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Resumo
Para a coleta de dados utilizou-se, tanto questionários com os alunos, assim como
entrevistas coletivas e individuais, definindo as contingências sócio-histórico-
culturais desses alunos, assim como suas perspectivas das aulas, foram utilizados
ainda observações feitas pelo pesquisador/professor, realizada ao longo do
semestre através de diários de campo.
Ao final da pesquisa pode-se observar que os jogos são úteis para aumentar o
engajamento do aluno em sala de aula e por consequência torna a aula mais
dinâmica e agradável, tanto ao professor quanto ao aluno.
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The class was divided into two stages, at first the class was given without the use of
games and the second time the class was given accompanied by games. It is
important to state that in both classes were developed the four basic skills to acquire
a second language
To collect data we used both questionnaires with students and interviews, defining
the socio-historical contingencies and cultural of these students, as well as their
perspectives of the classes were also observations made by the researcher /
teacher.
At the end of the research we can see that the game are useful for increasing student
engagement in the classroom and, therefore, makes the class more dynamic and
pleasing to teacher and the student.
Introdução
Uma mise-en-scène, essa seria uma possível forma de ver a sala de aula de língua
estrangeira. Em uma sala de aula homogênea, no que diz respeito a sua língua
materna, temos todos falantes da mesma, mas que aceitam que a sala de aula é um
microcosmo, um recorte cultural e linguístico, de outra pátria, com outra língua.
O professor, por muitas vezes, é tratado pelo aluno como um nativo daquela nova
realidade, mas não um nativo “real”, mas sim o nativo idealizado por esses alunos,
muitas vezes, para esses alunos, detentor de todo o conhecimento linguístico,
discursivo e de mundo daquela língua a ser aprendida. Cabe ao professor
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Primeiro pretendemos explicar brevemente o que vem a ser o projeto CLAC e quem
são esses sujeitos de pesquisa, pois acreditamos que somente ao determinar a
realidade recortada podemos tirar conclusões a seu respeito.
Em seguida cabe explicitar o teoria utilizada para analisar os dados obtidos, ou seja
explicar como observasse o discurso a partir dos atos de linguagem de Patrick
Charaudeau.
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O curso de línguas aberto à comunidade (CLAC) foi criado em 1987. Esse projeto foi
idealizado com base em dois objetivos. O primeiro seria contribuir com a formação
profissional e científica dos alunos graduandos e o segundo contribuir ativamente
para o aprimoramento dos membros da comunidade a sua volta.
Esses monitores recebem uma bolsa auxílio e são orientados, através de reuniões
semanais, pelos supervisores (professores da graduação da própria instituição e
regentes do mesmo idioma que o monitor ministra no projeto). Nesta orientação a
prática pedagógica é criticamente refletida e avaliada.
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O projeto CLAC oferece outros cursos de idiomas, tais quais: Espanhol, Alemão,
Alemão Instrumental, Árabe, Hebraico, Inglês Instrumental, Italiano, Japonês,
Oficina de Língua Portuguesa, Português Língua Estrangeira e Russo.
Segundo Zyngier (2002, p.6), no ano de reativação, 1998, o projeto CLAC possuía
10 monitores e 200 alunos, com 3 professores orientadores. Já em 2002 o CLAC
contaria com 31 professores orientadores e 182 monitores atuando em 272 turmas,
que totalizam um número de 5.440 alunos em 11 modalidades de língua, e 7
estagiários técnico-administrativos. Atualmente, em vistas somente o curso de
francês durante o primeiro semestre de 2009, o CLAC era composto de 25
monitores, cada um responsável por uma turma e 3 orientadores.
1 – sexo do aluno
2 - Idade
3 – Língua materna
4 – Escolaridade e local de estudo atual
5 – Estuda ou estudou língua francesa fora do CLAC
7 – Se dominam outros idiomas
8 – O que esperam da aula de francês
Podemos perceber que a classe era composta por 18 alunos e destes 12 eram do
sexo feminino e 6 do sexo masculino. 15 alunos tinham entre 18 e 30 anos, 2 alunos
entre 30 e 40 e 1 aluno entre 40 e 50. Todos eram falantes nativos do português. 15
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Em suma, através dos dados obtidos, pudemos notar que os sujeitos possuem em
média nível universitário, tinham entre 18 e 30 anos, estudantes da própria UFRJ,
alunos de biomédicas e já dominam uma primeira língua estrangeira.
