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DIREITO CIVIL
DIREITO CIVIL
Nota-se que, desde que entrou em vigor o CDC, a discussão jurídica de erro tornou-
se pequena, havendo uma objetivação das relações negociais.
O erro pode ser quanto ao objeto do contrato, quanto a pessoa, quanto ao tipo do
negócio jurídico, quanto aos motivos e o erro de direito.
- Erro quanto ao objeto: erro quanto a coisa que serve de conteúdo do contrato.
Pode ser:
- Erro em substância – erro na essência em si. A parte acredita e tem motivos para
isso de características que ele não possui.
- Erro in corpore – erro na coisa. Ex: pessoa que compra terreno ao lado do irmão e
acabo apontando no mapa da empresa outro terreno.
- Erro com relação à pessoa: questão mais importante quanto direito de família, mas
também ocorre nas relações negociais.
- Erro em relação ao tipo do negócio jurídico: ocorre quando alguém quer firmar um
negócio jurídico e acaba firmando outro negocio jurídico.
– Erro quanto aos motivos: de regra os motivos são irrelevantes para formação do negócio
jurídico.
Art. 140, CC – o motivo quando colocado como razão determinante passa a
vincular.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
- Erro de direito: no nosso sistema não há como aceitar esse erro, pois, em regra, a lei é de
conhecimento de todos.
Art. 139, CC – até podemos ter a anulação, desde que não sirva para a parte se desonerar.
Art. 139. O erro é substancial quando:
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio
jurídico.
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DIREITO CIVIL
- Erro de cálculo: não é considerado como verdadeiro erro, podendo ser corrigido a qualquer
tempo, ressalvado as regras sobre a estabilidade das relações jurídicas.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
► Dolo:
É o induzimento em erro. É a versão civil do estelionato no direito penal, ou seja,
“alguém pe enganado e acaba manifestando sua vontade com base numa situação irreal”.
- dolus malus: dolo negativo que cuida o Código civil. Induzir a parte em
erro para tirar proveito da situação.
Pode ser sobre um elemento essencial ou secundário. Incide-se
sobre um elemento essencial, há um dolo principal, gera anulação, mais
perdas e danos. O dolo secundário ou acidental incide sobre um
elemento não essencial, busca-se perdas e danos. Arts. 145 e 1462, do
CC.
O dolo pode ser por ação (regra) ou por omissão (art. 1473, CC).
O dolo tem que ter intenção de ter proveito e induzir a parte em erro, com exceção
no direito do consumidor, no qual importa só o resultado (dolo objetivo).
2Do Dolo
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado,
embora por outro modo.
3 Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra
parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
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► Coação:
Trata-se de um vicio do consentimento. Quando alguém é forçado a manifestar a
vontade, sendo que não quer manifestar.
A coação tem aspectos subjetivos, devendo ser analisada a condições me que ocorre,
verificar as condições pessoas do paciente que sofre coação, e verificar se era possível ou não
uma conduta diferente daquela.
O estado de perigo ficou para situações mais específicas e a lesão para situações mais
abrangentes, sendo residual.
Da Lesão
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
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A lesão não tem tanta rigidez, porque não há risco de vida e nem saúde, mas há um
risco eminente ou parte firma uma negociação em condições manifestamente desfavoráveis,
podendo ser prejudicado economicamente nesse contrato.
Nos dois casos pode-se evitar a anulação fazendo um acerto econômico daquele
contrato - art. 157, §2º, CC:
Art. 157, 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte
favorecida concordar com a redução do proveito.
Entende-se que este artigo aplica-se ao estado de perigo (artigo 156, CC ) também.
Também temos os vícios sociais no Código Civil: a fraude a credores (art. 158, CC) e
a simulação (art. 167, CC).
Para o credor este sistema foi mais frágil, precisando de uma proteção quando essa
garantia patrimonial não fosse respeitada ou usada indevidamente pelo devedor.
O instrumento para salvar o credor da fraude foi criado pelo jurisconsulto Paulo, por
isso chamada de ação pauliana.
5 Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições
estabelecidas em lei.
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Há dois requisitos para que ocorra a fraude a credores e permita que o credor vá a
juízo e buscando desfavor determinada negociação:
- Eventus domini : (dano) o prejuízo patrimonial ao credor.
- Consilium fraudes: (fraude) pode ser a intenção efetiva de fraudar ou apenas a situação em que
um terceiro adere a intenção devedor de fraudar os seus credores.
Os atos onerosos geram uma presunção de boa-fé dos negociantes. Caso um credor
quiser desfazer o ato, deverá provar a fraude do terceiro, a intenção do terceiro de fraudar ou,
pelo menos, a intenção do vendedor.
Na prática a fraude a credores foi substituída pela fraude a execução, pela sua
dificuldade de ser demonstrada.
No plano processual essa fraude será levada a juízo com ação pauliana, ação
revocatória, ação por fraude a credores ou ação anulatória. Com o prazo decadencial de 4
anos. Só pode propor essa ação, de regra, o credor quirografário.
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- simulação relativa: é aquela que existe um negócio real, só que imagem externada é diferente
da real.
Ambas geram a nulidade do negócio jurídico (único vício que gera nulidade).
