, o que evitaria aplicações de
produtos em área total e em menor quantidade e custo para o produtor. Para
tanto, seria indicado o treinamento para detecção do ataque dessas pragas para
114
o pragueiro ou fitossanitarista, uma vez que o mesmo já inspeciona
periodicamente o pomar para verificação da ocorrência de viroses. Outra
característica importante do mamoeiro que deve ser verificada no caso de
aplicação de produtos para controle de pragas é a grande sensibilidade da
planta à fitotoxicidez provocada pelos referidos produtos, daí a importância
de aplicar apenas os produtos registrados e já testados na cultura.

2.1. Ácaro branco - Polyphagotarsonemus latus – (Acari: Tarsonemidae)


Adultos e larvas desse ácaro minúsculo (0,15 mm) raspam a superfície da
planta para se alimentar e provocam deformação do tecido em crescimento.
As folhas novas do ápice tem seu desenvolvimento afetado, ocorrendo
redução do limbo foliar e deformação das mesmas (Figura 1A). Em casos
extremos pode provocar a morte das brotações e, consequentemente, da
planta. Nos casos onde o controle é bem-sucedido, a planta volta a se
desenvolver normalmente, mas a parte danificada apresentará uma falha na
coluna de frutos denominado “pescoço” (Figura 1B). Pode ser controlado com
a pulverização de acaricidas ou polvilhamento localizado de enxofre
elementar.

A B

Figura 1. Folhas apicais (A) do mamoeiro com sintoma característico do


ataque do ácaro branco e pescoço (B) formado após ataque do ácaro. Foto:
Renan Queiroz.

2.2. Ácaro rajado - Tetranychus urticae – (Acari: Tetranychidae)


Ácaros dessa espécie tecem teias na face inferior das folhas mais velhas do
mamoeiro, onde se abrigam e o dano é provocado pela raspagem das folhas

115
pelos adultos e larvas ao se alimentarem. As folhas apresentam inicialmente
pontuações amareladas ao longo das nervuras que depois secam e se rasgam
nesses locais das lesões (Figura 2A e 2B). O controle é feito através da
pulverização de acaricidas. Recomenda-se duas pulverizações em sequência
quando verificada a necessidade de controle do ácaro, a primeira visando
controlar adultos e ninfas e, após sete dias, outra para controlar os ácaros
originados dos ovos que não foram controlados na primeira aplicação.

A B

Figura 2. Sintoma do ataque do ácaro rajado com amarelecimento ao longo


das nervuras da folha (A) e adultos do ácaro na face abaxial da folha do
mamoeiro (B). Foto: Renan Queiroz.

2.3. Cigarrinha verde - Solanasca bordia – (Hemiptera: Cicadellidae)


Adultos e ninfas da cigarrinha vivem na face inferior das folhas (Figura
3A) e o dano provocado é decorrente das frequentes picadas de alimentação
desses sugadores. Tem preferência por folhas mais velhas, que quando
severamente atacadas ficam amareladas e com as bordos recurvadas para
baixo (Figura 3B).

116
A B

Figura 3. Adulto (A) e início do sintoma do ataque (B) da cigarrinha verde


do mamoeiro. Foto: Renan Queiroz.

2.4. Mosca das frutas – Anastrepha spp. e Ceratitis capitata (Diptera:


Tephritidae)
As larvas de mosca das frutas só danificam a polpa dos frutos do mamoeiro
se estes estiverem em estágio de maturação avançado, que normalmente não
ocorre no campo. Praga de interesse quarentenário, sendo obrigatório seu
monitoramento em pomares com frutos destinados à exportação, não requer
maiores cuidados em pomares bem manejados.

2.5. Outras pragas


Há referências em literatura sobre a broca do tronco, larvas do
curculionídeo Pseudopiazurus papayanus, que não desperta maior atenção
nas condições de pomares no norte do Espírito Santo. Há registro também de
ocorrência de larvas de moscas da família Cecidomyidae nas brotações do
mamoeiro, mas sempre associadas a lesões de mancha-de-phoma, causadas
pelo fungo Stagonosporopsis caricae, indicando que tais larvas têm hábito
detrítovoro e estariam se alimentando do tecido necrosado das folhas nessas
lesões.

3. Pragas do Maracujazeiro
3.1. Lagartas - Dione juno juno e Agraulis vanillae vanillae (Lepidoptera:
Nymphalidae)

117
Ao se alimentar das folhas do maracujazeiro, as lagartas dessas borboletas,
quando em infestações severas, podem provocar redução da capacidade
produtiva das plantas. Sinais de surtos de lagartas desfolhadoras podem ser
detectados com antecedência ao se observar borboletas amarelo-alaranjadas
sobrevoando as plantas durante o dia, ou mesmo a presença de fezes das
lagartas no solo próximo das plantas. É importante essa detecção precoce do
ataque de lagartas porque o controle biológico com Bacillus thuringiensis só
é eficaz se o produto for ingerido pelas lagartas. Mesmo a aplicação de
inseticidas químicos requer a adoção da prática quando as lagartas ainda estão
pequenas, situação em que a eficiência é maior.

3.2. Broca da haste – Philonis passiflorae (Coleoptera: Curculionidae)


O dano é provocado em ramos ou hastes de plantas em que adultos
colocam ovos e as larvas se desenvolvem como brocas nesses locais. Há um
engrossamento no local que se desenvolvem e posteriormente são observados
os orifícios de saída dos adultos (Figura 4). Não há controle químico
recomendado e os problemas decorrentes do ataque dessa praga são maiores
quando se verifica a ocorrência de lavouras abandonadas ou restos culturais
de lavouras antigas nas proximidades de plantios novos. Como forma de
manejo cultural para essa praga é recomendado eliminar restos culturais de
lavouras no final de ciclo.

Figura 4. Haste com engrossamento devido ao desenvolvimento das larvas


da broca da haste.
118
3.3. Mosca do botão floral - Silba pendula e Dasiops inedulis (Diptera:
Lonchaeidae)
Larvas dessas moscas se alimentam do tecido da base interna do botão
floral, provocando sua queda antes da abertura das flores (Figura 5). Altas
infestações podem provocar diminuição do número de flores viáveis para
polinização e consequente redução da produção de frutos. O controle deve ser
efetuado integrando-se a prática de coleta e destruição de botões caídos para
reduzir a população de moscas e a aplicação de inseticidas na forma de iscas
tóxicas (ver detalhes da utilização de iscas tóxicas no controle de mosca das
frutas na cultura da goiabeira).

Figura 5. Larva da mosca do botão floral na base da folha. Foto: Renan


Queiroz.