Treze alunos disseram querer ler e escrever bem em francês ou falar e entender ou,
ainda, ambos. Três queriam aprender gramática e dois queriam aprender mais sobre
a cultura francesa.
Cabe ainda ressaltar que a análise dos discursos dos alunos foi analisado a partir da
teoria dos atos de linguagem de Patrick Charaudeau, que exporemos a seguir.
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Atos de Linguagem
Segundo Patrick Charaudeau (2008), ao longo de sua obra, todo ato de linguagem é
constituído por dois circuitos: O circuito do fazer e do dizer. O circuito do fazer,
circuito externo, é o lugar onde se encontram os sujeitos da ação, intitulados de
Sujeito Comunicante (EUc) e sujeito Interpretante (TUi) e o circuito do dizer, circuito
interno, é o lugar onde se encontram os sujeitos da fala, Sujeito Enunciador (EUe) e
Sujeito destinatário (TUd).
Ao tentar sair com seu carro, estacionado em uma praça qualquer, um motorista se
depara com um guardador de carro ao lado da sua porta com a mão estendida.
Nesse momento esses sujeitos adentram no “circuito” do ato comunicativo. Circuito
do fazer influência, através da noção que cada um desses sujeitos tem da
organização do real suas aços dentro do discurso que será enunciado. O motorista
(EUc), a partir de seu conhecimento de mundo, cria uma imagem de TUi. Essa
imagem é o sujeito destinatário (TUd) do discurso a ser proferido.
Antes de enunciar o seu discurso o motorista (EUc), uma vez criada esta imagem
(TUd) desse guardador (TUi) vai enunciar o discurso que ele considerar o mais
apropriado para alcançar seu objetivo. Digamos que o objetivo do motorista seja não
dar dinheiro ao guardador, mas evitar uma frustração do mesmo com medo, outro
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conhecimento cultural que o motorista trás consigo, que o guardador haja de forma
violenta por não ganhar o dinheiro que acredita merecer.
- Pó Mermão! Nem vai rolar, foi mal mesmo, mas da próxima com certeza eu
reforço seu conceito, valeu?
Digamos agora que o guardador na verdade estivesse apenas com a palma da mão
estendida, pois havia sentido alguns pingos de chuva e queria verificar se realmente
estava chovendo, de tal forma que o guardador se sente ofendido, ou seja, rejeita a
imagem que EUc (o motorista) tinha dele (TUi), que era de um homem que pedia
dinheiro.
Gerando, a partir disso, uma reação contrária àquela que o motorista esperava. Pois
não era intenção do motorista criar qualquer tipo de mal estar para com o guardador.
Acreditamos então ser possível, no momento que o professor (EUc) cria dois moldes
de aula diferentes, a partir de dois sujeitos idealizados (TUd), que preferem aulas
com ou sem jogos, perceber com quais desses sujeitos o aluno se identifica mais
(TUi). Vejamos então como se deu o ensino de línguas sem jogos.
As aulas discorriam sem muitas mudanças em sua estrutura. Ministradas numa terça
e quinta feira. Na terça feira um áudio era apresentado para trabalhar a habilidade
de compreensão oral (em geral do próprio livro didático adotado), em seguida era
levantada uma discussão sobre o assunto do áudio (produção oral). Esse áudio dizia
respeito a uma realidade cultural francesa (fazer compras, pegar uma condução,
tirar dinheiro do banco etc).
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Na quinta feira um segundo texto sobre o mesmo tema era fornecido – se na terça
trabalhava-se a forma de comprar na quinta podia-se trabalhar uma reportagem
sobre a diminuição do poder de compra dos franceses -. Os alunos liam o texto
praticando sua habilidade de compreensão escrita, o texto era discutido em sala e,
finalmente, eles produziam um texto sobre o tema (produção escrita), geralmente
para casa.
