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Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X


v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary

TRABALHOS PEQUENOS ANIMAIS


PEQUENOS ANIMAIS - 180
TRABALHOS APROVADOS
ANESTESIOLOGIA 3
BEM ESTAR ANIMAL 7
CARDIOLOGIA 7
CIRURGIA 25
CLÍNICA GERAL 23
COMPORTAMENTO ANIMAL 2
DERMATOLOGIA 5
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 3
ENDOCRINOLOGIA 3
FISIOTERAPIA E REABILITAÇÃO 2
GASTROENTEROLOGIA 1
INFECTOLOGIA 5
MEDICINA FELINA 7
NEFROLOGIA 3
ODONTOLOGIA 5
OFTALMOLOGIA 9
ONCOLOGIA 32
ORTOPEDIA 6
PARASITOLOGIA 12
PATOLOGIA CLÍNICA 13
REPRODUÇÃO 7
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1. ADENOCARCINOMA DE GLÂNDULA BRONQUIOLAR EM UM GATO
JULIANA SOUSA TERADA NASCIMENTO1, ARTHUR ANTUNES NASCIMENTO
COSTA1, SANDRO DE VARGAS SCHONS1,TALITA OLIVEIRA
MENDONÇA1,ÉLIDA HENLE RODRIGUES1, THIAGO VAZ LOPES2
1
Universidade Federal de Rondônia (UNIR), 2Faculdades Integradas
Aparício Carvalho (FIMCA)

RESUMO:
Este trabalho relata um caso de adenocarcinoma de glândulas bronquiolar
em um gato macho, da raça Bengal, com quatro meses (04) de idade. O
diagnóstico foi realizado através dos achados macroscópicos e
histopatológicos caracterizados por proliferação nodular de células
neoplásicas, organizadas em estruturas acinar ou em ninhos, envolvidos
por um delicado estroma fibrovascular, lembrando a estrutura das
glândulas bronquiolares.

INTRODUÇÃO:
As neoplasias pulmonares primárias são incomuns na espécie canina, e de
ocorrência ainda menor nos felinos (Fox et al., 2004). Atualmente, nota-se
um aumento em sua incidência, possivelmente devido a fatores como a
maior longevidade dos animais, aumento da exposição à carcinógenos
ambientais, ou a disponibilidade de ferramentas diagnósticas mais
sensíveis (Risseto et al., 2008). Em gatos, tais neoplasias tem uma
prevalência baixa, em torno de 0,5% dos tumores diagnósticados,
entretanto os pulmões são os principais locais de metástases (Morris et
al., 2007). Clinicamente, estas neoplasias causam sinais clínicos discretos
como, secreção nasal mucopurulenta ou sanguinolenta, espirros, dispneia,
secreção ocular, mudança de comportamento e ataxia, e com a
disseminação do tumor os sinais ficam mais intensos, levando a morte
(Meuten, 2002). Em humanos, as neoplasias pulmonares são as mais
comuns, e também a principal causa de morte por neoplasias malignas,
sendo que sua ocorrência está intrinsecamente relacionada ao uso de
tabaco (Parkin et al., 2001). Este trabalho tem por objetivo relatar um
caso de adenocarcinoma de glândulas bronquiolar em um gato com
quatro meses (04) de idade.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Fragmentos de vísceras, coletados durante o procedimento de necropsia
foram encaminhados ao laboratório de histopatologia. De acordo com
histórico clínico, um gato de 4 meses de idade, macho, da raça Bengal,
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apresentou diarreia, tosse, dificuldade respiratória severa, estertores
pulmonares, respiração abdominal, dor, secreção nasal sanguinolenta,
aumento do volume abdominal e morte. De acordo com o veterinário, os
principais achados de necropsia estavam relacionados ao sistema
respiratório e hepático. Os pulmões apresentavam congestos e
edematosos com grande quantidade de secreção sanguinolenta na
traquéia. Múltiplos nódulos de coloração acinzentada, de diversos
tamanhos foram observados na periferia do pulmão, próximo a pleura
visceral. No fígado foram observada dilatação dos ductos biliares extra-
hepáticos próximos a vesícula biliar. Os fragmentos de vísceras foram
fixadas em formalina tamponada a 10% por 72 horas e posteriormente
cortados com tamanho de 1 cm2 por 0,5 cm de espessura, posteriormente,
desidratados, microtomizados em 5 µm de espessura e corados com
hematoxilina e eosina. No exame histopatológico dos pulmões, observou-
se múltiplos áreas de proliferação nodular de células neoplásicas,
organizadas em estruturas acinar ou em ninhos, envolvidos por um
delicado estroma fibrovascular, lembrando a estrutura das glândulas
bronquiolares. As células neoplásicas eram predominantemente
prismáticas a colunares alta, com moderado polimorfismo, núcleo pouco
corado e nucléolo central. O diagnóstico de adenocarcinoma de glândulas
bronquiais foi realizado através do histórico clínico e dos achados
macroscópicos e histológicos.

DISCUSSÃO:
Clinicamente, as neoplasias primárias de origem pulmonar são
assintomáticas, em aproximadamente 25% dos cães e o diagnóstico
somente é realizado em exames radiográficos de rotina ou na investigação
de outras enfermidades (Sales et al.,2005; Carothers e Alvarez, 2006).
Entretanto, neste caso os sinais clínicos tiveram aparecimento repentino e
grave, com um curso clínico de poucos dias e morte. Os Adenocarcinomas
pulmonares pode ser simples ou múltiplos e de vários tamanhos. De
acordo com os padrões macroscópicos e radiográficos os
adenocarcinomas podem ser classificados em cinco distintos padrões:
periférico, central ou endobronquial, difuso, pleural (Carcinoma
pseudomesotheliomatous) e localizado na porção apical do pulmão (Travis
et al., 2004). A partir das lesões macroscópicas observadas na periferia
dos pulmões e os achados histologicos, caracterizados por células
neoplásicas arranjadas em acinos na submucosa dos brônquios foi
diagnosticado como adenocarcinoma de glândulas bronquiais. Em felinos,
o adenocarcinoma de glândula bronquiolar são raros, além de ocorrer em
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animais jovens (Moulton, 1990). Não foi possível estabelecer a causa da
neoplasia, bem como se a origem foi embrionária.

CONCLUSÃO:
O prognóstico de neoplasias pulmonares é extremamente desfavóravel,
por ser um órgão vital e de caráter invasivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FOX, L.E.; KING, R.R.; Cancers of the Respiratory System. in Morrison WB,
editor. Cancer in dogs and cats. Baltimore: Williams and Wilkins, 2004.
p.497-512.
RISSETTO, K.C.; LUCAS, P.; FAN. T.M. An update on diagnosing and treating
primary lung tumors. Veterinary Medicine, março,, 2008. p.154-169.
MORRIS, J.; DOBSON, J. Oncologia em Pequenos Animais. São Paulo, Roca,
2007.
MEUTEN, D.J. Tumors in domestic animals. in John Wiley Professio, editor.
2002. p. 368.
MOULTON, J.E. Tumors of Bone and Cartilage. Tumors in domestic
animals. 3.ed. London,1990. p. 157-201.
PARKIN, D.M.; BRAY, F.; FERLAY, J.; PISANI, P. Estimating the world cancer
burden: Globocan 2000. Int J Cancer. 2001 Oct 15;94(2):153-6.
TRAVIS, W.D.; BRAMBILLA, E.; HERMELINK,H.K.; HARRIS,C.C. Pathology
and genetics of tumours of the Lung, Pleura,thymus and heart.World
Health Organization Classification of Tumours. 2004.

2. ADENOMA HEPATOCELULAR EM CÃO – RELATO DE CASO


GESSIANE PEREIRA DA SILVA¹, ADRIANA MACIEL DE CASTRO CARDOSO¹,
BRENO COSTA DE MACEDO¹, LAURA JAMILLE ARGOLO PAREDES¹, PAULO
HENRIQUE LEAL BERTOLO¹, WASHINGTON LUIZ ASSUNÇÃO PEREIRA¹
¹Universidade Federal Rural da Amazônia

RESUMO:
As neoplasias hepáticas primárias são infrequentes em cães sendo o
adenoma hepatocelular uma das neoplasias mais raras observadas neste
órgão. Considerando a baixa incidência desta neoplasia em cães, o
presente trabalho visa relatar um caso de adenoma hepatocelular em uma
cadela da raça Shar Pei, encaminhado ao laboratório de patologia animal
com diagnostico de massa intra-abdominal. O exame necroscópico
revelou massa de origem hepática ocupando aproximadamente 33% da
cavidade abdominal e uma segunda massa menor no lobo medial direito
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do fígado. O exame histopatológico revelou neoformação constituída por
hepatócitos morfologicamente isomórficos, formando densos
aglomerados trabeculares e alguns pequenos ninhos com perda do padrão
lobular do parênquima e tratos portais raros. Com base nos achados
macro e microscópicos estabeleceu-se o diagnóstico de adenoma
hepatocelular.

INTRODUÇÃO:
Os tumores hepáticos primários são raros em cães representando entre
0.6 e 1.3 % de todas as neoplasias que ocorrem nesta espécie (Buritica et
al., 2009). Estes podem ter origem epitelial nos hepatócitos e células dos
ductos biliares ou nas células mesenquimais de sustentação (Ledur et al.,
2014). Devido aos inúmeros processos que envolvem este órgão, diversas
anormalidades clínicas e laboratoriais podem ser associadas a patologias
hepáticas, tais como processos neoplásicos (Velasque, 2010). O
diagnóstico destes se dá através de exames bioquímicos, de imagem e
biópsia, no entanto, a confirmação ocorre geralmente na necropsia devido
aos sintomas inespecíficos (Ledur et al., 2014).
O adenoma hepatocelular (hepatoma) é um tumor raro em cães de
origem epitelial formado a partir de hepatócitos, em geral caracterizado
como uma massa esférica, única ou múltipla, não encapsuladas medindo
entre 2 e 8 cm de diâmetro (Meuten, 2002). É caracterizado
histologicamente por hepatócitos bem diferenciados, os quais formam
placas uniformes, que podem ter de duas a três células de espessura com
tratos portais raros ou ausentes (McGavin e Zachary, 2013).
Tendo em vista a crescente importância das neoplasias na medicina
veterinária, assim como a baixa ocorrência de neoplasias hepáticas
primarias em cães, o presente trabalho objetiva relatar um caso de
adenoma hepatocelular em um canino.

RELATO DO CASO:
O corpo de uma cadela da raça Shar Pei foi enviado ao laboratório de
patologia animal para realização de exame necroscópico com diagnóstico
de massa intra-abdominal. O exame necroscópico do animal revelou
massa de origem hepática, ocupando a maior parte do antímero
abdominal esquerdo, deslocando as demais vísceras. A massa apresentava
superfície irregular e áreas de aderência ao omento. O exame do fígado
revelou no lobo lateral esquerdo notável processo de neoformação, com
grande irregularidade devido múltiplas depressões e nodulações, algumas
fasciculares medindo 21 cm de comprimento por 16 cm em sua maior
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largura. Áreas nodulares mais claras foram observadas sobre a massa,
descrevendo ainda no bordo lateral do lobo neoplásico área cística
medindo 8,8 x 2,7 cm. Um segundo nódulo de coloração esbranquiçada,
mal delimitado, sobressaindo a superfície do órgão, de superfície irregular
e medindo 4,5 x 3,0 cm foi observado no lobo medial direito.
Histologicamente a amostra de fígado apresentou neoformação formada
por hepatócitos morfologicamente isomórficos, formando densos
aglomerados trabeculares e alguns pequenos ninhos, com presença de
vacúolos únicos, bem regulares no citoplasma de numerosos hepatócitos.
Observou-se ainda perda do padrão lobular do parênquima com tratos
portais raros e áreas com tecido conjuntivo bem desenvolvido
substituindo o tecido neoplásico. Com base nas alterações microscópicas
estabeleceu-se o diagnóstico de adenoma hepático.

DISCUSSÃO:
Paya (2010) em um estudo retrospectivo analisou a prevalência de
neoplasias hepáticas em cães na Colômbia em um período de 32 anos
totalizando 71 casos de neoplasias, sendo destas apenas 36,6% (26)
primarias de fígado, com um único caso de adenoma hepatocelular em um
São Bernardo, macho e idoso. MacGavin e Zachary (2013) atribuem como
um dos fatores para a baixa incidência desta neoplasia em cães a
dificuldade do diagnostico preciso devido as similaridades entre esta
neoplasia e a hiperplasia hepatocelular nodular sendo o principal
diferencial histológico entre estas enfermidades a perda da arquitetura
lobular com raros tratos portais observada no adenoma hepatocelular,
corroborando com o observado no presente caso.
Macroscopicamente os adenomas hepatocelulares são caracterizados
como massas esféricas não encapsuladas únicas ou múltiplas medindo
geralmente de 2 a 8 cm de diâmetro (Meuten, 2002), no entanto há relato
de que possa atingir até 15 cm de diâmetro (Kelly, 1993). No presente
caso identificou-se duas massas, a maior destas substituindo o lobo lateral
esquerdo medindo 21 cm de comprimento por 16 cm de largura não
havendo relatos na literatura de adenomas hepáticos em cães com tais
proporções.

CONCLUSÃO:
Com base no exame anatomopatológico estabeleceu-se o diagnostico de
um adenoma hepático de proporções atípicas constituindo este um
achado raro em cães.
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REFERÊNCIAS:
BURITICA, E. G., BARBOSA, X. S.; ECHEVERRY, D. B. carcinoma
hepatocelular canino: reporte de un caso. Rev.MVZ Cordoba. 2009,
vol.14, n.2, pp. 1756-1761. 2009.
KELLY, W.R. The liver and biliary system. In: JUBB, K.F.V.; KENNEDY,P.C.;
PALMER, N. Pathology of domestic animals. 4ed. San Diego: Academic,
1993 v. p. 319-406.
LEDUR, G. R.; MATESCO, V. C.; COSTA, F. V. A.; et al. Carcinoma
colangiocelular em gato. Acta Scientiae Veterinariae, n. 1, v. 42, p. 57,
2014.
McGAVIN, M. D.; ZACHARY, J. F. Bases da patologia em veterinária. 5ª ed.
Rio de Janeiro: Elsevier. p. 498-503, 2013.
Meuten, D. J. Tumors in domestic animals. 4 ed. Ames : Iowa State, 2002.
p. 483-508.
PAYA, G.L. Estudio retrospectivo de las neoplasias hepáticas en caninos
en el laboratorio de patología veterinaria de la Universidad Nacional de
Colombia entre los años 1975 y 2007. 2010, Bogota, 68f. Monografia.
(Especialidad en anatomopatología veterinária), Universidad Nacional de
Colombia.
SILVA, F. A. Hepatocarcinoma canino: relato de caso. 2008. Recife, 38f.
Monografia (Especialização em Clínica Médica de Pequenos Animais).
Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
VELASQUE, A. G. Colangiocarcinoma hepático em cães 2010. Porto
Alegre, 41f. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

3.ADENOMA ORBITAL DE ORIGEM DA GLÂNDULA LACRIMAL EM UM


CANINO – RELATO DE CASO

LIANNA GHISI GOMES1, THAÍS RUIZ1, GABRIELA MORAIS MADRUGA1,


PAULO ROBERTO SPILLER1, SAMARA ROSOLEM LIMA1, ALEXANDRE PINTO
RIBEIRO2
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias; Faculdade de
Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia (FAMEVZ); Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT)
2
Departamento de Clínica Veterinária; FAMEVZ - UFMT
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RESUMO:

Este relato objetivou reportar um caso de adenoma orbital de origem da


glândula lacrimal, em uma cadela, sem raça definida. Após exenteração, a
massa tinha aspecto multilobular, friável. Na histologia, acínos
distendidos, sem ductos, pouca mitose. Apesar da alta taxa de
recorrência, a paciente até os 270 dias pós-operatório não apresentou
recidiva.

INTRODUÇÃO:

Em cães, as neoplasias orbitais são incomuns, e geralmente primárias e


malignas (Labelle e Labelle, 2013). Headrick et al. (2004) descreveram
casos de adenoma orbital lobular, um tumor multilobulado originário das
glândulas lacrimais ou salivares, porém com ausência de ductos. Apesar
de benigna, o prognóstico para essa neoplasia é reservado pela alta taxa
de recidiva, e a exenteração é indicada.

Este relato objetivou descrever um caso de adenoma retrobulbar de


suposta origem da glândula lacrimal em uma cadela sem raça definida.

DESCRIÇÃO DO RELATO:

Uma cadela, 14 anos, sem raça definida, foi atendida sob queixa de
exoftalmia progressiva do bulbo ocular esquerdo. Na avaliação oftálmica,
constatou-se pressão intraocular normal, hiperemia conjuntival leve,
esclerose nuclear, ausência de edema corneal. Na ultrassonografia,
evidenciou-se massa ecogênica em região retrobulbar ventro-temporal,
sem alterações intraoculares. Optou-se então, pela exenteração.
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Macroscopicamente, a massa apresentava 3x2x1,3 cm, friável, coloração
amarelada, multilobulada. Microscopicamente, observou-se células
neoplásicas com núcleo hipercorado, oval, concêntrico e cromatina
puntiforme, nucléolo pequeno. Baixa taxa de mitose. Citoplasma
basofílico, abundante, arredondado e com bordos poucos definidos.
Pleomorfismo evidente. Notou-se também proliferação de células que se
organizam formando ductos entremeados por abundante estroma
conjuntivo. Observa-se ainda múltiplos acínos levemente distendidos e
preenchidos com material eosinofílico. Sendo o diagnóstico de adenoma
de suposta origem da glândula lacrimal.

A paciente teve acompanhamento pós-operatório de 270 dias, sem sinais


de recidiva.

DISCUSSÃO:

Os achados clínicos e histopatológicos corroboram com a síndrome


descrita por Headrick et al. (2004). Pela apresentação ventro-temporal da
massa neste caso, colorações específicas e/ou imunihistoquímica
permitiriam uma diferenciação entre glândula lacrimal e salivar (Hirayama
et al., 2000), entretanto, a glândula zigomática não se apresentava
aumentada.

Em função do prognóstico reservado a ruim desse tipo neoplásico, a


exenteração foi importante para minimizar recidivas, como reportado por
Headrick et al. (2004).

CONCLUSÃO:

Portanto, neoplasias de origem da glândula lacrimal devem ser incluídas


no diagnóstico diferencial de massa orbitais. A ultrassonografia auxiliou na
localização da lesão. E, a exenteração foi eficaz no tratamento e
prevenção de recidivas, neste caso.

REFERÊNCIAS:

Headrick, J.F.; Bentley, E.; Dubielzig, R.R. Canine lobular orbital adenoma:
a report of 15 cases with distinctive features. Veterinary Ophthalmology,
v.7, p.47–51, 2004.
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Hirayama K, Kagawa Y, Tsuzuki K et al. A pleomorphic adenoma of the
lacrimal gland in a dog. Veterinary Pathology, v. 37, p. 353–356, 2000.

Labelle, A.L. and Labelle, P. Canine ocular neoplasia: a review. Veterinary


Ophthalmology, v.16, p. 3–14, 2013.

4. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS EM CÃES INFECTADOS


POR Leptospira spp. – Relato De Caso
RAPHAEL DE OLIVEIRA MENDONÇA1, DOUGLAS LUÍS VIEIRA1, LUCIANA
LAITANO DIAS DE CASTRO1, SÂMEA FERNANDES JOAQUIM2, GIULIA
SOARES LATOSINSKI2, MARCELO BELTRÃO MOLENTO1
1 Universidade Federal do Paraná, Laboratório de Doenças Parasitárias
2 Universidade Estadual Paulista, Departamento de Higiene Veterinária e
Saúde Pública

RESUMO:
A leptospirose é uma importante zoonose, sendo o cão uma das principais
fontes de transmissão dessa enfermidade para o homem. O objetivo desse
trabalho foi relatar alterações hematológicas e bioquímicas em cães
naturalmente infectados com Leptospira spp. Três cães foram
diagnosticados positivos através de sorologia para os sorovares
Icterohaemorrhagiae, Cynopteri e um deles com reação cruzada para
Icterohaemorrhagiae e Copenhageni. As alterações mais relevantes
encontradas foram a leucocitose por neutrofilia, anemia e
trombocitopenia, além de alterações bioquímicas hepáticas e renais. As
alterações encontradas em hemograma e bioquímica sérica não são
específicas para leptospirose, mas podem auxiliar o clínico na suspeita da
doença e no prognóstico do paciente.

INTRODUÇÃO:
Em áreas urbanas, os cães são uma importante fonte de transmissão da
leptospirose aos humanos (Batista et al., 2004). Além de atuarem como
sentinelas, os cães podem indicar contaminação ambiental por novos
sorovares de Leptospira (Ghneim et. al., 2007). O objetivo do presente
trabalho foi relatar alterações hematológicas e bioquímicas em cães soro
reagentes para Leptospira.

DESCRIÇÃO DO CASO:
Três cães foram atendidos com suspeita de leptospirose durante o ano de
2014 em uma clínica veterinária particular na cidade de Curitiba, Paraná.
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Todos os cães são machos, sem raça definida, com idade entre 1 e 8 anos
e histórico de contato com roedores. No exame clínico os animais
apresentavam mucosas ictéricas, vômito, desidratação, prostração e
inapetência. Um dos animais apresentava hematoquesia e uma extensa
área de necrose na região anterior da língua. Foram coletadas amostras
de sangue e soro dos três animais para realização de hemograma e
bioquímico além da técnica de soroaglutinação microscópica (SAM) para
pesquisa de anticorpos contra Leptospira spp.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os três cães foram positivos para Leptospira na SAM, o animal 1
apresentou título de 1:200 para o sorovar Icterohaemorrhagiae, o animal
2 apresentou de 1:100 para Cynopteri; e na amostra do animal 3 ocorreu
reação cruzada com os sorovares Icterohaemorrhagiae e Copenhageni
com título de 1:400. Todos os animais apresentaram alterações
hematológicas e bioquímicas (Tabela 1), especialmente o quadro de
leucocitose com neutrofilia, indicativo de infecção aguda apresentado nos
três casos. Os animais 1 e 2 apresentaram anemia evidenciada pela
redução do número de eritrócitos e hematócrito, além disso o animal 2
apresentou trombocitopenia. Cães severamente acometidos por
leptospirose podem apresentar trombocitopenia devido à lesão vascular e
aumento no consumo de plaquetas nas hemorragias (Garcia-Navaro;
Pachaly, 1994). As alterações hematológicas comumente observadas na
leptospirose são leucocitose intensa, neutrofilia e graus variados de
anemia (Greene et al., 2006).
Em relação as alterações bioquímicas, observou-se grande aumento dos
níveis séricos da enzima fosfatase alcalina e ureia, sugerindo
comprometimento hepático e renal que é achado frequente nos casos de
leptospirose canina aguda (Freire et al., 2008; Lomar et al., 2000). Neste
estudo não foi observada alteração em creatinina em nenhum dos casos.

CONCLUSÃO:
As alterações hematológicas e bioquímicas encontradas em cães com
leptospirose não são específicas, mas são de grande importância para
auxiliar o clínico na suspeita da enfermidade, juntamente com histórico e
fatores de risco. Além disso, auxiliam na avaliação do estado do paciente,
na definição do prognóstico e na escolha do melhor tratamento.

REFERÊNCIAS:
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BATISTA, C. S. A.; AZEVEDO, S. S.; ALVES, C. J. et al. Soroprevalência de
leptospirose em cães errantes da cidade de Patos, Estado da Paraíba,
Brasil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.41,
p.131-136, 2004.
FREIRE, I.M.A.; VARGES, R.; LILENBAUM, W. Alterações na bioquímica
hepática em cães com leptospirose aguda determinada por
amostras do sorogrupo Icterohaemorrhagiae. Ciência Rural, v.38, n.9,
p.2630-2632, 2008.
GARCIA-NAVARRO, C. E. K.; PACHALY, J. R. Manual de Hematologia
Veterinária. São Paulo: Livraria Voub, 1994. 169 p.
GREENE, C. E.; SYKES, J. E.; BROWN, C. A.; HARTMANN, K. Leptospirosis.
In: GRENNE, C. E. (Ed.) Infectious diseases the dog and cat. 3th ed. St.
Louis: Saunders Elsevier, 2006. p. 402-417.
GHNEIM, G. S.; VIERS, J. H.; CHOMEL, B. B. et al. Use of a case-control
study and geographic information systems to determine environmental
and demographic risk factors for canine leptospirosis. Veterinary
Research, v. 38, n. 1, p. 37-50, 2007.
LOMAR, A.V.; DIAMENT, D.; TORRES, J.R. Leptospirosis in Latin America.
Infectious Disease Clinicas of North America, v. 14, n. 1, p. 23-39, 2000.
MEYER, D.J.; HARVEY, J.W. Veterinary laboratory medicine:
interpretation & diagnosis, 2.ed. Philadelphia: Saunders, 2004.

5. ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE CDH1 EM CARCINOMAS MAMÁRIOS


MARCELA BENEVENTE [1], LUCIANA MOURA CAMPOS PARDINI [2], ADRIANA
CAMARGO FERRASI [1,3], MARIA INES DE MOURA CAMPOS PARDINI [3],
ALINE FARIA GALVANI [3], JOSE JOAQUIM TITTON RANZANI [2]
1. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Paulista - UNIP, Campus
Bauru
2. Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista - UNESP,
Campus Botucatu
3. Hemocentro de Botucatu, Laboratório de Biologia Molecular, Faculdade
de Medicina, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Campus Botucatu
RESUMO:
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A incidência de câncer em cães vem aumentando consideravelmente nos
últimos anos, tornando essa espécie a mais acometida por esta doença do
que qualquer outra. Destes, pelo menos a metade é maligna e em sua
maioria, irão metastatizar, tendo como principal fator predisponente a
influência hormonal. A identificação de marcadores moleculares tumorais
clinicamente relevantes pode auxiliar na determinação do tratamento e
prognóstico da doença. A E-caderina, uma proteína de adesão
transmembranosa codificada pelo gene Cdh1, parece ser uma das mais
confiáveis indicadoras de prognóstico nas neoplasias mamárias. Vários
mecanismos que levam a alterações estruturais no gene Cdh1 e baixa
expressão ou inativação de E-caderina podem estar presentes. Em
humanos, mutações podem ocorrer ao longo do gene Cdh1 mas,
principalmente mecanismos epigenéticos, como a metilação, por
exemplo, pode causar baixa expressão dessa proteína, o que pode facilitar
a disseminação das células tumorais. Considerando a elevada incidência
de metástase de câncer de mama em cadelas e a escassez de informações
a respeito do nível de expressão de Cdh1, os objetivos do presente estudo
foram analisar o nível de expressão do gene Cdh1 em amostras de tecido
tumoral de cães fêmeas acometidos por carcinoma mamário.
INTRODUÇÃO:
A incidência de câncer em cães vem aumentando consideravelmente nos
últimos anos, tornando essa espécie a mais acometida por esta doença do
que qualquer outra (Withrow e Vail, 2007). Os tumores mamários caninos
(TMCs), depois dos cutâneos, são as neoplasias mais frequentes em
fêmeas caninas (Wang et al., 2009; Zhang et al., 2009) e representam
aproximadamente 52% de todas as neoplasias femininas (Rutteman et al.,
2001). Destes, pelo menos a metade é maligna e em sua maioria, irão
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metastatizar, tendo como principal fator predisponente a influência
hormonal (Cassali et al., 2000; Bell et al., 2002).
A identificação de marcadores moleculares tumorais clinicamente
relevantes pode auxiliar na determinação do tratamento e prognóstico da
doença. A E-caderina, uma proteína de adesão transmembranosa
codificada pelo gene Cdh1, parece ser uma das mais confiáveis indicadoras
de prognóstico nas neoplasias mamárias

MATERIAIS E MÉTODOS:

Para o presente estudo, foram utilizadas 24 cadelas não castradas, com


idade superior a seis anos e com até 20 kg de peso corporal, com
diagnóstico prévio de carcinoma mamário por exame citopatológico, Os
métodos utilizado foram, nesta ordem: mastectomia radical unilateral,
análise do padrão de expressão do gene Cdh1 por PCR com detecção em
tempo real (qPCR). A expressão relativa (RQ) foi calculada pela razão entre
expressão do tecido tumoral pela expressão do tecido normal no mesmo
animal.

RESULTADOS:
O estudo da expressão relativa de Cdh1 entre o tecido tumoral (T) e o
normal (N), foi realizado para 24 casos. Os resultados foram
individualmente analisados quanto à eficiência da amplificação do gene
normalizador β-actina.
Das 24 amostras analisadas 2 (8,3%) apresentaram aumento da expressão
do Cdh1 nos tumores, quando comparado ao tecido normal.
22 (91,6%) das amostras apresentaram QR abaixo de 1, isto é, o Cdh1
esteve menos expresso no tumor do que no tecido normal.
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DISCUSSÃO E CONCLUSÕES FINAIS:
A redução da expressão gênica da E-caderina tem sido relatada como
fator importante na ocorrência de metástases em vários tipos de tumores,
tanto em cães como em humanos. Os resultados do presente estudo
evidenciaram que a redução da expressão gênica estava presente em
91,6% das amostras, corroborando para a importância desse gene no
câncer de mama.
A proteína E-caderina é responsável junção celular foram descritas como
potenciais marcadores e parecem ser as mais confiáveis indicadoras de
prognóstico nas neoplasias mamárias.

COMITÊ DE ÉTICA:
O presente projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de
Animais, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP –
Botucatu, sob protocolo nº 49/2011 – CEUA

REFERÊNCIAS:
RUTTEMAN, G.R.; WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Tumors of the
mammary gland. In: WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Small Animal Clinical
Oncology. 3.ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, p.455-477, 2001.
WITHROW, S.J.; VAIL, D.M. Tumors of the skin and subcutaneous tissues.
In: WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Small animal clinical oncology. 4.ed.
Philadelphia: Saunders Elsevier, p.512-534, 2007.
CASSALI GD. Estudo morfológico, imuno-histoquímico e citométrico de
tumores mamários da cadela – Aspectos comparativos com neoplasias da
mama humana. 2000. Tese (Doutorado em Ciência Animal) - Escola de
Veterinária – Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais.
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6. ANÁLISE DE CK E CKMB EM CÃES COM DIFERENTES GRAUS DE


ANEMIAS NATURALMENTE ADQUIRIDAS
P.M. Pereira1, W.G. Suhett2, L. F Sargi3
1-Professora Associada do curso de medicina veterinária da Universidade
Estadual de Londrina 2-Doutorando do programa de Ciência Animal da
Universidade Estadual de Londrina 3- Graduanda de medicina veterinária
da Universidade Estadual de Londrina
RESUMO:
A mensuração de biomarcadores tem sido empregada a fim de avaliar
hipóxia e isquemia. Este trabalho objetiva estabelecer a relação dos
diferentes graus de severidade da anemia com a lesão cardíaca, através da
avaliação de creatina fosfoquinase e creatina fosfoquinase MB. Foram
avaliados 108 cães anêmicos divididos em quatro grupos de acordo com
os graus de intensidade da anemia e grupo controle. Os resultados
mostraram a creatina fosfoquinase apresentou diferença significativa
entre os grupos, enquanto que a creatina fosfoquinase MB não
demonstrou. Conclui-se que apesar da significância estatística, a CK total
sérica não apresentou validade clínica uma vez que os seus valores
mantiveram-se dentro dos níveis de referência para a espécie.
INTRODUÇÃO:
A anemia corresponde à diminuição da quantidade de hemácias,
resultando em menor oxigenação tecidual (THRALL, 2006). A lesão
cardíaca por hipóxia pode causar alterações a nível celular, desta forma, o
uso de uma avaliação mais precisa e precoce na detecção dos danos
cardíacos é realizada hoje pelos biomarcadores cardíacos (ADANS et al.,
1993). A creatina fosfoquinase (CK) e sua fração MB (CKMB) são
amplamente utilizadas na avaliação do infarto agudo do miocárdio em
seres humanos (CAVALCANTI et al., 1998). No cão, a CK está presente
principalmente na musculatura esquelética, miocárdio, cérebro e intestino
(AKTAS et al., 1993). Os diferentes biomarcadores tem gerado perspectiva
de evolução na conduta clínica de pacientes com lesão cardíaca, trazendo
informações complementares para o tratamento (ADANS et al., 1993)
MATERIAL E MÉTODOS:
O estudo avaliou 108 animais que foram divididos em cinco grupos (G) de
acordo com a seguinte composição e severidade da anemia : G1 (n=41)
cães com VG entre 21,1 e 36% (anemia leve), G2 (n=24) cães com VG
entre 16,1 e 21% (anemia moderada), G3 (n=23) - cães com VG entre 10,1
e 16% (anemia grave), G4 (n=20)- cães com VG igual ou abaixo de 10%
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(anemia muito grave) e Gc (n=30) - cães hígidos (grupo controle) entre
dois e dez anos, peso superior ou igual a cinco quilogramas. Os animais
foram submetidos à avaliação clínica e à avaliação laboratorial que
realizou hemograma, dosagem de CK, CKMB, todos por metodologia
padronizada, sendo quando necessário a utilização dekits comerciais para
a quantificação das concentrações ou atividades séricas por meio do
equipamento automático Dimension® clinical chemistry system (Siemens,
Alemanha). Os resultados foram submetidos à análise estatística pelo
programa estatístico R. Foram realizadas comparações Kruskal Wallis e
Correlação de Spearman e os resultados paramétricos foram submetidos
ao teste Exato de Fisher. Adotado o nível de significância de 5%. Este
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética pelo processo nº 8393201305.

RESULTADOS:
A mediana de CK nos grupos controle, anemia leve, anemia moderada,
anemia grave e anemia muito grave foram respectivamente 96 UI/L, 172
UI/L, 146 UI/L, 198 UI/L e 215 UI/L, onde 31,7%, 33,33%, 34,78% e 45%
apresentaram valores superiores aos níveis de referência para a espécie
de 50 a 250 UI/L segundo Thrall et al. (2006). Já a CKMB a mediana em
UI/L apresentada respectivamente por cada grupo foi Gc=111,5,
G1=155,5, G2= 126,0, G3=172,0, G4= 179,0, sendo que 16,66%, 26,82%,
29,16%, 26,08% e 25% são as porcentagens de animais em cada grupo que
apresentaram resultados acima do valor de referência de 11 a 38,8 UI/L
segundo Thrall et al. (2006).

DISCUSSÃO:
A CK apresentou diferença significativa entre os grupos anêmicos e o
grupo controle demonstrando o aumento da atividade enzimática nos
quadros anêmicos, entretanto não possibilitou distinção entre os graus de
severidade da anemia. Mesmo assim, salienta-se que o grupo de anemia
muito grave apresentou valores muito superiores ao grupo controle com
um aumento de 123,96% dos níveis de CK. Fatores que podem interferir
nas atividades enzimáticas de CK e sua isoforma CKMB são presença de
hemoglobina podendo aumentar em 21% os resultados, lipemia que
aumenta em 15% a atividade de CK e presença de diversas substâncias
químicas presentes em alguns medicamentos como metotrexato
(THOMAS et al., 2005). Assim não descartamos essas influências nos
resultados apresentados como um ponto de restrição às interpretações. A
avaliação da CKMB no presente estudo não evidenciou diferenças
estatísticas nos diferentes grupos, ao contrário de Franco et al. (2009) que
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sugeriram que uma diminuição no fornecimento de oxigênio do miocárdio
é suficiente para induzir um aumento da atividade de CKMB sérica em
cães.

CONCLUSÃO:
Conclui-se que apesar da significância estatística, a CK total sérica não
apresentou validade clínica uma vez que os seus valores mantiveram-se
dentro dos níveis de referência para a espécie.

REFERÊNCIAS:
ADAMS, J.E.I.; BODOR, G.S.; DÁ VILA-ROMAN, V.G.; DELMEZ, J.A.; APPLE,
F.S.; LADENSON, J.H.; JAFFE, A.S. Cardiac troponin I. A marker with high
specificity for cardiac injury. Circulation v.88, n.1, p. 101-106, 1993.
AKTAS, D. M.; AUGUSTE,D.; LEFEBVRE, H.P.; TOUTAIN, P.L.; BRAUM, J.P.
Creatine kinase in the dogs: a review. Veterinary Research
Communications, v. 17, n.5, p.353-369, 1993.
FRANCO, L.G.; FIORAVANTI, M.C.S.; DAMASCENO, A.D.; BORGES, A.C.;
SOARES, L.K.; RABELO, R.E.; SILVA, L.A.F. Assessment of serum enzymatic
markers of cardiomyocytes injury in female dogs submitted to ketamine
S(+), atropin and xylazine association. Acta Cirúrgica Brasileira, v.24, n.1,
p.36-42, Fev/2009.
THOMAS, L.; MÜLLER, M.; SCHUMANN, G.; WEIDEMANN, G.; LUNAU, S.;
PICK, K.H.; SONNTAG, O. Consensus of DGKL and VDGH for interim
reference intervals on enzymes in serum. J. Lab. Med. v.29, p.301–308,
2005.
THRALL, M.A.; BAKER, D.C.; CAMPEBELL, T.W.; DENICOLA, D.; FETTMAN,
M.J.; LASSEN, E.D.; REBAR, A.; WEISER, G.; Hematologia e bioquímica
clínica veterinária. 1 ed., São Paulo: Roca, 2006. 582p.

7. ANEMIA HEMOLÍTICA IMUNOMEDIADA EM CÃES - REVISÃO


Autores: LETÍCIA CLAUDIA CHIODI1; CARLA RODRIGUES BAHIENSE;
MICHELLY KHEIDY BORGES BATTISTI; ANDRÉA CHRISTINA FERREIRA
MEIRELLES.
1
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
RESUMO:
A anemia hemolítica caracteriza-se pela destruição eritrocitária intra ou
extravascular, considerada descompensada quando a medula não é capaz
de manter os índices eritrocitários dentro da normalidade. A anemia
hemolítica imunomediada ocorre devido à ação de anticorpos ou
deposição de imunocomplexos, que pode ser desencadeada por fatores
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diversos, por vezes incapazes de serem identificados. Os achados
laboratoriais e sinais clínicos são dependentes da velocidade e do grau de
instalação quadro. A terapêutica é baseada na corticoterapia, possuindo a
afecção mortalidade de 25-50%, geralmente atribuída ao
tromboembolismo.
INTRODUÇÃO:
A anemia hemolítica imunomediada (AHI) caracteriza-se pela destruição
eritrocitária decorrente da adesão de complexos imunes ou ação de
anticorpos. Algumas raças como Poodle, Collie e Cocker Spaniel são mais
susceptíveis, sendo as fêmeas mais acometidas (Thrall et al., 2012).
Na maioria dos casos a causa desencadeante da AHI não pode ser
identificada, mas esta é frequentemente associada a quadros infecciosos,
vacinação com vírus vivo, neoplasias linfóides, intoxicação por zinco,
picada de abelha (Thrall et al., 2012; Fighera et al., 2007) e uso de
medicações (penicilina, cefalosporina, sulfa, levamisol, amiodarona)
(Thrall et al., 2012).
A anemia é geralmente regenerativa, sendo rara a arregenerativa, fruto da
formação de anticorpos contra os precursores eritróides, único caso no
qual é indicado o aspirado medular (Thrall et al., 2012). Os eritrócitos
sinalizados são removidos pelo sistema mononuclear fagocitário. A
eritrofagocitose parcial resulta na formação de esferócitos, que são
células de mesmo volume, porém com maior densidade o que lhes
confere a perda da palidez central e redução de sua capacidade de
deformação de membrana favorecendo a lise (Thrall et al., 2012). Deve-se
atentar para os casos de transfusão sanguínea recente, nos quais a
presença de esferócitos é corriqueira (Cowel et al., 2009). Havendo
fixação de complemento na membrana dos eritrócitos há a formação das
células fantasmas (Thrall et al., 2012), sendo tal imagem resultado da
presença de uma membrana residual das células lisadas (Reagen,
Denicofa, 2011). A aglutinação eritrocitária ocorre quando há
envolvimento da IgM (Vaden, et al., 2009) e pode gerar um falso positivo
no teste de compatibilidade sanguínea (Vaden, et al., 2009). A
trombocitopenia é associada a destruição eritrocitária ou devido a
coagulação intravascular disseminada. O leucograma é inflamatório, com
neutrofilia e possíveis desvio a esquerda (Vaden, et al., 2009). Alterações
bioquímicas séricas incluem elevação da globulina (Kaneko et al., 1997),
da transferrina sérica, haptoglobina e fosforilase, enquanto que a
ceruloplasmina demonstrou diminuição (Pereira, et al., 2010). A azotemia
pré-renal não é infrequente devido ao dano direto ocasionado pela
hemoglobina nos túbulos renais.
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Os sinais clínicos incluem letargia, febre, icterícia, esplenomegalia, palidez
de mucosa, dispneia, taquicardia e sopro sistólico. Tais sinais são mais
evidentes quando a instalação é aguda, já que em casos crônicos os
animais se privilegiam dos mecanismos compensatórios fisiológicos. A
mortalidade dos animais com AHI varia de 25-50%, sendo a o
tromboembolismo a principal causa (Thrall et al., 2012), porém não foi
possível correlacionar a trombocitopenia com o prognóstico do paciente
(Orkutt, Bianco, 2010).
Dentre as diversas terapêuticas a mais indicada é a corticoterapia (Thrall
et al., 2012). O uso de diclorometileno difosfalato ocasiona depleção de
macrófagos e diminuição da retirada de células opsonizadas (Matheus et
al., 2006). Animais tromboembólicos se beneficiam com a terapêutica que
inclui heparina, aspirina e clopidrogel (Kidd; Mackman, 2013). A
esplenectomia pode ser utilizada como abordagem cirúrgica. A escassez
de dados literários específicos não permite padronizar a terapêutica
(Swan; Skelly, 2013).

CONCLUSÃO:
A severidade da anemia hemolítica imunomediada é relacionada à
velocidade de sua instalação, estado imunológico do paciente e presença
de patologias concomitantes. Os sinais clínicos estão relacionados com o
grau de anemia, assim como a características pertinentes ao tempo
decorrido para sua instalação e incluem: palidez de mucosas, febre,
letargia, intolerância ao exercício, taquicardia, icterícia e dispneia. O
diagnóstico de anemia hemolítica imunomediada é obtido através da
junção de achados laboratoriais específicos como aglutinação eritrocitária,
presença de células fantasma, esferocitose e achados inespecíficos como
anemia, leucocitose neutrofílica e trombocitopenia. A confecção e
interpretação correta dos exames laboratoriais solicitados são
imprescindíveis na orientação diagnóstica do paciente, ficando o clínico
muitas vezes sujeito à experiência do patologista clínico. Apesar da
remissão completa da sintomatologia clínicas os animais devem ser
monitorados constantemente devido ao risco de recidivas e,
principalmente devido a possibilidade real de ocorrer lesão renal causada
por dano direto da hemoglobina nos túbulos renais.

BIBLIOGRAFIAS:
COWELL, R. L.; TYLER, R. D.; MEINKOTH, J. H.; DENICOLA, D. B. Diagnostic
Cytology and Hematology of the Dog and Cat. Mosby Elsevier, 2009.
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FIGHERA, R.A.; SOUZA, T.M.; BARROS, S.S.L. Acidente provocado por
picada de abelha como causa de morte em cães. Ciência Rural, Santa
Maria, v37, n2, p 590-3, 2007.
JAIN, N. C. Essentials of Veterinary Hematology. Lea & Febinger:
Philadelphia. 1993, 417p.
KANEKO,J.J ; HARVEY,J.W. & BRUSS,M.L. Clinical Biochemistry of
Domestic Animals. e Ed.
Academic Press. 1997
KIDD, L.; MACKMAN, N. Prothrombotic Mechanism and Anticoagulant
Therapy in Dogs with Immune-mediated Hemolytic Anemia. Journal of
Veterinary Emergency and Critical Care, v23, n1, p3-13, 2013.
MATHEUS, M.; JORDAN, M. DOW, S. Evaluation of Liposomal Clodronate
in experimental spontaneous autoimmune hemolytic anemia in dogs.
Experimental Hematology, v34, p1393-1402, 2006.
ORKUTT, E.S.; LEE, J.A.; BIANCO, D. Immune-mediated Hemolytic Anemia
and Thrombocytopenia in dogs: 12 cases. Journal of Veterinary and
Emergencial Care, v20, n3, p338-45, 2010.
PEREIRA, P. M.; ABREU, D.K.; PINCELLI, V.A. et al. Quadro Seroproteico
como Auxílio Diagnóstico na Anemia Hemolítica Imunomediada em Cães.
Ciência Rural, Santa Maria, v40, n4, p880-7, 2010.
REAGEN, W.G.; DENICOFA, T.G.S.D.B.. Hematología Veterinaria: Atlas de
espécies domesticas communes, 2 ed, 2011.
SWAN, J.W.; SKELLY, B.J. Systematic Review of Evidence Relating to the
Treatment of Immune-mediated Hemolytic Anemia in Dogs. Journal of
Veterinary Internal Medicine, v27, p1-9, 2013.
THRALL, M. A.; WEISER, G.; ALLISON, R.W.; CAMPBELL, T.W. Hematologia
e Bioquímica Clínica Veterinária. ROCA: São Paulo, 2012.
VADEN, S.L.; KNOLL, J.S.; SMITH, F.W.K.; TILLEY, Jr.L.P. Balckwell’s Five
Minute Veterinary Consult: Laboratory Tests and Diagnostic Procedures
Canine& Feline. Wiley Blackwell: Iowa, 2009, 742 p.

8. ANEMIA HEMOLÍTICA IMUNOMEDIADA SECUNDÁRIA A PIOMETRA EM


CADELA – RELATO DE CASO
KAREN CRISTINA DE OLIVEIRA BASTOS¹, NERYSSA ALENCAR DE OLIVEIRA²,
MÁRIO HENRIQUE THEODORO DE SOUZA², DAIANE GONÇALVES VIEIRA²,
THAISSA VAZ LOBO², TATHYANE ALBUQUERQUE OLIVEIRA²
¹Universidade Federal de Goiás;
²Veterinário autônomo;

RESUMO:
22
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Este trabalho tem como objetivo relatar caso de anemia hemolítica
imunomediada (AHIM) secundária a piometra em cadela. Durante a
laparotomia exploratória foi constatado peritonite e ruptura uterina,
quatro dias após a intervenção cirúrgica foi observado sinais de hemólise
e a AHIM foi confirmada por teste de Coombs. Animal foi submetido a
tratamento com antibioticoterapia e corticoterapia imunossupressora e
respondeu bem.

INTRODUÇÃO:
A anemia hemolítica imunomediada (AHIM) é um dos distúrbios
hemolíticos mais comuns dos cães (Panek et al. 2015). É caracterizada
pela destruição de eritrócitos revestidos por imunoglobulinas,
componentes do sistema complemento, ou ambos. Portanto, ocorre
destruição direta ou fagocitose dessas células, que resulta na remoção das
mesmas da circulação sanguínea (Nassiri et al., 2005). A hemólise pode ser
intravascular e/ou extravascular. A intravascular consiste na destruição
dos eritrócitos por igM e/ou pelo sistema complemento no interior dos
vasos. Em contrapartida, a extravascular ocorre quando eritrócitos
revestidos de igG são fagocitados por macrófagos no baço (Horgan et al.,
2009).
Há duas formas da AHIM: primária e secundária. A primária (ou idiopática)
é a forma mais comum. São produzidos auto-anticorpos que combatem
antígenos de membrana dos eritrócitos. Por sua vez, a secundária pode
ser causada por infecções bacterianas, parasitárias, virais, rikettsia,
protozoários e neoplasias (Balch e Mackin, 2007). Essa forma ocorre
devido à resposta imunológica pela presença de antígenos estranhos que
associaram-se ou modificaram a membrana do eritrócito saudável, o que
induz a formação de anticorpos que combatem essas células alteradas
(Miller et al., 2004).

DESCRIÇÃO DO CASO:
Fêmea, Lhasa Apso, 6 anos, com hiporexia e êmese há dois dias. Segundo
tutores, há uma semana apresentou-se no cio. Em exame clínico, notou-se
se prostração, abdominalgia, ausência de secreção vaginal e desidratação
de 7%. Diante disso, suspeitou-se de piometra. Solicitou-se exames
complementares: ultrassonografia, hemograma e dosagem sérica de
creatinina e Alanina Amino Transferase (ALT).
As concentrações de creatinina e ALT, encontravam-se normais, bem
como o eritrograma. Contudo, o leucograma revelou severa leucopenia,
impossibilitando a contagem diferencial de leucócitos. Na ultrassonografia
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havia evidências de piometra/hemometra e efusão peritoneal por possível
ruptura uterina. Diante disso, optou-se pela laparotomia exploratória e
ovariohisterectomia (OSH).
Durante o procedimento cirúrgico observou-se hiperemia e petéquias nos
órgãos da cavidade abdominal, peritônio e omento, sugerindo peritonite,
além de líquido livre de característica purulenta oriundo de pequena
ruptura uterina. Após OSH foi realizado lavagem da cavidade abdominal
com solução fisiológica 0,9%.O animal permaneceu internado. Prescreveu-
se metronidazol, ceftriaxona, omeprazol, dipirona, tramadol e
ondansetrona.
Nos dois primeiros dias de pós operatório, observou-se melhora do
apetite e controle dos vômitos. Contudo, no terceiro dia o animal
prostrou-se e as mucosas tornaram-se ictéricas. Com isso, realizaram-se
exames que evidenciaram anemia arregenerativa normocítica
hipocrômica, trombocitopenia e leucograma apresentando neutrofilia,
eosinopenia, monocitopenia relativa e alterações no proteinograma,
fosfatase alcalina e bilirrubinas. Portanto, suspeitou-se de hemólise. Deste
modo, realizou-se teste de Coombs, em que obteve-se resultado positivo
e concluiu-se quadro de anemia hemolítica imunomediada.
À vista disso, administrou-se dexametasona IV, em dose única e manteve-
se o tratamento com ceftriaxona, metronidazol, omeprazol e dipirona.
Realizou-se terapia com prednisolona na dose de 2 mg/kg, BID e fez-se
hemogramas semanais para acompanhamento. Quatro dias após início do
uso da prednisolona, observou-se melhora clínica e da icterícia, porém
hemograma evidenciou piora da anemia e leucocitose. Optou-se por
trocar a ceftriaxona por amoxicilina com clavulanato de potássio por mais
15 dias e aumentou-se a dose da prednisolona para 4 mg/kg. Uma semana
após, o eritrograma apresentava-se normal e os leucócitos totais dentro
dos valores de referência, porém observou-se neutrofilia, eosinopenia e
monocitopenia relativa.
Manteve-se a corticoterapia com prednisolona por 30 dias. Completado
esse período repetiu-se o hemograma que constatou discreta neutrofilia e
monocitopenia relativa, enquanto todos os outros parâmetros
encontravam-se dentro da normalidade. Sendo assim, realizou-se o
desmame da corticoterapia. Por fim, o animal não apresentou nenhuma
alteração clínica.

DISCUSSÃO:
No relato, a AHIM foi secundária ao quadro de sepse devido a piometra.
Os sinais clínicos da AHIM descritos por Nassiri et al., (2005) são: anorexia,
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letargia, fraqueza, febre, icterícia, desconforto abdominal e mudança na
cor da urina, os quais foram observados no caso relatado. Os achados
laboratoriais característicos da AHIM geralmente são de anemia
regenerativa, porém há casos, como o descrito, que apresentam anemia
sem eritrorregeneração (Brandão et al., 2004). Outros achados
característicos n AHIM é leucocitose (Mcmanus e Craig, 2001),
trombocitopenia e bilirrubinemia (Horgan, et al. 2009), como relatado no
presente caso.
O diagnóstico da doença pode ser feito por meio da presença de
esferócitos, aglutinação de células vermelhas ou resultado positivo do
teste de Coombs, como no caso em questão (Balch e Mackin, 2007).
O tratamento inicial preconizado no relato foi baseado em
antibioticoterapia devido à sepse secundária a piometra. A amoxicilina
com clavulanato de potássio se mostrou eficaz em mais de 80% de cadelas
com piometra em trabalho realizado por Kalenski et al., (2012). A terapia
da AHIM descrita na literatura é imunossupressora, com prednisona,
dexametasona associado a drogas citotóxicas como azatioprina ou
ciclofosfamida (Grundy e Barton, 2001). Optou-se no caso descrito pelo
uso da prednisolona que se mostrou eficaz.
CONCLUSÃO:
A piometra é uma condição grave e rotineira na clínica e suas
complicações podem ser letais. O presente relato é um alerta para os
possíveis casos de AHIM secundária a piometra, além de ressaltar a
importância do diagnóstico precoce para instituir o tratamento eficaz.

REFERÊNCIAS:
BALCH, A.; MACKIN, A. Canine immune-mediated hemolytic anemia:
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9. ANEMIA HEMOLÍTICA IMUNOMEDIADA SECUNDÁRIA À EHRLICHIOSE:


RELATO DE CASO

CONTIERO, G. M¹, CARDOSO, M. J. L²

¹ Acadêmico Universidade Estadual do Norte do Paraná, 2010-2014

² Prof. Dr.; Universidade Estadual do Norte do Paraná – Clínica médica de


pequenos animais

RESUMO:
A anemia hemolítica imunomediada (AHIM) é uma doença de caráter
imunológico desencadeada por uma desordem do sistema imune, em que
esse passa a atacar as células do próprio organismo. Os sinais clínicos são
característicos e referentes à anemia. O tratamento deve ser instituído
logo que se chegue ao diagnóstico da doença e feito de forma agressiva. O
Cocker Spaniel é a raça mais predisposta à ocorrência desta enfermidade,
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porém, no presente estudo, o cão atendido foi um Labrador de três anos
de idade, cujo exame apresentou sinais condizentes com anemia
hemolítica imunomediada. O diagnóstico foi fechado com o teste de
aglutinação em salina, seguido por PCR positivo para Ehrlichiose como
causa base da doença, e por isso é fundamental que seja feito o
tratamento da causa primária juntamente com o tratamento
imunossupressor. O prognóstico foi reservado devido ao estado geral do
paciente.

INTRODUÇÃO:

A AHIM é uma doença caracterizada pela destruição de hemácias com


ação do próprio organismo, devido à atividade de anticorpos
antieritrocitários, levando à hemólise intra ou extravascular. Acomete
animais de todas as idades, sexo e raça. Os sinais mais comuns são: apatia,
anorexia, hepatoesplenomegalia, mucosas hipocoradas ou ictéricas,
intolerância ao exercício. O prognóstico geralmente é reservado.

DESCRIÇÃO DO RELATO DE CASO:

No dia 05 de Agosto de 2015, foi atendido no Hospital Veterinário um


canino da raça Labrador de três anos de idade, macho, não castrado
proveniente de ambiente rural, com histórico de apatia, anorexia,
emagrecimento, fezes escurecidas e cansaço fácil há 4 dias; icterícia e
urina de coloração alaranjada há 3 dias. Ao exame físico, foi constatada
desidratação moderada, TPC de três segundos, linfonodos
submandibulares reativos, icterícia em mucosas oculares, oral, região
abdominal, axilar e pênis. Presença de crepitações em auscultação
pulmonar.
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Foram solicitados exames laboratoriais como hemograma completo, que
apresentou anemia regenerativa (25% de volume globular), aumento de
proteína total (12 mg/dl), trombocitopenia (74.000/mm³) e leucocitose
por neutrofilia e monocitose. Ao perfil bioquímico, foi observado discreto
aumento de uréia, ALT (1863 U/L) e FA (314,5 U/L), hiperproteinemia com
hiperglobulinemia, e também aumento de bilirrubina total (direta e
indireta). Na urinálise foi detectado aumento da densidade (1,060),
proteinúria (três cruzes), bilirrubinúria (três cruzes), sangue oculto (quatro
cruzes). Também foram solicitados exames complementares, como teste
de aglutinação em salina cujo resultado foi positivo, sorologia para
leptospirose que não apresentou reação, e campo escuro negativo. Foram
feitos PCR para Babesia spp e Ehrlichia canis, sendo o resultado negativo e
positivo, respectivamente.

O animal foi mantido sob internação, e o protocolo adotado para o


paciente foi: Doxiciclina 15 mg/kg SID, Omeprazol 1 mg/kg SID,
Prednisolona 2 mg/kg BID, Ceftiofur 7,5 mg/kg SID, Silimarina 50mg/kg e
Bromexina 0,5mg/kg; além de fluidoterapia com Ringer com Lactato
suplementado com complexo B e vitamina C.

Mesmo com o tratamento adotado, a anemia permanecia progredindo, e


por isso foi dobrada a dose de Prednisolona (4 mg/kg, BID). Após
permanecer dez dias internado, o paciente recebeu alta hospitalar para
dar continuidade ao tratamento para Ehrlichiose e AHIM em casa, com
adição de Micofenolato Mofetil (15 mg/kg, SID, durante 7 dias). Após sete
dias o animal retornou ao Hospital Veterinário, porém os proprietários
alegaram problemas financeiros e não permitiram a realização de exames
para controle. Ao exame clínico, o animal apresentava melhora
significativa com mucosas discretamente ictéricas e comportamento ativo.

DISCUSSÃO:

Conforme citado por Moraes e Takahira (2013), os achados de exame


físico associados aos exames laboratoriais eram condizentes à AHIM e
Ehrlichiose, que foram confirmadas com teste de aglutinação em solução
salina e PCR, respectivamente. A hiperbilirrubinemia, segundo SCOTT-
MONCRIEFF et al (2001), é um fator comum em casos onde há hemólise
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intravascular excessiva, em que o fígado fica sobrecarregado ao tentar
sintetizar uma carga alta de bilirrubina e esta permanece na corrente
sanguinea, justificando também a icterícia.

O tratamento de AHIM é baseado em imunossupressão e


imunomodulação, conforme descrito por Swann e Skelly (2011), o que foi
realizado inicialmente com Prednisolona, e por não ter apresentado o
resultado esperado, optou-se por dobrar a dose e posteriormente associar
o Micofenolato Mofetil.

É fundamental que seja realizado o tratamento da causa base, e nesse


caso, a Ehrlichiose foi tratada com Doxiciclina conforme descrito
anteriormente. Após o reajuste no tratamento imunossupressor, foi
notado melhora clínica do paciente com o estacionamento da anemia, o
que ressalta a importância de acompanhamento hematológico e
associação entre drogas para o tratamento do distúrbio imunomediado.

Neste caso, o prognóstico era reservado baseando-se no sistema de


escore proposto por Whelan et al (2006) devido às altas taxas de
bilirrubina, baixa taxa de albumina e também a presença de auto-
aglutinação.

CONCLUSÃO:

Baseando-se nos exames complementares, o diagnóstico de uma doença


infecciosa primária desencadeando uma doença autoimune foi feito com
precisão, e isto releva a importância de se investigar a fundo a causa tanto
primária quanto secundária da doença, e fazer o acompanhamento
hematológico visando a necessidade de reajustes no tratamento, com
associação entre drogas que juntas podem obter melhores resultados.

REFERÊNCIA:

MORAIS, L. F; TAKAHIRA, R. K. Avaliação dos distúrbios hemostáticos e dos


diferentes marcadores de prognóstico clínico-laboratoriais em cães com
anemia hemolítica imuno-mediada. Veterinária e Zootecnia, p. 10-19.
2013.
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SCOTT-MONCRIEFF, J. C. Distúrbios imunimediados. In: NELSON, R, W;
COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Ed: Elsevier Brasil,
4ª edição, 2010.

SWANN, J. W; SKELLY, B. J. Evaluation of imunossupressive regimens for


immune-mediated haemolytic anaemia: a retrospective study of 42 dogs.
Journal of Small Animal Practice, v. 52, p. 353-358. 2011.

WHELAN, M. F, ROZANSKI, E. A, O’TOOLE, T. E, CRAWFORD, S. L, HOLM, J,


COTTER, S. M. Use of the canine hemolytic anemia objective score
(CHAOS) to predict survival in dogs with immune- mediated hemolytic
anemia. Research Abstract Program of the 24th Annual ACVIM Forum;
Louisville. Louisville – KY: ACVIM; 2006.

10. ANISOCORIA E SUAS VIAS NEUROANATÔMICAS: REVISÃO.

EDISON LUIZ PRISCO FARIAS1, ALTINA B. BARBOSA2 E RODRIGO LIMA2


1
Docente do Departamento de Anatomia, UFPR
2
Discentes do Curso de Medicina Veterinária, UFPR

RESUMO:
Anisocoria carcteriza-se pelo diâmetro assimétrico ou desigual das pupilas.
Esta condição pode ser causada por lesões das vias aferentes e eferentes
no sistema nervoso que respondem pelo controle do diâmetro pupilar.
Esta revisão descreve as vias neuroanatômicas dos reflexos pupilares e as
principais doenças neurológicas que podem originar anisocoria em cães e
gatos

INTRODUÇÃO:

Anisocoria caracteriza-se pelo diâmetro assimétrico ou desigual das


pupilas. Esta condição pode ser causada por lesões das vias aferentes e
eferentes no sistema nervoso que respondem pelo controle do diâmetro
pupilar. Estruturas oculares como a íris e a lente além da elevação da
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pressão intra-ocular podem ser responsáveis pela anisocoria. Quando
associada somente ao sistema nervoso a anisocoria pode ter origem por
lesões na divisão central ou periférica. No sistema nervoso central os
segmentos cervicais e cervicotorácicos da medula espinhal, áreas
mesencefálicas e vestibulares do tronco do encéfalo e estruturas
cerebrais ( telencéfalo e diencéfalo) podem responder pela assimetria
pupilar. No sistema nervoso periférico as alterações no nervo oculomotor
(III par craniano), das fibras simpáticas presentes no tronco
vagossimpático e no gânglio cervical cranial são as principais responsáveis
pela anisocoria. Objetivos: Descrever as vias neuroanatômicas e indicar as
lesões mais frequentes no sistema nervoso ocasionando a assimetria
pupilar em cães e gatos.

DESENVOLVIMENTO:

O conhecimento das vias neuroanatômicas centrais ou periféricas são


imprescindíveis para a compreensão do diâmetro pupilar e sua resposta à
luz e às alterações comportamentais. O diâmetro pupilar é mediado pelas
vias simpáticas e parassimpáticas. A inervação parassimpática do olho por
ação do nervo oculomotor, III par craniano, responde como via aferente à
luz, enquanto a inervação simpática é estimulada pela excitação, medo ou
agressividade. A anisocoria pode ser encontrada nas lesões do nervo
óptico, II par craniano, ou no trato óptico, no mesencéfalo (parte rostral
do colículo rostral, área pré-tectal e trato tegmentotecto-espinhal), nos
componentes parassimpáticos do nervo oculomotor (núcleo de Edgar-
Westphal próximo a linha mediana ventral da parte rostral do aqueduto
do mesencéfalo) ou nos neurônios simpáticos para o músculo dilatador da
Íris. Nas lesões com envolvimento dos segmentos cervicais (C1-C5) ou
cervicotorácicos (C6-T2) poderá ser observada a síndrome de Claude-
Bernard-Horner (SCBH) pela denervação simpática ocasionando miose,
enoftalmia, protrusão da terceira pálpebra e ptose palpebral superior. As
protrusões de disco, avulsões do plexo braquial, processos inflamatórios
da orelha média, neurofibromas e embolia fibrocartilaginosa estão entre
as causas mais frequentes. No envolvimento unilateral do corpo branco
medular do cerebelo afetando os núcleos interposital e fastigial ou com
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lesões assimétricas podem ser observadas dilatação pupilar e anisocoria,
respectivamente. A anisocoria devido a lesões vestibulares pode cursar
com sinais de paralisia facial e SCBH tendo como causa primária processos
inflamatórios das orelhas média e interna. No equino as fibras simpáticas
não passam pela parte petrosa do osso temporal e, portanto, não causam
anisocoria nas otites médias. No cavalo as fibras simpáticas para a pupila
podem sofrer dano devido ao seu trajeto próximo a bolsa medial do
divertículo da tuba auditiva. No cérebro o adenoma da hipófise, o
adenocarcinoma nasal, as massas granulomatosas devido à toxoplasmose
e micoses, hidrocefalia, tumores cerebrais (tanto no telencéfalo quanto no
diencéfalo) e, além destes, a encefalopatia isquêmica dos felinos são as
causa mais frequentes de anisocoria. Se os tratos ópticos e o quiasma
óptico estiverem envolvidos poderá ser observada a anisocoria. O
quiasma óptico apresenta decussação parcial das fibras que difere entre
as espécies domésticas. Nos carnívoros a decussação se dá com
aproximadamente 75% enquanto que no equino e bovino a decussação
ocorre atingindo 90% das fibras.

CONCLUSÃO:
O conhecimento das vias neuroantômicas responsáveis pelo diâmetro
pupilar é fundamental para a interpretação dos sinais clínicos dos animais
com anisocoria, durante o exame neurológico, para a elaboração de
diagnóstico anatômico e de provável evolução das lesões no sistema
nervoso.

REFERENCIAS:

BRAUND, K.G. Anisocoria: its relationship to neurologic syndromes. Vet


Med, v.82, p. 997-1010, 1987.
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DE LAHUNTA, A.; CUMMINGS, J.F. Neuro-ophthalmologic lesions as a
cause of visual deficit in dogs and horses. J. Am. vet. med. Ass. n.150, p-
994-1011, 1967.

JENKINS, T.W. Functional Mammalian Neuroanatomy, 2 ed. Philadelphia:


Lea and Febiger, 1978, 480p.

MAYHEW, I.G. Neuro-ophtalmology: A Review. Equine Vet J. v.37, p-80-88,


2010.

OLIVER, J.E.; HOERLEIN, B.F.; MAYHEW, I.G. Veterinary Neurology,


Philadelphia: W.B. Saunders, p-7-56,1987.

11. ARTRITE REUMATOIDE CANINA – RELATO DE CASO


REBECA BACCHI-VILLANOVA1, GUILHERME FERNANDO DE CAMPOS2;
POLIANA FREITAS2; SABRINA MARIN RODIGHERI3; PATRÍCIA MOSKO1;
ALYNE ARIELA2
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – PUCPR
2
Médico Veterinário Autônomo
3
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária –
FCAV-UNESP/Jaboticabal
RESUMO:
A artrite reumatoide é uma artropatia erosiva imunomediada de etiologia
desconhecida, rara em cães. Foi atendido um paciente da espécie canina
com histórico de deformidade nas articulações rádio-ulnar-carpianas com
evolução de 3 anos. Apresentava apatia, perde de peso, rigidez após
repouso, edema articular e claudicação de apoio. O diagnóstico foi de
artrite reumatoide, sendo tratado com prednisolona, tramadol e
amitriptilina. Cerca de 90 dias após o diagnóstico, a paciente permaneceu
estável e parcialmente ativa, porém com progressão das alterações
morfológicas da doença nas articulações referidas.

INTRODUÇÃO:
Artrites são afecções articulares inflamatórias separadas em diferentes
classificações, sendo infecciosas e não infecciosas, que por sua vez são
divididas em erosivas e não erosivas (Brenol et al., 2007). A artrite
reumatoide é um artropatia autoimune, não-infecciosa, caracterizada pela
destruição crônica, bilateralmente e erosiva das articulações (Brenol et al.,
2007). Os antígenos são imunoglobulinas alteradas do hospedeiro (IgG e
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IgM), conhecidas como fatores reumatoides. É uma condição incomum,
que ocorre em cerca de 2 para cada 25000 cães (Bennet, 2004), causando
lesões irreversíveis e muito dolorosas, afetando drasticamente a
qualidade de vida dos pacientes acometidos. Poucos pesquisadores
dedicam-se a este tema, o que distancia da cura desta doença (Goeldner
et al., 2011). Este trabalho tem como propósito apresentar um caso de
artrite reumatoide canina discutindo seus principais aspectos.

RELATO DE CASO:
Um cão, sem raça definida, fêmea, de 5 anos de idade, foi atendido em
um hospital veterinário com um histórico de deformidade no carpo com
evolução de 3 anos. Há um mês apresentava apatia, hiporexia,
emagrecimento progressivo, rigidez após repouso das articulações
referidas e grande dificuldade de locomoção. Alopecia em face medial de
região társica esquerda também foi relatada pelo responsável, devido a
lambedura constante deste local. No exame ortopédico foi observado
edema, efusão articular, crepitação e instabilidade em região de carpo
bilateralmente com severa deformidade valga. A radiografia da articulação
rádio-ulnar-carpiana revelou edema e espessamento de tecidos
periarticulares bilateralmente, subluxação dos ossos do carpo, áreas de
erosão subcondral de rádio, ulna e metacarpos com discreta reação
periosteal. Já na articulação társica esquerda, foi detectado edema e dor à
manipulação, sem alterações radiográficas significativas. O exame
ultrassonográfico abdominal, hemograma, exames bioquímicos (alanina
aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), creatinina e uréia) e
urinálise não revelaram alterações. Foi realizada artrocentese da
articulação cárpica direita, na qual o líquido sinovial apresentou-se turvo
com valores de proteína e neutrófilos acima do valor de referência, e
coloração eosinofílica ao fundo indicando presença de mucina. Foi
prescrito prednisolona (3 mg/kg/SID/30 dias), cloridrato de tramadol (3
mg/kg/TID/15 dias) e amitriptilina (2,14 mg/kg/BID por tempo
indeterminado). Após 30 dias de tratamento, o paciente apresentava-se
mais ativo e com redução do edema articular. Foi recomendada a redução
gradual da dose diária de prednisolona para 1,4 mg/kg. Após nove dias, o
paciente manteve-se estável e a dose da prednisolona foi mantida,
passando o intervalo de administração para 48 horas. Três meses após o
diagnóstico e início do tratamento, o paciente permaneceu estável e
ativo, com discreta progressão das alterações morfológicas da doença.

DISCUSSÃO:
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A artrite reumatoide pode acometer cães de qualquer raça, sendo mais
observada em adultos (Goeldner et al., 2011), conforme observado no
caso referido. A maioria dos cães afetados apresenta histórico de rigidez
após períodos de repouso, apatia, anorexia, febre, claudicação ou
dificuldade de locomoção (Goeldner et al., 2011). Normalmente a
destruição crônica e erosiva é bilateralmente simétrica (Renberg, 2005). O
paciente do presente relato apesentou todos os sinais clínicos descritos,
com exceção da febre. Conforme a doença progride, o exame clínico
revela crepitação, frouxidão, luxação e deformidade nas articulações
(Goeldner et al., 2011), assim como observado nas articulações de
membros torácicos do paciente, nas quais a doença se mostrou mais
avançada. As articulações do carpo deste paciente apresentavam
deformidades angulares óbvias, provocando a claudicação, sendo isso
relatado por diversos autores (Pedersen et al., 2005; Renberg, 2005). Os
sinais radiográficos concordam com a literatura (Brenol et al., 2007). Na
avaliação do líquido sinovial é esperada uma elevada contagem de
neutrófilos (Renberg, 2005), presença de precipitado de mucina, aspecto
turvo da amostra e ausência de microrganismos (Renberg, 2005), o que
indica uma sinovite inflamatória (Pedersen et al., 2005). No hemograma
podem ser detectadas alterações relacionadas ao processo inflamatório,
como leucocitose por neutrofilia (Pedersen et al., 2005), embora o
paciente não apresentasse estes achados hematológicos.
Lúpus eritematoso sistêmico (LES) deve ser descartado (Renberg, 2005). O
paciente possuía apenas dois sinais que estão presentes no LES: poliartrite
e lesões cutâneas, no entanto as lesões cutâneas eram causadas por
lambedura, sugerindo dor devido ao comprometimento articular. A
urinálise da paciente não possuía alterações, descartando, a
glomerulonefrite, uma das complicações mais comuns do LES. Além disso,
a artrite por LES se apresenta não erosiva na radiografia (Colopy et al.,
2010). No paciente descrito, apesar de não ter sido possível dosar o fator
reumatoide, o diagnóstico foi baseado no histórico, sinais clínicos,
achados radiográficos, pela presença do precipitado de mucina no líquido
sinovial e pela exclusão de outras doenças que causam esse tipo alteração
articular. O tratamento da artrite reumatoide canina baseia-se na
imunossupressão. (Goeldner et al., 2005). O objetivo principal do
tratamento é a remissão dos sinais clínicos e retorno razoável da função
dos membros (Goeldner et al., 2005) objetivos alcançados no paciente
descrito. Como o uso de corticosteroides pode trazer muitos efeitos
colaterais a procura por novas drogas tem sido realizada. Dentre estas
drogas está a leflunomida, que tem se mostrado eficaz do tratamento
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desta afecção (Colopy et al., 2010). Campos et al. (2014) demonstraram
resultados satisfatórios com o emprego dessa droga. A monoterapia com
a prednisolona foi suficiente para recuperar a qualidade de vida da
paciente do presente relato, porém não foi possível avaliar seus efeitos
colaterais a longo prazo.

CONCLUSÃO:
A artrite reumatoide é uma doença incomum na medicina veterinária e de
difícil manejo, uma vez que seu tratamento, na maioria das vezes, é
baseado no uso de corticoides e estes possuem muitos efeitos colaterais.
Embora se consiga um razoável controle da dor e remissão dos sinais
clínicos com a imunossupressão, as lesões previamente instaladas
possuem caráter irreversível. O diagnóstico é feito pela dosagem do fator
reumatoide, porém o histórico, sinais clínicos e radiográficos são fortes
sinalizadores da doença.

REFERÊNCIAS:
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reumatóide e aterosclerose. Revista da Associação Médica Brasileira, v.
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S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – doenças
do cão e do gato. São Paulo, Ed: Guanabara, 2004, p. 1958-1965.
3. GOELDNER, I.; SKARE, T.L.; REASON, I.T.M. et. al. Artrite
reumatoide: uma visão atual. Jornal Brasileiro de Patolologia e Medicina
Laboratorial, Rio de Janeiro , v. 47, n. 5, p. 495-503, 2011.
4. RENBERG, W. C. Pathophysiology and Management of Arthritis.
Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 35, 1073-
1091, 2005.
5. PEDERSEN, N. C.; MORGAN, J. P.; VASSEUR, P. B. Doenças articulares
de cães e gatos. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina
Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 5 ed. Rio de Janeiro. Ed.
Guanabara Koogan S.A., 2004. v. 2, p. 1962-1988.
6. COLOPY, S.A.; BAKER, T.A.; MUIR, P. Efficacy of leflunomide for
treatment of immune-mediated polyarthritis in dogs: 14 cases (2006-
2008). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 236, p.
312–318, 2010.
7. CAMPOS, G. F.; BEHNE, N.; CASAGRANDE, A. J. et al. Uso da
leflunomida na artrite eroerosive um cão – relato de caso. Anais do XI
36
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Congresso Brasileiro De Cirurgia do CBCAV e I Congresso Internacional de
Cirurgia do CBCAV, p. 370-373, 2014.