3.4. Outras pragas


Pode se registrar a ocorrência de mosquito do maracujá, Gargaphia
lunulata (Hemiptera: Tingidae), na verdade uma espécie de percevejo da
renda, em que colônias desse inseto se abrigam na face inferior das folhas e
provocam lesões ao picarem as mesmas para se alimentar. Favorecidos por
temperaturas elevadas e períodos secos, as folhas atacadas ficam
esbranquiçadas na face superior e a colônia de insetos é facilmente observada
na face inferior. Em caso de ataque severo e condições ambientais favoráveis
à praga, pode-se recorrer à aplicação de inseticidas em pulverização para seu
controle.

119
Moscas das frutas podem também ocorrer provocando queda de frutos, em
cujo interior se observam as larvas dessa mosca. É possível o monitoramento
de adultos com armadilhas e pulverização de inseticidas na forma de iscas
tóxicas para seu controle.
Também tem sido verificada com frequência a ocorrência de mosca
minadora, cujas larvas provocam lesões características nas folhas em forma
de serpentina (Figura 6), mas ainda não foi avaliado com precisão se essa
praga pode provocar redução de produção ou não. Observações de campo
indicam que mesmo em infestações severas, a produtividade do pomar é
satisfatória e compatível com o conjunto de práticas culturais adotadas.
Percevejos da família Coreidae podem causar problemas em lavouras
devido à sucção de seiva. São facilmente reconhecidos pela dilatação em
forma de folha na perna posterior. As ninfas preferem os botões florais e frutos
novos, enquanto os adultos atacam folhas, ramos e frutos em qualquer idade.
As partes atacadas tendem a murchar e, em casos extremos, os botões e frutos
novos geralmente caem.

Figura 6. Mina em forma de serpentina causada pelo ataque da larva


minadora. Foto: Renan Queiroz.

4. Pragas da Goiabeira
4.1. Gorgulho - Conotrachelus psidii (Coleoptera: Curculionidae)
A fêmea desse besouro faz uma perfuração em frutos verdes onde deposita
seus ovos, recobrindo-os posteriormente. As larvas vão eclodir no interior dos
frutos, alimentar-se de sua polpa e depois de completada a fase larval, sair dos

120
frutos e se transformar em pupa no solo (Figura 7A). Os frutos apresentam
lesão característica nos locais da postura dos ovos e são impróprios para
consumo devido ao dano provocado pelas larvas (Figura 7B). De difícil
controle, recomenda-se a pulverização de inseticidas ou ensacolamento dos
frutos no caso de goiaba para mesa quando os mesmos estiverem no tamanho
de uma azeitona.

A B

Figura 7. Larva (A) destruindo o interior do fruto e lesão (B) característica


do ataque do gorgulho da goiaba. Foto: Inorbert de Melo Lima.

4.2. Psilídeo - Triozoida limbata (Hemiptera: Triozidae)


Adultos e ninfas desse inseto formam colônias na face superior das folhas,
provocando seu encarquilhamento e secamento das bordas como decorrência
das lesões que provocam ao se alimentar (Figura 8). As fêmeas têm
preferência de ovipositar em folhas novas. Por isso, o produtor deve monitorar
a população desse inseto logo após a poda, onde surgem muitas brotações
novas. Favorecida por períodos secos, o controle da praga é feito com a
pulverização de inseticidas, cuja eficiência é maior em infestações iniciais.

121
Figura 8. Sintoma inicial característico do ataque do psilídeo da goiaba,
encarquilhamento e posterior secamento das bordas das folhas. Foto: Inorbert
de Melo Lima.

4.3. Mosca das frutas – Anastrepha spp. e Ceratitis capitata (Diptera:


Tephritidae)
As larvas se alimentam da polpa dos frutos tornando-os impróprios para o
consumo (Figura 9). As moscas fazem a postura dos ovos no interior dos
frutos e as larvas eclodem e se desenvolvem no interior dos mesmos. Ao fim
do período larval abandonam os frutos e se transformam em pupas no solo, de
onde emergirão os novos adultos. Essas características do ciclo dificultam o
controle dessa praga, que é possível através do emprego de inseticidas na
forma de iscas tóxicas. O inseticida é misturado a um atraente alimentar, que
pode ser proteína hidrolisada ou melaço de cana-de-açúcar, e diluído em água.
A isca é então borrifada ou esguichada sobre algumas plantas do pomar e
serão atrativas para moscas que foram acasaladas e estão em período de pré-
oviposição, fase em que procuram alimentos ricos em proteínas e carboidratos
para viabilizar seus ovos. Ao ingerir a isca, são mortas pelo inseticida
misturado na mesma. O detalhe é que a isca deve ser aplicada de forma
concentrada – borrifos ou esguichos – e não pulverizada em área total.

122
Figura 9. Larva da mosca das frutas se alimentando da polpa do fruto.

4.4. Outras pragas


Broca das mirtáceas, Timocratica albella (Lepidoptera:
Stenomatidae).
Larvas broqueiam troncos e ramos mais grossos da goiabeira, sendo
possível detectar o ataque da praga pelos resíduos das fezes aderidos a fios de
seda na entrada do orifício em plantas atacadas. O controle pode ser feito pela
injeção de calda ou pasta inseticida nesses orifícios e posterior vedação dos
mesmos.

5. Pragas da Bananeira
5.1. Broca da bananeira - Cosmopolites sordidus (Coleoptera:
Curculionidae)
As larvas broqueiam o rizoma da bananeira, provocando morte de raízes e
redução da capacidade produtiva da planta. Se forem utilizadas mudas sadias
ou tratadas com inseticidas, só haverá necessidade de controle a partir da
emissão dos primeiros cachos, a partir do qual o monitoramento e o controle
devem ser sistemáticos. É possível realizar o monitoramento com iscas de
pseudocaule (tipo telha ou tipo queijo) espalhadas no cultivo. Detectada a
presença dos primeiros adultos, faz-se necessário o controle, agora com as
mesmas iscas tratadas com inseticidas químicos ou biológicos. Detalhe a se
destacar é que com o emprego de inseticida biológico, o besouro se infecta na
isca tratada e geralmente é encontrado morto, com o fungo esporulado, em
outro local, frequentemente sob a palha seca nos pseudocaules das plantas.

123
5.2. Tripes - Caliothrips bicinctus (Thysanoptera: Thripidae)
Esses insetos raspam os frutos, deixando-os ásperos com aspecto de
pequenas bolhas na superfície no início do ataque, sintoma que evolui para o
escurecimento dos frutos. O mau aspecto desses frutos os tornam de difícil
aceitação para comercialização. Como medida de controle recomenda-se a
eliminação dos restos florais e do coração, além da proteção dos cachos com
sacos plásticos de coloração azul.

5.3. Outras pragas


A bananeira pode ser atacada por pulgões que colonizam as folhas mais
novas e retardando o desenvolvimento das plantas. Também podem ocorrer
surtos de lagartas desfolhadoras que dever ser detectados e controlados nos
pontos iniciais de ocorrência, evitando sua disseminação para o pomar.