Quando temos uma simulação relativa, temos o negócio jurídico escondido que é
chamado de dissimulado e o negócio externado chamado de simulado. – art. 167, CC.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e
na forma.
Exceção a regra de que o nulo não se convalida, pois nulo será o negócio jurídico
simulado, sendo dado como válido o negócio dissimulado.
Há outra exceção que podemos aproveitar um negócio jurídico nulo, como no art.
170, CC – cuida da teoria da conversão substancial do negócio jurídico nulo.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que
visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
É permitido aproveitar vontade das partes para permitir que se aceite um negocio
jurídico menos formal que venha em seu proveito.
Ex: compra e venda feita por instrumento particular com valor elevado. Há um vício
de forma que acarreta nulidade.
Neste caso, é possível aproveitar esse negocio jurídico como uma promessa de
compra e venda na qual pode ser feita por instrumento particular, pois estava de boa-fé, sendo
que sua vontade não estava viciada.
Obs: reserva mental representa uma forma jurídica que não foi externada, sendo irrelevante
devido a insegurança jurídica. O que não ocorre no negócio jurídico, pois sem forma é nulo.
Art. 1106, CC.
6 Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou,
salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
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- Plano da Eficácia:
- Modalidades dos negócios Jurídicos:
- Prescrição/decadência.
As modalidades são situações em que as partes irão moldar no tempo os efeitos dos
atos ou negócios jurídicos. Temos três figuras: a condição, o termo e o encargo (a partir do art.
121, CC).
► Condição: elemento que se acresce ao negócio jurídico pela vontade das partes. Moldando
no tempo os efeitos desse negócio jurídico.
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o
efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Há duas espécies:
- Condição suspensiva ou inicial: é a cláusula que as partes voluntariamente inserem no
contrato vinculando o início dos seus efeitos a um evento futuro e incerto.
Ex: as partes fazem um comodato para começar ter efeito quando e se o beneficiário for
transferido para trabalhar em Porto Alegre. Nesse caso, existe apenas uma expectativa de
direito.
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De regra, a condição é inserida pela vontade das partes, sendo sua forma livre, dentro
dos limites normais do direito.
Art. 122, CC. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons
costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem
ao puro arbítrio de uma das partes.
Condição postetativa: que representa uma criação de um poder de uma parte sobre a outra.
Podem ser: simplesmente ou puramente postetativa.
- Simplesmente postetativa: lícita. Apenas um exercício de um poder.
Ex: faço comodato em favor de alguém, com uma condição, sendo obrigado a
devolver quando eu solicitar.
Não se trata de uma condição arbitrária, pois o comodato é um contrato
gratuito, tendo a liberalidade sobre o contrato.
►Termo: é aquela cláusula pela qual nós vinculam os efeitos do negócio jurídico a evento
futuro e certo. Geralmente a uma data, um prazo.
Se aceita em nosso sistema o termo incerto que seria um evento certo que não se
sabe o momento que irá ocorrer – o evento morte.
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Ex: doação com encargo ou modal – doação de uma casa com o encargo de o donatário cuidar
do doador. Caso haja aceitação, só terá efeito prático enquanto cumprir o encargo, caso
contrário irá se tornar ineficaz a doação.
▪ Prescrição e decadência:
São consequências do tempo na esfera das relações jurídicas.
O Código Civil atual, no art. 189, conceitua prescrição, o qual extingue a pretensão.
No código passado havia três idéias sobre prescrição: extinguia o direito, pretensão e a ação.
A prescrição não extingue o direito, nem a ação (direito público subjetivo). Então, a
prescrição extingue a pretensão que é a exigibilidade que acompanha determinados direitos
subjetivos de prestação (dar, entregar, fazer, não-fazer, restituir).
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a
que aludem os arts. 205 e 206.
A decadência extingue o próprio direito pela inação da parte (a parte não age no
prazo que deveria agir).
Ex: vício redibitório, no código há um prazo para parte reclamar a sua ocorrência, caso não
reclame, decai o direito, deixando de existir.
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Em alguns casos, o direito cria essa faculdade sem que haja um prazo para ser
colocado em pratica. Por exemplo: poder postetativo do empregador de demitir o empregado.
Mas há casos em que a lei cria um direito postetativo e dá um prazo para ser
colocado em prática. Por exemplo: o adquirente de um bem constatando um vício (que era
oculto), tem o direito postetativo de redibir. Porém, temos um prazo decadencial.
2) Critério processual:
Critério muito antigo, por isso, leva em consideração apenas três tipos tradicionais de
tutela jurídica: tutela declaratória, constitutiva e condenatória.
Sempre que estamos buscando uma condenação por meio de uma ação judicial
sempre estamos frente a um caso passível de prescrição. Ex: buscar em juízo condenação por
ato ilícito, tenho uma tutela condenatória, com prazo de 3 anos.
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III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e
honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado
da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de
encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
§ 3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com
capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a
distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido
praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o
prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
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- previsão nos Arts 210 e 211 , CC.
- A decadência pode ser interrompida nos casos em que a lei autorizar. Ex: CDC, art. 26 –
vício do produto ou serviço.
8 Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não
pode suprir a alegação.