12. ARTRODESE TEMPORARIA BILATERAL PARA A CORREÇÃO DE


LUXAÇÃO DE COTOVELO - RELATO DE CASO
ORLANDO MARCELO MARIANI¹, LEONARDO LAMARCA DE CARVALHO¹,
ELAINE CRISTINA STUPAK¹, DANIEL KAN HONSHO¹, CRISTIANE DOS SANTOS
HONSHO¹
Universidade de Franca – UNIFRAN
RESUMO:
Uma cadela da raça Cocker Spaniel com dois meses de idade foi
diagnosticada com luxação congênita do cotovelo bilateralmente. Foi
instituído tratamento cirúrgico para redução e estabilização da articulação
úmero-radio-ulnar, obtendo-se retorno da função de ambos os membros
torácicos.
INTRODUÇÃO:
A luxação congênita do cotovelo pode ser considerada como uma das
principais causas não traumáticas de claudicação de membro anterior que
afeta cães recém-nascidos (Valastro et al., 2005; Piermattei, 2009;
Mcdonell, 2004). Ao nascimento, ou logo após este, é observada a
deformidade do membro torácico, o diagnóstico pode ser feito com base
nos achados de exame ortopédico e radiográfico. O exame de imagem
radiográfico é imprescindível para confirmar a moléstia e diferencia-la de
outras doenças do desenvolvimento como a ectrodactilia e fechamento
prematuro da linha fisária distal da ulna (Mcdonell, 2004; Webster et al.,
2012).
O presente trabalho teve como objetivo relatar o caso de um paciente
canino com luxação lateral congênita bilateral de cotovelo, que foi tratada
cirurgicamente através da colocação de pino transarticular, apresentando
retorno da função normal de ambos os membros.
RELATO DE CASO:
Passou por consulta uma cadela da raça Cocker spaniel, com dois meses
de idade, pesando 2 kg, e histórico de dificuldade deambulatória e
deformidade bilateral em membros torácicos desde o nascimento, sem
progressão ou histórico de trauma. Ao exame físico geral notou-se
alteração postural e desvio valgus em membros torácicos. Demais
parâmetros apresentavam-se dentro da normalidade. Ao exame
ortopédico detectou-se em ambas as articulações do cotovelo, ausência
de dor, aumento de volume local, incapacidade de realizar movimentos de
flexão e extensão, bem como desvio lateral do olecrano, característico de
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luxação lateral de cotovelo bilateral. Não foram observadas outras
alterações ortopédicas.
Os exames de sangue como hemograma, função renal e hepática, e
proteínas totais, estavam sem alterações dignas de nota.
Realizou-se imagens radiográficas nas projeções médio-lateral e crânio-
caudal de ambas articulações afetadas, onde pode-se observar luxação
lateral de cotovelo, bilateral.
Instituiu-se inicialmente, o tratamento conservativo, porém tal
tratamento não foi considerado satisfatório, sendo assim optou-se pelo
tratamento cirúrgico.
Para a intervenção cirúrgica o animal passou por padrões anestésicos de
rotina como a medicação pré anestésica, indução e manutenção.
As articulações úmero-radio-ulnar direita e esquerda foram acessadas por
meio da abordagem da região supracondilar do úmero e da porção
úmero-ulnar caudal do cotovelo. Após a redução da luxação, as
articulações mantiveram-se reduzidas mediante a aplicação de um pino
introduzido a partir do terço médio caudal do olecrano em direção ao
terço distal do corpo do úmero. Após estabilização, o excesso de pino foi
cortado e suturou-se a fáscia, subcutâneo e pele.
Os pinos seriam removidos em 21 dias, porém aos 12 dias de pós-
operatório houve migração do pino introduzido no membro torácico
direito, o mesmo foi removido com 13 dias de pós-operatório, não
havendo luxação da articulação do cotovelo direito. O pino localizado em
membro torácico esquerdo foi removido com 21 dias de pós-operatório
não observando luxação após sua remoção.
DISCUSSÃO :
A afecção acomete principalmente raças caninas de pequeno e médio
porte, neste caso o paciente era da raça Cocker spaniel, que esta entre as
raças mais afetadas (Rahal et al., 2000; Mcdonell, 2004;).
A etiologia específica da luxação ainda é considerada uma incógnita,
porém existe algumas hipóteses que tentam desvendar a origem do
problema, segundo Piermattei (2009) a luxação congênita do cotovelo
pode ser causada pela aplasia do ligamento colateral lateral levando à
hipoplasia dos processos coronóide e ancôneo, e fossa troclear rasa.
São reconhecidos três tipos de luxação congênita da articulação do
cotovelo, sendo elas: Úmero-radial (tipo 1), úmero-ulnar (tipo 2) e a
combinação úmero-radial e úmero-ulnar (tipo 3) (Mcdonell, 2004). O
paciente do presente relato apresentava luxação congênita do tipo 3.
Neste caso optou-se pela aplicação de um pino transarticular em cada
cotovelo, que proporciona uma artrodese temporária, podendo causar
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certa rigidez articular impedindo que o cotovelo realize os movimentos de
flexão e extensão com o máximo de amplitude, porém é uma técnica
menos invasiva e com menor tempo de recuperação pós-operatória
quando comparada às técnicas que envolvem osteotomia, sendo assim
acredita-se que as vantagens superam as desvantagens (Piermattei, 2009).
Segundo Rahal (2000) casos de luxação bilateral, onde ambos os membros
foram operados no mesmo tempo cirúrgico apresentaram melhores
resultados em comparação aos realizados em tempos cirúrgicos
diferentes, pois no pós-operatório o animal tende a poupar o membro
operado, prejudicando a recuperação do mesmo e quando se opta pela
cirurgia bilateral concomitante força o animal a usar ambos os membros
operados de forma precoce, desta forma optou-se por realizar o
procedimento cirúrgico em ambos os cotovelos no mesmo tempo
cirúrgico.
CONCLUSÃO:
A aplicação cirúrgica de um pino transarticular a partir da ulna em direção
à epífise distal de úmero bilateralmente em um único tempo cirúrgico
demonstrou-se ser um tratamento eficaz neste caso específico de luxação
cotovelar congênita.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
McDONELL, H.L. Unilateral congenital elbow luxation in a Cavalier king
Charles Spaniel. Can Vet J 2004;45:941–943.
PIERMATTEI, D.L.; FLO, G.L.; DECAMP, E.C.; Ortopedia e tratamento de
fraturas de pequenos animais. 4.ed. Barueri: Manole, 2009, p. 369-382.
RAHAL, S.C.; DE BIASI, F.; VULCANO, L.C.; NETO, F.J.T. Reduction of
humeroulnar congenital elbow luxation in 8 dogs by using the
transarticular pin. The Canadian Veterinary Journal, Botucatu, v. 41, p.
849-853, 2000.
VALASTRO, C. ; BELLO, A.; CROVACE, A. Congenital elbow subluxation in a
cat. Veterinary Radiology & Ultrasound, Bari, v. 46, n. 1, p. 63-64, 2005.
WEBSTER, N.; ALLAN G.; LAMPEN, G.; MUNRO, Z. Radiographic features of
presumed congenital subluxation of the radio head in three
Newfoundland littermates. Journal of Small Animal Practice, v. 53, p. 365-
366, 2012.
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13. ASPECTOS QUALITATIVOS DA CARNE IN NATURA DE CORDEIROS
SUPLEMENTADOS COM GRÃOS DE GIRASSOL ASSOCIADOS À VITAMINA
E

Fabiana Alves de Almeida, Américo Garcia da Silva Sobrinho, Ronaldo de


Oliveira Sales,

RESUMO:
Avaliou-se perdas de peso na cocção, maciez, capacidade de retenção de
água e concentração de vitamina E da carne in natura de cordeiros Ile de
France alimentados com dietas contendo grãos de girassol associados à
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vitamina E, utilizando-se 32 cordeiros com peso corporal médio de 15 kg,
alojados em baias individuais e abatidos aos 32 kg de peso corporal. O
delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com
arranjo fatorial 2 x 2, sendo dois níveis para grãos de girassol (com e sem
grãos) e dois níveis de vitamina E (0 e 1000 mg/kg MS dieta). Para a
medida de força de cisalhamento e perdas de peso na cocção não houve
diferença (P>0,05) entre as dietas. Na capacidade de retenção de água,
houve diferença (P<0,05) entre os tratamentos com e sem grãos de
girassol e também entre os tratamentos com e sem vitamina E. As
interações entre os fatores vitamina E e grãos de girassol foram
significativas (P<0,05). A inclusão de vitamina E e grãos de girassol não
alterou a qualidade da carne, mas o maior teor de vitamina E foi
encontrado na carne dos animais que receberam vitamina E e grãos de
girassol.

INTRODUÇÃO:

Pesquisas relatam a vitamina E (α-tocoferol) como um eficiente


antioxidante lipossolúvel natural que sequestra radicais livres,
favorecendo a estabilidade oxidativa e a conservação dos produtos
cárneos. Sua ingestão na forma de alimentos está relacionada com a
prevenção de doenças, estimulação do sistema imune relacionados ao
envelhecimento.

O objetivo do presente trabalho foi determinar, perdas de peso na cocção,


maciez, capacidade de retenção de água e teor de vitamina E (α-
tocoferol), na carne in natura de cordeiros alimentados com dietas
contendo grãos de girassol associados à vitamina E.

MATERIAIS E MÉTODO:

Foram utilizados 32 cordeiros Ile de France, machos, com 15 kg de peso


corporal. Os tratamentos foram constituídos pelas seguintes dietas: D1 –
cana-de-açúcar + concentrado sem grãos de girassol; D2 – cana-de-açúcar
+ concentrado com grãos de girassol; D3 – cana-de-açúcar + concentrado
sem grãos de girassol e 1000 mg vitamina E/ kg de matéria seca (MS) da
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dieta e D4 – cana-de-açúcar + concentrado com grãos de girassol e 1000
mg vitamina E/ kg de MS da dieta. O concentrado foi composto por grão
de milho triturado, farelo de soja, ureia, cloreto de sódio, calcário
calcítico, fosfato bicálcico e suplementos vitamínico e mineral. A relação
volumoso:concentrado da dieta foi de 50:50 e ofertada ad libitum, às 8 h e
às 17 h. A determinação das perdas de peso na cocção e maciez segundo
(OSÓRIO, J.C.S.; et al., 1998). A capacidade de retenção de água segundo
Silva Sobrinho (1999). A concentração de vitamina E (α-tocoferol) segundo
Brubacher et al. (1985).

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com


arranjo fatorial 2 x 2, sendo dois níveis para grãos de girassol (com e sem
grãos) e dois níveis de vitamina E (0 e 1000 mg/kg MS dieta). Os dados
foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste Tukey com 5% de significância. Para as análises estatísticas, utilizou-
se o Programa AgroEstat v.1.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Os valores de perdas de peso na cocção, não diferiram (P>0,05) entre as


dietas (Tabela 1), mas houve interação (P<0,05) entre grãos de girassol e
vitamina E. Na interação o maior valor encontrado foi 40,38% (com
vitamina E e sem grãos de girassol), e o menor foi 37,37% (com vitamina E
e com grãos de girassol). Para a medida de força de cisalhamento, não
houve diferença (P>0,05) entre as dietas (Tabela 1), os valores variaram de
1,88 kgf/cm2 a 1,99 kgf/cm2.

Na capacidade de retenção de água (expressa em % de água retida),


houve diferença (P<0,05) entre os tratamentos com e sem grãos de
girassol e também entre os tratamentos com e sem vitamina E (Tabela 1).
A interação não foi significativa, indicando que os fatores avaliados não
são interdependentes.

As interações entre os fatores vitamina E e grãos de girassol (E x G) foram


significativas (P<0,05) fato que demonstra que grãos de girassol e vitamina
E.
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Os maiores valores para vitamina E obtidos no músculo Longissimus dorsi
foram para os tratamentos sem grãos de girassol e com vitamina E (0,63) e
com grãos de girassol e com vitamina E (0,65). E o menor valor foi
encontrado na carne dos animais que receberam dieta sem vitamina E e
com grãos de girassol (0,35) que não diferiu (P>0,05) do teor encontrado
na dieta sem vitamina E e sem grãos de girassol (0,37).

CONCLUSÃO:

A inclusão de vitamina E e grãos de girassol na dieta de cordeiros


confinados, não alterou as perdas de peso na cocção e maciez do músculo
Longissimus dorsi destes animais. No entanto o maior teor de vitamina E
foi encontrado no músculo dos animais que receberam vitamina E e grãos
de girassol.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRUBACHER, G.; MULLER-MULOT, W.; SOUTHGATE, D. A. T. Methods for


the determination of vitamins in food recommended by COST 91. New
York: Elsevier, 1985, p. 97-106, (MA-CQ.034).

SILVA SOBRINHO, A.G. Body composition and characteristics of carcass


from lambs of different genotypes and ages at slaughter. 1999. 54 f.
Thesis (PostDoctorate

BARBOSA, J. C.; MALDONADO, JR, W. AgroEstat: sistema para análises


estatísticas de ensaios agronômicos, 1.0. Jaboticabal, Funcap, 2010.

14. ASPECTOS RADIOGRÁFICOS E MICROTOMOGRÁFICOS DE UM


COMPÓSITO DE HIDROXIAPATITA, FIBROÍNA DE SEDA E ÁCIDO
HIALURÔNICO EM DEFEITOS ÓSSEOS

ANA PAULA LIMA PERDIGÃO1, MARCELA POLO COSTA MAFRA1, RODRIGO


VIANA SEPÚLVEDA1, FABRÍCIO LUCIANI VALENTE1, SÉRGIO AKINOBU
YOSHIOKA2, ANDRÉA PACHECO BASTISTA BORGES1

1 – Departamento de Veterinária, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,


Minas Gerais. Autora para correspondência: andrea@ufv.br.

2 – Universidade de São Paulo.


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RESUMO:

A reparação tecidual de defeitos ou fraturas ósseas muitas vezes é


impedida por más condições clínicas. Avanços na medicina regenerativa
buscam comprovar o uso de biomateriais como alternativa para correção
de defeitos ósseos, as vezes limitados nos tratamentos convencionais. O
objetivo desse trabalho foi avaliar o uso de compósito de hidroxiapatita e
fibroína de seda associado a diferentes concentrações de ácido
hialurônico em defeitos ósseos da ulna de coelhos. Para tal, os compósitos
foram implantados e a resposta corporal aos mesmos foi analisada nos
dias 7 e 30 pós-implante, por meio de exames radiográficos e
microtomográficos. A análise demonstra diminuição da radiopacidade nos
grupos tratados e aumento da radiopacidade do grupo controle. A
microtomografia computadorizada demonstrou a diminuição do diâmetro
do defeito no grupo tratado. Portanto, o uso dos compósitos é válido na
recuperação óssea.

INTRODUÇÃO:

As modalidades de tratamento convencionais utilizadas na reparação


tecidual óssea muitas vezes apresentam resultados insatisfatórios,
podendo levar a diminuição da qualidade de vida do animal, perda de
tecido ou dificuldade na sua reparação. Dessa forma, a medicina
regenerativa busca alternativas, como os biomateriais, que visam
restaurar, melhorar ou impedir os agravamentos da função tecidual
comprometida. Esse trabalho avaliou a resposta tecidual óssea à utilização
de compósito de hidroxiapatita (HAP), principal componente mineral dos
ossos, e fibroína de seda (FS), que possui flexibilidade e estabilidade
mecânicas adequadas, associado a diferentes concentrações de ácido
hialurônico (AH), componente essencial da matriz extracelular, com
objetivo de avaliar a propriedade osseocondutora e o potencial de
estímulo a regeneração de tecidos ósseos, a partir da caracterização da
resposta à interação compósito-tecidos.

MATERIAL E MÉTODOS:
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Foram utilizados 40 coelhos da raça Nova Zelândia, com idades entre
cinco e seis meses. Os animais foram divididos em quatro grupos iguais. O
grupo I (GI) recebeu apenas o compósito (HAP+FS). Os grupos II e III (GII e
GIII) receberam o compósito associado a 1% e 3% de AH,
respectivamente. Já o grupo controle (GIV) não recebeu nem o compósito
e nem o AH. Para realização do defeito ósseo experimental e implante dos
compósitos nos respectivos grupos, os animais foram anestesiados por
associação de tiletamina com zolazepam (30 mg/Kg, pela via
intramuscular) sendo a mantida a anestesia pela mistura de isoflurano
diluído em 100% de oxigênio. Para melhor analgesia trans-operatória, foi
realizado o bloqueio do plexo braquial com 1,5 mL de lidocaína a 2%. Em
seguida, uma falha óssea foi confeccionada na superfície cortical lateral do
olecrano com broca trefina de cinco mm. Então, nos grupos GI, GII e GIII, o
compósito foi implantado preenchendo todo o defeito. No grupo controle,
o defeito foi preenchido pelo coágulo. Para analgesia pós-operatória, os
animais receberam morfina (1 mg/Kg, via intramuscular) a cada oito horas
durante três dias. Imediatamente após a cirurgia, todos os animais foram
radiografados sendo que, aos sete e 30 dias pós-operatório, nos animais
de cada grupo foram realizadas radiografias nas posições mediolateral e
tangencial ao olecrano. As imagens obtidas foram analisadas no programa
ImageJ 1.47v, em que a razão dos graus de cinza entre a região do defeito
e do osso normal adjacente foi analisada. Para as análises tomográficas,
foram utilizadas quatro amostras de cada grupo, sendo duas amostras aos
sete dias e duas aos 30 dias de pós-operatório. Avaliou-se, de forma
qualitativa e macroscopicamente, características sugestivas de
crescimento ósseo, como irregularidade de borda do defeito realizado no
olecrano.

RESULTADO E DISCUSSÃO:
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Nas radiografias no pós-operatório imediato, nos três grupos tratados, foi
possível delimitar as bordas do defeito e notar uma radiopacidade
semelhante entre a região do defeito e o osso adjacente. Essa
radiopacidade pode ser explicada pela presença da HAP nos três
compósitos, já que possui elementos químicos de alto número atômico
em sua constituição, podendo ser observado na avaliação radiográfica
(Borges et al., 2000). No grupo controle, foi observada uma região de
menor radiopacidade quando comparada ao osso circunvizinho, devido ao
não tratamento do defeito ósseo. Nas radiografias referentes ao sétimo
dia pós-operatório foi observado, no grupo controle, que as bordas do
feito continuavam bem delimitadas, não sendo observada alteração na
radiopacidade (em relação a radiografia anterior) e nem presença de
reação periosteal. Nas radiografias referentes aos grupos tratados, foi
notado regiões de radiopacidade superior em relação ao osso adjacente,
também explicado pela composição da HAP sendo, portanto, considerado
normal. Nas radiografias do grupo controle referentes ao 30º dia de
análise, foi possível notar uma redução no tamanho do defeito, porém
ainda com radiopacidade inferior à do osso adjacente. Os animais
pertencentes aos grupos tratados apresentaram em suas radiografias uma
diminuição da radiopacidade na região do defeito, ainda que semelhante
ao osso adjacente em comparação às radiografias anteriores, sugerindo
proliferação de tecido conjuntivo e tecido ósseo ao redor do defeito e das
partículas de HAP o que faz com que a imagem se torne mais
radiotransparente, como descrito por Borges et al. (2000). Foi observado
também irregularidade nas bordas, sendo característica de neoformação
de tecido ósseo e osseointegração. Nas imagens tomográficas do grupo
controle foram observadas área enegrecidas não captadas pelo
tomógrafo, mas compatíveis com o defeito ósseo criado e não tratado.
Nos três grupos tratados, foi observado uma perda na regularidade da
borda do defeito, sugestivo de formação de tecido ósseo, sendo mais
evidente no GIII em comparação aos outros grupos.

CONCLUSÃO:
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A avaliação radiográfica e microtomográfica indicam que o compósito é
capaz de integrar-se ao osso, sendo que a associação a 3% de AH,
possivelmente, a mais eficiente no reparo de defeitos ósseos.

AGRADECIMENTOS:

Os autores agradecem a CAPES, CNPq e FAPEMIG pelo apoio financeiro.

A metodologia descrita nesse trabalho foi aprovada pela Comissão de


Ética no Uso de Animais da instituição pelo protocolo 61/2014.

REFERÊNCIA:

BORGES, A.P.B.; REZENDE, C.M.F.; RIBEIRO, M.F.B. et al. Hidroxiapatita


sintética (HAP-91) como substituto ósseo em defeito experimental
provocado no terço proximal da tíbia em cão: aspectos à microscopia
eletrônica de transmissão. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v.52, p.616-620, 2000.

15. ASSOCIAÇÃO ENTRE A RENDA FAMILIAR DE TUTORES DE CÃES E


GATOS E A PERCEPÇÃO DE ZOONOSES, EM BELÉM, PARÁ
CAROLINY DO SOCORRO BRITO SANTOS1, JAMILE ANDRÉA RODRIGUES DA
SILVA2, ANTÔNIO VINÍCIUS BARBOSA2, JEAN CAIO FIGUEIREDO DE
ALMEIDA1, MONIQUE LEÃO DELGADO1, YAN CARLOS CALDAS CRUZ1,
CAMILA DA CONCEIÇÃO CORDEIRO3
1
Discente de Medicina Veterinária - Universidade Federal Rural da
Amazônia.
2
Professora Adjunta II - Universidade Federal Rural da Amazônia.
3
Discente de Zootecnia - Universidade Federal Rural da Amazônia.

RESUMO:
Com o objetivo de avaliar a relação entre a renda familiar de tutores de
cães e gatos sobre a percepção de zoonoses, em Belém, Pará, foram
aplicados 289 questionários e formados cinco grupos em função da renda
familiar em salários mínimos (SM) - G1 (1 a 3 SM), G2 (3 a 6 SM), G3 (6 a 9
SM), G4 (9 a 12 SM) e G5 (mais de 12 SM). Houve diferença estatística
entre os grupos (P<0,05), onde o G2 e G4 foram os que mais souberam
conceituar a palavra Zoonose, com 69% (58/84) e 75% (9/12),
respectivamente. Quando os entrevistados foram questionados sobre a
ocorrência de zoonoses na família, o G5 foi o grupo que apresentou mais
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casos (21,4%), seguido do G1 (12,8%). Conclui-se que pessoas com renda
familiar acima de 12 salários mínimos precisam se conscientizar mais a
respeito da guarda responsável de animais de estimação, promovendo
vacinação e vermifugação regulares aos seus animais, a fim de evitar a
ocorrência de zoonoses.

INTRODUÇÃO:
Zoonose é qualquer doença e/ou infecção que é naturalmente
transmissível de animais vertebrados para o homem e a transmissão pode
ser dada de forma direta, através do contato físico da fonte primária de
infecção e o novo hospedeiro, e de forma indireta, através de um vetor ou
veículo. Assim, nessas circunstâncias, o ambiente apresenta um papel
fundamental (Zetun, 2009).
Muitas pessoas consideram os animais de estimação, especialmente cães
e gatos, como membros da família (Nunes et al, 2009). Portanto, o
constante contato entre os animais e os seres humanos torna a zoonose
uma constante preocupação do poder público e da sociedade. Estima-se
que cerca de 75% das doenças diagnosticadas em seres humanos, nos
últimos anos, têm sido causadas por patógenos originários de animais ou
de produtos de origem animal, por isso são um grande problema de saúde
pública (Ministério da Saúde, 2010).
A população canina e felina e suas conseqüentes zoonoses, atingem a
maioria dos municípios brasileiros, existindo estreita ligação desses
problemas com a situação sócio econômica dos proprietários desses
animais (Zetun, 2009). Assim, essa pesquisa objetivou avaliar a relação
entre a renda familiar de tutores de cães e gatos e a percepção sobre
zoonoses, em Belém, Pará.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram aplicados 289 questionários a tutores de cães e gatos, de diferentes
bairros de Belém, Pará e foram formados cinco grupos em função da
renda familiar em salários mínimos (SM), tais quais, G1, que foi formado
por tutores que têm renda familiar de um a três SM, G2, cujos integrantes
tinham renda familiar de três a seis SM, G3, que incluiu pessoas com
renda familiar de seis a nove SM, G4, que possuía indivíduos com renda de
nove a 12 SM e G5, cujos integrantes possuíam renda familiar acima de 12
SM. Dentre os entrevistados, 51,21% (148/289) constituíram o G1; 29,07%
(84/289), o G2; 10,73% (31/289) representavam o G3; 4,15% (12/289)
estavam no G4 e 4,84% (14/289) compunham o G5. As análises foram
realizadas utilizando o software IBM SPSS Statistics Data Editor, versão 19.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Houve diferença estatística entre os grupos (P<0,05), onde os grupos G2 e
G4 foram os que mais souberam conceituar a palavra zoonose, com 69%
(58/84) e 75% (9/12), respectivamente. 51,4% (76/148), 51,6% (16/31) e
57,1% (8/14) são os percentuais dos tutores dos grupos G1, G3 e G5,
respectivamente.
Foi observado nessa pesquisa que, embora muitos entrevistados
desconheçam o termo técnico, afirmaram que os seres humanos podem
adquirir enfermidades pelo contato com os animais de estimação. De
acordo com Lima et al. (2010), o conhecimento da possibilidade de
adquirir doenças leva à preocupação em evitá-las.
Quando os entrevistados foram questionados se já houve casos de
zoonoses na família, houve diferença estatística entre os grupos, sendo
que o G5 foi o que apresentou maiores ocorrências (21,4%), seguido do
grupo G1 (12,8%). As respostas dos outros grupos incluíram 6% do G2;
9,7% do G3 e 8,3% do G4.

CONCLUSÃO:
Conclui-se que pessoas com renda familiar acima de 12 salários mínimos
precisam se conscientizar mais a respeito da guarda responsável de
animais de estimação, promovendo vacinação e vermifugação adequadas
e regulares aos seus animais, a fim de evitar a ocorrência de zoonoses.

REFERÊNCIAS:
LIMA, A. M. A.; ALVES, L. C.; FAUSTINO, M. A. G.; LIRA, N. M. Percepção
sobre o conhecimento e profilaxia das zoonoses e posse responsável em
paisde alunos do pré-escolar de escolas situadas na comunidade
localizada nobairro de Dois Irmãos na cidade do Recife (PE). Ciência &
Saúde Coletiva,15(Supl. 1):1457-1464, 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Situação epidemiológica das zoonoses de
interesse para a saúde pública. Boletim eletrônico Epidemiológico, Ano 10,
n. 2, 2010. Disponível em: www.saude.gov.br/svs Acesso em: 28/08/2015.
NUNES, E.R.C.; ALMEIDA, D.B.A.; GONÇALVES, M.A.; SILVA,
M.R.;MACÁRIO, V.; MEDEIROS JÚNIOR, A.G.; ROSA, M.G.S.; RODRIGUES,
A.E.N. Percepção dos idosos sobre o conhecimento e profilaxia de
zoonoses parasitárias.In: Anais da 9ª Jornada de Ensino, Pesquisa e
Extensão e 6ª Semana Nacionalde Ciência e Tecnologia; 2009, Recife.
Recife: JEPEX; 2009.
49
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WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). 10 factsonbreastfeeding.
WorldHealth Organization. 2012.
ZETUN, C.B.
Análise quali-quantitativa sobre a percepção da transmissão de
zoonoses em Vargem Grande, São Paulo (SP): a importância dos animais
de companhia, da alimentação e do ambiente. Dissertação (Mestrado em
Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo,
119 p., 2009.

16. ATROFIA DE MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS ASSOCIADA AO LINFOMA


EM CÃO – RELATO DE CASO
GLAUCIA MARTINS ARNÁ¹; DOUGLAS LUÍS VIEIRA1; LAURA MIADAIRA
MARTINS PAIVA²; SIMONE TOSTES OLIVEIRA¹.
1 Universidade Federal do Paraná
2 Médica Veterinária, Clínica Clinvet, São Paulo.

RESUMO:
A forma multicêntrica do linfoma é a mais comumente encontrada na
espécie canina. Algumas complicações neurológicas podem anteceder o
diagnóstico clínico da neoplasia, ou acompanhar o desenvolvimento
tumoral, apresentando-se como lesões locais ou difusas e podendo
confundir o diagnóstico clínico. Foi atendida uma cadela com histórico de
apatia, inapetência e perda de peso com posterior atrofia severa de
músculos mastigatórios e ptose palpebral bilateral. Após ressonância
magnética e biópsia o diagnóstico foi de linfoma multicêntrico.

INTRODUÇÃO:
O linfoma é uma neoplasia linfoide que se origina de órgãos sólidos como
linfonodos, baço e fígado. Em cães o linfoma pode ser classificado,
segundo sua localização anatômica e critérios histológicos, em quatro
tipos, sendo a forma multicêntrica a mais comumente encontrada nesta
espécie, correspondendo a mais de 80% dos casos. O linfoma na forma
multicêntrica é caracterizado pela linfoadenopatia generalizada,
envolvimento hepático, esplênico ou de medula óssea ou uma
combinação destes (Nelson e Couto, 2006). Os sinais clínicos são
inespecíficos, tais como perda de peso, anorexia e letargia. Pode ocorrer o
desenvolvimento de lesões no sistema nervoso devido a efeitos indiretos
ou paraneoplásicos. Essas complicações neurológicas podem anteceder o
diagnóstico clínico da neoplasia, ou acompanhar o desenvolvimento
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tumoral, apresentando-se como lesões locais ou difusas, sendo as
principais manifestações fraqueza, intolerância a exercícios, hipotonia
muscular e atrofia muscular neurogênica (Bergman, 2013).

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Cadela Golden Retriever, seis anos de idade, pesando 46 kg, com histórico
de inapetência, perda de peso, e apatia. No hemograma foram
encontradas trombocitopenia e leucocitose. A suspeita foi de erlichiose,
sendo realizado o tratamento com doxiciclina e prednisona. Alguns dias
depois o animal retornou apresentando sinais neurológicos, com notável
atrofia de músculos mastigatórios (mm. masseter, temporal e pterigóides
medial e lateral) e ptose palpebral bilateral (Figura 1A). A suspeita então
foi de schwannoma, sendo instituído tratamento sintomático. Após dez
dias, o animal retornou com um grande aumento de volume de linfonodo
mandibular direito, foi realizada punção e o exame citológico foi sugestivo
de linfoma de grandes células. Através de ressonância magnética foram
observadas uma massa de 0,5 cm em nervo trigêmeo direito causando
leve compressão em tronco encefálico, e linfoadenomegalia de linfonodos
retrofaríngeos mediais e mandibulares direitos e esquerdos, medindo
cerca de 1,5 cm de espessura. Diante destes achados, o diagnóstico foi de
linfoma multicêntrico. A atrofia dos músculos mastigatórios foi compatível
com atrofia por denervação secundária a neoplasia do trigêmeo. Após
vinte dias, a cadela apresentou grande aumento em linfonodo mandibular
esquerdo (Figura 1B), do qual foi drenado conteúdo purulento. Apesar do
tratamento e aparente melhora por algumas semanas, a cadela retornou à
clínica dois meses depois do diagnóstico inicial de linfoma, apresentando
aumento de linfonodos mandibulares, anorexia e apatia e foi a óbito após
quatro dias.

DISCUSSÃO:
Geralmente cães com linfoma que apresentam comprometimento
periférico são avaliados pelos sinais clínicos secundários a uma síndrome
paraneoplásica, podendo-se citar as polineuropatias (Nelson e Couto,
2006). A cadela do presente relato apresentou atrofia de músculos
mastigatórios, assim como ptose palpebral bilateral, que ocorreram antes
do aumento aparente dos linfonodos palpáveis, confundindo e retardando
o diagnóstico de linfoma. O diagnóstico definitivo de neoplasia pode exigir
exames de imagem como a ressonância magnética (Taylor, 2010). Os
achados da biópsia associados à ressonância magnética possibilitaram o
diagnóstico de linfoma multicêntrico, sendo que a ressonância trouxe
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informações precisas do comprometimento do nervo trigêmeo e
linfonodos.
O linfoma é uma doença bastante grave que deve ser diagnosticada o
mais breve possível para que se estabeleça o tratamento adequado
objetivando a cura ou o aumento da qualidade e expectativa de vida do
animal. Infelizmente, o diagnóstico geralmente ocorre nos estágios mais
avançados da doença, o que agrava o prognóstico. O diagnóstico
diferencial é fundamental para exclusão de afecções com a mesma
apresentação clínica, possibilitando assim o tratamento precoce e
determinando de maneira mais consistente o prognóstico.

CONCLUSÃO:
O linfoma multicêntrico do presente relato causou atrofia de músculos
mastigatórios antes do aumento perceptível dos linfonodos palpáveis.
Esta apresentação da doença é incomum, devendo o clínico estar atento a
esta possibilidade.

REFERÊNCIAS:
BERGMAN, P.J. Paraneoplastics syndromes. In: WITHROW, S. J.;
CARDOSO, M. J. L., et al., Sinais clínicos do linfoma canino. Archives of
Veterinary Science, v 9, p 19- 24, 2004.
COUTO, C.G. ONCOLOGIA. IN: NELSON, R.W., COUTO, C.G. (Ed) Medicina
Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2006.
p.1059 -1117.
TAYLOR S. M. Doenças dos Nervos Periféricos e da Junção Neuromuscular.
Medicina Interna de Pequenos Animais. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2010. p. 1094-1109.

17. AVALIAÇÃO BIOLÓGICA DE IMPLANTES DE PLGA CONTENDO ÁCIDO


ROSMARÍNICO PARA O TRATAMENTO DE DOENÇAS PROLIFERATIVAS DA
RETINA

L. C. Vieira1, L. C.Domingos1, G. O. Fulgêncio1, S. L. Fialho2, R. Jorge3, A


Silva-Cunha1*

1
Universidade Federal de Minas Gerais, 31270-901, Belo Horizonte
2
Fundação Ezequiel Dias, 30510-010, Belo Horizonte, Brasil
3
Universidade de São Paulo, 14049900 - Ribeirão Preto, Brasil
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RESUMO:

O desenvolvimento de implantes intraoculares biodegradáveisdestina-se a


atingir níveis terapêuticos do fármaco no local de ação durante períodos
de tempo prolongados. No presente trabalho o objetivo principal foi a
avaliação do perfil de libertação in vivo e da toxicidade ocular de
implantes biodegradáveis de PLGA contendo ácido rosmarínico (RA),
polifenol com atividade antiangiogênica. Foram utilizados coelhos albinos
(n = 24) da raça Nova Zelândia e os implantes de PLGA contendo RA (25%)
foram implantados no olho direito de cada animal. O olho esquerdo foi
utilizado como controle. Os animais foram avaliados clinicamente antes da
cirurgia e semanalmente após a inserção. A função retiniana dos animais
foi avaliada por eletrorretinografia (ERG). O perfil de liberação in vivo do
RA foi avaliado por quantificação do fármaco liberado a partir dos
implantes e presente nos humores vítreo e aquoso. O RA pôde ser
detectado até a quinta semana no vítreo e no humor aquoso até a
segunda semana. Os sistemas não apresentaram nenhuma toxicidade e
permitiram a liberação do RA durante cerca de 2 semanas, o que sugere a
aplicação desses implantes no tratamento de doenças proliferativas da
retina.

INTRODUÇÃO:

As doenças proliferativas da retina, como a degeneração macular


relacionada à idade e a retinopatia diabética, são responsáveis pela
maioria dos casos de cegueira irreversível no mundo. Esse cenário,
portanto, estimula o desenvolvimento de novos tratamentos para
degenerações retinianas e outras doenças que atingem os tecidos
posteriores do olho. A eficácia do tratamento depende, basicamente, do
sucesso no transporte de doses efetivas de agentes farmacológicos
diretamente para os locais a serem tratados. Entretanto, as barreiras
naturais do olho, constituídas pela córnea, conjuntiva e sistema
hematorretiniano promovem uma baixa penetração dos fármacos no
interior do olho limitando os tratamentos disponíveis e exigindo cuidado
devido a possíveis ocorrências de efeitos adversos.

Este trabalho teve como objetivo a avaliação, por meio de estudos in vivo,
da farmacocinética e da toxicidade de implantes intraoculares
constituídos por uma matriz polimérica contendo o fármaco ácido
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rosmarínico para o tratamento de doenças oculares causadoras de
neovascularização, visando a disponibilização do fármaco no local, de
forma efetiva e segura.

MATERIAL E MÉTODOS:
Os implantes de ácido polilático-co-glicólico (PLGA) contendo 25% de RA
obtidos por moldagem a quente foram previamente desenvolvidos e
caracterizados. Nos estudos de liberação in vivo foram utilizados 24
coelhos albinos da raça Nova Zelândia. O experimento foi realizado em
conformidade com as normas da ARVO. Os protocolos foram submetidos
à aprovação pelo comitê de ética da FUNED. O olho direito de cada animal
recebeu o implante em estudo. O olho esquerdo dos animais foi utilizado
como controle.
A avaliação da toxicidade será realizada por meio de ensaios clínicos,
eletroretinográficos e histopatológico dos olhos dos animais, de acordo
com o procedimento descrito por Fialho (2006).
A avaliação clínica incluiu exames de inspeção ocular e oftalmoscopia
binocular indireta antes da cirurgia e semanalmente após a implantação
dos sistemas. A pressão intra-ocular (PIO) de ambos os olhos de cada
coelho foi mensurada. O eletrorretinigrama (ERG) foi utilizado para a
avaliação funcional da retina de coelhos. O ERG foi realizado um dia antes,
e 15 dias após os procedimentos respeitando as normas preconizadas pelo
ISCEV. Após 6 semanas da cirurgia, os animais foram sacrificados e os
olhos imediatamente enucleados e preparados para avaliação
histopatológica por microscopia de luz e eletrônica. O humor vítreo foi
retirado e utilizado para quantificação do RA liberado na cavidade vítrea
utilizando o método cromatográfico desenvolvido previamente.

RESULTADOS:
Durante o experimento, todos os animais apresentaram exames clínicos
normais, sem sinais de toxicidade. Após a análise de amostras de humor
vítreo, o RA pode ser detectado até a 5° semana do estudo, enquanto que
a maior concentração do fármaco foi observada na primeira semana (23,5
µg/mL). O AR foi detectado no humor aquoso até a segunda semana,
enquanto que a maior concentração do fármaco foi observada na primeira
semana (0,290 µg/mL). No eletrorretinograma dos animais, as ondas a e b
permaneceram inalteradas após a implantação dos sistemas, indicando
que não houve alteração na função retiniana dos animais.

CONCLUSÃO:
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Os implantes não apresentaram nenhuma toxicidade, após avaliação
clínica e eletrorretinografia, indicando que este pode ser um sistema
seguro para a aplicação ocular. Os sistemas biodegradáveis promoveram a
liberação de AR durante cerca de 2 semanas, o que sugere uma possível
aplicação no tratamento de doenças proliferativas da retina.

AGRADECIMENTOS:
CAPES, CNPq, FAPEMIG

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Inibidores da angiogênese para o tratamento da degeneração
macular relacionada à idade. Boletim Brasileiro de Avaliação de
Tecnologias em Saúde, p. 1-13, 2008.

KIM, J. H. et al. Rosmarinic acid suppresses retinal neovascularization via


cell cycle arrest with increase of p21(WAF1) expression. European journal
of pharmacology, v. 615, p. 150-4, 2009.

MITRA, A. K. Fundamentals of ocular drug delivery, 2010.

VIEIRA, L. C. Desenvolvimento de sistemas de liberação prolongada de


ácido rosmarínico para o tratamento de doenças oculares cusadoras de
neovascularização: obtenção e caracterização dos sistemas. Belo
Horizonte, Faculdade de Farmácia da UFMG, 2011. Dissertação (Mestrado
em Fármacos e Medicamentos).

ZHANG, J.J. et al. Rosmarinic acid inhibits proliferation and induces


apoptosis of hepatic stellate cells. Biological & pharmaceutical bulletin, v.
34, n. 3, p. 343-8, 2011.

18. AVALIAÇÃO CLÍNICA, HEMATOLÓGICA E HISTOPATOLÓGICA DE


TUMORES ESPLÊNICOS EM CÃES
SABRINA MARIN RODIGHERI1, GUILHERME FERNANDO DE CAMPOS2,
MARINA STEFFANELLO ROMANI2
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária –
FCAV-UNESP/Jaboticabal. Médica Veterinária responsável pelo serviço de
Oncologia do Hospital Veterinário Batel
2
Médico Veterinário autônomo

RESUMO:
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O objetivo do presente estudo foi realizar um estudo retrospectivo dos
tumores esplênicos em cães. Foram avaliados os prontuários de 32 cães
atendidos entre 2013 e 2015, submetidos a esplenectomia. Cães idosos,
sem raça definida, foram os mais afetados. As afecções neoplásicas
representaram 59,3% dos casos, sendo o hemagiossarcoma o tumor de
maior prevalência. Os sinais clínicos mais comuns foram apatia, hiporexia
e fraqueza. Os resultados demonstraram que cães com anemia e
hemoperitôneo apresentam maior probabilidade de apresentar neoplasia
esplênica maligna.

INTRODUÇÃO:
Neoplasias esplênicas são comumente diagnosticadas em cães, podendo
ser benignas ou malignas, primárias ou metastáticas. Como o baço é
formado por uma grande variedade de células, neoplasmas esplênicos
primários podem ter diversas origens, incluindo células endoteliais,
musculares, linfoides, nervosas e fibroblásticas (Bandinelli et al., 2011).
Hemorragia por ruptura tumoral, coagulação intravascular disseminada,
arritmias e disseminação tumoral representam as principais complicações
associadas a neoplasias esplênicas malignas (Warzee, 2012). Exames
complementares como hemograma, bioquímica sérica, ultrassonografia
abdominal, radiografia torácica e avaliação histopatológica devem ser
realizados para o diagnóstico da neoplasia, pesquisa de metástases e
avaliação clínica do paciente (Neer, 1996). A esplenectomia representa o
tratamento de eleição para as neoplasias esplênicas, entretanto, terapias
adjuvantes podem ser necessárias de acordo com o comportamento
biológico do tumor (Rodaski e Piekarz 2009).

METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo retrospectivo dos prontuários médicos de cães
submetidos a esplenectomia no período de 2013 a 2015. Informações a
respeito da idade, raça, sexo e sinais clínicos manifestados pelos
pacientes, resultado do hemograma prévio a esplenectomia, diagnóstico
histopatológico dos tumores e índice de óbito pós-operatório foram
registradas.

RESULTADOS:
32 pacientes com idade entre dois e 16 anos (média de 10 anos) foram
submetidos a esplenectomia devido a presença de nódulos esplênicos,
com tamanho variando de 0,5 a 15cm, detectados em avaliação
ultrassonográfica abdominal. 53,1% dos pacientes eram machos e 46.9%
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fêmeas. Cães sem raça definida (8/32) e das raças Lhasa Apso (3/32),
Dogue Alemão (2/32), Fila Brasileiro (2/32), Cocker Spaniel (2/32), Shih
Tzu (2/32) e Golden Retriever (2/32) foram os mais acometidos. Apatia,
anorexia, fraqueza e dor abdominal foram os sinais clínicos mais
relatados. Entretanto, em alguns animais, os tumores foram
diagnosticados acidentalmente durante avaliação clínica de rotina.
Observou-se hemoperitôneo devido a ruptura tumoral em 12 dos 32 cães
com tumores esplênicos (37,5%). 34,3% dos pacientes apresentavam
anemia, 28% leucocitose por neutrofilia, 3,1% trombocitopenia e 3,1%
trombocitose. Na avaliação histopatológica foi constatado que 59,3%
(19/32) dos tumores eram de origem neoplásica e 40,7% (13/32) de
origem não neoplásica. Dentre as neoplasias, 73,7% eram malignas, sendo
o hemangiossarcoma o tumor de maior prevalência (9/19). Os demais
tumores malignos foram diagnosticados como linfoma (2/19), sarcoma
histiocítico (1/19), sarcoma indiferenciado (1/19) e carcinoma metastático
(1/19). Dentre as neoplasias benignas, foram identificados três casos de
hemangioma e dois de mielolipoma. As afecções esplênicas não
neoplásicas incluíram hiperplasia nodular (7/13), hematoma (3/13),
congestão esplênica (2/15) e hematopoese extramedular (1/13). Nenhum
dos 32 animais avaliados evoluiu a óbito no período peri-operatório.

DISCUSSÃO:
Diferentes alterações podem comprometer o baço, incluindo distúrbios de
crescimento, processos inflamatórios, anormalidades circulatórias
(hematoma, congestão, trombose e infarto) e neoplasias. Todos estes
processos, sozinhos ou combinados, podem resultar em aumento
esplênico uniforme ou nodular (Valli 2007). A esplenectomia é indicada
em casos de ruptura, torção ou neoplasia esplênica (Warzee, 2012). As
neoplasias representam as alterações esplênicas mais comuns, sendo o
hemangiossarcoma o tumor de maior prevalência, conforme observado
no presente estudo (Christensen et al., 2009). Em alguns casos, o
hemangiossarcoma pode ser indistinguível macroscopicamente do
hematoma e do hemangioma, sendo necessária avaliação histopatológica
para confirmação diagnóstica (Bandinelli et al., 2011). A hiperplasia
nodular representa a afecção não neoplásica de maior incidência em cães,
sendo um importante diagnóstico diferencial do linfoma esplênico (Valli,
2007; Christensen, et al., 2009). Tumores esplênicos podem apresentar
crescimento silencioso, fazendo com que os pacientes sejam
assintomáticos nos estágios iniciais da neoplasia. O crescimento tumoral
tende a provocar sinais clínicos inespecíficos, como apatia, hiporexia e
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distensão abdominal, conforme observado no presente estudo. O exame
físico pode revelar palidez de mucosas, dor e aumento de volume palpável
em abdômen. A ruptura tumoral é acompanhada por fraqueza, dispneia,
síncope e morte súbita (Warzee, 2012). No presente estudo foi constatada
elevada incidência de hemoperitôrio decorrente de ruptura tumoral,
sendo oito casos associados a hemangiossarcoma, dois hemangiomas e
dois hematomas. Diversos fatores podem justificar a ocorrência de anemia
em cães com neoplasia esplênica, incluindo hemorragia, anemia de
doença crônica, anemia hemolítica microangiopática e anemia por
sequestro esplênico. Um aumento significativo dos leucócitos é
comumente encontrado em cães com torção esplênica e
hemangiossarcoma (Christensen et al., 2009). Pacientes com anemia
severa devem ser submetidos a transfusão sanguínea e monitoração
hemodinâmica no período peri-operatório (Warzee, 2012).

CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos permitem concluir que os distúrbios esplênicos não
neoplásicos não provocam alterações hematológicas significativas e
manifestam-se preferencialmente como lesões nodulares menores que
3cm. As afecções neoplásicas ocorrem preferencialmente em cães idosos,
apresentam diâmetro variável e induzem alterações hematológicas na
maioria dos animais. A ruptura tumoral é frequente em cães com
hemagiossarcoma esplênico.

REFERÊNCIAS:
1. BANDINELLI, M.B.; PAVARINI, S.P.; OLIVEIRA, E.C. et al. Estudo
retrospectivo de lesões em baços de cães esplenectomizados: 179 casos.
Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 31, n.8, p. 697-701, 2011.
2. CHRISTENSEN, N.; CANFIELD, P.; MARTIN, P. et al. Cytopathological and
histopathological diagnosis of canine splenic disorders. Australian
Veterinay Journal, n. 87, v. 5, p. 175-181, 2009.
3. NEER, T.M. Clinical Approach to splenomegaly in dogs and cats.
Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v.
18, n. 1, p. 35-46, 1996.
4. RODASKI, S.; PIEKARZ C.H. Diagnóstico e estadiamento clínico. In: DALECK,
C.R.; DE NARDI, A.B.; RODASKI, S. Oncologia em Cães e Gatos. 11ª ed.
Roca, São Paulo, 2009.
5. VALLI, V.E.O. Hematopoietic system, p.107-324. In: MAXIE, M.G.; JUBB, P.
Pathology of Domestic Animals. 5 ed. Saunders Elsevier, Philadelphia,
2007, p. 107-324.
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6. WARZEE, C.C. Hemolymphatic system. In: KUDNIG, S. T.; SEGUIN, B.
Veterinary Surgical Oncology. Willey-Blackwell, 2012, p. 604.

19. AVALIAÇÃO DA AÇÃO TERAPÊUTICA DE Copaifera duckei Dwyer EM


USO TÓPICO POR FONOFORESE.
ADRIANA CAROPREZO MORINI1; DALIANE FERREIRA MARINHO2; JAIRO
AUGUSTO DE SOUSA ARAÚJO3.
1
Médica veterinária, Doutora em ciências, docente da Universidade
Federal do Oeste do Pará (UFOPA); 2 Fisioterapeuta, mestranda em
Biociências da UFOPA; 3 Discente de Zootecnia da UFOPA.
RESUMO:
Esta pesquisa pretendeu realizar a avaliação da capacidade terapêutica da
utilização do OR de C.duckei em sua formulação em gel, através da sua
administração por fonoforese no tratamento do processo inflamatório
agudo de uma lesão muscular de origem traumática. Para tanto, este
trabalho foi realizado através de uma pesquisa experimental. Foram
utilizados os grupos teste: Controle, US, Tópico e Fonoforese. Sendo que a
eutanásia ocorreu 48h e no 7º dia após a lesão muscular traumática
induzida. Ocorreu a análise histológica dos resultados por microscopia
óptica de forma quantitativa. Os dados receberam tratamento estatístico
pelo software BioEstat 5.3. O gel por via tópica foi o que apresentou os
melhores resultados, seguido pelo tratamento por fonoforese, com
exceção da variável “núcleos centralizados”, onde os melhores resultados
foram encontrados no grupo US.

INTRODUÇÃO:
As lesões musculares de origem traumática estão entre as mais
comumente tratadas pelas ciências da reabilitação. Isso faz aumentar a
importância de se descobrirem novas e eficientes terapias
antiinflamatórias e de reparação tecidual. Destacam-se nesse sentido o
emprego de substâncias naturais com finalidade terapêutica, dentre elas
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as pesquisas que exploraram os efeitos do óleorresina (OR) de copaíba
(Montes et al., 2009).
O ultrassom (US) terapêutico é uma das terapias físicas mais utilizadas na
Fisioterapia como recurso eletrotermoterapêutico para aceleração do
processo de cicatrização tecidual (Engemann, 2010).
Com esta pesquisa foi realizada a avaliação da capacidade terapêutica da
utilização do OR de C.duckei em sua formulação em gel, através da sua
administração por fonoforese no tratamento do processo inflamatório
agudo de uma lesão muscular de origem traumática.
MATERIAL E MÉTODOS:
Este trabalho foi realizado através de uma pesquisa experimental. Para
esta pesquisas foram utilizados ratos da espécie Rattus norvegicus albinus
e linhagem Wistar, 40 machos adultos, sadios, com idade superior a 90
dias e peso entre 300 e 350 gramas. Os animais foram divididos
aleatoriamente em grupos compostos por cinco animais cada (n=5).
Os grupos de tratamento utilizados foram: Controle, Ultrassom, Uso
tópico e Fonoforese, duplicado de acordo com o momento de eutanásia,
48h e no 7º dia após a lesão muscular. O OR de C.duckei foi testado em
formulação em gel 10%. Sendo este proveniente da Floresta Nacional do
Tapajós (FLONA), coletado no período chuvoso. Inicialmente uma lesão
muscular foi induzida através de um mecanismo tipo queda livre com um
cilindro de 267g de massa. O tratamento iniciou 24h após a ocorrência da
lesão muscular.
Os parâmetros físicos do ultrassom utilizados, tanto na aplicação
convencional como no método de fonoforese foram: frequência de 1
MHz, com área de irradiação efetiva (ERA) de 1 cm²; modo de corrente
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pulsado (100Hz – 20%); intensidade média de 0,6 W/cm²; tempo de
aplicação de 1 mim/cm2 no dorso do membro posterior direito.
Após 6 dias de tratamento os animais sofreram eutanásia e foram
coletadas amostras do músculo gastrocnêmio, fixadas em paraformol a
4%, e em seguida enviadas ao processamento histológico para confecção
de lâminas histológicas. A análise histopatológica foi realizada de forma
cega e com a utilização de microscopia óptica de forma quantitativa. As
variáveis de interesse foram: células com núcleos centralizados; fibrose;
edema; necrose e células do infiltrado inflamatório.
Os dados relativos a estas análises foram armazenados e tabulados em
planilhas do software Excell 2007 e posteriormente receberam o
tratamento estatístico pelo software BioEstat 5.3. Para este estudo
experimental foi admitido o nível mínimo de significância de 0,05.
RESULTADOS:
Quanto à fibrose, no momento 48h após a lesão o grupo com menor área
de fibrose foi o grupo controle e no momento 7º dia foi o grupo US. Em
relação à variável edema, no momento 48h o grupo que apresentou a
menor área de edema foi à fonoforese e no momento 7º dia foi o uso
tópico. Em relação à formação de necrose, no momento 48h a menor área
de necrose foi observada no grupo fonoforese e no 7º dia foi no grupo
tópico. Quanto à intensidade do infiltrado inflamatório no momento 48h o
grupo controle apresentou os menores resultados e no momento 7º dia
foi à terapia por uso tópico. Conforme o esperado, no momento 48h
nenhum dos grupos de terapias apresentaram núcleos
centralizados/campo, já no 7º dia o grupo US apresentou o maior número
de células com núcleo centralizado/campo.
DISCUSSÃO:
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Não foram encontrados na literatura estudos que tenham testado a
atividade antiinflamatória e de cicatrização muscular do OR de C.duckei
através da técnica de fonoforese. No entanto, existem algumas pesquisas
que já puderam comprovar os efeitos terapêuticos positivos de outras
plantas medicinais através da técnica de fonoforese. Como exemplo,
podemos citar os trabalhos realizados com arnica, andiroba, calêndula,
aloe vera e até mesmo outras espécies de copaíba, como a C.reticulata e
C.langsdorff (Brito et al., 2006; Ricoldy et al., 2010; Alfredo et al., 2009;
Maia Filho et al., 2010). E trabalhos que avaliaram a aplicação por
fonoforese de fármacos como hidrocortizona, diclofenaco dietilamônio e
dimetilsulfóxido (DMSO) (Koeke et al., 2005; Silveira et al., 2010). No
entanto, através de metodologias de aplicação e análise diferentes, apesar
de semelhantes.
CONCLUSÃO:
O gel por via tópica foi o que apresentou melhores resultados, seguido
pelo tratamento por fonoforese, com exceção da variável “núcleos
centralizados”, onde os melhores resultados foram encontrados no grupo
US.
O projeto de pesquisa foi aprovado pela CEUA/UFOPA, parecer No 09007-
2013. Cadastrado/aprovado no SISBIO/ICMBio, autorização No 44266-2.
REFERÊNCIAS:
ALFREDO, P.P.; ANARUMA, C.A; PIÃO, A.C.S. et al. Effects of
phonophoresis with Arnica montana onto acute inflammatory process
in rat skeletal muscles: An experimental study. Ultrasonics 49, 466–471,
2009.
BRITO, M.V.H.; FIGUEIREDO, R.C.; TAVARES, M.L.C. et al. Efeito dos óleos
de andiroba e copaíba na miosite induzida em ratos. Revista Paraense de
Medicina. v.20 (2) abril - junho 2006.
ENGEMANN, J. Efeitos do ultra-som pulsado associado à gel DMSO sobre
a via pró-inflamatória em modelo animal de lesão muscular. 2010.
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Criciúma. TCC (Curso de Fisioterapia) - Universidade do Extremo Sul
Catarinense.
KOEKE, P.U.; PARIZOTTO, N.A.; CARRINHO, P.M. et al. Comparative study
of the efficacy of the topical application of hydrocortisone, therapeutic
ultrasound and phonophoresis on the tissue repair process in rat tendons.
Ultrasound in Med. & Biol., Vol. 31, No. 3, pp. 345–350, 2005.
MAIA FILHO, A.L.M.; VILLAVERDE, A.B.; MUNIN, E. et al. Comparative
study of the topical application of aloe vera gel, therapeutic ultrasound
and phonophoresis on the tissue repair in collagenase-induced rat
tendinitis. Ultrasound in Med. & Biol., Vol. 36, No. 10, pp. 1682e1690,
2010.
MONTES, L. V. et al. Evidências para o uso da óleo-resina de copaíba na
cicatrização de ferida – uma revisão sistemática. Revista Natureza on line
7 (2): 61- 67. [on line]. Publicado pela ESFA, 2009.
RICOLDY, D.S.; BOTURA, A.C.A.; ODA, J.Y. et al., Efeito do ultrassom
associado ao gel de calêndula sobre a atividade reparadora em lesões
musculares experimentais. Acta Scientiarum. Health Sciences. v. 32, n. 2,
p. 135-140, 2010.
SILVEIRA, P.C.L.; VICTOR,E.G.; SCHEFER,D. et al. Effects of therapeutic
pulsed ultrasound and dimethylsulfoxide (DMSO) phonophoresis on
parameters of oxidative stress in traumatized muscle. Ultrasound in Med.
& Biol., Vol. 36, No. 1, pp. 44–50, 2010.

20. AVALIAÇÃO DA BIOCOMPATIBILIDADE IN VIVO DE UM COMPÓSITO


DE HIDROXIAPATITA, FIBROÍNA DE SEDA E ÁCIDO HIALURÔNICO

FABIANA ROCHA ARAÚJO1, ANA PAULA LIMA PERDIGÃO1, ADAM


CHRISTIAN SOBREIRA DE ALENCAR WIDMER1, RODRIGO VIANA
SEPÚLVEDA1, FABRÍCIO LUCIANI VALENTE1, ANDRÉA PACHECO BATISTA
BORGES1

1 – Departamento de Veterinária, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,


Minas Gerais. Autora para correspondência: andrea@ufv.br
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Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X
v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary
RESUMO:

As doenças e lesões ósseas são condições que afetam diretamente a


qualidade de vida, sendo diversos os processos que resultam na perda de
tecido ou na dificuldade de sua reparação. Este trabalho avaliou a
biocompatibilidade in vivo de um compósito formado pela hidroxiapatita
sintética e a fibroína de seda associado a diferentes concentrações de
ácido hialurônico para futura aplicação na medicina regenerativa. Para tal,
o compósito foi implantado no tecido subcutâneo de coelhos e analisado
por histologia aos 15, 30, 60 e 90 dias pós-implante. À análise histológica,
evidenciou-se uma reação esperada ao implante de qualquer material
com uma reação inflamatória monocítica inicial que se atenuou com o
tempo e uma tendência ao encapsulamento do biomaterial. Não foram
observados sinais de necrose. Conclui-se que o biomaterial é
biocompatível.

INTRODUÇÃO:

As doenças e lesões ósseas são condições que afetam diretamente a


qualidade de vida, sendo diversos os processos que podem resultar na
perda de tecido ou na dificuldade de sua reparação. Procedimentos
cirúrgicos realizados nestes casos, comumente, necessitam de um
transplante ou implante de algum biomaterial para restaurar a função do
osso perdido ou lesionado. Ainda, tecidos utilizados para substituição
óssea, na maioria dos casos, são originados a partir de regiões anatômicas
secundárias do próprio paciente ou de um paciente doador. Logo, na
tentativa de superar as desvantagens associadas aos transplantes ósseos,
diversos tipos de biomateriais foram desenvolvidos e empregados como
método alternativo. Um desses materiais é a hidroxiapatita sintética (HA),
principal componente mineral dos ossos e dentes sadios, o que
proporciona vantagens quando utilizada como biomaterial como
excelentes osteocondução, biocompatibilidade e bioatividade. Já a
fibroína de seda (FS) possui biocompatibilidade, flexibilidade e
estabilidade mecânicas adequadas, enquanto o ácido hialurônico (AH),
componente essencial da matriz extracelular, exerce papéis importantes
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na formação e reparo dos tecidos, atuando na proliferação e migração
celular. Portanto, esse trabalho avaliou, in vivo, a biocompatibilidade de
um compósito formado por HA e FS associado a diferentes concentrações
de AH para a aplicação futura na engenharia tecidual e medicina
regenerativa.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram utilizados três coelhos da raça Nova Zelândia, para as análises de


biocompatibilidade. Para tal, os animais foram anestesiados através da
associação de tiletamina com zolazepam (20 mg/Kg, via intramuscular) e
mantidos pela mistura de isoflurano diluído em 100% de oxigênio,
fornecido através de máscara. Em seguida, foram feitas incisões na região
dorsal de cada animal, sendo que em cada incisão foi implantado um dos
seguintes compósito: HA+FS, HA+FS+1%AH e HA+FS+3%AH. Todos os
compósitos foram suturados com fio de nálion 4-0 na região da
implantação a fim de impedir sua migração e suturados. A pele foi
suturada com fio de náilon 2-0, padrão simples separado e os animas
receberam morfina (1 mg/Kg, via intramuscular) a cada 8 horas durante
dois dias pós-implante para analgesia. Aos 15, 30, 60 e 90 dias, amostras
contendo pele, tecido subcutâneo, compósito (caso ainda estivesse
presente) e tecido muscular foram coletadas e submetidas a
processamento histológico de rotina e, posteriormente, corados por
hematoxilina e eosina.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A avaliação de biocompatibilidade in vivo é importante, pois indica a


viabilidade de uso do compósito para auxílio da formação de novos
tecidos. Aos 15 dias, observou-se, em todas as associações testadas, uma
intensa proliferação de células inflamatórias da linhagem monocítica ao
redor do compósito implantado. Além disso, foi possível observar a
proliferação de uma matriz provisória. Aos 30 dias, observou-se, também
nas três associações testadas, uma fragmentação dos compósitos e
proliferação de uma matriz provisória no interior desses, além de
infiltrado inflamatório monocítico, porém, em menor intensidade que aos
15 dias. Notou-se também que ocorreu uma maior organização celular,
com tendência a formação de tecido fibroso ao redor dos compósitos. Aos
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60 e 90 dias, os resultados obtidos foram semelhantes em todas as
associações testadas, onde foi possível observar um discreto infiltrado
inflamatório com células da linhagem monocítica e a presença de
organização tecidual sugerindo a formação de um tecido fibroso
envolvendo o biomaterial, que podem indicar uma tendência ao
encapsulamento. Para Carlo et al (2007) e Sepúlveda et al (2013), a
formação de cápsula é uma resposta esperada e está relacionada a
diversos fatores, sendo sua formação importante para impedir a migração
do biomaterial para tecidos adjacentes, impedindo uma resposta
inflamatória mais exacerbada. Todo material implantado nos tecidos
provoca uma reação, sendo que sua intensidade e duração irão
determinar a biocompatibilidade do material testado (Calixto et. al.,
2001), sendo que, de maneira geral, a resposta inicial à implantação é a
presença de um infiltrado inflamatório agudo com a tendência a
atenuação com o passar do tempo (Anderson et al., 2008).
CONCLUSÃO:

O compósito formado pela associação entre HA e FS com diferentes


concentrações de AH apresentou características histológicas indicativas de
biocompatibilidade e, portanto, seu uso na medicina regenerativa é
promissor.

AGRADECIMENTOS:

Os autores agradecem a CAPES, CNPq, FAPEMIG pelo apoio financeiro e a


JHS Laboratório Químico Ltda pelo fornecimento do material.

A metodologia descrita nesse trabalho foi aprovada pela Comissão de


Ética no Uso de Animais da instituição pelo protocolo 61/2014.

REFERÊNCIAS:

ANDERSON, J.M.; RODRIGUEZ, A.; CHANG, D.T. Foreign body reaction to


biomaterials. Seminars in Immunology, v.20, n.2, p.86-100, 2008.

CALIXTO, R. F. E.; TEÓFILO, J. M.; BRENTEGANI, L. G. et al. Implante de um


floculado de resina de mamona em alvéolo dental de rato. Pesquisa
Odontológica Brasileira, v.15, n.3, p.257-262, 2001.
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v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary
CARLO, E.C.; BORGES, A.P.B.; REZENDE, C. et al. Avaliação do efeito
osteoindutor da hidroxiapatita e do biovidro implantados em tecido
subcutâneo de cão. Revista Ceres, v.54, n.316, p.492-500, 2007.

SEPULVEDA, R. V.; BORGES, A. P. B.; CONCEIÇÃO, L. G. et al. Composite


synthetic hydroxyapatite 30%, in two physical states, as dermal filler.
Revista Ceres, v.60, n.4, p.458-464, 2013.

21. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE


MICRORGANISMOS ISOLADOS DE ABSCESSOS EM CÃES E GATOS

DANIELLE ALUSKA DO NASCIMENTO PESSOA1, LAYZE CILMARA ALVES DA


SILVA1, RODRIGO ANTÔNIO TORRES MATOS1, MEIRE MARIA DA SILVA
MACEDO1, SILVIA SOUSA AQUINO1, JULIE HEIDE NUNES PAZ1
1 Laboratório de Microbiologia, Universidade Federal De Campina Grande,
Centro De Saúde e Tecnologia Rural, Patos/Paraíba.

RESUMO:
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a susceptibilidade aos
antimicrobianos de bactérias isoladas de abscessos em cães e gatos. Os
agentes infecciosos isolados foram: Staphylococcus spp. (32%),
Staphylococcus aureus (20%), Escherichia coli (14%), Pseudomonas
aeruginosa (8%), Klebsiella pneumoniae (6%), Streptococcus spp. (14%),
Nocardia asteroides (4%) e Nocardia brasiliensis (2%). Norfloxacina,
Amoxicilina com clavulanato, Amicacina, Gentamicina e Cefalotina foram
os antimicrobianos mais eficientes contra as bactérias, já Ampicilina,
Penicilina e Tetraciclina não apresentaram eficiência. Pode-se concluir que
Staphylococcus spp. foi o agente microbiano mais prevalente em isolados
de abscessos em cães e gatos e os antimicrobianos utilizados com maior
frequência apresentaram maior resistência aos agentes microbianos.

INTRODUÇÃO:
Abscessos são inflamações purulentas limitadas por uma cápsula fibrosa,
decorrente da destruição de neutrófilos na tentativa de digestão das
bactérias ou de algum corpo estranho (Miyazawa et al., 2005). Nos cães e
gatos, ocorrem geralmente em decorrência de infecções, traumas,
mordeduras e unhadas ou por meio de injeções mal aplicadas. São
caracterizados por edema, do qual pode drenar secreção purulenta
(Medleau e Hnilica, 2009). As principais bactérias isoladas de abscessos
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em animais são Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. Seu tratamento
é constituído pela drenagem do abscesso, lavando-se com solução
antisséptica, associado à administração sistêmica de antimicrobiano,
geralmente utiliza-se Ampicilina, Amoxicilina com clavulanato,
Clindamicina e Penicilina G (Foster, 2006). O objetivo do presente trabalho
foi avaliar a susceptibilidade a antimicrobianos de bactérias isoladas de
abscessos em cães e gatos.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram isolados 50 microrganismos provenientes de 48 amostras coletadas
de abscessos em cães (26) e gatos (22) atendidos na Clínica Médica de
Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Campina Grande, campus de Patos/Paraíba. As amostras foram
processadas no Laboratório de Microbiologia da mesma instituição.
Inicialmente estas foram semeadas em ágar sangue de ovino desfibrinado
a 5%, ágar MacConkey e BHI (Brain Heart Infusion), posteriormente, foram
incubadas em aerobiose a 37ºC por 24-72 horas. Após o isolamento, as
bactérias foram identificadas microscopicamente pela Técnica de
coloração de Gram, e posteriormente através de provas bioquímicas
específicas. Em seguida, foram submetidas ao teste de disco difusão pelo
método de Kirby-Bauer, em ágar Muller Hinton, utilizando 15
antimicrobianos: Oxacilina, Tetraciclina, Ampicilina, Norfloxacina,
Kanamicina, Amoxacilina + Clavulanato, Penicilina, Cefalexina,
Enrofloxacina, Amicacina, Gentamicina, Ceftiofur, Imipinem, Neomicina e
Polimixina.

RESULTADOS:
Os agentes infecciosos isolados foram: Staphylococcus spp. (32%),
Staphylococcus aureus (20%), Escherichia coli (14%), Pseudomonas
aeruginosa (8%), Klebsiella pneumoniae (6%), Streptococcus spp. (14%),
Nocardia asteroides (4%) e Nocardia brasiliensis (2%).
Os agentes microbianos tanto gram-positivos como gram-negativos
obtiveram maior sensibilidade a Norfloxacina, Amoxicilina com
clavulanato, Amicacina, Gentamicina e Cefalotina, entretanto
apresentaram resistência a Ampicilina, Penicilina e Tetraciclina.

DISCUSSÃO:
O percentual de isolamento encontrado no presente estudo corrobora
com estudo executado por Werckenthin et al. (2001), que relata a
prevalência de Staphylococcus spp. em infecções supurativas em animais,
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a qual, vem aumentando em todo mundo, bem como sua resistência a
antimicrobianos, possivelmente devido ao uso indiscriminado de
antibióticos em animais e humanos.
Resultados semelhantes foram observados por Hoekstra e Paulton (2002),
que investigaram a resistência de Staphylococcus aureus e Staphylococcus.
intermedius isolados de diversas afecções em cães, constatando que a
Cefalotina foi mais eficiente contra os isolados de abscessos. Por outro
lado, a Cloxacilina, Amoxicilina com clavulanato e Cloranfenicol foram
pouco eficazes contra as bactérias, confrontando o presente estudo, que
verificou eficiência na Amoxicilina com clavulanato frente aos agentes
microbianos, possivelmente devido a diferença no padrão de resistência
desses microrganismos.

CONCLUSÃO:
Conclui-se que o Staphylococcus spp. foi o agente microbiano mais
prevalente em isolados de abscessos em cães e gatos. Todos os agentes
microbianos demonstraram maior sensibilidade a Norfloxacina,
Amoxicilina com clavulanato, e Cefalotina.

REFERÊNCIAS:

FOSTER, A. P. Pele. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M.


Clínica e terapêutica em felinos. 3 ed. São Paulo: Roca, 2006, p. 59-102.
HOEKSTRA, K.A.; PAULTON, R.J.L. Clinical prevalence and antimicrobial
susceptibility of Staphylococcus aureus and Staph. intermedius in dogs.
Journal of Applied Microbiology. n. 93, p. 406-413, 2002.
MEDLEAU, L.; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais: atlas
colorido e guia terapêutico. 2 ed. São Paulo: Roca, 2009, p 48-49.
MIYAZAWA, C. R.; ANGÉLICO, G. T.; VASCONCELOS, M. I. C. O uso da
homeopatia no tratamento de abscesso retrofarígeo. Revista Científica
Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 2, n. 5, 2005.
WERCKENTHIN, C.; CARDOSO, M.; MARTEL, J-L; SCHWARZ, S.
Antimicrobial resistance in staphylococci from animals with particular
reference to bovine Staphylococcus aureus, porcine Staphylococcus hyicus,
and canine Staphylococcus intermedius. Veterinary Research, v. 32, p.
341-362, 2001.

22. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE


MICRORGANISMOS ISOLADOS DE ABSCESSOS EM CÃES E GATOS
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DANIELLE ALUSKA DO NASCIMENTO PESSOA1, LAYZE CILMARA ALVES DA
SILVA1, RODRIGO ANTÔNIO TORRES MATOS1, MEIRE MARIA DA SILVA
MACEDO1, SILVIA SOUSA AQUINO1, JULIE HEIDE NUNES PAZ1
1 Laboratório de Microbiologia, Universidade Federal De Campina Grande,
Centro De Saúde e Tecnologia Rural, Patos/Paraíba.

RESUMO:
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a susceptibilidade aos
antimicrobianos de bactérias isoladas de abscessos em cães e gatos. Os
agentes infecciosos isolados foram: Staphylococcus spp. (32%),
Staphylococcus aureus (20%), Escherichia coli (14%), Pseudomonas
aeruginosa (8%), Klebsiella pneumoniae (6%), Streptococcus spp. (14%),
Nocardia asteroides (4%) e Nocardia brasiliensis (2%). Norfloxacina,
Amoxicilina com clavulanato, Amicacina, Gentamicina e Cefalotina foram
os antimicrobianos mais eficientes contra as bactérias, já Ampicilina,
Penicilina e Tetraciclina não apresentaram eficiência. Pode-se concluir que
Staphylococcus spp. foi o agente microbiano mais prevalente em isolados
de abscessos em cães e gatos e os antimicrobianos utilizados com maior
frequência apresentaram maior resistência aos agentes microbianos.

INTRODUÇÃO:
Abscessos são inflamações purulentas limitadas por uma cápsula fibrosa,
decorrente da destruição de neutrófilos na tentativa de digestão das
bactérias ou de algum corpo estranho (Miyazawa et al., 2005). Nos cães e
gatos, ocorrem geralmente em decorrência de infecções, traumas,
mordeduras e unhadas ou por meio de injeções mal aplicadas. São
caracterizados por edema, do qual pode drenar secreção purulenta
(Medleau e Hnilica, 2009). As principais bactérias isoladas de abscessos
em animais são Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. Seu tratamento
é constituído pela drenagem do abscesso, lavando-se com solução
antisséptica, associado à administração sistêmica de antimicrobiano,
geralmente utiliza-se Ampicilina, Amoxicilina com clavulanato,
Clindamicina e Penicilina G (Foster, 2006). O objetivo do presente trabalho
foi avaliar a susceptibilidade a antimicrobianos de bactérias isoladas de
abscessos em cães e gatos.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram isolados 50 microrganismos provenientes de 48 amostras coletadas
de abscessos em cães (26) e gatos (22) atendidos na Clínica Médica de
Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
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Campina Grande, campus de Patos/Paraíba. As amostras foram
processadas no Laboratório de Microbiologia da mesma instituição.
Inicialmente estas foram semeadas em ágar sangue de ovino desfibrinado
a 5%, ágar MacConkey e BHI (Brain Heart Infusion), posteriormente, foram
incubadas em aerobiose a 37ºC por 24-72 horas. Após o isolamento, as
bactérias foram identificadas microscopicamente pela Técnica de
coloração de Gram, e posteriormente através de provas bioquímicas
específicas. Em seguida, foram submetidas ao teste de disco difusão pelo
método de Kirby-Bauer, em ágar Muller Hinton, utilizando 15
antimicrobianos: Oxacilina, Tetraciclina, Ampicilina, Norfloxacina,
Kanamicina, Amoxacilina + Clavulanato, Penicilina, Cefalexina,
Enrofloxacina, Amicacina, Gentamicina, Ceftiofur, Imipinem, Neomicina e
Polimixina.

RESULTADOS:
Os agentes infecciosos isolados foram: Staphylococcus spp. (32%),
Staphylococcus aureus (20%), Escherichia coli (14%), Pseudomonas
aeruginosa (8%), Klebsiella pneumoniae (6%), Streptococcus spp. (14%),
Nocardia asteroides (4%) e Nocardia brasiliensis (2%).
Os agentes microbianos tanto gram-positivos como gram-negativos
obtiveram maior sensibilidade a Norfloxacina, Amoxicilina com
clavulanato, Amicacina, Gentamicina e Cefalotina, entretanto
apresentaram resistência a Ampicilina, Penicilina e Tetraciclina.

DISCUSSÃO:
O percentual de isolamento encontrado no presente estudo corrobora
com estudo executado por Werckenthin et al. (2001), que relata a
prevalência de Staphylococcus spp. em infecções supurativas em animais,
a qual, vem aumentando em todo mundo, bem como sua resistência a
antimicrobianos, possivelmente devido ao uso indiscriminado de
antibióticos em animais e humanos.
Resultados semelhantes foram observados por Hoekstra e Paulton (2002),
que investigaram a resistência de Staphylococcus aureus e Staphylococcus.
intermedius isolados de diversas afecções em cães, constatando que a
Cefalotina foi mais eficiente contra os isolados de abscessos. Por outro
lado, a Cloxacilina, Amoxicilina com clavulanato e Cloranfenicol foram
pouco eficazes contra as bactérias, confrontando o presente estudo, que
verificou eficiência na Amoxicilina com clavulanato frente aos agentes
microbianos, possivelmente devido a diferença no padrão de resistência
desses microrganismos.
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v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary
CONCLUSÃO:
Conclui-se que o Staphylococcus spp. foi o agente microbiano mais
prevalente em isolados de abscessos em cães e gatos. Todos os agentes
microbianos demonstraram maior sensibilidade a Norfloxacina,
Amoxicilina com clavulanato, e Cefalotina.

REFERÊNCIAS:
FOSTER, A. P. Pele. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M.
Clínica e terapêutica em felinos. 3 ed. São Paulo: Roca, 2006, p. 59-102.
HOEKSTRA, K.A.; PAULTON, R.J.L. Clinical prevalence and antimicrobial
susceptibility of Staphylococcus aureus and Staph. intermedius in dogs.
Journal of Applied Microbiology. n. 93, p. 406-413, 2002.
MEDLEAU, L.; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais: atlas
colorido e guia terapêutico. 2 ed. São Paulo: Roca, 2009, p 48-49.
MIYAZAWA, C. R.; ANGÉLICO, G. T.; VASCONCELOS, M. I. C. O uso da
homeopatia no tratamento de abscesso retrofarígeo. Revista Científica
Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 2, n. 5, 2005.
WERCKENTHIN, C.; CARDOSO, M.; MARTEL, J-L; SCHWARZ, S.
Antimicrobial resistance in staphylococci from animals with particular
reference to bovine Staphylococcus aureus, porcine Staphylococcus hyicus,
and canine Staphylococcus intermedius. Veterinary Research, v. 32, p.
341-362, 2001.

23. AVALIAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE IN VITRO DOS PRINCIPAIS


MICRORGANISMOS ISOLADOS DE INFECÇÕES OFTÁLMICAS EM CÃES DA
PARAÍBA, BRASIL
LAYZE CILMARA ALVES DA SILVA1, DANIELLE ALUSKA DO NASCIMENTO
PESSOA1, RODRIGO ANTÔNIO TORRES MATOS1, MEIRE MARIA DE
OLIVEIRA MACÊDO1, SILVIA SOUSA AQUINO1, JULIE HEIDE NUNES PAZ1
1-Laboratório de Microbiologia, Universidade Federal de Campina Grande,
Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Patos/Paraíba.

RESUMO:

O objetivo do presente trabalho foi identificar os principais


microrganismos envolvidos em infecções oftálmicas que acometem cães
no estado da Paraíba, avaliando a susceptibilidade in vitro desses agentes
a antimicrobianos. Foram coletados 82 swabs oftálmicos procedentes de
infecções oculares de 41 caninos e encaminhados para análise
microbiológica. Destes, foram isolados 68 microrganismos sendo:
72
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(54,42%) Staphylococcus spp., seguido por Streptococcus spp. (14,70%),
Moraxella canis (11,76%), Klebisiella pneumoniae (8,82%), Escherichia coli
(5,88%) e Pseudomonas aeruginosa (4,42%) Todas as bactérias
demonstraram altos índices de resistência aos antibióticos penicilina e
ampicilina e maior grau de sensibilidade à cefalexina, cefalotina e
amoxicilina com clavulanato.

INTRODUÇÃO:

A superfície ocular é colonizada por microbiota bacteriana que ajuda na


sua defesa e, juntamente com fatores humorais, inibe o estabelecimento
de microrganismos patogênicos. Algumas mudanças nessa microbiota
podem ocorrer principalmente pela diminuição da imunidade local e
sistêmica do animal, bem como o contato com microrganismos virulentos
(Uesugui et al., 2002). O uso prolongado de antimicrobianos resulta em
crescimento excessivo de bactérias, leveduras ou fungos, que podem
tornar-se patogênicos e multirresistentes (Andrade et al., 2002). O
conhecimento do agente causador, do processo e progressão da doença,
bem como estabelecimento de tratamento coerente e eficaz influencia na
evolução e prognóstico da doença (Uesugui et al., 2002). O objetivo do
presente trabalho foi identificar os principais microrganismos envolvidos
em infecções oftálmicas de cães no estado da Paraíba, avaliando a
susceptibilidade in vitro desses agentes a antimicrobianos.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Foram coletados 82 swabs oftálmicos procedentes de infecções oculares


em 41 caninos atendidos na Clínica Médica de Pequenos Animais do
Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande -
Patos/PB, os swabs foram imersos em meio de transporte Stuart e
encaminhados para o Laboratório de Microbiologia da mesma instituição.
As amostras foram semeadas em meios de cultura Ágar Sangue ovino
(5%), Ágar macconkey e Caldo BHI (Brain Heart Infusion), posteriormente
incubadas a 37ºC em aerobiose, realizando-se leituras seguidas 24 a 48
horas. Para a identificação dos microrganismos isolados foram realizadas
coloração de Gram e séries bioquímicas específicas. Na avaliação da
susceptibilidade in vitro, foi utilizado o teste de disco difusão pelo método
de Kirby-Bauer em Agar Müller Hinton a 14 diferentes antimicrobianos:
ampicilina, oxacilina, cefalexina, cefalotina, ceftiofur, gentamicina,
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neomicina, norfloxacina, tetraciclina, penicilina, enrofloxacina, amicacina,
kanamicina e amoxicilina com clavulanato.

RESULTADOS:

Dos 41 caninos utilizados no presente estudo, 16 foram acometidos de


infecção bacteriana em um único olho e nos outros 25 animais foi
diagnosticada infecção em ambos os olhos, em 2 casos ocorreram
infecções mútuas por 2 bactérias em um único olho. Os principais
microrganismos isolados foram: Staphylococcus spp. (54,42%), seguido de
Streptococcus spp. (14,70%), Moraxella canis (11,76%), Klebisiella
pneumoniae (8,82%), Escherichia coli (5,88%) e Pseudomonas aeruginosa
(4,42%).
Staphylococcus spp. apresentou altos índices de sensibilidade à amicacina
(91,89%) seguidos de neomicina e norfloxacina (89,18% cada), amoxicilina
com clavulanato (86,48%) e cefalotina e cefalexina (83,78% cada), tendo
níveis maiores de resistência à ampicilina e penicilina (67,56% cada) e
oxacilina (40,54%).
Streptococcus spp. obteve altos índices de sensibilidade à amoxacilina com
clavulanato, cefalexina, cefalotina, amicacina e ceftiofur (100,00% cada)
com resistência à oxacilina (100,00%), ampicilina e penicilina (80,00%
cada). M. canis e E. coli foram altamente sensíveis a norfloxacina,
kanamicina, amoxicilina com clavulanato, neomicina, cefalexina,
amicacina e gentamicina (100,00% cada), demonstrando altos índices de
resistência (100,00%) à oxacilina, tetraciclina, ampicilina, penicilina,
cefalotina e enrofloxacina. K. pneumoniae demonstrou maior
sensibilidade à norfloxacina, neomicina, amicacina, kanamicina,
amoxicilina com clavulanato e cefalotina (66,66% cada), sendo (100,00%)
resistente à oxacilina, tetraciclina, ampicilina e penicilina. P. aeruginosa foi
sensível apenas à amicacina (100,00%), cefalexina (33,33%) e cefalotina
(33,33%).

DISCUSSÃO:

Andrade et al. (2002) semelhantemente ao presente trabalho verificou


maior predominância de Staphylococcus spp. na conjuntiva de cães sadios.
A presença das bactérias E. Coli, P. aeruginosa e K. pneumoniae, também
foi verificada no estudo de Uesugui et al. (2002) causando afecções
oftálmicas em humanos. A grande diversidade de bactérias causando
infecções oculares em caninos e o alto grau de resistência demonstrada
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aos antimicrobianos nesta pesquisa torna importante novos estudos que
venham ajudar no tratamento efetivo dessas afecções in vivo.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que Staphylococcus spp. é a bactéria mais predominante em


infecções oftálmicas que acometem cães no estado da Paraíba. Todas as
bactérias demonstraram altos índices de resistência aos antibióticos:
penicilina e ampicilina e maiores índices de sensibilidade frente à
cefalexina, cefalotina e amoxicilina com clavulanato.

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, A. L, STRINGHINI G., BONELLO, F. L., MARINHO, M., PERRI, S. H.


V. Microbiota Conjuntival de cães da cidade de Araçatuba – SP. Arquivo
Brasileiro de Oftalmologia, São Paulo, v. 65, n. 3, p. 323-326, 2002.
UESUGUI, E., CYPEL-GOMES, M. C., ATIQUE D., GOULART, D. G., GALLUCCI,
F. R., NISHIWAKI-DANTAS, M. C., Dantas, P. E. C.. Identificação laboratorial
dos patógenos oculares mais frequentes e sua suscetibilidade in vitro aos
agentes microbianos. Arquivo Brasileiro de Oftalmologia, São Paulo, v.65,
p. 339-342, 2002.

24. AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE PALATABILIZANTES DE COBERTURA


SUPER PREMIUM EM PÓ E LÍQUIDO NAS RAÇÕES DE GATOS COM A
MESMA FORMULAÇÃO E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA.
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PEDRO LEONARDO GALLINA1; JOSIELLEN DE BRITO SOUZA1; LAURA
MIRANDA DE A. PRADO1; RODOLFO CLÁUDIO SPERS2; EDUARDO ASSIS
CASTRO LEITE3; MÔNICA CLAUZET DE SOUZA3.

1.Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de


Marília – UNIMAR | Universidade de Marília. Avenida Hygino Muzzy Filho,
1001. Campus Universitário CEP: 17.525–902 - Marília/SP. Contato: 14-
2105-4056. pedrogallinavet@outlook.com

2.Professor da disciplina de Nutrição de Monogástricos da Universidade


de Marília – UNIMAR. rcspers@terra.com.br

3.Médicos Veterinários responsáveis técnicos pela Manfrim Ltda.


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RESUMO:

O presente trabalho objetivou-se em avaliar a palatabilidade de duas


rações idênticas na sua formulação e composição bromatológica para
gatos, porém com duas formas diferentes de utilização de palatabilizantes
super premium de cobertura um através de aspersão em pó e outra
oleosa, através do protocolo de palatabilidade. O experimento foi
conduzido utilizando-se de 22 gatos adultos em dois tratamentos: A-
Ração com aspersão de palatabilizante em pó e B- Ração com aspersão de
palatabilizante líquido. Foram avaliados pelo protocolo de palatabilidade
confronto A x B e os resultados analisados nas seguintes características:
Escolha da ração pelo cheiro (CH), Pela primeira escolha (PE), Pelo
consumo pequeno (CP) e pelo consumo grande (CG). Os resultados
indicaram que a utilização de uma cobertura

com palatabilizante em pó apresenta uma melhor resposta na aceitação


da ração pelos gatos.

INTRODUÇÃO:

Quando se avalia um alimento comercial para cães e gatos, os teores bem


como os valores da composição nutricional e a qualidade dos ingredientes
são fundamentais (França, 2009). Para os pets citamos algumas marcas de
rações com composição especial para determinadas raças, para cada
idade, etc. (Malafaia et al., 2002). Os palatabilizantes são substâncias que
conferem aroma ao produto destinado a alimentação, melhorando a sua
aceitação e, conseqüentemente, estimulando o seu consumo pelo animal
(Bourgeois, 2004; Bellaver, 2000). Provocam a secreção das glândulas
salivares e de suco gástrico, favorecendo o melhor aproveitamento do
alimento pelo organismo são exemplos, alho, bacon, carne, frango, peixe,
fígado entre outros (Bellaver, 2000). Porém com tipo a forma como estes
palatabilizantes são adicionados também é muito importante no resultado
do consumo pelos animais.

OBJETIVO:
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O presente trabalho teve como objetivo em avaliar a palatabilidade de
duas rações idênticas para gatos na sua formulação e composição
bromatológica, porém com duas formas diferentes de utilização de
palatabilizantes, uma através de aspersão em pó e outra oleosa, através
do protocolo de palatabilidade.

MATERIAL E MÉTODO:

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com a


utilização de 22 gatos adultos vermifugados, em dois tratamentos: A-
Ração para Gatos com cobertura de palatabilizante super premium em pó
e B- Ração para gatos com cobertura de palatabilizante super premium
líquido. Os gatos foram alimentados diariamente em suas residências
separados em locais isolados de rotina, uma vez ao dia, iniciando-se às
16:00 e finalizando às 9:00 do dia seguinte em confronto direto A X B
alternados durante 5 dias. Foram avaliados pelo protocolo de
palatabilidade e os resultados analisados nas seguintes características:
Escolha da ração pelo cheiro (CH), Pela primeira escolha (PE), Pelo
consumo pequeno (CP) e consumo grande (CG).

RESULTADO E DISCUSSÃO:

Os resultados obtidos revelaram em porcentagem (%), para A e B


respectivamente: (CH) A = 38 e B = 28 (PE) A = 66 e B = 34; (CP) A = 03 e B
= 06 e (CG) A = 89 B = 65. Foi evidenciado desta forma que o
palatabilizante super premium em pó apresenta uma maior eficiência
quanto a Palatabilidade para os gatos (Pet Food Brasil 2009).

CONCLUSÃO:

Estes resultados indicaram que a utilização da cobertura de um


palatabilizante super premium em pó foi mais eficiente principalmente na
Preferência pela Primeira Escolha e também na Preferência do Consumo
Grande resultando no aumento da palatabilidade de rações para gatos. As
mensurações da palatabilidade e principalmente da digestibilidade de
produtos em desenvolvimento são ferramentas fundamentais para se
avaliar o comportamento alimentar de cães e gatos.
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25. AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DE GATOS DOMÉSTICOS


SUPLEMENTADOS COM ÁCIDO DOCOSAHEXAENÓICO E SUBMETIDOS À
CASTRAÇÃO
DARILHA MARIANA RODRIGUES, SUELLEN SCHEIBEL, ISAAC ROMANI,
RICARDO SOUZA VASCONCELLOS, ANDRESSA FRANCISCA SILVA
NOGUEIRA, LAYNE CAROLINA PEREIRA.

RESUMO:
Uma vez que o efeito imunomodulador dos ácidos graxos omega-3 é
importante em algumas situações clínicas, no presente estudo foi avaliado
o perfil hematológico de gatos domésticos que receberam as dietas
suplementadas com diferentes níveis (de 0 a 0,9%) de ácido
docosahexaenóico (DHA) e submetidos a castração. O consumo de dietas
com DHA aumentou as plaquetas após a castração.

INTRODUÇÃO:
Os ácidos graxos polinsaturados (AGP) são substâncias funcionais, dos
quais incluem os Ômegas-3, cujos principais representantes são o ácido
docosahexaenoico (DHA) e o ácido eicosapentanóico (EPA). Componentes
da membrana celular, especialmente de plaquetas, eritrócitos, neutrófilos,
monócitos e hepatócitos, conferem fluidez e viscosidade específica ao
sangue, permitindo a difusão de várias substâncias importantes para o
metabolismo celular e imunológico, participando de reações
inflamatórias, distúrbios metabólicos, processos trombóticos e doenças
neoplásicas, além de estarem diretamente relacionados à resistência
imunológica (HIRAYAMA et al, 1998).
Objetivou-se avaliar o efeito da suplementação do ácido
docosahexaenoico no perfil hematológico de gatos domésticos
submetidos à castração.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram utilizados 40 gatos, divididos em cinco (5) grupos de oito (8), que
receberam cinco dietas com diferentes concentrações de ômega-6 totais e
ômega-3 totais.
Após a fase de adaptação uma amostra de sangue foi obtida,
representando o momento inicial do estudo (M0). Decorridos 60 dias
consumindo as respectivas dietas, os animais foram submetidos à cirurgia
de castração onde foram colhidas mais duas amostras de sangue, nos
seguintes momentos: pré-operatório (M1) e pós-operatório (M2).
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RESULTADOS:
De acordo com a Tabela 1 pode-se observar que os animais apresentaram
valores médios significativamente maiores de hemácias, hemoglobina e
hematócrito na fase inicial do experimento enquanto que a concentração
média de proteína plasmática total aumentou significativamente no pós-
operatório.
O número total de plaquetas foi mais elevado no grupo alimentado com
dieta contendo 1,20% de ômega-3 e no momento que precedeu a
castração. A concentração média de plaquetas aumentou
progressivamente entre os grupos a medida que a concentração de DHA
fornecida na dieta era maior, promovendo assim, um crescimento linear
do número total de plaquetas na circulação sanguínea.
A variável leucócitos não apresentou diferença estatística entre os grupos
nem entre momentos.

DISCUSSÃO:
A diminuição das concentrações de hemácias, hemoglobina e hematócrito
observadas neste estudo relacionam-se, muito provavelmente, à perda de
sangue provoca pelo procedimento cirúrgico.
No presente trabalho, o aumento do número de plaquetas no sangue
proporcional ao aumento da concentração de DHA na dieta dos animais
pode ser explicado pelas funções desse ácido graxo. Segundo Park e
colaboradores (2011), o ácido docosahexaenoico leva à produção de
precursores de mediadores inflamatórios como os tromboxanos. Os
tromboxanos são responsáveis por ativar a biossíntese de plaquetas bem
como induzir a agregação plaquetária irreversível (DUNCAN & PRASSE,
1986)

CONCLUSÃO:
Com base nos resultados encontrados neste trabalho conclui-se que a
suplementação de DHA na dieta de felinos promove a síntese e agregação
plaquetária diante de um insulto tecidual, confirmando sua propriedade
imunomoduladora inflamatória e na coagulação.
REFERÊNCIAS:
DUNCAN J.R. & PRASSES K.W. Veterinary Laboratory Medicina Clinical
Pathology. 4 ed. The Lowa State Univ. Press. Ames. USA. 243p. 1986.
HIRAYAMA, K. B.; SPERIDIÃO. G. L.; NETO, U. F.; Ácidos Graxo
Poliinsaturados de cadeia longa, 1998. Acesso 20/02/2015. Disponível em
http://www.e-gastroped.com.br/sep06/acidosgraxos.htm.
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PARK, H.J.; PARK, J.S.; HAYEK, M.G.; REINHART, G.A.; CHEW, B.P. Fish and
flaxseed oils suprimes the inflammation and immunity in cats. Veterinary
Immunology and Immunopathology. 2011, 141, p.301-306.

26. AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA E HISTOMORFOMÉTRICA DE COMPÓSITO


DE HIDROXIAPATITA, FIBROÍNA DE SEDA E ÁCIDO HIALURÔNICO EM
DEFEITOS ÓSSEOS EXPERIMENTAIS

ANA PAULA LIMA PERDIGÃO1, MARCELA POLO COSTA MAFRA1, RODRIGO


VIANA SEPÚLVEDA1, FABRÍCIO LUCIANI VALENTE1, SÉRGIO AKINOBU
YOSHIOKA2, ANDRÉA PACHECO BASTISTA BORGES1

1 – Departamento de Veterinária, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,


Minas Gerais. Autora para correspondência: andrea@ufv.br.

2 – Universidade de São Paulo.

RESUMO:

Avanços na bioengenharia permitiram o desenvolvimento de novos


biomateriais para utilização na medicina regenerativa. O uso desses
materiais vem se tornando cada vez mais presente para estimular a
reparação óssea e promover a osseointegração de tecidos descontínuos.
O objetivo desse trabalho foi analisar, por histologia e histomorfometria,
as respostas mediante a implantação de compósitos de hidroxiapatita e
fibroína de seda associado a diferentes concentrações de ácido
hialurônico. Para isso, defeitos ósseos foram confeccionados na ulna de
coelhos sendo tratados com os compósitos experimentais. Aos sete e 30
dias pós-implante, amostras foram coletadas para análise histológica e
histomorfométrica. O compósito apresentou características compatíveis
com biocompatibilidade sendo capaz de integrar-se ao osso. O compósito
associado a maior concentração de ácido mostrou ser o mais eficiente no
reparo de defeitos ósseos.
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INTRODUÇÃO:

Os biomateriais como alternativas aos métodos tradicionais de reparo


ósseo vem sendo testados em diferentes materiais e concentrações. As
novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas de forma a tentar minimizar a
reação corpórea de inflamação e acelerar a fase reparadora do tecido, de
forma a minimizar o dano tecidual inflamatório e promover reparação
óssea de forma acelerada. O objetivo desse trabalho foi testar um
compósito de hidroxiapatita (HAP) e fibroína de seda (FS) com diferentes
concentrações de ácido hialurônico (AH) em defeitos ósseos
experimentais para uso futuro na medicina regenerativa.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram utilizados 40 coelhos da raça Nova Zelândia, com idades entre
cinco e seis meses. Os animais foram divididos em quatro grupos iguais. O
grupo I (GI) recebeu apenas o compósito (HAP+FS). Os grupos II e III (GII e
GIII) receberam o compósito associado a 1% e 3% de AH,
respectivamente. Já o grupo controle (GIV) não recebeu nem o compósito
e nem o AH. Para realização do defeito ósseo experimental e implante dos
compósitos nos respectivos grupos, os animais foram anestesiados por
associação de tiletamina com zolazepam (30 mg/Kg, pela via
intramuscular) sendo a mantida a anestesia pela mistura de isoflurano
diluído em 100% de oxigênio. Para melhor analgesia trans-operatória, foi
realizado o bloqueio do plexo braquial com 1,5 mL de lidocaína a 2%. Em
seguida, uma falha óssea foi confeccionada na superfície cortical lateral do
olecrano com broca trefina de cinco mm. Então, nos grupos GI, GII e GIII, o
compósito foi implantado preenchendo todo o defeito. No grupo controle,
o defeito foi preenchido pelo coágulo. Para analgesia pós-operatória, os
animais receberam morfina (1 mg/Kg, via intramuscular) a cada oito horas
durante três dias. Para avaliação histológica e histomorfométrica, os
animais sofreram eutanásia aos sete e 30 dias pós-implante. As amostras
foram fixadas em formol 10% e descalcificadas em solução de ácido
fórmico e citrato de sódio. Após o processamento, foram coradas por
hematoxilina e eosina. Os tecidos e células presentes em toda a amostra
foram caracterizados de forma descritiva, com ênfase na reação tecidual
ao biomaterial. Quando presente, infiltrado inflamatório foi caracterizado.
A proporção entre a área na lâmina histológica ocupada pelo biomaterial,
tecido conjuntivo e tecido ósseo foi mensurada por planimetria por
contagem de pontos. A quantidade de osso e de biomaterial obtidos na
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análise histomorfométrica foram avaliados por ANOVA para dois fatores,
considerando o tratamento e o momento da coleta como variáveis
independentes, seguido pelo teste de Holm-Sidak em caso de p<0,005.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No sétimo dia pós-implante, amostras referentes ao grupo controle
observou-se a formação de trabéculas ósseas novas organizadas com a
medula óssea, presença de osteoblastos nas bordas e uma intensa
densidade de osteócitos no interior do tecido, além de tecido conjuntivo
vascularizado, caracterizando um processo ativo de remodelação óssea. O
mesmo foi observado nas amostras dos grupos tratados. Aos 30 dia pós-
implante, no grupo controle ainda era possível observar atividade de
remodelação óssea com trabéculas recém-formadas, osteoblastos e alta
densidade de osteócitos. Houve uma diminuição na quantidade de tecido
conjuntivo quando comparada as amostras do sétimo dia. Nas amostras
do grupo tratado apenas com HAP+FS observou-se a presença de tecido
ósseo trabecular mais organizado, em comparação as amostras de sete
dias. Observou-se ainda presença de trabéculas mais espessas e em
menor número e poucos osteoblastos ativos. Não foram observadas
trabéculas no interior do compósito e nem interação direta entre o
compósito e tecido ósseo imaturo (a interface era preenchida por tecido
conjuntivo denso). As amostras referentes aos animais tratados com
compósito associado ao AH apresentaram tecidos ósseos trabeculares
mais maduros, espessos e organizados, embora em processo de
remodelação óssea. Também foi possível observar osteoblastos ativos nas
bordas das trabéculas recém-formadas próximas ao implante, sendo
sugestivo de osseointegração. Houve diminuição significativa da
quantidade de osso entre o sétimo e o 30º dia no GI e aumento no GIII,
sendo portanto, observado um aumento significativo na quantidade de
osso produzido com a adição de acréscimo de AH. Tais resultados indicam
que o AH oferece um grande potencial em melhorar as propriedades de
osseoformação, sendo que esse fato ocorre, provavelmente, via
sinalização para liberação de fatores de crescimento, manutenção da
homeostase da matriz extracelular e, dessa forma, um aumento na taxa
de regeneração tecidual (Park et al., 2011).
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CONCLUSÃO:

O compósito apresentou características de biocompatibilidade e


osseointegração, sendo o que associado a maior concentração de AH,
mais eficiente no reparo de defeitos ósseos.

AGRADECIMENTOS:

Os autores agradecem a CAPES, CNPq e FAPEMIG pelo apoio financeiro.

A metodologia descrita nesse trabalho foi aprovada pela Comissão de


Ética no Uso de Animais da instituição pelo protocolo 61/2014.

REFERÊNCIAS:

WALSH, W.R.; CHAPMAN-SHEATH, P.J.; CAIN, S. et al. A resorbable porous


ceramic composite bone graft substitute in a rabbit metaphyseal defect
model. Journal of Orthopaedic Research, v.21, p.655-661, 2003.

27. AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DOS OLHOS DE CÃES PORTADORES


DE LEISHMANIOSE

DOMINGOS, L.C.¹, VIANA, F.A.B.¹, SILVEIRA, C.F.¹, SOUZA, J.V.¹, MELO,


M.M.¹, SOTO-BLANCO, B.¹
¹ Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte, MG

RESUMO:
No presente estudo foram avaliados por exame histopatológico, 36 olhos
de animais portadores de leishmaniose visceral assintomáticos ao exame
clínico oftalmológico. Foram observados infiltrado inflamatório na
conjuntiva (3 olhos), no corpo ciliar (3 olhos) e na esclera (1 olho),
demonstrando alterações oculares sub-clínicas.

INTRODUÇÃO:
A leishmaniose visceral canina (LVC) é causada pelo parasita Leishmania
infantum (L. chagasi), capaz de acometer os humanos, canídeos e alguns
animais silvestres (Brito et al., 2004, Faria et al., 2015). A infecção
normalmente provoca uma doença sistêmica com sintomatologia variada,
envolvendo, dentre outros órgãos, os olhos e seus anexos (Peña et al.,
2000, Fulgêncio et al., 2006). No entanto, a maioria dos cães infectados
são assintomáticos (Dantas-Torres et al., 2006). O objetivo deste trabalho
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foi detectar lesões histopatológicas oculares presentes em cães infectados
naturalmente por LVC, cujo exame clínico oftálmico não apresentava
alterações.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram utilizados dezoito cães machos destinados a eutanásia em Belo
Horizonte (MG), portadores de LVC e assintomáticos à avaliação
oftalmológica, realizada por meio de ectoscopia com auxílio da lanterna,
oftalmoscópio direto e da lâmpada de fenda. Após a realização da
eutanásia, os olhos foram imediatamente retirados e imersos no fixador,
processados cortes histológicos, corados na solução de hematoxilina e
eosina e examinados em microscópio óptico.

RESULTADOS:
Em três olhos (8,3%) houve a presença de um infiltrado inflamatório
histiocitário multifocal acoalescente, caracterizando conjuntivite, sendo
que apenas um animal (5,5%) apresentou esta alteração bilateral. Outros
três olhos (8,3%) apresentaram infiltrado inflamatório linfo-histio-
plasmocitário difuso moderado em todo o corpo ciliar, típico de ciclite e,
em um olho (2,7%), observou-se infiltrado inflamatório linfo-histio-
plasmocitário multifocal acoalescente moderado na região da esclera,
caracterizando esclerite.

DISCUSSÃO:
As lesões oculares clinicamente identificáveis em cães portadores de LVC
são frequentes (Peña et al., 2000, Brito et al., 2004). Os resultados aqui
apresentados demonstram que as alterações oculares são frequentes
mesmo em cães portadores assintomáticos de LVC. O achado
histopatológico mais frequente é a presença de infiltrado inflamatório nas
diferentes estruturas oculares, o que é similar ao encontrado em cães
clinicamente com lesões oculares (Peña et al., 2008). Devido ao fato da
avaliação histopatológica ter sido realizada nos cães que não possuíam
lesões macroscópicas, as alterações encontradas neste trabalho estão em
menor frequência em relação a outros estudos em que avaliaram animais
portadores de LVC que já possuíam lesões oculares (Molleda et al.,1993,
Peña et al., 2008).

CONCLUSÃO:
O acometimento ocular tem elevada prevalência nos cães infectados pela
LCV, mesmo naqueles assintomáticos ao exame clínico oftalmológico.
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Aprovação pelo Comitê de Ética: Protocolo CEUA/UFMG nº. 266/2014

REFERÊNCIAS:
BRITO, F.L.C.; ALVES, L.C; ORTIZ, J.P.D.; et al. Uveitis associated to the
infection by Leishmania chagasi in dog from the Olinda city, Pernambuco,
Brazil. Ciência Rural, v.34, p.925-929, 2004.
DANTAS-TORRES, F.; BRITO, M.E.; BRANDÃO-FILHO, S.P.
Seroepidemiological survey on canine leishmaniasis among dogs from an
urban area of Brazil. Veterinary Parasitology, v.140, p.54-60, 2006.
FARIA, A.R.; CASTRO VELOSO, L.; COURA-VITAL, W., et al. Novel
recombinant multiepitope proteins for the diagnosis of asymptomatic
Leishmania infantum-infected dogs. PLOS Neglected Tropical Diseases,
v.9, art.e3429, 2015.
MOLLEDA, J.M.; NOVALES, P.J,. GINEL, A.; et al. Clinical and
histopathological study of the eye in canine leishmaniasis. Israel Journal
Veterinary Medicine, v.48, p.173-178, 1993.
PEÑA, M.T.; ROUXA, X.; DAVIDSON, M.G. Ocular and periocular
manifestations of leishmaniasis in dogs: 105 cases (1993-1998).
Veterinary Ophthalmology, v.3, p.35-41, 2000.
PEÑA, M.T.; NARANJO, C.; KLAUSS, G.; et al. Histopathological features of
ocular leishmaniosis in the dog. Journal of Comparative Pathology, v.138,
p.32-39, 2008.

28. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DE UM MODELO EXPERIMENTAL PARA


INDUÇÃO DA OSTEOPOROSE EM COELHOS

PAULO HENRIQUE DE CARVALHO COSTA1, ADAM CHRISTIAN SOBREIRA DE


ALENCAR WIDMER1, FABRÍCIO LUCIANI VALENTE1, RODRIGO VIANA
SEPÚLVEDA1, ANA PAULA LIMA PERDIGÃO1, ANDRÉA PACHECO BATISTA
BORGES1.
1
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG, Brasil.

RESUMO:
Este trabalho avaliou radiograficamente a indução da osteoporose em
coelhas adultas, associando ovariectomia a administração de
glicocorticoide por 4 semanas. A densidade radiográfica dos olécranos dos
coelhos não apresentou diminuição após a ovariectomia, porém chegou a
13,4% nas duas semanas subsequentes após o fim da aplicação do
glicocorticoide. Assim, conclui-se que a ovariectomia associada à
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administração de glicocorticoide induz perda óssea em coelhas adultas,
que pode ser verificada pela densidade radiográfica.

INTRODUÇÃO:

O principal modelo animal para estudo da osteoporose utiliza ratos e


camundongos, entretanto este modelo oferece limitações no estudo da
regeneração óssea que pode ser superada com uso de coelhos (Castañeda
et al., 2008; Kaveh et al., 2010). Assim o objetivo desse trabalho é avaliar
radiograficamente um modelo experimental para indução da osteoporose
em coelhos.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Foram utilizadas 36 coelhas adultas. A indução da osteoporose combinou


ovariectomia e aplicação diária de metilprednisolona na dose de 1 mg/kg,
via intramuscular, iniciada duas semanas após a cirurgia e com duração de
quatro semanas. O olécrano dos animais foi radiografado na projeção
médio-lateral (0,2 segundos e 56 kV). No momento da tomada da
radiografia dos animais, a epífise proximal de um fêmur macerado de cão
foi posicionada próximo ao olecrano para servir de referência durante a
análise dos graus de cinza. As radiografias foram analisadas com base em
um penetrômetro de alumínio, convertendo-se o grau de cinza para
milímetros de alumínio (mmAl). Com os valores obtidos, foi construída
uma curva de correspondência entre graus de cinza e milímetros de
alumínio (mmAl)

Em seguida, nesta mesma imagem, quatro áreas circulares de 90 pixels de


diâmetro foram selecionadas na epífise do fêmur seu grau de cinza

foi mensurado e, então, convertido para mmAl. Estas áreas foram


selecionadas de forma que fossem facilmente reproduzidas nas
radiografias de cada coelho, para as quais, foi construída uma nova curva,
cuja função de regressão foi utilizada na determinação da

densidade do olécrano, em uma seleção circular de 90 pixels de

diâmetro, em mmAl. Os dados foram analisados por teste t de


87
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Student e correlação de Pearson.

DISCUSSÃO:

Como já relatado (Kaveh et al., 2010), a ovariectomia sozinha não é capaz


de promover perda óssea em coelhos, como ocorre em ratas. A avaliação
da osteoporose com base em graus de cinza deve ser cuidadosa, pois a
doença tem grande impacto no osso trabecular (Kiebzak, 1991) e a análise
do órgão, como um todo, abrange também o osso cortical e outros tipos
de tecido, como medula óssea e cartilagem (Faulkner e Miller, 2008).
Entretanto, no modelo proposto, a perda óssea é suficiente para ser
detectada radiograficamente.

CONCLUSÃO:

A associação de ovariectomia e aplicação de glicocorticoide em coelhas


produz perda óssea no olécrano detectável por avaliação radiográfica.

Agradecimentos: CAPES, CNPq e FAPEMIG.

O projeto foi aprovado pela comissão de ética em experimentação animal


da instituição pelo protocolo 49/2014.

REFERÊNCIAS:

CASTAÑEDA, S.; CALVO, E.; LARGO, R. et al. Characterization of a new


experimental model of osteoporosis in rabbits. Journal of Bone and
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29. AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO FÊMUR DE UM CÃO COM
NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA DO FÊMUR
RAFAELA PRESTES3, MAYARA NOBREGA GOMES DA SILVA¹, INGRID RIOS
LIMA MACHADO², MARIA LIGIA DE ARRUDA MISTIERI², CAROLINE GUERRA
PEDRÓ1
¹Aluna do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do
Pampa (UNIPAMPA)
²Professor adjunto do curso de Medicina Veterinária da UNIPAMPA
³Aluna do Programa de Residência Integrada em medicina Veterinária da
UNIPAMPA
RESUMO:
O exame ultrassonográfico é utilizado como exame de rotina na avaliação
de distúrbios articulares em humanos. Na medicina veterinária,
especificamente na área de animais de companhia, a ultrassonografia
articular é um método de diagnóstico ainda pouco utilizado. O presente
relato tem como objetivo descrever os achados ultrassonográficos de um
cão portador de necrose asséptica da cabeça do fêmur.
INTRODUÇÃO:
O exame ultrassonográfico é utilizado como exame de rotina na avaliação
de distúrbios articulares em humanos. Na medicina veterinária,
especificamente na área de animais de companhia, a ultrassonografia
articular é um método de diagnóstico ainda pouco utilizado (Samii e Long,
2005). A necrose asséptica da cabeça do fêmur acomete principalmente
cães de raças pequenas e toys, entre 3 a 13 meses de idade, geralmente a
doença é unilateral (Pollard e Wisner, 2014). A ocorrência desta
enfermidade pode estar relacionada a infecções, traumas, desequilíbrios
hormonais, fatores hereditários e conformação anatômica (La Fond et al.,
2002). Os sinais clínicos incluem dor no quadril e claudicação pélvica
progressiva. O diagnóstico é realizado por meio do histórico, exame físico
e radiográfico (Trostel et al., 2003). Embora a ultrassonografia não seja
rotineiramente aplicada em suspeitas de necrose asséptica de cabeça de
fêmur, é um método de diagnóstico tridimensional que possibilita a
identificação de estruturas tissulares, facilitando a identificação da lesão
quanto ao seu tamanho e invasão dos tecidos adjacentes (Kramer e
D’anjou, 2011). O presente relato tem como objetivo descrever os
achados ultrassonográficos em um cão portador de necrose asséptica da
cabeça do fêmur.
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RELATO DE CASO:
Foi encaminhado ao setor de diagnóstico por imagem do Hospital
Veterinário um cão, sem raça definida, fêmea com 10 meses de idade.
Durante a anamnese foi relatado que há 4 meses o paciente apresenta
episódios de claudicação intermitente no membro pélvico direito. Na
realização do exame ortopédico pode-se observar acentuada atrofia
muscular unilateral da musculatura glútea e da coxa com a presença de
dor à palpação da articulação coxofemoral direita. Foram solicitados
exames radiográficos e ultrassonográficos da articulação coxofemoral. No
estudo radiográfico, foram feitas projeções mediolateral e ventrodorsal,
observando-se deformidade, remodelamento e redução da radiopacidade
da cabeça femoral direita compatíveis com necrose asséptica de cabeça
do fêmur. Ademais, a cavidade acetabular apresentava-se achatada e
irregular. O exame ultrassonográfico da articulação coxofemoral direita foi
realizado com transdutor linear de 12MHz e revelou irregularidade da
superfície articular da cabeça do fêmur, espessamento da cápsula articular
e acúmulo de efusão articular A ultrassonografia da articulação
coxofemoral esquerda não apresentou alterações.
Avaliação ultrassonográfica das articulações coxofemorais de cão com
necrose asséptica da cabeça do fêmur unilateral. A) Articulação
coxofemoral direita, nota- se contornos irregulares da superfície articular
da cabeça femoral (seta fina), espessamento de cápsula articular (seta
tracejada) e acúmulo de efusão articular (seta larga) evidenciada pela
presença de material anecóico distendendo a cápsula articular. B)
Articulação coxofemoral esquerda sem alterações. Nota-se a superfície
articular da cabeça femoral formada por linha regular hiperecóica,
convexa e borda acetabular congruente a cabeça femoral (seta fina).
Observa-se acúmulo fisiológico de líquido sinovial (seta fina) bem como
cápsula articular sem alterações (seta tracejada).

DISCUSSÃO:
A ultrassonografia intra-articular está cada vez mais difundida no
diagnóstico precoce de lesões ósseas e doença articular. Permite a
observação de irregularidades na superfície articular e do osso subcondral,
é considerada uma técnica mais sensível que a radiografia na detecção de
lesões ósseas precoces (Wakefield et al., 2000). Os achados
ultrassonográficos em uma articulação podem influenciar o tratamento e,
consequentemente, o prognóstico de pacientes com doença articular de
início recente (Wakefield et al., 2000). A cabeça femoral normal pode ser
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visibilizada ultrassonograficamente como uma interface hiperecóica
convexa regular e com sombreamento acústico (Kramer e D’anjou, 2011)
como notada na articulação esquerda do paciente avaliado. Em casos de
necrose asséptica da cabeça e colo do fêmur estas estruturas tornam-se
irregulares e líticas, com falhas nas margens ósseas. A cápsula articular
apresenta-se espessada com evidente efusão articular, alterações não
possíveis de observação à avaliação radiográfica mas rapidamente
diagnosticadas à ultrassonografia (Kramer e D’anjou, 2011). Embora a
radiografia simples ainda seja o método inicial mais utilizado para o
estudo por imagem do sistema osteoarticular, recentemente outros
métodos como a ultrassonografia são cada vez mais utilizados para o
estudo complementar desse sistema. Este método, é rapidamente
executado, de baixo custo, amplamente disponível e com grande
aplicação, não apenas no estudo das anomalias de tecidos moles, mas
também de superfícies ósseas e articulares (Domingues et al., 2001)
fornecendo informações adicionais, como no caso relatado.

CONCLUSÃO:
O exame ultrassonográfico da articulação coxofemoral de cão portador de
necrose asséptica de cabeça de fêmur permitiu a detecção de
irregularidades da superfície articular, espessamento capsular e acúmulo
de líquido sinovial, complementando as informações da avaliação
radiográfica.

REFERÊNCIAS:
DOMINGUES, R.C.; DOMINGUES, R.C.; BRANDÃO, L.A. Imagenologia do
quadril. Radiologia Brasileira, v.34, n.6, p.347-367, 2001.
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Paulo: Roca, 2005, Cap.14, p.273-291.
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6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014, Cap. 15, p. 267-282.
TROSTEL, C.T; POLL R.R.; MCLAUGHLIN, R.M. Canine lameness caused by
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WAKEFIELD, R.J.; GIBBON, W.W.; CONAGHAN, P.G. et al. The value of
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arthritis: a comparison with conventional radiography. Arthritis Rheum,
v.43, n.12, p.2762-70, 2000.

30. BOTULISMO EM CÃES – RELATO DE CASOS


CASTRO, VV1; FUJIMORI, M1; FIGUEIREDO TCF¹*; CRUZ, FACS2; ALMEIDA,
ABPF3; SOUSA, VRF³
1
Programa de Residência Uniprofissional em Medicina Veterinária;
Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT; Hospital Veterinário da
UFMT.
E-mail: thaizafigueiredo@gmail.com
2
Programa de Pós graduação em Ciências Veterinárias; Universidade
Federal de Mato Grosso - UFMT.
3
Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT; Hospital Veterinário de
UFMT.

RESUMO:
O botulismo é uma doença neuroparalítica aguda grave, causada por
neurotoxinas produzidas pelo Clostridium botulinum. O objetivo deste
trabalho é relatar quatro casos de botulismo em cães na região de Cuiabá,
Mato Grosso. O principal sinal clínico apresentado pelos quatro cães foi
tetraparesia flácida, de início agudo. O diagnóstico foi firmado com a
detecção de neurotoxina botulínica pela prova biológica com inoculação
em camundongos. O tratamento instituído em todos os casos foi terapia
de suporte. O prognóstico foi favorável obtendo-se alta em média em 12
dias

INTRODUÇÃO:
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O botulismo é uma intoxicação alimentar causada por neurotoxinas
produzidas pelo Clostridium botulinum, um bacilo gram positivo e
anaeróbico (Quinn, et al., 2005).
Existem sete tipos de toxinas, sendo que a tipo C é predominante em cães
(Bruchim et al., 2006). A absorção da toxina ocorre pela mucosa intestinal
e através da corrente sanguínea atinge as junções neuromusculares, onde
inibem a liberação da acetilcolina (ACh) (Kalluri et al., 2003).
Os sinais clínicos do botulismo, que se desenvolvem de 12 a 24 horas após
a ingestão da toxina (Quinn et al., 2005) e caracteriza-se por
neuroparalisia flácida grave. O diagnóstico é baseado na clínica e/ou no
histórico, prova biológica, imunoensaio enzimático (ELISA) e
eletroquimioluminiscência (Dutra et al., 2005; Lindstrom; Korkeala, 2006;
Uriarte et al., 2010).
Este trabalho tem por objetivo relatar quatro casos de botulismo em cães
atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato
Grosso, em Cuiabá enfocando aspectos epidemiológicos, clínicos,
laboratoriais e tratamento.

RELATO DE CASOS:
No setor de Clínica Médica do Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Mato Grosso (HOVET-UFMT), Cuiabá, Mato Grosso foram
atendidos quatro cães com suspeita clínica de botulismo.
Caso 1: Macho, um ano, Sem Raça Definida, com histórico de
desaparecimento por dois dias, tetraparesia e movimento de cauda
normal, vocalização, dispnéia e disfagia. Residia em zona
Caso 2: Fêmea, um ano, Sem Raça Definida, tetraparesia com
movimento de cauda normal, dispnéia e midríase há um dia. Residia em
ambiente urbano com livre acesso a rua.
Caso 3: Macho, três anos, Sem Raça Definida, tetraparesia,
movimento de cauda normal, regurgitação presente, diarreia, apatia,
anorexia, hipodipsia, e midríase. Vivia em zona urbana com livre acesso a
rua e a zona rural, além de possuir hábito de caça.
Caso 4: Fêmea, cinco anos, Sem Raça Definida, apresentando
apatia, posteriormente tetraparesia e anorexia. Residia em ambiente rural
sem restrição de espaço físico.
Todos os cães foram submetidos à realização de hemograma
completo e exames bioquímicos para avaliar função renal e hepática e
internação.
Para a confirmação do diagnóstico de botulismo foram realizados
ensaios biológicos através da inoculação de 0,5 ml de soro por via
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intraperitoneal em camundongos, conforme descrito por Dutra et al.
(2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A principal apresentação clínica observada em todos os animais foi
tetraparesia flácida de início agudo, conforme relatado por Monego et al.
(2006) e Moura et al. (2014). Três animais apresentavam movimento de
cauda normal, dois com midríase associada à diminuição nos reflexos de
nervos cranianos e dois cães com dispnéia (Nascente et al., 2005). Os
sinais de paresia ascendente de neurônio motor inferior associado a sinais
parassimpáticos, como nesses casos sugerem o diagnóstico de botulismo
(Uriarte et al., 2010).
Os parâmetros hematológicos e bioquímicos não são afetados em casos
de botulismo (Moura et al., 2014). Nestes relatos, alterações
hematológicas podem ser justificadas pelas manifestações clínicas
secundárias apresentadas, como observado em um cão diagnosticado
com pneumonia.
O soro de animais doentes pode ser injetado em camundongos saudáveis,
que geralmente ficarão doentes em 24-48 horas (Lindstrom e Korkeala,
2006), como foi seguido e observado no estudo utilizando o soro dos
animais doentes.
Todos os animais do estudo passaram por tratamento de suporte
associado a antibioticoterapia de amplo espectro(Monego et al., 2006),
sendo em dois deles utilizado enrofloxacina, no entanto o uso de
sulfadoxina associada ao trimetropim e doxiciclina também apresentaram
bons resultados.
CONCLUSÃO:
A terapia de suporte, com cuidados de enfermagem e manejo dietético
são pontos fundamentais na recuperação dos cães com botulismo.

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corte e leite alimentados com cama de frango. Pesquisa Veterinária
Brasileira, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 115-119, 2005.
KALLURI, P. et al. An outbreak of foodborne botulism associated with food
sold at a selvage store in Texas. Clinical Infectious Diseases, v. 37, n.11, p.
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Clinical microbiology reviews. Finland: copyright, v.19, n.2, p. 298-314,
2006.
MONEGO, F. et al Diagnóstico de Clostridium botulinum tipo C em Cão –
Relato de Caso. Veterinária Notícias, Uberlândia, v. 12, n. 2, p. 79-81,
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MOURA, J.B. et al. Revista Clínica Veterinária, n. 108, p.45-61, 2014.
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Veterinária, v. 55, p. 48-52, 2005.
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veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005. cap. 16, p.
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Canadian Veterinay Journal, v. 51, n. 10, p. 1139-1142, 2010.

31. CARACTERÍSTICAS SEMINAIS DE CÃES DA RAÇA GOLDEN RETRIEVER,


CRIADOS NO MUNICÍPIO DE LONDRINA-PR

BÁRBARA LETÍCIA MARCHI DA SILVA1, BÁRBARA KOLECHA COSTA1, MARIA


EDUARDA ALVES DA SILVA1, MARCELO EDUARDO COSTA1, FLÁVIA NAVAS
PADILHA2, FLÁVIO GUISELLI LOPES2
1. Discente, do Curso de Medicina Veterinária da UNOPAR.
2. Docente, do Curso de Medicina Veterinária da UNOPAR.

RESUMO:

O objetivo do presente estudo foi avaliar as características seminais de


cães da raça Golden Retriever, criados no município de Londrina-Pr. O
presente estudo foi realizado no mês de maio de 2014. Treze cães da raça
Golden Retriever, em idade adulta, foram submetidos ao exame
andrológico. Dos cães avaliados, 84,61% foram considerados aptos e
15,36% considerados inaptos temporariamente à reprodução. A idade e o
peso médio observado nos cães aptos a reprodução foi de 33,82 ± 20,91
meses; 36,46 ± 6,65 Kg, respectivamente. O valor médio observado para
diâmetro testicular foi de 16,45 ± 0,57 cm. A média observada para vigor e
motilidade espermática foi de 4,0 ± 0,77; e 82,73 ± 6,47 %,
respectivamente. Quanto às características morfológicas, foi observada
média de 7,90 ± 3,48; 2,73 ± 2,80; 10,64 ± 4,53 %, para os defeitos
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maiores, defeitos menores e defeitos espermáticos totais,
respectivamente. Para os dois cães classificados como inaptos
temporariamente, foi sugerido uma recoleta.

INTRODUÇÃO:
A criação de cães de raça tem se tornado uma atividade econômica cada
vez mais rentável no Brasil, visando à produção de animais de alto valor
zootécnico adequados aos padrões inerentes a raça (Fukushima, 2008).
Inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas para o aprimoramento das
biotecnologias associadas à reprodução (De Pauw et al., 2003), com o
objetivo geral, de conservar e maximizar o uso de material genético de
reprodutores, bem como, otimizar o aproveitamento dos estros férteis
das fêmeas (Fukushima, 2008).
Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar as características
seminais de cães da raça Golden Retriever, criados no município de
Londrina-Pr.

MATERIAL E MÉTODOS:
O presente estudo foi realizado em maio de 2014. Treze cães da raça
Golden Retriever, em idade adulta, hígidos, com bom estado corporal,
foram submetidos ao exame andrológico, seguindo os padrões
recomendados pelo Cbra (2013).
Para obtenção dos ejaculados, foi utilizado o método descrito por Linde-
Forsberg (1991), por meio de manipulação digital, sem a presença de
fêmea em estro, com o animal em estação.
Após a finalização do exame andrológico, os cães foram classificados em
aptos ou satisfatórios, inaptos ou insatisfatórios temporariamente.
Foi realizada a análise descritiva de todas as características estudadas.

RESULTADOS:
Dos cães avaliados e classificados, 84,61% (n = 11) foram considerados
aptos e 15,36% (n = 02) considerados inaptos temporariamente à
reprodução.
A idade e o peso médio observado nos cães aptos a reprodução foi de
33,82 ± 20,91 meses; 36,46 ± 6,65 Kg, respectivamente. O valor médio
observado para diâmetro testicular foi de 16,45 ± 0,57 cm. A média
observada para vigor e motilidade espermática foi de 4,0 ± 0,77; e 82,73 ±
6,47 %, respectivamente. Quanto às características morfológicas, foi
observada média de 7,90 ± 3,48; 2,73 ± 2,80; 10,64 ± 4,53 %, para os
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defeitos maiores, defeitos menores e defeitos espermáticos totais,
respectivamente.
Para os dois cães classificados como inaptos temporariamente à
reprodução, foi sugerido uma posterior recoleta. O valor observado para a
idade e peso médio foi de 38,0 ± 2,83 meses; 35,70 ± 3,82 Kg,
respectivamente. O valor médio observado para diâmetro testicular foi de
17,0 ± 1,41 cm. A média observada para vigor e motilidade espermática
foi de 2,5 ± 0,71; 47,50 ± 24,75 %, respectivamente. Quanto às
características morfológicas, foi observada média de 18,0 ± 5,66; 8,50 ±
4,95; 26,50 ± 0,71 %, para os defeitos maiores, defeitos menores e
defeitos espermáticos totais, respectivamente.

DISCUSSÃO:
Apesar dos resultados obtidos, não foi possível realizar comparações com
outros autores, haja vista, a escassez de trabalhos sobre a raça. No caso
da raça Golden Retriever, foi encontrado um único trabalho, porém, a
respeito de avaliação andrológica de cães com distrofia muscular (Luppi,
2006).
Portanto, os processos reprodutivos dos cães ainda carecem de estudos, e
as informações existentes, vêm sendo aplicadas como conhecimento
básico. Segundo Luppi (2006), o manejo reprodutivo é um quesito
fundamental para qualquer criação e merece atenção redobrada quando
se trata de modelos experimentais.
No caso dos cães que foram considerados inaptos temporariamente à
reprodução, talvez o estresse sofrido pela mudança de ambiente e/ ou o
não condicionamento da coleta de sêmen, tenha influenciado nos
resultados.
Para Maia (2002), fatores relacionados ao próprio animal, como raça,
idade, peso corporal e as características testiculares, assim como,
variações climáticas e a nutrição podem influenciar as características
reprodutivas.

CONCLUSÃO:
O exame andrológico apresentou grande contribuição para a
padronização dos parâmetros seminais e para a seleção de reprodutores
da raça Golden Retriever, aptos à reprodução.

REFERÊNCIAS:
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COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO - CBRA. Manual para exame
andrológico e avaliação de sêmen animal. 3.ed. Belo Horizonte: CBRA,
2013, 104p.
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spermatozoa. Theriogenology, v.59, n.5-6, p.1109-1122, 2003.
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sêmen congelado na cadela: comparação entre dois sítios de deposição.
2008 64f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2008.
LINDE-FORSBERG, C. Achieving canine pregnancy by using frozen or chilled
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Science, v.21, n.3, 1991.
LUPPI, M.M.C.P. Avaliação andrológica de cães da raça Golden Retriever
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– Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e
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MAIA, M.S. Avaliação andrológica em carneiros. Revista Brasileira de
Reprodução Animal, Suplemento 5, p.33-34, 2002.

32. CARACTERIZAÇÃO MORFOLOGICA DE TUMORES CEREBRAIS


PRIMÁRIOS NEUROEPTELIAS NÃO EMBRIONÁRIOS EM CÃES
HELEN CRISTINA GOMES DE LIMA1; ALINE DE JESUS DA SILVA 1 ; GABRIELA
MORAIS MADRUGA1; VITOR SANTILI DEPES1; EDSON MOLETA COLODEL1
1
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, Mato Grosso,
Brasil.

RESUMO:
Neoplasias neuroepiteliais primárias não embrionárias são as que se
originam de astrócitos, oligodendrócitos, de epêndima ou de plexo
coroide. Os meios ante-mortem para identificação dessas neoplasias são
limitados em medicina veterinária, portanto a análise macroscópica e
principalmente histológica são importantes para conclusão diagnóstica.
Desse modo, esse estudo visa apresentar uma breve revisão a respeito da
caracterização morfológica dos principais tumores neuroepiteliais não
embrionários em caninos.

INTRODUÇÃO
Neoplasias intracranianas representam cerca de 3% de todas as neoplasias
observadas em cães (Snyder et al., 2006). Os astrocitomas,
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oligodendrogliomas, ependimomas e tumores de plexo coroide consistem
nos principais neoplasmas neuroepiteliais primários relatados na espécie
canina, sendo os mais frequentes depois dos meningiomas
(Jesus, 2011).
A prevalência das neoplasias cerebrais em cães é maior em adultos a
idosos, com média de aparecimento aos 9 anos de idade
(Snyder et al., 2006). Em relação à predisposição racial, podem ocorrer
em qualquer raça, porém os oligodendriomas e astrocitomas são mais
observados em braquiocefálicos (Koester e Higgins, 2002).
A tomografia computadorizada e ressonância magnética constituem
ferramentas importantes no diagnóstico ante-mortem de neoplasias
intracranianas, porém, seu uso é limitado em medicina veterinária, sendo
o exame morfológico importante para conclusão diagnóstica
(Jesus, 2011). Desse modo, apresentamos uma breve revisão a respeito da
caracterização macroscópica e histopatológica das principais neoplasias
intracranianas neuroepiteliais não embrionárias em cães.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
Segundo a classificação baseada no The WHO International “Histological
Classification of tumors of the Nervous System of Domestic Animals”
(Koester et al. 1999), os tumores astrocíticos se subdividem em: (1)
astrocitoma difuso (baixo grau), (2) astrocitoma anaplásico (médio grau) e
(3) glioblastoma multiforme (alto grau). Pelo mesmo sistema de
classificação, os oligodendrogliomas e ependimomas classificam-se em
simples e anaplásicos, ao passo que, os tumores de plexo coroide
apresentam-se como papiloma ou carcinoma.
De maneira geral, os tumores astrocíticos são encontrados mais
comumente nos lobos piriformes e diencéfalo em cães (Jesus, 2011). Os
astrocitomas difusos, geralmente, são bem delimitados, assemelham-se
ao tecido normal, tem coloração cinza-esbranquiçada e consistência firme
(Zachary, 2013). Os astrocitomas anaplásicos e os gliobastomas fusiformes
tendem a ser avermelhados, frequentemente contém áreas de necrose
com hemorragia e edema, cavitação e consistência macia (Koester e
Higgins, 2002).
Microscopicamente, astrocitomas difusos apresentam população celular
frouxamente disposta, que conforme a classificação em Koester et al.
(1999) subdividem-se em três tipos: (1) Fibrilar, composta por células
alongadas com núcleos atípicos e hipercromáticos; (2) Gemitoscítica,
formada por células globoides grandes e irregulares com núcleo
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excêntrico e abundante citoplasma eosinofílico; (3) Pilocítica, composta
por astrócitos neoplásicos com discretos processos filamentosos.
O astrocitoma anaplásico e glioma multiforme são caracterizados pelo
elevado pleomorfismo celular, que incluem células gigantes e
hipercromáticas, além de marcada atipia nuclear e mitoses frequentes
(Zachary, 2013). O glioma multiforme diferencia-se pela necrose com
aspecto de pseudopaliçada, ou seja, áreas multifocais de necrose e
hemorragia rodeadas por pequenas células tumorais fusiformes. A
proliferação microvascular rodeando as áreas necróticas é outra marca
histológica desse subtipo (Koester e Higgins, 2002).
Oligodendrogliomas são observados na substância branca do sistema
nervoso central (Jesus, 2011). Geralmente, possuem margens pouco
definidas, com área central necrótica cística, avermelhada, macia a
gelatinosa, associado com hemorragia (Snyder et al., 2006). A similaridade
ao tecido normal circunjacente é uma característica de melhor
prognóstico (Koester e Higgins, 2002). Microscopicamente, são
compostos por células densamente arranjadas em fileiras ou semicírculos,
as quais contêm núcleo central e hipercrômico com raras mistoses e
citoplasma pálido, formando um halo perinuclear
(Jesus, 2011). Degeneração mucoide, edema e cavitação podem ocorrer
(Zachary, 2013).
Ependimomas e tumores de plexo coroide localizam-se no sistema
ventricular, sobretudo, nos ventrículos laterais e quarto ventrículo (Snyder
et al., 2006). Ependimomas apresentam, em sua maioria, superfície de
corte lisa, coloração cinza-esbranquiçada, tamanho maior que 2 cm, e são
bem delimitados (Jesus, 2011). Tumores de plexo coroide apresentam
forma granular ou em couve-flor, coloração acinzentada a avermelhada,
boa delimitação e tamanhos variados (Zachary, 2013).
No exame histopatológico, ependimomas possuem alta celularidade e
vascularização. As células apresentam núcleo redondo a oval
hipercrômico, citoplasma escasso e são organizadas em camadas ou
faixas, por vezes com formação pseudorosetas ao redor de vasos (Koester
e Higgins, 2002). Hemorragias, degenerações mucinosa e cística e
proliferação capilar podem ocorrer, sendo a taxa de mitose variável
(Zachary, 2013).
Tumores de plexo coroide caracterizam-se pela presença de estroma
conjuntivo vascular arboriforme, envolvido por camada celular epitelial
cuboide colunar, altamente vascularizado (Zachary, 2013). As células
epiteliais assemelham-se às normais do plexo coroide e não há figuras de
mitose. Na forma de carcinoma, as células são maiores e monomórficas,
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podendo se observar mitoses, proliferação vascular e metástases no
espaço subaracnóide (Koester e Higgins, 2002).

CONCLUSÃO :
A realização do estudo morfológico das neoplasias intracranianas em
medicina veterinária ocorre, geralmente, como exame post-mortem no
animal. Entretanto, essa prática ainda se constitui como uma ferramenta
importante de diagnóstico, uma vez que fornece informações que
contribuem para uma melhor abordagem in vivo de cães portadores,
podendo ser utilizadas como referência para futura avaliação médica e
terapêutica.

REFERENCIAS
JESUS, S. O. T. S .Estudo de gliomas cerebrais no cão, padrões
imagiológicos, mutações de p53, expressão dos receptores do factor de
crescimento epidérmico (egfr), e marcadores imunohistoquímicos. 2011.
114f. Dissertação (Doutorado em especialidade de clínica) –
Departamento da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
técnica de Lisboa, Lisboa.
KOESTNER, A.; BILZER, T.; SCHULMAN, F. Y. et al. Armed Forces Institute
of Pathology . 2.ed: Washington, DC, 1999. v.71. p. 32.
KOESTER, A.; HIGGINS, R.J. Tumors of the nervous system. In:
MEUTEN,D.J. Tumors in domestic animals. 4.ed. Ames : Iowa State, 2002.
p.697-738.
SNYDER, J.M.; SHOFER, F.S.; VAN WINKLE, T.J.et al. Canine intracranial
primary neoplasm: 173 cases. J Vet Intern Med. 20: 669-675, 2006.
ZACHARY, J.F. Sistema Nervoso. In: ZACHARY, J.F.; MCGAVIN, M.D. Bases
da patologia em veterinária. Tradução da 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013. p.774-873.
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33. CARCINOMA CERUMINOSO NA ESPÉCIE CANINA

JOSÉ ARTUR BRILHANTE BEZERRA1, KILDER DANTAS FILGUEIRA1


1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Mossoró-RN)

RESUMO:

Neoplasias auriculares em cães são raras. Relatou-se um carcinoma de


glândulas ceruminosas nessa espécie. Uma cadela possuía lesão na orelha
direita. Submeteu-se a paciente ao exame físico. Optou-se por biopsia
excisional. A amostra foi enviada para histopatologia. Observou-se nódulo
no ramo vertical do canal auditivo externo direito. A histopatologia
detectou carcinoma de glândulas ceruminoso. Este deve ser considerado
em canídeos com massas no meato acústico externo.
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INTRODUÇÃO:

As neoplasias do canal auricular externo são raras dos canídeos (Fan e De


Lorimier, 2004). Porém quando ocorrem, o carcinoma de glândulas
ceruminosas (CGC) é o mais comum, com frequência de 61%. Equivale a
um tumor maligno com origem nas glândulas sudoríparas tubulares
apócrinas modificadas, presentes na derme profunda do meato acústico
externo (Harvey et al., 2004; Gotthelf, 2007). É localmente invasivo, sendo
as metástases distantes raras. A terapia mais eficaz é a excisão cirúrgica
(Fan e De Lorimier, 2004). Objetivou-se relatar um caso de CGC em
canino.

DESCRIÇÃO DO RELATO:

Uma cadela, sete anos, Pinscher, possuía proliferação na orelha direita há


seis meses, de rápido crescimento. Submeteu-se a paciente ao exame
físico. Foram realizadas radiografias do crânio e citologia aspirativa da
alteração. Optou-se por biopsia excisional. A amostra foi enviada para
histopatologia. Observou-se um nódulo (1,9 x 2,0 cm), na porção proximal
do ramo vertical do canal auditivo externo direito, com impossibilidade de
realizar a otoscopia. A neoformação era firme, séssil, irregular e ulcerada.
Não ocorria distúrbio na orelha contralateral. A citologia sugeriu neoplasia
epitelial maligna. A imaginologia não revelou alterações significativas. A
histopatologia detectou padrão compatível com carcinoma apócrino
secretório de glândulas ceruminosas, bem diferenciado, também
denominado simplesmente de carcinoma ceruminoso ou CGC. Com a
remoção da neoformação, executou-se a otoscopia, não sendo
constatadas lesões no restante do meato acústico externo direito.
Realizou-se seguimento da cadela, com ausência de recorrência até o
atual momento.

DISCUSSÃO:
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Apesar dos principais tumores malignos do canal auditivo de cães
corresponderem ao CGC e ao carcinoma de células escamosas, podem
ocorrer inúmeros outros processos neoplásicos como mastocitoma,
melanoma, fibrossarcoma, condrossarcoma, carcinoma de células basais e
carcinoma sebáceo (Fan e De Lorimier, 2004; Gotthelf, 2007). No trabalho
em evidência tornou-se essencial a distinção com as outras entidades.
Embora o CGC apresente uma tendência a ser infiltrativo (Harvey et al.,
2004), no presente caso comportou-se de forma oclusiva, devido à
elevada progressão e diagnóstico tardio. Como o exame citológico
conferiu apenas uma suspeição, justificou-se a biópsia excisional e
histopatologia para obter um diagnóstico conclusivo. De um modo geral,
recomenda-se a excisão cirúrgica radical, com ablação total do canal
auricular e osteotomia lateral da bula timpânica, devido às propriedades
de invasão dos tecidos locais que o CGC conduz (Fan e de Lorimier, 2004).
No relato em questão, a não evidência de metástases, fundamentou a
adoção de uma terapia conservadora. A recorrência local do tumor,
quando se adota um tratamento mais discreto, pode chegar a 75% (Fan e
De Lorimier, 2004). Por este motivo, o acompanhamento da cadela em
discussão foi fundamental para se identificar precocemente uma possível
recidiva e admissão de terapia mais drástica se necessária.

CONCLUSÃO:

As neoplasias do canal auricular externo são raras em cães, devendo o


CGC ser incluído como diagnóstico diferencial dessas afecções.

REFERÊNCIAS:

FAN, T.M.; DE LORIMIER, L. Inflammatory polyps and aural neoplasia. The


Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.34, n.2,
p.489-509, 2004.

GOTTHELF, L.N. Doenças do ouvido em pequenos animais: guia ilustrado.


2.ed. São Paulo: Roca, 2007, 356 p.

HARVEY, R.G.; HARARI, J.; DELAUCHE, A.J. Doenças do ouvido em cães e


gatos. Rio de Janeiro: Revinter, 2004, 272 p.
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34. CARCINOMA ESCAMOSO CERATINIZADO ORAL EM CÃO: A EFICÁCIA
DO TRATAMENTO COM BASE NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

ELISA CUNHA PEREIRA1, SANDRA MARNIE SOUSA², MARIO ARTHUR DA


COSTA LEAL3, ÉRICA FLÁVIA SILVA AZEVEDO1

1.Acadêmica de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural da


Amazônia; elisa_cunhap@hotmail.com

2. Médica Veterinária Independente, Esp. em Clinica de Animais Silvestres;

3. Médico Veterinário autônomo.

RESUMO:

Trata-se de um relato de caso e discussão de caso clínico de ocorrência de


carcinoma escamoso ceratinizado oral em cão, onde é discutida a
importância de definir o tratamento somente após a realização do
diagnóstico diferencial. O canino, fêmea, aproximadamente 3 anos e SRD,
apresentava várias verrugas, coloração enegrecida, sem ulcerações,
localizados na cavidade oral. Em um primeira análise suspeitou-se de
papilomatose, tendo sido iniciado o tratamento para a doença. Porém,
sem melhora do quadro clínico, foi realizado o histopatológico onde
identificou-se carcinoma escamoso ceratinizado. O tratamento foi
instituído com quimioterapia utilizando Sulfato de Vincristina.

INTRODUÇÃO:

Maffezzolli e Zotti (2007), afirmam que o carcinoma escamoso


ceratinizado é considerado uma neoplasia maligna dos queratinócitos,
agressiva com baixa taxa de metástase, podendo esta ocorrer em
linfonodos regionais e pulmão. Segundo Bento e Guterres (2009), é o
segundo tumor bucal mais comum em cães.

MATERIAL E MÉTODOS:
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Chegou ao consultório um canino, fêmea, aproximadamente 3 anos, 10
kg, SRD, pelagem branca com algumas manchas marrons e recém resgato
da rua. Apresentava vários papilomas com tamanho variando entre 0,5 a 1
cm, coloração rosácea, sem ulcerações, localizados na rima labial, gengiva
e língua. No tratamento inicial, usou-se Thuya 12 CH (VO) e a a
suplementação de complexo de vitaminas e aminoácidos. Foram
solicitados hemograma e histopatológico das verrugas. Resultado do
hemograma apresentou leucocitose, posteriormente a pesquisa de
hemoparasita da ponta da orelha positiva para babesiose. Tratando-se
com doxiclina (50 mg/BID/VO/21 dias), havendo recuperação DESTE
quadro clinico do canino.

Antes do resultado histopatológico, e, por volta de um período de 2


semanas de tratamento, houveram novas proliferações, inclusive no
mesmo local onde havia sido coletado uma das verrugas. Por isso, foi
adicionado ao tratamento auto-hemoterapia, realizadas três sessões, com
intervalo de uma semana entre elas. Entre as sessões houve mudança na
coloração de algumas verrugas para esbranquiçadas mas com novas
proliferações. No resultado do histopatológico identificou-se carcinoma
escamoso ceratinizante superficialmente invasor de padrão verrucoso. O
tratamento baseou-se em quimioterapia com Sulfato de Vincristina (0,1
mg/IV) fazendo 3 aplicações em intervalos de 1 semana. Durante o
período de tratamento houve o surgimento de novas verrugas.

No novo tratamento foi ajustado o Sulfato de Vincristina (0,2 mg/IV)


fazendo-se 3 aplicações em intervalos de 1 semana e suplemento
vitamínico aminoácido para cães contendo probiótico, e prebiótico. Antes
das aplicações do quimioterápico sempre era administrado um coquetel
(IV) com complexo B, vitamina C e protetore hepático. Quando metade do
coquetel era administrado, trocava-se a seringa aplicando o
quimioterápico e por fim o restante do coquetel.
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Após a primeira semana aplicando a nova dosagem de Sulfato de
Vincristina, não houve proliferação. Durante o tratamento foi coletado
sangue para a realização de hemogramas, que não apresentaram
alterações. Ao término do período de quimioterapia, houve a regressão
total das lesões verrucosas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Inicialmente, suspeitava-se que os papilomas eram decorrentes de


papilomatose, sendo usado no tratamento inicial Thuya e suplementação
com complexo de vitaminas e aminoácidos para auxiliar a resposta imune.

A partir das análises hematológicas foi possível suspeitar de


hemoparasitose e ter um melhor acompanhamento dos parâmetros
fisiológicos do animal. De acordo com Rodaski e Nardi (2006), é
importante o acompanhamento durante o tratamento realizando exames
a cada 7 dias, previamente à aplicação do quimioterápico. Ainda, a baixa
mielotoxicidade atribuída à vincristina, recomenda-se a avaliação
hematimétrica prévia às terapias.

O sulfato de vincristina foi escolhido pela sua ação inibidora da


multiplicação das células e pelas condições apresentadas pelo paciente.
Em um trabalho quimioterápico foi utilizado em carcinoma escamoso em
gatos, apresentando efeitos colaterais (Hirschmann et al, 2008). A
aplicação do coquetel objetivou preparar o animal para receber a
aplicação do quimioterápico, diminuir os efeitos colaterais e auxiliar na
sua resposta imunológica. Não foram observados efeitos colaterais no
canino.

O tratamento quimioterápico foi efetivo após o ajuste da dose para o peso


do animal, suas condições e estado da doença. Segundo Rodaski e Nardi
(2006), para ocorrer a maior destruição das células tumorais, os
quimioterápicos devem ser administrados em doses máximas toleradas
(DMT) e durante o menor tempo possível, devendo essa posologia ser
ajustada ao paciente, ao estadiamento da doença ou a disfunção orgânica.

CONCLUSÃO:
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Deve-se considerar a individualidade do paciente na escolha do
tratamento, ressaltando a importância da realização do diagnostico
diferencial e de acompanhá-lo com exames complementares devido aos
efeitos colaterais que este pode vir a apresentar devido ao tratamento.

É fundamental iniciar o tratamento quimioterápico em pacientes em


melhor estado de saúde possível e tentar minimizar os efeitos colaterais
do quimioterápico com terapia de suporte. No caso relatado o diagnóstico
diferencial foi de grande importância para o estabelecimento do
tratamento adequado e sua eficácia, tornando a intervenção cirúrgica
desnecessária pela boa resposta à quimioterapia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BENTO, J.R.; GUTERRES, K. A. Carcinoma de células escamosas (cce) em


canino american pitbull - relato de caso. XI ENPOS I AMOSTRA CIENTIFICA,
2009.

HIRSCHMANN, L. C.; CAMPELLO, A. O.; CORRÊA, A.; DECKER, C. L.; FACCO,


M. P.; LOBO, C. G.; SIMON, Carolina. Carcinoma Epidermóide: Tratamento
e evolução clínica em felinos, 2008. Disponível em:
http://72.29.69.19/~nead/cursos/cli/carcinomaespinocelularemfelinos.pd
f. Acesso em: 5 de fevereiro de 2015.

MAFFEZZOLLI A.C.; ZOTTI E. R.; Carcinoma de células escamosas em


felinos. Monografia do curso de pós graduação Lato sensu da
Universidade Castelo Branco – RJ, 2007.

RODASKI, S.; NARDI, A.; Quimioterapia Antineoplásica em Cães e Gatos.


Curitiba: Bio Editora, 2006.

35. CARDIOMIOPATIA NÃO-CLASSIFICADA EM UM GATO

MARCELA SIGOLO VANHONI¹, HELOÍSE BARBOSA DA CONCEIÇÃO¹,


GUSTAVO DITTRICH¹, MARLOS GONÇALVES SOUSA¹
¹ Universidade Federal do Paraná – Curitiba/PR

RESUMO:
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As cardiomiopatias são classificadas em quatro subtipos: cardiomiopatia
dilatada (CMD), cardiomiopatia hipertrófica (CMH), cardiomiopatia
restritiva (CMR) e cardiomiopatia arritmogênica ventricular direita (CAVD).
No entanto, em alguns casos, não são evidenciadas o conjunto de
características que permita enquadrá-los nessa classificação. Nesse
sentido, o paciente recebe o diagnóstico de cardiomiopatia não-
classificada. No presente relato de caso serão descritos os sinais clínicos,
bem como as alterações no exame físico e exames complementares que
permitiram diagnosticar a cardiomiopatia não-classificada em um gato
doméstico.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
O diagnóstico das cardiomiopatias em geral pode ser realizado pelos
achados clínicos, valendo-se, principalmente, da auscultação cardíaca e
respiratória e dos sinais comuns de insuficiência cardíaca, quando houver.
Ademais, são primordiais os exames complementares, incluindo a
ecocardiografia, a eletrocardiografia e a radiografia torácica. Valendo-se
disso, o presente relato de caso tem como objetivo descrever os sinais
clínicos desta cardiomiopatia e auxiliar no diagnóstico desta afecção em
gatos.
Para tal, foi selecionado um gato, sem raça definida, de 2,8kg, 5 anos de
idade, que apresentou ao exame físico arritmia irregularmente irregular,
dispnéia, prostração e pressão arterial sistólica (PAS) de 80 mmHg. O
paciente obtinha histórico de prostração, inapetência e emagrecimento
progressivo com 15 dias de evolução mais evidente. O diagnóstico foi
estabelecido a partir dos sinais clínicos, exame físico, eletrocardiográfico
(ECG) e, principalmente, ecocardiográfico (ECO). Procedeu-se a análise da
ficha clínica, com observação da história pregressa.

DISCUSSÃO:
O ECG evidenciou ausência de onda P durante todo traçado, com
frequência elevada e ritmo irregular, compatível com fibrilação atrial.
Ademais, havia aumento da duração de complexo QRS (0,047s), sugerindo
sobrecarga em ventrículo esquerdo, e aumento de onda T, caracterizando
distúrbio inespecífico de repolarização ventricular. A fibrilação atrial pode
decorrer de quaisquer cardiopatias que danifiquem o sistema de
condução elétrica do coração (RETTORE, 2002). Gatos com cardiomiopatia
não classificada apresentam alterações eletrocardiográficas inespecíficas,
sobretudo em relação à sobrecarga atrioventricular (FERASIN et al., 2003).
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O ECO indicou alterações que confirmaram o diagnóstico da
cardiomiopatia não classificada. As dimensões do ventrículo esquerdo
foram obtidas no estudo em modo M, em eixo curto, obtido pela janela
paraesternal direita. Havia discreta dilatação da cavidade ventricular
esquerda, tanto em sístole quanto em diástole (9,3 mm e 15,4 mm,
respectivamente), sem hipertrofia de septo e de parede ventricular,
mantendo a normalidade das frações de ejeção (74%) e encurtamento
(39%). O tamanho do átrio esquerdo foi expresso pela relação entre as
dimensões da cavidade atrial e da raiz aórtica, sendo demonstrado
aumento importante de átrio esquerdo (AE/Ao = 1,7). A avaliação do fluxo
de sangue nas valvas atrioventriculares e semilunares foi determinada
pelo estudo de Doppler espectral e colorido. As velocidades e gradientes
de pressão dos fluxos transvalvares estavam dentro da normalidade e não
havia sinais de refluxo sanguíneo.
A despeito das anormalidades ecocardiográficas evidenciadas, os
resultados não permitiram enquadrar a doença cardíaca apresentada pelo
animal em nenhuma classificação de cardiomiopatia. Apesar de ter sido
constatado discreto aumento de câmara ventricular esquerda, a função
miocárdica sistólica aparentemente encontrava-se preservada, a julgar
pela fração de encurtamento não diminuída, como em animais com CMD
(FUENTES, 1992). Além disso, não havia hipertrofia concêntrica de
ventrículo esquerdo nem de septo ventricular como em animais com CMH
(RETTORE, 2002). A dilatação atrial presente no animal em questão pode
ser secundária à disfunção diastólica, mas a comprovação só seria possível
empregando-se estudo ecocardiográfico com Doppler tecidual (FERASIN et
al., 2003).
Para o tratamento da fibrilação atrial, institui-se a administração de
digoxina a 0,007 mg/kg, em dias alternados, por via oral. Decorridas 24h
da primeira administração, a PAS do animal já havia se normalizado (120
mmHg) e a frequência cardíaca havia reduzido.