6. Pragas dos Coqueiro


A cultura é atacada por uma série de pragas, em sua maioria brocas, para
as quais não estão definidos métodos eficientes de controle químico. O
controle biológico natural, principalmente atuação de parasitoides, exerce um
controle razoável, devendo-se ter o cuidado de usar o mínimo de produtos
químicos que possam provocar desequilíbrios nessa delicada relação de
organismos benéficos que controlam essas pragas.

6.1. Broca do olho do coqueiro – Rhyncophorus palmarum (Coleoptera:


Curculionidae)
O adulto é transmissor de um nematoide, Bursaphelenchus cocophilus, que
provoca uma doença fatal às plantas, o anel vermelho. A infecção das plantas
é feita no momento em que as fêmeas do besouro fazem a postura dos ovos.
As larvas vão se alimentar do palmito e as folhas novas de plantas atacadas já
mostram os danos quando se abrem. Em infestações severas com grande
número de larvas por planta, a copa do coqueiro pode cair e provocar a morte
das plantas. O controle da praga é feito através da captura dos adultos em
armadilhas feitas com baldes, onde são colocadas iscas de feromônio, que
atraem os besouros que devem ser mortos em inspeções periódicas.

124
6.2. Broca do pecíolo ou broca da ráquis foliar - Amerrhinus ynca
(Coleoptera: Curculionidae)
A larva do besouro vai broquear o pecíolo ou ráquis foliar do coqueiro, que
apresentam sinais característicos de escorrimento de uma resina escura
através dos orifícios de respiração. Como não há controle químico
recomendado, deve-se optar pela retirada e destruição total de folhas atacadas
em caso de infestação mais severa. A simples retirada das folhas das plantas
não é suficiente, pois as larvas podem continuar se desenvolvendo nas folhas
que não forem destruídas.

6.3. Broca do pedúnculo floral - Homalinotus coriaceus (Coleoptera:


Curculionidae)
O dano também é resultado do hábito da larva de um besouro que broqueia
o pedúnculo do cacho de frutos, provocando a queda dos mesmos antes da
colheita. Também por não haver recomendação de controle químico eficiente,
o controle cultural com a retirada e destruição dos cachos atacados é a
recomendação para ataques mais severos.

6.3. Broca do estipe ou broca do tronco - Rhinostomus barbirostris


(Coleoptera: Curculionidae)
Praga que tem apresentado problemas na cultura. É uma larva que provoca
dano ao broquear o estipe (caule) do coqueiro. A larva tem o desenvolvimento
lento e seu dano pode ser percebido pela serragem que se acumula no solo
próximo do estipe e que sai dos orifícios por onde também pode escorrer uma
resina escura, sinal característico do ataque dessa praga. Em casos de alta
infestação, recomenda-se a eliminação das plantas afetadas para quebrar o
ciclo do inseto.

6.4. Ácaro da necrose do coqueiro - Aceria guerreronis (Acari:


Eriophyidae)
Esse ácaro pode atacar plantas em qualquer idade, alimentando-se das
folhas jovens antes de sua completa abertura, que quando ocorre mostram-se
deformadas pelo ataque da praga. Em coqueiros em produção tem preferência
por se abrigar sob as brácteas dos frutos novos, onde raspam a superfície dos
frutos para se alimentar, provocando lesões necróticas características. Pode
provocar a queda de frutos quando o ataque ocorre precocemente. Frutos
125
maiores podem não cair, mas as lesões os tornam impróprios para
comercialização, principalmente in natura.

6.5. Outras pragas


As folhas do coqueiro podem ser atacadas por pulgões, cochonilhas e
mosca branca, que só requerem adoção de medidas de controle em condições
extremamente favoráveis ao desenvolvimento dessas pragas, que geralmente
são temperaturas elevadas e baixa umidade relativa do ar, que se verificam
nas nossas condições apenas em prolongados períodos sem chuva durante o
verão.
Lagartas como a Brassolis sophorae podem provocar desfolha no coqueiro
ao se alimentar. Essas lagartas se alimentam à noite e durante o dia ficam
abrigadas em casulos construídos pela união de folíolos com fios de seda,
formando um cartucho característico e facilmente identificado. O controle
pode ser feito com a destruição desses cartuchos ou aplicação de inseticida
biológico se as lagartas ainda estiverem pequenas.
Larvas de besouros conhecidas como baratas do coqueiro, Coraliomela
brunnea, também podem provocar desfolha das plantas.
A traça-dos-cocos-novos, Hyalospila ptychis, é uma pequena lagarta que
perfura a base das flores e dos frutos pequenos, cavando galerias para se
alimentar. Os locais atacados apresentam inicialmente um escorrimento de
seiva e depois pequenas bolotas de fezes escurecidas envoltos por fios de seda.
Geralmente não representa problema em cultivos em que é feito o controle
sistemático do ácaro da necrose.

7. Pragas do abacaxizeiro
7.1. Cochonilha do abacaxi - Dysmicoccus brevipes (Hemiptera:
Pseudococcidae)
Essa praga transmite o vírus da murcha do abacaxizeiro (wilt) e desperta
mais cuidados em função da cultivar plantada e de sua suscetibilidade à essa
doença. Requer especial atenção na instalação do plantio com mudas sadias,
se necessário com a realização de controle químico dessas mudas. Inspeções
periódicas do plantio e controle dos focos iniciais de ataque também se fazem
necessários.

7.2. Broca do fruto - Strymon basalides (Lepidoptera - Lycaenidae)


126
O dano é provocado pela lagarta (Figura 10) de uma borboleta cuja
presença pode ser percebida, pois tem o hábito de voar sobre as plantas
durante o dia procurando local para colocar seus ovos. Requer especial
atenção logo depois da indução floral e a presença de borboletas nas plantas
pode ser indicativo para a necessidade de controle com pulverização de
inseticidas químicos ou biológicos, como Bacillus thuringiensis.

Figura 10. Fruto de abacaxi com sintoma de ataque e polpa danificada pela
broca do fruto. Foto: Cesar Fanton.

7.3. Outras pragas


É comum a ocorrência do ácaro do abacaxizeiro Dolichotetranychus
floridanus, mas não costuma ocorrer em infestações que possam prejudicar a
capacidade produtiva das plantas. Por atacarem a base das folhas nos pontos
de inserção, o controle das cochonilhas geralmente mantém suas populações
sob controle.