Pode-se levantar a hipótese de que por serem estudantes de nível superior, faixa
etária superior aos 18 anos já deviam ter passado por experiências semelhantes de
sala de aula, não sendo um “choque” esse tipo de experiência.
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Alu A B C D E F G H I J L M N O P Q R S
no
M.1 8, 8, 7, 7, 9, 8, 1 8, 7, 9, 9, 8 7, 9 8, 9, 7, 8
6 4 8 4 1 7 0 9 8 1 2 4 5 3 4
M.2 7 5, 6, 7 X X 9, 9, 8, 8, 9, 7, 4, 4, 5, 1 9, 9,
6 5 8 7 8 9 7 7 9 9 3 0 5 5
Cabe explicar que no projeto CLAC a média 1 é a soma feita a partir da prova escrita
e escuta e a média 2 é a soma a partir da prova oral mais conceito.
Nota-se que as menores notas são encontradas na média 2, deve-se ao fato que,
por não entregarem os trabalhos propostos, os alunos acabavam por não obter
notas satisfatórias em relação ao conceito. Entretanto, a princípio, a ausência de
jogos não comprometia de forma exponencial o desempenho dos alunos.
Passada a primeira prova, foi pedido a outro monitor que conhecia parte dos alunos
que compunham essa turma (pois foi seu monitor no semestre passado) que
sondasse o que os alunos achavam da aula ministrada até então. Essas perguntas
foram feitas de forma informal durante os momentos anteriores e posteriores à prova
oral, que é ministrada por outro monitor que não o regente da turma, nem todos os
alunos foram questionados. 12 alunos foram questionados.
Segundo o monitor as respostas foram unânimes: a aula era boa, mas muito
“parada”. Ou seja, apesar da aula propiciar o uso das quatro competências e o
aproveitamento da turma ser alto não havia um bom nível de aceitação da aula.
Supõe-se que não havia um alto grau de imersão da turma, o que explicava o uso da
língua materna com constância durante as aulas.
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Contudo, antes de adentrar nas aulas com jogos é importante ressaltar qual é o
conceito de jogo no presente trabalho. Seguimos, aqui, a perspectiva de Huizinga
(1938) quando ele afirma que o jogo é:
Cabe apenas ressaltar que Huizinga não diferencia jogo de lúdico. Observa-se isso
quando em capítulos intitulados “Formas lúdicas da filosofia” ou “Formas lúdicas da
poesia” o autor usa o termo jogo como sinônimo do lúdico. Mas, ao mesmo tempo,
diz que o jogo pode ser sério.
No dia 21 e 23/4 não foram utilizados jogos. No primeiro dia comentou-se sobre as
provas e no segundo foi apresentado aos alunos um musical francês “Notre Dame
de Paris” visando “desanuviar” o clima pós prova, apresentando um pouco da cultura
francesa e discutindo o que eles conheciam da história do livro de Victor Hugo.
28/4 - Foi usado o jogo “Blá-Blá”. Esse é um jogo de recontar a história. É dado a
cada aluno um texto que servia de diretriz para se contar uma história, durante a
história o aluno era obrigado a utilizar palavras-chaves e os alunos que ouviam a
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30/4 - Devido ao feriado de páscoa a maioria dos alunos avisara que não iria à aula
(somente três alunos compareceram), sendo assim, foi reservada uma televisão e o
professor levou um DVD e o karaokê do musical que os alunos haviam assistido na
aula retrasada. Além do caráter lúdico foi possível trabalhar a pronúncia dos alunos,
motivados inclusive pela pontuação final após cada música.
05/5 – Boxe argumentatif: Os alunos foram divididos em duplas, trios etc. Uma
situação é dada (um casal discute onde passar as férias, como usar a herança que
um tio deixou etc). O objetivo do jogo é argumentar e defender o ponto de vista. No
final os alunos elegem quem usou argumentos mais convincentes e por que.
