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04 - CefalYia e o Tratamento Por Meio Da Acupuntura
04 - CefalYia e o Tratamento Por Meio Da Acupuntura
Resumo
1. Introdução
O presente artigo tem como objetivo apresentar uma alternativa de tratamento da cefaléia por
meio da acupuntura. São demonstradas as diferentes classificações das dores de cabeça tanto
no estudo da medicina ocidental como na medicina oriental, apresentando, assim, o maior
entendimento do diferencial do tratamento com a acupuntura.
A dor no organismo funciona como um mecanismo de defesa, avisando ao corpo que algum
tecido está sofrendo lesão ou não está funcionando de maneira adequada.
As dores de cabeça do ponto de vista ocidental são classificadas de diversas maneiras.
Usamos neste trabalho a classificação que define essas dores de acordo com o tipo e o local da
dor. Como o tecido cerebral não manifesta dor, as dores comumente são causadas por
estruturas intracranianas ou extracranianas. A medicina chinesa por sua vez classifica as dores
de cabeça em um estágio de deficiência ou excesso. Considera, ainda, que as dores de cabeça
podem ser causadas por estágios de tensões, estresse ou contrariedade.
Como muitas vezes a cefaléia vem acompanhada de distúrbios fisiológicos, durante o
tratamento, deve-se levar em consideração tais distúrbios, visto que eles podem ser
responsáveis pela dificuldade no tratamento convencional ocidental.
A acupuntura tem como meio de tratamento mais comum a inserção de agulhas nos chamados
acupontos que estimulam nosso corpo em busca do equilíbrio energético. Sendo uma terapia
de baixo custo e bons resultados.
2. A Dor
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Pós-graduando em acupuntura
² fisioterapeuta, especialista em metodologia do ensino superior, mestre em aspectos bioético e jurídicos em
saúde
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Para Lent (2005), a dor é um mecanismo de demarcação de limites para o organismo. Bem
como um mecanismo de aviso de estímulos nocivos provenientes no meio externo ou interno.
Por exemplo, quando tentamos elevar o braço até as costas, em certo ponto não poderemos
mais fazer o movimento por que sentiremos dor, este ponto representa o limite da amplitude
articular do ombro.
Segundo Guyton (2002), a dor é um mecanismo de defesa do corpo, evitando que o mesmo
sofra mais lesões. Funciona como um aviso de que o tecido está sofrendo algum tipo de
alteração não funcional ou adequado para aquele seguimento.
Afirma Spence (1991) que as pessoas que sofrem qualquer tipo de dor podem ralata-lá sob
várias formas. Destacam-se as intensas ou discretas; um leve incômodo ou uma forma de
penetração ou ainda crônica ou aguda. O autor cita que nos Estados Unidos a dor é a maior
aflição da população, pois um em cada três americanos é portador de algum tipo de dor
crônica.
Guyton (2002) diz ainda que existem dois tipos de dores, a rápida e a lenta. A primeira é
sentida pelo corpo 0,1 segundos após a lesão (ex: quando a pele é cortada por uma faca). A
segunda é sentida após 1 segundo de lesão (ex: destruição do tecido). As dores podem ser
causadas por agentes mecânicos, térmicos e químicos, segundo o mesmo autor.
Para Zalpour (2005) existem diversos tipos de dor, entre elas destaca-se a dor projetada. O
autor explica que a pele e os órgãos internos se influenciam mutuamente. Com isto, algumas
doenças ou alterações em regiões internas do corpo podem ser percebidas através de dores em
áreas cutâneas. Esse tipo de manifestação do corpo pode também ser conhecida como dor
referida.
O mesmo autor diz que uma pessoa identifica uma região lesionada atráves do estímulo que o
encéfalo projeta para o local em questão. Porém em determinadas circunstâncias os sinais de
dor dos receptores são incorretamente interpretados pelo encéfalo, como resultado a dor pode
ser sentida em regiões distantes do local do estímulo. Essas dores conhecidas como referidas
são importantes artifícios para métodos de diagnósticos.