8. Literatura Consultada
BARBOSA F.R. (Ed.). Goiaba: Fitossanidade. Embrapa Semi-Árido
(Petrolina, PE). - Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 63p.
(Frutas do Brasil, 18).
127
BENASSI A.C., FANTON C.J., SANTANA E.N. 2013. O cultivo do
coqueiro-anão-verde. Tecnologias de produção. Incaper, Vitória-ES, 120p.
CORDEIRO Z.J.M. (Org.). Banana: Fitossanidade. Embrapa Mandioca e
Fruticultura. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de
Tecnologia, 2000. 121p. (Frutas do Brasil, 8).
GALLO D., NAKANO O., NETO S.S., CARVALHO R.P.L., BATISTA
G.C., FILHO E.B., PARRA J.R.P., ZUCCHI R.A., ALVES S.B.,
VENDRAMIM J.D., MARCHINI L.C., LOPES J.R.S., OMOTO C. 2002.
Entomologia agrícola. Piracicaba, FEALQ, 920p.
MARTINS D.S., FORNAZIER M.J., FANTON C.J., QUEIROZ R.B.,
ZANUNCIO JUNIOR J.S. 2016. Pragas do mamoeiro. In: Manejo de pragas
de fruteiras tropicais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.37, n.293,
p.72-81.
MATOS A.P. (Org.) Abacaxi. Fitossanidade. Embrapa Mandioca e
Fruticultura. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de
Tecnologia, 2000. 77p. (Frutas do Brasil, 9).
SANTOS FILHO H.P., JUNQUEIRA N.T.V. (Ed.). Maracujá:
Fitossanidade. Embrapa Cerrados. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica, 2003. 85p. (Frutas do Brasil, 32).

128
CAPÍTULO 10

Cultivo do abacaxizeiro fertirrigado

Ana Maria Alves de Souza Ribeiro


Robson Bonomo
Moises Zucoloto

Introdução
O cultivo de abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merril) tem aumentado
no estado do Espírito Santo e possui grande potencial de extensão, uma vez
que se adapta bem às condições edafoclimáticas. Portanto, novas técnicas
devem ser adotadas pelos produtores para elevar aspectos de qualidade e
produtividade, para maximizar a comercialização.
O Espírito Santo possui produção de aproximadamente 42 milhões de
frutos com rendimento médio em torno de 16.855 frutos ha-1 (IBGE, 2016).
Média considerada baixa, já que em um hectare é possível inserir 40 mil
plantas.
A maior parte dos plantios de abacaxizeiro do estado do Espírito Santo
concentram-se na região Litoral Sul, que abrange os municípios de
Marataízes, Itapemirim e Presidente Kennedy, onde a umidade relativa do ar
é elevada favorecendo o cultivo do mesmo. A produção é destinada não só
para o abastecimento local, mas também a mercados urbanos de outros
estados, sobremaneira o Rio de Janeiro (Cunha & Shintaku, 2011).

129
Fertirrigação
Quando comparado a outras culturas, o abacaxizeiro possui necessidades
hídricas relativamente reduzidas, todavia, a demanda de água é permanente e
depende do estádio de desenvolvimento das plantas. É imprescindível o
fornecimento de irrigação à cultura em épocas críticas do ciclo de cultivo, em
que períodos de déficit hídrico coincidam com as fases de enraizamento,
crescimento vegetativo e formação do fruto, onde a demanda hídrica é
máxima e constante (Almeida & Souza, 2011). O adequado suprimento de
água é indispensável para o crescimento e desenvolvimento da cultura, com
reflexo positivo na produção, possibilitando gerar frutos com tamanho
padronizado, assim como o fornecimento aos mercados no período de
entressafra, com maior retorno econômico (Melo et al., 2006).
Devido à baixa dependência hídrica e nutricional do abacaxizeiro, são
poucas as pesquisas nessa área, no entanto, é imprescindível seu
aprimoramento. Nesse sentido, uma técnica bastante importante que pode
contribuir para o melhor desenvolvimento do abacaxizeiro é a fertirrigação.
A fertirrigação é a técnica de aplicação de adubos juntamente com a água
do sistema de irrigação, ou seja, a combinação das práticas de fertilização e
irrigação onde os adubos minerais são injetados na água de irrigação que
assim torna-se “enriquecida” (Trani et al., 2011). A fertirrigação, apesar de
poucos dados estatísticos que comprovem, está sendo muito usada pelos
produtores de frutas e verduras (Villas Bôas & Souza, 2008).
Sua introdução agrega inúmeras vantagens por combinar dois principais
fatores essenciais no crescimento e desenvolvimento das plantas: água e
nutrientes, visto que aplicando os fertilizantes em menor quantidade e com
maior frequência, pode-se manter um teor de nutrientes no solo em
quantidades exigidas nas diferentes fases do ciclo da cultura, o que leva a um
aumento na eficiência do uso de nutrientes pelas plantas e, consequentemente,
maior produtividade.
Dentre as outras vantagens pode-se citar: maior aproveitamento dos
equipamentos de irrigação, menor compactação e redução dos danos físicos
às plantas com a redução do tráfego de máquinas dentro da área; redução de
contaminação do meio ambiente devido ao melhor aproveitamento dos
nutrientes móveis no solo quando aplicados via irrigação localizada;
diminuição da utilização de mão de obra. Além disso, permite a implantação
de plantios adensados, fator importante de produção para o abacaxizeiro,
130
tendo como vantagem o aumento da produtividade e da rentabilidade
(Bengozi et al., 2007).
Esta técnica, quando utilizada racionalmente, pode proporcionar melhor
desenvolvimento das plantas e qualidade dos frutos, proporcionando aumento
na competitividade do fruticultor (Simão et al., 2004). Assim, a fertirrigação
não deve ser praticada de forma empírica com base apenas na experiência do
produtor e em recomendações genéricas. O uso incorreto pode levar a má
utilização dos nutrientes pela cultura, desequilíbrio ambiental e prejuízos
econômicos para o produtor (Sousa et al., 2002).
De acordo com Souza (1999), a ordem decrescente de extração e acúmulo
de nutrientes obedece a seguinte ordem de exigência de macronutrientes:
potássio (K), nitrogênio (N), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S) e
fósforo (P), e de micronutrientes: cloro (Cl), ferro (Fe), manganês (Mn), zinco
(Zn), cobre (Cu) e boro (B). Como se pode observar, o K é o macronutriente
mais acumulado e extraído em maior quantidade, seguido do nitrogênio, ao
passo que o P é acumulado em menor quantidade. Quanto aos micronutrientes
o Cl e o Fe são os elementos absorvidos em maiores quantidades.
Segundo Teixeira et al. (2002), a influência desses elementos reflete-se,
basicamente, sobre a produtividade e qualidade do fruto. O potássio (K)
aumenta o teor de sólidos solúveis e acidez, mudança de coloração, aumenta
a massa média e o diâmetro do fruto, a firmeza da casca e da polpa e reduz o
escurecimento interno do fruto. Enquanto, o nitrogênio atua no aumento da
produção, tamanho e massa dos frutos, porém, tende a reduzir os teores de
sólidos solúveis e acidez (Paula et al., 1985). Em relação ao fósforo, o
abacaxizeiro é pouco exigente e sua importância para a planta ocorre na fase
de diferenciação floral e no desenvolvimento do fruto (Malézieux &
Bartholomew, 2003).
A recomendação de adubação convencional tem variado de 6 a 10 g
N.planta-1, a fosfatada de 1 g a 4 g P2O5.planta-1 e a potássica de 4 g a 15 g
K2O. planta-1 de acordo com Souza (2000).
Conforme Boas et al. (2006), quando se pretende utilizar a fertirrigação
deve-se avaliar, além da questão econômica, as características das fontes de
fertilizantes empregadas. Elas devem apresentar alta solubilidade e poucas
impurezas para que a concentração final do nutriente na solução seja, de fato,
a calculada. Ainda, evitar entupimentos dos emissores, principalmente dos

131
gotejadores, corrosão dos equipamentos e incompatibilidade com outros
produtos.