CONCLUSÃO:
Por meio dos resultados obtidos pelo exame ecocardiográfico, pode-se
diagnosticar a cardiomiopatia não classificada nesse paciente. As
alterações miocárdicas acabam por gerar uma alteração no sistema de
condução elétrico no coração, causando fibrilação atrial, a qual prejudica
o débito cardíaco que, por sua vez, pode explicar a hipotensão
apresentada pelo paciente. Com a terapia, conseguiu-se amenizar os
efeitos da fibrilação atrial e, destarte, normalizou-se a pressão arterial
sistólica do paciente.
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REFERÊNCIAS:
RETTORE, A. C. D. G., Cardiomiopatias felinas. Curso de pós-graduação
“latu sensu”, p.74. Belo Horizonte, 2002.
FERASIN, L. et al. Feline idiopathic cardiomyopathy: a retrospective study
of 106 cats (1994–2001). Journal of Feline Medicine & Surgery, v. 5, n. 3,
p. 151-159, 2003.
FUENTES V.L. Feline heart disease: an update. Journal of Small Animal
Practice 33, 130–137,1992.

36. CASO ATÍPICO DE FEO-HIFOMICOSE EM CÃO


ATIPICAL CASE OF FHAEOHYPHOMYCOSIS IN DOG
ADRIANA ALONSO NOVAIS1; VALÉRIA RÉGIA FRANCO SOUZA2; KAMILLA
SANTIAGO SANTOS BERTIPAGLIA3, TAMIRES DEFREIN BARÃO3; FLÁVIA
SUELEN CIANFA SANTI3; FRANCIELLY LOPES3
1
Docente, Medicina Veterinária, Instituto de Ciências da Saúde,
Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop, Mato Grosso.
(aanovais@terra.com.br)
2
Docente, Medicina Veterinária, Departamento de Medicina Veterinária,
Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá, Mato Grosso.
3
Graduanda, Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus Sinop, Mato Grosso.

RESUMO:
Feo-hifomicose é um termo usado para descrever um grupo heterogêneo
de doenças fúngicas, de caráter oportunista, causado por fungos
filamentosos da família Dematiaceae. Os fungos causadores são saprófitas
do solo e matéria orgânica em decomposição, de distribuição cosmopolita
e mais comum em climas quentes e úmidos (UCHÔA et al., 2012;
POUTAHIDIS et al., 2009). A etiologia é composta por grande variedade de
fungos, dentre os quais o Cladosporium cladosporioides (FERREIRO et al.,
2007; JAND e GUPTA, 1989). Relata-se um caso de cão mestiço adulto que
foi apresentado à consulta por apresentar convulsões associadas a
nódulos cutâneos. À despeito da intervenção terapêutica adotada, o
paciente veio à obito. O diagnóstico definitivo realizado através da técnica
de PCR (Polimerase Chain Reaction) identificou o agente Cladosporium
cladosporioides. Enfatiza-se a necessidade de investigação sistemática dos
pacientes que apresentam nódulos cutâneos, com vistas ao rápido
diagnóstico e instituição de terapêutica adequada.
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DESCRIÇÃO DO RELATO:
Um cão mestiço, com seis anos de idade, foi levado para atendimento
clinico, apresentando quadro de convulsões associadas a duas lesões
dermatológicas de aspecto nodular, com aproximadamente dois
centímetros de diâmetro, não ulceradas, em região torácica lateral
esquerda e face caudal da coxa direita. Ao exame físico, o paciente estava
alerta, em bom estado nutricional, clinicamente hidratado e os sinais
vitais dentro de parâmetros normais. Foram realizados exames
complementares como hemograma, dosagens bioquímicas de uréia e
creatinina, atividades enzimáticas de alanina aminotransferase e fosfatase
alcalina, radiografia do tórax para investigação de metástase pulmonar,
citologia aspirativa (CAAF) dos nódulos e sorologias para erliquiose,
toxoplasmose e cinomose. O hemograma inicial evidenciou anemia
normocítica normocrômica moderada, leve leucopenia devido à
neutropenia e trombocitopenia. Os hemogramas subsequentes
continuaram apresentando anemia arregenerativa, mas os valores de
leucócitos e plaquetas retornaram ao normal. Também observou-se
moderado aumento de ALT, enquanto os valores de uréia, creatinina e
fosfatase alcalina foram compatíveis com os valores de referência. Dentre
as sorologias observou-se resultado positivo apenas para toxoplasmose. A
citologia (CAAF) dos nódulos apresentou resultado compatível com
inflamação granulomatosa associada com hifas fúngicas. Após
apresentação inicial do paciente, optou-se por iniciar o tratamento com
doxiciclina na dose de 10 mg/kg a cada 24 horas durante 21 dias, para fins
de combate à infecção por hematozoário, associada ao fenobarbital (3
mg/kg) a cada 12 horas. Em função da anemia, o paciente foi submetido à
transfusão de sangue compatível. Adicionalmente, após 7 dias foi
realizada exérese dos nódulos cutâneos. Após 20 dias de tratamento
houve a interrupção do quadro convulsivo, mas piora do estado geral do
paciente, o qual passou a apresentar tetraparesia, embora mantivesse
apetite, sede, micção e defecação normais. Iniciou-se administração oral
de Itraconazol na dose de 10 mg/kg/SID e substituiu-se o antibiótico inicial
para associação de trimetoprim/sulfametoxazol (30 mg/kg) a cada 12
horas, reduzindo-se a dose do fenobarbital (2 mg/kg). À despeito do
tratamento, o paciente apresentou agravamento do quadro, com
aparecimento de novos nódulos cutâneos e dispnéia, vindo à óbito em
domicílio do proprietário no intervalo de 60 dias. Optou-se por necropsia
e análise histopatológica das lesões, bem como a realização da técnica de
PCR para identificação do patógeno. Durante a necropsia foram
observados múltiplos nódulos subcutâneos de diferentes tamanhos,
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dispersos por todo o corpo. Coloração prata metanamina de Grocott
dessas áreas evidenciou múltiplos agregados de estruturas compatíveis
com hifas e leveduras, livres e no interior de macrófagos. A técnica de PCR
obteve como resultado a presença de Cladosporium cladosporioides.

DISCUSSÃO:
A feo-hifomicose sistêmica é descrita como rara em carnívoros e
geralmente tem evolução lenta (UCHÔA, 2012). Entretanto, nesse
paciente a evolução foi nitidamente rápida, abrangendo um período total
de 90 dias entre o aparecimento dos primeiros nódulos subcutâneos e o
óbito do paciente. A infecção é mais frequente em indivíduos com
doenças simultâneas e imunossupressão (MARIN et al., 2006; GIRI et al.,
2011) e, no caso apresentado, o resultado positivo para toxoplasmose
associado ao diagnóstico de feo-hifomicose sugeriu um quadro de
imunossupressão. De acordo com a anamnese do paciente, a origem pode
ter sido a utilização oral anterior de corticosteróides, com o objetivo de
combater uma dermatite alérgica. Poutahidis et al. (2009) descreveram
caso de encefalite e nefrite por Cladosporium cladosporioides em cão
Pastor Alemão, mas não foram encontrados nódulos fúngicos no sistema
nervoso central desse cão. Sendo assim, o diagnóstico de toxoplasmose
poderia justificar a ocorrência de convulsões. De acordo com Herráez et
al. (2001), repetidas lesões cutâneas anteriores à micose podem ser a
porta de entrada do agente, o que vêm de encontro ao histórico de
dermatite crônica do paciente. Nas apresentações cutâneas da doença o
tratamento de eleição é a remoção cirúrgica, mas a administração do
antifúngico Itraconazol também demostrou resultados positivos (JAND e
GUPTA, 1989). A exérese dos nódulos associada ao tratamento com
Itraconazol não resultaram na cura ou melhora clínica do paciente em
questão.

CONCLUSÃO:
Relatou-se caso de micose subcutânea incomum em animais e seres
humanos, com o objetivo de enfatizar-se a necessidade de investigação
sistemática dos pacientes que apresentam nódulos cutâneos, com vistas
ao rápido diagnóstico e instituição de terapêutica adequada.

REFERÊNCIAS:
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37. CATETER VENOSO CENTRAL TOTALMENTE IMPLANTÁVEL EM CÃO


INSUFICIENTE RENAL CRÔNICO
CENTRAL VENOUS CATHETER FULLY IMPLANTABLE IN A CHRONIC RENAL
INSUFFICIENT DOG
RAFAEL KRETZER CARNEIRO¹, EDUARDO ROSA DOS SANTOS², FABIANO
ZANINI SALBEGO¹
1 Universidade do Estado de Santa Catarina
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul

RESUMO:
A Insuficiência renal crônica é uma patologia que pode levar a disfunção
renal. Os animais em crise são abordados com fluidoterapia intravenosa,
com isso, acesso venoso com cateteres é indicado. Esse relato descreve a
colocação de um cateter totalmente implantável em um cão insuficiente
renal crônico com a função de auxilia-lo em sua rotina. A colocação do
cateter demonstrou-se simples e rápida e não foram observadas
complicações significativas relacionadas à sua manutenção.

INTRODUÇÃO:
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A insuficiência renal crônica pode levar a incapacidade de concentrar
urina (Adams, 2003). Pacientes em crise precisam de correções hídricas e
eletrolíticas com fluidoterapia intravenosa (Meneses et al., 2002). Em
Medicina Veterinária, o acesso vascular é importante e pode ser
contemplado por via periférica ou central (Beal e Hughe, 2000).
O cateter venoso central totalmente implantável em cães é incipiente,
pode ser introduzido pelo acesso jugular, ou ainda pela veia omobraquial
(Radlinsky e Koenig, 2008) podendo ter o auxilio da fluoroscopia,
eletrocardiografia ou ser guiado por ultrassom para o seu correto
posicionamento, o qual pode ser avaliado por exame radiográfico ou
ultrassonográfico (Claude et al., 2010).

MATERIAL E MÉTODOS
Um cão macho, sem raça definida, com 15 anos e 10 kg, portador de
insuficiência renal crônica foi trazido ao hospital veterinário para
implantação de um cateter venoso central de modelo totalmente
implantável (CVC-TI). A implantação teve por finalidade auxiliar no suporte
do animal em momentos de crise, avaliações laboratoriais rotineiras e
administrações medicamentosas. Após avaliação clínica completa e
laboratorial, o animal recebeu medicação pré-anestésica com zolazepan e
tiletamina (3mg/kg; intramuscular), ambas associadas à meperidina
(5mg/kg; intramuscular), recebendo ainda ampicilina sódica (20mg/kg;
intravenoso) para profilaxia antimicrobiana. A Indução foi realizada com
Propofol (5mg/kg; intravenoso) e a manutenção Isoflurano, vaporizado
em oxigênio a 100%. O animal foi posicionado em decúbito lateral
esquerdo e a região cervical ventrolateral direita foi assepticamente
preparada. A inserção do cateter foi realizada por via percutânea, sendo o
comprimento adequado, medido prévia e externamente da região a ser
puncionada até a escápula. A veia jugular foi puncionada e o orifício
dilatado, introduzindo-se o cateter dentro do dilatador, o qual foi
posteriormente removido. Sobre o terço médio dorsal na face
ventrolateral do pescoço foi realizada uma incisão de pele e o plano
subcutâneo foi dissecado para acomodar o port. Entre o trajeto da punção
e o local de implantação do port, confeccionou-se um túnel subcutâneo
para passagem do cateter, sendo o mesmo fixado com fio náilon
monofilamento 2-0 em pontos isolados simples. A redução do espaço
morto anatômico no plano subcutâneo foi realizada com fio de
poliglecaprone 25 nº 2-0 em padrão isolado simples enquanto para
dermorrafia utilizou-se fio de náilon 2-0 em mesmo padrão de sutura.
Após o procedimento o animal foi encaminhado para avaliação
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radiográfica, recebendo alta na sequência com retorno previsto para
retirada de pontos em 10 dias. No pós-operatório imediato o animal
recebeu dipirona sódica (25mg/kg, três vezes ao dia, via oral) por 4 dias
consecutivos além de recomendações básicas para limpeza da ferida com
solução fisiológica e repouso. Os pontos foram removidos 10 dias após o
procedimento com a ferida e o cateter estando em perfeitas condições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pacientes portadores de afecções crônicas necessitam rotineiramente de
intervenção medicamentosa e realização de exames laboratoriais, o que
torna inteiramente necessárias as punções venosas, justificando a
necessidade do procedimento no animal do caso relatado. Com o uso do
CVC-TI, ocorre um maior conforto ao paciente, além de evitar a
fragilização e o enrijecimento vascular (Vasques et al., 2008), sinais estes
já presentes parcialmente no animal antes do implante. O CVC-TI, nesse
cão, foi implantado de forma percutânea pela venopunção jugular direita
com posterior progressão às cegas até o ponto desejado, mantendo o
mesmo em posição adequada e pérvio. Complicações relacionadas ao uso
do cateter ainda não foram observadas no animal, entretanto, questiona-
se ainda o tempo adequado de permanência do CVC-TI. Esse período
ainda não é bem esclarecido na medicina veterinária, contudo, o paciente
já está com mais de 180 dias de implantação sem a manifestação de
problemas. Os cateteres podem apresentar complicações (Vasques et al.,
2008), onde estudos demonstram uma taxa de remoção de 28% por causa
da infecção (Mcnelis et al., 2002), tornando indispensável o uso técnica
estéril associada à profilaxia antimicrobiana, como realizado no presente
caso, além de monitoração constante a procura de complicações. Para
prevenir obstruções é preciso lavar o sistema com solução salina seguida
de heparinização (Arch, 2007), este manejo vem sendo realizado apenas
quando se faz utilização do cateter, ou seja, não realizando a limpeza e
heparinização constante. Até o momento, o cateter apresenta-se viável e
pérvio, demonstrando essa ser uma conduta adequada para o manejo do
dispositivo.

CONCLUSÃO:
A colocação do cateter demonstrou-se simples e rápida. As punções
venosas diretas foram foi reduzidas melhorando consideravelmente o
conforto do animal. Os protocolos para a manutenção da viabilidade do
port-o-cath demonstraram-se satisfatórios.
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10/09/2015

38. CISTOS DA RETE OVARII EM CADELAS E GATAS SUBMETIDAS A


CASTRAÇÃO ELETIVA
CYSTS OF RETE OVARII IN DOGS AND CATS UNDERGOING ELECTIVE
CASTRATION

LUCIEN ROBERTA VALENTE MIRANDA DE AGUIRRA, RENZO BRITO


LOBATO, PAULO HENRIQUE LEAL BERTOLO, MARCELLA KATHERYNE
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MARQUES BERNAL, SEBASTIÃO TAVARES ROLIM FILHO, WASHINGTON
LUIZ ASSUNÇÃO PEREIRA
Laboratório de Patologia Animal, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Belém, Pará, Brasil.

RESUMO:
Foram utilizados ovários de 200 fêmeas fixados e processados por técnica
histológica de rotina. O cisto da rete ovarii foi identificado em 14% das
cadelas e 7% das gatas. Cadelas pluríparas e acima de três e menores ou
iguais a seis anos e ambas as espécies que usaram contraceptivos foram
mais afetadas. Microscopicamente, os cistos ocupavam a região medular,
sendo únicos ou múltiplos e grandes ou pequenos, revestidos por epitélio
variado. Conclui-se que o cisto da rete ovarii possui baixa ocorrência,
estando mais presente em animais que utilizam contraceptivos e cadelas
pluríparas na faixa etária acima de três e menor ou igual a seis anos.

INTRODUÇÃO:
Os cistos da rete ovarii representam uma patologia pouco conhecida em
cadelas e gatas, sendo originados a partir do acúmulo de secreção no
plexo ovariano, resultando em dilatações císticas uni ou bilaterais que
podem comprimir o córtex ovariano, representando uma enfermidade
silenciosa por ser assintomática, além de causar subfertilidade ou
infertilidade no animal (Nascimento e Santos, 2003).
Histologicamente podem ser constituídos por camada única ou múltipla
de revestimento epitelial cuboidal, colunar ou ciliado e sua parede não
contém músculo liso. Os exames de raio-x e ultrassom podem detectar
cistos com tamanho significativo, mas não são capazes de diferenciar os
variados tipos císticos, sendo utilizado o exame histológico para tal
finalidade (Akihara et al., 2007).

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram utilizados ovários de 200 fêmeas procedentes de programa de
castração eletiva em animais com aparente estado de saúde. Os dados
obtidos com os proprietários permitiram a classificação dos animais
segundo a espécie (canina e felina), faixa etária (> 6 meses a ≤ 3 anos e > 3
anos a ≤ 6 anos), número de partos (nulíparas e pluríparas) e uso de
contraceptivos (sim e não).
Os ovários foram coletados no bloco cirúrgico e a bolsa ovariana (cadelas)
foi removida para maior eficácia da fixação do material em solução de
formaldeído a 10% tamponado, por período de 48 horas. Posteriormente,
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amostras foram colhidas e processadas por técnica histológica de rotina,
com as lâminas coradas pela Hematoxilina e Eosina (HE) e analisadas em
microscópio óptico. Os dados obtidos foram analisados por teste qui-
quadrado com 5% de significância, utilizando statistical analysis system,
SAS (SAS, 1995).

RESULTADOS:
O cisto da rete ovarii foi identificado em 14% (14/100) das cadelas e 7%
(7/100) das gatas, não havendo diferença estatística significativa
interespécie, apesar das cadelas exibirem o dobro da ocorrência em gatas.
Em relação à faixa etária, cadelas com faixa etária acima de três e
menores ou iguais a seis anos foram mais afetadas. Nas gatas não foi
observada essa variação. As cadelas pluríparas e ambas as espécies que
utilizaram contraceptivos apresentaram diferença estatística significativa
para a ocorrência dos cistos da rete ovarii .

Microscopicamente, os cistos ocupavam a região medular, sendo únicos


ou múltiplos e grandes ou pequenos, revestidos por epitélio simples
variando de cúbico a pavimentoso. Alguns com epitélio estratificado ou
pseudo-estratificado, contendo ou não material acidofílico intracístico. Em
dois casos, o cisto ocupava grande parte da região medular, evidenciando
apenas a região cortical.

DISCUSSÃO:
A porcentagem observada nas cadelas do presente estudo está próxima
ao observado por Venegas (2007) que reportou 10% (5/50) de ocorrência.
Em gatas, não há trabalhos que indiquem a incidência dos cistos, sendo
este o primeiro trabalho sobre essa análise.
A diferença estatística observada na faixa etária das cadelas difere dos
achados de Venegas (2007), onde essa espécie não apresentou
prevalência em relação à idade. A influência do hormônio, observada no
estudo, está de acordo com Sauramo (1954), que relata uma atividade
regulada por hormônios. Contudo, Venegas (2007) relata a não influência
hormonal no desenvolvimento dos cistos da rete ovarii.
Como no presente estudo, Keller, Griffith e Lang (1987) também
identificaram variações no epitélio de revestimento.

CONCLUSÃO:
O cisto da rete ovarii possui baixa ocorrência em cadelas e gatas, estando
mais presente em animais que utilizam contraceptivos e cadelas
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pluríparas na faixa etária acima de três e menor ou igual a seis anos. Esses
cistos ocupam a região medular e podem sem únicos ou múltiplos,
grandes ou pequenos e com revestimento epitelial variado.

REFERÊNCIAS:
VENEGAS, G.T.S. Estudio histopatológico en ovarios, útero y vagina de
perras. 2004. Valdivia, 67f. Tese de Conclusão de Curso – Faculdad de
Ciencias Veterinarias, Universidad Austral de Chile.
KELLER, L.S.F.; GRIFFITH, J.W.; LANG, C.M. Reproductive failure associated
with cystic rete ovarii in Guinea Pigs. Veterinary Pathology, v.24, p.335-
339, 1987.
SAURAMO, H. Development, occurrence, function and pathology of the
rete ovarii. Acta Obstetricia et Gynecologica, v.33, p.29-46, 1954.
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domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 137 p.
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Science, v.69, n.10, p.1033-1037, 2007.

39. COMORBIDADES MAIS COMUNS EM CÃES GERIÁTRICOS


ACOMETIDOS POR DIFERENTES NEOPLASIAS
CAIO RIBEIRO DE PAULA¹, MARINA LAUDARES COSTA¹, DENNER SANTOS
DOS ANJOS¹, SABRYNA GOUVEIA CALAZANS¹
1.Universidade de Franca – UNIFRAN
RESUMO:
Atualmente o câncer é uma das principais causas de óbito em animais
idosos e as comorbidades podem dificultar o manejo do paciente
geriátrico com câncer porque podem influenciar a sobrevida e as decisões
terapêuticas.O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo
retrospectivo das principais comorbidades presentes em cães geriátricos
acometidos por neoplasia. Foram consultados 41 prontuários de
animaisno período de janeiro a julho de 2015. As neoplasias mais
frequentes foram os carcinomas, lipomas e mastocitomas. As
enfermidades de maior incidência foram as dermatopatias,
cardiomiopatias, doença periodontal, afecções oftálmicas e doença renal
crônica. Conclui-se que as comorbidades concomitantemente às
neoplasias adiciona maior complexidade ao estado clínico do cão
geriátrico e essas devem ser adequadamente diagnosticadas, a fim de se
empregar a melhor terapia para cada paciente.
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INTRODUÇÃO:
O termo "senil" foi escolhido para descrever o envelhecimento e o animal
idoso. Diferentes estudos têm sugerido idades específicas para que os
animais possam ser considerados geriátricos, variando de acordo com o
tamanho, raça e espécie.A média de idade para que o animal seja
considerado idoso, varia de sete a oito anos (Epstein Et Al, 2005).Embora
o processo de envelhecimento seja diferente para cada animal, algumas
enfermidades são mais comuns nesta fase atingindo a grande maioria
deles.A carcinogênese é um processo que envolve múltiplos fatores e
tempo, sendo assim favorecida pelo envelhecimento do animal.
Odiagnóstico da neoplasia pode ser crítico se o animal apresentar outra
morbidade preocupante, como insuficiência renal (Villalobos, 2010).

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram consultados 41 prontuários no período de janeiro a julho de 2015.
Foram inclusos no estudo, cães a partir de oito anos de
idade,independente de raça, porte e sexo, com diagnóstico de neoplasia
maligna. Desses prontuários, foram investigadas as comorbidades
presentes concomitantemente à neoplasia. Os dados foram agrupados em
planilhas no Excel/Windows e, ao final do estudo, estatística descritiva foi
aplicada para expor os dados referentes às frequências das principais
neoplasias e das principais morbidades, de acordo com cada tipo tumoral.

RESULTADOS:
Desses 41 prontuários, foram identificados 27 fêmeas e 14 machos, com
idade variando entre 8 e12 anos. Quanto às raças, os sem raça definida
(36%) apresentaram maior frequência, seguidos por Labrador (12%),
American Pitbull (12%), Poodle (12%), Cocker Spaniel (5%) e
Rottweiler(5%). Dentre as neoplasias, observaram-se 41%
decarcinomas,17% declipomase 10%de mastocitomas.As enfermidades de
maior frequência foram asdermatopatias(36%), cardiomiopatias(9%),
doença periodontal (9%), alterações oftálmicas(5%) e doença renal
crônica (3%).

DISCUSSÃO:
Nossos resultados evidenciaram que as afecçõesdermatológicas foramas
mais frequentes, assim como observado por Epstein et al.(2005), seguidas
por transtornos cardiovasculares, também descritos por
Kvart & Haggstrom(2000) e Sisson et al. (2000). As doenças periodontais
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acometem cães geriátricos (DeBowes, 2000) erepresentaram uma
proporção significativa dos pacientes com câncer. De acordo com
Salisbury(1995), as alterações oftálmicas são uma das comorbidades mais
frequentes,porém nesta pesquisa, demonstrou baixa frequência. Apesar
das doenças renais neste estudo terem apresentado menor proporção,
outros autores também relatam sua ocorrência (Polzin et al., 2000; Ling,
2000, Lekcharoensuk et al., 2000 e Lekcharoensuk et al., 2001).Epstein et
al. 2005, observaram que entre as neoplasias mais comuns em paciente
idosos, é possível citar o carcinoma de células escamosas, melanoma,
fibrossarcoma da cavidade oral, osteosarcoma, fibrosarcoma,
mastocitoma, hemangiopericitoma, adenocarcinoma mamário, linfomae
carcinoma uretral, equiparando-se a algumas neoplasias verificadas nesta
pesquisa.

CONCLUSÃO:
A presença decomorbidades concomitantemente às neoplasias adiciona
maior complexidade ao estado clínico do cão geriátrico e essas devem ser
adequadamente diagnosticadas, a fim de se empregar a melhor terapia
para cada paciente.

REFERÊNCIAS:
Epstein M, Kuehn NF, Landsberg G, Lascelles BD, Marks SL, Schaedler JM,
Tuzio H. AAHA Senior Care Guidelines for Dogs and Cats. J
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40. COMPARAÇÃO DA GLICEMIA MENSURADA COM GLICOSÍMETROS


PORTÁTEIS E POR DOSAGEM BIOQUÍMICA PLASMÁTICA EM AMOSTRAS
DE SANGUE DE DIFERENTES LOCAIS DE COLETA EM CÃES
MERE ERIKA SAITO1, JOÃO LEONARDO SERPA BONATTO 1, JULIETA
VOLPATO1, ÁDSON COSTA1, CARLA DEZAN DE LORENZI CANCELIER1, JULIA
BRAGA MORAIS1
1
Centro de Ciências Agroveterinárias, UDESC, Lages, SC, Brasil

Comparou-se a glicemia de 30 cães, 19 fêmeas e 11 machos,


sistematicamente obtida a partir de amostras de sangue coletado das
veias jugular, cefálica e safena e também do lancetamento da região
auricular, medida em dois glicosímetros comerciais diferentes (Accu-Check
Performa, Roche e Contour TS, Bayer) com a dosagem de bioquímica
laboratorial convencional (método colorimétrico). A glicemia obtida com
os glicosímetros foi menor do que a da bioquímica plasmática em todos os
locais de coleta, sendo que o aparelho Accu-check produziu resultados
consistentemente mais próximos do que o Contour. Além disso, as
dosagens colorimétricas da glicemia medidas a partir da veia jugular foram
maiores que as da veia cefálica e os menores resultados foram medidos a
partir da safena. Assim, este estudo concluiu que apesar dos glicosímetros
comerciais produzirem valores parecidos aos da bioquímica plasmática,
estes resultados podem estar subestimados, o que deve ser levado em
consideração para um diagnóstico preciso.

INTRODUÇÃO:
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Dentro da rotina clínica existem diversas alterações importantes
envolvendo o aumento ou diminuição da glicose, dentre as mais
importantes está o Diabetes mellitus e a hipoglicemia. O método utilizado
reconhecido como padrão para a dosagem da glicemia é o realizado por
meio de aparelhos bioquímicos convencionais, utilizando principalmente
métodos colorimétricos. Entretanto, principalmente em consultórios ou
ambulatórios, o uso de glicosímetros portáteis está muito difundido, por
serem rápidos e de fácil manuseio (Tauk et al., 2015). Este estudo teve
como objetivo comparar os valores de glicemia obtidos por meio de dois
glicosímetros portáteis comerciais (Accu-Check Performa, Roche e
Contour TS, Bayer), com o método colorimétrico padrão pela dosagem
bioquímica convencional. Além disso pretendeu comparar os valores de
glicemia obtidos de amostras colhidas de diferentes vasos sanguíneos,
como a jugular, cefálica e safena e também obtido da região do pavilhão
auricular, sendo este último analisado apenas com o uso dos
glicosímetros.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram colhidas amostras de 30 cães hígidos, sendo 19 fêmeas e 11
machos, das mais diferentes raças, com peso entre 7.2 a 40 kg e idade de
8 meses a 14 anos, em jejum de no mínimo oito horas. Foram obtidos
aproximadamente 4 mL de sangue de cada vaso sanguíneo, ou seja, da
jugular, cefálica e safena, em tubos contendo fluoreto de sódio e, com a
mesma amostra de sangue remanescente na seringa (sangue total), foram
realizadas imediatamente as mensurações nos glicosímetros portáteis
calibrados, em um único momento de avaliação. As amostras colhidas do
pavilhão auricular, aproximadamente duas gotas, foram obtidas com o
auxílio de lancetas. As amostras foram centrifugadas para a obtenção de
amostras de plasma fluoretado. As mensurações de glicose pelo método
bioquímico convencional foram realizadas pelo método colorimétrico com
o uso de kit comercial, com o auxílio de analisador bioquímico semi-
automático (Termo Plate –TP Analyzer).

DISCUSSÃO:
Os valores médios de glicemia registrados com os glicosímetros portáteis
foram estatisticamente diferentes dos obtidos pelo método bioquímico
convencional, adotado como referência, em todos os locais de coleta,
apresentando valores abaixo dos valores de referência. As dosagens
colorimétricas da glicemia medidas a partir da veia jugular foram maiores
que as da veia cefálica que, por sua vez, foram maiores que as da safena.
124
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v.21, Supl 00, 2016 www.ser.ufpr.br/veterinary
Os resultados oriundos do aparelho da marca Accu-Check tiveram maior
proximidade aos obtidos pelo método bioquímico (𝐶𝑉 ̅̅̅̅ ~86%). A
diferença encontrada entre métodos pode se dever à interferência
particular destes com o hematócrito, à quantidade de amostra e ao tempo
de espera até deposição do sangue na tira teste, além da qualidade e
acondicionamento destas tiras (Domori et al., 2014).

CONCLUSÃO:
A partir deste estudo, pode-se concluir que os resultados de glicemia
obtidos pela mensuração em glicosímetros portáteis se aproximam dos
obtidos pelo método bioquímico convencional, porém com resultados
subestimados, o que pode restringir o seu uso, sobretudo quando há a
possibilidade de interpretações errôneas com consequentes diagnósticos
falhos, interferindo assim na avaliação do paciente.

REFERÊNCIAS:
TAUK, B. S.; DROBATZ, K. J.; WALLACE, K. A. et al. Correlation between
glucose concentrations in serum, plasma, and whole blood measured by a
point-of-care glucometer and serum glucose concentration measured by
an automated biochemical analyzer for canine and feline blood samples.
Journal of the American Veterinary Medical Association, v.246, n.12,
p.1327-1333, 2015.

41. COMPARAÇÃO DO EFEITO ANALGÉSICO DA ASSOCIAÇÃO DE


MELOXICAM E DIPIORNA COM MELOXICAM ISOLADO EM CÃES
SUBMETIDOS A ORQUIECTOMIA
LIMA, G.B.; NONCIBONI, P.L.; FILHO, G.C.E.L.; KEMPER, B.; KEMPER, D.A.G.

RESUMO:
A dipirona é um analgésico e antipirético derivado da pirazolona, utilizado
na clínica humana desde 1922, porém em medicina veterinária há poucos
estudos publicados. Portanto, este estudo teve como objetivo comparar o
efeito analgésico da associação de dipirona e meloxicam com meloxicam
isolado no pós operatório de orquiectomia.Foram utilizados 20 cães
distribuídos em dois grupos: Controle e Dipirona, com 10 animais cada.
Os analgésicos foram administrados ao final do procedimento cirúrgico e a
avaliação analgésica foi realizada por uma hora após a administração dos
fármacos, através das quatro escalas de dor validadas (escala analógica
visual, escala proposta por Lascelles, escala de Guelph e escala de
Glasgow). Não houve diferença entre os tratamentos nas escalas de
125
Archives of Veterinary Science ISSN 1517-784X
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avaliação de dor. Com base nos dados obtidos, pôde-se concluir que a
associação de dipirona com meloxicam não apresentou efeito analgésico
superior ao meloxicam isolado.
INTRODUÇÃO:
A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP)
como sendo “uma experiência emocional e sensorial desagradável
associada com uma lesão tecidual real ou potencial ou descrita em termos
de tal lesão”. A sensação dolorosa tem papel fisiológico e funciona como
um sinal de alerta para percepção de algo que está ameaçando a
integridade física do organismo, portanto, técnicas e fármacos para
controle da dor estão sendo cada vez mais estudados. A dipirona é um
fármaco analgésico e antipirético amplamente empregado em medicina
humana, embora pouco se saiba sobre o seu mecanismo de ação, está
relacionada a inibição da enzima COX3 (IMAGAWWA V.H). Contudo,
estudos clínicos na Medicina Veterinária são escassos. Desta forma, este
trabalho teve como objetivo comparar o efeito analgésico da associação
de dipirona-meloxicam com meloxicam isolado no controle da dor pós-
operatória.
MATERIAL E MÉTODOS :
Participaram deste estudo 20 cães de diferentes raças e pesos,
classificados como ASA I, para a realização de orquiectomia. Os animais
foram distribuídos de forma aleatória em dois grupos: Controle e
Dipirona. Os cães do grupo dipirona receberam dipirona (25 mg/kg IV),
associada ao meloxicam (0,2 mg/kg SC); e os animais do grupo Controle
receberam solução fisiológica, no mesmo volume que a dipirona IV,
associado ao meloxicam, na dose de 0,2 mg/kg SC. Todos os animais
foram pré-medicados com uma associação de acepromazina e
meperidina, pela via intramuscular. A indução anestésica foi realizada com
propofol. e os animais foram mantidos sob anestesia geral através do
isoflurano e bloqueio regional através de epidural com lidocaína e
morfina. O procedimento cirúrgico de orquiectomia foi realizado pelo
mesmo cirurgião, utilizando a técnica clássica. Ao final do procedimento
anestésico, os animais receberam os analgésicos de acordo com os grupos
pertencentes. A avaliação analgésica foi realizada uma hora após a
administração dos fármacos e foram utilizadas quatro escalas de dor
validadas em estudos anteriores: a escala analógica visual (EAV), a escala
proposta por Lascelles, a escala de Guelph e a escala de Glasgow. Os
resultados foram analisados estatisticamente através do teste de t de
Student não-pareado, com nível de significância de 5%.
126

DISCUSSÃO :
A associação de dipirona-meloxicam não promoveu um controle mais
efetivo da dor pós-operatória quando comparada ao meloxicam sozinho.
Em estudo conduzido por Zanuzzo et al (2015), a dipirona produziu
analgesia superior ao meloxicam em pós-operatório de
ovariosalpingohisterectomia em cadelas, fato demonstrado por menor
requerimento de analgesia resgate quando comparado ao grupo
meloxicam. Contudo, os escores de dor foram semelhantes e não foi
observado analgesia superior com a administração de dipirona e
meloxicam associados. Em outro estudo, Teixeira et al (2013) avaliaram o
efeito do tramadol associado a dipirona no pós-operatório de
mastectomia em cadelas e a associação não demostrou efeito superior ao
emprego detramadol sozinho. Portanto, apesar da dipirona ser um
fármaco analgésico eficaz, sua associação com meloxicam não resultou em
melhor analgesia, possivelmente o protocolo anestésico balanceado
empregado, com administração de opióide prévio ao estímulo cirúrgico e
com o emprego de anestésico local e opióide pela via epidural
promoveram menor requerimento analgésico pós-operatório, e o
meloxicam sozinho foi suficiente para promover analgesia satisfatória.
CONCLUSÃO:
A associação de dipirona com meloxicam não apresentou efeito analgésico
superior ao meloxicam isolado no pós-operatório de orquiectomia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
IMAGAWWA V.H. Avaliação da eficácia analgésica de três doses
diferentes da dipirona sódica em cadelas submetidas á
ovariosalpingohisterectomia. FM; São Paulo, 2006.
ZANUZZO, F.S.; TEIXEIRA-NETO, F. J.; TEIXEIRA, L. R.; DINIZ, M. S.; SOUZA,
V. L.; THOMAZINI, C. M.; STEAGALL, P. V. Analgesic and antihyperalgesic
effects of dipyrone, meloxicam or a dipyrone-meloxicam combination in
bitches undergoing ovariohysterectomy.Veterinary Journal, n. 205 (1), p.
33-37, 2015
TEIXEIRA, R. C.; MONTEIRO, E. R.; CAMPAGNOL, D.; COELHO, K.; BRESSAN,
T. F.; MONTEIRO, B. S. effects of tramadol alone, in combination with
meloxicam or dipyrone, on postoperative pain and the analgesic
requirement in dogs undergoing unilateral mastectomy with or without
ovariohysterctomy. Veterinary Anesthesia and Analgesia, n. 40 (6), p. 641-
649, 2013
127

42.COMPARAÇÃO DO HEMOGRAMA DE CÃES EM CONTADOR DE


CÉLULAS SEMI-AUTOMÁTICO COM DIFERENTES VOLUMES DE
AMOSTRAS SANGUÍNEAS

LARISSA CRISTINA FAUSTINOI, EDUARDO FERNANDES BONDAN1,2, MARIA


DE FÁTIMA MONTEIRO MARTINS1,2
I
Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo (SP), Brasil; 2Universidade Paulista (UNIP), São
Paulo (SP), Brasil.

RESUMO:

Para a realização do hemograma parcial, é comum o uso de contadores


semi-automáticos e automáticos, os quais padronizam um volume mínimo
da amostra. Este estudo visou a analisar se há diferença estatisticamente
significativa entre amostras com volume inferior ao preconizado. Para tal,
foram coletadas duas amostras de sangue total de 50 cães em um volume
de 3 mL (grupo I) e de 1 mL (grupo II), sendo submetidas à análise no
contador semi-automático CC530® (CELM). A morfologia celular foi
avaliada a partir do esfregaço sanguíneo em lâmina. Não foram
observadas diferenças estatisticamente significativas na contagem de
eritrócitos e de leucócitos totais entre os grupos I e II. A morfologia celular
no esfregaço sanguíneo também não revelou diferenças entre os grupos.

INTRODUÇÃO:

Independente do laboratório e da técnica para a realização do


hemograma completo, a obtenção de índices confiáveis começa com a
adoção de métodos de coleta apropriada e manuseio adequado do
material (Weiser e Thrall, 2007). Segundo Kerr (2003), o volume de 2,5mL
de amostra é suficiente para a hematologia geral, sendo considerado
como mínimo. É possível realizar um hemograma completo com 1mL e 0,5
mL de sangue, mas os resultados obtidos a partir desses tubos são menos
precisos do que os obtidos com os tubos-padrão. Os tipos de contadores
automáticos, em grande maioria, correspondem a equipamentos
padronizados para sangue humano e não para uso em amostras de
animais. Assim, é importante verificar se o uso do contador de células
128

semi-automático CC530® (CELM) fornece resultados fidedignos em


amostras com menor volume.
MATERIAL E MÉTODOS:

Cinquenta cães, machos e fêmeas, de 10 e 40 kg, foram utilizados. De cada


indivíduo foram coletadas duas amostras de sangue por punção asséptica
da veia jugular, sendo uma de 3 mL (grupo I) e outra de 1 mL (grupo II), em
frasco contendo EDTA. Essas foram processadas com o auxílio do contador
semi-automático de células CC530® (CELM), conforme protocolo do
fabricante. A morfologia celular foi avaliada a partir do esfregaço
sanguíneo em lâmina.

RESULTADOS:

Pelo teste de t pareado, as contagens de eritrócitos e de leucócitos totais


dos grupos I e II não apresentaram diferenças estatisticamente
significantes (p=0,16367 e p=0,099, respectivamente). A avaliação da
morfologia eritrocitária, plaquetária e leucocitária no esfregaço sanguíneo
não revelou alterações das amostras entre os grupos.

DISCUSSÃO:
Segundo Kerr (2003), o volume de 2,5mL de amostra deve ser considerado
como mínimo, embora admita ser possível realizar hemograma completo
com tubos pediátricos pequenos (de 1,0 e 0,5 mL). Estes, porém, deveriam
ser reservados somente para animais muito pequenos ou em situações de
hipovolemia e choque, já que os resultados seriam menos precisos do que
os obtidos com os tubos-padrão. Isto ocorreria devido ao efeito
cumulativo e magnificado de erros pequenos de homogeneização durante
os procedimentos laboratoriais. Ainda, o prejuízo na mecânica de
hipovolemia e choque, já que os resultados seriam menos precisos do que
os obtidos com os tubos-padrão. Isto ocorreria devido ao efeito
cumulativo e magnificado de erros pequenos de homogeneização durante
os procedimentos laboratoriais. Ainda, o prejuízo na mecânica de
homogeneização em tubos menores faria com que o sangue tivesse maior
probabilidade de coagular, fato este não encontrado no presente estudo.
Pelos resultados aqui obtidos, os clínicos de pequenos animais podem
optar por amostras de volume menor ao preconizado pelo fabricante do
contador avaliado.
129

REFERÊNCIAS:

KERR, M.G. Exames Laboratoriais em Medicina Veterinária. 2. ed. São


Paulo: Roca, 2003. p. 61-80.

WEISER, M.G.; THRALL, M.A. Quality control recommendations and


procedures for in-clinic laboratories. Veterinary Clinics of North America:
Small Animal Pratice, v.37, p. 237- 244, 2007.

43. CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO DE MOSSORÓ-RN SOBRE A


GUARDA RESPONSÁVEL DE ANIMAIS
MOSSORÓ-RN POPULATION OF KNOWLEDGE ON GUARD OF ANIMALS IN
CHARGE
JHÉSSICA LUARA ALVES DE LIMA1; NILZA DUTRA ALVES2; KAYANA CUNHA
MARQUES3. VANESSA KALIANE NUNES DA COSTA3; RAPHAEL MAGNO DA
SILVA SOARES3; CAIO SERGIO SANTOS 4
1
Discente do Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade da
Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA). Email:
jhessicaluara@hotmail.com
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ambiente, Tecnologia e
Sociedade da UFERSA. Email: nilzadutra@yahoo.com.br
3
Discente de Graduação do curso de Medicina Veterinária da UFERSA.
4
Medico veterinário, técnico do laboratório da UFERSA.

RESUMO:
Alimentar, banhar, levar o animal ao médico veterinário, descartar as
fezes em local adequado, são atitudes de guarda responsável, porém, nem
todos sabem do que se trata e como realizá-la na prática. Assim, a
presente pesquisa objetivou analisar o conhecimento da população de
Mossoró-RN sobre guarda-responsável. Para atender os objetivos foi
realizada a aplicação de 1.572 questionários junto à população maior de
18 anos. Obteve-se que 24,81% da população respondeu saber o que é
guarda-responsável, contra 75,19% que responderam não saber.
Concluindo-se que a maioria da população, não sabe o que é guarda-
responsável, sendo necessárias informação e conscientização das pessoas
sobre a importância da promoção do bem-estar animal e social por meio
da guarda-responsável.

INTRODUÇÃO:
130

A interação homem-animal gera benefícios emocional, social e psicológico


aos seres humanos. Assim, em retribuição a esses benefícios, as pessoas
devem propiciar aos animais condições dignas de existência. Essa
retribuição, além de ser direito dos animais, é dever do homem, posto que
aos animais a legislação lhes conferem direitos ao respeito e proteção
(STEWART, 1999). Segundo Garcia (2009), o nível ótimo de guarda
responsável engloba os cuidados com os aspectos que promovam o bem-
estar dos animais, incluindo danos ao meio ambiente. Assim, aos animais
errantes deve ser garantido um lar, com alimentação, higiene, cuidados
médico veterinários, tudo necessário para o bem-estar animal, que deve
ser concretizado por meio de políticas públicas em prol da saúde pública e
do respeito à legislação e aos direitos dos animais. Porém o que se vê
muitas vezes são atitudes que vão contra os princípios de bem-estar e
guarda-responsável. Assim a presente pesquisa objetivou analisar o
conhecimento da população de Mossoró-RN sobre guarda-responsável.

METODOLOGIA:
A pesquisa de natureza quali-quantitativa desenvolveu-se no Município de
Mossoró-RN, constando da aplicação de 1572 questionários a pessoas que
tivessem ou não animais. O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – CEP/UERN,
processo nº 40506515.4.0000.5294, aprovado com número de parecer
1.020.216; com data de relatoria de 07 de abril de 2015. A análise dos
resultados foi feita através do teste exato de Fisher e o teste de Qui-
Quadrado com nível de 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi questionada se a população sabia o que era guarda responsável,
24,81% disseram saber, contra 75,19% que não sabiam. De acordo com
Lima e luna (2012) a convivência homem-animal traz benefícios
recíprocos, todavia, é preciso a guarda responsável pois o
desconhecimento dos fundamentos sobre a guarda responsável do animal,
associados ao baixo grau de escolaridade e pouco conhecimento acerca
das legislações protetivas, leva ao crescimento populacional dos animais
domésticos, afetando o bem-estar da coletividade e elevando a
transmissão de zoonoses. Dessa forma, é importante discutir essa
informação junto à comunidade acadêmica, Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário, e sociedade civil, pois só assim é possível desenvolver novas
estratégias, a fim de proporcionar qualidade de vida aos animais e
131

conscientização à população, sobretudo no que diz respeito ao tema


guarda responsável (Giongo filho, 2013).
Para as pessoas que afirmaram saber sobre guarda responsável foi pedido
que citassem algo que constituísse atitudes de guarda-responsável,
obtivemos que: manter os animais abrigados do sol e da chuva (64,62%),
fornecer ração adequada ao peso e à idade do animal (57,18%), manter
água limpa e fresca sempre à disposição (63,08%), dar banhos periódicos
(51,28%), colocar o animal para trabalhar além de suas forças (0,77%), ao
sair de casa com o animal, utilizar sempre coleira e guia (50,00%), recolher
as fezes de seu animal das ruas (43,59%), vacinar e vermifugar o animal
dentro dos prazos estabelecidos pelo médico veterinário (60,00%).

Os resultados apresentados estão de acordo com Capez (2007), o qual


estabelece que uma guarda responsável requer cuidados com a vida,
alimentação e saúde dos animais. Dessa forma, percebe-se que a
população conhece pouco o que seria guarda responsável e dos que
conhecem, pouco praticam atos condizentes. Percebeu-se, durante a
pesquisa, que os animais de alguns desses participantes, no momento do
questionamento, estavam em más condições de higiene e saúde,
demonstrando a falta de zelo pelo animal, e distorcendo a afirmação
concedida a essa pesquisa.

CONCLUSÃO:

Com o exposto pode-se aferir que a maioria da população de Mossoró-RN


desconhece sobre guarda responsável de animais e as poucas que
conhecem não as pratica adequadamente, sendo necessária uma
divulgação e conscientização das pessoas sobre guarda-responsável a fim
de que tendo acesso a informação possam pô-la em prática.

REFERÊNCIAS:
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. v. 4. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007.
LIMA, A. F. M.; LUNA, S. P. L. Algumas causas e consequências da
superpopulação canina e felina: acaso ou descaso? Revista de Educação
Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal
of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP, São Paulo, v. 10, n.
1, p. 32-38, 2012.
GARCIA, R. C. M. Estudo da dinâmica populacional canina e felina e
avaliação de ações para o equilíbrio dessas populações em área da
132

cidade de São Paulo, SP, Brasil. Tese de doutorado, Universidade de São


Paulo, São Paulo, São Paulo. 2009. 264p.
GIONGO FILHO, N. R. II Seminário de Proteção e Defesa Animal. São
Paulo: São Paulo, 2013.
STEWART, M. F. Companion animal death: a practical and comprehensive
guide for veterinary practice. United Kingdom: Elsevier Health Sciences.
1999.

44. CORNOS CUTÂNEOS EM COXINS PALMARES E PLANTARES DE UM


GATO- RELATO DE DE CASO

BORDINI, CAROLINA GRECCO GRANO1; SOLER, NATÁLIA BRICKS2; DE


PAIVA, FERNANDA HILST CARVALHES3; HILST, CARMEN LÚCIA SCORTECCI4.
1 Médica Veterinária Autônoma, Pitanga/PR.
2 Médica Veterinária na Clínica Veterinária Hilst, Londrina/PR.
3 Médico Veterinária na Clínica Veterinária Hilst, Londrina/PR.
4 Médica Veterinária na Clínica Veterinária Hilst, Docente de Clínica
Cirúrgica de Pequenos Animais na UEL, Londrina/PR.
RESUMO:
Os cornos cutâneos consistem em neoformações de material
queratinizado e são incomuns em gatos. Neste estudo relata-se o caso de
um felino, SRD, fêmea, 6 meses, que apresenta cornos cutâneos nos
coxins palmares e plantares, sem caráter de malignidade.
INTRODUÇÃO:
Os cornos cutâneos consistem na proliferação de material queratinizado
da pele e recebem este nome por se assemelharem aos chifres dos
animais (Mencıa-Gutierrez et al., 2004).
Podem ser encontrados em diferentes espécies domésticas, sendo
comuns em cães e infrequentes em gatos (Yagger e Scott, 1992).
Devido à baixa incidência dessa enfermidade em gatos, este trabalho tem
o objetivo de relatar o caso de um felino com cornos cutâneos nos coxins
palmares e plantares.
RELATO DE CASO:
Em janeiro de 2015 foi atendido um felino, sem raça definida, fêmea, não
castrada, 6 meses de idade, com queixa de hiperqueratose nos coxins
palmares e plantares dos quatro membros há aproximadamente 2 meses.
133

Ao exame físico observou-se hiperqueratose com crescimento exacerbado


de todos os coxins, sem dor à manipulação e sem alterações na marcha do
paciente.
Na ocasião, foi realizado o teste rápido FIV Ac/FelV Ag da Alere® com
amostra de sangue total, no qual não foram detectados anticorpos IgG do
vírus da imunodeficiência felina e antígenos (p27) do vírus da leucemia
felina.
Paciente foi então anestesiado para realização de biópsia incisional da
base dos coxins. Microscopicamente foi observada proliferação exo e
endofítica papiliforme da epiderme, hiperpigmentação, hipergranulose
com grânulos de queratohialina grosseiros e irregulares, camada córnea
com ortoqueratose em trançado de cesto e compacta intensa. Os
queratinócitos proliferados exibiam anisocariose, anisocitose e nucléolos
evidentes. A derme subjacente apresentava dilatação dos vasos
sanguíneos, edema e infiltrado inflamatório misto em padrão perivascular
difuso. Não foram observados sinais de malignidade. Foi realizada
coloração especial para fungos (PAS c/d) que resultou negativa. Exame
sugere papiloma cutâneo de possível causa viral.
O paciente foi acompanhado durante seis meses, as lesões apresentaram
crescimento contínuo, não interferindo na sua qualidade de vida. Foram
indicadas excisões parciais, caso as projeções venham a interferir na
marcha e postura do animal.
DISCUSSÃO:
Os cornos cutâneos são lesões pouco frequentes, geralmente possuem
aspecto cônico, denso e apresentam acentuada hiperqueratose (Mencıa-
Gutierrez et al., 2004; Souza et al., 2003).
Estudos em humanos (Yagger e Scott, 1992.; Festa et al., 1995; Mencıa-
Gutierrez et al., 2004) demonstraram que essas neoformações ocorrem
em áreas de maior exposição solar e em pessoas idosas, possivelmente
pelo maior tempo de exposição solar como também pela maior
degeneração actínica e neoplásica nesses indivíduos.
Em gatos, os cornos cutâneos têm sido associados a infecções pelo vírus
da leucemia felina (FelV), papilomavírus, queratoses actínicas e
carcinomas de células escamosas (Yager e Scott, 1992). Rosychuk (2011)
refere que quando há envolvimento do FelV os cornos ocorrem no centro
dos coxins. Lesão distinta daquela que ocorre se não houver associação
com o FelV, nesta as lesões seriam vistas logo abaixo das unhas. No
134

paciente do presente relato o crescimento se dava do centro dos coxins e


não foi detectado o antígeno da leucemia felina.
A histopatologia deve ser realizada da base da lesão, pois ocasionalmente
os cornos encobrem os papilomas (Scott et al., 1995; Kirkham, 2005).
Observa-se hiperplasia epidérmica papilomatosa bem delimitada de onde
se projeta uma coluna compacta de queratina (Medleau e Hnilica, 2009).
No paciente não foram observados sinais de malignidade, corroborando
com a literatura, na qual 60% das lesões são benignas (Yu et al., 1991;
Copcu et al., 2004).
CONCLUSÃO:
Devido a baixa frequência desta enfermidade, esse trabalho contribui para
a literatura relatando o caso de uma felino apresentando cornos cutâneos
de possível origem viral. O paciente foi acompanhado durante seis meses
e apesar do crescimento das lesões, estas não interferiram na qualidade
de vida.
REFERÊNCIAS:

COPCU, E. et al. Cutaneous horns: Are these lesions as innocent as they


seem to be? World Journal of Surgical Oncology, v.3, n.2, p.18, 2004.
FESTA, C.N.; FALDA, S.; RIVITTI, E.A. Corno cutâneo: estudo retrospectivo
de 514 casos. Anais Brasileiros de Dermatologia, 1995; 70: 21-25.
KIRKHAM, N. Tumors and cysts of the epidermis. In: ELDER, D.E.;
ELENITSAS, R.; JOHNSON, Jr. B.L., MURPHY, J.F. Lever's Histopathology of
the skin. 9th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2005. p. 805-
66.
MANTESE, S.A.O.; DIOGO, P.M.; ROCHA, A. et al.Corno cutâneo: estudo
histopatológico retrospectivo de 222 casos. Anais Brasileiros de
dermatologia, 2010, 85:157 – 163.
MENCIA-GUTIERREZ, E.; GUTIERREZ-DIAZ, E., REDONDO-MARCOS et al.
Cutaneous horns of the eyelid: a clinicopathological study of 48
cases.Journal of Cutaneous Pathology 2004, 31:539-543.
MEDNELAU, L.; HNILICA, K.A. Dermatologia de Pequenos Animais. Editora
Roca, 2 ed, 2009, p. 443-444.
ROSYCHUK, R.A.W. Feline Skin Disease I Love to be Challenged by
Pemphigus Foliaceus. 36th World Small Animal Veterinary Congress out.
2011 - Jeju, Korea.
135

SCOTT, D.W.; MILLER, W.H.; GRIFFIN, C.E. Dermatologia de Pequenos


Animais. 5ed, Interlivros, 1995, p. 926-1054.
SOUZA, L.N., MARTINS, C.R., de PAULA, A.M. Cutaneous Horn occurring
on the lip a child. International Journal Paediatric Dentistry 2003, 13:365-
367.
YAGGER, J.A. SCOTT, D.M., 1992. The skin and appendages. In: JUBB, KVF
et al. Pathology of domestical animals. 4 ed. California: San Diego. V1, p
532-378, 4 ed.
YU, R.C., PRYCE, D.M.; MACFARLANE, A.W.; STEWART, T.W. A
histopathological study of 643 cutaneous horns.British Journal of
Dermatology 1991, v124: 449-452, n5.

45. CORREÇÃO DE TÓRAX PARADOXAL EM UM CÃO POR TÉCNICA


ALTERANATIVA DE ESTABILIZAÇÃO DAS FRATURAS COSTAIS
RAFAEL KRETZER CARNEIRO¹; ANNA LAETICIA DA TRINDADE BARBOSA¹;
CLEITON LIZZA DAL PRÁ¹; CRISTIANE BORGES VARGAS¹; VANESSA SASSO
PADILHA¹ FABIANO ZANINI SALBEGO¹;
1 Universidade do Estado de Santa Catarina

RESUMO:
O tórax paradoxal ocorre quando segmentos costais interpostos perdem
continuidade com o restante do tórax, geralmente devido a fraturas, o
que faz com que na inspiração o segmento lesionado se mova para dentro
e na expiração para fora. As costelas fraturadas podem perfurar órgãos
nobres sendo importante sua rápida correção. Este trabalho tem como
objetivo relatar o quadro de tórax paradoxal em um cão com fratura
costal e sua correção por meio de sutura de estabilização costal. O animal
recuperou-se rápida e adequadamente, demonstrando a eficiência da
técnica para estabilização.

INTRODUÇÃO:
O traumatismo torácico é uma afecção comum em pequenos animais
(Crower Jr et al., 2005). O tórax instável é confirmado pela avaliação
clínica, onde há uma depressão torácica no momento em que ocorre a
inspiração e uma expansão do tórax no momento oposto (Aguiar, 2001).
As formas de estabilizar a parede torácica variam desde a colocação de
anteparos externos à parede aplicados de forma transcutânea como pela
redução das fraturas costais pela aplicação de implantes (Slatter, 2007).
Este trabalho tem o objetivo relatar um caso de tórax paradoxal em cão
136

com fratura de costelas e sua estabilização por meio da sutura em padrão


de sapatilha romana. O paciente teve uma boa resposta a técnica,
demonstrando assim, ser satisfatória.

MATERIAL E MÉTODOS:
Um cão sem raça definida, 6 anos e 15 kg veio ao hospital veterinário
devido a um trauma. No exame físico, tinha instabilidade da parede
torácica direita, mais evidente na região entre 4ª e 5ª costelas, distrição
respiratória e áreas com hematomas. Foi estabilizado com oxigenoterapia
e encaminhado para o exame radiográfico onde confirmou as fraturas
completas da 4ª e 5ª costelas direitas. Foi encaminhado para cirurgia
sendo pré-medicado com metadona (0,5 mg/kg IM), induzido com
propofol (4mg\kg IV) e cetamina (1mg/kg IV) e mantido no isoflurano em
ventilação manual. Fez adoção de um bloqueio anestésico local intercostal
com bupivacaina (2mg/kg). A toracotomia intercostal se deu entre as duas
costelas fraturas. A incisão foi expandida 3 cm distais aos corpos
vertebrais até próximo ao esterno. Com um afastador fez a exposição da
cavidade torácica para sua avaliação. As reduções das fraturas foram
feitas por uma hemicerclagem com nylon 2,0. O fio foi cruzado
seguidamente sobre a linha de fratura formando uma sapatilha romana,
outra hemicerclagem foi elaborada na extremidade distal da costela para
finalizar. A musculatura foi reduzida com nylon 2,0 em padrão contínuo
simples, o subcutâneo com nylon 3.0 em padrão zig-zag e a dermorrafia
com nylon 4,0 em padrão isolado simples. Realizou-se a toracostomia com
um dreno torácico ativo, sendo mantido por 3 dias consecutivos para
remover o ar, restabelecer a pressão negativa e promover a drenagem de
líquidos na cavidade.
Recebeu no pós-operatório tramadol (6 mg/kg, TID, SC, 5 dias), dipirona
(25 mg/kg, TID, SC, 5 dias) e meloxican (0,1 mg/kg, SID, SC, 4 dias). No
terceiro dia de pós-operatório retirou-se o dreno. Após 5 dias o paciente
teve alta com retorno em 10 dias para retirada dos pontos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dentre as técnicas de estabilização do tórax paradoxal a hemicerclagem
foi escolhida pela sua facilidade de realização e disponibilidade, uma vez
que o diâmetro do corpo costal era bastante delgado. Antes da cirurgia o
cão foi avaliado de forma geral, pois alguns traumas podem passar
despercebidos (Nunes, 2009). Durante a avaliação constatou-se um leve
grau de distrição respiratória o que permitiu a realização do exame
radiográfico. Esse é considerado essencial, pois permite observar não
137

somente as lesões costais, mas também a lesão pulmonar associada


(Sigrist et al., 2004), embora nem sempre seja um procedimento facilitado
ou mandatório devido a necessidade de estabilização prévia do animal
(Slatter, 2007).
O conhecimento de que o trauma torácico está geralmente associado ao
pneumotórax é uma informação já consolidada (Barber e Hill, 1976),
porém a ausência de pneumotórax, no paciente, é um ponto a ser
destacado e que possivelmente ocorreu por não haverem perfurações ou
lacerações pulmonares e nem lesão de continuidade dérmica. Mesmo com
apenas duas fraturas costais na parede torácica direita, o animal
apresentava movimento evidente de flutuação da parede, embora a
literatura veterinária comente que esse tipo de instabilidade se
desenvolve quando há três ou mais arcos fraturas costais duplas ou cinco
ou mais fraturas costais simples (Farrow, 2006). Considerou-se que o
reduzido tamanho do animal associado ao intenso trauma contuso da
região, o que levou a ruptura muscular no ponto de fratura, tenham
contribuído para a formação do tórax paradoxal.
A adaptação e manutenção do dreno torácico ocorreu sem
complicações, o qual é indicado para reposição da pressão negativa
intratorácica, introdução de medicamentos analgésicos e drenagem de
líquidos (Maritato et al., 2009). Embora os drenos possam trazer
complicações quando não manejados adequadamente (Tattersall e Welsh,
2006), estas não foram observadas no presente caso, uma vez que o
dreno foi removido sem complicações ao final do terceiro dia.

CONCLUSÃO:
A técnica utilizada para a redução do trauma costal mostrou-se efetiva,
permitindo a estabilização das fraturas costais simples e auxiliando na
estabilização da parede torácica. A técnica mostrou-se exequível em
fraturas de arcos costais de diâmetro reduzido, além de ser procedimento
simples e de baixo custo.

REFERÊNCIAS:
CROWER JR, D.T. et al. Trauma torácico. In: RABELO, R.C.; CROWER JR,
D.T. Fundamentos de terapia intensiva veterinária em pequenos animais
conduta no paciente crítico. Rio de Janeiro: L.F. Livros de Veterinária,
2005. Cap.18, p.173-183.
AGUIAR, E. S. V. et al. Manual prático de emergência em pequenos
animais: aspectos básicos. Porto Alegre: 2001. p. 106.
138

SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3. ed. São Paulo:


Manole, 2007. 2806 p.
NUNES, B. F. F. Trauma torácico: fisiopatologia e prevalência de lesões
intra-torácicas em canídeos e felídeos politraumatizados no Hospital
Veterinário do Porto. Utilidade da troponina cardíaca I no diagnóstico de
lesões intra-tóracicas. 2009. Lisboa, 112 f. Dissertação (Mestrado) -
Faculdade De Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa.
SIGRIST, N. E. et al. Clinical findings and diagnostic value of posttraumatic
thoracic radiographs in dogs and cats with blunt trauma. Journal of
Veterinary Emergency and Critical Care. v.14, n.4, 2004. Disponível em
<http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1476-4431.2004.04024.x/abstract>
Acessado em: 10/09/2015.
BARBER, D. L.; HILL, B. L. Traumatically induced bullous lung lesions in the
dog: a radiographic report of three cases. Journal of the American
Veterinary Medical Association. v. 169, n. 10, 1976. Disponível em <
http://www.unboundmedicine.com/medline/citation/977438/Traumatical
ly_induced_bullous_lung_lesions_in_the_dog:_a_radiographic_report_of_
three_cases_> Acessado em: 10/09/2015.
FARROW, C. S. Veterinária Diagnóstico por Imagem do Cão e Gato. São
Paulo: Roca Ltda, 2006. 768 p.
MARITATO, K. C. et al. Pneumotorax. Compendium, v. 31. n. 5, 2009.
Disponívelem: <http://vetfolio-vtstreet.s3.amazonaws.com> Acessado em: 10/09/2015.
TATTERSALL, J. A; WELSH, E. Factors influencing the short-term outcome
following thoracic surgery in 98 dogs. Journal of Small Animal Practice.
v . 47. n. 12, 2006. Disponível em: < http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1748-
5827.2006.00080.x/abstract> Acessado em: 10/09/2015

46. CORRELAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE URINA E SUA


IMPORTÂNCIA PARA O DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES DO TRATO
URINÁRIO EM CÃES.
PRISCILA PEREIRA¹, WELLINGTON AUGUSTO SINHORINI¹, LUCIANA
WOLFRAN², AMANADA VOLTARELLI GOMES², ALEXANDRE LESEUR DOS
SANTOS⁴ ,MÔNICA KANASHIRO OYAFUSO⁴.
1 Mestrandos do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da
Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina
2 Aluna de graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal do
Paraná – Setor Palotina
3 Medico Veterinário do Hospital Veterinário da Universidade Federal do
Paraná – Setor Palotina
4 Professor da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina
139

RESUMO:
O presente trabalho teve como objetivo correlacionar os resultados de
exames de urina e urocultura no diagnóstico de infecção do trato urinário
(ITU). Foram utilizados 52 amostras de urina de cães, em um intervalo de
12 meses. Observou-se uma correlação significativa moderada entre a
quantificação de bacteriúria com o crescimento na urocultura. Não houve
correlação significativa com a densidade e a presença de bactéria nos
diagnósticos.

INTRODUÇÃO:
As infecções do trato urinário (ITU) causadas por bactérias, são causas
comuns de doenças em animais de estimação, sendo frequentes em cães
(BARSANTI, 2006). Geralmente são causadas por bactérias provenientes
da microbiota intestinal, que ascendem pelo trato urinário inferior
(Johnson et al. 2003). Eventualmente, fungos e leveduras também podem
causar ITUs (BRITO et al., 2009).
O diagnóstico de ITU pode ser feito pela associação dos sinais clínicos e da
urinálise (GRATORIA et al., 2006). Os sinais clinicos mais comum são:
disúria, polaquiúria, estrangúria, hematúria e incontinência urinária.
Achados no sedimento como piúria, bacteriúria e hematúria são
indicativos de ITU. A identificação de bactérias na urina, apesar de ser
sugestiva, não é sinônimo de infecção, sendo a urocultura necessária para
o diagnóstico definitivo (OSBORNE, 1999).
A interpretação dos exames deve ser feita sempre considerando o método
de coleta (FEITOSA, 2008). A cistocentese é o método de escolha, pois
fornece amostras livres de contaminantes vaginais e prepuciais (LITTMAN,
2011). Além da esterilidade do material, a avaliação da amostra é
fundamental para um diagnostico fidedigno. Algumas alterações podem
levar a uma falsa interpretação, e consequentemente um laudo final
incorreto e falha no diagnóstico (HENRY, 2008). Por exemplo, nas
infecções urinárias, a presença de bactérias é maior, podendo ocorrer
formação de massas alongadas que se assemelham a cilindros (GARCIA-
NAVARRO, 1996).
A urina normal frequentemente possui características bacteriostática e,
algumas vezes, bactericida, dependendo da sua composição. As altas
concentrações de substâncias como a ureia, os ácidos orgânicos,
carboidratos de baixo peso molecular e as mucoproteínas previnem as
infecções bacterianas. Variações de pH (ácido) e de densidade específica
140

(urina concentrada) possuem efeito inibidor do crescimento bacteriano


(BARSANTI, 2006).
O presente trabalho buscou correlacionar o resultado da urinálise,
levando em consideração a bacteriúria e a densidade urinária com o
efetivo crescimento de colônias na urocultura, com o objetivo de avaliar a
real presença de ITU em pacientes com bacteriúria.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foi realizada análise retrospectiva do exame de urina e urocultura de 52
cães, fêmeas e machos, em um intervalo de 12 meses. Todas as amostras
foram obtidas por cistocentese. Na urinálise foi realizada avaliação
microscopica do sedimento urinário, obtendo-se a contagem de bactérias
por método semi quantitativo. A densidade foi determinada por
refratometria, considerando isostenúria (1,015-1,045), hipostenúria (<
1,015) e hiperestenúria (> 1,045). A Urocultura baseou-se na avaliação
qualitativa da urina, com objetivo de isolar e identificar bactérias
presentes na amostra. Para análise estatística foi utilizado o procedimento
de correlação generalizada através do modelo GENMOD – SAS software e
análise descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Utilizando correlações entre densidade urinária com a urocultura ou com
presença de bacteriúria, não houve significância, demonstrando valores
negativos (-0.31). Bailiff et al., (2006) relatou a falta de associação entre
diminuição da densidade urinária e resultado positivo de cultura de urina,
porém uma correlação positiva entre os achados sedimentoscópicos
(piúria, bacteriúria e hematúria) e cultura de urina positiva. De forma
semelhante, no presente trabalho, foi identificado uma correlação
significativa moderada (53%) entre a quantificação da bacteriúria e a
urocultura, mostrando que quanto maior a presença de bacteriúria, maior
as chances de crescimento na cultura.
A maioria das amostras, 86,5%, apresentou bactérias no sedimento
analisado, e 46% tiveram crescimento de colônias na urocultura, porém
somente 44,2% das amostras foram positivas em ambos os resultados,
concordando com Osborne (1999) que afirma que outras estruturas
podem ser confundidas com bactérias, indicando portanto, a necessidade
da urocultura para confirmação da ITU. Já Vasconcelos (2012), relatou
uma relação significativa entre a presença de sedimento na urinálise e a
confirmação de ITU.
141

Além disso, os resultados de 28 amostras, foram negativos na urocultura


sendo que destes, 22 (78,57%) foram positivos na urinálise, porcentagem
superior a encontrada por Carvalho (2014), que obteve 12 amostras sem
crescimento microbiológico, e destas 6 (50%) apresentaram urinálise
compatível com ITU.
Ainda devemos levar em consideração que bactérias possuem fatores que
prejudicam seu desenvolvimento, como nutrição (meio de cultivo), fatores
genéticos (fator de multiplicação), fatores físicos (tipo de células ou meio
de cultivo), fatores químicos (utilização de antibióticos, antissépticos) e
fatores ambientais (temperatura e concentração de íons hidrogênio)
(QUINN et al., 2005), resultando em falsos-negativos.

CONCLUSÃO:
A utilização dos dois métodos laboratoriais demostraram-se válidas para o
diagnóstico de ITU em cães. Na amostra avaliada, a densidade urinária não
interferiu nos diagnósticos laboratoriais. A correlação significativa
moderada entre o exame de urina e a urocultura (53%) indica que apenas
o exame de urina não é suficiente para confirmar a ITU.

REFERÊNCIAS:
BARSANTI J.A. Genitourinary infections. In: Greene C.E., Infectious
Diseases of the Dog and Cat. 2 ed. W.B. Sauders, Philadelphia, p.626-646,
2006.
BAILIFF, N. L.; NELSON, R. W.; FELDMAN,E. C. et al. Frequency and risk
factors for urinary tract infection in cats with diabetes mellitus. Journal of
Veterinary Internal Medicine, v.20, p.850-855, 2006.
CARVALHO V.M., SPINOLA T., TAVOLARI F., IRINO K., OLIVEIRA R.M. &
RAMOS M.C.C. Urinary tract infection (UTI) in dogs and cats: etiology and
antimicrobial resistance. Pesquisa Veterinária Brasileira v.34, n.1, p. 62-
70, 2014.
FEITOSA, F.L.F. Semiologia Veterinária. A arte do diagnóstico. São Paulo:
Rocca, 2008.
GARCIA-NAVARRO, C. E. K. Manual de urinálise veterinária. São Paulo:
Livraria Varela, p. 95, 1996..
GRATORIA, I.S., SIANI, N.S., RAI, T.S. AND DWIVEDI, P.N. Comparison of
three techniques for the diagnosis of urinary tract infections in dogs with
urolithiasis. Journal Small Animale Pract. N.47, p. 727–732, 2006.
142

HENRY , J.B. - Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos


laboratoriais. 20ª ed. São Paulo: Manole, 2008
JOHNSON J.R., KASTER N., KUSKOWSKI M.A. & LING G.V. Identification of
urovirulence traits in Escherichia coli by comparison of urinary and rectal
E. coli isolates from dogs with urinary tract infection. Journal Clinic Mi-
crobiology. 41:337-345. 2003.
LITTMAN, M. P. Diagnosis of infectious diseases of the urinary tract. In:
BARTGES, J.; POLZIN, D.J. Nephrology and Urology of Small Animals,
Ames, Iowa: Wiley-Blackwell, p.241-252, 2011.
OSBORNE, C. A., & STEVENS, J. B. Urinalysis: A Clinical Guide to
Compassionate Patient Care. Shawnee Mission, KS: Bayer, 1999.
QUINN, P.J.; MARKEY, B.K.; CARTER, M.E.; DONELLY, W.J.; LEONARD, F.C.
Cultivo, preservação e inativação de bactérias. In: Microbiologia
Veterinária – Doenças infecciosas.p. 26-30. 2005.
VASCONCELLOS, A. L. Diagnóstico de cistite em cães: contribuição dos
métodos de avaliação. Tese de mestrado. 2012.

47. DERMATOFITOSE POR MICROSPORUM GYPSEUM EM FELINO:


RELATO DE CASO

BALDINI, M.C.1; MOREIRA, K.C.2; FERRARIAS, T.M.3; ROSSI, F.Z.4; BENTUBO,


H.D.L.5
1
Pós-Graduanda do Programa de Aprimoramento em Clínica Médica de
Pequenos Animais. Curso de Medicina Veterinária. Universidade Cruzeiro
do Sul. Avenida Doutor Ussiel Cirilo, 225. CEP 06080-070, Campus São
Miguel, São Paulo, SP.
2
Graduanda do Curso de Medicina Veterinária e Bolsista Pibic-Cruzeiro do
Sul. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. Universidade Cruzeiro do
Sul.
3
Médica Veterinária Autônoma.
4
Médica Veterinária responsável pelo Serviço de Clínica Médica de
Pequenos Animais do Complexo Veterinário. Universidade Cruzeiro do Sul.
143

3
Docente do Curso de Medicina Veterinária, Líder do Grupo de Pesquisa
em Patologia Estrutural e Funcional Veterinária (cadastrado no CNPq) e
Coordenador do Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva do
Complexo Veterinário da Universidade Cruzeiro do Sul.

*E-mail: hbentubo@yahoo.com.br

47. DERMATOFITOSE POR MICROSPORUM GYPSEUM EM FELINO:


RELATO DE CASO

BALDINI, M.C.1; MOREIRA, K.C.2; FERRARIAS, T.M.3; ROSSI, F.Z.4; BENTUBO,


H.D.L.5
1
Pós-Graduanda do Programa de Aprimoramento em Clínica Médica de
Pequenos Animais. Curso de Medicina Veterinária. Universidade Cruzeiro
do Sul. Avenida Doutor Ussiel Cirilo, 225. CEP 06080-070, Campus São
Miguel, São Paulo, SP.
2
Graduanda do Curso de Medicina Veterinária e Bolsista Pibic-Cruzeiro do
Sul. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. Universidade Cruzeiro do
Sul.
3
Médica Veterinária Autônoma.
4
Médica Veterinária responsável pelo Serviço de Clínica Médica de
Pequenos Animais do Complexo Veterinário. Universidade Cruzeiro do Sul.
3
Docente do Curso de Medicina Veterinária, Líder do Grupo de Pesquisa
em Patologia Estrutural e Funcional Veterinária (cadastrado no CNPq) e
Coordenador do Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva do
Complexo Veterinário da Universidade Cruzeiro do Sul.

*E-mail: hbentubo@yahoo.com.br
144

RESUMO:

As dermatofitoses constituem em infecções fúngicas da pele dos animas


domésticos e silvestres. A prevalência da espécie geofílica Microsporum
gypseum em infecções tem sido subestimada pela classe médico-
veterinária, que relata um número bastante inferior de casos clínicos
quando comparado àquele produzido por M. canis. Esse trabalho teve o
objetivo de relatar um caso de dermatofitose por M. gypseum em um
paciente felino atendido no Serviço de Clínica Médica de Pequenos
Animais do Complexo Veterinário da Universidade Cruzeiro do Sul, São
Paulo.

RELATO DE CASO:

Um espécime felino, fêmea, sem raça definida (SRD), de pelo curto, de 2


meses de idade foi atendida em maio de 2014 no Serviço de Clínica
Médica de Pequenos Animais do Complexo Veterinário com queixa de
rarefação pilosa em dígitos dos membros pélvicos e cauda. O proprietário
alegou ausência de prurido e afirmou não existir nenhuma outra
anormalidade.Ao exame físico foram constata das áreas alopécicas com
início de repilação em dígitos dos membros pélvicos e áreas alopécicas
circulares, descamativas e crostosas na extremidade distal da cauda da
paciente. Foram solicitados exames complementares de cultura
microbiológica e avaliação através da lâmpada de Wood. Amostras de
pelame foram colhidas pela técnica do carpete e enviadas ao Laboratório
de Medicina Veterinária Preventiva para que fossem analisadas.
Não foi possível observar qualquer florescência ao exame com a lâmpada
de Wood. A cultura bacteriana foi negativa, no entanto, a cultura fúngica
evidenciou o crescimento de uma colônia de coloração bege, pulverulenta
e não produtora de pigmentos. Esse isolado foi identificado por meio de
características macro e micromorfológicas compatíveis com as do M.
gypseum. A prescrição terapêutica foi constituída por
Itraconazol(10mg/kg) a cada 24 horas durante 30 diase banhos semanais
com xampu a base de miconazol (2,5%) e clorexidine (2%) mantidos até o
retorno.Em retorno, o proprietário relatou melhora considerável do
quadro dermatológico, ausência de prurido, início de repilação da cauda e
145

completa remissão das lesões observadas na região digital dos membros


pélvicos.