2.1.1 A cefaléia
A cefaléia é um tipo de dor referida. Este tipo de dor consiste em o tecido que manifesta a dor
estar afastado do tecido que causa a dor. No caso da cefaléia, a localização é na superfície da
cabeça, provém das estruturas cefálicas profundas. Muitas podem aparecer a partir de
estímulos dolorosos que surgem dentro do crânio, mas também podem ser originadas por dor
em estruturas extracranianas. (GUYTON, 2002)
Medicamento Descrição
Quando a dor é frontal diz respeito à recusa de pensamentos, uma teimosia no que diz respeito
às idéias atuais e incorporadas. Tem relação com o mundo social e profissional. (ODOUL,
2003)
Já para Ma (2006), apesar de o tecido cerebral não ser sensível à dor, existem estruturas na
cabeça como artérias, seios venosos e veias tributárias, parte das membranas externas na base
do cérebro e nervos craniais e cervicais (sensoriais). Nestas estruturas a cefaléia pode ser
causada a partir de dilatação ou contração das artérias, da inflamação das membranas do
cérebro ou ainda da pressão de um tumor ou hemorragia.
Ma (2006) ainda afirma que, fora do crânio, existem estruturas, como a pele, músculos,
artérias, membrana que cobre o crânio, olhos, ouvidos e cavidades dos seios nasais que
respondem a estímulos dolorosos. Por isso a dor pode ser resultado de tensão ou inflamação
dos músculos ou das artérias do couro cabeludo ou ainda inflamação dos seios da face,
ouvidos ou gengivas.
2.2.3.2.1 O início:
− início recente: com duração curta, dor de cabeça de ataque exterior de vento-frio;
− início gradual: tipo ataques, interior.
2.2.3.2.2 O horário:
− durante o dia: deficiência de Qi ou Yang;
− ao anoitecer: deficiência de sangue ou yin;
− durante a noite: estase de sangue.
2.2.3.2.3 Localização:
− Nuca: canal yang maior (invasão exterior de vento-frio ou interior de deficiência de
rim);
− fronte: canal yang brilhante (calor do estômago ou deficiência de sangue);
− têmporas e lateral da cabeça: canal yang menor (vento exterior no yang menor, ou
interior subida do fogo do fígado e da vesícula biliar);
− vértice: canal yin terminal (normalmente deficiência de sangue do fígado); e
− cabeça inteira: invasão exterior de vento-frio.
2.2.3.2.5 Condição
− com aversão ao vento ou ao frio: invasão do exterior;
− agravada por frio: padrão de frio;
− agravada por calor: padrão de calor;
− agravada por cansaço, melhora por repouso: deficiência de Qi;
− agravada por tensão emocional: subida do yang do fígado; e
− agravada por atividade sexual: deficiência de rim.
Segundo Kidson (2006) apud Oliveira (2011) a palavra acupuntura origina-se do latim, onde
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acus quer dizer agulha e punctura significa puncionar. Com isso a acupuntura refere-se à
inserção de agulhas através da pele, nos tecidos adjacentes, em diferentes profundidades e em
pontos estratégicos do corpo, produzindo, desta forma, o efeito desejado.
Alende (2008) apud Oliveira (2011) explica que a acupuntura é uma das ciências mais
respeitadas do mundo, bem como uma das mais antigas. Estes dados se destacam entre as
populações orientais, em especial na China, onde esta técnica milenar foi difundida como
segredo de família. A acupuntura é utilizada pelos chineses há mais de cinco mil anos, como
meio de prevenção e tratamento para diversos males, estes dados são comprovados com três
mil anos de registros escritos e mais de dois mil anos com achados arqueológicos.
A acupuntura como uma prática milenar, que faz parte da chamada Medicina Tradicional
Chinesa, com o passar do tempo tem experimentado um grande aumento no número de
adeptos, tanto de indivíduos que praticam, quanto nos que se submetem ao seu tratamento.
Com a influência da imprensa, a acupuntura atingiu um status como uma alternativa exótica
de tratamento. (Pai, 2006 apud Oiveira, 2011)
De acordo com Ma (2006), para o tratamento da dor com a acupuntura é utilizado o sistema
de acuponto neuromuscular integrado. Para se entender esse processo primeiramente é
necessário compreender que existem mecanismos de percepção da dor os quais envolvem:
− As fibras nervosas sensoriais periféricas, que são componentes importantes dos
acupontos;
− A medula espinhal;
− O cérebro;
− O tronco cerebral;
− O tálamo;
− O hipotálamo;
− As glândulas pituitárias; e
− O córtex.