Trabalhos desenvolvidos com abacaxizeiros fertirrigado


No norte do estado do Espírito Santo, no município de São Mateus, Ribeiro
(2016) constatou cultivando o abacaxizeiro ‘Pérola’ em condições
fertirrigadas, massa média dos frutos variando de 1,453 kg a 1,512 kg. Com
relação à produtividade, os valores variaram de 55.865,38 kg ha-1 a 58.139,42
kg ha-1, para o tratamento não-irrigado e o tratamento fertirrigado
semanalmente em doses crescentes, de nitrogênio (N) e potássio (K),
respectivamente (Tabela 1).
A não obtenção de diferenças significativas nas variáveis avaliadas pode
ser devido à cultura apresentar várias características morfofisiológicas que
promovem relativa adaptação às condições de clima seco, além de realizar
fotossíntese por meio do metabolismo ácido das crassuláceas (CAM) onde a
carboxilação é noturna, reduzindo consideravelmente a perda de água pelo
vegetal e garantindo uma maior eficiência na captação do CO2.
De acordo com as Normas de Classificação do Abacaxi, do Centro de
Qualidade em Horticultura da CEAGESP (2003), os abacaxis foram
classificados segundo a sua massa na classe 1, que corresponde aos frutos
maiores que 1,200 kg até 1,500 kg. Dessa maneira, a produção apresentou
frutos com padrão comercial estando dentro da faixa de massa da cultura que
é de 1,0 kg a 1,5 kg (CABRAL, 2000), mesmo os frutos sem irrigação
(testemunha).
Considerando a densidade de plantio de 38.462 plantas por hectare e
perdas na ordem de 20%, a produtividade média estimada foi de 56.878 kg
ha-1 (Tabela 1). A produtividade média brasileira em 2015 foi 26.643 kg ha -1
(IBGE, 2016), dessa forma, as produtividades para os tratamentos foram
superiores à produtividade média brasileira em 113,48%.
O valor obtido de 56.878 kg ha-1 supera o de 40.600 kg ha-1 obtido por
Rodrigues et al. (2013), para o cultivar Pérola, em condições de sequeiro, no
município de Santa Rita, região de Tabuleiros Costeiros do Estado da Paraíba,
ultrapassando também o de 42.000 kg.ha-1 estimados por Oliveira et al. (2013)
para o cultivar BRS Imperial e dentro da faixa de 38.810 kg ha-1 a 66.250 kg
ha-1 destacados por Guarçoni & Ventura (2011) com adubação via solo, para
o abacaxizeiro ‘Gold’ MD-2 em Sooretama - ES.
132
Tabela 1. Massa média de frutos com coroa (kg) e produtividade (kg.ha-1) do
abacaxizeiro ‘Pérola’ em função de diferentes alternativas de manejo da
fertirrigação. São Mateus – ES, 2015
MASSA DE
PRODUTIVIDADE
Tratamentos FRUTOS
(kg) (kg.ha-1)
Não-Irrrigado 1,453 a 55.865, 38 a
Irrigado e Não-Fertirrigado 1,458 a 56.079,80 a
Fertirrigação (Doses Crescentes) 1,512 a 58.139,42 a
Fertirrigação (67 % da adubação) 1,486 a 57.163,46 a
Fertirrigação 2 vezes na semana 1,485 a 57.144,23 a
Média Geral 1,479 56.878,46
CV (%) 5,05 5,05
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.

De acordo com Ribeiro (2016) que ao avaliar o efeito de diferentes


alternativas de manejo para fertirrigação quanto à qualidade dos frutos do
abacaxizeiro cv. Pérola, observou que as alternativas de manejo para
fertirrigação diferiram entre si quanto ao teor de sólidos solúveis e não
apresentaram diferença significativa quanto ao pH, acidez titulável e relação
SS/AT (Tabela 2).
Nota-se que os tratamentos não-irrigado e irrigado, mas não-fertirrigado
apresentaram tendência de maiores valores de sólidos solúveis, 14,36 ºBrix a
14,38 ºBrix, respectivamente (Tabela 2).
O tratamento fertirrigado com doses crescentes na taxa de 10%, N e K
promoveu redução no teor de sólidos solúveis, com valor de 13,47 ºBrix
(Tabela 2). Resultado semelhante foi observado por Caetano et al. (2013), em
que doses crescentes de nitrogênio reduziram os valores de sólidos solúveis,
ao passo que doses crescente de K elevaram o conteúdo com valor máximo
de 17,62 ºBrix.

133
O pH, do mesmo modo que a acidez, está associado ao processo de
amadurecimento dos frutos e podem ser utilizados como parâmetros
auxiliando na determinação do ponto de colheita (Reinhardt & Medina, 1992).
De modo geral, o pH da polpa do abacaxi ‘Pérola’ se enquadra entre 3,7 a
3,9 (Gonçalves & Carvalho, 2000). Neste estudo apresentou valores que
variaram de 4,17 a 4,23 (Tabela 2). Esse valor corrobora com os valores
encontrados por Pereira et al. (2009), que obtiveram em seus trabalhos valores
entre 4,07 e 4,38. Franco (2010) em cultivo fertirrigado, observou pouca
variação do pH que ficou entre 3,9 a 4,0. Vale destacar que os frutos colhidos
nos trabalhos citados pertenciam a cultivar Pérola e também estavam no
mesmo estádio de maturação utilizado no trabalho.
A acidez titulável, por sua vez, varia de 0,6% a 1,6% e é expressa em
porcentagem de ácido cítrico, por ser o ácido presente em maior quantidade e
contribuir com 80% da acidez total (Carvalho & Botrel, 1996).
A variável acidez titulável apresentou média de 0,41% de ácido cítrico
(Tabela 2). Essa média foi superior ao encontrado por Cunha et al. (2007),
com valor de 0,35% de ácido cítrico. Esse valor está dentro da faixa de 0,20 a
0,43 % de ácido cítrico destacado por Guarçoni & Ventura (2011); próximos
aos 0,42% obtidos por Araujo et al. (2012).
A relação SS/AT encontrou-se entre 32,59 a 36,40 (Tabela 2). Esta relação
corresponde ao balanço entre doçura e acidez. No presente trabalho a acidez
titulável foi relativamente baixa o que contribuiu para maiores valores de
SS/AT quando comparado aos resultados de outros autores (Franco, 2010;
Ribeiro et al., 2011; Lopes et al., 2014; Andrade et al., 2015).
A fertirrigação também favorece maior facilidade e flexibilidade no
parcelamento da adubação, o que permite melhor ajuste no fornecimento de
nutrientes de acordo com a marcha de absorção da cultura, nos diferentes
estádios de desenvolvimento (Souza et al., 2012) contribuindo para minimizar
as perdas por lixiviação (Duenhas et al., 2002). Essa técnica ajusta-se bem à
fertilização do abacaxizeiro, que é exigente em nutrientes, como maior
expressão para o potássio e o nitrogênio.