DISCUSSÃO:

Microsporum gypseum, agente etiológico identificado no presente relato,


é considerado como fungo geofílico pouco frequente como agente de
dermatofitoses tanto em animais domésticos como seres humanos
(Kanoet al., 2001). Levantamentos bibliográficos anteriores sobre as
dermatofitoses em cães e gatos descrevem M. canis como agente de
maior prevalência em cães e gatos no Brasil (Costa et al., 1994). A rara
ocorrência de isolamento deM. gypseum em felinos já foi confirmada por
Yamamura et al. (1997), que realizaram um estudo em felinos positivos
para dermatofitose, observando o isolamento de M. canis em 100% dos
casos. Outros autores também obtiveram percentuais bastante
semelhantes para esse mesmo agente (Balda et al., 2004). Balda et al.
(2004) demonstram em seu estudo que o M. canis é o maior causador de
dermatofitose nos animais, seguido pelo M. gypseum. Microsporum
gypseum é pouco associado a surtos interespecíficos (Costa et al., 1994).
Kano et al. (2001), descreveram um caso semelhante na Itália onde um
felino, fêmea, SRD, de dois meses de idade que também apresentava
alopecia em cauda. O agente etiológico identificado também foi M.
gypseum. O itraconazol, utilizado como tratamento principal da doença,
segundo Nobre et al. (2002), é um agente antifúngico deamplo espectro
de ação e que produz ótimos resultados contra as micoses superficiais
observadas nos animais domésticos.

CONCLUSÃO:
M. gypseum constitui um agente geofílico pouco comum na
dermatofitose, mas que pode, eventualmente, produzir casos de infecção
superficial em felinos. Devido às variações individuais quanto às lesões
que podem ser observadas em decorrência da interação hospedeiro-
parasita é importante que esses casos sejam relatados, caracterizando
melhor os agentes envolvidos nessas doenças e a clínica dos respectivos
pacientes acometidos.
146

REFERÊNCIAS:

BALDA, A. C.; LARSSON, C. E.; OTSUKA, M.; GAMBALE, W. Estudo


retrospectivo de casuística das dermatofitoses em cães e
gatos atendidos no serviço de dermatologia da faculdade de medicina
veterinária e zootecnia da universidade de São Paulo. Acta Scientiae
Veterinariae. v. 32, p.133-140, 2004.

Costa, E. O.; Diniz, L.S.M.; Benites, N.R.; Coutinho, S.D.; V.M. Carvalho,
Dutra, L.F.; Serra, E.G. Surtos interespecíficos de dermatomicoses por
Microsporum canis e Microsporum gypseum. Saúde Pública. v. 28, p.337-
340, 1994.

Kano, R.; Yasuda, K.; Nakamura, Y.; Hasegawa, A. Microsporum


gypseum isolated from a feline case of dermatophytosis. Mycoses. v. 44,
p.338-341, 2001.

Nobre, M.O.; Nascente O.S,; Meireles M.C.; Ferreiro, L.


Drogas antifúngicas para pequenos e grandes animais. Ciência Rural. v. 32,
p.175-184, 2002.

YAMAMURA, A. A. M.; PEREIRA, E. P.; SHIMADA, M. K.; FUGIWARA, C. Y.;


DANHONE, A. S.; CHAMI, D. Ocorrência de dermatofitose em cães e
gatos atendidos pelo Hospital Veterinário da Universidade Estadual de
Londrina, Paraná.Semina: Ciências Agrárias. v. 18, p.41-44, 1997.

48. DESCRIÇÃO ANATOMOPATOLÓGICA DA FORMA MISTA DA


PERITONITE INFECCIOSA FELINA

JOSÉ ARTUR BRILHANTE BEZERRA1, KILDER DANTAS FILGUEIRA1


1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Mossoró-RN)

RESUMO:
A peritonite infecciosa felina (PIF) é dividida nas formas efusiva e não
efusiva. Alguns animais têm sinais de ambas, correspondendo o tipo
misto. Relataram-se os achados patológicos de um caso de PIF mista. Um
felino foi encaminhado para necropsia. O material foi inspecionado e
147

enviado para histopatologia. A macroscopia observou-se serosites


fibrinosas, efusões abdominal e torácica, além de granulomas viscerais. A
microscopia foi compatível com PIF e ao associar com a macroscopia,
concluiu-se uma apresentação mista da doença. Na suspeição de PIF deve-
se incluir a forma mista na classificação desta enfermidade.
INTRODUÇÃO:

A peritonite infecciosa felina (PIF) é uma doença infectocontagiosa,


causada por formas mutantes do coronavírus felino. Os dois tipos mais
comuns da doença são a efusiva (ou úmida, alcançando até 75% dos
casos) e a não efusiva ou seca (Reche-Júnior e Arena, 2015). Alguns
animais podem apresentar sinais de ambas, equivalendo à forma mista da
afecção (Kipar e Meli, 2014). O diagnóstico definitivo, em geral, é apenas
post-mortem, com auxílio da histopatologia (Pedersen, 2009).
Descreveram-se os achados patológicos de um caso de PIF mista.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Um gato, um ano, Persa, foi encaminhado para necropsia. O material
obtido foi analisado macroscopicamente e enviado para histopatologia.
Na cavidade torácica detectou-se efusão viscosa de cor amarelo palha.
Havia aderência entre as pleuras parietal, visceral e pericárdio. Os lobos
pulmonares eram hiperêmicos. No abdômen percebeu-se fluido similar ao
intratorácico, deposição de fibrina e granulomas hepáticos e renais. O
encéfalo demonstrou dilatação vascular e acúmulo fibrinoso. A
histopatologia revelou pleurite e peritonite fibrinosa, pneumonia
intersticial, hepatite e nefrite piogranulomatosa multifocal crônica, além
de meningite linfoplasmocitária. Tal padrão foi compatível com PIF e ao
associar com a macroscopia, concluiu-se a apresentação concomitante da
forma efusiva e não efusiva da doença (ou seja, o tipo misto).
DISCUSSÃO:
Na PIF, devido à inespecificidade clínica e laboratorial, além da falta de
testes in vivo confiáveis, o diagnóstico definitivo ante-mortem é
desafiador (Reche-Júnior e Arena, 2015), justificando assim para o gato
em questão a importância da necropsia para a confirmação da doença. Na
forma efusiva, as lesões estão predominantes no abdômen, cobrindo a
superfície serosa visceral. Observam-se vasculite e polisserosites
fibrinosas, com efusões (Pedersen, 2009), conforme detectado no animal
em discussão. Já na forma não efusiva, as lesões possuem aspecto de
148

granuloma clássico (Reche-Júnior e Arena, 2015), estando de acordo com


os achados hepato-renais do presente relato. Cerca de 80% dos casos de
PIF é efusiva. No entanto, em animais que desenvolvem quadro misto, a
identificação clínica é difícil, sendo evidenciada apenas no exame
necroscópico (Reche-Júnior e Arena, 2015), como foi verificado no felino
em evidência. Em torno de 10% dos indivíduos com PIF, desenvolvem
lesões em sistema nervoso que está mais relacionada com a forma seca,
demonstrando que esse pode ser um achado importante também da
forma mista (Reche-Júnior e Arena, 2015), corroborando com o paciente
descrito.
CONCLUSÃO:

Na abordagem de felinos suspeitos de PIF deve-se incluir também a forma


mista na classificação desta enfermidade.

REFERÊNCIAS:

KIPAR, A.; MELI, M.L. Feline infectious peritonitis: still an enigma?


Veterinary Pathology, v.51, n.2, p.505-526, 2014.

PEDERSEN, N.C. A review of feline infectious peritonitis virus infection:


1963-2008. Journal of Feline Medicine and Surgery, v.11, n.4, p.225-258,
2009.

RECHE-JUNIOR, A.; ARENA, M.N. Coronavírus felino. In: JERICÓ, M.M.;


ANDRADE-NETO, J.P.; KOGIKA, M.M. Tratado de medicina interna de cães
e gatos. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p. 826-835.

49. DETECÇÃO DO HERPESVÍRUS CANINO TIPO-1 EM CANIS COMERCIAIS


DENISE CLAUDIA TAVARES1,4; FABIANA FERREIRA DE SOUZA2; JOÃO
PESSOA DE ARAÚJO JUNIOR3; JACQUELINE KAZUE KURISSIO3; DARILHA
MARIANA RODRIGUES4; GILSON HÉLIO TONIOLLO1.
1
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal,
FCAV/UNESP, Jaboticabal, SP, 2.Departamento de Reprodução Animal e
Radiologia Veterinária, FMVZ/UNESP, Botucatu, SP, 3Departamento de
Microbiologia e Imunologia, Instituto de Biociências, FMVZ/UNESP,
Botucatu, SP, 4Faculdade do Ingá (UNINGÁ), Curso de Medicina
Veterinária, Maringá, PR.

RESUMO:
149

O herpesvírus canino tipo 1 (CHV-1) promove aborto em cães, podendo


ser detectado em animais saudáveis, provocando alterações clínicas que
vão desde a morte de neonatos, doenças respiratórias ou lesões genitais
em cães adultos, comum em animais de canis. No Brasil a vacinação para
CHV-1 não é aplicada, estudos pontuais têm demonstrado a presença
desse agente no território nacional. Objetivou-se com esse estudo
correlacionar a incidência de abortos e animais positivos para CHV-1 na
região de Ribeirão Preto. Foram utilizados 200 cães adultos de diferentes
raças, oriundos de canis comerciais. Amostras sanguíneas foram obtidas
por venopunção e armazenadas em frascos com EDTA 10%. Extrações do
DNA foram feitas com o ‘Wizard® Genomic Purification Kit’ (Promega,
Madison, WI, USA). Para detecção do CVH-1 foi utilizado o teste molecular
de reação em cadeia da polimerase em tempo real (Polymerase Chain
Reaction Real Time – RT-qPCR). Embora os canis avaliados nesse estudo
fossem comprometidos com abortos (2.1 das 42.9%/número de femêas) e
morte de filhotes neonatos (1.8 dos 32.7%/9 canis), nenhuma das
amostras utilizadas foi positiva, podendo a causa dessas estar ligada a
presença de outros patógenos (Neospora caninum, Leptospira spp,
Toxoplasma gondii, Ehrlichia canis e Brucella canis) ou estado de latência
do herpesvírus.

INTRODUÇÃO:
CHV-1) foi descrito pela primeira vez em meados da
O herpesvírus canino tipo 1 (

década de 60 como o agente causal de uma doença septicêmica fatal em


filhotes de cães (kim, 2004). A espécie hospedeira do CHV-1 fica restrita
aos cães domésticos mas canídeos selvagens podem ser portadores
também (Decaro et al., 2008; Ledbetter et al., 2009). Existem diferentes
cepas de CHV-1, sendo que cada uma promove um sinal clínico, variando
de problemas respiratórios a reprodutivos (Ronsse et al., 2005), sendo a
transmissão do CHV-1 por contato direto (Nöthling et al., 2008). Baixa taxa
de concepção, absorção fetal, fetos mumificados, abortamentos e
diminuição no tamanho da ninhada são achados frequentes em animais
infectados por CHV-1 (Dahlbom et al., 2009). O diagnóstico da infecção
por CHV-1 pode ser obtido pelo isolamento do vírus (Decaro et al., 2008) e
técnicas moleculares como a reação em cadeia de polimerase (PCR)
podem ser realizadas (Ronsse et al., 2005).

OBJETIVO:
150

O objetivo desse estudo foi relacionar os casos de abortos e mortes


neonatais de cães oriundos de canis comerciais da região de Ribeirão
preto, SP, à infecção pelo CVH-1.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram usados 200 cães de canis comerciais, dos quais foram coletadas
amostras sanguíneas para a extração do DNA e detecção do CVH-1. O DNA
foi extraído utilizando o Kit comercial Wizard® Genomic Purification Kit’
(Promega, Madison, WI, USA), seguindo o protocolo do fabricante. Após
isso as amostras de DNA foram submetidas a teste molecular de reação
em cadeia da polimerase em tempo real (Polymerase Chain Reaction Real
Time – RT-qPCR) para detecção do agente. Na reação de qPCR de
amplificação foram utilizados os oligonucleotídeos para timidina quinase
CHV3 (CGTGGTGAATTAAGCCTAA) e CHV4 (ATGCTATTGGGTGTCTATC),
Para preparar a reação de qPCR usou-se 10 µL de Gotaq qPCR Master Mix
(2x) (Promega, Madison, WI, USA), 0,27µM de ROX CXR (30µM), 0,3 µM de
cada oligonucleotídeo a 10 ρmol/µL, 2,5% de DMSO (99,8%) e 3µL de DNA
template num volume final de reação de 20 µL. Como controle negativo
da reação usou-se água livre de nucleases em substituição ao DNA. As
reações foram realizadas no termociclador 7300 Real Time PCR System
(Applied Biosystem®), a captação e detecção da fluorescência da reação
foram analisadas através do programa do Sequence Detection Software
7300 versão 1.2.3. (Applied Biosystem®). As condições de reação para
amplificação do fragmento do gene para timidina quinase do CHV-1 foram
de 95ºC de desnaturação inicial por 2 minutos, seguidos de 40 ciclos de
desnaturação a 95ºC por 30 segundos, anelamento a 57ºC por 30
segundos e extensão a 72ºC por 30 segundos.

RESULTADOS:
Embora os canis avaliados nesse estudo sejam comprometidos com
abortos e morte de filhotes neonatos, nenhuma das amostras utilizadas
foi positiva para o CHV-1, sendo que a causa dessas pode estar ligada a
presença de outros patógenos (Neospora caninum, Leptospira spp,
Toxoplasma gondii, Ehrlichia canis e Brucella canis).

DISCUSSÃO:
Os cães desse estudo eram submetidos constantemente a estresses,
imunossuprimidos ou gestação, que são causas de reativação desse vírus.
As altas temperaturas dessa região impedem a replicação desse vírus, que
tem preferência por temperaturas menores que 37. Essa hipótese tem
151

sido sustentada por outros estudos, com casos positivos, em regiões de


clima mais ameno. Por fim, foi utilizado o qPCR para identificação do DNA
do CHV em amostras de sangue, que poderiam ser melhor detectadas em
testes sorológicos. Conclusão – Sugerimos que sejam realizadas mais
pesquisas sobre o CHV-1 no Brasil e que estas se utilizem tanto de testes
sorológicos quanto moleculares para o diagnóstico.

REFERÊNCIAS:
DAHLBOM, M.; JOHNSSON, M.; MYLLYS, V.; TAPONEN, J.; ANDERSSON, M.
Seroprevalence of canine herpesvirus-1 and Brucella canis in finnish
breeding kennels with and without reproductive problems. Reproduction
in Domestic Animals, v. 44, p. 128-131, 2009.
DECARO, N.; MARTELLA, V.; BUONAVOGLIA, C. Canine adenoviruses and
herpesvirus. Veterinary Clinics Small Animal Practice, v. 38, p. 799-814,
2008.
KIM, O. Optimization of in situ hybridization assay using non-radioactive
DNA probes for the detection of canine herpesvirus (CHV) in paraffin-
embedded sections. Journal of Veterinary Science, v. 5, n. 1, p. 71-73,
2004.
LEDBETTER, E. C.; KIM, S. G.; DUBOVI, E. J.; BICALHO, R. C. Experimental
reactivation of latent canine herpesvirus-1 and induction of recurrent
ocular disease in adult dogs. Veterinary Microbiology, v. 138, n. 1-2, p. 98-
105, 2009.
NÖTHLING, J. O.; HÜSSY, D.; STECKLER, D.; ACKERMANN, M.
Seroprevalence of canine herpesvirus in breeding kennels in the Gauteng
province of South Africa. Theriogenology, v. 69, n. 3, p. 276-282, 2008.
RONSSE, V.; VERSTEGEN, J.; THIRY, E.; ONCLIN, K.; AEBERLÉ, C.; BRUNET,
S.; POULET, H. Canine herpesvirus-1 (CHV-1): clinical, serological and
virological patterns in breeding colonies. Theriogenology, v. 64, n.1, p. 61-
74, 2005.
Esse estudo foi aprovado pelo CEUA: 09/12/2010, protocolo n 036/10 e
Suporte financeiro da FAPESP - Processo no 13/06993-1.

50. DETECÇÃO MOLECULAR DE ANAPLASMA PLATYS EM UM


HOSPITAL VETERINÁRIO DO SUL DO BRASIL

LUZIA CRISTINA LENCIONI SAMPAIOa, LUIS EDUARDO BARCELLOS


KRAUSEb, CARMEN LUCIA GARCEZ RIBEIROb, FERNANDA AQUINO
FRANCOa, ANA RAQUEL MANO MEINERZb,JERÔNIMO RUASc
a
Departamento de Clínicas Veterinárias, Fac. Veterinária, UFPel
152

b
Laboratório de Análises Clínicas, Fac. Veterinária, UFPel
c
Laboratório Regional de Diagnósticos, Fac. Veterinária, UFPel

RESUMO:
Este estudo objetiva determinar a ocorrência de Anaplasma platys em
cães atendidos na área de abrangência do Hospital Veterinário da
UFPel, Pelotas-RS. Através de esfregaços de papas de leucócitos
investigou-se a presença de mórulas nas plaquetas. Amostras de sangue
de 89 cães foram submetidas à nested-PCR para A. platys seguido de
seqüenciamento do DNA para confirmar a identidade do agente. Do
total, 1.1% foram positivas para Anaplasma spp através dos esfregaços de
papa de leucócitos e 7.9% por nPCR.

INTRODUÇÃO:
Anaplasma platys pertence a família Anaplasmataceae (Gaunt et al.,
2010), infecta plaquetas de cães, sendo responsável pela enfermidade
denominada Trombocitopenia Cíclica Canina (TCC). A doença provoca
queda brusca da contagem de plaquetas logo após a infecção, com
posterior diminuição da bacteriemia e retorno dos valores plaquetários
ao normal. Na fase crônica há redução do número das plaquetas
infectadas e da trombocitopenia. No Brasil, estes hemoparasitas são
transmitidos os cães pelos carrapatos ixodídeos Rhipicephalus
sanguineus (Machado et al., 2010).

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram analisadas 89 amostras sanguíneas de cães coletadas através de
venipunção cefálica ou jugular. Foi adotado como critério de inclusão
para o estudo, cães com suspeita de hemoparasitose e histórico de
presença ou exposição prévia a carrapatos ixodídeos. A presença de
mórulas características de Anaplasma spp em plaquetas foram
investigadas em papa de leucócitos obtidos através de buffy coat. A
extração de DNA de sangue total foi realizada com o QIAamp DNA
Blood Mini Kit (Qiagen®, Valencia, Califórnia, EUA) de acordo com
recomendações do fabricante. Os oligonucleotídeos iniciadores e as
seqüências térmicas utilizadas foram baseados na amplificação de uma
porção do gene 16S rRNA. Para o seqüenciamento dos produtos
amplificados utilizou-se o ABI PRISM 3700 DNA Analyzer (Applied
Biosystems). As seqüências obtidas foram analisadas pelo programa
BLAST e comparadas com seqüências similares em banco de dados
153

internacionais (GenBank) (Benson et al., 2002). Estudo aprovado pela


Comissão de Ética (CEEA- UFPel) (proc. n° 23110.002058/2011-15).

RESULTADOS:
Nos esfregaços de papa de leucócito foram observadas mórulas
características de Anaplasma spp em 1.1% das amostras analisadas.
Resultados do PCR mostraram positividade de 7,9% para Anaplasma spp
com um produto de 546 pb pela nested-PCR. Os amplímeros obtidos
para Anaplasma spp revelaram 99-100% de identidade com seqüências
de A. platys previamente publicadas no GenBank encontradas em cães
na Croácia (JQ396431.1).

DISCUSSÃO:
A baixa prevalência de mórulas encontradas no estudo comparada aos
resultados do n-PCR demonstram que a presença deste agente pode
estar subestimada na região estudada. Além disso, os resultados
obtidos através deste método diagnóstico mostra a baixa sensibilidade
deste teste previamente relatada por Machado et al. (2010) e Otranto et
al. (2010). Segundo Elias (1992), o teste é de fácil execução, baixo custo
e resultados rápidos, porém mostra baixa sensibilidade e relativa baixa
especificidade, pois permite a detecção de inclusões relacionadas a
diferentes hemoparasitas. No entanto, PCR proporciona a detecção do
agente em todas as fases da infecção e independente do grau de
parasitemia (Sousa et al., 2010), inclusive quando em baixas
concentrações na circulação sanguínea (Ueno et al., 2009). A
amplificação do material genético dos hemoparasitos em estudo desde
a fase aguda, até a fase subclínica e crônica da doença justifica a alta
especificidade deste método diagnóstico (Meneses et al., 2008, Sousa
et al., 2010). A prevalência encontrada em nosso estudo, embora bem
inferior aos resultados de Lasta et al (2013) demonstra a circulação
deste agente na região de Pelotas e atenta para a importância dos
testes moleculares.

CONCLUSÃO:
O diagnóstico de infecções por Anaplasma platys em cães na região em
estudo pode ser subestimado quando realizado somente pela análise de
esfregaços de papa de leucócitos. A detecção molecular deste agente
demonstrou a importância do método na conduta diagnóstica da
Trombocitopenia Cíclica Canina.

REFERÊNCIAS:
154

BENSON, D.A., KARSCH-MIZRACHI, I., LIPMAN, D.J. et al. GenBank.


Nucleic Acids Research, v.30, n.1, p. 17-20, 2002.
ELIAS, E. Diagnosis of ehrlichiosis from the presence of inclusion bodies
or morulae of E. canis. Journal of Small Animal Practice, v.33, n 11, p.
540-543, 1992
GAUNT, S., BEALL, M., STILLMAN, B. et al. Experimental infection and
co-infection of dogs with Anaplasma platys and Ehrlichia canis:
hematologic, serologic and molecular findings. Parasites & Vectors , v.3,
n.1, p.33, 2010.
LASTA, C.S., SANTOS, A.P., MESSICK, J.B. et al. Molecular detection of
Erlichia canis and Anaplasma platys in dogs from Southern Brazil.
Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 22, n.3, p.360-363,
2013.
MACHADO, G.P., DAGNONE, A.S., SILVA, B.F. (2010). Anaplasmose
trombocítica canina – uma breve revisão. Revista Científica Eletrônica
de Medicina Veterinária, n. 15, 2010. Disponível em:
˂http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/8J0itK
MfE0OXrcN_2013-6-25-16-43-23.pdf˃. Acesso em 18-08-2015.
MENESES, I.D.S., SOUZA, B.M.P.S., TEIXEIRA, C.M.M. et al. Clinical and
laboratorial profile of canine monocytic ehrlichiosis of dogs from
Salvador and metropolitan region of Bahia State, Brazil. Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal , v. 9, n.4, p.770-776, 2008.
OTRANTO, D., TESTINI, G., DANTAS-TORRES, F. et al. Diagnosis of canine
vector-borne diseases in young dogs: a longitudinal study. Journal of
Clinical Microbiology, v.48, n.9, p. 3316-3324, 2010.
SOUSA VRF, ALMEIDA ABPFF, BARROS LA et al. Avaliação clínica e
molecular de cães com erliquiose. Ciência Rural, v.40, n.6, p.1309-1313,
2010.
UENO, T.E., AGUIAR, D.M., PACHECO, R.C. et al. Ehrlichia canis in dogs
attended in a veterinary hospital from Botucatu, São Paulo State, Brazil.
Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 18, n. 3, p.57-61, 2009.

51. DIABETES MELLITO SECUNDÁRIA A HIPERADRENOCORTICISMO EM


CÃO- RELATO DE CASO
BORDINI, CAROLINA GRECCO GRANO1; DE LUCCA, RENATA PANICHI DA
VEIGA2.
1 Médica veterinária autônoma na Saúde Animal Clínica Veterinária,
Pitanga/PR
2 Médica veterinária autônoma na Saúde Animal Clínica Veterinária,
Pitanga/PR
155

RESUMO:
O hiperadrenocorticismo adrenal-dependente ocorre em apenas 15% dos
casos. Os exames laboratoriais apresentam alterações geradas pelo
excesso de cortisol. A ocorrência de diabetes secundária ao
hipercortisolismo é uma observação frequente. O presente trabalho tem o
objetivo de relatar o caso de um canino, shihtzu, sete anos, com quadro
de hiperadrenocorticismo adrenal-dependente e diabetes mellito
secundária.

INTRODUÇÃO:
O hiperadrenocorticismo (HAC) ou doença de Cushing é uma
endocrinopatia comum em cães idosos e é o resultado da exposição
crônica ao excesso de glicocorticoides (Feldman, 2004; Nelson, 2010;
Alenza, 2011; Koistra, 2011).
Os sinais clínicos mais comumente observados em cães com HAC são:
poliúria, polidipsia, polifagia, ofegos, alterações dermatológicas,
hepatomegalia, aumento de volume abdominal e fraqueza (Galac et al,
2010; Nelson, 2010). O excesso de cortisol no organismo pode resultar no
desenvolvimento de diabetes mellito (Feldman, 2004; Nelson, 2010).
Devido a variedade de sintomatologia e a importância da doença, este
trabalho tem o objetivo de relatar o caso de um cão com diabetes mellito
secundária a HAC adrenal-dependente e os sinais clínicos associados.

RELATO DE CASO:
Foi atendido um canino, Shihtzu, macho, com sete anos devido à queixa
de dermatopatia. Ao exame clínico foram constatadas áreas de rarefação
pilosa, descamação, pústulas, hiperqueratose, secreção sebácea e
colaretes epidérmicos. Realizado o teste KOH 20%, o qual resultou
negativo. Prescrito tratamento tópico e antibioticoterapia via oral.
Paciente retornou com apatia, mucosas hipocoradas, hipotermia e
sensibilidade abdominal. Proprietário relatou polidipsia e poliúria há três
dias. Animal foi internado.
Ao hemograma constatou-se leucocitose por linfocitose, a análise
bioquímica revelou aumento das enzimas hepáticas, hiperglicemia e a β-
cetona estava dentro dos valores de referência. Foi coletada urina por
sondagem antes de iniciar a fluidoterapia. A urinálise revelou baixa
densidade urinária, glicosúria e piúria.
Paciente apresentou dispneia grave e cianose, seguida de hemoptise e
parada cardiorrespiratória, vindo a óbito no mesmo dia.
156

Animal foi encaminhado para a necropsia. O material coletado foi corado


por hematoxilina e eosina. À avaliação microscópica da adrenal observou-
se alterações compatíveis com adenoma do córtex da adrenal, quanto ao
nódulo esplênico as alterações eram compatíveis com hiperplasia nodular
esplênica, no rim constatou-se necrose tubular aguda, no fragmento do
pâncreas observou-se congestão multifocal moderada e no fígado
observou-se congestão sinusoidal multifocal moderada, degeneração
hidrópica difusa moderada e estase biliar canicular multifocal discreta.
As alterações deste paciente são compatíveis com hiperadrenocorticismo
e diabetes mellito secundária.

DISCUSSÃO:

O hipercortisolismo espontâneo acomete geralmente cães com seis anos


ou mais, estando o paciente relatado dentro dessa faixa etária (Alenza,
2011; Koistra, 2011).
O HAC espontâneo pode ser originado pela presença de neoplasia
adrenocortical secretora de cortisol (15 a 20%dos casos). Acomete
principalmente cães de raças médias a grandes (Feldman, 2004; Nelson,
2010), o que não condiz com o paciente relatado.
As alterações cutâneas são frequentes. Inicialmente o pelo perde o
aspecto saudável evoluindo para alopecia bilateral simétrica não
pruriginosa (Greco, 2007). O prurido pode ocorrer se houver infecção
bacteriana secundária, malasseziose e/ou seborréia (Feldman, 2004;
Greco, 2007). O paciente relatado apresentava piodermite secundária,
rarefação pilosa e seborréia, sendo compatível com os sinais descritos na
literatura.
Geralmente o hemograma exibe o clássico leucograma de estresse:
neutrofilia, monocitose, linfopenia e eosinopenia. (Feldman et al., 2004,
Greco, 2007). Alteração esta não observada no paciente. O aumento da FA
é um frequente achado em cães com hipercortisolismo (Nelson, 2010;
Koistra e Galac, 2012). Os glicocorticoides estimulam a produção direta de
FA pelos hepatócitos; além disso, a sobrecarga de glicogênio provoca
colestase e consequente liberação de FA (Feldman, 2004; Lima, 2008). Os
níveis de ALT podem estar aumentados devido à lise dos hepatócitos
(Lima, 2008; Nelson, 2010). O paciente do presente relato apresentou
aumento de ambas as enzimas.
Na urinálise, a densidade apresenta-se baixa em decorrência da poliúria e
polidipsia, pode haver proteinúria e glicosúria (Greco, 2007; Lima, 2008;
Nelson, 2010).
157

A síndrome de Cushing é associada com a diminuição do metabolismo da


glicose, pois desencadeia resistência à insulina nos músculos, nos tecidos
adiposos e nos hepatócitos (Pivonello et al., 2008). A prevalência da
Diabetes Mellito em pacientes com Cushing varia entre 20 a 50% (Arnaldi
e Boscaro, 2004).
Tanto a diabetes melito como o hiperadrenocorticismo podem causar
hipertensão secundária em cães associada ao aumento da resistência
vascular periférica e ocasionar falência renal (Dukes,1992). A necropsia do
paciente relatado revelou sinais de necrose tubular aguda.

CONCLUSÃO:

A síndrome de Cushing resultante de neoformação adrenal não é


comumente encontrada em animais de pequeno porte. Nesse relato foi
possível analisar e comparar a sintomatologia clínica e alterações em
exames laboratoriais do paciente com os dados contidos na literatura. O
paciente apresentava várias alterações descritas na literatura, inclusive a
Diabetes Mellito.
REFERÊNCIAS:
ARNALDI, G., MANCINI, T., POLENTA, B., et al.Cardiovascular risk in
Cushing’s syndrome. Pituitary 7:253–256, 2004.
ALENZA, D.P. Hyperadrenocorticism: are we over-diagnosing it? Southern
European Veterinary Conference – SEVC, Barcelona, set-out 2011.
DUKES, J. Hypertension: a review of the mechanisms, manifestations and
management. Journal of Small Animal Practice 33, 119-129, 1992.
FELDMAN, E. C., NELSON, R. W. (2004). Canine Hyperadrenocorticism. In
E. Feldman, & R. Nelson, Canine and Feline Endocrinology and
Reproduction (3ª ed., pp. 252-357). Philadelphia: W.B. Saunders.
FELDMAN, E.C. Hiperadrenocorticismo. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C.
Tratado de medicina interna veterinária - Doenças do cão e gato. 5ªed.
vol 2. São Paulo: Guanabara Koogan, 2004.
GALAC, S., REUSCH, C.E., KOOISTRA, H.S., RIJINBERK, A. et al. In: Rijnberk
A, Kooistra HS, editors. Endocrinologia clinica del cane e del gatto, 2nd
edition. Milano, Elsevier; 2010: 81-132.
GRECO, D.S. Avaliação laboratorial das glândulas tireoide, paratireoide,
adrenal e pituitária. In: THRALL, M.A. Hematologia e Bioquímica Clínica
Veterinária. P.417-430, 2007.
158

KOISTRA, H.S. Diagnosis of Hypercortisolism in Dogs and Cats. 69°


Congresso Internazionale Multisala SCIVAC, RIMINI, maio 2011.
KOISTRA, H.; GALAC, S. Recent Advances in the Diagnosis of Cushing’s
Syndrome in Dogs. Topics in Compan. An. Med. 27,21-24, 2012.
LIMA, V. G. Alterações laboratoriais ocasionadas pelo
hiperadrenocorticismo em cães e gatos: uma revisão. Tese (Pós
graduação em Patologia clínica veterinária) – Instituto Qualittas de pós
graduação de medicina veterinária, Curso de patologia clínica veterinária,
Rio de Janeiro 2008.
NELSON, R.W. Distúrbios da glândula adrenal. In: NELSON, R.W.; COUTO,
C.G. Medicina interna de pequenos animais. Rio de Janeiro: Elseirer Ltda,
2010.
PIVONELLO,R., DE MARTINO,M.C., DE LEO, M. et al. Cushing’s syndrome.
Endocrinol. Metab. Clin. North Am. 37: 135–149, 2008.

52. DIABETES MELLITUS JUVENIL EM CÃO - RELATO DE CASO


LUCIANA FERREIRA1, CRISTINA MENDES PLIEGO1, ROBERTA NASCIMENTO
DE FREITAS1
CONSULTÓRIO VETERINÁRIO CRISTINA PLIEGO

RESUMO:
Diabetes mellitus é considerada a segunda doença endócrina mais comum
nos cães, ocorrendo na maioria das vezes em cães de meia idade a idosos,
sendo rara em filhotes. Este trabalho relata o caso de diabetes mellitus
juvenil em cão que foi diagnosticado aos 4 meses de idade após
apresentar sintomas clínicos característicos da doença.

INTRODUÇÃO:
Diabetes mellitus (DM) é o conjunto de distúrbios metabólicos
caracterizados pela hiperglicemia persistente devido deficiência absoluta
ou relativa de insulina (Jouvion, 2006). Ocorre, na maioria das vezes em
cães de meia idade a idosos e cães de raças pequenas, mas todas as raças
podem ser afetadas (Feldman, 2004; Jouvion, 2006; Engelking, 2010). As
fêmeas intactas e castradas são afetadas duas a quatro vezes mais que os
machos (Feldman, 2004; Engelking, 2010).
A DM juvenil é raramente diagnosticada em cães e representa menos de
1% dos casos de diabetes mellitus canino. Além disso, entre os raros casos
de DM juvenil canino que têm sido investigados histologicamente, a
insulite , que é considerada a marca patológica da agressão autoimune de
159

células beta , não tem sido descrita (Jouvion, 2006). Em um estudo em


quatro cães com diabetes juvenil exames histopatológicos do pancreas
revelaram atrofia de células acinares e aplasia de células beta. A
deficiência de insulina e a privação nutricional causada pela DM podem
levar a uma alteração do eixo do hormônio do crescimento insuline like,
que também leva a uma diminuição da síntese de IGF-1, levando a um
retardo do crescimento nos cães com DM juvenil. A catarata é uma
complicação comum em cães adultos com DM, mas seu desenvolvimento
na DM juvenil canino tem sido raramente relatado (Kang, 2008)

MATERIAL E MÉTODOS:
Canino, fêmea, inteira, 4 meses, sem raça definida (SRD), com 500
gramas, foi atendido, em agosto de 2014, com histórico de poliúria,
polidpsia, polifagia e retardo do crescimento. A pressão arterial sistêmica
nesta consulta estava normal. Glicemia ambulatorial medida através de
glicosímetro estava 389ng/dL neste primeiro encontro. Suspeitou-se de
DM e exames laboratoriais e de imagem foram solicitados.

RESULTADOS:
Os exames laboratorias (tabela 1) revelaram linfopenia, eosinopenia,
hipertrigliceridemia, glicosúria e hiperglicemia persistente. Na
ultrassonografia abdominal não foram encontras alterações dignas de
nota. Testes endócrinos foram realizados e nenhuma doença hormonal foi
encontrada (Tabelas 2 e 3). Diante do diagnóstico de DM iniciou-se o
tratamento com insulina NPH (100UI/mL) na dose inicial de 0,5UI/cão/bid
juntamente com uma dieta apropriada para diabéticos. O
acompanhemento foi feito atraves de mensurações da glicemia através do
glicosímetro realizadas pela prorietária em domícilio e também através da
evolução clínica. A medida em que as curvas glicêmicas continuavam
demonstrando altos valores de glicemia juntamente com pouca melhora
clínica a dose da insulina foi aumentada gradativamente, até chegar na
dose total de 2UI/cão/bid, ocasião em o animal já pesava 1,200kg (figuras
1). Nesta ocasião (outubro de 2014) a cadela desenvolveu piometra e foi
submetida a uma ovariohisterectomia. Mesmo após a cirurgia citada não
havia melhora clínica do quadro de diabetes, optou-se então pela troca da
insulina NPH pela uma insulina de uso veterinário de ação intermediária
(40UI/mL) na dose de 2UI/cão/bid, só então a cadela apresentou melhora
clínica significativa e curva glicêmica satisfatória com valores de glicemia
variando entre 100 e 200ng/dL.
160

O teste de estimulação pelo ACTH foi negativo para


hiperadrenocorticismo. Método: Radioimunoensaio.
O TBDD foi negativo para hiperadrenocorticismo. Método:
Radioimunoensaio.

DISCUSSÃO:
Relatamos o caso de Diabetes mellitus juvenil em um cão, fêmea, SRD, de
pequeno porte, inteira no momento do diagnóstico, 4 meses de idade.
Esses dados estão de acordo com o assinalamento descrito por Feldman
(2004), Jouvion (2006) e Engelking (2010). O cão deste relato apresentava
retardo do crescimento, citado como sinal clínico comum na DM juvenil
pelo autor Kang (2008). Segundo o mesmo autor (2008) a catarata é uma
complicação rara em cães com DM juvenil e este cão não apresentou
catarata até o presente momento.

CONCLUSÃO:
A diabetes mellitus juvenil relatada neste caso mostrou que não havia
distúrbio hormonal como doença de base, além disso, o proprietário não
concordou com exame histopatológico e imunohistoquímico do pâncreas
para a investigação de sua etiologia.

REFERÊNCIAS:
FELDMAN, E.C; NELSON, R.W. Canine Hyperadrenocorticism (Cushing’s
syndrome). In: FELDMAN, E.C; NELSON, R.W. Canine and feline
endocrinology and reproduction. 3 ed., St. Louis: Elsevier, 2004, p.252-
357.
JOUVION, G. et al. Lymphocytic Insulitis in a Juvenile Dog with Diabetes
Mellitus. Endocrine Pathology, vol. 17, no. 3, 283–290, Fall 2006.
KANG, J.H, et al. Juvenile Diabetes Mellitus Accompanied by Exocrine
Pancreatic Insufficiency in a Dog. College of Veterinary Medicine,
Chungbuk National University, Cheongju, Chungbuk 361–763, Republic of
Korea, 2008.

53. DIOCTOFIMOSE EXTRA-RENAL EM CÃES – Relato de Caso


GLAUCIA MARTINS ARNÁ1, ANA LÚCIA LINS DE VASCONCELLOS², DOUGLAS
LUÍS VIEIRA1, LUCIANA LAITANO DIAS DE CASTRO1, MARCELO BELTRÃO
MOLENTO1
1 Universidade Federal do Paraná, Laboratório de Doenças Parasitárias.
2 Médica Veterinária Autônoma
161

RESUMO:
O Dioctophyma renale é o maior nematoide conhecido podendo medir até
100 cm. Este parasita causa severa doença renal em cães, além de ser
agente de uma importante zoonose devido à gravidade do seu quadro
clínico. No presente estudo foi relatada a localização não renal desse
parasito causando a enfermidade denominada dioctofimose extra-renal. O
exemplar foi encontrado em tecido subcutâneo na região inguinal de um
cão atendido na cidade de Iguape localizada no litoral sul do estado de São
Paulo.

INTRODUÇÃO:
O D. renale é o maior nematoide conhecido, podendo medir até 100 cm
de comprimento e 1 cm de diâmetro, da ordem Enoplida, família
Dioctophymatidae (Merch & Tracy, 2001). A parasitose é encontrada
principalmente em animais que se alimentam de carne de peixe cru,
devido ao ciclo desse parasito possuir peixes e anfíbios como hospedeiros
intermediários. Normalmente o diagnóstico de dioctofimose é acidental,
achado durante necropsia, procedimento cirúrgico ou exame
ultrassonográfico (Monteiro, 2010).

DESCRIÇÃO DO CASO:
Uma cadela, SRD com 1 ano e 6 meses de idade, pesando 4 kg foi atendida
em uma clínica veterinária particular no município de Iguape, São Paulo. O
animal apresentava nódulo na região inguinal medindo 8,0 x 6,0 cm. Foi
realizada a incisão cirúrgica do nódulo e observada à presença de um
parasito nematódeo em tecido subcutâneo. O nematódeo foi enviado ao
Laboratório de Doenças Parasitárias para identificação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O parasito foi identificado como pertencente da espécie Dioctophyma
renale (Figura 1) por apresentar características morfológicas condizentes
com a espécie como cor vermelha, diâmetro de 1 cm e comprimento de
67 cm, apresentava ovos bioperculados de casca grossa e vulva próxima a
extremidade anterior do corpo (Monteiro, 2010). Diversos estudos já
relataram a infecção extra-renal de D. renale, como Sousa et al. (2011)
que relataram a presença do parasito em glândula mamária. Lemos et al.
(2010) observaram infecção por este parasito em pulmão, fígado e
cavidade abdominal. Diferindo do presente trabalho que identificou D.
renale localizado na região inguinal direita.
162

CONCLUSÃO:
A identificação deste parasito possui elevada importância epidemiológica
devido a sua característica zoonótica, além de causar um quadro grave
tanto em humanos como nos cães, seu hospedeiro definitivo. O relato da
ocorrência deste nematódeo possibilitou identificar a presença do
parasito em local ectópico. Medidas como não fornecer peixe cru e evitar
o contato com sapos e rãs são formas adequadas de prevenir essa doença.

REFERÊNCIAS:
LEMOS, L.S.; SANTOS, A.S.O.; RODRIGUES; A.B.F. Extra-Renal Lesion
Caused by Dioctophyma renale Eggs in an Erratic Cycle in a Dog.
Interntional Journal Morphology, v.28 , n.4 , p. 1031-1034, 2010.
MERCH, L.D.; TRACY, S.T. Prevalence of gigant kidney worm (Dioctophyma
renale) in wild Mink (Mustela vison) in Minnesota. American Midland
Naturalist, v.145, n.1, p.206-209, 2001.
MONTEIRO, S.G. Ordem Enoplida, In: MONTEIRO, S.G. Parasitologia na
Medicina Veterinária. 1.ed. São Paulo: Roca, 2010, Cap.22, p.223-228.
SOUSA, A.A.R.; SOUSA, A.A.S.; COELHO, M.C.O.C. et al. Dioctofimose em
cães. Acta Scientiae Veterinariae, v.39 , n.3 , p. 1-4, 2011.

54.DISFUNÇÃO CARDÍACA SECUNDÁRIA A SEPSE: ECOCARDIOGRAFIA


CONVENCIONAL versus FEATURE TRACKING IMAGING BIDIMENSIONAL

VÂNIA CHAVES DE FIGUEIREDO1, RUTHNÉA APARECIDA LÁZARO MUZZI1,


CAMILA SANTOS PEREIRA1, LEONARDO AUGUSTO LOPES MUZZI1, PAULA
DE MELO ARRUDA1, GABRIELA PIMENTA DE ARAÚJO MOTTA1
1
Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Minas Gerais, Brasil

RESUMO:

O objetivo deste estudo foi avaliar a função do ventrículo esquerdo (VE)


em cadelas com sepse por meio do exame ecocardiográfico convencional
e feature tracking imaging bidimensional (FTI-2D). Dois grupos foram
avaliados, sendo o grupo I (controle) composto por 10 animais saudáveis e
o grupo II composto por 12 animais com sepse. Em relação aos
parâmetros convencionais do exame ecocardiográfico, não houve
diferença estatística entre os grupos. Quanto ao Strain longitudinal,
observou-se função ventricular mais baixa no grupo II em relação ao grupo
I (11,04 ± 3,38 grupo I; 8,59 ± 3,97 grupo II). Em conclusão, o FTI-2D foi
163

capaz de detectar alterações da função do VE que não foram observadas


no exame ecocardiográfico convencional.

INTRODUÇÃO:

Os parâmetros ecocardiográficos convencionais relacionados à função


sistólica apresentam baixa sensibilidade para a avaliação da contratilidade
miocárdica (CASTILLO et al., 2010). O feature tracking imaging
bidimensional (FTI-2D) e o speckle tracking imaging bidimensional (STI-2D)
têm possibilitado a obtenção de novos parâmetros para determinar o
desempenho miocárdico (CHETBOUL, 2010). Desta forma, o objetivo deste
estudo foi avaliar a função do ventrículo esquerdo (VE) em cadelas com
sepse por meio do exame ecocardiográfico convencional e FTI-2D.

MATERIAIS E MÉTODOS:
Para a determinação da presença de sepse nas pacientes, empregaram-se
os critérios de acordo com RABELO, 2012. Dois grupos foram formados,
sendo um grupo controle (grupo I – 10 animais saudáveis) e um grupo
sepse (grupo II – 12 animais com sepse). Foi utilizado um aparelho de
ecoDopplercardiografia (MyLab 40, Esaote®) com transdutores de
varredura setorial eletrônica multifrequencial de 4-10 MHz para obtenção
das imagens ecocardiográficas. Para obtenção do parâmetro Strain (St)
longitudinal do ventrículo esquerdo (VE) foi utilizado o método FTI-2D. Em
relação a análise estatística, após o teste de normalidade dos resíduos
(Kolmogorov-Smirnov) e homocedasticidade das variâncias (Levene), a
análise de variância (ANAVA) dos dados de avaliação cardíaca foi realizada.
Quando significativos a ANAVA, os dados foram submetidos ao teste
Tukey ou teste F. Diferenças foram consideradas estatisticamente
significativas quando P < 0,05.

RESULTADOS:

No exame ecocardiográfico convencional, os parâmetros não foram


diferentes estatisticamente entre os grupos. Quanto a avaliação pelo FTI-
2D, considerando o St longitudinal, foi observada função ventricular
prejudicada de forma significativa no grupo II (-11,04 ± 3,38 grupo I; -8,59
± 3,97 grupo II).
164

DISCUSSÃO:

Utilizando o FTI-2D foi possível detectar alterações na função do VE que


não foram acusadas nas medidas da ecocardiografia convencional. Um
estudo feito com crianças em choque séptico obteve resultados
semelhantes (BASU et al., 2012). Esses autores relataram ausência de
alterações significativas entre o grupo controle e grupo doente quanto ao
exame ecocardiográfico convencional, mas relataram diferenças
detectadas pelo parâmetro St longitudinal com a técnica STI-2D. Orde et
al. (2014) também demonstraram que o STI-2D pode indicar alterações na
função sistólica em pacientes com sepse que a ecocardiografia
convencional mascara.

CONCLUSÃO:

O FTI-2D foi capaz de detectar alterações da função ventricular esquerda


compatíveis com o quadro de depressão miocárdica que não foram
observadas no exame ecocardiográfico convencional. Assim, essa
modalidade pode ser uma ferramenta útil no diagnóstico, uma vez que
pode detectar alterações cardíacas precoces, o que possibilita uma
intervenção terapêutica rápida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Basu S, Frank LH, Fenton KE, et al. Two-dimensional speckle tracking


imaging detects impaired myocardial performance in children with septic
shock, not recognized by echocardiography. Pediatric Critical Care
Medicine 2012, 13(3):259-264.

Castillo JMD, Herszkowicz N, Ferreira C. Speckle tracking. A contratilidade


miocárdica em sintonia fina. Revista Brasileira de Ecocardiografia e
Imagem Cardiovascular 2010, 23:46-54.

Chetboul, V. Advanced techniques in echocardiography in small animals.


Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice 2010,
40(4):529-543.
165

Orde SR, Pulido JN, Masaki M, Gilespie S, Spoon JN, Kane GC, Oh JK.
Outcome prediction in sepsis: speckle tracking echocardiography based
assessment of myocardial function. Critical Care 2014, 18(4):R149.

Rabelo, RC. Sepse, sepse grave e choque séptico. In: RABELO, R.


Emergências de Pequenos Animais: Condutas Clínicas e Cirúrgicas no
paciente Grave. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p.322-340.

55.DISTRIBUIÇÃO DE MEGNINIA GINGLYMURA NO CORPO DE GALINHAS


POEDEIRAS, VALE DO TAQUARI, RIO GRANDE DO SUL

TAMARA BIANCA HORN, JULIANA GRANICH, JÚLIA HORN KÖRBES,


MALENA SENTER e NOELI JUAREZ FERLA1
1
Laboratório de Acarologia, UNIVATES, Lajeado/ RS.

INTRODUÇÃO:
Objetivo de conhecer a distribuição de Megninia ginglymura (Mégnin)
(Analgidae) no corpo de galinhas poedeiras comerciais (Gallus gallus
domesticus L.). Três sistemas avaliados: automatizado (A1,2,3);
semiautomatizado (S1,2); caipira (C). Dez aves/galinheiro foram avaliadas
retirando uma pena de cada região: asa, cloaca, dorso, pescoço e ventre.
Coletados 28.404 espécimes de M. ginglymura, sendo S1 (32,6%), S2
(32,2%) e C (20,7%) mais infestados. Menores populações em A2 (7,8%), A3
(5,8%) e A1 (0,9%). As médias de ácaros/pena no automatizado foram
semelhantes (A1: 0,24; A2: 1,9 e A3: 1,8). Em S1, S2 e C houve diferença
significativa. Em S1 e S2 maiores infestações no dorso (S1: 14,4 e S2 12,5
ácaros/pena), cloaca (S1: 11,1 e S2: 9,3), pescoço (S1: 10,3 e S2: 7,7) e
ventre (S1: 10,1 e S2: 8,1) e menores na asa (S1: 5,1 e S2 : 3,8). Em C,
maiores concentrações no dorso (9,5 ácaros/pena), ventre (7,5) e pescoço
(6,2). Cloaca (5,4 ácaros/pena) e asa (2,09) apresentaram menores
infestações.
Devido à crescente demanda por produtos avícolas, as aves de postura
são criadas em regime intensivo que além de prejudicar o bem-estar das
aves, aumenta o risco de epidemias. Dentre elas, as ectoparasitoses
podem levar a baixa produtividade e diminuição da qualidade do produto.
166

Ácaros associados às penas ocasionam reação alérgica com prurido (TUCCI


et al., 2005) propiciando contaminações bacterianas secundárias sendo
Megninia ginglymura (Mégnin, 1877) o principal ácaros-das-penas.

MATERIAL E MÉTODOS:

Três sistemas de produção foram avaliados quinzenalmente (Agosto/13 a


Agosto/14): automatizado (A1,2,3); semiautomatizado (S1,2); caipira (C).
Cinco penas foram retiradas da asa, cloaca, dorso, pescoço e ventre (dez
aves/galinheiro). Estatística realizada por ANOVA e Teste Tukey no
software Bioestat 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Foram observados 28.404 espécimes de M. ginglymura, sendo mais


infestados S1 (9.256 - 32,6%) e S2 (9.146 - 32,2%) e C (5.879 – 20,7%) e
menos nos automatizados (A2 - 2.225 (7,8%); A3 -1.650 (5,8%) e A1 – 248
(0,9%)). Em S1 (F:16,36; p<0,0001) e S2 (F:14,85; p<0,0001) maiores
infestações foram observadas no dorso (S1: 14,4 e S2 12,5 ácaros/pena),
cloaca (S1: 11,1 e S2: 9,3 ácaros/pena), pescoço (S1: 10,3 e S2: 7,7
ácaros/pena) e ventre (S1: 10,1 e S2: 8,1 ácaros/pena). Infestações
menores na asa (S1: 5,1 e S2: 3,8 ácaros/pena). Em C, maiores
concentrações no dorso (9,5 ácaros/pena), ventre (7,5 ácaros/pena) e
pescoço (6,2 ácaros/pena), sendo semelhantes. A cloaca (5,4 ácaros/pena)
e asa (2,09 ácaros/pena) apresentaram menores infestações (F:8,95;
p<0,0001).

CONCLUSÃO:

Infestações de M. ginglymura são semelhantes nos sistemas


semiautomatizado e caipira, sendo que nestes locais maiores infestações
são observadas no dorso das aves e menores nas asas. O sistema
automatizado apresenta baixas populações deste ectoparasita e sua
distribuição é uniforme nas regiões das aves.

REFERÊNCIAS:
167

TUCCI, E. C.; GUASTALI, E. A. L.; REBOUÇAS, M. M.; MENDES, M. C.; GAMA,


N. M. S. Q. Infestação por Megninia spp. em criação industrial de aves
produtoras de ovos para consumo. Arq. Inst. Biológico, v. 72, n. 1, p.121-
124, 2005.

56. DODECILSULFATO DE SÓDIO NA CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN


CANINO

EDENARA A DA SILVA1; FRANCISCO A. A. CAMELO Jr1; STELA


M.M.GHELLER1; RAFAEL G. MONDADORI1; CARINE D. CORCINI1; THOMAZ
LUCIA Jr1.
1
ReproPEL, Faculdade de Veterinária – Universidade Federal de Pelotas

RESUMO:

O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da adição de 0,125%


dodecilsulfato de sódio (SDS) a diluentes para congelamento de sêmen
canino contendo glicerol e metil-formamida (MF) como crioprotetores,
sobre a motilidade espermática total (MT) e progressiva (MP) após o
descongelamento. As avaliações seminais foram realizadas por meio de
análise computadorizada (CASA). A MF não foi capaz de manter a MT e a
MP em níveis semelhantes ao glicerol. A adição de 0,125% de SDS
melhorou a MT e MP pós-descongelamento do sêmen canino
criopreservado em diluente contendo glicerol.

INTRODUÇÃO:

A grande variabilidade na qualidade e as baixas taxas de concepção na


inseminação artificial indicam que os métodos de criopreservação
atualmente utilizados para a espécie canina não são os ideais (Chirinea et
al., 2013).
O glicerol é um dos crioprotetores mais utilizados em diluentes para
criopreservação de sêmen em várias espécies. Porém, crioprotetores
alternativos, como as amidas, vem apresentando resultados promissores
(Bianchi et al, 2008). Entre as amidas, a metil-formamida (MF) é uma das
mais utilizadas (Bianchi et al, 2008). O dodecilsulfato de sódio (SDS) é um
168

detergente, que quando adicionado ao glicerol, pode contribuir para


preservar a qualidade seminal após o descongelamento (Peña et al.,
1998). No entanto, não há relatos na literatura da utilização da MF como
crioprotetor na espécie canina associado com o SDS. O objetivo deste
estudo foi avaliar os efeitos da adição de 0,125% SDS a diluentes para
congelamento de sêmen canino.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram realizadas cinco coletas de sêmen, de três cães machos adultos (2


Labrador Retriever e 1 SRD), através do método de manipulação digital,
utilizando-se apenas a fração espermática rica dos ejaculados. No
momento da coleta, as amostras com motilidade espermática igual ou
superior à 80% foram diluídas em diluente base, Tris-gema (2,4g TRIS; 1,4g
ácido cítrico, 0,8g glicose, q.s.p 100mL de água de injeção, 20% de gema
de ovo, pH 6,86) para manutenção das células espermáticas e obtenção de
uma concentração de 200x106 espermatozoides/mL.

O sêmen diluído foi refrigerado à 4°C por 1h. Após, as amostras foram
rediluídas(1:1) com meio de congelamento estabilizado à 4°C, contendo
no grupo controle (T1) 10% de GL; (T2) 10% de GL e 0,25% de SDS; (T3) 6%
de MF; e (T4) 6% de MF e 0,25% de SDS. Após estabilização por 15 min à
4°C, o sêmen foi envasado em palhetas de 0,25 mL, que foram mantidas à
6 cm do vapor de nitrogênio por 10 min Em seguida, as amostras foram
submersas em nitrogênio líquido (Futino et al., 2010). O descongelamento
foi realizado em banho maria à 37°C por 30 s.

As avaliações de motilidade espermática foram realizadas no sistema


automatizado computer assisted sperm analysis (CASA) Sperm Vision® 3.5
(Minitub, Tiefenbach, Germany), após 10 minutos de incubação à 37°C. A
MT e a MP foram comparadas entre os tratamentos por análise de
variância com comparação de médias pelo teste LSD.

DISCUSSÃO:
169

Os resultados encontrados para MT e MP corroboram com estudos de


Peña et al. (1998). O incremento na qualidade espermática com a adição
do SDS ao glicerol é relacionado ao poder do detergente de solubilizar
substâncias protetoras da gema presentes no diluente de congelamento,
principalmente a lipoproteína de baixa densidade (LDL), aumentando
assim o contato destas com as membranas espermáticas (Tsutsui et al.,
2000). Acredita-se a LDL se adere às membranas durante o processo de
congelamento e descongelamento, protegendo as células contra o choque
térmico (Moussa et al, 2002). Além disso, o SDS aumenta a
permeabilidade da membrana, podendo reduzir o choque osmótico
causado pelos crioprotetores penetrantes, como o glicerol e a MF, onde os
meios de congelamento são hiperosmóticos (Ariolla e Foot, 1987).

As amidas possuem três pontes de ligação ao hidrogênio a menos que o


glicerol, sendo, portanto, menos solúveis em água e permeáveis na
membrana. Acredita-se que isto diminua os danos celulares por estresse
osmótico causado por outros crioprotetores (Ball e Vo, 2001). Em estudo
realizado por Futino et al. (2010), a utilização de uma amida
(dimetilformamida) na concentração final de 3% foi um crioprotetor
eficiente para sêmen de cães quando comparada com o glicerol. Porém,
para sêmen suíno e equino, amidas são eficientes quando incluídas em
concentrações mais altas (5%) (Bianchi et al, 2008; Gomes et al., 2005). No
presente trabalho, a qualidade seminal foi inferior com a utilização da MF,
tanto isoladamente, como quando associada a SDS, demonstrando que
nesta espécie as concentrações utilizadas do crioprotetor não são
adequadas.

CONCLUSÃO:

A utilização de diluente contendo 5% glicerol acrescido de 0,125% de SDS


apresentou capacidade crioprotetora mais eficiente para o sêmen de cães.

REFERÊNCIAS:

ARRIOLA J.; FOOTE R.H. Glycerol ation and thawing effects on bull
spermatozoa frozen in detergent-treated egg yolk and whole egg
extenders. Journal of Dairy Science, v.70, p.1664-1670, 1987.
170

BALL, B.A.; VO, A. Osmotic tolerance of equine spermatozoa and the


effects of soluble cryoprotectants on equine sperm motility, viability and
membrane potential. Journal of Andrology, v.22, p. 1061-1069, 2001.

BIANCHI, I.; CALDERAM, K.; MASCHIO È.F. et al. Evaluation of amides and
centrifugation temperature in boar semen cryopreservation.
Theriogenology, v.69, p.632-638, 2008.

CHIRINEA, H.V.; SICHERLE, C.C.; LOPES, M.D. Congelamento de sêmen e


sua eficiência na inseminação artificial de cães. Revista Brasileira de
Reprodução Animal,v.37, p.164-168, 2013.

FUTINO, D.O.; MENDES M.C.B.; MATOS, W.N.L. et al. Glycerol, Methyl-


formamide and Dimethyl-Formide in canine semen cryopreservation.
Reproduction in Domestic Animals, v.45, p.214-220, 2010.

GOMES, G.M., JACOB, J.C.F.; MEDEIROS, A.S.L. et al. Improvement of


stallion spermatozoa preservation with alternative cryoprotectants for the
Mangalarga Marchador breed. Theriogenology. v.58. p.277-279, 2002.

MOUSSA, M.; MARTINET, V.; TRIMÈCHE, A., et al. Low density lipoproteins
extracted from hen egg yolk by an easy method: cryoprotective effect on
frozen–thawed bull semen. Theriogenology, v.57, p.1695–1706, 2002.

PEÑA, A.I.; BARRIO, F.; QUINTELA L.A. et al. Effects of Sodium Dodecyl
Sulphate on post-taw dog semen quality during in vitro Incubation at 39°C
and 22°C. Reproduction in Domestic Animals, v.33, p.393-398, 1998.

TSUTSUI, T., HASE, M., HORI, T. et al. Effects of Orvus ES Paste on canine
spermatozoal longevity after freezing and thawing. Theriogenology, v.62,
p.533-535, 2000.

57. DOENÇA ONCOLÓGICA E ENDOCRINOPATIA SIMULTANEAMENTE EM


CANINO GERIÁTRICO: UM DESAFIO NA CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS
ANIMAIS

KILDER DANTAS FILGUEIRA1, JOSÉ ARTUR BRILHANTE BEZERRA1


1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Mossoró-RN)

RESUMO:
171

O canino geriátrico geralmente tem combinação de múltiplas


enfermidades. Relatou-se endocrinopatia e oncopatia em um cão senil.
Um canino, macho, dez anos, possuía massa inguinal, poliúria, polidipsia e
polifagia. Realizou-se ultrassom abdominal, teste de supressão com
dexametasona e citologia inguinal. Na imaginologia havia acréscimo das
adrenais e fígado. A análise hormonal indicou hiperadrenocorticismo. A
citologia revelou seminoma. Em cães senis, deve-se atentar para afecções
simultâneas, em distintos órgãos.

INTRODUÇÃO:

O canino geriátrico geralmente tem combinação de múltiplas


enfermidades progressivas e contínuas (Hoskins, 2008), destacando-se
aquelas relacionadas ao sistema endócrino e genital, como o
hiperadrenocorticismo (HAC) e as neoplasias testiculares (Figueiredo,
2005). O cão senil possui vulnerabilidade aumentada quando existem
distúrbios concomitantes, que comprometem o bem estar e expectativa
de vida (Hoskins, 2008). Objetivou-se relatar a ocorrência sincrônica de
endocrinopatia e oncopatia em canídeo na fase de senectude.

DESCRIÇÃO DO RELATO:

Um canino, macho, dez anos, poodle, possuía massa inguinal, poliúria,


polidipsia, polifagia e sobrepeso. Examinou-se o cão e foi realizada
ultrassonografia abdominal, teste de supressão com dexametasona e
citologia da lesão. Havia testículos ectópicos (inguinais), aumentados de
volume e firmes, distensão do abdômen, rarefação pilosa dorso-lombar e
atrofia cutânea. Na imaginologia ocorria acréscimo das glândulas adrenais
e fígado. A avaliação hormonal indicou HAC endógeno. A citologia
testicular revelou padrão de seminoma. Após os resultados, não se
retornou com o animal, impossibilitando o tratamento.

DISCUSSÃO:
172

O HAC canino é caracterizado por concentração elevada e persistente de


cortisol sérico. Quando de origem endógena, 85% dos casos é hipófise-
dependente (por tumor pituitário), causando hiperplasia adrenocortical
bilateral. Acomete principalmente animais com média de 11 anos e da
raça poodle. Os sinais clínicos são clássicos, como poliúria, polidpsia,
polifagia, distensão abdominal por obesidade visceral, hepatomegalia,
além de alterações cutâneas (Jericó et al., 2015). Os dados
epidemiológicos e clínicos do canídeo descrito foram similares com a
literatura. A incidência de neoplasias em cães aumenta ao decorrer da
idade (Figueiredo, 2005). Os tumores testiculares têm 14 vezes mais
chance de desenvolvimento em animais criptorquidas, e o seminoma é um
tipo comum, com frequência de 40%. Deriva das células espermatogênicas
dos túbulos seminíferos, onde sensibilidade térmica celular à ectopia
gonadal ou um testículo disgenético explica o princípio da neoplasia.
Ocorre em geral aos dez anos e há predisposição para a raça Poodle
(Apparício e Vicente, 2015). Esses achados apresentaram-se condizentes
com o relato em questão. O conhecimento das alterações patológicas
comuns à idade avançada permite que o profissional planeje programas
de saúde para os animais de estimação idosos, baseado em prevenção e
diagnóstico precoce (Hoskins, 2008). Infelizmente essa atitude não é
rotineira, onde a sua execução resultaria em maior longevidade e
qualidade de vida dos pacientes.

CONCLUSÃO:

Em cães senis, deve-se atentar para afecções simultâneas, de distintos


sistemas e etiologias variadas, as quais podem refletir no prognóstico.

REFERÊNCIAS:

APPARÍCIO, M.; VICENTE, W.R.R. Reprodução e obstetrícia em cães e


gatos. São Paulo: Medvet, 2015. 458 p.

FIGUEIREDO, C. Geriatria clínica dos caninos e felinos. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2005. 96 p.

HOSKINS, J.D. Geriatria e gerontologia do cão e do gato. 2.ed. São Paulo:


Roca, 2008. 448 p.
173

JERICÓ, M.M.; KOGIKA, M.M.; ANDRADE NETO, J.P. Tratado de medicina


interna de cães e gatos. Rio de Janeiro: Roca, 2015. 2394 p.

58. ECTOPARASITAS DE CÃES DE ÁREA URBANA NO MUNICÍPIO DE RIO


BRANCO, ACRE

MAYARA MARQUES PEREIRA FERNANDES1, SORAIA FIGUEIREDO DE


SOUZA2, FRANCISCA EDNA RODRIGUES MEDEIROS1, JOELMA DE FARIA
SANTOS1, ANDRESSA DE CASTRO SOUZA1, LUÍS EDUARDO MAGGI2
1
Discentes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do
Acre; 2Docentes do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da
Universidade Federal do Acre

RESUMO:

Com o objetivo de estudar a frequência das ectoparasitoses em cães


domiciliados da área urbana do município de Rio Branco, Acre, foram
coletadas e identificadas amostras de ácaros, piolhos, carrapatos e pulgas
de cães. Observou-se o predomínio de carrapatos Rhipicephalus
sanguineus, 59/81 (72,84%), e pulgas Ctenocephalides felis felis, 13/81
(16,05%) sobre as demais espécies de ectoparasitas amostradas.

INTRODUÇÃO:

As ectoparasitoses em cães podem trazer danos tanto à vida dos cães,


como dos humanos. Os carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus
são os que mais acometem os cães e os mais difundidos mundialmente
(Dantas-Torres et al., 2006; Taylor et al., 2010), assim como as pulgas da
espécie Ctenocephalides felis felis (Cañón-Franco & Pérez-Bedoya, 2010).

Entre os ácaros que mais acometem os cães, estão o Sarcoptes scabiei var
canis, Otodectes cynotis e Demodex canis (Rocha et al., 2008). Já a
pediculose pode ser causada por piolhos mastigadores, como o
Trichodectes canis e o Heterodoxus spiniger, ou sugadores, como o
Linognathus setosus, por exemplo. Em geral, os animais mais acometidos
por piolhos são os mais jovens e senis (Taylor et al., 2010).
174

A realização de um estudo epidemiológico acerca da frequência de


ectoparasitas de cães domiciliados em Rio Branco, AC, visa a elaboração e
adoção de medidas adequadas de controle que beneficiem a saúde animal
e a saúde pública.

MATERIAL E MÉTODOS:

Os espécimes coletados de pulgas, piolhos e carrapatos, no período entre


agosto de 2014 e abril de 2015, foram acondicionados em frascos com
álcool a 96°GL e identificados, sob microscopia óptica, de acordo com
Foreyt (2005) e Taylor et al. (2010). Para pesquisa de otite parasitária,
foram confeccionados swabs otológicos de acordo com Figueiredo et al.
(2010), e em casos suspeitos de sarna, foi realizado raspado cutâneo, com
posterior análise microscópica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

De 81 cães domiciliados parasitados, havia 38 (46,91%) machos e 43


(53,09%) fêmeas, 51 (62,96%) cães com raça definida e 30 (37,04%) sem
raça definida. Os animais tinham idades entre 40 dias e 12 anos, sendo 14
(17,28%) filhotes (≤ 1 ano), 51 (62,96%) adultos (1 a 7 anos) e 16 (19,76%)
idosos (≥ 7 anos). Além disso, 48 (59,26%) cães já haviam sido submetidos
a algum tratamento com parasiticidas, ao contrário de 33 (40,74%) cães,
sem tratamento prévio, o que sugere resistência de ectoparasitas a
princípios ativos mais frequentemente utilizados, mostrando a
necessidade de realização de estudos voltados à resistência a
antiparasitários em Rio Branco, Acre.
Foram identificadas 59 (72,84%) amostras de carrapatos Rhipicephalus
sanguineus, 13 (16,05%) de pulgas Ctenocephalides felis felis e seis
(7,40%) animais apresentaram infestação mista por R. sanguineus e C. felis
felis. Apenas um (1,23%) animal apresentou infestação por piolhos
Heterodoxus spiniger, e este mesmo índice também representa os animais
diagnosticados com demodicose (Demodex canis) e com D. canis
associada a R. sanguineus uente e úmido da região em estudo, condições
de ideais para estes parasitos (Gonzáles et al., 2004). A baixa frequência
de H. spiniger pode estar relacionada a um maior nível de cuidado com os
animais urbanos domiciliados, já que a presença deste tipo de
ectoparasita pode ser associada a certo grau de descuido com os animais
(Guimarães et al., 2011).
175

Resultados semelhantes foram constatados por Torres et al. (2004) em


Recife, PE, com 107/145 (73,79%) cães domiciliados parasitados por R.
sanguineus, seguido de 11/145 (7,58%) infestados por C. felis felis, e
baixos índices de infestação por H. spiniger, 4/145 (2,76%), e por D. canis,
em 2 (1,38%) animais. Em Lavras, MG, de 540 ectoparasitos, carrapatos
(60%) e pulgas (36%) também foram mais frequentes. Além disso, animais
com raça definida, 49/67 (73%), foram mais parasitados que os mestiços,
18 (27%), assim como no presente estudo (Guimarães et al., 2011).

Embora o índice de um animal (1,23%) tenha representado a frequência


de infestação única por sarna D. canis ou D. canis associada a carrapatose,
observa-se que esses animais eram do sexo feminino e filhotes,
concordando com Guimarães et al. (2011), que constataram que os
animais jovens (≤1 ano) são nove vezes mais predispostos a demodicose
que os animais adultos (>1 ano).

CONCLUSÕES:

Carrapatos R. sanguineus e pulgas C. felis felis foram as espécies de


ectoparasitos identificadas com maior frequência no presente estudo, de
forma isolada ou associada (infecção mista), havendo baixa frequência de
demodicose e infestação por piolhos.

REFERÊNCIAS:

CAÑÓN-FRANCO, W. A.; PÉREZ-BEDOYA, J. L. Siphonaptera (Pulicidae) in


dogs and cats of Colombia: Clinical and epidemiological aspects.
Veterinary Parasitology, v.173, n.3-4, p.353–357, 2010.

DANTAS-TORRES, F.; FIGUEREDO, L. A.; BRANDÃO-FILHO, S. P.


Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae), the brown dog tick,
parasitizing humans in Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical, São Paulo, v.39, n.1, p.64-67, 2006.

FIGUEIREDO, M. A. P.; SANTOS, A. C. G.; GUERRA, R. M. S. N. C.


Ectoparasitos de animais silvestres no Maranhão. Pesquisa Veterinária
Brasileira, v.30, n.11, p.988-990, 2010.
176

FOREYT, W. J. Parasitologia Veterinária: Manual de Referência. 5 ed. São


Paulo: Roca, 2005. 240p.

GONZÁLES, A.; CASTRO, D. C.; GONZÁLEZ, S. Ectoparasitic speciesfrom


Canis familiaris (Linné) in Buenos Aires province, Argentina. Veterinary
Parasitology, v.10, n.1-2, p. 123-129, 2004.

GUIMARÃES, A. M.; LIMA, B. S.; ROCHA, C. M. B. M. Ectofauna parasitária


de cães urbanos domiciliados atendidos em clínicas veterinárias
particulares na cidade de Lavras, MG. Ciência animal brasileira, v.12, n.1,
p.172-177, 2011.

ROCHA, G. S.; AHID, S. M. M.; BEZERRA, A. C. D. S. et al. Freqüência de


ácaros em cães e gatos no município de Mossoró, Rio Grande do Norte.
Acta Scientiae Veterinariae, v.36, n.3, p.263-266, 2008.

TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Parasitologia Veterinária. 3 ed. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 742p.

TORRES, F. D.; FIGUEIREDO, L. A.; FAUSTINO, M. A. G. Ectoparasitas de


cães provenientes de alguns municípios da região metropolitana do
Recife, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira Parasitologia Veterinária,
v.13, n.4, p.151-154, 2004.

59. EFEITO DA ADIÇÃO DE COLESTEROL AO MEIO DILUIDOR SOBRE A


VIABILIDADE DO SÊMEN CANINO REFRIGERADO

FLAVIANE CRISTINE LANDÕES DE SOUZA1, DANIELE CAMPOS DO


NASCIMENTO1, NICOLE FLÁVIO1, KLEBER CUNHA PEIXOTO JUNIOR1, ANDRÉ
CRESPILHO1,2,3*,
1
Universidade de Santo Amaro, UNISA, São Paulo, SP; Universidade
Severino Sombra, USS, Vassouras, RJ; 3Vetsemen®, Análise de Sêmen para
Inseminação Artificial, Barueri, SP.
*
Email: contato@vetsemen.com.br
177

A incorporação de colesterol ligado a ciclodextrina (CLC) tem se mostrado


uma estratégia eficiente para aumentar a resistência dos espermatozoides
de diferentes espécies às baixas temperaturas, viabilizando os programas
de reprodução animal. Embora diversos trabalhos recentes tenham
comprovado a aplicabilidade da incorporação de CLC para a refrigeração
espermática, até o momento existem poucos relatos do uso dessa
substância para a manutenção de espermatozoides caninos sob
refrigeração. Este trabalho tem por objetivo avaliar o efeito de diferentes
concentrações de CLC sobre a motilidade e viabilidade do sêmen canino
refrigerado por 48 horas, testando-se a hipótese de que o colesterol pode
melhorar a preservação do sêmen de cães estocado à 5ºC. Para o estudo
foram colhidos ejaculados de cinco cães da raça Cocker Spaniel Inglês (n=3
ejaculados por cão). As amostras foram avaliadas subjetivamente quanto
à motilidade total no ato da colheita e foram diluídas em água destilada
(1:20) para avaliação da concentração espermática em câmara de
Neubauer. Após a triagem inicial de qualidade, cada amostra foi dividida
em três alíquotas iguais. A primeira alíquota foi diluída em meio Tris-gema
de ovo (20%) glicose, ajustando-se a concentração para 50x106 de
espermatozoides por mililitro de meio (Controle, GC). A segunda e terceira
alíquota foram diluídas no mesmo diluidor contendo, respectivamente,
1,5 mg (GRUPO 1, G1) e 3,0 mg (GRUPO 2, G2) de CLC ajustados para cada
120 milhões de espermatozoides, de acordo com Hartwig et al., (2014). As
amostras dos 3 grupos foram analisadas nos momentos 0 horas (após 3,5
hrs de estabilização à 5°C), 24 e 48 horas de refrigeração em sistema
Botutainer® (Botupharma, Botucatu, Brasil) através da análise
computadorizada do movimento espermático (CASA; ISAS®, Valência,
Espanha) e integridade de membrana plasmática em microscopia de
fluorescência, através da combinação de sondas Diacetato de
Carboxifluoresceína e Iodeto de Propídeo. Os dados gerados foram
avaliados através de modelo linear geral (GLIMMIX®, SAS Institute Inc,
Cary, USA). Houve a queda significativa da motilidade total (MOT, %),
motilidade progressiva (MP, %), integridade de membrana (IMP, %) e
índice de espermatozoides rápidos e progressivos (RP, %) ao longo das 48
horas de refrigeração, independente do grupo experimental (p<0,05).
Dentre as diferentes variáveis estudadas a MOT foi a que sofreu queda
178

mais expressiva entre o momento 0 e 24 horas de processamento


(78,3±11,0a vs 67,8±17,9b; 77,8±10,4a vs 66,2±17,7b; 77,5±11,1a vs
68,5±15,5b; respectivamente para os grupos GC, G1 e G2; p<0,05). Não
foram observadas diferenças para MOT, MP, RP quando comparados os 3
grupos experimentais dentro dos momentos 0, 24 e 48 hrs (p>0,05). No
entanto, maior IMP foi associada aos grupos que receberam a
suplementação com colesterol ao meio diluidor (p<0,05). A IMP foi de
59,55±17,71a%, 69,36±7,74b% 66,09±6,56b% (p=0.0336) no momento 0

hrs; 56,09±13,92ª%, 63,09±8,18ª% e 64,09±8,24ª (p=0.0764) no momento


24 hrs; e 45,36±19,13ª%, 56,18±11,18ªb% e 58,59±8,26b% (p=0.0299) no
momento 48 hrs, respectivamente para o GC, G1 e G2. Conclui-se que a
suplementação de CLC não melhorou a preservação dos parâmetros
cinéticos de espermatozoides caninos ao longo das 48 hrs de refrigeração,
resultados divergentes dos observados para outras espécies (CRESPILHO
et al., 2013). No entanto, a incorporação do colesterol proporcionou
melhor proteção à ultraestrutura da célula espermática durante o
processo de refrigeração, resultando em maior integridade de membrana
plasmática logo nas primeiras horas do processamento, e de forma
independente à quantidade de CLC adicionado. Aparentemente
quantidades maiores de colesterol (3,0mg de CLC para cada 120x106
espermatozoides) se fazem necessárias para a proteção eficiente da
membrana celular quando o período de refrigeração do sêmen canino for
igual ou superior a 48 hrs.