Clinicamente primeiro são selecionados dois tipos de pontos: os locais e os distantes, ou
também conhecidos como sintomáticos e homeostáticos. Descritos a seguir: (MA, 2006)
a) Os pontos locais são mais doloridos e se localizam na região do tecido lesionado. Em
casos crônicos esse pontos locais sensibilizados podem estimular os neurônios no
interior da medula espinhal, onde fazem sinapse, e sensibilizam os neurônios
espinhais. Desta forma quando estimulamos os acupontos sintomáticos também
ativamos os neurônios sensibilizados no mesmo segmento da medula espinhal.
b) Os pontos distantes localizam-se longe dos pontos locais e sua sensibilidade representa
desequilíbrio homeostático.
Ma (2006) ainda diz que em casos de doenças crônicas, uma quantidade maior de acupontos
homeostáticos está sensível quando comparado a uma pessoa saudável. Tendo em vista que
todas as pessoas apresentam acupontos homestásicos sensíveis em todo corpo esteja com
alguma região lesionada ou não.
O autor ainda sugere um protocolo de tratamento denominado Sistema de Acuponto
Neuromuscular Integrado. Constuma-se selecionar os acupontos sintomáticos para sintomas
específicos e os acupontos homeostáticos para efeitos não específicos, a fim de restaurar a
homeostase.
O memso autor ainda afirma que na cefaléia por tensão encontra-se um bom resultado com o
Sistema de Acuponto Neuromuscular Integrado. A tensão muscular apresentada nesse tipo de
cefaléia pode resultar na mudança da posição dos pontos homeostáticos que se tornam
sensíveis. A inserção de agulhas nos acupontos locais é eficaz para o relaxamento dos
músculos superficiais e profundos de todo o corpo, restaurando assim o suprimento de sangue
e oxigênio no corpo.
As substâncias neuroquímicas induzidas pela inserção de agulhas, como exemplo a endorfina,
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Fonte: http://www.holistic-online.com/remedies/heart/hypert_acupressure.htm
LI 4 – Hégu – Encontro dos vales – Ponto Yuan (fonte) - Localiza-se no dorso da mão, entre
os ossos do primeiro e segundo metacarpos, no ponto médio do lado radial do segundo osso
do metacarpo (ou na elevação do músculo interósseo, ao se aduzir o polegar) – Agulhamento
perpendicular, 0.5 a 1.0 Tsun de profundidade.
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Fonte: http://www.laserlightcanada.com/naturopathy-applications.php
LR 3 – Taichong - Grande caminho- Ponto Shu (córrego) e ponto Yuan (fonte), pertence ao
elemento Terra - Localiza-se no dorso do pé, na depressão proximal entre o primeiro e
segundo ossos do metatarso. Agulhamento perpendicular ou oblíquo, 0.3 a 0.8 tsun de
profundidade.
Fonte: http://www.tcmwiki.com/wiki/lr3
GB14 – Yangbái – Brilho do Yang – Ponto de comunicação com o Yangwei Mai. Localiza-se
1 Tsun acima da sobrancelha, diretamente acima da pupila, faze-se o agulhamento transversal
0.3 a 0.8 Tsun de profundidade.
Fonte: http://acupunctureschoolonline.com/acupressure-treatment-for-frontal-headache.html/step-5-acupressure-
point-gb14-switch-to-a-more-painful-side
Fonte: http://tcmdiscovery.com/2007/8-23/2007823164555.html
Fonte: http://glowellness.wordpress.com/tag/self-help/
Fonte: http://tcmdiscovery.com/2007/8-17/2007817105522.html
Fonte: http://tcmdiscovery.com/2007/8-17/2007817112618.html
Fonte: http://acupuncture.rhizome.net.nz/Acupressure/bl-60.aspx
Fonte: http://www.yinyanghouse.com/acupuncturepoints/lu7
olecrano, 2 tsuns proximal à prega do punho, entre os ossos radio e ulna. Agulhamento
perpendicular, 0.5 a 1.0 Tsun de profundidade.