134
Tabela 2. Sólidos Solúveis (SS), pH, Acidez titulável (AT) e Ratio (SS/AT)
do abacaxizeiro ‘Pérola’ em função de diferentes alternativas de manejo da
fertirrigação. São Mateus – ES, 2015
SS pH AT RATIO
Tratamentos
(ºBrix) (% ác. cítrico) (SS/AT)
Não-Irrrigado 14,36 a 4,18 a 0,41 a 35,25 a
Irrigado e Não-Fertirrigado 14,38 a 4,18 a 0,44 a 32,59 a
Fertirrigação (Doses Crescentes) 13,47 b 4,22 a 0,40 a 34,79 a
Fertirrigação (67 % da adubação) 14,01 ab 4,17 a 0,43 a 33,64 a
Fertirrigação 2 vezes na semana 13,83 ab 4,23 a 0,38 a 36,40 a
Média Geral 14,01 4,20 0,41 34,54
CV (%) 2,70 1,72 10,07 11,01
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Nesse contexto Ribeiro (2016), estudando à resposta do abacaxizeiro


‘Pérola’ ao parcelamento da adubação com nitrogênio (N) e potássio (K) via
fertirrigação sobre massa média de frutos e produtividade observou diferenças
significativas nos parcelamentos das adubações potássicas. No entanto, este
efeito não foi observado nos parcelamentos das adubações nitrogenadas,
conforme os resultados apresentados na Tabela 3.
Considerando os resultados apresentados, verificou-se, de forma geral, que
as diferentes formas de parcelamentos da adubação possibilitam elevadas
produtividades e adequada massa média de frutos no cultivo do abacaxizeiro
para as condições deste estudo (Tabela 3).
Teixeira et al. (2002), avaliando o parcelamento da adubação com
nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) em abacaxizeiro ‘Smooth Cayenne’,
verificaram aumento de 2,55 kg para 2,84 kg para a massa média dos frutos e
de 77.200 kg ha-1 para 86.100 kg ha-1 para a produtividade decorrentes da ação
do parcelamento da adubação nitrogenada e potássica, sendo as variáveis
influenciadas pelo o aumento no número de parcelamentos da adubação.
O valor obtido para massa média de frutos supera o 1,294 kg obtido por
Guarçoni & Ventura (2011), em Sooretama, na região norte do Espírito Santo,

135
trabalhando com o abacaxizeiro ‘Gold’ e adubação de N e K em cobertura e
parceladas em quatro aplicações.
Para Chitarra & Chitarra (2005), a massa considerada ótima para os
abacaxis do cultivar Pérola está entre 1,0 kg e 1,4 kg. Dessa forma, os frutos
produzidos estão em conformidade com o recomendado para a cultura e
adequados para comercialização.
Com relação à produtividade, mesmo não ocorrendo diferenças entre os
esquemas de parcelamento da adubação com nitrogênio, a média geral obtida
de 56.253,72 kg ha-1 é 110% maior que a produtividade estimada de 26.706
kg ha-1 para o Brasil no ano de 2014 (IBGE, 2016). Isso indica que o potencial
produtivo do abacaxizeiro pode ser amplificado através da adoção de novas
práticas agrícolas capazes de aprimorar o cultivo.
O parcelamento do nitrogênio é recomendado pela sua alta mobilidade no
solo, característica acentuada em condições de solos arenosos, alto índice
salino dos adubos que o contêm e baixa exigência inicial das culturas, sendo
o nutriente mais fornecido via água de irrigação (Borges & Silva, 2011).
Ressaltando que, apesar do efeito não significativo do parcelamento da
adubação com nitrogênio, as massas médias dos frutos e as produtividades
obtidas se mostraram compatíveis com as características descritas para o
cultivar.
Quanto aos parcelamentos das adubações potássicas, semanal (K= 35) e
mensal (K= 9), as massas médias dos frutos com coroa e as produtividades
variaram de 1,39 kg a 1,50 kg e de 53.381,410 kg ha-1 a 57.851,680 kg ha-1,
respectivamente (Tabela 3).
No parcelamento da adubação potássica aplicado uma vez na semana (K=
35), a massa média do fruto com coroa e a produtividade foram menores em
relação aos demais parcelamentos (Tabela 3), enquanto houve uma tendência
de maiores massas e produtividades nos tratamentos parcelados mensalmente
(K= 9) e em 4 aplicações ao longo do ciclo da cultura.

136
Tabela 3. Massa média de frutos com coroa (kg) e produtividade (kg.ha-1) do
abacaxizeiro ‘Pérola’, decorrentes do parcelamento da adubação com
nitrogênio (N) e potássio (K). São Mateus – ES, 2015
Variáveis
Tratamentos
MASSA DE FRUTOS (kg) PRODUTIVIDADE (kg.ha-1)
Parcelamentos da adubação Nitrogenada
1. N= 54 1,472 a 56.650,16 a
2. N= 27 1,505 a 57.888,22 a
3. N= 7 1,416 a 54.495,19 a
4. N= 4 1,459 a 56.121,88 a
Média Geral 1,463 56.253,72
CV (%) 6,22 6,22
Parcelamentos da adubação Potássica
1. K= 70 1,467 ab 56.443,99 ab
2. K= 35 1,388 b 53.381,41 b
3. K= 9 1,504 a 57.851,68 a
4. K= 4 1,494 a 57.478,37 a
Média Geral 1,463 56.253,72
CV (%) 6,22 6,22
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
N= 54 aplicações (Parcelamento da adubação em duas vezes na semana); N= 27
aplicações (Parcelamento da adubação semanalmente); N= 7 aplicações (Parcelamento
da adubação mensal); N= 4 aplicações (Parcelamento da adubação em quatro vezes),
durante o ciclo da cultura.
K= 70 aplicações (Parcelamento da adubação em duas vezes na semana); K= 35
aplicações (Parcelamento da adubação semanalmente); K= 9 aplicações (Parcelamento
da adubação mensal); K= 4 aplicações (Parcelamento da adubação em quatro vezes),
durante o ciclo da cultura.