REFERÊNCIAS:

CRESPILHO A.M., et al. The Effect of Cholesterol Addition, Buffer, and pH


on Equine Sperm Stored at 5oC. Jounal of Equine Veterinary Science, v.33,
p.663-666, 2013.

HARTWIG F.P., et al. Use of cholesterol-loaded cyclodextrin: an alternative


for bad cooler stallions. Theriogenology, v.81, p.340-346, 2015.
179

60.ENCEFALOPATIA HEPÁTICA SECUNDÁRIA A LIPIDOSE FELINA

LAURA SILVEIRA BOTELHO¹, CERES NAKASU¹, CHARLES SILVA DE LIMA¹,


KARINA AFFELDT GUTERRES¹, MARLETE BRUM CLEFF¹

¹ - Universidade Federal de Pelotas

RESUMO:

A lipidose hepática felina (LHF) é comum, estando relacionada à quadros


de anorexia e obesidade. A encefalopatia hepática (EH) pode ocorrer
secundariamente à LHF, no entanto, é considerada rara em felinos. Assim,
o objetivo foi relatar um caso de lipidose hepática em felino que culminou
em EH. O felino atendido tinha histórico de LHF, e apresentava apatia,
anorexia e sinais neurológicos. Através do histórico médico, sinais clínicos
e exames complementares, estabeleceu-se o diagnóstico. A terapêutica
instituída foi de suporte e alimentação. A paciente recuperou-se
totalmente e recebeu alta em 12 dias. Destaca-se a ocorrência e
importância do diagnóstico precoce, o que pode levar a plena recuperação
dos pacientes acometidos por EH.

INTRODUÇÃO:

A lipidose hepática felina é comum e potencialmente fatal (Mazaki Tovi et


al., 2013), sendo decorrente de um estado de anorexia e catabolismo. Os
felinos acometidos, na sua maioria, são obesos, com anorexia, icterícia
marcante, vômitos, perda de peso, hipocalemia e desidratação e
encefalopatia hepática (EH), cujos sinais neurológicos são incomuns na
espécie. O diagnóstico da LHF e EH baseia-se no histórico do animal, sinais
clínicos, e exames complementares. A nutrição é o ponto principal do
tratamento, bem como da prevenção da doença (Armstrong e Blanchard,
2009; Center 2005).

METODOLOGIA – DESCRIÇÃO DO CASO:


180

Atendeu-se no HCV-UFPel, um felino, sem raça definida, com dois anos de


idade, tratado há 10 dias para lipidose hepática com fluidoterapia, dieta
hipercalórica, silimarina, ranitidina, metoclopramida e mirtozapina,
permanecendo com anorexia, apatia, ataxia, incapacidade de erguer a
cabeça, head tilt, icterícia e dor abdominal. O diagnóstico presuntivo foi
de EH secundária à lipidose. Nos exames complementares observou-se no
hemograma leucocitose por neutrofilia; no exame bioquímico sérico, a
fosfatase alcalina apresentou-se elevada (209,7UI/L), e a albumina com
taxas mínimas (1,62g/dl). Na ultrassonografia, havia hepatomegalia e
alteração do parênquima. O tratamento instituído foi fluidoterapia com
NaCl 0,9% e vitaminas do complexo B, alimento úmido Recovery Royal
Canin® 15ml a cada 2 horas, amoxicilina com clavulanato (20mg/kg a cada
12 horas), silimarina e ácido ursodexosicólico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A importância desse relato está na frequência em que ocorre a EH


secundária a LHF, considerada rara em felinos. Em um estudo
retrospectivo, observou-se 77 gatos com a doença e nenhum apresentou
sinais típicos de EH (Center et al., 1993). A paciente descrita recebeu alta
após 12 dias do internamento, evidenciando a plena recuperação que
pode ocorrer após estes quadros.

CONCLUSÃO:

O diagnóstico precoce da LHF e EH é importante para que ocorra a total


reabilitação dos pacientes acometidos, especialmente os que apresentam
alterações neurológicas.

REFERÊNCIAS:

ARMSTRONG, P. J.; BLANCHARD, G. Hepatic lipidosis in cats. Veterinary


Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 39, n. 3, p. 599-616,
2009.

CENTER, S. A.; CRAWFORD, M. A.; GUIDA, L. et al. A retrospective study of


77 cats with severe hepatic lipidosis: 1975–1990. Journal of Veterinary
Internal Medicine, v. 7, n.6, p. 349-359, 1993.
181

CENTER, S. A. Feline hepatic lipidosis. Veterinary Clinics of North America:


Small Animal Practice, v. 35, n. 1, p.225-269, 2005.

MAZAKI‐TOVI, M., ABOOD, S. K.; SEGEV, G. et al. Alterations in adipokines


in feline hepatic lipidosis. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 27, v.
2 , p. 242-249, 2013.

61. EPIDIDIMITE E DERMATITE ESCROTAL GRANULOMATOSA POR


BRUCELLA ABORTUS EM CÃO
HELEN CRISTINA GOMES DE LIMA1; KALINNE STEPHANIE BEZERRA1; ALINE
DE JESUS DA SILVA1; RAFAEL DA SILVA ALVES DE AMORIM1; VALÉRIA
DUTRA1; EDSON MOLETA COLODEL1
1
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, Mato Grosso,
Brasil.

RESUMO:
A infecção por Brucella abortus em cães é esporádica e tem grande
importância para saúde pública. Reporta-se um caso de epididimite e
dermatite escrotal granulomatosa por B. abortus em um cão, chow-chow,
macho, 19 meses de idade. Esse canino apresentava aumento acentuado
do volume escrotal e foi submetido à orquiectomia terapêutica. O
material excisado foi encaminhado para análise histopatológica de rotina,
coloração de Ziehl Neelsen e exame de PCR. O diagnóstico morfológico
associado à caracterização molecular permitiu a associação da causa do
quadro clínico desse cão à infecção por B. Abortus.

INTRODUÇÃO:
A brucelose canina é uma doença infectocontagiosa, de evolução crônica,
caráter zoonótico e distribuição mundial. É comumente associada à
bactéria gram negativa Brucella canis e, esporadicamente, à B. abortus, B.
suis e B. melitensis (Silveira et.al, 2015). A prevalência de infecção por
Brucella abortus em cães é maior quando há contato direto com animais
de interesse pecuário, especialmente ruminantes
(Moraes et.al, 2002).
A principal fonte de infecção é a ingestão de leite, fezes ou restos
placentários de ruminantes infectados, porém contaminações por vias
oronasal, conjuntival, venérea ou por fômites são relatadas
(Moraes et.al, 2002). Os sinais clínicos consistem, nas fêmeas, em
infertilidade e abortos no terço final da gestação e nos machos, em
orquite, epididimite e atrofia testicular (Moraes et.al, 2002).
182

O diagnóstico definitivo é baseado no histórico clínico associado a testes


sorológicos, hemocultura, cultivos microbiológicos ou testes moleculares
(Silveira et.al, 2015). Devido à esporadicidade de infecções de B. abortus
em cães e sua importância para a saúde pública, relata-se o caso de
epididimite e dermatite escrotal granulomatosa causada por Brucella
abortus em cão.

RELATO DE CASO:

Um cão, macho, Chow-chow, de 1 ano e 7 meses, sem histórico clínico


detalhado, mas com aumento acentuado do volume escrotal, foi
submetido a orquiectomia terapêutica e o material excisado enviado para
análise histopatológica. Adicionalmente, foi realizada coloração de Ziehl
Neelsen (BAAR) e PCR.
Fragmentos de testículo, epidídimo e bolsa escrotal foram coletados,
fixados em formol a 10% e rotineiramente processados de acordo com os
métodos convencionais para exame histopatológico. O protocolo da
técnica para bacilo álcool ácido resistente (BAAR) (Ziehl Nieelsen) foi
realizado conforme o proposto por Siqueira et.al (1984).
Amostras em parafina de epidídimo, testículo e bolsa escrotal foram
submetidos à PCR. A extração de DNA de Brucella spp. foi realizada de
acordo com o protocolo descrito por Ausubel et al. (1999). Foram
empregados oligonucleotídeos IS711-specific (TGC CGA TCA CTT AAG GGC
CTT CAT TGC CAG) e B. abortus-specific (GAC GAA CGG AAT TTT TCC AAT
CCC), além de oligonucleotídeos B2N-1(GTC GCG GAT TCT ACC TCA CCT) e
B2N-2 (TAA GCA GGT AAG AGG CAA TTT). Os produtos da PCR foram
visualizados por eletroforese em gel de agarose 1,5%, corado com Gel
Red.
Na análise macroscópica, observou-se sobre a região epididimária direita,
uma massa medindo 7,0 x 4,0 x 4,0cm, arredondada, regular, firme,
brancacenta com áreas multifocais acinzentadas. Ao corte, era
parcialmente encapsulada, não delimitada com o escroto, multilobular e
com áreas multifocais amareladas e esbranquiçadas.
No exame histopatológico constatou-se epididimite granulomatosa,
multifocal, leve a moderada e dermatite escrotal granulomatosa
multifocal a coalescente, acentuada e degeneração testicular leve. Estas
alterações foram caracterizadas pelas áreas multifocais de fibrose no
escroto com necrose e hemorragia, além de grande quantidade de
infiltrado inflamatório linfohistioplasmocitário, circundado por tecido
conjuntivo fibroso.
183

No epidídimo a reação inflamatória era similar, com intensidade variando


de leve a moderada. No testículo direito, observou-se moderada
degeneração de túbulos seminíferos com redução do número de células
germinativas e presença de espermátides multinucleares germinativas.
As amostras amplificaram sequencias específicas de Brucella abortus e
foram negativas para Brucella canis. Não se constatou microorganismo
BAAR nas seções estudadas.

DISCUSSÃO:
O exame histológico permite diferenciar as lesões neoplásicas,
degenerativas e inflamatórias e devem ser de eleição em casos de
aumento de volume de órgãos genitais. Nas doenças infecciosas, os
principais agentes isolados, em epididimites crônicas, são Brucella spp.,
Actinobacillus seminis, Corynebacterium pseudotuberculosis, Mycoplasma
bovigenitaliumn e Pseudomonas spp.(Sant’ana et.al, 2008).
O aumento do volume escrotal e genital é explicado pela reação
inflamatória com formação de tecido fibroso e de granulomas
espermáticos, formando uma massa de aspecto nodular.
A degeneração testicular, está associada a inflamação no tecido adjacente
e frequentemente devido a pressão retrógrada
(Zachary e McGavin, 2013).
Dessa forma, também levando em conta o potencial zoonótico, a infecção
por Brucella ssp. deve ser considerada em cães com histórico de aumento
de volume escrotal, especialmente quando sua consistência é mais firme
(Zachary e McGavin, 2013).
A caracterização etiológica depende da demonstração do agente no sítio
de lesão, através de testes específicos (Sant’ana et.al, 2008). Para
detecção de Brucella spp., a prática de PCR constitui uma técnica eficiente
devido a alta sensibilidade mesmo à pequenas quantidades de DNA na
amostra clínica e a alta especificidade.
A técnica de Ziehl-Neelsen auxilia para o encaminhamento diferencial de
reação granulomatosa por outros microrganismos BAAR, principalmente
do gênero Mycobacterium (Siqueira et.al, 1984).

CONCLUSÃO:
Com base nos achados morfológicos e moleculares, conclui-se que o caso
relatado refere-se a uma epididimite e dermatite escrotal granulomatosa
causada por Brucella abortus em cão.

REFERENCIAS:
184

AUSUBEL, F.M.; BRENT, R.; KINGSTON, R.E. et al. Short protocols in


molecular biology. 4.ed. New York: Wiley & Sons, 1999. 1512p.
MORAES, C.C.G.; MEDGI, J.; SOUZA, L.C. et al. Prevalência da brucelose
canina na microrregião da Serra de Botucatu, São Paulo, Brasil. Arq. Inst.
Biol., v.69, p.7-10, 2002.
SANT’ANA, F.J.F; GARCIA, E.C.; RABELO, R.E. et al. Epididimite crônica por
Enterobacter cloacae em cão. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 3, p. 796-
800, 2008.
SIQUEIRA, L. F. G.; ALMEIDA, R.G.; BELDA, W. Métodos tintoriais utilizados
na identificação do Mycobacterium leprae: Revisão histológica. Rev.
Saúde públ., São Paulo 18: 246 - 58, 1984
SILVEIRA, J. A.M; MORAIS, G.B; MACAMBIRA, K. D.S. et al. Brucelose
Canina: Uma Abordagem Clínica. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade
Animal, v.9, n.2, p. 252-265, 2015.
ZACHARY, J.F.; McGAVIN, M.D. Bases da patologia em veterinária. 5.ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.1324 p.

62. ERLIQUIOSE FELINA – RELATO DE CASO


GUSTAVO MOYA RODRIGUES1, MAISA PASCHOAL RIOS1, FERNANDA GATTI
DE OLIVEIRA NASCIMENTO1, GUILHERME GOMES RODRIGUES1, ANTONIO
VICENTE MUNDIM1, FERNANDO CRISTINO BARBOSA1
1
Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV-UFU), Uberlândia MG.
DESCRIÇÃO DO RELATO:
Foi encaminhada ao Hospital Veterinário, no mês de novembro de 2014,
uma gata de pelo curto, sem raça definida, pesando aproximadamente 1,6
kg. No momento da anamnese não foram obtidas muitas informações a
respeito do histórico do animal, pois este havia sido resgatado das ruas.
Durante o exame clínico, o animal permaneceu prostrado e apresentava
anorexia, febre, inapetência, perda de peso, mucosas pálidas e secreção
ocular bilateral e esplenomegalia (Figura 1). Foram realizados hemograma
completo, pesquisa de hemoparasitas e provas bioquímicas.
O animal foi internado e recebeu terapia suporte para melhora da
condição física. Durante este período foram administrados Doxiciclina
(10mg/kg EV 12/12 horas), Sulfato de Atropina (0,02 mg/kg SC) e
Dipropionato de Imidocarb (5mg/kg SC). Durante o tratamento o animal
apresentou vômitos recebendo Ranitidina (2mg/kg EV 12/12 horas) e
Ondansetrona (0,22 mg/kg EV 12/12 horas). O período de internação
durou quatro dias e o animal continuou o tratamento domiciliar com
185

Doxiciclina (10mg/kg VO 24/24 horas por 28 dias) e retornou ao hospital


para a aplicação da segunda dose de Dipropionato de Imidocarb. Este
tratamento é preconizado pelo Grupo de Estudos de Doenças Infecciosas
do ACVIM (American College Veterinary Internal Medicine) citado por
Nelson e Couto (2010). O animal retornou após os 28 dias de tratamento
apresentando melhora clínica.

DISCUSSÃO:
A sintomatologia clínica da erliquiose felina na maioria dos casos é
inespecífica e pode ter sido causada por outra doença concomitante,
porém os sinais clínicos observados neste caso são semelhantes aos
descritos por Alsmony (1998) e Nelson e Couto (2010).
As alterações observadas no hemograma sugerem anemia normocítica
normocrômica regenerativa e trombocitopenia. O leucograma apresentou
contagem leucocitária de 15200/mm³, sendo 10488/mm³ de neutrófilos
segmentados e 2128/mm³ de bastonetes demonstrando um desvio para
esquerda degenerativo. No entanto, existem relatos em alguns gatos com
leucopenia, leucocitose por neutrofilia, linfocitose, monocitose e
trombocitopenia (Nelson e Couto, 2010).
Ao realizar a pesquisa de hemoparasitas constatou-se a presença
corpúsculos intracitoplasmáticos sugestivos de Ehrlichia sp. em monócitos
Comparando os valores dos parâmetros bioquímicos encontrados para o
animal do presente relato com os de referência citados por Kaneko et al.
(2008), observou- se que os valores de ureia, creatinina, FA e ALT
mantiveram-se próximos e/ou dentro dos limites fisiológicos para a
espécie, enquanto AST, GGT, CK, colesterol e triglicérides apresentaram
valores acima dos citados pelos pesquisadores confrontados. As proteínas
totais e globulinas apresentaram valores superiores, já a albumina
manteve-se diminuída de acordo com os valores de referência utilizados.

CONCLUSÃO:
Apesar dos gatos serem menos predispostos às infestações por carrapatos
do que os cães, isso não os exclui de contraírem infecções parasitárias
transmitidas por esses artrópodes. Os sinais clínicos observados, as
alterações hematológicas e bioquímicas e a presença de corpúsculos de
inclusão em leucócitos foram de grande valia para a apuração do
diagnóstico a realização do tratamento, sugerindo infecção por Ehrlichia
sp.

REFERÊNCIAS:
186

ALMOSNY, N. R. P. Ehrlichia canis (DONATIEN & LESTOQUARD,1935):


Avaliação Parasitológica, Hematológica e Bioquímica Sérica da Fase Aguda
de Cães e Gatos Experimentalmente Infectados. U.F.R.R.J.. Tese de
Doutorado, 1998.
KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. Clinical Biochemistry of
Domestic Animals. 6 ed. London: Academic Press, p. 873-904, 2008.
NELSON, R. W.; COUTO, C. G., Medicina Interna de Pequenos Animais,
4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier,1330. 2010.

63. Escherichia coli COM ELEVADO PERFIL DE RESISTÊNCIA AOS


ANTIMICROBIANOS ISOLADA DA URINA DE UM CÃO COM CISTITE
(RELATO DE CASO)
DANILO MUNDIM SILVA1, BRUNO CABRAL PIRES1, LÍGIA PINHO CUCCATO1,
THAIS FERNANDA MARTINS DOS REIS1, LAÍS MIGUEL REZENDE2, ANDREIA
ZAGO CIUFFA2, VANESSA ELISA TENÓRIO DE GODOI3, ANNA MONTEIRO
CORREIA LIMA4

1- Residente em Medicina Veterinária Preventiva no Programa de


Residência Uniprofissional da Universidade Federal de Uberlândia
2- Mestranda no Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias
pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU)/bolsitas CAPES
3- Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de
Uberlândia
4- Docente na Faculdade de Medicina Veterinária da UFU

RESUMO:
Um desafio para o tratamento de doenças bacterianas constitui-se na
possibilidade de ocorrência de resistência por parte de alguns
microorganismos contra várias classes de antibióticos utilizados na rotina
hospitalar. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi relatar o caso
de uma E. coli com elevado perfil de resistência aos antimicrobianos
isolada da urina proveniente de um cão com cistite.

INTRODUÇÃO:
Um desafio para o tratamento de doenças bacterianas constitui-se no
desenvolvimento de resistência contra varias classes de antibióticos
utilizados na rotina hospitalar (Wright, 2010).
As infecções bacterianas do trato urinário (ITU´s) são frequentes em
animais, sendo o patógeno mais comumente diagnosticado a Escherichia
coli (Carraro-Eduardo e Gava, 2012).
187

Ao longo dos anos, houve uma evolução no perfil de multirresistência em


cepas de origem animal, sendo os cães e gatos os mais acometidos (Ball et
al., 2008, Gibson et al., 2008). O que constitui um sério problema para a
medicina veterinária, portanto o objetivo do presente trabalho foi relatar
um caso clínico de um cão da raça Dálmata, com diagnóstico de ITU por
E.coli, a qual apresentou elevada resistência a dez dos doze
antimicrobianos testados.

RELATO DE CASO:
Um cão da raça Dálmata, com dois anos, atendido no Hospital Veterinário
da Universidade Federal de Uberlândia, o qual apresentava histórico de
disúria, na anamnese foi observado um aumento de volume na bexiga, a
suspeita clínica era ITU ou obstrução, para tanto foram solicitados além do
Hemograma, Bioquímica, Creatinina, os exames de Cultura e Teste de
Sensibilidade a Antimicrobianos (TSA). O animal foi a óbito antes da
conclusão do TSA.

MATERIAIS E MÉTODOS:
Todos os testes utilizados, para identificação do agente infeccioso e suas
análises, foram feitos de acordo com o protocolo proposto pelo Manual
de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de
Infecção Relacionada à assistência à Saúde (Anvisa,2010). O teste de
sensibilidade a antimicrobianos (TSA) foi realizado com difusão em disco
de Kirby e Bauer (1996), onde foram testados 12 antimicrobianos
potencialmente prescritos.
RESULTADOS:
No ágar McConkey e no ágar sangue, as colônias se mostraram sugestivas
para E.coli, apresentando se com uma coloração rosa, no primeiro e com
coloração acinzentadas e mais ressecadas no segundo ágar. Os resultados
das provas bioquímicas foram:
Motilidade-positivo; Produção de H2S-positivo; Indol-positivo; Ureia de
Christensen-negativo; Citrato de Simons-negativo; Lisina-positivo;
Fermentação da lactose-positivo; Glicose-positivo; Produção de gás-
positivo; Fenilalanina-negativo.
188

DISCUSSÃO:
Baseado nos resultados encontrados, a E.coli foi o agente causador da ITU, o
que corrobora com Carvalho (2014), o qual encontrou entre a E.coli, presente
em 53% das amostras de urina de cães e 70% das amostras de gato com ITU.
Seguin (2003) em um estudo retrospectivo com 100 cães com ITU verificou 441
isolados de bactérias, sendo que 47.4% eram de E.Coli, mostrando a
importância desse agente nestas infecções.
Quando avaliado o perfil de suscetibilidade desta bactéria com os
antimicrobianos usados, ela se mostrou sensível somente ao Ceftiofur e uma
resistência intermediária ao Tobramicina, sendo resistente aos outros dez
antimicrobianos testados, resultado preocupante, pois mostra alta resistência
bacteriana, dificultando o tratamento do animal.
As drogas consideradas de primeira escolha para o tratamento de ITUs nos
cães, são a sulfa+trimetoprim, amoxicilina, cefalexina (BarsantI, 2006) e
tetraciclina (Thompson et al., 2011), as quais apresentaram resistência neste
trabalho, segundo Santos (2004), o uso indiscriminado de antibióticos,
aumenta a pressão seletiva das bactérias facilitando a aquisição de
mecanismos de resistência.
A enrofloxacina é indicada, quando já existe um quadro estabelecido de
resistência às drogas de primeira escolha, porém ela também apresentou
resistência neste trabalho, ressaltando a importância da resistência às
fluorquinolonas tanto em cepas animais quanto nas de origem humana
(Andrade et al., 2006; Barsanti, 2006).

CONCLUSÃO:
A multirresistência verificada deste cão com cistite dificultou a intervenção
terapêutica, visto que a E.coli estava com sensibilidade apenas para ceftiofur e
sensibilidade intermediária para tobramicina. O óbito do cão poderia ter sido
evitado com uma conduta terapêutica adequada e embasada no TSA.

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, S.S.; SADER, H.S.; JONES, R.N. et al. Increased resistance to first-line
agents among bacterial pathogens isolated from urinary tract infections in Latin
America: time for local guidelines? Memórias do Instituto Oswaldo Cruz,
v.101, n.7, p.741-748, 2006.
BALL, K.R.; RUBIN, J.E.; CHIRINO-TREJO, M. et al. Antimicrobial resistance and
prevalence of canine uropathogens at the Western College of Veterinary
Medicine Veterinary Teaching Hospital, The Canadian Veterinary Journal, v.49,
n.10, p.985-90, 2014.
189

BARSANTI, J.A. 2006. Genitourinary infections, p.626-646. In: Greene C.E. (Ed.),
Infectious Diseases of the Dog and Cat. 2nd ed. W.B. Sauders, Philadelphia.
p.1387.
CARRARO-EDUARDO, J.C.; GAVA, I. A. O uso de vacinas na profilaxia das
infecções do trato urinário, Jornal Brasileiro de Nefrologia, vol.34, n.2, 2012.
CARVALHO, V.M.; et.al.Infecções do trato urinário (ITU) de cães e gatos:
etiologia e resistência aos antimicrobianos, Pesquisa Veterinária
Brasileira, v.34, n.1, 2014.
GIBSON, J.S.; MORTON, J.M.; COBBOLD, R.N.; SIDJABAT. et al. Multidrug-
resistant E. coliand enterobacter extraintestinal infection in 37 dogs.
Journal of Veterinary Internal Medicine, v.22, n.4, p.844-850, 2008.
MOURA, L. B.; FERNANDES, M. G. A Incidência de Infecções Urinárias Causadas
por E. Coli, Olhar Científico – Faculdades Associadas de Ariquemes, v. 01, n.2,
p. 411-426. 2010
SEGUIN, M.A.; VADEN, S.L.; ALTIER, C.et al. Persistent urinary tract infections
and reinfections in 100 dogs (1989-1999). Journal of Veterinary Internal
Medicine, v17, n.5, p.622-631, 2003.
THOMSON, M.F.; LISTER, A.L.; PLATELL, J.L.; TROTT, D.J. Canine bacterial urinary
tract infection: New developments in old pathogens. Veterinary Journal,
n.190, p.22-27, 2011.
WRIGHT, G. D. Antibiotic resistance in the environment: a link to the clinic,
Microbiology, v. 13, p. 589–594, 2010.

64. ESPOROTRICOSE FELINA - RELATO DE CASO


PRISCILA PEREIRA¹, GIOVANE FRANCHESCO DE CARVALHO ², GIOVANE BARON
QUINAGLIA², MÁRCIO HAMAMURA³, MÔNICA KANASHIRO OYAFUSO4.
¹ Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da
Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina. ² Residente de clínica
cirúrgica da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina. ³Médico
Veterinário do Hospital Veterinário da da Universidade Federal do Paraná –
Setor Palotina. 4Professora Msc. de clínica médica de pequenos animais da
Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina.
RESUMO:
A esporotricose é uma zoonose causado fungo Sporothrix schenckii, sendo os
felinos os reservatórios mais importantes, principalmente os animais errantes
ou semi domiciliados. A doença é transmitida por inoculação traumática,
podendo ficar apenas no local da inoculação ou disseminando pela circulação
linfática. O tratamento é realizado com antifúngicos sistêmicos e tópicos. O
presente trabalho relata um caso de esporotricose felina.
INTRODUÇÃO:
190

A esporotricose é uma micose subcutânea subaguda ou crônica que acomete o


homem e diversas espécies de animais, causada pelo fungo Sporothrix schenckii
(WESH, 2003). O fungo é isolado de vegetação como madeira. Líquens e de
solos ricos em matéria orgânica (SCHUBACH, et al., 2012). Os felinos têm
importante papel epidemiológico na transmissão por conterem em suas lesões,
unhas e cavidade bucal um grande número de organismos fúngicos. (XAVIER et
al., 2004). A causa mais comum de infecção é por traumas na pele, por onde o
fungo é inoculado (BARROS, 2010) e mais raramente por aspiração (SCHUBACH
et al., 2012). Após a inoculação o fungo multiplica-se no tecido subcutâneo,
estendendo-se localmente aos linfonodos e raramente, disseminando-se pela
corrente sanguínea (RESENDE e FRANCO, 2001). A esporotricose se apresenta
em três formas. A forma cutânea localizada, cutâneo linfática, cutânea
disseminada e extra cutânea. As áreas acometidas ulceram e drenam um
exsudato purulento, formando nódulos crostosos (BRUM, 2007). A cultura
fúngica é o exame de escolha, pois demonstra o dimorfismo do fungo, podendo
utilizar exsudato, swab de lesões abertas e aspirados de nódulos cutâneos. O
tratamento consiste em uso de antifúngicos sistêmicos de longa duração
variando de semanas a meses (RESENDE e FRANCO, 2001).

MATERIAL E MÉTODOS:
Foi realizada citologia por meio de swab das lesões ulcerativas de um felino,
corada com panótico e cultura para comprovar o dimorfismo fúngico. A partir
desses exames foi confirmado o diagnóstico de esporotricose felina.

RELATO DE CASO:
Foi atendido um felino fêmea sem raça definida de três anos, inteira, semi-
domiciliada, com histórico de feridas cutâneas há vinte dias. No exame físico
constatou-se que a paciente apresentava lesões ulcerativas na face, orelhas e
nos membros. No exame citológico do swab das lesões visualizaram-se
leveduras de Sporothrix schenckii. O material foi encaminhado para a cultura
fúngica, onde foi colocado por três dias a uma temperatura de 25°C e depois
colocada a temperatura de 37°C, demonstrando o dimorfismo fúngico e
confirmando o diagnóstico. O tratamento preconizado foi itraconazol sistêmico
5mg/Kg e limpeza das feridas com aplicação de pomada de cetoconazol uma
vez ao dia. No retorno o proprietário relatou que não conseguiu administrar a
medicação diariamente, e observou-se piora das lesões e dispneia inspiratória.

RESULTADO:
O diagnóstico definitivo foi realizado por meio de cultura fúngica. Devido a
piora no quadro clínico optou-se pela eutanásia.
191

DISCUSSÃO:
A paciente apresentava lesões ulcerativas generalizada, caracterizando a forma
cutâneo disseminada, sendo que estava forma acontece em menos de 1% dos
pacientes (BRUM, 2007). No exame direto visualizaram-se as leveduras
Sporothrix schenckii, porém o diagnóstico definitivo foi realizado por meio de
cultura fúngica conforme descrito por Barros (2010). O tratamento foi realizado
com itraconazol, fármaco considerado de escolha para felinos (MEDLEAU e
HNILICA, 2003; SCHUBACH et al., 2012). No retorno, após 21 dias, o
proprietário relatou que não realizou a medicação diariamente e foi observado
piora no quadro clínico da paciente que apresentava mais lesões de pele,
dispneia, caquexia e desidratação. O tratamento da esporotricose deve ser
mantido por no mínimo um mês após a cura clínica a fim de evitar recidivas e
resistência fúngica (MEDLEAU e HNILICA, 2003). Devido à dificuldade na
administração do remédio e a piora clínica o proprietário solicitou a eutanásia
da paciente.

CONCLUSÃO:
O tratamento da esporotricose representa um desafio para veterinários e
proprietários devido dificuldade em administrar a medicação oral para gatos e
o tempo prolongado de tratamento, sendo necessário conscientizar os
proprietários que o prognóstico é de reservado a bom, dependendo da sua
colaboração e grau de evolução da doença.

REFERÊNCIAS:
BARROS, M.B.L; SCHUBACH, T.M.P.; COLL, J.O.; GREMIÃO, I.D.; WANKE, B.;
SHUBACH, A. Esporotricose: a evolução e os desafios de uma epidemia. Revista
Panamericana de Salud Pública. Washington, v. 27, n. 6, 2010.
BEZERRA, L.M.L; SCHUBACH, A.; COSTA, R.O. Sporothtix schenckii and
sporotrichosis. Academia Brasileira de Ciências; 78(2) 293-308, 2006.
BRUM, L. C; CONCEIÇÃO, L. G; RIBEIRO, V. M; JUNIOR, V. H. Principais
dermatofitoses zoonóticas de cães e gatos. Revista Clínica Veterinária. n. 69, p.
38 –40, 2007.
MEDLEAU,L; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais: atlas colorido
e guia terapêutico.1° ed. Roca. São Paulo, p. 51- 52, 2003.
RESENDE, P.P; FRANCO, A.V. Esporotricose cutâneo-linfática. Cardeno Brasileiro
de Medicina, Rio de Janeiro, v.14, n.4, 2001.
SCHUBACH, T.M.P, MENEZES, R.C., WANKE, B. Sporotrichosis – in Infectious
Diseases of the Dog and Cat. 4th ed Elsevier. St Louis, Missouri, p 645-650,
2012.
192

WESH, R.D. SPOROTRICHOSIS. Journal of America Veterinary Medicine


Association; v. 6. p.223:1123, 2003.
XAVIER,M. O.; NOBRE, M.O; SAMPAIO,D. P.; ANTUNES, T.A.; NASCENTE, P.S.;
SÓRIA, F. B. A.; MEIRELES,M. C. A. Esporotricose felina com envolvimento
humano na cidade de Pelotas, RS, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria , v.34, n.6,
p.1961-3, 2004.

65. ESTÁGIO DE MATURAÇÃO DAS CATARATAS DE CÃES ATENDIDOS NO


SERVIÇO DE OFTALMOLOGIA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO SUL
TANISE CARBONI DA SILVA1, MAÍRA HAASE PACHECO1, MELINA BARBBARA
BENDER MACEDO1, JOÃO ANTONIO TADEU PIGATTO2
1
Aluna de graduação, Faculdade de Veterinária da UFRGS
2
Professor Associado, Faculdade de Veterinária da UFRGS

RESUMO:

A lente canina normal é biconvexa, avascular e transparente. A perda da


transparência causada pela catarata é o principal motivo da cegueira canina.
Foi realizado um levantamento para classificar, em grau de maturação, as
cataratas de cães atendidos pelo Serviço de Oftalmologia Veterinária da
UFRGS. O estudo contou com mais de 300 animais, de ambos os sexos e de
raças variadas. Foram avaliados apenas olhos com catarata e estas classificadas
como: incipiente, imatura, madura, hipermadura e em reabsorção. De acordo
com o estudo, foram observadas em maior número as cataratas maduras e
hipermaduras, isto se justifica pelo momento em que o proprietário nota a
perda visual do cão. Cataratas incipientes estiveram em menor número, pois
neste estágio os cães são visuais, o que faz com que o proprietário não busque
atendimento especializado. O diagnóstico precoce diminuiu a complexidade na
hora da cirurgia e a chances de complicações futuras.

INTRODUÇÃO:

O cristalino é uma estrutura biconvexa, avascular, transparente formada por


fibras cristalinas altamente organizadas; em olhos normais, os raios
luminosos sofrem refração para incidir num ponto específico da retina. A
opacificação do cristalino ou da sua cápsula é denominada de catarata e
corresponde à afecção intraocular mais comum em cães e é responsável por
ser a principal causa de cegueira desta espécie (Gelatt, 1999). O tratamento
mais indicado para a catarata é a facoemulsificação. É possível classificar a
193

catarata de acordo com diversos fatores, como: em relação à localização da


opacificação (nuclear ou capsular); a sua etiologia (hereditária ou adquirida);
a fase etária do paciente (congênita, juvenil e senil); e em relação ao seu
grau de maturação (incipiente, imatura, madura, hipermadura e em
reabsorção) (Lauss, 2009). A classificação de acordo o desenvolvimento da
catarata é muito importante para avaliar a condição visual e a saúde ocular
do paciente. O estágio inicial e de menor gravidade é o de cataratas
incipientes, em que a opacificação do cristalino é de difícil visualização e
consiste em apenas áreas de opacificação pequenas e isoladas que
correspondem a menos de 10% a 15% da área do cristalino. Em cataratas
imaturas, há opacificação em maior grau, com áreas de transparências
intercaladas. Nesta fase a acuidade visual é comprometida. Cataratas
maduras se caracterizam por opacificação total da lente, 100% do cristalino
está comprometido, havendo perda total da visão. O desenvolvimento da
catarata ocasiona o rompimento ou a degeneração de fibras lenticulares,
liberando enzimas proteolíticas que ocasionam a quebra das proteínas do
cristalino, as quais juntamente com a água, atravessam a cápsula do
cristalino. Neste estágio há a diminuição do cristalino e irregularidade na sua
superfície, o que caracteriza a catarata como hipermadura. Na evolução
deste quadro, as proteínas e água do cristalino continuam sendo
transportadas, ocasionando uma diminuição e irregularidade intensa do
cristalino, a ponto de permitir a visualização de parte do reflexo tapetal, o
que caracteriza o estágio de reabsorção.
A catarata não tratada poderá ocasionar complicações como uveítes,
glaucoma e Phithsis bulbi. Além destas complicações, a avaliação do grau de
maturação da catarata é importante para eleger os pacientes para a cirurgia
de facoemulsificação. Com o intuito de avaliar a prevalência do grau de
maturação de catarata em que os cães levados para atendimento no Serviço
de Oftalmologia Veterinária da UFRGS foi realizado um estudo retrospectivo
dos cães atendidos no período de janeiro de 2009 a julho de 2011.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Foram examinados 513 olhos de 303 cães, machos ou fêmeas, de raças


variadas, com idades entre três meses e 17 anos. Os graus de maturação das
cataratas foram identificados e notificados em um livro de consultas conforme
o estágio em que se encontravam na primeira consulta. A classificação utilizada
foi: incipiente, imatura, madura, hipermadura e em reabsorção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
194

Do total de 513 olhos com catarata, 40% (203 cães) eram cataratas maduras;
28% (143 cães) eram imaturas; 20% (101 cães) eram incipientes; 11% (55 cães)
eram hipermaduras e 2% (11 cães) eram cataratas em reabsorção. A fácil
detecção da catarata nos estágios de catarata imatura e madura, somado ao
fato dos proprietários só observarem a perda visual do animal quando a
catarata já atingiu de 40% a 50% do cristalino em ambos os olhos (Gelatt,
1999), explica a maior prevalência destes dois grupos. Ao contrário das
cataratas imaturas e maduras, cataratas incipientes necessitam de maior
atenção para serem observadas. Além disto, os animais não demonstram perda
visual, o que torna as cataratas incipientes normalmente negligenciadas pelos
proprietários, corresponde ao grupo de menor incidência. No presente estudo,
dos 101 olhos com catarata incipiente, somente 30 animais possuíam apenas a
catarata incipiente (6%), os outros 71 olhos (14%) eram de animais com
cataratas com estágio de maturação avançado ou com outra oftalmopatia que
levou os proprietários a buscar atendimento especializado. A procura por
médicos veterinários para o diagnóstico e o tratamento da catarata tem
crescido consideravelmente, porém, a dificuldade dos proprietários de
identificar a afecção dificulta o tratamento, já que quanto mais avançado o
nível de maturação da catarata, faz se necessário maior tempo de ultrassom
para quebrar a lente. Além do interesse para a realização da facoemulsificação,
a avaliação precoce do estágio de catarata é importante para impedir
complicações futuras. Muitos estudos demonstram o desenvolvimento de
uveítes em pacientes portadores de catarata, principalmente naqueles com
estágio de maturação avançados ou com cataratas formadas há bastante
tempo (Leasure, 2001). As oftalmopatias também são decorrentes de doenças
sistêmicas, incluindo principalmente a diabetes melito (Slatter, 2005).

CONCLUSÕES:

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que a maior prevalência
encontrada nos cães atendidos foi de catarata madura.

REFERÊNCIAS:

GELATT KN, Veterinary Ophthalmology, 3 ed., Lippincott Willians e Wilkins;


1999. p.1544.
LAUS JL, Oftalmologia clínica e cirúrgica em cães e em gatos, Editora Roca;
2009. p.230.
195

LEASURE J, The relationship of cataract maturity to intraocular pressure in


dogs. Veterinary Ophthalmology; 2001. v 4, p.273-276.
SLATTER DH, Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. 3 ed., Editora Roca;
2005. p. 315.

66. ESTRUTURAÇÃO DE UM BANCO DE DENTES CANINOS NO


DEPARTAMENTO DE ANATOMIA DA UFPR
DORIE FERNANDA DE MORAES ZATTONI¹, MARIA FERNANDA TORRES¹,
FREDERICO GUILHERME FREITAS LOBÃO RODRIGUES GOMES³, JOÃO
ARMANDO BRANCHER², DJANIRA APARECIA DA LUZ VERONEZ¹, MARIA IZABEL
RIBAS VALDUGA4.
¹ Universidade Federal do Paraná
² Universidade Positivo
³ Universidade de São Paulo
4
Odontoção – Centro de Odontologia Veterinária

RESUMO:
Recentemente tem se dado maior atenção as afecções orais dos cães. Por esse
motivo, profissionais e acadêmicos buscam aprender mais sobre esta área,
fazendo com que o banco de dentes seja fundamental no fornecimento de
material com origem comprovada e segurança. Isso possibilita o estudo e
pesquisa na área de odontologia veterinária. O objetivo do presente trabalho
foi gerar um banco de dentes caninos com material de origem comprovada
disponível para pesquisa e atividades pedagógicas. A construção do banco de
dentes canino (BDC) foi possível através de doação feita por uma clínica
especializada em odontologia veterinária. A doação foi realizada junto com um
termo de consentimento livre e esclarecido, assinado pelo veterinário
responsável e pelo proprietário do animal, comprovando a origem do material.
Atualmente o banco de dentes conta com 268 dentes devidamente limpos e
separados.

INTRODUÇÃO:
A preocupação com a saúde bucal dos animais vem sendo explorada desde a
metade do século XIX, inicialmente restrito aos equinos que eram importante
meio de transporte (San Román, 1999). As principais doenças que acometem
os dentes de cães e gatos são: persistência dos dentes decíduos, fraturas
dentárias, hipoplasia e hipocalcificação do esmalte, alterações ortodônticas e
periodontite (Costa et al, 2013). Anormalidades, afecções ou injúrias na boca
podem gerar incômodo e dor (Venturini, 2006).
196

Um Banco de Dentes é uma instituição sem fins lucrativos. Seu propósito é


suprir as necessidades acadêmicas fornecendo material didático para ensino e
pesquisa (Nassif et al., 2003), consolidando o aprendizado. O Banco de Dentes
comprova a origem do órgão possibilitando a aprovação de pesquisa pelos
Comitês de Ética.
A preocupação de proprietários com a saúde bucal de seus cães fez aumentar o
número de estudos e publicações com enfoque na Odontologia Veterinária.
Como consequência, os acadêmicos buscam material para estudo, que muitas
vezes não está disponível.

MATERIAL E MÉTODOS:
O material foi obtido em uma clinica especializada em Odontologia Veterinária,
a médica veterinária responsável assinou um termo de doação dos dentes para
o Departamento de Anatomia.
Os dentes foram armazenados em recipientes plásticos com peróxido de
hidrogênio 10 volumes e recolhidos pelos pesquisadores. A limpeza foi
realizada com escova dentária, gaze e cureta seguida pela desinfecção com
hipoclorito de sódio. Após a secagem com papel toalha, foram separados de
acordo com suas características morfológicas externas e o histórico clínico do
animal doador e classificado em incisivos, caninos, pré-molares e molares.
Posteriormente, foram armazenados em caixas plásticas.

RESULTADOS:
Atualmente, o Banco de Dentes conta com 109 incisivos, 22 caninos, 92 pré-
molares e 45 molares. Quarenta dentes foram doados para uma pesquisa que
avaliou a eficácia da instrumentação rotatória, da qual quatro alunas do
programa de iniciação científica fizeram parte. E rendeu uma apresentação e
publicação de resumo em um congresso nacional.

DISCUSSÃO:
Segundo Moreira et al (2009) a implantação de um Banco de Dentes é
fundamental em uma instituição de ensino e pesquisa na área de odontologia,
visto que eleva a qualidade do aprendizado, proporciona segurança física e
legal aos indivíduos e amplia as possibilidades de avanço na área tecnológica.
Isso foi constatado visto que o material fornecido pelo banco de dentes caninos
do presente estudo foi utilizado para projeto cientifico.
197

CONCLUSÃO:
Foi construído o banco de dentes de cães com material seguro e de origem
comprovada, atualmente conta com 268 dentes. O projeto será mantido e
expandido visando disponibilizar maior número de amostras.

REFERÊNCIAS:
1. COSTA S., PAIS B., ALMEIDA D., SIMÕES J., MEGA A. C., VALA H. Patologias da
cavidade oral em canídeos e felídeos. 3º congresso internacional de
enfermagem veterinária – elvas, 25, 26 e 27 de outubro de 2013.
2. MOREIRA L., GENARI B., STELLO R., COLLARES F. M., SAMUEL S. M. W. Banco de
Dentes Humanos para o Ensino e Pesquisa em Odontologia. Rev. Fac. Odontol.
Porto Alegre, v. 50, n. 1, p. 34-37, jan./abr., 2009.
3. NASSIF, A. C. S et al. Organização e Funcionalidade do Banco de Dentes
Humanos da FOUSP. In: IMPARATO, J. C. P. et al. Banco de Dentes Humanos.
Curitiba: Maio, 2003b. Cap. 4, p. 51-82.
4. SAN ROMÁN, F. Atlas de Odontologia de Pequenos Animais. São Paulo:
Manole. 1999, 284p.
5. VENTURINI, M. A. F. A. Estudo retrospectivo de 3055 animais atendidos no
ODONTOVET (Centro Odontológico Veterinário) durante 44 meses. Dissertação
de Mestrado em Cirurgia Veterinária. Faculdade de medicina veterinária e
zootecnia, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

67. ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PÓS-


OPERATÓRIAS DE CERATOPLASTIA COM ENXERTO CONJUNTIVAL LIVRE E
PEDICULADO EM CÃES

PEREIRA. A. C.1; RODRIGUES, G. G.1, FERREIRA, J. Z.2; WAGATSUMA, J. T.2;


ANDRADE, A. L.3
1
Mestranda no Programa de Ciência Animal da Faculdade de Medicina
Veterinária, Unesp, campus de Araçatuba
2
Doutouranda no Programa de Ciência Animal da Faculdade de Medicina
Veterinária, Unesp, campus de Araçatuba
3
Professor do Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal da
Faculdade de Medicina Veterinária, Unesp, campus de Araçatuba

aline.cardosopereira@hotmail.com
198

As ceratites ulcerativas são comuns na rotina do médico veterinário de


pequenos animais, e as ceratoplastias, utilizando conjuntiva autógena, são
rotineiramente empregadas em ulcerações atingindo mais da metade do
estroma corneal. Com este estudo objetiva-se comparar as principais
complicações pós-operatórias – deiscência de pontos e deiscência do enxerto -
advindas do tratamento cirúrgico de úlceras profundas, descemetoceles e
perfuradas, empregando-se a ceratoplastia lamelar e penetrante, utilizando-se
enxerto conjuntival autógeno, livre e pediculado. Foram utilizados 17 cães da
rotina hospitalar apresentando úlcera profunda, descemetocele ou perfuração
corneal, divididos aleatoriamente em dois grupos (G1 – enxerto conjuntival
livre; G2 – enxerto conjuntival pediculado). Os pacientes foram acompanhados
por 60 dias e, neste período foi avaliado a ocorrência de deiscência de pontos e
deiscência do enxerto. O enxerto conjuntival pediculado teve maior vantagem
quando comparado ao livre.

As ceratites ulcerativas compreendem lesões em que há perda do epitélio


corneal, com exposição de porções variáveis do estroma. São consideradas
emergências oftálmicas, já que podem progredir para exposição da membrana
de Descemet (descemetocele) e para perfuração da córnea. Nos casos de
úlceras corneais profundas, procedimentos cirúrgicos que envolvem as técnicas
de suporte trófico e mecânico são os mais requeridos (Galera et al., 2009). O
presente estudo tem como objetivo comparar as principais complicações pós-
operatórias advindas do tratamento cirúrgico de úlceras profundas,
descemetoceles e perfuradas, empregando-se a ceratoplastia lamelar e
penetrante, utilizando-se enxerto conjuntival autógeno, livre e pediculado.
Foram utilizados 17 cães, de diferentes raças e idades, apresentando úlcera
profunda (9/17; 52,9%), descemetocele (4/17; 23,5%) ou úlcera perfurada
(4/17; 23,5%), atendidos no período de março de 2014 à maio de 2015. Os
animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos, onde 6 foram
submetidos à ceratoplastia com enxerto conjuntival livre (grupo 1 - G1) e 11 ao
enxerto conjuntival pediculado (grupo 2 – G2). Todos os pacientes foram
submetidos a exame físico geral e oftálmico completos prévios à terapia
cirúrgica (teste de Schirmer, teste de tingimento da fluoresceína, exame de
biomicroscopia por lâmpada de fenda, tonometria de aplanação e
oftalmoscopia indireta). Foram realizados exames complementares pré-
anestésicos e cirúrgicos. O tratamento clínico instituído desde o primeiro dia de
atendimento foi o mesmo para todos os animais, e consistiu no uso de colírios
a base de tobramicina, EDTA, cetorolaco de trometamina, atropina 0,5% e
199

amoxicilina com clavulanato por via oral, sendo este último utilizado nos casos
de perfuração corneal. No pós-operatório também foi prescrito cloridrato de
tramadol, e todos utilizaram o colar elisabetano como forma de prevenção a
automutilação. Todos os procedimentos foram realizados por um único
cirurgião. Após preparação rotineira para cirurgia oftálmica segundo Slatter
(2005), foi realizada a divulsão de um flap conjuntival livre (G1) ou pediculado
(G2) com tamanho similar ao defeito corneal, e o mesmo foi suturado aos
bordos da lesão, utilizando padrão simples interrompido não penetrante total,
a uma equidistância aproximada de 1,0 mm com mononylon 8-0. Todos os
pacientes foram acompanhados por 60 dias e, neste período foi avaliado a
ocorrência de deiscência de pontos e deiscência do enxerto. Para comparação
destas duas variáveis entre os grupos, foi utilizado o teste exato de Fisher. Não
houve diferença significativa entre os grupos para a ocorrência de deiscência
dos pontos (p=1,000) e houve diferença significativa para deiscência do enxerto
(p=0,0063). Quanta à última, houve um maior número da ocorrência no G1.
Visto os resultados obtidos, o enxerto conjuntival pediculado ( figura 1)teve
maior vantagem quando comparado ao livre (figura 2), devido ao seu suporte
trófico autônomo, o que deve ser considerado pelo cirurgião quanto à escolha
da técnica para tratamento de úlceras profundas, descemetoceles e
perfurações corneais. Salienta-se que os leucomas cicatriciais gerados por
ambas as técnicas são similares e que, as mesmas, podem ser atenuadas por
meio de ceratectomias superficiais e recobrimento com terceira pálpebra, em
períodos tardios em que não hajam mais, riscos de perfuração.
REFERÊNCIAS:

GALERA P. D.; LAUS J. L.; ORIÁ A. P. Afecções da Túnica Fibrosa. In:


Oftalmologia Clínica e Cirúrgica em Cães e em Gatos. 1a ed. São Paulo: Roca,
2009. p. 69-96.

SLATTER D. Córnea e esclera. In: Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. 3a


ed. São Paulo: Roca, 2005. p. 283-338.
200

68. ESTUDO DAS ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DE EOSINÓFILOS EM


EXTENSÕES SANGUÍNEAS CONFECCIONADAS NA PRESENÇA E NA AUSÊNCIA
DO ANTICOAGULANTE EDTA

PRISCILA CRISTINA COSTA¹, RENATA DIAS RODRIGUES¹, LARA REIS GOMES¹,


FERNANDA GATTI DE OLIVEIRA NASCIMENTO¹, GUSTAVO MOYA RODRIGUES¹,
ANTONIO VICENTE MUNDIM¹.

¹Faculdade de Medicina Veterinária – UFU, Uberlândia MG.

RESUMO:

Objetivou-se comparar a presença de granulações grosseiras nos eosinófilos


em lâminas de extensões sanguíneas de cães, colhidas da ponta de orelha e do
sangue do tubo com EDTA. Verificou-se que das 51 amostras analisadas, 24
(47%) apresentaram alterações morfológicas nos eosinófilos provenientes do
sangue do tubo com EDTA. Conclui-se que o anticoagulante é um possível
agente modificador da estrutura celular dos eosinófilos.

INTRODUÇÃO:

O EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) é um anticoagulante utilizado


devido ao seu baixo custo e fácil acesso, atua como quelante de íons fortes,
essenciais para a coagulação (Rodríguez, 2003). Os eosinófilos possuem
grânulos citoplasmáticos que têm grande afinidade para a eosina, e coram-se
em vermelho nos esfregaços de sangue.

Objetivou-se com este trabalho comparar e avaliar a morfologia dos eosinófilos


em lâminas confeccionadas a partir de sangue coletado da ponta de orelha dos
cães, e em seguida confrontar com a lâmina confeccionada com sangue do
tubo contendo anticoagulante provenientes da rotina do Laboratório Clínico.

MATERIAL E MÉTODOS:

Analisou-se 51 amostras obtidas da ponta de orelha e do sangue do tubo com


anticoagulante EDTA de cães provenientes da rotina do Laboratório Clínico. A
morfologia dos eosinófilos foi avaliada por microscopia óptica em objetiva de
imersão, coradas pelo método May-Grünwald Giemsa. Realizou-se análise de
distribuição de frequências no programa Action (2015).
201

RESULTADOS:

Neste estudo 14 (27%) amostras de extensão sanguínea apresentaram


granulações na ausência e presença de anticoagulante, 24 (47%) amostras
apresentaram-se negativas na ausência do EDTA e positividade para
granulações grosseiras nos eosinófilos nas lâminas confeccionada com o
anticoagulante e por fim 13 (26%) amostras foram negativas em ambas as
técnicas, totalizando 51 amostras.

DISCUSSÃO:

De acordo com os achados deste estudo, as granulações grosseiras foram


representativas nas extensões sanguíneas confeccionadas com uma pequena
alíquota do tubo com anticoagulante, quando comparadas com amostras
confeccionadas sem o EDTA. Em trabalho conduzido com 25 amostras de
sangue humano, no qual analisou-se a alteração do EDTA sobre células
sanguíneas em intervalos de tempo, concluiu-se que o anticoagulante foi
responsável por alterações nos eosinófilos com a presença de vacuolizações e
núcleo com morfologia bizarra (Carvalho et al., 1993). Em cães da raça
Greyhounds os eosinófilos desgranulam durante a coloração e, por isso,
aparecerem vacuolizados nos esfregaços (Cowel et.al., 1999).

CONCLUSÃO:

Conclui-se que o anticoagulante é um possível agente modificador da estrutura


celular dos eosinófilos.

REFERÊNCIAS:

CARVALHO, M.G.; LIGNANI, C.; OLIVEIRA, J.M.C.; CARVALHO, I.P. Estudo dos
efeitos do anticoagulante EDTA sobre as células sanguíneas em diversos
intervalos de tempo. Revista brasileira de análises clínicas, v.25, n.4, p.101-5,
1993.

COWEL, R.L.; TYLER, R.D.; MEINKOTH, J.H. Diagnostic cytology and hematology
of the dog and cat, 2 ed. Philadephia: Mosby, 1999.

RODRÍGUEZ, J.; OVIEDO, C. EDTA: the chelating agent under environmental


scrutiny. Química Nova, v. 26, n. 6, p. 901-5, 2003.
202

69. ESTUDO RETROSPECTIVO DAS AFECÇÕES DA TERCEIRA PÁLPEBRA EM


CÃES E GATOS
TANISE CARBONI DA SILVA1, MELINA BARBBARA BENDER MACEDO1, KRISTAL
WERNER1, JOÃO ANTONIO TADEU PIGATTO2
1
Aluna de graduação, Faculdade de Veterinária da UFRGS
2
Professor Associado, Faculdade de Veterinária da UFRGS

RESUMO:

A membrana nictitante ou terceira pálpebra pode ser acometida por vários


distúrbios e suspeita-se que existam fatores de risco genéticos para certas
alterações. No entanto, poucos são os estudos avaliando as afecções mais
frequentes que acometem a terceira pálpebra de cães e gatos. Neste estudo
objetivou-se determinar quais as afecções que acometem a terceira pálpebra
de cães e gatos. Foram revisadas as fichas oftálmicas de cães e gatos com
afecções da terceira pálpebra atendidos no Serviço de Oftalmologia Veterinária
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no período compreendido entre
abril de 2007 a março de 2015. Do total de 4853 casos atendidos, 144 eram de
cães e gatos com afecções da terceira pálpebra. Destas, 84% corresponderam
aos casos de prolapso da glândula da terceira pálpebra; 5,5% de tumores da
terceira pálpebra; 2% eversão da cartilagem; 1,5% protusão da terceira
pálpebra; 0,6% laceração da terceira pálpebra, entre outros.

INTRODUÇÃO:

A terceira pálpebra ou membrana nictitante é uma estrutura de proteção


móvel, localizada entre a córnea e pálpebra inferior, na porção nasal do saco
conjuntival inferior (Maggs, 2008). É bem desenvolvida no cão e seu formato é
definido por uma peça em “T” de cartilagem hialina, que fornece rigidez a
terceira pálpebra; recoberta por conjuntiva sobre as superfícies palpebral e
bulbar, nesta estão presentes folículos linfóides superficiais. Na base da
cartilagem localiza-se a glândula lacrimal da terceira pálpebra, a qual é
responsável pela produção de 30% da fase aquosa do filme lacrimal (Wouk et
al.; 2009). A musculatura que controla a membrana nictitante é vestigial em
animais domésticos, sua movimentação se faz passivamente sobre o olho
quando este é retraído pelo músculo retrator do olho (nervo abducente). E sua
posição é determinada parcialmente pelo tônus simpático dos músculos lisos
da órbita (Maggs, 2008). Ao exame, a superfície palpebral é inspecionada
quanto à sua posição, integridade da superfície e presença de folículos ou
tumores. A superfície e margens palpebrais podem ou não ser pigmentadas em
203

cães (Wouk et al.; 2009). A terceira pálpebra é acometida por desordens


primárias e divide um número de doenças com a conjuntiva podendo ser
utilizada em cirurgias como proteção para a córnea. Objetivou-se, valendo de
estudo retrospectivo, determinar quais as afecções que mais acometem a
terceira pálpebra de cães e gatos.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Para definir quais as afecções da terceira pálpebra que têm maior prevalência
em cães e gatos, foram verificadas todas as fichas de atendimentos do Serviço
de Oftalmologia da UFRGS, no período de abril de 2007 a março de 2015.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Dentre as anormalidades da terceira pálpebra encontram-se protusão da


glândula da terceira pálpebra, eversão e inversão da cartilagem, inflamação e
neoplasias, entre outras (Gelatt, 2003). Em relação ao prolapso da glândula,
sabe-se que existe a suscetibilidade racial do Beagle, do Cocker Spaniel, e de
algumas raças braquicefálicas incluindo Lhasa Apso, Shih-Tzu e Buldogue; como
também a possibilidade de defeito anatômico herdado (Gelatt, 2003; Edelmann
et al., 2013). No presente estudo, 84% dos casos de afecções da terceira
pálpebra em cães eram de prolapso da glândula. Animais com margens
despigmentadas da terceira pálpebra são mais suscetíveis à neoplasias (Maggs,
2008). Observou-se 5,5% de neoplasias em cães e gatos com mais de 5 anos.
Sobre a eversão, a condição pode ser uni ou bilateral, sendo mais observada
em cães jovens e de raças grandes (Gelatt, 2003). No estudo, 2% dos casos
eram de eversão da cartilagem em cães com menos de 1 ano; A protusão
primária da terceira pálpebra pode ocorrer em cães de raças grandes ou de
forma secundária em animais com paralisia facial. De acordo com estudo, 1,5%
eram casos de protusão em cães; Lesões traumáticas ocorrem como resultado
de brigas e penetração de corpos estranhos(Maggs, 2008). No trabalho, 0,6%
dos cães apresentaram laceração da terceira pálpebra devido a trauma.

CONCLUSÃO:

Portanto, com este estudo, aferimos que a afecção com maior prevalência em
cães é o prolapso da glândula da terceira pálpebra. No entanto, as
anormalidades na terceira pálpebra são vistas raramente em felinos.

REFERÊNCIAS:
204

EDELMANN ML, MIYADERA K, IWABE S, KOMÁROMY AM. vop. 2013 jun-


dezesseis; 16 (6): 416-422. Investigating the inheritance of prolapsed nictitating
membrane glands in a large canine pedigree.
GELATT KN. Manual de Oftalmologia Veterinária, 1 ed. Barueri, São Paulo:
Manole; 2003. p. 113- 123.
MAGGS DJ, Third Eyelid. In: Slatter DH, Fundamentals of Veterinary
Ophthalmology, 4 ed. Missouri: Elselvier Inc; 2008. p.155-160.
WOUK AFPF, SOUZA ALG, FARIAS MR. Afecções dos anexos oftálmicos. In: LAUS
JL, Oftalmologia Clínica e Cirurgia em Cães e Gatos, São Paulo: Roca; 2009.
p.33-68.

70. ESTUDO RETROSPECTIVO DAS NEOPLASIAS CANINAS DIAGNOSTICADAS


EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO PERÍODO DE 2009 A 2010

CAIO FERNANDO GIMENEZ1, TATIANE MORENO FERRARIAS1, EDUARDO


FERNANDES BONDAN1
1
Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo (SP), Brasil.

RESUMO:

Foi realizado estudo retrospectivo das neoplasias de cães atendidos em um


hospital veterinário universitário no período de 2009-2010. Das 251 neoplasias
encontradas, 56,18% foram consideradas malignas e 43,43%, benignas, sendo
43,43% delas de origem epitelial, 39,44% de origem mesenquimal e 17,13% de
células redondas. A idade média dos cães acometidos foi de 10,1 anos,
predominantemente em cães sem raça definida (41,78%) e com 64,31% dos
casos em fêmeas e 35,69% em machos. Os tumores mamários representaram
60,5% de todas as neoplasias epiteliais, com 74,24% deles considerados
malignos. Os lipomas representaram 34,34% dos tumores de origem
mesenquimal e os mastocimas perfizeram 51,16% dos tumores de células
redondas.

INTRODUÇÃO:
A prevalência de neoplasias em animais de estimação tem aumentado
consideravelmente, representando, na atualidade, a principal causa de morte
em cães e gatos (DALECK et al., 2008; WITHROW et al., 2013). No Brasil, existe
205

uma carência de registros apropriados e de dados epidemiológicos sobre a


incidência de cânceres em cães, tornando urgente o rastreamento sistemático
de tais tumores nesta espécie. O registro dos pacientes acometidos e a
construção de perfis epidemiológicos para as malignidades caninas poderiam
permitir o planejamento e a adoção de medidas preventivas e terapêuticas
mais adequadas (DALECK et al., 2008).

Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi o de realizar uma


investigação retrospectiva baseada nas fichas clínicas de cães diagnosticados
com neoplasias, atendidos em um hospital veterinário da cidade de São Paulo
(SP) no período 2009-2010, a fim de se determinar quais foram os tumores
mais comuns encontrados e obter dados relativos à idade, gênero e raça dos
animais acometidos.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foi realizado um estudo descritivo, de caráter retrospectivo, a partir das fichas


clínicas de todos os pacientes caninos diagnosticados com neoplasias atendidos
no hospital veterinário da Universidade Cruzeiro do Sul (São Paulo, SP, Brasil)
no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010. Foram coletadas
informações de gênero, idade e raça, bem como do tipo de neoplasia com base
no exame histopatológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

No período 2009-2010, 213 cães foram diagnosticados com neoplasias, sendo


que 38 desses animais apresentaram 2 ou mais tipos de tumores, elevando o
número total de casos para 251. A proporção encontrada foi de 64,31% dos
casos em fêmeas e 35,69% em machos, com idade média de 10,1 anos e a
maioria dos casos concentrada na faixa dos 8 aos12 anos, em concordância
com os dados encontrados por De NARDI et al. (2002) e SANTOS et al. (2013).
Atualmente, a prevenção de doenças infecciosas mediante esquemas de
vacinação, os avanços tecnológicos no diagnóstico e tratamento de doenças e a
nutrição apropriada por meio de dietas balanceadas e terapêuticas permitem
aos cães maior longevidade. Dessa forma, a incidência de câncer aumenta, uma
vez que maior se torna a exposição dos animais a agentes carcinogênicos
(DALECK et al., 2008; HANSEN e KHANNA, 2004).
206

As raças mais afetadas foram cães sem raça definida (SRD), seguidos por cães
das raças Poodle, Pit Bull e Rottweiler (Tabela 1). A maior prevalência em cães
SRD pode estar relacionada ao fato de esses constituírem a grande maioria dos
animais atendidos pelo hospital veterinário no qual o estudo foi realizado. Das
251 neoplasias, 141 foram malignas (56,18%) e 110, benignas (43,82%), sendo
109 de origem epitelial (43,43%), 99 de origem mesenquimal (39,44%) e 43 de
células redondas (17,13%). Os tumores mamários representaram 60,5% de
todas as neoplasias epiteliais, no entanto, 74,24% deles foram malignos,
percentual mais elevado que o descrito na literatura (De NARDI et al., 2002;
SANTOS et al., 2013; WITHROW et al., 2013). A alta incidência de tumores
mamários está relacionada ao desconhecimento da população acerca dos
benefícios da castração precoce, bem como pela ignorância dos proprietários
em relação aos efeitos da terapia hormonal e sobre as possíveis medidas
profiláticas que poderiam ser adotadas (De NARDI et al., 2002; SANTOS et al.,
2013).

Neoplasias de origem mesenquimal totalizaram 39,44% dos casos, percentual


mais elevado que o encontrado em estudos prévios (De NARDI et al., 2002;
WITHROW et al., 2013), e lipomas representaram o tipo mais comum delas,
perfazendo 34,34% dos casos (Tabela 2).

CONCLUSÃO:

Concluiu-se que a prevalência aumentada de neoplasias caninas está


correlacionada com a maior longevidade dos animais. Neoplasias de origem
epitelial foram mais comuns que as mesenquimais e as de células redondas.
Fêmeas sem raça definida foram as mais afetadas, apresentando
principalmente tumores mamários malignos.

REFERÊNCIAS:

DALECK, C.R.; De NARDI, A.B.; RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São


Paulo: Roca, 2008. 636p.

De NARDI, A.B.; RODASKI, S.; SOUSA, R.S. et al. Prevalência de neoplasias e


modalidades de tratamento em cães atendidos no hospital veterinário da
Universidade Federal do Paraná. Archives of Veterinary Sciences, v. 7, p. 15-26,
2002.
207

HANSEN, K.; KHANNA, C. Spontaneous and genetically engineered animal


models: use in preclinical cancer drug development. European Journal of
Cancer, v. 40, p. 858-880, 2004.

SANTOS, I.F.C.; CARDOSO, J.M.M.; OLIVEIRA, K.C. et al. Prevalência de


neoplasias diagnosticadas em cães no Hospital Veterinário da Universidade
Eduardo Mondlane, Moçambique. Arquivos Brasileiros de Medicina
Veterinária, v. 65, p. 773-782, 2013.

WITHROW, S.J.; VAIL, D.M.; PAGE, R.L. Withrow and MacEwen’s small animal
clinical oncology. St. Louis: Saunders Elsevier, 2013. 768p.

71. ESTUDO RETROSPECTIVO DE 267 AFECÇÕES POR PROTEUS MIRABILIS E


PROTEUS VULGARIS EM CÃES (2003 A 2013)

MÁRCIO GARCIA RIBEIRO1*, ANTONIO CARLOS PAES1, SIMONY TREVIZAN


GUERRA2, CAROLINA LECHINSKI DE PAULA2, JOÃO LUIS REVOLTA CALLEFE3,
FERNANDO JOSÉ PAGANINI LISTONI4
1
Professores Adjuntos em Enfermidades Infecciosas dos Animais,
Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública (DHVSP), FMVZ-
UNESP/Botucatu, SP. CP 560, Cep. 18.618-970. Botucatu, SP. Email:
mgribeiro@fmvz.unesp.br
2
Pós-graduandos em Medicina Veterinária, Área Saúde Animal, Saúde Pública
Veterinária e Segurança Alimentar, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia (FMVZ) – UNESP/Botucatu, SP
3
Acadêmico de Medicina Veterinária - FMVZ - UNESP/Botucatu, SP

4 Auxiliar de Suporte Acadêmico - DHVSP-FMVZ - UNESP/Botucatu, SP

RESUMO:
Proteus sp. são enterobactérias encontradas no ambiente e na água,
associadas a diversas infecções oportunistas em animais de companhia,
particularmente otite e infecções do trato urinário. Foi realizado o estudo
retrospectivo de 267 afecções clínicas em cães causadas por Proteus mirabilis
ou Proteus vulgaris. As manifestações clínicas mais frequentes foram otite
208

(41,6%), enterite (23,2%) e infecção do trato urinário (22,8%), seguidos em


menor frequência por dermatite (2,6%), piometra (1,9%), pneumonia (1,5%),
conjuntivite (1,5%), encefalite (0,8%) e outras (4,1%).

Proteus são enterobactérias encontradas no ambiente e na água, associadas a


diversas infecções em cães causadas, em geral, pela contaminação da água,
alimentos, instrumental cirúrgico, equipamentos e utensílios de uso comum
nos animais (Quinn et al., 2011, Koenig, 2012). Em razão da eliminação fecal e
da ampla distribuição no ambiente, as bactérias do gênero Proteus assumem
comportamento tipicamente oportunista nas afecções em cães (Songer e Post,
2005).

No Brasil, as descrições das infecções por Proteus spp. estão praticamente


restritas aos relatos de caso ou compondo estudos com outros agentes
(Oliveira et al., 2012). Ainda, por vezes, são negligenciadas, relegadas ao
segundo plano ou o micro-organismo é considerado “contaminante”, mesmo
que seja o patógeno primário. No entanto, tem-se observado crescente
descrição do micro-organismo, multidroga resistentes, em grande diversidade
de manifestações clínicas em animais domésticos e humanos (Songer e Post,
2005; Quinn et al., 2011). O presente estudo investigou as principais
manifestações clínicas em 267 casos de infecções por Proteus mirabilis (P.
mirabilis) ou Proteus vulgaris (P. vulgaris) em cães.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram investigadas as principais manifestações clínicas em 267 casos de


isolamento de P. mirabilis e P. vulgaris a partir de diferentes espécimes clínicos
(urina, abscessos, líquor, fragmentos de órgãos, pele, secreções de conduto
auditivo, conjuntiva e uterina) enviados para o Laboratório de Diagnóstico
Microbiológico da FMVZ-UNESP/Botucatu, SP, entre 2003 a 2013. Os diferentes
espécimes clínicos foram semeados nos meios de ágar acrescido de sangue
bovino (5%) e ágar MacConkey, mantidos em condições de aerobiose, a 37oC,
por 72 horas. Os micro-organismos foram identificados com base em
características morfotintoriais, bioquímicas e de cultivo (Quinn et al., 2011).

RESULTADOS:
209

Os principais sinais clínicos em 267 casos de isolamento de P. mirabilis, P.


vulgaris e associações em cães. No decorrer dos 11 anos de estudo, as
manifestações clínicas mais frequentes foram otite (41,6%), enterite (23,2%) e
infecção do trato urinário (22,8%).

DISCUSSÃO:

No Brasil, as descrições de Proteus sp. em cães estão praticamente


restritas aos relatos de casos ou compondo estudos com outros agentes. Ainda,
não raro, a bactéria é negligenciada ou considerada “contaminante”, mesmo
que seja o agente primário. No presente estudo foi observada grande
diversidade de afecções por P. mirabilis, P. vulgaris e associações,
provavelmente em virtude da ampla presença do agente no ambiente,
contaminando água, alimentos, material cirúrgico, feridas e utensílios de uso
comum nos cães.

CONCLUSÕES:

Infere-se a grande diversidade de afecções causadas por P. mirabilis e P.


vulgaris em cães, reforçando o comportamento oportunista do agente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

KOENIG, A. Gram-negative bacterial infections. In: Greene, C.E. Infectious


diseases of the dog and cat. 4.ed. St. Louis, Missouri: Elsevier Saunders, 2012.
p.349-359.

OLIVEIRA, V.B., RIBEIRO, M.G., ALMEIDA, A.C.S. et al. Etiologia, perfil de


sensibilidade e aspectos epidemiológicos na otite canina: estudo retrospectivo
de 616 casos. Semina, v.33, p.2367-74, 2012.

QUINN P.J., MARKEY, B.K., LEONARD, F.C. et al. Veterinary microbiology and
microbial disease. UK: Wiley-Blackwell, 2011. 912p.