Fonte: http://www.acupuncture-cupping.com/acu-point-TE5.html
Fonte: http://www.yinyanghouse.com/acupuncturepoints/st8
Fonte: http://www.yinyanghouse.com/acupuncturepoints/st36
para a escura, próxima à margem da planta do pé. Agulhamento perpendicular ou oblíquo, 0.3
a 0.8 tsun de profundidade.
Fonte: http://www.yinyanghouse.com/acupuncturepoints/st44
GV 20 – Baihuí - Encontro dos Cem - Ponto de comunicação com todos os meridianos Yang
e do Fígado – Localiza-se na linha média, 5 tsuns acima da linha anterior do cabelo, no ponto
médio da linha que une o ápice das orelhas (7 tsuns acima da linha posterior do cabelo).
Agulhamento transversal, 0.3 a 0.8 tsun de profundidade.
Fonte: http://www.yinyanghouse.com/acupuncturepoints/gv20
A acupuntura por sua vez é de extrema popularidade na medicina oriental. Esse método de
tratamento, por intermédio da puntura das agulhas, produz e libera neurotransmissores no
sistema nervoso central, entre eles as endorfinas e encefalinas, propiciando a analgesia
desejada, o que nos permite considerar esse método de tratamento como uma opção eficaz e
de baixo custo.
3. Conclusão
Por todo exposto neste trabalho, verifica-se a importância do conhecimento das diferentes
maneiras como a dor se manifesta no corpo. Com isso torna-se possível a obtenção do melhor
meio de tratamento para a dor específica. A cefaléia crônica é um mal que atinge grande parte
da população, sendo de difícil diagnóstico e tratamento. A medicina ocidental aponta o
tratamento medicamentoso como a melhor opção para o controle da enxaqueca. Este trabalho
apresentou a acupuntura como uma opção valiosa para o tratamento das cefaléias crônicas.
Sendo de grande eficácia e baixo custo. A escolha deste tema deve-se à necessidade de se
aprofundar as possibilidades do tratamento com a acupuntura, bem como a necessidade de se
estudar mais assunto tão comum e que aflinge grande parte da população.
4. Referências
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Guanabara Koogan, 2002
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais da neurociência. São
Paulo: Editora Atheneu, 2005
LOPES. Attilio (coordenação e supervisão). Dicionário de Fisioterapia. Rio de Janeiro: 2005
SPENCE, Alexander. Anatomia Humana Básica, tradução de Edson Aparecido Liberti. São
Paulo: Manole, 1991
MA, Yun-tao; MA, Mila; CHO, Zang Hee. Acupuntura Para o Controle da Dor: um
enfoque integrado, tradução de Maria Inês Garbino Rodrigues. São
Paulo: Roca, 2006
MACIOCIA, Giovanni. Os Fundamentos da Medicina Chinesa: um texto abrangente para
acupunturistas e fisioterapeutas. 2 ed. São Paulo: Roca, 2007
RODRIGUES, Izair Jefthe. Cefaléia do Tipo Tencional: terapia com acupuntura, Faculdade
de medicina da universidade de São Paulo. São Paulo, 2001. Disponível em:
http://acupunturabrasil.org/2011/arquivo/Biblioteca/Tratamentos/028.pdf
ODOUL, Michael. Diga-me onde dói e eu te direi por quê: os gritos do corpo são as
mensagens das emoções. Tradução de Ana Baña. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003
OLIVEIRA, Alessandra Andréa de Castro; OLIVEIRA Lucienne Cruz. A efetividade da
Acupuntura no Tratamento dos Portadores de cefaléia. Revista Hórus – Volume 5, número
1 – Jan-Mar, 2011 Disponível em:
http://www.faeso.edu.br/horus/num5_1/saude/A%20EFETIVIDADE%20DA%20ACUPUNT
URA%20NO%20TRATAMENTO%20DOS%20PORTADORES%20DE%20CEFALEIA.pdf
ZALPOUR, Christoff. Anatomia e Fisiologia para Fisioterapeutas, tradução de Hildegard
Buckup. São Paulo: Livraria Editora Santos, 2005