Resultado semelhante foi encontrado por Teixeira e colaboradores (2002),


onde observaram que o parcelamento da adubação com N e K em cinco
137
aplicações promoveu produção de frutos mais pesados e, consequentemente,
produtividade mais elevada.
Veloso et al. (2001), trabalhando com o cultivar Pérola avaliando
diferentes doses de potássio, verificaram que com à adição de potássio na
forma de cloreto de potássio branco, propiciou acréscimo na produção, com
produtividade máxima de 79.000 kg ha-1 com a dose de 22 g planta-1 de K2O.
O parcelamento do potássio via água de irrigação é aconselhada devido à
mobilidade do nutriente no solo, principalmente nos solos arenosos. Neste
caso, quantidades menores devem ser aplicadas, a fim de diminuir as perdas
por lixiviação. Além disso, em virtude da alta solubilidade do fertilizante
potássico essa prática se torna viável (Borges & Silva, 2011).
Alguns estudos têm relacionado o uso da fertirrigação e da irrigação na
qualidade do fruto e na produtividade do abacaxi no Espírito Santo e no Brasil,
como aqueles desenvolvidos por Spironello et al., 2004; Francisco, 2014;
Souza et al., 2012. Entretanto ainda existe carência de estudos e informações
sobre o tema e novas pesquisas devem ser feitas

Conclusão
Diante do exposto verifica-se que a fertirrigação é uma prática agrícola que
deve ser analisada não somente visando a maior eficiência nas fertilizações,
mas também como facilidade na aplicação de fertilizantes e otimização da
mão de obra.

Referências
ALMEIDA, O. A. de; SOUZA, L. F. da S. Irrigação e fertirrigação na cultura
do abacaxi. In: SOUSA, V. F. de; MAROUELLI, W. A.; COELHO, E. F.;
PINTO, J. M.; COELHO FILHO, M. A. (Ed.). Irrigação e fertirrigação em
fruteiras e hortaliças. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, cap.
11, p. 339-368. 2011.
ANDRADE, M. DAS G. DOS S.; SILVA, S. DE M.; SOARES, L. G.;
DANTAS, A. L.; LIMA, R. P.; SOUZA, A. S. B.; MELO, R. de S. Aspectos
da qualidade de infrutescências dos abacaxizeiros ‘Pérola’ e ‘Vitória’.
Revista Agropecuária Técnica, Porto: Portugal, v. 36, n. 1, p. 96-102, 2015.
ARAUJO, J. R. G.; AGUIAR, R. A. J.; CHAVES, A. M. F.; REIS, F. O.;
MARTINS, M. R. Abacaxi “Turiaçu”: cultivar tradicional nativa do

138
Maranhão. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal – SP, v. 34, n. 3,
p. 1270-1276, set. 2012.
BENGOZI, F. J.; SAMPAIO, A. C.; GUTIERREZ, A.D. de S.;
RODRIGUES, V. M.; PALLAMIN, M. L. Qualidades físicas e químicas do
abacaxi comercializado na Ceagesp - São Paulo. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v. 29, p. 540-545, dez. 2007.
BOAS, R. L. V.; BERTANI, R. M. de A.; ALMEIDA, A. M. de; SAMPAIO.
A. C.; FUMIS, T. de F. Fertirrigação para iniciantes. Pesquisa & Tecnologia,
São Paulo, Vol. 3, n.2, Jul-Dez, 2006.
BORGES, A. L.; SILVA, D. J. Fertilizantes para fertirrigação. In: SOUSA,
V. F. de; MAROUELLI, W. A.; COELHO, E. F.; PINTO, J. M.; COELHO
FILHO, M. A. (Ed.). (Ed.). Irrigação e fertirrigação em fruteiras e
hortaliças. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. cap. 7, p.
253-264.
CABRAL, J. R. S. Variedades. In: REINHARDT, D. H., SOUZA, L. F. da S.,
CABRAL, J. R. S. (Org.) Abacaxi Produção: Aspectos técnicos. Cruz das
almas: EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, Brasília: Embrapa Comunicação
para Transferência de Tecnologia, 2000. Cap. 5, p.15-16, il. (Frutas do Brasil;
7).
CAETANO, L. C. S.; VENTURA, J. A.; COSTA, A. de F. S. da.
GUARÇONI, R. C. efeito da adubação com nitrogênio, fósforo e potássio no
desenvolvimento, na produção e na qualidade de frutos do abacaxi ‘Vitória’.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 35, n. 3, p. 883-890, set.,
2013.
CARVALHO, V. D.; BOTREL, N. Características da fruta para exportação.
In: BRASIL. Ministério da Agricultura e Abastecimento. Abacaxi para
exportação: procedimentos de colheita e pós-colheita. Brasília: EMBRAPA,
1996b. 41p. (Série Publicações Técnicas FRUPEX, 23).
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Qualidade pós-colheita de frutos
e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 2005. p.783.
COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO
PAULO - CEAGESP. Programa brasileiro para a modernização da
horticultura: normas de classificação do abacaxi. São Paulo: Centro de
Qualidade em horticultura – CQh/CEAGESP, 2003. (Documentos, 24).
CUNHA, F. G. da; SHINTAKU, I. Levantamento geoquímico de baixa
densidade no estado do Espírito Santo. In: XIII Congresso Brasileiro de
139
Geoquímica e III Simpósio de Geoquímica dos Países do Mercosul, 2011,
Gramado, Anais...Gramado. 2011. p. 425-428.
CUNHA, G. A. P.; CABRAL, J. R. S.; MATOS, A. P.; CALDAS, R. C.
Avaliação de Genótipos de Abacaxi Resistentes à Fusariose em Coração de
Maria, Bahia. Magistra, Cruz das Almas – BA, v. 19, n. 3, p. 219-223, set.,
2007.
DUENHAS, L. H.; VILLAS BÔAS, R. L.; SOUZA, C. M. P.; RAGOSO, R.
A.; BULL, L. T. Fertirrigação com diferentes doses de NPK e seus efeitos
sobre a produção e qualidade de frutos de laranja (Citrus sinensis O.)
'Valência'. Revista Brasileira de Fruticultura, v.24, p.214-218, 2002.
FRANCISCO, J. P. Fertirrigação do abacaxi cultivar vitória com vinhaça:
efeitos no solo e na planta. 2014. 125p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Sistemas Agrícolas) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2014.
FRANCO, L. R. L. Crescimento, produção e qualidade do abacaxizeiro
‘Pérola’ sob diferentes lâminas de irrigação por gotejamento. 2010. 60 p.
Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal no Semiárido) – Universidade
Estadual de Montes Claros, Janaúba-MG.
GONÇALVES, N. B; CARVALHO, V. D. Abacaxi pós-colheita-2.
Característica da Fruta. Frutas do Brasil. Brasília-DF, n.5, p.13-27, 2000.
GUARÇONI, M. A.; VENTURA, J. A. Adubação N-P-K e o
desenvolvimento, produtividade e qualidade dos frutos do abacaxi ‘Gold’
(MD-2). Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v.35, n.4,
p.1367-1376, 2011.
LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA –
LSPA. Rio de Janeiro, v.29, n.12, p.1-82, 2016. Online. Disponível em:<
ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Pro
ducao_Agricola_[mensal]/Fasciculo/2016/lspa_201612_20170222_133000.
pdf>. Acesso em: 04 de mar. 2017.
LOPES, O. P.; MAIA, V. M.; SANTOS, S. R.; MIZOBUTSI, G. P.;
PEGORARO, R. F. Proteções contra queima solar de frutos de abacaxizeiro
submetido a diferentes lâminas de irrigação. Revista Brasileira de
Fruticultura, v. 36, p. 748-754, 2014.
MALÉZIEUX, E.; BARTHOLOMEW, D.P. Plant. Nutrition. In:
Bartholomew, D. P., Paul, R. E.; Rohrbach, K. G. (Eds.). The Pineapple:

140
Botany, Production and Uses. CABI Publishing, New York; p. 143-165,
2003.
MELO, A. S.; NETTO, A. O. A.; NETO, J. D.; BRITO, M. E. B.; VIÉGAS,
P. R. A.; MAGALHÃES, L. T. S.; FERNANDES, P. D. Desenvolvimento
vegetativo, rendimento da fruta e otimização do abacaxizeiro cv. Pérola em
diferentes níveis de irrigação. Ciência Rural, Santa Maria, RS, v. 36, n. 1, p.
93-98, jul. 2006.
OLIVEIRA, A. M. G.; NATALE, W.; DÓRIA, J. O. Produção do
abacaxizeiro ‘Imperial’ no Extremo Sul da Bahia, em função de doses de
nitrogênio e potássio. In: XXXIV Congresso Brasileira de Ciência do Solo,
2013, Florianópolis – SC. Ciência do Solo: Para quê e pra quem, 2013.
PAULA. M. B.; CARVALHO, J. G.de; NOGEURA, F. D.; SILVA, C. R.
Exigências nutricionais do abacaxizeiro. Informe agropecuário, Belo
Horizonte, v. 11, n. 1, p. 27-32. 1985.
PEREIRA, M. A. B; SIEBENEICHLER, S. C.; LORENÇONI, R.;
ADORIAN, G. C.; SILVA, J. C. da; GARCIA, R. B. M.; PEQUENO, D. N.
L.; SOUZA, C. M. de; BRITO, R. F. F. de. Qualidade do fruto de abacaxi
comercializado pela Cooperfruto – Miranorte – TO. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 4, p. 1048-1053. Dez., 2009.
REINHARDT, D. H. R.; MEDINA, V. M. Crescimento e qualidade do fruto
do abacaxi cvs. ‘Pérola’ e ‘Smooth Cayenne’. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v.3, p. 435-447, 1992.
RIBEIRO, A. M. A. de S. Parcelamento de nitrogênio e potássio via
fertirrigação no cultivo do abacaxizeiro. 2016. 97f. Dissertação (Mestrado
em Agricultura Tropical – Área de concentração Produção Vegetal) –
Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus, 2015.
RIBEIRO, W. S.; BARBOSA, J. A.; CARNEIRO, G. G.; LUCENA, H. H.;
ALMEIDA, E. I. B. Controle do fungo penducular do abacaxi ‘Pérola’.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13,
n.1, p.1-6, 2011.
RODRIGUES, A. A.; MENDONÇA, R. M. N.; SILVA, A. P. da; SILVA, S.
de M. Nutrição mineral e produção de abacaxizeiro ‘Pérola’ em função das
relações K/N na adubação. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal,
v.35, n.2, p.625-633, 2013.
SIMÃO, A. H.; MANTOVANI, E. C.; SIMÃO, F. R. Irrigação e fertirrigação
na cultura da mangueira. In: ROZANE, D. E.; DAREZZO, R. J.; AGUIAR,
141
R. L.; AGUILERA, G. H. A.; ZAMBOLIM, L. Manga – produção
integrada, industrialização e comercialização. Viçosa, MG: Universidade
Federal de Viçosa, 2004. P. 234-302.
SOUSA, V. F. de; PINTO, J. M; COELHO, E. F. Manejo da fertirrigação.
In: BORGES, A. L.; COELHO, E. F.; TRINDADE, A. V. Fertirrigação em
fruteiras tropicais. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura,
2002. p. 43-52.
SOUZA, L. F. da S. Exigências edáficas e nutricionais. In: CUNHA, G. A. P.
da, CABRAL, J. R. S.; SOUZA, L. F. da S. (org.) O abacaxizeiro, cultivo,
agroindústria e economia. Brasília: Embrapa comunicação para
transferência de Tecnologia, p.67-82. 1999.
SOUZA, L. F. S. Adubação. In: REINHARDT, D. H.; SOUZA, L. F. da S.;
CABRAL, J. R. S. Abacaxi Produção: Aspectos técnicos. Brasília: Embrapa
Comunicação para Transferência Tecnológica, 2000. p. 30-34. (Frutas do
Brasil, 7).
SOUZA, T. R. de; BÔAS, R. L. V.; QUAGGIO J. A.; SALOMÃO L. C.; L.
C. FORATTO. Dinâmica de nutrientes na solução do solo em pomar
fertirrigado de citros. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.47, n.6,
p.846-854, jun., 2012.
SPIRONELLO, A.; QUAGGIO, J. A.; TEIXEIRA, L. A. J.; FURLANI, P.
R.; SIGRIST, J. M. M. Pineapple yield and fruit quality affected by NPK
fertilization in a tropical soil. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v. 26, n.1, p.155-159, 2004.
TEIXEIRA, L.A.J.; SPIRONELLO, A.; FURLANI, P.R.; SIGRIST, J.M.M.
Parcelamento da adubação NPK em abacaxizeiro. Revista Brasileira de
Fruticultura, v. 24, p. 219-224, 2002.
TRANI, P. E.; TIVELLI, S. W.; CARRIJO, O. A. Fertirrigação em hortaliças.
Campinas: Instituto Agronômico, 2011. 2ª ed. 51 p. (Série tecnologia APTA.
Boletim Técnico IAC, 196).
VELOSO, C. A. C.; OEIRAS, A. H. L.; CARVALHO, E. J. M.; SOUZA, F.
R. S. Resposta do abacaxizeiro à adição de nitrogênio, potássio e calcário em
Latossolo Amarelo do Nordeste Paraense. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.2, p.396-402, agosto 2001.
VILLAS BÔAS, R.L.; SOUZA, T.R. Fertirrigação: uso e manejo. In: I
Simpas – I Simpósio em Sistemas Agrosilvipastoris no Semi-Árido, 2008.

142

Você também pode gostar