RADOSTITS, O.M., GAY, C.C., HINCHCLIFF, K.W. et al. Veterinary medicine: a


textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. Philadelphia,
PA: Saunders Elsevier, 2007. 2156p.
210

72. ESTUDO RETROSPECTIVO DE CIRURGIAS DESCOMPRESSIVAS DA COLUNA


TORACOLOMBAR REALIZADAS APÓS RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
JULIANY G. QUITZAN¹, NATÁLIA LEONEL FERREIRA¹, EMERSON GONÇALVES
MARTINS SIQUEIRA¹, ISADORA PACÍFICO¹, GUILHERME G. FRANCO², REBECA B.
ABIBE¹.
¹ - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Campus de
Botucatu.
RESUMO:
As afecções da medula espinhal podem ter diferentes origens, sendo a doença
do disco intervertebral (DDIV) a causa mais comum de compressão medular. A
DDIV pode ser classificada como Hansen I ou II, e o diagnóstico baseia-se na
anamnese, sinais clínicos e exames de imagem avançada. Além de auxiliar no
diagnóstico, os exames de Ressonância Magnética (RM) e Tomografia
Computadorizada (TC) também são importantes na determinação da forma de
tratamento e planejamento cirúrgico, quando este é recomendado. Este
estudo retrospectivo teve como objetivo analisar a evolução pós-operatória de
21 animais que foram submetidos à cirurgia descompressiva da coluna
toracolombar. A técnica cirúrgica foi baseada no exame clínico e exames de
RM.
INTRODUÇÃO:
As afecções da coluna vertebral são classificadas como extradurais,
intramedulares e intradurais/extramedulares. Dentre as extradurais, destaca-se
a doença do disco intervertebral (DDIV), causa mais comum de compressão
medular em cães. As extrusões (Hansen tipo I)comumente são agudas, os
animais apresentam como dor, paresia ou plegia e alterações dos reflexos e
sensibilidade dolorosa (Brisson, 2010). Pacientes acometidos podem ter sua
clínica neurológica classificada em cinco graus: I- dor; II-dor, ataxia e
diminuição de propriocepção; III- paraparesia/paraplegia; IV- paraplegia com
retenção ou incontinência urinária; V- idêntico ao IV, associado à perda da
sensibilidade dolorosa profunda (Mendes & Bahr Arias, 2012). Os exames de
imagem são de uso importante para diagnóstico da lesão. A radiografia simples
serve apenas como exame de triagem, auxiliando na localização da diminuição
do espaço intervertebral (EIV) e mineralização de discos (Brisson, 2010). A
ressonância magnética (RM) é considerada padrão ouro por permitir precisão
na localização tridimensional do disco afetado.
O objetivo deste estudo retrospectivo é avaliar a evolução pós-operatória dos
animais com DDIV toracolombar submetidos à cirurgia para descompressão
211

medular com auxílio de exames de imagem avançada (RM/ TC) na escolha da


técnica cirúrgica.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Foi realizado um estudo retrospectivo com 21 cães atendidos no período de
fevereiro 2013 a fevereiro de 2015. Os critérios de seleção foram o diagnóstico
de lesão medular no segmento T3-L3, submetidos ao procedimento cirúrgico. A
localização da lesão deu-se por meio de exame neurológico, exame
radiográfico e RM. Nestes pacientes, foi analisado grau de lesão medular pré e
pós-cirúrgico (I a V), EIV acometido, tempo de evolução até a cirurgia e técnica
cirúrgica utilizada para descompressão.
No pós-operatório, os animais foram avaliados segundo os critérios utilizados
por Mendes & Bahr Arias (2012), que consideram como recuperação funcional
total o retorno total das funções motora, visceral, sensorial e alívio da dor,
recuperação parcial quando essas funções tiveram retorno incompleto e não
recuperação quando não houve alteração no quadro.
RESULTADOS:
No período em questão, foram realizadas 58 cirurgias na coluna vertebral,
sendo que as cirurgias da coluna T-L devido à alteração discal representaram
36% do total de cirurgias realizadas. Dos 21 animais, 10 (47,6%) apresentavam
inicialmente grau III 7 (33%) grau V, 2 grau II e 2 grau IV (9,5%).
O EIV mais acometido foi T12-T13 (10 animais, 42%), seguido por T11-T12, com
21% (5 animais). O tempo médio entre o surgimento dos primeiros sinais
clínicos até o momento da cirurgia foi de 13 dias, sendo que 43% dos pacientes
foram submetidos à cirurgia entre os primeiros 7 dias. As técnicas de
descompressão utilizadas foram Hemilaminectomia (4), Pediculectomia (14) e
Corpectomia (2). Dos 21 animais, 14 deles tiveram as técnicas associadas à
fenestração dos discos intervertebrais dos EIV caudais e craniais ao EIV
acometido.
Na evolução pós-operatória, 13 animais (62%) apresentaram recuperação
funcional parcial, a maioria em até 10 dias, 2 animais (9,5%) apresentaram
recuperação total em até 6 meses, 4 animais (19%) não se recuperaram e 2
não compareceram aos retornos para avaliação.
DISCUSSÃO:
Apesar da literatura citar que a compressão discal acomete principalmente a
região T-L (Brisson, 2010), em nosso estudo apenas 36% das cirurgias de coluna
foram por esse motivo, em virtude da alta casuística de traumas e fraturas da
coluna vertebral em nosso serviço.
212

Na maioria dos casos, o tempo transcorrido até o momento da cirurgia não


esteve dentro do intervalo ideal, que seria de 48 horas (Meirelles, 2008). Esse
maior intervalo ocorreu em virtude da demora do proprietário em procurar o
serviço e pode ter afetado a recuperação pós operatória, dado que a maior
parte dos casos recuperou-se parcialmente. Entretanto, todos referiram
melhora na qualidade de vida, incluindo o controle da dor e diminuição na
necessidade de analgésicos.
Com auxílio da RM, foi possível identificar o espaço intervertebral e o lado
acometido. O EIV T12-T13 foi o mais acometido, divergindo do obtido por
McKee et al.(2015),onde a maioria foi o T13-L1. Entretanto, este estudo avaliou
somente extrusões associadas ao exercício.
As técnicas realizadas para o tratamento da DDIV baseiam-se na
descompressão da medula espinhal por meio da retirada do material contido
no canal. Por localizar a lesão com maior precisão, as imagens de RM também
auxiliaram a escolha da melhor técnica cirúrgica para cada paciente, tendo em
vista o prognóstico pós-operatório. Dos animais atendidos, 14 deles foram
submetidos à pediculectomia, cuja vantagem em relação às outras técnicas é
melhor visibilização da porção ventral do canal vertebral e menor risco de
instabilidade vertebral.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados obtidos, observou-se que o maior de tempo de
evolução decorrido até o momento da cirurgia pode afetar o prognóstico de
retorno adequado à deambulação. Além disso, a RM permite um planejamento
adequado e preciso da técnica cirúrgica.
REFERÊNCIAS:
BRISSON, B. A. Intervertebral disc disease in dog. Veterinary Clinics of North
America. Small Animal Practice. V. 40, n 5, p. 829-858, 2010.
McKEE, W. M.; DOWNES, C. J.; PINK, J. J.; GEMMILL, T. J. Presumptive exercise-
associated peracute thoracolumbar disc extrusion in 48 dogs. Veterinary
Record, v.166, p.523-528, abril.2010.
MENDES, D.S; BAHR ARIAS, M.V. Traumatismo da medula espinhal em cães e
gatos: estudo prospectivo de 57 casos. Pesquisa Vetetinária Brasileira. v.32,
n.12, p. 1304-13012, dez.2012.
MEIRELLES, V.M. Recuperação da função locomotora de cães com discopatia
após cirurgia de fenestração discal toraco-lombar. Estudo retrospectivo. 2007.
Jaboticabal. 89f. Dissertação (Mestrado em Cirurgia Veterinária) – Curso de Pós
213

Graduação em Cirurgia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e


Veterinárias – UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
214

73.ESTUDO RETROSPECTIVO DE DERMATOFITOSE FELINA NO HOSPITAL


VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA ENTRE 1994 E
2012

Karyn Aparecida Rossa - Médica Veterinária autônoma. E-mail:


karynrossa@hotmail.com

Eduardo Yudi Hashizume - Médico Veterinário autônomo.

Marcelo de Souza Zanutto - Médico Veterinário, Dr., Professor do


Departamento de Clínicas Veterinárias do Hospital Veterinário da Universidade
Estadual de Londrina.

Aline Artioli Machado Yamamura - Médica Veterinária, Dra., Professora do


Departamento Medicina Veterinária Preventiva do Hospital Veterinário da
Universidade Estadual de Londrina.

Roberta Lemos Freire - Médica Veterinária, Dra., Professora do Departamento


Medicina Veterinária Preventiva do Hospital Veterinário da Universidade
Estadual de Londrina.

RESUMO:

O objetivo do presente trabalho foi avaliar as características clínico-


epidemiológicas da dermatofitose felina no período de junho de 1994 a
dezembro de 2012 no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de
Londrina. Foram avaliados 92 prontuários de pacientes felinos. Observou-se
que na grande maioria dos cultivos o fungo isolado foi o Microsporum canis. Os
machos foram mais acometidos. A maior parte dos felinos era sem raça
definida. A maioria dos proprietários e animais contactantes não apresentava
lesões de pele. O prurido estava ausente em 72% dos casos. Em 34% dos
animais não havia outros sinais clínicos além dos dermatológicos. A faixa etária
predominante foi de animais jovens, com idade média de cinco meses. A maior
parte dos casos ocorreu durante o outono e verão. Dos animais avaliados com
a Lâmpada de Wood, houve fluorescência em 64,7% dos casos. Na maioria dos
gatos as lesões eram múltiplas, sendo as mais comumente observadas
alopecia, crostas e escamas, localizadas predominantemente nas regiões
cefálica, de tronco e de membros.
215

74. ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASIAS DE PELE EM CÃES, NA REGIÃO


METROPOLITANA DE BELÉM-PA, NO PERÍODO DE 2013 A 2014.
RENZO BRITO LOBATO¹, ADRIANA MACIEL DE CASTRO CARDOSO¹, BRENO
COSTA DE MACEDO¹, KARINA FERREIRA SILVEIRA¹, NATÁLIA FREITAS DE SOUZA¹,
WASHINGTON LUIZ ASSUNÇÃO PEREIRA¹.
¹Universidade Federal Rural da Amazônia

O presente trabalho objetivou levantar dados epidemiológicos a respeito das


neoplasias cutâneas diagnosticadas na região metropolitana de Belém-PA. Para
tal realizou-se um estudo retrospectivo acerca dos casos diagnosticados no
período de 2013 a 2014 em um laboratório de patologia localizado na região
metropolitana de Belém-PA. Observou-se a prevalência de neoplasias de
origem mesenquimal (47,1%). A maior parte dos casos analisados
apresentaram comportamento celular maligno (58,82%). O mastocitoma
constituiu o diagnostico mais frequente com 25,5% do total dos casos. Entre os
animais avaliados predominaram os SRD (55,1%). 65,3% dos animais afetados
eram fêmeas e 61,36% foram classificados como adultos (61,36%).

INTRODUÇÃO:
A pele é constituída de epiderme, derme, anexos e subcutâneo (Van Dijk et al.,
2008), sendo organizada em uma estrutura complexa, susceptível a uma
grande variedade de neoplasias primarias e secundarias (Morris e Dobson,
2007), podendo estas serem classificadas como: epiteliais, mesenquimais e
melanocíticas (Van Dijk et al., 2008).
Os casos de neoplasias cutâneas são rotineiramente diagnosticados na clínica
de pequenos animais, compondo o grupo de maior incidência de neoplasias em
cães (Morris e Dobson, 2007).
Tendo em vista a crescente importância das neoplasias cutâneas na medicina
veterinária, assim como a diversidade de neoplasias as quais este tecido é
susceptível, o presente trabalho objetivou levantar dados a respeito da
ocorrência de neoplasias cutâneas em cães na região metropolitana de Belém.

MATERIAL E MÉTODOS:
Realizou-se a análise retrospectiva dos casos de biopsia cutânea diagnosticadas
como neoplasias em um laboratório de patologia animal localizado na região
metropolitana de Belém-PA no período de janeiro de 2013 a dezembro de
2014, avaliando-se o tipo histológico do tumor, comportamento, raça, sexo e
idade. A divisão etária foi realizada de acordo com a metodologia adotada por
Goldston e Hoskins, 1999.
216

RESULTADOS:
Totalizou-se 51 casos de neoplasias cutâneas, sendo 27,4% de origem epitelial,
66,7% mesenquimal, 3,9% melanocítica e 2% mista. O caráter maligno foi
observado em 58,82% dos casos.
Os neoplasmas de origem epitelial (14) apresentaram comportamento benigno
em 35,8% dos casos, sendo 60% destes caracterizados histologicamente como
adenoma sebáceo, 20% epitelioma e 20% tricoepitelioma. 64,2% das neoplasias
epiteliais apresentaram comportamento maligno e foram caracterizadas como
carcinoma basocelular em 44,4% dos casos, adenocarcinoma de glândulas
sebáceas 22%, carcinoma espinocelular 22,2% e carcinoma papilífero 11,1%.
Das neoplasias mesenquimais (34), as benignas representaram 47,1% dos
casos, sendo estas classificadas em 56,9% dos casos como lipoma, 31,25%
hemangioma e 12% histiocitoma.Quanto às malignas (52,9%), 72% destas
foram mastocitoma, 22,2% fibrossarcoma e 5,5% hemangiossarcoma. O
mastocitoma representou o tipo histológico de maior ocorrência, diagnosticado
em 25,5% do total de casos analisados.
Um único caso foi identificado como neoplasia de origem mista, constituindo
carcinossarcoma. A origem melanocítica foi observada em dois casos de
melanoma.
Dentre os animais estudados (49), 55,10% foram considerados sem raça
definida (SRD), 14,28% Poodle, 8,16% Cocker Spaniel e Pitt Bull , 4,08%
Rottweiler e Shar Pei, 2% Fila Brasileiro, Shih tzu e Teckel.
Do total de animais (49), 34,7% eram machos e 65,3% fêmeas. Quanto a idade,
5 indivíduos não apresentavam esta informação em seus registros, os demais
foram classificados, 61,36% como adultos, 36,36% como idosos e 2,3% como
filhotes.

DISCUSSÃO:
A prevalência de mastocitomas entre os tumores já foi relatada por diversos
autores como Bellei et al. (2006) e Meirelles et al. (2010). Bellei et al. (2006)
avaliou 917 casos de neoplasias cutâneas em Santa Catarina e identificou
prevalência de comportamento celular benigno em 62,6% dos casos,
divergindo do observado no presente estudo. Uma discreta prevalência de
neoplasias mesenquimais foi descrita por Meirelles et al. (2010) em um estudo
retrospectivo no Rio Grande do Sul.
A prevalência de neoplasias cutâneas em cães mais velhos tem sido atribuída
ao envelhecimento do sistema imunológico (Weller, 2004) e a prolongada
exposição da pele a agentes cancerígenos do ambiente (Bellei et. al,2006). A
predominância em cães sem raça definida pode ser explicada pelo contingente
217

populacional com relação aos animais de raça, corroborando com Ballei et al.
(2006).

CONCLUSÃO:
Há prevalência de neoplasias cutâneas de origem mesenquimal, sendo o
comportamento celular mais frequente o maligno. O mastocitoma constituiu o
principal tipo histológico diagnosticado. As neoplasias foram mais
diagnosticadas em animais SRD, fêmeas e adultos.

REFERÊNCIAS:
BELLEI et. al. Prevalência de neoplasias cutâneas diagnosticadas em caninos no
estado de Santa Catarina, no período entre 1998 a 2002. Revista de Ciências
Agroveterinárias, Lages, v.5, n.1, p. 73-79, 2006.
CONCEIÇÃO, L.G.; LOURES, F.H.; CLEMENTE, J.T. Biópsia e histopatologia da
pele: um valioso recurso diagnóstico na dermatologia - revisão - parte 1.
Clínica Veterinária, ano 9, p.36-44, 2004.
GOLDSTON, R.T & HOSKI S, J.D. 1999. Geriatria e Gerontologia em Cães e
Gatos. Roca, São Paulo, 551p.
MEIRELLES A.E.W.B.; OLIVEIRA, E.C.; RODRIGUES, B. A. et al. Prevalência de
neoplasmas cutâneos em cães da Região Metropolitana de Porto Alegre, RS:
1.017 casos (2002-2007). Pesq. Vet. Bras. 30(11):968-973, novembro 2010.
MORRIS, J.; DOBSOM, J. Oncologia em Pequenos Animais, São Paulo: Roca,
2007. 300p.
MURPHY S. Skin neoplasia in small animals. Common canine tomours. In Pract.
28: 398-402. 2006.
VAN DIJK. J.E; GRUYS, E. MOUWEL J.M.V.M. Atlas colorido de patologia
veterinária: reações morfológicas gerais dos órgãos e tecidos/ editado por J.E.
van Dijk, E. Gruys e J. M. V. M. Mouwen: tradução Fabiana Buassaly.- 2 ed.- Rio
de janeiro; Elsevier; 2008.
WELLER, R. Epidemiologia, etiologia e saúde pública. In: Segredos em
Oncologia Veterinária. Rosenthal, R.C. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. cap.1,
p.17-20.

75. ESTUDO RETROSPECTIVO DOS CASOS DE OSTEOSSARCOMA APENDICULAR


SUBMETIDOS A DIFERENTES FORMAS DE TRATAMENTO.
JULIANY G. QUITZAN¹, NATÁLIA LEONEL FERREIRA¹, ISADORA PACÍFICO¹,
EMERSON GONÇALVES MARTINS SIQUEIRA¹, JOÃO AUGUSTO LEONEL DE
SOUZA2
1
FMVZ – UNESP, Campus de Botucatu.
218

2
FCAV – UNESP, Campus de Jaboticabal.
RESUMO:
Este estudo objetivou angariar dados para avaliação do tempo de sobrevida em
pacientes diagnosticados com osteossarcoma apendicular. Foram incluídos 57
animais, dos quais os submetidos ao tratamento cirúrgico associado à
quimioterapia tiveram maior sobrevida, estendendo-se em média por 333 dias.
Os animais tratados apenas com intervenção cirúrgica tiveram sobrevida de
144 dias, resultado semelhante aos encontrados na literatura.
INTRODUÇÃO:
O Osteossarcoma (OSA) corresponde a aproximadamente 85% das neoplasias
ósseas em cães, acometendo principalmente raças grandes e gigantes de meia
idade a idosos, com média de 7 – 8 anos. Apresenta predisposição para os
membros torácicos, cerca de duas vezes mais acometidos, sendo os sítios mais
comuns o rádio e ulna distal e o úmero proximal, por receberem maior carga
de peso, próximo às fises. Nos membros pélvicos os principais sítios são fêmur
distal, tíbia distal e proximal (Ehrhartetal, 2013).
Trata-se de uma neoplasia intensamente metastática, sendo a via mais comum
a hematógena, os sítios mais acometidos são os pulmões, seguidos por ossos
distantes e linfonodos.
O tratamento baseado na amputação do membro afetado proporciona uma
sobrevida curta que se estende em média por 5 meses. Quando associada à
quimioterapia, aumenta-se a sobrevida em aproximadamente 1 ano
(Boermanet al., 2012).
O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento da sobrevida média de
cães acometidos com OSA, submetidos a diferentes tratamentos.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram avaliados os prontuários de pacientes atendidos com diagnóstico
histopatológico, citológico ou radiográfico de OSA, no período de fevereiro
2009 a agosto de 2014. Dos 91 casos registrados, 57 pacientes atendiam as
exigências para adentrar no estudo. Os dados analisados foram – idade, peso,
sexo, raça, forma de diagnóstico, Fosfatase Alcalina Sérica (FA), osso
acometido, presença de metástase pulmonar no momento do diagnóstico,
tratamento e tempo médio de sobrevida.
RESULTADOS:
Dos 57 animais avaliados, 34 eram fêmeas e 23 machos com média de idade foi
8,4 anos. O peso médio foi de 38,6kg, e apenas 8 animais (14%) pesavam
menos de 25kg. O Rottweiller foi a raça mais acometida, seguida pelos SRD. O
219

diagnóstico predominante foi realizado foi citológico (CAAF), em 28 pacientes


(50%), seguido pelo diagnostico radiográfico (19 pacientes-34%) e por fim, 8
pacientes com diagnostico histopatológico. A dosagem de FA foi realizada em
29 animais, cujo valor médio foi de 334,26UI/L (referência: 20-156 UI/L). Os
MTs foram mais acometidos, com destaque para acometimento no úmero
proximal (22 animais), com sobrevida média de 120 dias, seguido por rádio
e/ou ulna distal (11), com sobrevida media de 91 dias.
Realizou-se radiografia torácica em 49 pacientes, 12 destes apresentavam
metástases no momento da primeira consulta, os quais tiveram uma vida
media de 51 dias. Já os 37 pacientes que não tinham metástases detectáveis
pelo exame sobreviveram em média 132 dias.
Dos 57 pacientes estudados, 15 tiveram como tratamento a intervenção
cirúrgica (IC), apenas 3 realizaram a amputação associada à quimioterapia
(IC/QT) e 3 apenas quimioterapia (QT). As médias de sobrevida para cada
tratamento foram de 144, 333, 62 dias, respectivamente. Optou-se por
controle da dor como forma de tratamento paliativo em 21 animais (média de
sobrevida de 90 dias) e eutanásia em 15 animais.
DISCUSSÃO:
Os dados epidemiológicos deste levantamento corroboram o estudo de
Ehrhart et al (2013), onde OSA acometeu mais cães de meia idade à idosos,
principalmente raças grandes e gigantes. As fêmeas podem ser mais
predispostas, como aqui relatado, embora nem todos atribuam o sexo como
fator predisponente (Silveira et al., 2008). O diagnóstico definitivo pode ser
feito pela CAAF e/ou exame histopatológico, entretanto a radiografia é
altamente sugestiva (Silveira et al., 2008). Neste estudo evidenciou que, na
maioria dos pacientes, o exame radiográfico foi mais utilizado para prover o
diagnóstico.
A FA sérica é considerada como um fator prognóstico, sendo associada a
osteoblastos com atividade aumentada devido a grandes tumores ou com
metástases em tecidos ósseos. Em nosso estudo, a dosagem de FA foi realizada
em 29 pacientes. Os animais com valores de FA próximo à normalidade tiveram
sobrevida de 720 dias e aqueles com valores acima apresentaram sobrevida de
120 dias.
Foi evidenciado maior ocorrência de OSA nos MTs. O úmero proximal foi o osso
mais acometido. Segundo estudo conduzido por Boermanet al (2012), esta
localização proporciona um pior prognóstico, com média de sobrevida de 132
dias. No presente estudo, os animais que tiveram OSA no úmero obtiveram
sobrevida media de 102 dias.
220

Segundo Ehrhartet al (2013), metástase no momento da consulta é um achado


incomum, atingindo no máximo 10% dos animais acometidos. Entretanto, esse
valor foi de 24% no presente estudo. A incidência de metástase pulmonar pode
variar de acordo com a localização do tumor (Chun & Lorimier, 2003) o que
poderia justificar a divergência nos valores encontrados.
Em um estudo retrospectivo de 50 casos de OSA canino, as diferentes formas
de tratamento foram comparadas e constatou-se que aumenta o tempo de
evolução após a consulta, em média 462 dias (Silveira et al., 2008). O resultado
obtido em nosso estudo para animais tratados pela associação IC/QT foi uma
média de 333 dias.
Em todos os casos não foi possível contabilizar a evolução pré-consulta, o que
pode prejudicar a comparação mais precisa dos dados.
CONCLUSÃO:
A amputação é tida como um tratamento paliativo, sendo necessário um
trabalho de conscientização do proprietário sobre as vantagens do tratamento
agressivo com IC/QT.
REFERÊNCIAS:
BOERMAN, I.; SELVARAJAH, G.T.; NIELEN, M. et al. Prognostic factors in canine
appendicular osteosarcoma – a meta-analysis. BMC Veterinary Research, v.8,
n.56, 2012.
CHUN R.; LORIMIER, L.P. Update on the biology and managementof canine
osteosarcoma.VeterinaryClinics: Small Animal Practice, v.33, p. 491–516,
2003.
EHRHART, N.P.; RYAN, S.T. e FAN, T.M. Tumors of the Skeletal System.In:
WITHROW, S.J.; VAIL, D.M. e PAGE, R.L. Small Animal Clinical Oncology, 5.ed.
Elsevier Saunders, 2013, cap.24, p. 463-503.
SILVEIRA, P.R.; DALECK, C.R.; EURIDES, D. et al. Estudo retrospectivo de
osteossarcoma apendicular em cães.Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 2, p. 487-
495, abr./jun. 2008.

76. EXOFTALMIA ASSOCIADA À SIALOCELE DA GLÂNDULA ZIGOMÁTICA DE


CÃO- RELATO DE CASO
RODRIGUES, G. G.1; PEREIRA, A. C.1; SANTOS, A. M.2; ANDRADE, A. L.3
1
Mestranda no Programa de Ciência Animal da Faculdade de Medicina
Veterinária, Unesp, campus de Araçatuba
2
Médica veterinária residente do Hospital Veterinário “Luis Quintiliano de
221

Oliveira”- Faculdade de Medicina Veterinária, Unesp, campus Araçatuba


3
Professor do Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal da
Faculdade de Medicina Veterinária, Unesp, campus de Araçatuba
gi.vet10@hotmail.com
Sialoceles são coleções de saliva produzidas por obstrução de ductos ou por
alterações glandulares, e circundadas por tecido de granulação, pode ser
assintomática ou cursar com sinais clínicos variáveis, dependendo da sua
localização e do tempo de evolução. A sialocele da glândula zigomática é uma
afecção pouco frenquente na clínica de animais de companhia e cursa com
sinais clínicos tardios. O presente relato teve como objetivo descrever um caso
de sialocele de glândula zigomática em uma cadela, bem como alertar aos
clínicos veterinários sobre a sua importância entre os diagnósticos diferenciais
de aumentos de volume periorbitais e exoftalmia.
Sialoceles caracterizam-se por coleções de saliva produzidas por obstrução de
ductos ou por alterações glandulares, e circundadas por tecido de granulação
decorrentes da inflamação ocasionada por contato direto da saliva com o
tecido adjacente. Sendo mais frequentemente observada em cães, ela pode ser
assintomática ou cursar com sinais clínicos variáveis, dependendo da sua
localização e do tempo de evolução (Hedlund & Fossum, 2008). As glândulas
zigomáticas, dentre as quatro principais glândulas salivares do cão, são as
menos envolvidas por esta afecção. Nestes casos, os cães acometidos
apresentam exoftalmia, protrusão da terceira pálpebra, aumento de volume da
mucosa oral próximo ao último molar e/ou abaixo da conjuntiva palpebral
inferior (Atkins et. al., 2010). Devido à sua localização anatômica, logo abaixo
do arco zigomático, os sinais clínicos são observados mais tardiamente. Trata-
se de uma afecção elencada no diagnóstico diferencial de exoftalmia (Lee et al.,
2011). Alguns recursos diagnósticos de imagem vêm sendo utilizados para
confirmação desta suspeita clínica, como radiografias simples, ressonância
magnética intranuclear e tomografia computadorizada (Lee et al., 2014; Canon
et al., 2011; Atkins et al.,2010). Objetivou-se, com este relato, descrever um
caso de sialocele de glândula zigomática em uma cadela, bem como alertar aos
clínicos veterinários sobre a sua importância entre os diagnósticos diferenciais
de aumentos de volume periorbitais e exoftalmia. Um cão, fêmea, da raça
dálmata, com dois anos de idade, foi apresentada junto ao Serviço de Clínica
Cirúrgica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário, com histórico de
assimetria facial periocular e desvio dorso-lateral do bulbo do olho direito,
observado há cinco meses. Anteriormente, em outro estabelecimento
veterinário privado, foi firmado o diagnóstico de prolapso da glândula da
terceira pálpebra e do bulbo do olho, e realizadas duas intervenções cirúrgicas,
222

sem sucesso. Ao exame clínico, foi observado desvio lateral do bulbo do olho
esquerdo, presença de secreção mucóide com diminuição quantitativa da
lágrima ao teste de Schirmer (4mm/minuto), hiperemia conjuntival e protrusão
da terceira pálpebra. O teste de tingimento com fluoresceína foi negativo. A
ecografia ocular revelou estrutura anecoica promovendo deslocando o bulbo
do olho. Procedeu-se, então, a punção líquida guiada, cujo material colhido, de
coloração sanguinolenta, apresentava viscosidade compatível com saliva. O
material foi enviado para cultura e análise citológica, cujos resultados
revelaram a presença de polimorfonucleares e material proteináceo e
crescimento bactérias saprófitas comuns à região anatômica. A análise
hematológica revelou trombocitopenia (60000/ μ) e bioquímica sérica estava
normal. Indicou-se a realização de sialoadenectomia zigomática. No trans-
operatório, observou-se a região periglandular inflamada. No pós-operatório
imediado pôde-se observar o reposicionamento adequado do bulbo do olho na
órbita e a remissão do desconforto apresentado anteriormente. Adotou-se
como cuidados pós-operatórios, a higienização da ferida cirúrgica e pomada
oftálmica à base de acetato de retinol (10.000 UI/g), aminoácidos (25 mg/g),
metionina (5 mg/g) e cloranfenicol (5 mg/g). O proprietário optou por não dar
continuidade ao tratamento, face a dificuldade de deslocamento, pois o
mesmo residia em outra cidade. Estima-se que houve resolução do caso, pois
acreditamos que o proprietário teria retornado ao Serviço, em função do
histórico anterior de insucesso, após dois procedimentos cirúrgicos. Salienta-se
a importância do diagnóstico preciso que impeçam a condução clínico-cirúrgica
equivocada nestes casos. O desconhecimento de afecções elencadas entre as
causas que levem alterações nas regiões retrobulbar, infra-orbitária e intra-
oral, resultam na demora na instituição de tratamentos efetivos com prejuízos
aos pacientes, sem contar com os aspectos bioéticos. A sialocele da glândula
zigomática é uma afecção pouco frenquente na clínica de animais de
companhia que requer diagnóstico e tratamento adequados com a finalidade
de promover conforto ao paciente e evitar danos às estruturas envolvidas, que
possam alterar a função do bulbo do olho.

REFERÊNCIAS:
ATKINS, R. R.; HETCH, S.; WESERMEYER, H. D.; MCLEAN, N. J. Vet. Med. Today:
What is your diagnosis? Journal of American Veterinary Association. Vol 237,
No 12, December 15, 2010.
CANNON, M. S.; PAGLIA, D.; ZWINGERBERGER, A. L.; BOROFFKA, S. A. E. B.;
HOLLINGSWORTH, S.R.; WISNER, E. R. Clinical and diagnostic imaging findings in
dogs with zygomatic sialadenitis: 11 cases (1990-2009). Journal of American
Veterinary Association. Vol 239, No 9, November 1, 2011.
223

HEDLUND, C. S.; FOSSUM, T. W. Cirurgia da cavidade oral e orofaringe. In:


Cirurgia de Pequenos Animais. 3ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p. 339-530.
LEE, N.; CHOI, M.; KEH, S.; KIM, H.; YOON, J. Zygomatic Sialolithiasis Diagnosed
with Computed Tomography in a Dog. J. Vet. Med. Sci. Vol 76(10): 1389-13391,
2014.

77.EXPRESSÃO DO GENE DO RECEPTOR DE ESTRÓGENO α (ESR1) EM


TUMORES DE MAMA CANINO POR qPCR

YARA DE OLIVEIRA BRANDÃO1, MARIANA BUSATO TOLEDO1, THIERRY GRIMA


DE CRISTO2, RENATO SILVA DE SOUSA2, EDNEIA AMANCIO DE SOUZA RAMOS1,
GISELI KLASSEN1

1.Laboratório de Epigenética - Departamento de Patologia Básica - Setor de


Ciências Biológicas - Universidade Federal do Paraná.

2.Laboratório de Patologia Veterinária do Hospital Veterinário - Departamento


de Medicina Veterinária - Setor de Ciências Agrárias - Universidade Federal do
Paraná.

RESUMO:

A etiologia do câncer de mama de cadelas está relacionada com a exposição ao


estrógeno. Para quantificar a expressão do gene do receptor de estrógeno α
(ESR1), três tumores de mama de cadela de adenocarcinoma túbulo papilífero
e cinco de adenocarcinoma sólido tiveram o RNA extraído e foram submetidas
a PCR em tempo real (qPCR). Dados preliminares não mostraram diferenças
estatísticas quanto à expressão de ERα nos tipos histológicos avaliados.

INTRODUÇÃO:
O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente em cadelas não castradas
e dentre os fatores envolvidos em sua patogênese está a exposição ao
estrógeno (Sorenmo et al., 2011). Embora na mulher o receptor de estrógeno-α
(ERα) seja um dos marcadores moleculares para o câncer de mama, na cadela,
ainda há divergências quanto à expressão do gene receptor de estrógeno
(ESR1) e sua relevância no prognóstico para a neoplasia (Matos e Santos, 2015).
Este trabalho tem por objetivo avaliar a expressão do gene ESR1 em diferentes
tipos histológicos em cadelas utilizando a técnica de PCR em tempo real (qPCR).
224

MATERIAL E MÉTODOS:

Oito tumores mamários de cadelas previamente classificados foram


submetidos à extração de RNA utilizando o reagente Trizol®. Após eletroforese
e dosagem, 1000 ng de RNA foram utilizados segundo o protocolo High-
Capacity (Applied Biosystems) para a síntese de cDNA. A quantificação dos
transcritos foi realizada pela técnica de qPCR utilizando o protocolo
SYBR®Green 1x (Applied Biosystems) e concentração de 600 nM dos
iniciadores. O gene RPS18 foi utilizado como normalizador da reação. Para a
análise estatística, os valores da razão dos Ct do gene alvo pelo gene
constitutivo foram submetidos ao teste t Student sendo considerados
significantes quando p<0,05.

RESULTADOS:

Três, das oito amostras, foram histologicamente classificadas como


adenocarcinoma túbulo papilífero, e cinco como adenocarcinoma sólido. Este
último subtipo é o mais comumente associado a maior grau de malignidade
(Peña et al., 2012). O resultado de qPCR não mostrou diferença significativa
estatisticamente em relação a expressão do gene ESR1 entre os tipos
histológicos avaliados.

DISCUSSÃO:

Os dados preliminares da expressão do gene ESR1 obtidos corroboram ao que


já foi descrito na literatura para os adenomas e carcinomas mamários de
cadelas (Klopfleish et al.,2010). No entanto, propõe-se aqui o aumento do
número amostral e o uso de amostras de neoplasias benignas e de mamas não
neoplásicas para auxiliar no entendimento desta patologia.

CONCLUSÃO:

Foi possível quantificar a expressão do gene ESR1 em tumores caninos e o


método de extração de RNA e reação de qPCR foram padronizados. A partir
desses dados será possível a ampliação do número de amostras, para a
obtenção de resultados que possam determinar o valor prognóstico deste gene
em cadelas com câncer de mama.

REFERÊNCIAS:
225

KLOPFLEISCH, R.; KLOSE, P.; GRUBER, A.D. The combined expression pattern of
BMP2, LTBP4 and DERL1 discriminates malignant from benign canine mammary
tumors. Veterinary Pathology, v. 47, p.446–454, 2010.

MATOS, A.J.F., SANTOS, A.A. Advances in the understanding of the clinically


relevant genetic pathways and molecular aspects of canine mammary tumours:
Part 1. Proliferation, apoptosis and DNA repair. The veterinary journal, v.205,
n.2, p.136-143, 2015.

PEÑA, L.; DE ANDRE´S, P. J.; CLEMENTE, M.; CUESTA, P.; PEREZ-ALENZA, M. D.


Prognostic Value of Histological Grading in Non inflammatory Canine Mammary
Carcinomas in a Prospective Study With Two-Year Follow-Up: Relationship With
Clinical and Histological Characteristics. Veterinary Pathology, v.50, p.94-105,
2012.

SORENMO, K. U.; RASOTTO, R.; ZAPPULLI, V.; GOLDSCHMIDT, M. H.


Development, anatomy, histology, lymphatic drainage, clinical features, and
cell differentiation markers of canine mammary gland neoplasms. Veterinary
pathology, v. 48, n. 1, p. 85–97, 2011.

78. FALÊNCIA RENAL POR HEMANGIOSSARCOMA E DIOCTOFIMOSE EM UM


CANINO - RELATO DE CASO

MARCIO BRITO¹, CHARLES LIMA², CERES NAKASU², LUANA DURANTE², VANESSA


MILECH², MARCIA NOBRE³
1
Graduando em Medicina Veterinária UFPel, 2Residente Hospital Veterinário
UFPel, 3Profª DCV, Faculdade Veterinária, UFPel

RESUMO:

O hemangiossarcoma é um tumor mesenquimal de céluas endoteliais


extremamente agressivo, maligno e comum em cães adultos. Atendeu-se um
canino com tumores cutâneos e ocular, progredindo com diversas metástases,
inclusive renal. Relata-se o caso de um canino portador de hemangiossarcoma
multicêntrico e dioctofimose renal, descrevendo terapêutica, sobrevida e
diagnóstico post morten.

INTRODUÇÃO:
226

O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna provinda das células


endoteliais, de grande potencial metastático e seu diagnóstico definitivo é
histopatológico. Remoção cirúrgica e quimioterapia são as mais utilizadas
opções de tratamento, Shith (2003). O Dioctophyma renale é um nematódeo
que parasita os rins de animais domésticos, silvestres e o homem,
diagnosticado através da identificação de ovos na urina ou exame
ultrassonográfico renal, sendo a remoção cirúrgica a única opção terapêutica,
Carvalho (2004). Objetivo desse trabalho é relatar um caso de
hemangiosarcoma multicêntrico e dioctofimose, culminando com falência
renal.

RELATO DE CASO:
Atendeu-se uma fêmea canina de 10 anos apresentando aumento de volume
ocular esquerdo e tumores mamários múltiplos, preconizando-se mastectomia.
Foram realizados exames hematológicos, urinálise e estudo citológico dos
tumores. Além disso, o estudo ultrassonográfico abdominal indicou a presença
de D. renale no rim direito e um tumor irrigado em abdome médio/cranial. A
paciente permaneceu internada e realizou-se exérese de um
hemangiossarcoma, hemangioma e tricoepitelioma na mesma peça. Após um
mês realizou laparotomia exploratória, na qual observou-se a impossibilidade
de remoção das massas intracavitárias, por envolver veia cava, decidiu-se
realizar a nefrectomia direita para remoção de parasitas de D. renale. Devido a
evoução do caso clínico para metástases generalizadas, com perda progressiva
da qualidade de vida, realizou-se a eutanasiada. Na necropsia e no estudo
tecidual foi evidenciada metástase em baço, pulmões, linfonodos
mediastinicos, encéfalo, olho esquerdo, pele e o rim esquerdo remanescente.

DISCUSSÃO:

Sabe-se que o hemangiossarcoma é bastante invasivo, de crescimento rápido e


comum causador de metástases. Baço, coração, pele e fígado são locais
comumente acometidos Page e Thrall (2004). Hammer (2004) ainda relata
possibilidade de envolvimento renal, corroborando com os achados deste
relato, onde o rim, já invadido pelo neoplasma, já não possuia arquitetura
compativel com o órgão. Com relação à dioctofimose trata-se de uma zoonose
não muito conhecida cuja população não possui educação para a prevenção da
227

infecção e geralmente não há sintomatologia clínica até um estado grave da


doença, Martínez (2015). Em geral, estes diagnósticos são achados acidentais,
já que a queixa principal para as consultas são outras diversas, como neste
caso, uma lesão ocular e mamária.

CONCLUSÃO:
O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna e metástases são comuns,
acometimento renal associado a dioctofimose, que pode ser um achado clínico,
torna o prognóstico desfavorável, visto a falência renal.

REFERENCIAS:
CARVALHO. C. F., Sistema Urinário, rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. In:
CARVALHO. C. F. Ultra-sonografia em pequenos animais.São Paulo. Roca, 2004.
Cap. 10, p.111.

HAMMER, A. Hemangiossarcoma. In.: ROSENTHAL, R.C. Segredos em Oncologia


Veterinária. Porto Alegre: Artmed, 2004.

MARTÍNEZ J.L.M. ÁLVAREZ C.S. ;MARIBEL C.G. GONZÁLEZ. M.S.Aspectos


clínicos, preclínicos, terapéuticos y sociales de lainsuficencia renal crónica.
Revista Electrónica de Veterinária, n. 16, v. 3, p.03-19, 2015.

PAGE, R.L.; THRALL, D.L. Sarcomas de Tecidos Moles e Hemangiossarcomas. In:


ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária –
Doenças do cão e do gato. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. v.1.

SMITH, A.N. Hemangiosarcoma in dogs and cats. Veterinary Clinics of North


America: Small Animal Practice.2003. v.33. p.533-552.

79. FIBROADENOCARCINOMA, CARCINOSSARCOMA E LIPOMA EM CADELA –


RELATO DE CASO
SARA LETÍCIA DOS SANTOS ANDRADE¹, SUELLEN BARBOSA DA GAMA
MONGER¹, LUCÉLIA MARTINS DE ANDRADE¹, LUCIEN ROBERTA VALENTE
MIRANDA DE AGUIRRA¹, PAULO HENRIQUE LEAL BERTOLO², WASHINGTON LUIZ
ASSUNÇÃO PEREIRA1
1
Laboratório de Patologia Animal, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Belém, Pará, Brasil. 2Universidade Estadual Paulista (UNESP), Jaboticabal, São
Paulo, Brasil.
228

RESUMO:
O desenvolvimento de neoplasia no tecido mamário de cadelas e gatas é uma
ocorrência comum na clínica dos animais de companhia. Uma cadela, sem raça
definida, de onze anos, apresentava aumento de volume nas mamas e foi
submetida a procedimento cirúrgico para retirada das mesmas. Foi realizado
biópsia com o material retirado cirurgicamente. Após análise macroscópica e
microscópica pôde-se chegar aos diagnósticos de Fibroadenocarcinoma grau III,
carcinossarcoma grau I e lipoma.

INTRODUÇÃO:
Neoplasia é uma massa anormal de tecido, cujo o crescimento excede e não é
coordenado com o do tecido normal, persistindo mesmo depois de cessado o
estímulo que o provocou. A desobediência aos mecanismos normais
controladores da proliferação celular dá à neoplasia sua principal característica
clínica de ser autônoma e agir como um parasita no organismo, competindo
com as células normais por energia e substratos nutricionais e crescendo
indefinidamente (Werner, 2011).
O desenvolvimento de neoplasia no tecido mamário de cadelas e gatas é uma
ocorrência comum na clínica dos animais de companhia, geralmente são
observadas em fêmeas idosas, sendo a maioria previamente submetidas a
castração química através do uso de progestágenos (Fossum, 2008). Os
neoplasmas são classificados de acordo com sua origem e caraterísticas de
benignidade ou malignidade (Jones et al., 2000). Objetivou-se relatar um caso
de múltiplas neoplasias em uma cadela à qual foi submetida a procedimento
cirúrgico para retirada dos neoplasmas.

RELATO DO CASO:
Uma cadela, sem raça definida, de onze anos, passou por atendimento
veterinário. Durante o exame clínico observou-se aumento de volume em
mamas e presença de nódulos. Após a realização de exames complementares o
animal foi encaminhado ao setor cirúrgico onde foi feito a retirada de todas as
mamas afetadas, as quais foram encaminhadas ao Laboratório de Patologia
para realização de biópsia. Dentre as amostras retiradas, dois fragmentos eram
pequenos de consistência elástica com coloração branco amarelada e bordos
irregulares, um nódulo pequeno com bordos irregulares de coloração
amarelada com centro calcificado e consistência firme, e tecido mamário com
nódulo de aspecto de gordura, consistência flutuante e coloração amarelada.
Na microscopia foi possível observar que os primeiros fragmentos
apresentavam-se como neoformações compostas por ductos celulares com
atipia e pleomorfismo, além de estroma bem desenvolvido com células
229

fibroblásticas exibindo anormalidade, característico de Fibroadenocarcinoma


grau III. O nódulo apresentou neoformação composta por túbulos de células
exibindo atipia e padrão carcinomatoso formando ilhas, foram observadas
também área de calcificação e ossificação exibindo um diagnóstico de
carcinossarcoma grau I. E o nódulo de aspecto de gordura se constituía de uma
neoformação composta por grupamentos de adipócitos homotípicos,
caracterizando-se um lipoma.

DISCUSSÃO:
Neste relato de caso foi possível diagnosticar três neoplasias de caráter
histológicos diferentes, o lipoma, fibroadenocarcinoma e carcinossarcoma. O
primeiro tem origem mesenquimal e um caráter benigno, o segundo possui
origem epitelial e o último apresenta uma origem mista, ou seja, tanto epitelial
quanto mesenquimal, ambos com caráter maligno (Fossum, 2008).
No estudo realizado por Daleck et al. (2008) foi possível observar que os
animais de raça não apresentaram predisposição a neoplasias mamárias,
diferente dos animais sem raça definida que apresentam a maior frequência de
animais acometidos por tumores mamários, como a cadela do presente estudo
que é sem raça definida e apresentou múltiplas patologias mamárias.
A cadela do presente relato apresentava uma idade elevada o que a tornou
susceptível as neoplasias encontradas nela, o que condiz com a descrição de
Fonseca (2010) em que as cadelas de meia-idade a velhas são as mais
susceptíveis à ocorrência de tumores mamários.
Clinicamente os tumores mamários são descritos como nódulos solitários ou
múltiplos no interior da glândula mamária, podendo estar associados ao
mamilo (Ettinger e Feldman, 2004). Como foi observado no exame clínico da
cadela de estudo.
Segundo Tanaka (2003), o estadiamento clínico é classificado em: Grau I (tumor
bem diferenciado sem nenhuma invasão vascular ou linfática), Grau II
(diferenciação moderada sem nenhuma invasão) e Grau III (tumor pobremente
diferenciado com ou sem invasão). Como ocorre com as neoplasias do presente
estudo em que o fibroadecarcinoma grau III apresenta-se pouco diferenciado e
com pleomorfismo, diferente do carcinossarcoma grau I que é bem
diferenciado apresentando um padrão carcinomatoso formando ilhas.

CONCLUSÃO:
A análise clínica, juntamente, com o resultado da biópsia do animal determinou
um diagnóstico morfológico de fibroadenocarcinoma grau III, carcinossarcoma
grau I e lipoma.
230

REFERENCIAS:
DALECK, C. R.; FRANCESCHINI, P. H.; ALESSI, A. C. Et al. Aspectos clínicos e
cirúrgicos do tumor mamário canino. Ciência Rural, Santa Maria, v. 28, n. 1, p.
95-100, 1998.
ETTINGER, S.J., FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária:
Doenças do Cão e do Gato. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
577p.
FONSECA, C. S. Sarcomas primários em cadeias mamárias de cadela – relato
de caso. 2010. Rio de Janeiro, 39f. Monografia de pós – graduação. Curso de
pós-graduação "lato sensu" em Clínica Cirúrgica em Pequenos Animais,
Universidade Castelo Branco, rio de janeiro, 2010.
FOSSUM, T. W. Cirurgia do trato genital feminino. In: Cirurgia de pequenos
animais. 3ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p. 729-732.
JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Distúrbios do crescimento: aplasia até
neoplasia. In: Patologia veterinária. 6ed. São Paulo: Manole, 2000. p.87-118.
TANAKA, N. Tumor de mama: Qual a melhor conduta? Boletim Informativo.
Ano Vll, n.29, p.6-8, jan/mar 2003.
WERNER, P. R. Patologia Geral Veterinária aplicada. São Paulo: Roca, 2010.
p.525.

80. FIBROLEIOMIOMA EM UMA CADELA DA RAÇA PASTOR ALEMÃO - RELATO


DE CASO

¹JÉSSICA DO ROCIO RIBAS MACHADO, ¹KELLI CRISTINA GRACIANO, ¹CAROLINA


ALBERTI SIBUT, ¹MARIANA SPADA BITTENCOURT, ²MATHEUS BARBOSA GOMES
CRUZ
¹Acadêmicas do Curso de Medicina Veterinária – UTP, ² Médico Veterinário
Especialista em Cirurgia de Pequenos Animais

RESUMO:
O leiomioma é a mais comum neoplasia benigna de trato reprodutivo, ocorre
com maior frequência em cadelas de meia idade ou idosas. Foi atendida uma
cadela da raça Pastor Alemão, oito anos, apresentando histórico de uma massa
localizada na região da vulva. No exame físico foi constatada a presença de
tumor em região vaginal. Foi recomendado ao tutor a cirurgia de
ovariosalpingohisterectomia (OSH) e biópsia do tumor. O diagnóstico final foi
de fibroleiomioma inflamado, sem malignidade. Foi realizada a retirada do
tumor presente em vulva e a paciente teve boa recuperação pós-operatória
sem complicações.
231

INTRODUÇÃO:
As neoplasias de trato reprodutivo mais comumente observadas em cadelas
são de origem mesenquimal (Kennedy, 1998). Dentro da categoria dessas
neoplasias, a mais comum relatada em Medicina Veterinária é o leiomioma
(Moulton, 1990).
O leiomioma é formado por células da musculatura lisa e o fibroma por tecido
conjuntivo. Contudo, alguns patologistas afirmam que o fibroleiomioma pode
ocorrer quando há proliferação de tecido conjuntivo em meio ao tecido
muscular liso da neoplasia (Cooper, 2002).
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de fibroleiomioma em uma
cadela, demonstrando a avaliação clínica seguida de resolução cirúrgica.

RELATO DE CASO:
Uma cadela da raça Pastor Alemão, oito anos de idade, foi atendida com
histórico de uma massa localizada na região da vulva, com evolução de dois
dias. No exame físico foi constatada a presença de tumor em região vaginal,
medindo aproximadamente 6 cm, não aderido e não ulcerado, onde a principal
suspeita clínica foi de prolapso uterino. Foi recomendado ao tutor a cirurgia de
OSH e biópsia do tumor.
Após a cirurgia, o fragmento retirado para biópsia foi encaminhado ao
laboratório para realização do exame histopatológico, sendo o diagnóstico final
de fibroleiomioma inflamado, que não evidenciou sinais de malignidade. Assim,
foi realizada a segunda intervenção cirúrgica para retirada do tumor presente
em vulva, não necessitando de margem cirúrgica. A paciente teve boa
recuperação pós-operatória e manteve-se sem complicações.

DISCUSSÃO:
Os tumores da vagina e da vulva compreendem as neoplasias mais frequentes
do trato reprodutivo das cadelas, representando um total de 2% a 3% das
neoplasias caninas, sendo os leiomiomas e os fibromas reportados como os
mais frequentes (Teixeira et al., 2006). Os cães da raça Pastor Alemão
apresentam uma síndrome caracterizada por múltiplos leiomiomas uterinos,
porém não há relato de predisposição racial. No caso relatado, a cadela
apresentou apenas um foco de fibroleiomioma, não condizendo com a
informação da literatura. A maioria dos animais acometidos é de meia idade ou
mais velhos (Fossum, 2015).
Segundo Fossum (2015), muitos tumores uterinos não provocam sinais clínicos,
a menos que sejam grandes e comprimam o trato gastrointestinal ou urinário.
O melhor método para diagnóstico é a avaliação histopatológica, o mesmo
232

utilizado no caso, que também não apresentou sinais clínicos, além da


presença do tumor.
O tratamento destes tumores geralmente é cirúrgico, utilizando-se uma excisão
cirúrgica conservativa. A OSH acompanhada da retirada cirúrgica da massa é
aconselhável, sendo este procedimento, geralmente curativo (Klein, 2007).
Estudos ainda mostraram que ocorreram recidivas em 15% naquelas cadelas
cujo tratamento não incluía OSH e nenhuma recidiva ocorreu naquelas que
realizaram este procedimento (Thacher e Bradley, 1983; Kydd e Burnie, 1986).
Sendo este o tratamento adotado para o caso, a fim de ser eficaz e evitar
recidiva.

CONCLUSÃO:
Mesmo não existindo relatos de predisposição racial, as
cadelas dessa raça apresentam múltiplos leiomiomas uterinos. A OSH
acompanhada da retirada cirúrgica da massa tumoral se mostrou eficaz no
tratamento, não apresentando índice de recidiva, quando realizada no
momento ideal. Para o diagnóstico, o melhor método é a avaliação
histopatológica, pois muitos tumores uterinos não provocam sinais clínicos. O
prognóstico é favorável, pois a excisão é curativa.

REFERÊNCIAS:
COOPER B.J.; VALENTINE B.A. 2002. Tumor of muscle, p.319-364. In: Meuten
D.J. (Ed.), Tumors in Domestic Animals. 4th ed. Iowa State Press, Ames.
FOSSUM, T. W. Cirurgia dos Sistemas Reprodutivo e Genital. In: MACPHAIL, C.
M.; Cirurgia de Pequenos Animais. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015, Cap. 27,
p. 815-816.
KENNEDY P.C., CULLEN J.M., EDWARDS J.F., GOLDSCHMIDT M.H., LARSEN S. &
MUNSON L. 1998. Histological Classification of Tumors of the Genital System
of Domestic Animals. 2nd ed. Armed Forces Institute of Pathology,
Washington. 78p.
KLEIN, M.K. Tumors of female reproductive system. In:WITHROW, S. J.;
MACEWEN, E. G. Small Animal Clinical Oncology. WB Saunders. St.Louis, 4 ed.,
p. 610-618, 2007.
KYDD, D. M.; BURNIE, A. G. Vaginal neoplasia in the bitch: A review of 40 cases.
Journal of Small Animal Practice. v. 27, p. 255-263, 1986.
MOULTON, J.E. Tumours of domestic animals. 3.ed. Berkeley: Univ. California
Press, p.672, 1990.
TEIXEIRA, L.B.C.; FRANCO, P.A.; AMORIM, R.L.; AMS TALDEN, E.M.I.
Histopathological and Immunohistochemical Diferentiation of the Vaginal
233

Leyomiomas and Fibromas in Bitches. Bol. Med. vet. – Espírito Santo do Pinhal,
v.2, n.2, p.3-14, jan./dez. 2006.
THACHER, C.; BRADLEY, R.L. Vulvar and vaginal tumors in the dog: A
retrospective study. Journal of American Veterinary Association. v. 183, n. 6,
p. 690-692, 1983.
234

81. FRATURA DE MANDÍBULA SECUNDÁRIA À DOENÇA PERIODONTAL EM


CÃO: RELATO DE CASO

ALINE CAVALCANTI PEREIRA DA SILVA1, MARCELLO RODRIGUES DA ROZA2,


RAFAEL VITOR PINTO DE OLIVEIRA1, DANIEL GIBERNE FERRO3, VANESSA
GRACIELA GOMES CARVALHO4
1
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, SP
2
OdontoZoo, Brasília, DF
3
Odontovet, São Paulo, SP
4
Smile4Pets, Especialidades veterinárias, São Paulo, SP

RESUMO:

As fraturas de mandíbula secundárias à doença periodontal, também chamadas


de fraturas patológicas, ocorrem em cães que apresentam doença periodontal
grave devido à grande perda óssea local. Este relato aborda o caso de uma
poodle de 13 anos de idade que apresentava fratura de mandíbula unilateral
associada a doença periodontal em estágio avançado. À radiografia intra-oral
foi observada externa lise óssea nos tecidos ósseos adjacentes ao foco de
fratura e perda da radiopacidade óssea mandibular. O paciente foi submetido a
mandibulectomia parcial unilateral, com recuperação satisfatória. Conclui-se
que a alternativa cirúrgica utilizada no relato de caso atingiu objetivos
baseados na melhora da qualidade de vida do paciente e expectativas dos
proprietários.

INTRODUÇÃO:

A doença periodontal é um processo infeccioso crônico e progressivo que pode


resultar na perda do suporte ósseo e é causada pelo acúmulo de placa
bacteriana no elemento dentário e tecidos adjacentes. Estudos mostram que a
perda severa e progressiva do osso alveolar conduz a adelgaçamento de
corticais e pode ser causa de fratura de mandíbula sem trauma evidente
Carvalho et al (2015).
235

A maioria das fraturas mandibulares secundárias à doença periodontal ocorrem


na região do primeiro molar, sendo maior a prevalência em cães de pequeno
porte com mais de 8 anos de idade. O tratamento de reparação do osso
fraturado é dificultado pela perda óssea, sendo necessário o acompanhamento
radiográfico (Kitshoff et al., 2013). Este relato de caso tem como objetivo
ressaltar a importância da prevenção da doença periodontal para evitar
consequências graves, principalmente às fraturas secundárias à doença
periodontal. Relato de caso: Este trabalho relata um caso de fratura
mandibular unilateral direita secundária à doença periodontal em cadela
poodle de 13 anos.

Os sinais clínicos apresentados foram de hemorragia oral, anorexia e


maloclusão havia 5 dias. Os exames laboratoriais pré-operatórios não
mostraram alterações e na radiografia intra-oral (figura 3) foi observado uma
extensa lise óssea nos tecidos ósseos adjacentes ao foco de fratura e perda da
radiopacidade óssea mandibular.

DISCUSSÃO:

A maioria das fraturas em cães afetam o corpo da mandíbula, sendo a área dos
pré-molares e molares a mais acometida, confirmado pela pesquisa estatística
realizada por Kitshoff et al(2013). A realização da mandibulectomia para
tratamento de fraturas, segundo Harasen (2008) apesar de ser radical é a
solução mais adequada em casos de ausência de consolidação óssea após
tentativa prévia de fixação não satisfatória, porém Carvalho et al (2015)
relataram que pode ser uma única escolha em casos de extensa reabsorção
óssea no local da fratura, esse estudo realizou mandibulectomia bilateral em 4
pacientes e mandibulectomia unilateral em 2 pacientes, por falta de massa
óssea na linha de fratura, conforme relatado no presente trabalho, em que
optou-se também por esse método de tratamento, pela intensa reabsorção
óssea no local da fratura. Estudos atuais confirmam que para escolher o
tratamento ideal é necessário avaliar a localização da fratura, presença de
dentes e osso para suporte da fixação. Conclusão: Este trabalho ressalta a
importância da prevenção da doença periodontal para evitar consequências
graves, como a fratura mandibular, demonstrando que a reabsorção óssea na
doença periodontal pode interferir negativamente no processo de
consolidação óssea no local da fratura. Conclui-se que existem vários métodos
de fixação para fratura mandibular, porém a decisão dever ser a partir de
radiografias e avaliação do local da fratura. A mandibulectomia parcial
236

unilateral, realizada no caso relatado, é um método de escolha quando não se


tem osso suficiente ou quando não ocorre consolidação óssea após fixação
prévia.
REFERÊNCIAS:

CARVALHO, C.M.; RAHAL, S.C.; DOS REIS, M. L.; et al. Mandibulectomy for
treatment of fractures associated with severe periodontal disease. Can Vet J.
v.56, n.3, p.292-4, 2015.

HARASEN, G. Maxillary and mandibular fractures. Canadian Veterinary Journal.,


v.49, n.8, p.819-820, 2008.

KITSHOFF, A. M.; DE ROOSTER, H.; FERREIRA, S. M.; et al. A retrospective study


of 109 dogs with mandibular fractures. Vet Comp Orthop Traumatol. v.26, n.1,
p.1-5, 2013.

82. FREQUÊNCIA DE ARRITMIAS E ANÁLISE DE VARIABILIDADE DE


FREQUÊNCIA CARDÍACA EM CÃES COM EHRLIQUIOSE MONOCÍTICA CRÔNICA
MAURÍCIO GIANFRANCESCO FILIPPI¹, MURILO GOMES DE SOUTELLO
CHARLIER², ANTONIO CARLOS PAES3, MARIA LÚCIA GOMES LOURENÇO4
¹Pós-graduando - Curso de Mestrado - Departamento de Clínica Veterinária -
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP - Campus de Botucatu
²Pós-Graduando - Curso de Mestrado - Departamento de Reprodução Animal e
Radiologia Veterinária - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP
- Campus de Botucatu
3
Professor Adjunto - Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública -
UNESP - Campus de Botucatu
4
Professora Assistente - Departamento de Clínica Veterinária - Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP - Campus de Botucatu

RESUMO:
A eletrocardiografia ambulatorial, vem se mostrando como uma ferramenta
eficaz na Medicina Veterinária para detectar lesões cardíacas precoces, como
presença de arritmias e alterações no balanço autonômico do órgão. O estudo
em questão visa analisar a atividade do coração durante um dia nos animais
acometidos pela Ehrlichiose Monocítica na fase crônica, doença
comprovadamente causadora de lesões cardíacas. Foram utilizados 11 animais,
que foram submetidos à mensuração de pressão arterial, eletrocardiograma
convencional e ambulatorial e exames hematológicos e bioquímicos. 3 dos 11
animais apresentaram mais do que 25 eventos ectópicos isolados(27%) durante
237

o dia, sendo que um apresentou 7578 extrassístoles ventriculares e outro


apresentou 14 episódios de taquicardia supraventricular não sustentada. Os
valores, em média, de variabilidade da frequência cardíaca mostraram alto
predomínio do sistema nervoso autônomo simpático. Há portanto, alterações
significativas nessa fase da doença.

INTRODUÇÃO:
A ehrlichiose monocítica canina é uma doença presente no mundo todo que
causa prejuízos consideráveis à saúde dos cães e pode levar a morte se não
tratada corretamente¹. Sabendo da importância dessa enfermidade na clínica
de pequenos animais, principalmente pela fase crônica causar sério risco de
vida para os cães1-2, o presente estudo tem como objetivo a avaliação
eletrocardiográfica ambulatorial, pelo método Holter, do comportamento do
coração (frequência de arritmias, atividade elétrica do órgão e o balanço
autonômico do mesmo por meio da variabilidade da frequência cardíaca) nessa
fase da doença.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram utilizados 11 cães, sete machos e 4 fêmeas de raças variadas e média de


idade de 2,4 anos, provenientes do serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital
Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP -
Campus de Botucatu diagnosticados com ehrlichiose monocítica crônica
baseado no histórico, dados de anamnese e exame físico, hemograma
apresentando quadro de pancitopenia e comprovação da infecção pela
bactéria Ehrlichia canis no sangue dos cães pela técnica de biologia molecular
por PCR.

RESULTADOS:
O ritmo predominante de 54% dos animais ao exame eletrocardiográfico
convencional foi o de taquicardia sinusal, com dois animais(18%) apresentando
eventos ectópicos durante cinco minutos de gravação. Ao exame de Holter,
todos os animais do estudo apresentaram alguma arritmia, como extrassístoles
atriais, ventriculares, batimentos de escape ventricular e presença de bloqueio
atrioventricular de segundo grau, Mobitz tipo II. No entanto somente três dos
11 (27%), apresentaram mais que 25 eventos, sendo que um deles apresentou
203 batimentos ventriculares prematuros e 291 batimentos supraventriculares
prematuros e 12 episódios de taquicardia supraventricular, outro apresentou
7578 extrassístoles ventriculares isoladas. Nenhum animal apresentou pausas
sinusais com dois ou mais segundos. Os valores de variabilidade de frequência
238

cardíaca no domínio do tempo, mostraram que há, em média, um excessivo


predomínio do sistema nervoso autônomo simpático nesses animais durante
grande parte do dia.

DISCUSSÃO:
A Ehrlichiose Monocítica Canina é uma doença infecciosa comprovadamente
causadora de miocardite no coração e que o grau das lesões é proporcional às
alterações hematológicas no cão1-2. No entanto, até o presente momento,
pouco se sabe sobre o grau e importância dessas alterações em animais
estritamente na fase crônica dessa enfermidade¹. Sabe-se também que a
miocardite é um potencial fator arritmogênico e de aumento da atividade
simpática do coração3-4, pela própria dilatação excêntrica que pode causar no
coração4, portanto, imagina-se que os achados encontrados sejam indicativos
de lesão importante no coração desses cães pela ehrliquiose crônica.

CONCLUSÃO:
A Ehrliquiose Monocitica Canina na fase crônica possui um fator arritmogênico
importante e provoca intensa ativação de mecanismo compensatório pela alta
estimulação simpática no órgão.

AGRADECIMENTOS:
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo(FAPESP), pelo apoio
financeiro.
NOTA: Projeto aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais – CEUA – da
FMVZ – Unesp Botucatu protocolo número 83/2014

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
¹EVERMANN, J. F.; SELLON R.K.; SYKES, J.E. Viral, Rickettsial, and Chlamydial
Diseases. In: Greene – Infectious Diseases of the dog and cat. 4ª ed – Elsevier
Saunders, p.227-259, 2012.
²DINIZ, P.P.V.P.; DE MORAIS, H.S.A.; BREITSCHWERDT, E.B.; SCHWARTZ, D.S.
Serum Cardiac Troponin I Concentration in Dogs with Ehrlichiosis. Journal of
Veterinary Internal Medicine, v. 22, p.1136-1143, 2008.
³MARÃES, V.R.F.S. Frequência cardíaca e sua variabilidade: análises e
aplicações. Revista Andalluza de Medicina Del Deporte, v. 3, n. 1, p. 33-42,
2010.
4
MASON,J.W. Myocarditis and dilated cardiomyopathy: An inflamatory link.
Cardiovascular Research, v. 60, p. 5-10, 2003
239

83. FREQUÊNCIA DE HEMOPARASITOSES EM CÃES NA REGIÃO SUL


FLUMINENSE – RJ

PEDRO HENRIQUE EVANGELISTA GUEDES1, ANA PAULA MARTINEZ DE ABREU2,


THIAGO LUIZ PEREIRA MARQUES2, PATRÍCIA DA COSTA1
1
Alunos de curso de Medicina Veterinária da Universidade Severino Sombra
(USS); 2Docentes do curso de Medicina Veterinária da USS

RESUMO:

Hemoparasitoses são doenças causadas por microorganismos que parasitam


células sanguíneas ou o sistema cardiovascular, causando graves danos à saúde
dos animais. Algumas possuem caráter zoonótico, o que aumenta a
importância de estudá-las. O objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento
da freqüência de hemoparasitoses em cães atendidos em clínicas da região sul-
fluminense no período de agosto de 2013 a julho de 2014. O sangue de 772
animais foi processado para pesquisa de hemoparasitos. Das 772 amostras, 172
resultaram positivas. O parasita mais freqüente foi Ehrlichia platys, seguido por
Babesia sp., Dirofilaria immitis e Hepatozoon canis.

INTRODUÇÃO:

Hemoparasitoses são doenças causadas por microorganismos que parasitam


células sanguíneas ou o sistema cardiovascular. Entre os principais
hemoparasitas, destacam-se protozoários, filarídeos, bactérias e riquétsias.

O estudo dessas doenças é de grande importância na medicina veterinária, pois


além de causarem graves problemas à saúde animal, algumas podem também
ser transmitidas ao homem.

A freqüência das hemoparasitoses em uma região é influenciada por diversos


fatores, sendo a presença do vetor determinante para que se trace um perfil
epidemiológico. No Brasil, entre as mais comuns, destacam-se a babesiose, a
erliquiose, a hepatozoonose e a dirofilariose (ALMOSNY, 2002).
240

Os sinais clínicos são variáveis. A erliquiose acomete leucócitos e plaquetas,


produzindo febre, anorexia, depressão e linfadenopatia (NELSON; COUTO,
2006). A babesiose afeta eritrócitos (BOWMAN et al., 2006) causando anemia e
hemoglobinúria (URQUHART et al.,1998). A hepatozoonose gera febre, perda
de peso, diarréia e vômito (ALMOSNY,2002). Dirofilariose é transmitida por
culicídeos (PARKER, 1993) causando perda de condição físicas, intolerância ao
exercício, tosse, dispnéia e ascite (URQUHART et al., 1998).

O diagnóstico pode ser feito por sorologia ou pesquisa direta do hemoparasita.


O objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento da freqüência de
hemoparasitoses em cães atendidos em clínicas da região sul-fluminense no
período de agosto de 2013 a julho de 2014.

MATERIAL E MÉTODOS:

O sangue de 772 animais provenientes de clínicas da região Sul-Fluminense,


estado do Rio de Janeiro, foi coletado em tubo com anticoagulante (EDTA) e
levado para processamento em laboratório. Após centrifugação a 11.000 rpm,
durante 5 minutos, o microcapilar foi quebrado e, sobre uma lâmina,
depositou-se o conteúdo superior da fração celular para a confecção de um
esfregaço. A lâmina foi corada em Panótico Rápido e analisada em microscopia
óptica, objetiva de imersão, para pesquisa direta de hemoparasitas. O
resultado foi considerado positivo quando pelo menos um parasita foi
visualizado na amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Dos 772 animais, 172 (22,27%) foram considerados positivos, sendo que
destes, 12 (6,97%) apresentaram co-infecção. Estes valores estão abaixo dos
índices observados por Salgado et al. (2006) e Mundin et al. (2008), que
relataram ocorrência de 62,28% e 33,96%, respectivamente.

Os gêneros encontrados foram os mesmos descritos por O’dwyer et al. (2006),


com exceção da Dirofilaria. O parasita mais encontrado foi Ehrlichia platys com
86,62% de freqüência (149/172), representando um valor superior ao
encontrado por Mundin et al.(2008) (50%) e por Diniz (2006) (5%).
241

A segunda maior freqüência foi de Babesia sp. com 3,48% (6/172), seguido por
Dirofilaria com 1,16% (2/172) e Hepatozoon com 0,58% (1/172), conforme
mostra a Tabela 1. Para Babesia sp, o resultado foi inferior ao encontrado por
Salgado et al (2006) (10,78%), porém próximo ao de Diniz (2006) (2%).

CONCLUSÃO:

Concluiu-se que a freqüência de hemoparasitos na região analisada merece


atenção, não apenas pelo alto número de animais acometidos, mas também
pelo potencial zoonótico de algumas doenças. Fatores ambientais podem
elucidar a diferença entre este trabalho e o de outros autores. Ehrlichia platys é
o parasita mais freqüente da região.

REFERÊNCIAS:

ALMOSNY, Nadia R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e


como zoonoses. Rio de Janeiro: LF Livros, 2002. 135p.

DINIZ, Pedro Paulo Vissotto de Paiva. Miocardite em cães com Erliquiose


monocítica. São Paulo: 2006. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências Agrárias
e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São Paulo, 2006.

MUNDIM, S. Incidência de hemoparasitoses em cães de rua capturados pelo


centro de controle de zoonoses (CCZ) da cidade de Anápolis-GO. Ensaios e
Ciência, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal, Brasil. v. 12, n. 2, p. 107-115. 2008.

O'DWYER, L.H. Prevalence, hematology and serum biochemistry in stray dogs


naturally infected by Hepatozoon canis in São Paulo. Arq. Bras. Med. Vet.
Zootec., Belo Horizonte, v. 58, n. 4, ago. 2006 .

SALGADO, F. P. Identificação de hemoparasitos e carrapatos de cães


procedentes do Centro de Controle de Zoonoses de Campo Grande, estado de
Mato Grosso do Sul, Brasil. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, 2006.
242

84. GLAUCOMA BILATERAL PRIMÁRIO EM UM CÃO – RELATO DE CASO

GABRIEL PISSININ COPETTI1, RODRIGO CARDONA2.

Aluno de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de


Cruz Alta.
2
Docente do Curso de Medicina Veterinária UNICRUZ E-mail:
rodrigo.vet@terra.com.br

RESUMO:

O glaucoma primário afeta ambos os olhos e é uma das causas mais comuns de
cegueira. Pode ser primário, secundário ou congênito e deve ser diagnosticado
de forma precoce, preferencialmente antes da elevação da pressão intra-
ocular. O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência de glaucoma bilateral
primário em um cão.

INTRODUÇÃO:

Com aproximadamente 0,5% de incidência em cães, o glaucoma é uma das


causas mais comuns de cegueira (Olbertz et al., 2012). É considerado a via final
de um grupo de condições que culminam na perda das células ganglionares da
retina e axônios do nervo óptico, com aumento da escavação do disco óptico,
redução dos campos visuais e, finalmente, da visão (Tramontin et al., 2014). O
objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência de glaucoma bilateral primário
em um cão.

DESCRIÇÃO DO CASO:

Foi atendido em Julho de 2015 um cão da raça Akita, o qual apresentava


glaucoma primário bilateral, porém mais evidenciado no olho direito. O animal
foi internado e recebeu o tratamento por sete dias, o qual não foi responsivo,
sendo necessário encaminha-lo a cirurgia.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:

O glaucoma pode ser classificado como primário, secundário ou congênito


(Gelatt & Brooks, 1999), e está frequentemente ligado ao aumento da pressão
intra-ocular (Whiteman et al., 2002), que é considerada normal para cães entre
10 e 20mmhg (Yaphé 2004).
243

Segundo Gelatt, 2007 a raça Akita possui predisposição ao glaucoma, o qual


deve ser diagnosticado precocemente para que a terapia seja efetiva, já que a
medicação tem como objetivos prevenir a lesão do nervo óptico, preservar a
função visual e diminuir a dor.

No animal em questão foi utilizado Maleato de Timolol 0,5%, associado à


Dorzolamida 2%, pois o uso concomitante desses dois fármacos resulta em
maior efeito redutor da pressão intra-ocular, do que quando utilizados como
monoterapia (Strohmaier et al.,1998). O tratamento imposto não foi efetivo,
optando-se então pela enucleação do globo ocular direito, técnica esta que não
é comum na rotina, visto que as técnicas cirúrgicas apresentam somente 30 a
50% de sucesso na redução da pressão intra-ocular (Willis et al., 2002).

CONCLUSÃO:

No animal em questão o tratamento não foi eficaz sendo a enucleação a


alternativa para alívio imediato da dor.

REFERÊNCIAS:

GELLATT, K.N.; BROOKS, D.E. The canine glaucomas. In:______. Veterinary


ophthalmology. 3.ed. Malvern: Lea & Febiger, 1999. Cap.21, p.701-754.

GELLAT, K.N. (Ed). (2007). Veterinary ophthalmology. (4ª edição). Oxford:


Blackwell Publishing Ltd.

OLBERTZ, L.; PERLMANN, E.; MONTIANI-FERREIRA, F. Achados histopatológicos


do glaucoma em cães e gatos. Clínica Veterinária, São Paulo, v. 99, p. 66-76,
2012.

TRAMONTIN, M.H.; MONTIANI-FERREIRA F.; FROES, T.R. Ecobiometria ocular de


cães glaucomatosos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.66, n.4, p.1080-1088,
2014.

STROHMAIER, K.; SNYDER, E.; DUBINER, H. et al. The efficacy and safety of the
dorzolamide-timolol combination versus the concomitant administration of its
components. Ophthalmology, v.105, p.1936-1944, 1998.

WILLIS, A.; DIEHL, K.A.; ROBBIN, T.E. Advances in topical glaucoma therapy. Vet.
Ophthalmol., v.5, p.9-17, 2002.
244

WHITEMAN, A.L. et al. Morphologic features of degeneration and cell death in


the neurosensory retina in dogs with primary angle closure glaucoma. Am J Vet
Res, v.63, p.257-261, 2002.

YAPHÉ, W.L. Small animal medicine II – course outline: Lecture 9 – red eye –
glaucoma, 2004.

85. GLOSSECTOMIA SUBTOTAL NO TRATAMENTO DE MELANOMA ORAL EM


CÃO
BERNARDO KEMPER1, HEMILLY GREICY ROSSI2, DANIELLA GODOI KEMPER 1,
ROBERTA SCOMPARIN NANDI2
1- Docente do curso de medicina veterinária; UNOPAR/Campus
Arapongas/PR.
2- Discente do curso de medicina veterinária; UNOPAR/Campus
Arapongas/PR.

RESUMO:

As neoplasias da cavidade oral representam aproximadamente 5% de todas as


neoformações encontradas em cães e gatos, sendo o carcinoma de células
escamosas o tumor mais comum na língua destas espécies. Geralmente são
dolorosas e interferem na função do órgão em questão. Apesar das diversas
opções terapêuticas disponíveis, o tratamento cirúrgico ainda é o mais
utilizado. O presente trabalho tem o objetivo de relatar um caso de ressecção
subtotal na língua em um cão.

INTRODUÇÃO:
A língua é uma estrutura revestida por epitélio estratificado e é
funcionalmente ligada ao esôfago via epiglote, sendo necessária para
apreensão, mastigação e deglutição do alimento e água. É um órgão altamente
vascularizado e sensível, contendo uma variedade de glândulas serosas e
mucosas, e células (McGavin e Zachary, 2009). As afecções cirúrgicas da
cavidade oral e da orofaringe são comuns em cães e gatos. Elas incluem
anormalidades congênitas, traumáticas, corpos estranhos, neoplasias, doenças
das glândulas salivares, parasitas e odontopatias (Bruchim et al, 2005). Os
sinais clínicos observados nesses pacientes incluem sialorreia, disfagia,
anorexia, hemorragia oral e halitose, ou podem permanecer assintomáticos
(Quessada et al, 2007).
Contudo, as neoplasias da língua são raras, e quando ocorrem são geralmente
de origem epitelial (McGavin e Zachary, 2009). O tumor mais comum na língua
245

de cães e gatos é o carcinoma de células escamosas. Outros tumores descritos


nessa localização em cães incluem mioblastoma de células granulares,
rabdomioma, rabdomiossarcoma, hemangioma, hemangiossarcoma,
mastocitoma, fibrosssarcoma, linfoma e melanoma (Harvey, 1998).
Segundo Carpenter (1993), a cirurgia é o tratamento de eleição para estas
neoplasias, uma vez que os cães toleram bem a glossectomia parcial.
O presente relato tem como objetivo descrever um caso de melanoma em
língua, e apresentar a glossectomia subtotal como tratamento para esta
enfermidade.

RELATO DO CASO:

Foi trazido ao atendimento, um cão da raça Chowchow, de 8 anos, pesando 22


kg. Segundo o proprietário, o animal apresentava halitose intensa, sialorréia,
anorexia e perda de peso há 20 dias.
Após o exame clínico, realizou-se a inspeção na cavidade oral onde foi
localizada uma massa ulcerada e pigmentada de 4x5 cm na parte posterior da
língua. O diagnóstico sugestivo de melanoma foi obtido por citologia, através
da punção aspirativa com agulha fina. Em seguida foi realizado o estadiamento
clínico, não ficando evidenciada metástase local ou distante. Deste modo,
optou-se pela ressecção cirúrgica de 2/3 da língua.
Com o paciente anestesiado e alocado em decúbito lateral realizou-se a
colocação de 5 suturas em U situadas 1 cm caudal a massa, com intuito de
restringir a hemorragia. Em seguida, realizou-se a glossectomia subtotal com
lâmina de bisturi, preservando apenas a base da língua. Logo após, as bordas
das feridas foram suturadas com pontos em X (ácido poliglicólico 3-0).
Para facilitar a nutrição durante o período pós-operatório, o animal manteve-se
com tubo esofágico por 3 dias, sendo removido em seguida, sem que tivesse
complicações com a cirurgia. Em retorno realizado após 10 dias, o animal ainda
apresentava dificuldade para apreender o alimento, mas com evolução positiva
na cicatrização. Após 30 dias alimentava se bem e bebia água sem dificuldade.

DISCUSSÃO:

A história clínica e os sinais como halitose, sialorréia, anorexia são semelhantes


aos encontrados por Withrow (2001), associados ao exame citológico, foram
fundamentais na definição do diagnóstico.
Quessada et al (2007) relataram um caso de amputação traumática da língua
em consequência a uma lesão por mordedura, caso em que o animal adaptou-
se bem com a perda parcial do órgão em questão. No caso aqui relatado, no
246

qual 2/3 da língua foram removidos, observamos, também, uma adaptação


gradativa, entretanto adequada, ratificando que este tipo de cirurgia pode
promover bons resultados, proporcionando qualidade de vida.
Como recomendado por Hedlund (2002), a faringostomia deve ser realizada
para permitir alimentação por sonda, por um período de 7 a 10 dias. Por este
motivo, manteve-se o paciente com sonda durante os 3 dias inicias do período
pós operatório, facilitando o fornecimento de alimentos durante este período.