14/5 – Scotland Yard: O grupo ganha um cartão que narra uma história de algum
crime. Os alunos vestem o personagem do detetive e precisam colher pistas que são
adquiridas ao entrar nos imóveis que permeiam o tabuleiro. Ao final os grupos
deduzem a solução do crime. O primeiro a deduzir corretamente a solução ganha o
jogo.
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toma à narrativa, em seguida outro aluno e outro até que a história volte ao
professor, podendo ter outras rodadas ou não.
04/6 – Vrai ou Faux: Foi dado aos alunos 6 parágrafos de jornais que discorria sobre
curiosidades (A mesa de jantar desaparece na Grã-Bretanha, Ceia de natal será
descontada do salário, Uma bebida de 950 dólares). Os alunos liam as notícias e
discutiam se ela era verdadeira ou falsa e por que.
09/6 – Interdit: É dada uma palavra a cada aluno. Ele deve explicar aos alunos qual
é a palavra sem utilizar os nomes “proibidos”. Exemplo: SEPTEMBRE – mois,
rentrée des classes, août, automne, octobre (Setembro – mês, volta às aulas,
agosto, outono, outubro).
16/6 – Tu ne peux pas répondre oui ou non (Você não pode dizer sim ou não): Um
aluno faz perguntas a outro aluno. O outro deve usar diversas estruturas para
responder às perguntas, mas nunca “sim” ou “não”. Os que usarem são eliminados.
O ultimo a restar é o ganhador
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Passada algumas aulas (26/05), o professor reservou os dez minutos finais de sua
aula para perguntar aos alunos qual o modelo de aula que mais lhe agradavam, pois
era possível voltar ao modelo antigo de aulas se preferissem. Sem exceção, todos
disseram preferir o novo modelo.
A justificativa dos alunos era que as aulas tinham se tornado mais dinâmicas e
agradáveis. Observemos as médias da segunda prova para podemos tirar algumas
conclusões:
Alun A B C D E F G H I J L M N O P Q R S
o
M.1 9, 6, 9, 9, 9, x 9, 8, 7, 9, 9, 9, 7, 9 8, 9, 6, X
1 4 2 7 5 6 9 5 1 2 7 4 8 6 8
M.2 7, 7, 7, 8, 8, X 9, 9, 9, 8, 9, 9, 6, 4, 8, 8, 9, X
8 8 8 4 6 4 7 5 9 7 3 0 9 1 2 0
Uma vez que a média geral da turma já era alta, não houve muitas mudanças no
desempenho da turma, com exceção da nota de conceito, uma vez que os alunos se
mostraram mais dedicados às aulas.
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Se, estar numa sala de língua estrangeira propicia uma “imersão física” os jogos
permitiram que os alunos tivessem uma imersão mental, ou seja, passaram por um
estado de profundo envolvimento real (SHERMAN & CRAIG, 2006 p.9).
Os jogos permitiram ainda uma maior interação entre os alunos e, inclusive uma
maior cooperação entre si para desenvolver o aprendizado, pois aprender o
conteúdo das aulas estava intimamente ligado ao sucesso (vitória) nos jogos e
quando alunos de níveis diferentes estavam no mesmo grupo, os alunos com
maiores dificuldades foram prontamente ajudados pelos os com menores
dificuldades, mesmo que sobre o intuito de evitar “perder” o jogo.
Outra característica interessante sobre os jogos é que ele criou uma “expectativa”
dos alunos durante as aulas, tentado adivinhar o que fariam de “diferente” na aula,
qual seria o jogo, fazendo-os mais atentos ao longo do curso.
Uma vez que a média da turma já era alta o uso de jogos não alterou a média da
turma substancialmente, entretanto as aulas tornaram-se mais dinâmicas e
prazerosas tanto para os alunos quanto para o professor.
Referências
AZEVEDO, Edione Trindade de, ZYNGIER Sonia. Projeto Clac: Reflexão, Prática
E Construção Do Saber. Disponível na Internet via WWW. URL:
www.prac.ufpb.br/anais/Icbeu_anais/anais/educacao/clac.pdf. Consultado em
08/03/2010
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Sobre o Autor
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