CONCLUSÃO:

Concluímos, assim, que a glossectomia subtotal não implicou em maiores


complicações ao paciente aqui relatado, tendo o procedimento um bom
prognóstico, posto que permitiu a sobrevida do animal e uma adaptação
gradativa.

REFERÊNCIAS:
1- BRUCHIM, Y.; RANEN, E.; SARAGUSTY, J. et al. Severe tongue necrosis
associated with pine processionary moth (Thaumetopoea wilkinsoni) ingestion
in three dogs. Toxicon, v.45, p.443-447, 2005.
2- CARPENTER, L.G. Squamous cell carcinoma on the tongue in 10 dogs. Journal of
the American Animal Hospital Association, v.29, p.17-24, 1993.
3- HARVEY, C.E. Cavidade oral; língua, lábios, bochechas, faringe e glândulas
salivares. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2. ed. São
Paulo: Manole, 1998. p. 624-645.
4- HEDLUND, C. S. Cirurgia do sistema digestório. In: FOSSUM, T. W. Cirurgia de
pequenos animais. São Paulo: Roca, 2002. p. 222-405.
5- McGAVIN, M.D.; ZACHARY, J.F. Bases da Patologia e Veterinária. 4.Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009, p.1476.
6- QUESSADA, A. M.; LIMA, W. C.; VALE, E. F. et al. Amputação traumática da
língua em cão. Relato de Caso. Arquivo de Ciências Veterinárias e Zoologia,
v.10, n.1, p.69-71, 2007.
7- WITHROW, S.J. Cancer of gastrointestinal tract. In: WITHROW, S.J.; MACEWEN,
E.G. Small animal clinical oncology. 3.ed. Philadelphia: Saunders, 2001, cap.18,
p.305-318.
247

86. GUARDA RESPONSÁVEL E BEM-ESTAR EM ANIMAIS DE COMPANHIA

JEAN CAIO FIGUEIREDO DE ALMEIDA ¹, JAMILE ANDRÉA RODRIGUES DA SILVA²


1
Discente em Medicina Veterinária - Universidade Federal Rural da Amazônia.
2
Professora Adjunta II - Universidade Federal Rural da Amazônia.

RESUMO:

Os animais domésticos devem ter seu bem-estar promovido através da guarda


responsável. O trabalho objetivou explanar a forma que se pode consegui-lo, e
as medidas para difundi-lo, através da conscientização dos proprietários sobre
castração, abandono de animais, zoonoses e ação escolar.

INTRODUÇÃO:

Os cães e gatos (Pets) são as espécies animais que estão mais em contato com
o homem. São mantidos nas residências ou em seu ambiente, sendo o maior
contingente de novos agregados aos grupos comunitários (Vieira et al., 2006).
A guarda responsável de animais de estimação é uma das práticas para
promoção do bem-estar animal, sendo de fundamental importância (Silvano et
al., 2010).

A presente revisão objetiva promover conhecimento sobre a guarda


responsável e bem-estar de animais de companhia, e as medidas para
intensificá-los.

GUARDA RESPONSÁVEL E BEM-ESTAR ANIMAL:

As responsabilidades dos proprietários de animais de estimação, conforme os


dispositivos legais vigentes, são compromissos éticos com a comunidade em
promover a preservação da saúde e bem-estar animal, garantindo a
integridade física, evitando dor, lesões e sofrimento. Para isso, o tutor deve
providenciar assistência médico veterinária, controlar a reprodução, garantir
higiene ambiental e individual, disponibilizar abrigos seguros, administrar
imunógenos e outros medicamentos para prevenir doenças e de riscos de
agravos (Vieira et al., 2006).
248

Há uma enorme quantidade de cães e gatos errantes presentes em centros


urbanos, minando os preceitos de bem-estar animal e levando a inúmeros
problemas na saúde pública. A falta de orientação é um agravante maior à essa
realidade. Portanto, é informações sobre guarda responsável de animais
domésticos é de extrema relevância e está relacionada à saúde pública
(Andrade e Teixeira, 2014; Silva et al., 2013).

Além da questão bem-estar animal, ainda existe a possibilidade de transmissão


de zoonoses. Essas zoonoses são consideradas um grande problema de saúde
pública, pois representam 75% das doenças infecciosas emergentes no mundo.
Estudos demonstram que 60% dos patógenos humanos são zoonóticos, e que
80% dos patógenos observados em animais têm múltiplos hospedeiros
(Ministério da Saúde, 2010). Os cães semidomiciliados e abandonados, se não
estão infestados por carrapatos, estão mais expostos à infestação, o que
possibilita os riscos de adquirirem zoonoses, como a erlichiose, babesiose,
doença de Lyme e febre maculosa, transmitidas pelo vetor (Segundo Neufeld,
2010).

MEDIDAS PARA MUDAR ESSA SITUAÇÃO:

A falta de campanhas de conscientização e de educação ambiental, além do


controle populacional dos animais, levam a quadros de superpopulação
desordenada nas cidades (Segundo Lima e Luna, 2012). Pensando nisso,
estratégias são necessárias e incluem o controle populacional, através da
esterilização dos animais e, sobretudo, a educação da população sobre a
guarda consciente e saúde pública (Biondo et al., 2007).

O lúdico, como recurso pedagógico, é uma importante ferramenta


metodológica na aquisição de conhecimentos sobre bem-estar animal e guarda
responsável de cães e gatos de companhia (Almeida et al., 2014). Assim, as
atividades propostas, quando bem aceitas por alunos e professores, tornaram
o aprendizado prazeroso, despertando o interesse e aumentando a
participação de crianças e jovens na sala de aula (Dizieciol e Bosa, 2011).
249

Os proprietários de animais de companhia carecem de informações sobre a


necessidade de identificação de seus animais, a forma de realizar passeios
seguros nas ruas, a obrigatoriedade da vacinação contra a raiva e do
recolhimento dos dejetos, conforme as disposições legais em vigor, assim
como, da castração como forma de controle de animais errantes, e ato de
cidadania na prevenção de danos à saúde dos animais, de pessoas e do meio
ambiente (Almeida et al., 2013).

CONCLUSÃO:

A promoção de bem-estar animal pode ser ampliada através de estratégias de


conscientização para as pessoas, através da ação escolar, sobre educação
ambiental, controle populacional, castração, abandono de animais, zoonoses.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, J. F.; PEDRO, D. A.; PEREIRA, V. L. A. et al. Educação humanitária para


o bem-estar de animais de companhia. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico
Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014.

ALMEIDA, J. F; CAMPOS, L. S; PEREIRA, V. L. A. Grau de informação de


proprietários de cães e gatos sobreguarda responsável. Enciclopédia Biosfera,
Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p. 2013.

ANDRADE, C. D. S.; TEIXEIRA, L. H. M. Avaliação da guarda responsável de


animais domésticos pela população de são simão – Go . XV SIMBIO: simpósio
de biologia, 1f. 2014.

BIONDO, A. W.; CUNHA GR; SILVA MAG; et al. Carrocinha não resolve. Revista
do Conselho Regional de Medicina Veterinária Paraná, Curitiba, n. 25, p. 20-21,
2007.

Dzieciol, M. E.; Bosa, C. R. O. Programa de guarda responsável de animais de


curitiba e suaaplicação no acantonamento ecológico. Monografias Ambientais.
vol.(4), n°4, p. 877-886, 2011.
250

LIMA, A. F. M; LUNA, S. P. L. Algumas causas e consequências da


superpopulação canina e felina: acaso ou descaso?. Revista de Educação
Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of
Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP, São Paulo, v. 10, n. 1, p.
32–38, 2012.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Situação epidemiológica das zoonoses de interesse


para a saúde pública. Boletim eletrônico Epidemiológico, Ano 10, n. 2, 2010.
Disponível em:< www.saude.gov.br/svs> Acesso em: 26. Ago. 2015.

NEUFELD, A. B. Fatores de mortalidade em cães no município de Paraty –RJ.


Revista Controle Biológico (BE-300), Rio de Janeiro, v. 2, jan. 2010. Disponível
em: <http://www.ib.unicamp.br/profs/eco_aplicada/>. Acesso em: 26. Ago,
2015.

SILVA, M. N. G.; MISTIERI, M. L. A.; JÚNIOR, W. S. F. et al. Projeto “melhor


amigo” na conscientização da guarda responsável de animais de estimação.
Revista ciência em extensão. UNESP. V9, n3, 2013.

SILVANO, D.; BENDAS, A.J.R.; MIRANDA, M.G.N. et al. Divulgação dos princípios
da guarda responsável: uma vertente possível no trabalho de pesquisa a
campo. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v. 9, n. 9, p. 64- 86, 2010.

VIEIRA, A. M. L.; ALMEIDA, A. B.; MAGNABOSCO, C.; et al.Programa de controle


de cães e gatos do Estado de São Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista, São
Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista – BEPA, Suplemento 07, v.6, ISSN 1806-
4272, 2006.

87. HEMANGIOSSARCOMA CAVITÁRIO EM CÃO – RELATO DE CASO

CYNTHIA PIRIZZOTTO SCARAMUCCI¹, VANESSA YURIKA MURAKAMI¹, ANALY


RAMOS MENDES², GISELE FABRÍCIA MARTINS DOS REIS3, PRISCILLA MACEDO
DE SOUZA4, RAQUEL BENETON FERIOLI5.

¹Aprimorandas do Hospital Veterinário FAEF – Garça/SP


²Docente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – Araçatuba/SP
3
Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça/SP
251

4
Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Tocantins – Campus Araguaina
5
Doutoranda na Universidade Estadual Paulista – Campus Botucatu/SP

RESUMO:
O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna de origem endotelial, que
acomete mais frequentemente os cães. É uma afecção altamente agressiva,
podendo ocasionar metástases. O baço é o local mais afetado, seguido pelo
fígado e coração (átrio direito) podendo acometer outras regiões. Cães de meia
idade e as raças de grande porte são mais susceptíveis. Os sinais clínicos irão
depender da localização da neoplasia. O diagnóstico é realizado através da
história clínica e exames complementares. O tratamento de escolha é a
remoção cirúrgica com ampla margem de segurança, seguido de quimioterapia
dependendo do caso. O prognóstico é de reservado a ruim. O presente
trabalho tem como objetivo relatar um caso em um canino diagnosticado com
hemangiossarcoma cavitário, bem como, esclarecer suas características,
diagnóstico e opções de tratamento.

INTRODUÇÃO:
Conhecido por ser uma neoplasia maligna de células endoteliais, que tem a sua
origem nos vasos sanguíneos, o hemangiossarcoma (HSA) ocorre com maior
frequência em cães do que qualquer outra espécie (Helfand, 2008). O
comportamento desta neoplasia geralmente é altamente agressivo, tanto com
relação às metástases como com relação à infiltração (Freire, 2009).
A etiologia do hemangiossarcoma permanece incompletamente compreendida
(Helfand, 2008). Segundo Fossum (2008) a excisão cirúrgica é usualmente
indicada.

RELATO DE CASO:
Foi atendido um animal da espécie canina, fêmea, com 8 anos de idade, 44 kg,
sem raça definida, com histórico de aumento de volume abdominal, com
evolução há um mês. Ao exame físico notou-se aumento de volume em região
mesogástrica de consistência firme ocupando toda cavidade abdominal. Além
de intensa distensão abdominal, presença de líquido livre e linfonodos
poplíteos aumentados, os demais parâmetros estavam dentro da normalidade
para a espécie.
O animal foi encaminhado para ultrassonografia (US) abdominal onde sugeriu-
se neoplasia em cavidade abdominal, a princípio acreditou-se que a neoplasia
teria origem esplênica. O laudo refere presença de líquido livre em cavidade e
massa esplênica de aproximadamente 17 cm acometendo desde as regiões
252

mesogástrica a hipogástrica, com ecogenicidade diminuída e heterogêneo com


áreas cavitárias anecogênicas se estendendo por todo o parênquima esplênico,
demais órgãos com dimensões normais e ecogenicidade preservadas.
De acordo com as alterações encontradas, optou-se pelo tratamento cirúrgico
(laparotomia exploratória). Antes de realizar tal procedimento foram
solicitados exames complementares pré-operatórios os quais foram:
hemograma completo, radiografias torácicas, eletrocardiograma, bioquímicos
(ureia, creatinina, alanina transaminase, fosfatase alcalina e albumina) e
citologia dos linfonodos poplíteos. Ao hemograma notou-se anemia severa,
trombocitopenia, leucocitose por neutrofilia e presença de Anaplasma platys.
Ao exame radiográfico torácico foi sugestivo de aumento das câmaras
cardíacas, porém não foi realizado o ecocardiograma para a confirmação de
cardiopatia. Os demais exames se encontravam dentro da normalidade para a
espécie.
Durante a laparotomia exploratória o aumento de volume foi identificado em
cavidade abdominal, sem origem definida, já que não se encontrava aderido a
nenhum órgão, sendo excisado, após ligadura de vasos, sem maiores
intercorrências. O baço encontrava-se íntegro. A neoplasia encontrava-se
aderida ao omento, sem comprometimento de nenhum órgão abdominal, pois,
todos os órgãos foram cuidadosamente inspecionados à pesquisa de
metástase, onde não foram visualizadas nenhuma alteração. Foi realizada
transfusão sanguínea no trans-operatório.
No aspecto macroscópico a neoplasia tinha característica lobulada com
presença de cistos e coloração avermelhada de aproximadamente 25 cm de
diâmetro e de origem não identificada, em cavidade abdominal aderido ao
mesentério. Na microscopia óptica foram observadas áreas variando entre
sólida e com lacunas preenchidas por hemácias, células do endotélio
neoformado se mostraram com atipias tais como cromatina grosseira e
nucléolos evidentes, compatível com hemangiossarcoma do tipo capilar
revestido por células mesoteliais. Foi indicado o tratamento quimioterápico
com doxorrubicina, porém o proprietário não realizou o ecocardiograma,
optando apenas pelo acompanhamento clínico.

DISCUSSÃO:
O HSA é uma neoplasia maligna que pode atingir um único órgão, desenvolver
metástases regionais ou distantes, ou ainda, apresentar-se sob a forma
multicêntrica, atingindo principalmente o baço, ou ainda o átrio direito, tecido
subcutâneo e fígado (Schultheiss, 2004; Berselli, 2011). O presente estudo nos
mostrou uma certa atipia devido a apresentação desta neoplasia, onde esta, se
encontrava na cavidade abdominal apenas aderida ao omento, sem
253

comprometimento de demais órgãos e metástases envolvidas. Não se sabe ao


certo a origem, porém a neoplasia encontrava-se microscopicamente revestida
de células mesoteliais, podendo ser originada do peritônio. Até o presente
momento o animal apresenta uma sobrevida de 455 dias sem indícios de
recidiva ou metástase à distância.

CONCLUSÃO:
O caso relatado se trata de uma neoplasia com alto grau de malignidade
apresentando localização atípica em cavidade abdominal sem
comprometimento de órgãos abdominais, podendo possuir origem mesotelial.

REFERÊNCIAS:
BERSELLI, M. Estudo da incidência, identificação e parâmetros prognósticos
dos Hemangiomas e Hemangiossarcomas em animais de companhia. 2011.
Pelotas, 56f. Dissertação: (Mestrado em
Ciências: Patologia Animal) – Universidade federal de Pelotas.
HELFAND, S. C. Canine hemangiosarcoma: A tumor of contemporary interest
Review Article. Cancer Therapy 2008, v. 6, p. 457 a 462. Acesso em: 04 de
Março de 2015. Disponível em: http://cancer-
therapy.org/CT/v6/A/50._Helfand,_457-462.pdf.
FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos animais. 1. ed. São Paulo: Roca, p. 506 a
509, 2002.
FREIRE, G. P. Z. Hemangiossarcoma Canino – Revisão de Literatura. 2009. 33f.
Dissertação (Especialização) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
Curitiba, 2009. Acesso em: 10 de Outubro 2014. Disponível em:
https://www.equalis.com.br/arquivos_fck_editor/monografia_44.pdf.
SCHULTHEISS, P. C.; A retrospective study of visceral and nonvisceral
hemangiosarcoma and hemangiomas in domestic animals. J. Vet Diagn. Invest
16:522–526, 2004.

88. HEMANGIOSSARCOMA COM METÁSTASE RENAL BILATERAL EM UM CÃO -


RELATO DE CASO

Walderson Zuza Barbosa¹, Thiago Lima de Almeida¹, Carla Romero Kolchraiber¹,


Anésio de Oliveira Melo Neto², Gustavo Campos Pinto², Marcus Vinicius
Moraes Hirahara²
254

¹ Docentes do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de


Dourados – MS

² Discentes do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de


Dourados – MS

RESUMO:

O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia mesenquimal maligna com origem


nas células endoteliais dos vasos, podendo ser primário em qualquer tecido.
Uma cadela, dogue alemão, para atendimento apresentando hematúria,
hiporexia e inapetência. Os exames sugeriram metástase, devido ao histórico
de HSA esplênico da paciente. O animal foi então encaminhado para realização
de laparatomia exploratória, na qual observou notória deformidade renal. O
proprietário optou pela eutanásia. Os rins foram enviados para histopatológico
e confirmou-se a suspeita.

INTRODUÇÃO:

O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia mesenquimal maligna com origem


no endotélio dos vasos, podendo ser primário em qualquer tecido e
acometendo principalmente cães de grande porte, com idade entre oito e treze
anos (HAMMER, 2004).

O objetivo deste trabalho é relatar um caso de HSA com metástase renal em


um cão.

RELATO DE CASO:

Foi atendida uma cadela da raça dogue alemão, 12 anos de idade com queixa
de hiporexia, apatia e hematúria. O animal tinha histórico de
hemangiossarcoma cutâneo e esplênico, pelo qual havia sido tratado com
doxorrubicina, 30 mg/m² a cada três semanas, por cinco aplicações, além da
esplenectomia. À ultrassonografia, observou-se espessamento da vesícula
urinária, sugerindo presença de uma massa, suspeitando-se de uma metástase.
Optou-se por laparatomia exploratória, onde foi constatado que se tratava de
uma cistite. No entanto, ao inspecionar os rins, apresentavam-se hemorrágicos,
firmes à palpação e com conformação anormal. Suspeitou-se que se tratava de
uma metástase renal e não vesical. O proprietário optou pela eutanásia. Ambos
255

os rins foram encaminhados para exame histopatológico e confirmado a


suspeita.
DISCUSSÃO:

O HSA ocorre de forma espontânea, com etiologia desconhecida e podendo


acometer qualquer órgão (FOSSUM, 2005). No caso discutido, o HSA era de
origem esplênica, com metástase para ambos os rins.

Vários autores relatam que o tratamento de eleição para o HSA é a cirurgia e


quimioterapia intensiva, quando possível. A paciente desse caso já havia sido
esplenectomizada e submetida à quimioterapia com doxorrubicina.

CONCLUSÃO:

Hemangiossarcoma trata-se de uma neoplasia maligna e com alto índice de


mortalidade, necessitando de um diagnóstico precoce e tratamento agressivo.
A ultrassonografia, radiologia e citologia são ferramentas importantes para o
diagnóstico, embora a confirmação seja através do histopatológico. Diversos
autores apontam a excisão do tumor, radioterapia e quimioterapia como
partes do tratamento.

REFERÊNCIAS:

Fossum T. 2005. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 1338p

Hammer A. 2004. Hemangiossarcoma. In: Rosenthal R.C. (Ed). Segredos em


Oncologia Veterinária. Porto Alegre: Artmed, pp.253-260.

89. HEMANGIOSSARCOMA CUTÂNEO CANINO:


ESTUDO RETROSPECTIVO
RENATA MADUREIRA1, ANA PAULA FREDERICO LOUREIRO BRACARENSE2,
SELWYN ARLINGTON HEADLEY2, GIOVANA WINGETER DI SANTIS2, JULIANA
SPEROTTO BRUM1
¹Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias - UFPR, Curitiba
²Laboratório de Patologia Animal - UEL, Londrina

RESUMO:
O presente trabalho teve como objetivo revisar aspectos epidemiológicos e
histológicos em cães com hemangiossarcoma cutâneo. Foram avaliados 3.833
registros de neoplasias em cães no período de janeiro de 2003 a outubro de
256

2013, nos exames histopatológicos e necroscópicos. Como principais achados


relatam-se o predomínio da faixa etária entre 6 a 10 anos (47,54%), cães sem
raça definida (45,45%) os mais acometidos e a região abdominal (62,96%) a
localização anatômica mais frequente. A maioria dos cães (81,25%) possuíam
número de mitose por campo de maior aumento menor que dois e a maior
parte destes (57,69%) teve sobrevida maior que 18 meses. Recidivas e novos
nódulos foram observados em 31,71% e 59,38% dos casos, respectivamente.
Conclui-se que a avaliação de aspectos epidemiológicos e histológicos tornam
se um instrumento para verificar alterações na ocorrência de neoplasias.

INTRODUÇÃO:
Hemangiossarcomas são neoplasias malignas que se originam do endotélio
vascular sanguíneo (Goldschmidt; Hendrick 2002), as quais afetam
principalmente cães velhos com idade média de 10 anos. As raças de pelame
curto são mais acometidas como whippets, pit bulls, boxers, greyhound e
dálmatas (Smith, 2003).

MATERIAL E MÉTODOS:
Foi realizada a busca por casos de hemangiossarcoma cutâneo canino em livros
de registros do Laboratório de Patologia Animal no período de janeiro de 2003
a outubro de 2013. Nos casos confirmados nos exames histopatológicos e
necroscópicos, foi avaliada a idade, a raça, o sexo, a localização anatômica, se a
neoplasia era múltipla ou isolada. As características histológicas avaliadas
foram o número de mitoses e a localização da lesão no tecido. Posteriormente,
buscaram-se nos registros clínicos informações referentes ao tempo para
avaliação de recidivas, presença de novos nódulos e sobrevida referente ao
diagnóstico até o óbito ou até dezembro de 2013.

RESULTADOS:
A ocorrência de hemangiossarcomas cutâneos em relação ao número total de
cães com neoplasias foi de 1,72% (66/3.833) neste período. A faixa etária mais
acometida foi de 6 a 10 anos (47,54%), sendo a idade média 8,2 anos. Não foi
verificada predisposição sexual e cães sem raça definida (45,45%), Pit Bull
(22,73%) e Boxer (9,09%) foram os mais acometidos. Os tumores eram
solitários em 64,41% dos casos e múltiplos em 35,69%, sendo que as
localizações anatômicas mais frequentes foram região abdominal (62,96%) e
em membros (20,98%). Maior número de animais apresentou o neoplasma
confinado à derme (71,43%), com tempo de evolução entre sete e 18 meses
(36,36%). A maioria dos cães (81,25%) possuíam número de mitose por campo
de maior aumento menor que dois e a maior parte destes (57,69%) teve
257

sobrevida maior que 18 meses. Recidivas foram de 31,71% e novos nódulos


foram observados em e 59,38% dos casos.

DISCUSSÃO:
Neste estudo, a ocorrência de hemangiossarcomas cutâneos (1,72%) foi
semelhante à descrita em outros relatos (Schultheiss, 2004; Souza et al., 2006).
A idade média foi próxima à descrita na literatura (Scott, Miller, Griffin, 2001),
sendo que 70% dos animais apresentavam mais de seis anos. Em relação à
predisposição racial, constatamos que as raças pit bull e boxer foram as que
apresentaram maior ocorrência, similar a outros estudos (Smith, 2003; Scott,
Miller, Griffin, 2001). Provavelmente a maior ocorrência nessas raças está
relacionada aos pelos curtos e áreas de pele glabras, reforçando a exposição à
radiação solar como fator predisponente (Hargis et al., 1992).
Regiões anatômicas mais afetadas pelo hemangiossarcoma cutâneos são
membros (20 a 35,8%), tórax (14,6%) e abdômen (14,2%) (Hargis et al., 1992,
Schultheiss, 2004). O que difere parcialmente do nosso trabalho, a qual a
região abdominal foi a mais afetada (62,96%).
A ocorrência de novos nódulos também foi observada em outros relatos (Ward
et al., 1994), o que pode estar relacionado à continuidade da exposição solar
em áreas de pele glabra. A ocorrência de recidivas foi maior do que em outros
estudos que relataram frequência de 13,09% (Hargis et al.,1992) e de 5,93%
(Schultheiss, 2004). Provavelmente, margens cirúrgicas comprometidas e
considerando o potencial invasivo da neoplasia possa ter contribuído para o
maior percentual de recidivas.
Semelhante a nossa pesquisa, o predomínio da neoplasia na região dérmica foi
observada em outro estudo com ocorrência entre 30 a 77% (Ward et al., 1994).
O fato da maioria dos cães (81,25%) possuíam número de mitose por campo de
maior aumento menor que dois e a maior parte destes (57,69%) tiveram
sobrevida maior que 18 meses, demonstra a importância da avaliação
histopatológica para o prognóstico. O tempo de evolução mais comumente
observado entre 7 a 18 meses, em 36,36% dos cães, foi superior ao encontrado
na literatura que variou de 3 semanas a 6 meses (Schultheiss, 2004).
CONCLUSÃO:
Conclui-se que a avaliação de aspectos epidemiológicos e histológicos em
determinados períodos de tempo tornam se um importante instrumento para
verificar possíveis alterações na ocorrência de neoplasias.

REFERÊNCIAS:
258

GOLDSCHMIDT, M. H.; HENDRICK, M. J. Tumors of the skin and soft tissues. In:
MEUTEN, D. J. Tumors in domestic animals. 4. ed. Ames: Iowa State, 2002.
p.44-117.
HARGIS, A.M., IHRKE, P.J., SPANGLER, W.L., STANNARD, A.A. [1992]. A
retrospective clinicopathologic study of 212 dogs with cutaneous hemangiomas
and hemangiosarcomas. Veterinary pathology, v.29, 1992.
SCHULTHEISS, P.C. [2004] A retrospective study of visceral and nonvisceral
hemangiosarcoma and hemangiomas in domestic animals. Journal of
veterinary diagnostic investigation, v. 16, 2004.
SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Muller & Kirk - Small Animal
Dermatology. 6. ed. Philadelphia: Saunders Company, 2001, p.1528.
SOUZA, T. M. Estudo retrospectivo de 761 tumores cutâneos em cães. 2006.
Santa Maria, 296 f. Dissertação (Mestrado Patologia Veterinária) - Programa de
Pós-Graduação em Medicina Veterinária. Universidade Federal de Santa Maria.
SMITH, A.N. [2003]. Hemangiosarcoma in dogs and cats. The Veterinary clinics
of North America. Small animal practice v.33, 2003.
WARD, H., FOX, L.E., CALDERWOOD-MAYS, M.B., HAMMER, A.S., Couto, C.G.
[1994]. Cutaneous hemangiosarcoma in 25 dogs: a retrospective study. Journal
of veterinary internal medicine / American College of Veterinary Internal
Medicine, v.8, 1994.

90. HEMANGIOSSARCOMA INTRANASAL EM UM PACIENTE CANINO – RELATO


DE CASO

VANESSA YURIKA MURAKAMI¹, CYNTHIA PIRIZZOTTO SCARAMUCCI¹, RAQUEL


BENETON FERIOLI², GISELE FABRÍCIA MARTINS DOS REIS³, ANALY RAMOS
MENDES4

¹Aprimorandas do Hospital Veterinário da FAEF - Garça/SP


² Doutoranda na Universidade Estadual Paulista – Campus Botucatu/SP
³ Docente do Curso de Medicina Veterinário da FAEF – Garça/SP
4
Docente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – Araçatuba/SP

RESUMO:
Hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia altamente maligna de origem
endotelial vascular que ocorre mais frequentemente em cães do que em outras
espécies e é caracterizada pela alta taxa de mortalidade. Relata-se o caso de
um canino, boxer, macho com 10 anos de idade com histórico de aumento de
volume na região nasal e de seios paranasais frontal há 10 dias, epistaxe há 8
259

dias, anorexia há 2 dias. Foi realizada citologia do tumor, sugerindo-se


hemangiossarcoma intranasal, o animal foi encaminhado para rinotomia e
posteriormente o diagnóstico citológico foi confirmado com base no exame
histopatológico da peça cirúrgica.

INTRODUÇÃO:
Hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia maligna, sendo o segundo tipo
histológico mais comum em cães. Origina-se nas células endoteliais dos vasos
sanguíneos, acometendo qualquer tecido vascularizado (Gubermann et al.,
2014). O HSA é mais visto em animais de meia idade a velhos. Pastores
Alemães, Labradores e Golden Retrievers são as raças mais acometidas (Silva et
al., 2010).
Localização primária mais comum do HSA corresponde ao baço, átrio direito,
tecido subcutâneo e fígado. Outros sítios primários, como músculo, osso,
cavidade oral e nasal, intestinos, peritônio e retroperitônio, aorta, pulmão,
trato genitourinário e conjuntiva representam apenas 1% das demais
localizações (Gardner et al., 2015). Tumores da cavidade nasal e seios
paranasais compreendem 59% a 82% dos tumores do aparelho respiratório
canino (Messias, 2008).
Segundo Fujita et al. (2008) o HSA intranasal é um tumor raro, detectada em
apenas sete (2,5%) de 285 casos após o diagnóstico pela necropsia e biópsia
cirúrgica.

RELATO DE CASO:
Um cão, boxer, macho com 10 anos de idade foi atendido com histórico de
aumento de volume na região de seios paranasais frontal há 10 dias, epistaxe
há 8 dias, anorexia há 2 dias.
Ao exame clínico o paciente apresentava-se letárgico, moderada desidratação,
mucosas róseas, tempo de preenchimento capilar (TPC) de 2 segundos,
temperatura retal de 38ºC, dispneia, ausculta cardíaca dentro dos padrões de
normalidade. Amostras de sangue foram coletadas para realização de
hemograma e análise bioquímica (creatinina e alanina aminotransferase),
revelaram anemia normocítica hipocrômica, leucocitose por neutrofilia e
linfopenia, com os demais resultados dentro dos valores de referência para a
espécie.
Foi realizado exame de citologia local e o material foi processado com
coloração de giemsa e analisado sob microscopia óptica, nos aumentos de 10,
40 e 100×. Observaram-se células fusiformes, anisocitose e pleomorfismo
acentuado, raras figuras de mitose, sugerindo-se neoplasia mesenquimal de
origem vascular.
260

Pelos resultados encontrados, optou-se pela cirurgia. A técnica cirúrgica


realizada foi a rinotomia, com excisão da neoplasia nos seios paranasais.
Durante o procedimento cirúrgico o aumento de volume foi encontrado
aderido no seio paranasal.
A peça cirúrgica removida foi fixada em solução de formalina a 10%, por um
período de 24 horas e submetida ao histopatológico. Posteriormente, analisou-
se sob microscopia óptica, nos aumentos de 10, 40 e 100× confirmando a
ocorrência de hemangiossarcoma nasal.
O paciente veio à óbito em domicilio após 10 dias do procedimento cirúrgico,
não foi possível a realização de exame post mortem.

DISCUSSÃO:
O HSA nasal acomete cães machos com mais de 10 anos de idade (Auler, 2010),
compatível com o presente relato.
Segundo Silva et al (2010), estão descritos sinais clínicos inespecíficos de dor,
anorexia, apatia e edema no local até morte súbita secundária à
hemorragia/choque vasculogênico. O animal relatado apresentava letargia,
anorexia e aumento de volume em região nasal e seios paranasais frontal.
De acordo com Auler (2010) os cães dolicocefálicos são os mais afetados. Cães
braquicefálicos possuem menos chances de desenvolver neoplasia intranasal.
O caso relatado evidenciou um paciente braquicefálico acometido pela
enfermidade.
Macroscopicamente o HSA possui coloração do cinza pálido ao vermelho
escuro, são gelatinosos ou moles, frequentemente contendo áreas
sanguinolentas ou necróticas na superfície de corte (Silva et al., 2010). No caso
relatado a neoformação apresentava-se como descrita na literatura.
Microscopicamente, as características descritas por Paredes et al (2011) foram
encontradas neste relato, com proliferação de células neoplásicas fusiformes
com núcleos ovais, formando várias estruturas vasculares contendo sangue
sugestivo de neoplasia mesenquimal maligna (hemngiossarcoma).

CONCLUSÃO:
O HSA nasal é uma enfermidade incomum nos cães, identifica-se mais em
idosos, facilmente confundida com outras enfermidades que produzam sinais
clínicos inespecíficos. O conhecimento acerca da apresentação clínica e lesões
macroscópicas e microscópicas foram determinantes para o diagnóstico nesse
caso.

REFERÊNCIAS:
261

AULER, F.A.B. Associação da radiografia, tomografia computadorizada


rinoscopia no auxílio diagnóstico das afecções em cavidade nasal e seios
paranasais de cães. 2010. São Paulo, 100f. Dissertação (Mestrado em Ciências:
Clínica Cirúrgica Animal) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo.
FUJITA, M.; TAKAISHI, Y.; YASUDA, D. et al. Intranasal Hemangiosarcoma in a
Dog. Journal of Veterinary Medical Science. vol. 70, n. 5, p. 525 – 528, Japão,
2008.
GARDNER, H.L.; LONDON, C.A.; PORTELA, R.A. et al. Maintenance therapy with
toceranib following doxorubicin-based chemotherapy for canine splenic
hemangiosarcoma. Bio Med Central Veterinary Research. vol. 11, n. 131,
Estados Unidos, 2015.
GUBERMAN, U.C.; MERLINI, N.B.; PERCHES, C.S. et al.Hemangiossarcoma
corneal em cão. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.67,
n.2, p.343-346, Minas Gerais, 2014.
PAREDES, L.J.A.; TAVARES, C.C.S.; SOUZA, E.E.G.; DOMICIANO, T.A.O.;
MONTÃO, D.P.; ALMEIDA, M.B; SILVA, A.O.F. Hemangiossarcoma Hepático em
Cão: Relato de Caso. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária XXXVIII.,
2011, Santa Catarina. Journal of Agronomy and Veterinary Sciences.
Florianópolis – SC: 2011, p. 926.
MESSIAS, MS. Tumores Nasosinusias em Cães. 2008. Lisboa, 73f. Dissertação
(Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina
Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa.
SILVA, C.C.; SCOPEL, D.; SOUZA, L.S.S.; FORTES, T.P.; LEMOS, C.D.; SILVA, F.S. In:
Congresso de Iniciação Científica (CIC) XIX. 2010. Rio Grande do Sul.
274. Hemangiossarcoma nasal em um Canino – Relato de Caso. Pelotas – RS,
2010.

91. HEMOGLOBINA GLICADA E FRUTOSAMINA EM CÃES (CANIS FAMILIARIS)


COM DIABETES MELLITUS
O Diabetes mellitus (DM) ocorre com frequência em cães, e a glicemia é o teste
laboratorial mais utilizado como confirmar o diagnóstico. Foram avaliadas as
concentrações de glicose sérica, hemoglobina glicada e frutosamina em 19 cães
262

com DM. Todos os animais estavam em tratamento com insulina. Observou-se


médias dos valores de glicose de 494,2 md/dL, hemoglobina glicada de 10,3% e
frutosamina de 687 µmol/L nos cães com DM. Estes resultados indicam a
importância da avaliação de hemoglobina glicada e frutosamina em cães com
diabetes e para controle com insulina.

INTRODUÇÃO:

A Diabetes mellitus (DM) é uma endocrinopatia comum em cães, e pode ser


fatal se não for diagnosticada e tratada adequadamente. A hemoglobina
glicada e a frutosamina são muito utilizadas na medicina humana como exames
padrão-ouro para diagnóstico da DM (Sacks 2003; Kaneko 2008). Objetivou-se
avaliar cães com DM em tratamento com insulina, com dosagens de glicose
sérica, hemoglobina glicada e frutosamina, comparando os resultados com
aqueles obtidos em animais saudáveis.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram utilizados 19 cães com diagnóstico de DM (CEUA/SCA n.048/2010) e sob


tratamento com insulina. A frutosamina e a glicose foram dosadas no soro; a
hemoglobina glicada foi dosada no sangue total. Os valores de glicose,
hemoglobina glicada e frutosamina foram comparados com os valores obtidos
de 100 cães hígidos. Os resultados de glicose, hemoglobina glicada e
frutosamina dos cães clinicamente sem alterações e dos cães com diabetes
foram avaliados pelo teste de ANOVA, e as médias comparadas pelo teste de
Tukey, considerando p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Nos animais com DM utilizados neste estudo verificou-se valores de


hemoglobina glicada e frutosamina superiores aos cães sem alteração clínica,
sendo as médias para hemoglobina glicada de 10,3% e frutosamina de 687
µmol/L. A glicemia sérica é afetada por diversos fatores, como variação diurna,
exercício, estresse, alimentação e medicação, o que não ocorre com a
hemoglobina glicada e frutosamina (Jensen et al. 1992). A dosagem da
hemoglobina glicada e da frutosamina aumentam a margem de confiança para
afirmar que o cão está com glicemia elevada e por tempo prolongado (Saks et
al. 2003).
263

CONCLUSÃO:

A hemoglobina glicada e a frutosamina refletem a efetividade do tratamento


de insulina em cães com DM, e se correlacionam com a redução da glicemia
sanguínea, em especial a hemoglobina glicada, devendo ser utilizadas tanto
para diagnóstico como monitoramento da condição clínica do paciente.

NOTA:

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais do Setor de


Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná sob protocolo 051/2014.

REFERÊNCIAS:

KANEKO, J.J. Carbohydrate metabolism and its disease. In: Kaneko JJ, Harvey
JW, Bruss ML. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. San Diego:Mosby
Elsevier, 2008, p.62-70.

SACKS, D.B. Hemoglobin variants and hemoglobin A1c analysis: Problem


Solved. Clinical Chemistry. V.49, p.1245-1247, 2003.

NATHAN, D.M.; KUENEN, J.; BORG, R.; ZHENG, H.; SCHOENFELD, D.; HEINE, R.J.
Translating the A1C assay into estimated average glucose values. Diabetes
Care. V.31, p.1473-1478, 2008.

JENSEN, A.L, AAES, H. Reference interval and critical diference for canine serum
fructosamine concentration. Veterinary Research Communication. v.16, p.317-
325, 1992.

92.HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA PERITÔNIO-PERICÁRDICA EM GATO COM


DESCOMPENSAÇÃO DEVIDO À HEPATITE MEDICAMENTOSA: RELATO DE CASO
JULIANE ELISABETH GRESS PAZ1, GABRIELA GARCIA ARAUJO1, MELINA
BARBBARA BENDER MACEDO2, CAROLINA SCHWENGBER CASARIN1, CLÁUDIA
COSTA CANTAGALO DOS SANTOS2
1
Médica Veterinária, Faculdade de Veterinária da UFRGS, Clínica do Gato
2
Aluna de graduação, Faculdade de Veterinária da UFRGS

RESUMO:
A hérnia diafragmática peritônio-pericárdica é um defeito congênito comum
em cães e gatos. Alguns animais acometidos podem ficar assintomáticos e o
diagnóstico é feito de modo acidental. O presente trabalho relata o caso de um
264

felino com hérnia diafragmática peritônio-pericárdica que apresentou


sintomatologia respiratória, após tratamento com droga hepatotóxica.

INTRODUÇÃO:
A hérnia diafragmática peritônio-pericárdica (HDPP) é o defeito congênito do
diafragma mais comum em cães e gatos (Wallace, 1992). Ela ocorre a partir de
um desenvolvimento embrionário anormal que permite uma comunicação
persistente entre as cavidades pericárdica e peritoneal na linha média ventral.
Os sinais clínicos podem estar associados ao sistema gastrointestinal ou
respiratório (Ware, 2010). Entretanto, alguns animais podem permanecer sem
apresentarem sinais clínicos por anos (Hess, 2008).
Os achados radiográficos incluem um aumento da silhueta cardíaca,
deslocamento dorsal da traqueia, entre outros (Rishniw, 2012). A correção
cirúrgica é recomendada em pacientes com sinais clínicos (Hess, 2008),
procura-se evitar essa correção em animais idosos, nos quais os órgãos estão
cronicamente aderidos e podem sofrer trauma durante a tentativa de
reposicionamento (Ware, 2010). O objetivo desse trabalho é relatar o caso de
um felino da raça persa que apresentava hérnia peritônio-pericárdica de forma
assintomática. O felino apresentou dispneia e sinais de hepatotoxicidade após
tratamento com itraconazol.

MATERIAIS E MÉTODOS:
Atendeu-se em novembro de 2012, um felino, fêmea, de 12 anos de idade, da
raça persa com queixa, segundo o tutor, de alopecia no pescoço e região
temporal. Solicitou-se exame micológico dos pelos da região. Pelo exame pode-
se concluir que se tratava de uma dermatofitose. Receitou-se então,
itraconazol na dose de 10 mg/kg uma vez ao dia, juntamente com um protetor
hepático.
O animal retornou ao atendimento quinze dias após o inicio do tratamento,
apresentado icterícia, anorexia e vômito. O uso do itraconazol foi cessado.
Após alguns dias internado, o animal começou a apresentar grande
desconforto respiratório. Solicitou-se então uma radiografia torácica e
ecografia.

RESULTADOS:
A imagem radiográfica do animal revelou um aumento da silhueta cardíaca,
além de um deslocamento dorsal da traqueia. A ecografia demonstrou
envolvimento de fígado e baço na cavidade torácica. Submeteu-se o animal a
uma herniorrafia. Na cirurgia, fígado e baço estavam fortemente aderidos na
265

parede torácica, além disso, o fígado apresentava-se totalmente degenerado. O


animal foi a óbito ao final do procedimento cirúrgico.

DISCUSSÃO:
O itraconazol geralmente é bem tolerado pelos gatos, porém algumas vezes
podem surgir sinais de hepatotoxicidade como anorexia, vômito e aumento das
enzimas hepáticas (Grace, 2011). A hérnia peritônio-pericárdica muitas vezes é
um achado acidental (Rishniw, 2012). Segundo um estudo, quando a hérnia é
diagnosticada desse modo, apenas uma pequena porcentagem de animais irá
desenvolver sinais clínicos posteriores (Reimer et al., 2004). No caso
apresentado, acredita-se que a hepatite medicamentosa tenha sido
responsável pelo surgimento dos sinais clínicos como a dispneia, pois causou
uma inflamação hepática diminuindo assim a área de expansão pulmonar.
Além disso, o encarceramento do fígado na HDPP pode ter contribuído para as
lesões hepáticas, já que a constrição do fígado leva a uma congestão vascular e
linfática (Less et al., 2000), isso também pode ter contribuído para a maior
sensibilidade ao dano hepático causado pelo itraconazol.

CONCLUSÃO:
Através dos dados da radiografia e ecografia fica evidente tratar-se de uma
hérnia peritônio-pericárdica. Apesar de segundo a literatura, a herniorrafia não
ser recomendada em animais idosos com esse tipo de hérnia, o animal
apresentou uma descompensação respiratória devido a uma hepatite tóxica,
necessitando de cirurgia de urgência.

REFERÊNCIAS:
GRACE SF. Blastomycosis. In:Norsworthy GD, Grace SF, Crystal MA, Tilley LP.
The feline patient. 4th ed. Ames, Iowa; 2011. p.47.
HESS MO. Incidental finding of a peritoneopericardial hernia in a cat. Veterinary
medicine. 2008. Disponível em: URL:
http://veterinarymedicine.dvm360.com/vetmed/Medicine/ArticleStandard/Art
icle/detail/557948 [2013 mar.20]
LESS RD, BRIGHT JM, ORTON EC. Intrapericardial cyst causing cardiac
tamponade in a cat. Journal of the American Animal Hospital Association 2000;
36:115–119.
REIMER S, KYLES A, FILIPOWICZ D, GREGORY CR. Long-term outcome of cats
treated conservatively or surgically for peritoneopericardial diaphragmatic
hernia: 66 cases (1987-2002). Journal of the American Veterinary Medical
Association 2004; 224(5):728-32.
266

RISHNIW M. Cardiovascular diseases. In: Little S. The cat clinical medicine and
management. China: Elsevier Saunders; 2012. p.324.
WALLACE J, MULLEN HS, LESSER MB. A technique for surgical correction of
peritoneal pericardial diaphragmatic hernia in dogs and cats. Journal of the
American Animal Hospital Association 1992; 28:503–510.
WARE WA. Doenças pericárdicas e tumores cardíacos. In: Nelson RW, Couto
CG. Medicina interna de pequenos animais. 4ª ed. Rio de janeiro: Elsevier;
2010. p.155- 156.

93. HIDROCEFALIA ASSOCIADA À CISTO ARACNÓIDE DA CISTERNA


QUADRIGEMINAL EM CÃO – RELATO DE CASO
KAREN CRISTINA DE OLIVEIRA BASTOS1, ADILSON DONIZETI DAMASCENO¹.
1 – Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e
Zootecnia - Universidade Federal de Goiás;

RESUMO:
Os cistos aracnóides ocorrem pelo acúmulo de líquor na membrana aracnóide
e podem dificultar o fluxo de líquor nos ventrículos, levando ao quadro
denominado hidrocefalia. Objetiva-se nesse trabalho o relato de cisto
aracnóide localizado na cisterna quadrigeminal da fossa caudal associada a
hidrocefalia em Yorkshire.

INTRODUÇÃO:
A hidrocefalia é um distúrbio com diferentes mecanismos patofisiológicos:
aumento da produção, deficiência da absorção ou obstrução do fluxo normal
do líquor, sendo o último a forma mais comum (Thomas, 2010). Os cistos
aracnóides são compartimentos envoltos por membrana aracnóide, congênitos
ou adquiridos, repletos de líquor (Garg et al., 2014).
A associação entre os cistos aracnóides e a hidrocefalia é pouco explorada.
Entretanto, sabe-se que cistos localizados na cisterna quadrigeminal da fossa
caudal podem causar obstrução do fluxo de líquor através do aqueduto de
Sylvius (Martinez-Lage et al., 2011).

DESCRIÇÃO DO CASO:
Foi atendido um cão Yorkshire, macho, 10 anos com 2,1 Kg. Relatou-se que
desde filhote apresentava falta de interação com humanos, animais e objetos
inanimados (brinquedos). Além disso, notava-se atividades repetitivas, como
andar em círculos, compulsão em beber água, movimentos laterais da cabeça,
sono excessivo e dificuldade de alimentação. Na atual idade, o animal
267

apresenta disfunção cognitiva (demência), andar a esmo e em círculos (lado


direito).
O animal foi encaminhado para a realização de tomografia computadorizada do
crânio, em que constatou-se importante dilatação do sistema ventricular, com
aumento bilateral e simétrico da cisterna quadrigeminal, diminuição do
parênquima encefálico e do cerebelo, discreta projeção do cerebelo através do
alargamento do forâmen magno (herniação cerebelar) (FIGURA 1). Concluiu-se
hidrocefalia associada à cisto aracnóide na cisterna quadrigeminal.
O tratamento prescrito foi: prednisona comprimidos, 5mg, 1/4 de comprimido
de 12 em 12 horas, durante 30 dia e furosemida solução oral, 4mg/ml, 1 ml de
8 em 8 horas, durante 30 dias. Com isso, houve atenuação dos sinais clínicos.
Posteriormente, optou-se pela cirurgia de desvio ventriuloperitoneal.

DISCUSSÃO:
A incidência de cistos quadrigeminais é maior em animais de pequeno porte
(Dewey et al., 2009). Os sinais clínicos descritos característicos de cistos
quadrigeminais são de convulsões (Duque et al., 2005) agressividade (Gallicchio
e Notari, 2010), letargia, ataxia, falha na resposta do teste de ameaça,
hiperreflexia, anisocoria e, como no presente relato, demência e andar em
círculos (Reed, Cho e Paulsen, 2009).
Os achados da tomografia computadorizada do crânio do paciente, estão de
acordo com os casos relatados em trabalho realizado na área de diagnóstico
por imagem em exames de tomografia computadorizada e ressonância
magnética e as alterações visibilizadas foram semelhantes às descritas no caso
em questão (Vernau et al., 1997).
Os tratamentos dos cistos quadrigeminais sugeridos por Duque et. al. (2005)
são medicamentoso ou cirúrgico. Segundo autor, o tratamento com
prednisolona atenuou os sinais clínicos de paciente, assim como no presente
caso. Em casos de hidrocefalia, sugere-se a cirurgia de desvio
ventriculoperitoneal (Biel et al., 2013), como no caso descrito.

CONCLUSÃO:
O cisto quadrigeminal é de rara ocorrência em cães. Com isso, os relatos de
casos são relevantes para o levantamento estatístico da doença, bem como
auxilia na elucidação do profissional clínico sobre os sinais clínicos, meios de
diagnóstico e terapêutica.
REFERÊNCIAS:
BIEL, M. et al. Outcome of ventriculoperitoneal shunt implantation for
treatment of congenital internal hydrocephalus in dogs and cats: 36 cases
(2001-2009). J Am Vet Med Assoc, v. 242, n. 7, p. 948-58, Apr 1 2013.
268

DEWEY, C. W. et al. Intracranial arachnoid cysts in dogs. Compend Contin Educ


Vet, v. 31, n. 4, p. 160-7; quiz 168, Apr 2009.
DUQUE, C. et al. Intracranial arachnoid cysts: are they clinically significant? J
Vet Intern Med, v. 19, n. 5, p. 772-4, Sep-Oct 2005.
GALLICCHIO, B.; NOTARI, L. Animal behavior case of the month. Aggression in a
dog caused by an arachnoid cyst. J Am Vet Med Assoc, v. 236, n. 10, p. 1073-5,
May 15 2010.
GARG, K. et al. Quadrigeminal cistern arachnoid cyst: A series of 18 patients
and a review of literature. Br J Neurosurg, p. 1-7, Sep 12 2014.
MARTINEZ-LAGE, J. F. et al. Hydrocephalus and arachnoid cysts. Childs Nerv
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REED, S.; CHO, D. Y.; PAULSEN, D. Quadrigeminal arachnoid cysts in a kitten and
a dog. J Vet Diagn Invest, v. 21, n. 5, p. 707-10, Sep 2009.
THOMAS, W. B. Hydrocephalus in dogs and cats. Vet Clin North Am Small Anim
Pract, v. 40, n. 1, p. 143-59, Jan 2010.
VERNAU, K. M. et al. Magnetic resonance imaging and computed tomography
characteristics of intracranial intra-arachnoid cysts in 6 dogs. Vet Radiol
Ultrasound, v. 38, n. 3, p. 171-6, May-Jun 1997.

94. HIPERADRENOCORTICISMO CANINO ADRENAL-DEPENDENTE ASSOCIADO


A DIABETES MELLITUS EM CÃO - RELATO DE CASO
1- LUCIANA FERREIRA1, 2- RENATA SILVA BATISTA1, 3 – PEDRO NUNES CALDAS1
1- HOSPITAL VETERINÁRIO DE NITERÓI

RESUMO:
O hiperadrenocorticismo adrenal-dependente corresponde a 15% dos casos de
hiperadrenocorticismo em cães e uma de suas principais complicações é a
diabetes mellitus. Neste trabalho, relatamos o caso de um cão diagnosticado
com diabetes mellitus antes que o hiperadrenocorticismo adrenal-dependente
fosse descoberto. O segundo diagnóstico veio após investigação da causa de
resistência insulínica durante a insulinoterapia.

INTRODUÇÃO:
O hiperadrenocorticismo adrenal-dependente (HAD) afeta cães de meia-idade
a idosos de todas as raças e dois terços dos cães com tumores adrenais (TA) são
fêmeas (Nelson, 2006). Cerca de metade dos TA é benigna (Nelson, 2006;
Peterson, 2007). Aspectos que sugerem malinigdade são tamanho da massa,
invasão para tecidos adjacentes e vasos sanguíneos e metástases (Galvão &
Chew, 2011). Adenomas corticais são mais de duas vezes mais comuns do que
feocromocitomas ou carcinomas corticais (Galvão & Chew, 2011). Alguns cães
269

hiperadrenocorticismo (HAC) desenvolvem diabetes mellitus (DM) devido


resistência insulínica causada pela produção excessiva de cortisol (Feldman &
Nelson, 2004). Cerca de 5% a 10 % dos cães com HAD e DM associados não
requerem insulina depois de uma terapia com mitotano. Os demais 70% a 80%
requerem significativamente menos insulina (Feldman & Nelson, 2004).

MATERIAL E MÉTODOS:
Canino, fêmea, castrada, 12 anos, da raça fox paulistinha, foi atendido, em
julho de 2015, com histórico de poliúria, polidpsia, polifagia e perda de peso.
Ao exame físico observou-se aumento do volume abdominal. A pressão arterial
sistêmica nesta consulta estava normal. Neste momento suspeitou-se de DM e
exames laboratoriais e de imagem foram solicitados.

RESULTADOS:
Foram encontrados alterações em bioquímicas e lipidograma, a densidade
urinária (DU) estava em seu limite superior. Além disso, observou-se
hiperglicemia persistente com glicosúria. Ultrassonografia (US) revelou
hepatomegalia, adrenal esquerda normal (direita não visualizada). Iniciou-se o
tratamento da diabetes com Insulina NPH na dose inicial de 0,5 UI/kg/bid.
Houve discreta melhora clínica, porém curvas glicêmicas incosistentes e com
valores de glicemias ainda altos indicavam um fator de resisitencia insulínica a
ser investigado. Uma tomografia computadorizada (TC) foi realizada e
encontrou-se uma massa medindo cerca de 3,8 x 3,0 x 5,0 cm sugestiva de
neoplasia em adrenal direita com invasão de veia cava caudal que já estava
com 2cm de diâmetro (figura 1), impossibilitando o tratamento cirurgico. A TC
também visualizou nódulos hepáticos de até 1,2cm. Nesta ocasião foi realizada
a mensuração de cortisol e aldosterona pós ACTH (tabela 2), confirmando o
HAD. Institui-se então o tratamento com mitotano na dose inicial de
25mg/kg/bid. Até o momento da conclusão deste trabalho o animal
encontrava-se ainda na fase de indução do tratamento com mitotano e
fazendo uso de 1,5 UI/kg de insulina, bid.

DISCUSSÃO:
Relatamos o caso de HAD canino, fêmea, 12 anos, dados que vão de encontro
com o assinalamento de idade e sexo citado por Feldman (2004) e Nelson
(2006). Galvão & Chew (2011) relatam que adenomas adrenais são mais
comuns que carcinomas adrenocorticais e feocromocitomas, porém, não há
sinais clínicos de feocromocitoma no caso relatado. Além disso, o tumor
adrenal já invade veia cava caudal e nódulos hepáticos foram encontrados,
fatores que podem estar relacionados aos aspectos de malinigdade citados. A
270

concomitância de HAD e DM, nos faz pensar na resistência insulínica citada por
Feldman & Nelson (2004). Os mesmos autores citam que a dose de insulina
pode ser diminuída ou até suprimida após tratamento do HAD com mitotano,
mas até o momento isto não ocorreu no caso relatado.

CONCLUSÃO:
O tumor adrenal do caso citado parece ser maligno e não houve suspeita de
feocromocitoma, porém apenas o exame histopatológico pode confirmar estes
dados. O fato dos achados clínicos, laboratoriais e de ultrassonografia serem
similares em ambas doenças fez que com a diabetes mellitus fosse diagnóstica
antes do HAD. A resistência à insulina exógena, curvas glicêmicas
inconsistentes e pouca melhora clínica do DM canino leva à suspeita doença
concomitante, entre elas, o hiperdrenocorticismo. A DU perto do limite
superior (devido glicosúria) mascarou a DU baixa geralmente encontrada no
hiperadrenocorticismo.

REFERÊNCIAS:
FELDMAN, E.C; NELSON, R.W. Canine Hyperadrenocorticism (Cushing’s
syndrome). In: FELDMAN, E.C; NELSON, R.W. Canine and feline endocrinology
and reproduction. 3 ed., St. Louis: Elsevier, 2004, p.252-357.
GALVAO, J.F.B; CHEW, D.J. Metabolic Complications of endocrine surgery in
compaion animals. Veterinary Clinic Small Animal 41, 2011.
NELSON, R. W. Distúrbios da Glândula Adrenal. In: NELSON, R.W; COUTO, C.G.
Manual de Medicina Interna de Pequenos Animais. 2ª ed.. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. p.572-594
PETERSON, M.E. Diagnosis of Hyperadrenocorticism in Dogs. Clinical
techiniques in small animal practice, 2007.

95. HIPERFLEXÃO DO CARPO EM CÃO ADULTO RELATO DE CASO

JULIANO MORELLI MARANGONI¹, RICARDO LIMA SALOMAO2, ELZYLENE LÉGA


PALAZZO3, PAULA FERREIRA DA COSTA3, PATRICIA NADJA DE OLIVEIRA REY4,
MARINA LAUDARES COSTA5

1.Aprimorando em Clínica e Cirurgia de pequenos animais pela Faculdade Dr.


Francisco Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP.

2.Veterinário responsável pelo setor de Clínica e Cirurgia de pequenos animais


pela Faculdade Dr. Francisco Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP.
271

3.Docente (a) (as) pela Faculdade Dr. Francisco Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP.

4.Graduanda do curso de Medicina Veterinária pela Faculdade Dr. Francisco


Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP.

5. Graduanda do curso de Medicina Veterinária pela Faculdade de Franca,


UNIFRAN, Franca, SP.

RESUMO:

A hiperflexão do carpo é rara em cães e ocorre em decorrência do crescimento


acentuado dos ossos com relação às unidades musculotendíneas. Tratamentos
cirúrgicos ou conservativos com órteses são relatados. O presente trabalho tem
como objetivo relatar o tratamento conservativo em um caso de hiperflexão do
carpo em cão adulto.

INTRODUÇÃO:

A hiperflexão carpal é uma afecção musculotendinosa considerada rara em


animais de pequeno porte, com predisposição para filhotes de 6 a 12 meses de
idade, por apresentar crescimento acentuado dos ossos comparados aos
tendões e músculos (Greet, et al., 2003), com consequente tensão excessiva
dos tendões do músculo flexor ulnar do carpo (Slatter, 2003) e inabilidade de
estender os membros. Petazzoni e Mortellaro (2002) citaram predisposição
racial para Dobermann, Pinscher e Shar-pei, com alterações comumente
bilaterais em diferentes graus de comprometimento. Os sinais clínicos incluem
atrofia da musculatura flexora do carpo, retração das falanges em direção ao
carpo e edema de tecidos moles (Holland, 2005). Em cães, o tratamento
realizado pode ser cirúrgico ou conservativo com o uso de órteses tipo Robert
Jones ou Robert Jones modificada (Slatter, 2003). Altunatmaz et al., (2006)
relataram que o tratamento com órtese deve durar aproximadamente dez dias
e ser prolongado, se necessário. O presente estudo teve como objetivo relatar
um caso de hiperflexão do carpo de um cão, fêmea, SRD, adulta cujo
tratamento conservativo realizado por bandagens tipo Robert Jones e Robert
Jones demonstrou bons resultados.

RELATO DO CASO:

Uma fêmea canina errante, de aproximadamente 1,5 ano de idade, 7 kg, foi
atendida com sinais de hipoplasia de esmalte dentário e deformidade angular
de 90° dos membros torácicos na região do carpo, impossibilidade extensora,
atrofia dos músculos flexores do carpo, ausência de dor, crepitação articular à
palpação, acentuada tensão do tendão flexor carpal, quando forçada a
272

extensão e apoio na região cranial dos metacarpos com hiperqueratose (fig.1A).


O diagnóstico foi de hiperflexão carpal e o tratamento preconizado foi
conservativo em ambos os membros com bandagem reforçada de Robert
Jones. Após 15 dias, o membro esquerdo apresentou-se praticamente na
posição anatômica correta, porém com frouxidão do tendão e dificuldade de
apoio. A bandagem Robert Jones foi modificada e aplicada de modo que as
falanges do animal permanecessem expostas e possibilitassem o total apoio
dos coxins ao solo. Aos 30 dias, a mesma bandagem foi colocada de forma
unilateral alternada, permanecendo assim por mais 30 dias, quando recebeu
alta médica e recuperação satisfatória.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

O presente relato descreve um caso em cão errante adulto, cuja etiologia pode
ser justificada pela subnutrição (Auer, 2006). Os achados físicos permitiram
fechar o diagnóstico, visto que os exames laboratoriais e radiográficos não
apresentaram alterações dignas de nota, pois conforme citam os autores Slatter
(2003), tal afecção envolve somente tecidos moles, no entanto, eventualmente,
pode-se esperar doença articular degenerativa. Os primeiros resultados de
melhora foram observados aos 15 dias, corroborando com os relatos de
Kemper et al. (2011), mas a angulação articular persistiu. Desta forma, para
auxiliar na recuperação do tônus muscular e da função mecânica do membro, a
tala foi reduzida de modo que as falanges do animal permanecessem expostas
e possibilitassem o total apoio dos coxins ao solo. Nenhum relato desta
natureza foi descrito na literatura pela redução do comprimento da tala e,
embora tenha apresentado bons resultados, um dos membros apresentou
dermatite como complicação do uso prolongado da bandagem, por este
motivo, a opção em manter a bandagem unilateral com troca alternada em
cada membro foi instituída, com resultado satisfatório visto que a melhora foi
seria progressiva pelo uso normal dos membros e melhor qualidade de vida do
paciente. Assim, vale salientar que o tratamento conservativo com uso de
bandagens pode ser considerado eficaz, mas pode requerer longo período de
recuperação, o que também pode ser necessário nos casos cirúrgicos quando a
fisioterapia é requerida (Slatter, 2003).

CONCLUSÃO:

Nas condições em que este relato foi conduzido, o tratamento da hiperflexão


carpal em cães adultos, com utilização de bandagem Robert Jones, permitiu o
restabelecimento da função mecânica da articulação.

REFERÊNCIAS:
273

1- ALTUNATMAZ, K.; OZSOY, S. Carpal flexural deformity in puppies. Veterinarni


Medicina, Istambul, Turquia, p. 71 - 74, 2006.

2- GREET, T. R. C.; CURTIS, S. J. Foot management in the foal and weanling.


Veterinary Clinics Equine Practice, Newmarket, v. 19, p. 501-517, 2003.

3- HOLLAND, C. T. Carpal hyperflexion in growing dog following neural injury to


the distal brachium. Journal of small animal practice , v. 46, jan. 2005.

4- KEMPER, B. et al. Hiperflexão do carpo em filhotes de cães (revisão


bibliográfica). Revista de ciências agroveterinárias, Florianópolis, 2011.

5- PETAZZONI, M.; MORTELLARO, C. M. Flexural deformity in a Dalmatian puppy:


a case report and review of literature. EJCAP, v. 12, n. 2, Outubro 2002. 53.

6- SLATTER, D. Textbook of Small Animal Surgery. 3. ed. Saint Louis, EUA: Elsevier
Science, 2003.

7- AUER, J. A.; STICK, J. A. Flexural derformities. In: auer, J. A. Equine Surgery. 3.


ed. Saint Louis, EUA: Saunders,2006.p.1150-1165

96. HIPERPARATIROIDISMO RENAL SECUNDÁRIO EM CÃO

KARLA RENATA KAMINSKI ANDREOLI1, JANAÍNA MENEGAZZO GHELLER1,


DIESSYCA DE MELLO1, GABRIELA BASÍLIO ROBERTO1, ZARA BORTOLINI1,
ADRIANO DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO1
1
Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Centro
Oeste (UNICENTRO).

RESUMO:
Um cão, de sete anos de idade com queixa de disfagia foi atendido na Clínica
Veterinária, com indicativos de insuficiência renal. No exame radiográfico da
face foi constatada diminuição generalizada de radiopacidade óssea e
rarefação de osso alveolar, sinais compatíveis com osteodistrofia renal.
274

INTRODUÇÃO:

A insuficiência renal crônica é caracterizada pela perda da função dos néfrons,


levando a uma falha na homeostase de água e eletrólitos (Martinez; Carvalho,
2010). Além disso, como consequência, é relatado o desequilíbrio do
metabolismo de cálcio e de fósforo, desencadeando um quadro de
hiperparatiroidismo secundário (Martinez; Carvalho, 2010; Custódio et al,
2013).

A regulação do cálcio sérico é feita pelo paratormônio (PTH) e pelo calcitrol. Em


situações de hipocalcemia, a secreção de PTH afeta diretamente a mobilização
e retenção de cálcio dos ossos. Já o calcitrol estimula a absorção de cálcio pelo
intestino (Holowaychuk, 2013). Como o calcitrol é produzido pelo rim, em
insuficientes renais seus níveis estarão diminuídos, contribuindo ainda mais
para a hipocalcemia, e aumentando indiretamente a liberação do PTH
(Custódio et al, 2013).

A constante secreção do PTH presente nos quadros de IRC pode levar a


hiperplasia da glândula paratireoide. Além de levar a quadros de
desmineralização óssea e mineralização de tecidos moles. (Lazzareti et al,
2013). Esse trabalho pretende relatar o caso de um cão com
hiperparatiroidismo secundário.

RELATO DE CASO:

Um cão, macho SRD, sete anos, 10 kg, foi atendido com queixa de disfagia e
segundo o proprietário, permanecia sempre com a boca entre aberta. No dia
apresentava-se apático e com mucosas hipocoradas. Após realização de exame
de sangue, constatou-se anemia e leucopenia, além de altos valores de
creatinina sérica (10 mg/dL). O exame de urinálise constatou densidade de
1.016 g/dL, pH alcalino, proteinúria e glicosúria. No raio X de face foi observado
osteopenia e rarefação dos ossos do crânio e osso alveolar e perda do padrão
trabecular. Os dentes apresentavam-se destacados evidenciando a acentuada
osteopenia, além de mineralização distrófica das cartilagens laríngeas. Devido
ao quadro de apatia e convulsão, realizou-se diálise peritoneal, e a análise do
líquido peritoneal revelou 6,4 g/dL de creatinina. Porém, devido a não melhora
clínica optou-se pela eutanásia do animal.
275

DISCUSSÃO:

As alterações clínicas e laboratoriais encontradas, somadas aos exames de


imagem, são compatíveis com hiperparatiroidismo secundário à insuficiência
renal crônica (Custódio et al, 2013). A creatinina é o principal metabólito
avaliado na insuficiência renal, e o aumento é um indicativo de insuficiência
renal (Martinez; Carvalho, 2010).

Os sinais radiográficos são compatíveis com a desmineralização óssea presente


no hiperparatiroidismo secundário, provocada pela retirada de cálcio dos ossos
estimulada pelo paratormônio(Custódio et al, 2013).

CONCLUSÃO:

O hiperparatiroidismo secundário é uma alteração sistêmica grave e quase


sempre é diagnosticada tardiamente. A disfagia causada pela deformidade
facial foi a principal queixa do proprietário, quando o quadro de insuficiência
renal já estava muito avançado. A sobrevida do animal depende do sucesso do
tratamento de insuficiência renal crônica.

REFERÊNCIAS:

HOLOWAYCHUK, M. K. Hypocalcemia of Critical Illness in Dogs and Cats.


Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. v. 43, n. 6, p. 1299–
1317, 2013.

CUSTÓDIO, M. R.; CANZIANI, M. E. F.; MOYSES, R. M. A. et al. Protocolo clínico e


diretrizes terapêuticas para o tratamento do hiperparatireoidismo secundário
em pacientes com doença renal crônica. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 35,
n. 4, p. 308-322, 2013.

LAZARETTI, P.; KOGIKA, M.M.; HAGIWARA, M.K. et al. Concentração sérica de


paratormônio intacto em cães com insuficiência renal crônica. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58. N. 4, p. 489-494, 2006.

MARTÍNEZ, P. P.; CARVALHO, M. B. Participação da excreção renal de cálcio,


fósforo, sódio e potássio na homeostase em cães sadios e cães com doença
renal crônica. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 30, n. 10, p. 868-867, 2010.
276

97. HIPERPLASIA MAMÁRIA FELINA: CASOS ATENDIDOS NO HOSPITAL


VETERINÁRIO DE UBERABA DE 2005 A 1015

DEBORAH VIEIRA DE SOUSA ROSIM1, ENDRIGO GABELLINI LEONEL ALVES1, IAN


MARTIN1; LARYSSA COSTA REZENDE1; ISABEL RODRIGUES ROSADO1
1
Universidade de Uberaba - UNIUBE

RESUMO:

A hiperplasia mamária felina (HMF) é uma afecção benigna diretamente


relacionada com o estímulo progesterônico. Em dez anos de atendimentos
clínicos no Hospital Veterinário de Uberaba foram atendidos 4 casos. Nenhum
dos animais era castrado e 3 casos estavam associados a aplicação de
progestágeno exógeno. A idade de aparecimento da doença variou de 7 a 24
meses. Um caso foi autolimitante, outro não foi tratado e os outros dois foram
tradados cirurgicamente pela castração e mastectomia. Conclui-se que a HMF é
mais frequente em gatas jovens, não castradas que receberam medicação
anticoncepcional e que a castração e a mastectomia são tratamentos
eficientes.

INTRODUÇÃO:

A hiperplasia mamária felina (HMF) é caracterizada pela proliferação não


neoplásica dos ductos mamários e do tecido conjuntivo periductal por
influência de progesterona endógena ou exógena (Souza et al., 2002). Os sinais
clínicos são o rápido crescimento das mamas, as quais podem estar
edemaciadas, ulceradas, com necrose e infecção bacteriana secundária. Alguns
animais podem apresentar sinais clínicos sistêmicos decorrentes da infecção e
inflamação podendo evoluir para óbito (Loretti et al., 2004). O diagnóstico é
geralmente presuntivo dado pela observação do rápido aumento de volume
das mamas após o primeiro estro ou administração exógena de progestágenos
(Payan-Carreira, 2013). Por ser uma patologia incomum, o objetivo deste
estudo foi avaliar os casos de HMF atendidos no Hospital Veterinário de
Uberaba (HVU) no período de junho de 2005 a junho 2015, abordando
aspectos clínicos e cirúrgicos.

MATERIAL E MÉTODOS:
277

Realizou-se levantamento dos prontuários de felinos atendidos no HVU no


período de 01 de junho de 2005 a 31 de maio de 2015 com diagnóstico
presuntivo de HMF. Foram obtidos todo os dados referentes a sexo, idade, fase
reprodutiva, uso de anticoncepcionais, mamas acometidas, características e
evolução da lesão e tratamentos realizados.

RESULTADOS:

No período de 2005 a 2015 foram atendidos 2995 gatos no HVU sendo 4 desses
animais diagnosticados com HMF o que representa 0,13% de todos os gatos
atendidos nesse período. Todos os animais com HMF eram fêmeas, não
castradas, com idade entre 7 e 24 meses, sendo 3 mestiços e 1 siamês. Três
animais haviam recebido medicação anticoncepcional dias antes do
aparecimento da hiperplasia. Nenhuma das gatas com HMF estava gestante ou
com pseudociese. Todos os animais com HMF apresentavam aumento rápido e
progressivo de todas as mamas da cadeia bilateralmente . Observou-se edema
e ulceração nas mamas em três casos de HMF e infecção secundária em apenas
um dos animais com ulceração.

O diagnóstico foi obtido pelo histórico do paciente associado aos sinais clínicos,
sendo confirmado pelo exame histopatológico em apenas um dos casos que
necessitou de mastectomia para o tratamento. O primeiro caso foi o único
paciente que não recebeu anticoncepcional, foi tratado pela realização de OSH
pelo flanco e respondeu ao tratamento. O segundo paciente foi tratado de
forma inespecífica com corticoide (prednisona), diurético (furosemida),
antibiótico sistêmico (cefalexina) e tópico (rifamicina) e apresentou discreta
melhora com pouca redução do volume das mamas. A terceira gata veio
apenas na primeira consulta, não foi tratada e não se sabe como a patologia
evoluiu. O quarto paciente foi tratado inicialmente pela realização de OSH pelo
flanco, mas o volume das mamas continuou a aumentar mesmo após o
tratamento. As mamas sofreram ulceração e contaminação secundária
fazendo-se necessário o tratamento com antibiótico (enrofloxacina) e anti-
inflamatório (prednisolona). Não foi observada melhora clínica após o
tratamento com antibiótico e anti-inflamatório sendo então realizada
mastectomia radical bilateral. Após a mastectomia o paciente apresentou
significativa melhora, recuperando-se completamente aos 15 dias de pós-
operatório.
278

DISCUSSÃO:

A HMF é uma patologia raramente observada na clínica de pequenos. A


prevalência observada no presente estudo (0,13%) foi semelhante a relatada
por Souza et at. (2002) 0,16% e inferior a relatada por Loretti et al. (2004)
0,33%. Estima-se que 20% dos tumores mamários de felinos sejam benignos e
que desse total cerca de 13% sejam formados pela HMF (Payan-Carreira, 2013).
No presente trabalho, todos os animais acometidos pela HMF eram fêmeas,
não castradas, assim como o observado na maioria dos estudos (Souza et al.,
2002; Loretti et al., 2004). Mas sabe-se que essa patologia também pode
acometer fêmeas castradas e machos que receberam progestágenos exógenos
(Payan-Carreira, 2013). A idade dos animais com HMF variou entre 7 e 24
meses no presente estudo, entretanto outros estudos mostraram que a HMF
pode acometer gatas de 10 meses a 11 anos (Souza et al., 2002; Payan-
Carreira, 2013). Assim como o observado no nesse estudo há uma associação
positiva entre a administração de anticoncepcionais e o desenvolvimento de
HMF, principalmente quando o medicamento é aplicado durante o estro.
Alguns contraceptivos ainda apresentam o complicante de serem de longa ação
o que dificulta o tratamento (Loretti et al., 2004). Assim como observado em
um dos animais do presente estudo a castração é um tratamento eficiente
visto que elimina os ovários principal fonte de progesterona endógena. Embora
a patogênese da HMF ainda não esteja completamente elucidada, sabe-se que
a progesterona é a principal causa dessa doença (Loretti et al., 2004). Apesar
de não ter sido utilizado em nenhum animal no presente estudo, o aglepristone
inibidor competitivo do receptor de progesterona é considerado a melhor
fármaco para o tratamento da HMF (Payan-Carreira, 2013).

CONCLUSÃO:

A HMF é mais frequente em gatas jovens, não castradas que receberam


medicação anticoncepcional. A castração é um tratamento efetivo quando o
animal não recebeu progestágenos exógenos de longa duração. Animais
refratários ao tratamento medicamentoso e a castração devem ser submetidos
a mastetomia.

REFERÊNCIAS:
279

LORETTI, A. P.; ILHA, M. R. S.; BREITSAMETER, I.; et al. Clinical and pathological
study of feline mammary fibroadenomatous change associated with depot
medroxyprogesterone acetate therapy. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, v.56, p.270- 274, 2004.

SOUZA, T. M.; FIGHERA, R. A.; LANGOHR, I. M.; et al. Hiperplasia fibroepitelial


mamária em felinos: cinco casos. Ciência Rural, v.32, p.891-894, 2002.

PAYAN-CARREIRA, R. Feline mammary fibroepithelial hyperplasia: a clinical


approach. In: ___ Insights from Veterinary Medicine. Publisher: InTech, 2013,
cap.8, p.215-232.

98. HOMEOPATIA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS


LETÍCIA MELO OLIVEIRA1, THAMIZA CARLA COSTA DOS SANTOS1, IAGO
MARTINS OLIVEIRA1, LÉO LINDSAY SOUSA GALVÃO1, ROMÃO DA CUNHA
NUNES1, NEUSA MARGARIDA PAULO1
1
Universidade Federal de Goiás.

RESUMO :
A cicatrização é um processo complexo que ocorre no intuito de restaurar as
estruturas celulares e camadas teciduais e de preservar suas funções. Estudos
estão sendo realizados a fim de encontrar um tratamento que possa
aperfeiçoar o tempo de cicatrização. A homeopatia surge como uma indicação
que pode garantir a eficácia e o baixo custo. Vários medicamentos
homeopáticos podem ser utilizados no tratamento de feridas. Trabalhos com
Arnicamontana, Calendulaofficinalis e Delphiniumstaphysagria demonstraram
o efeito positivo da utilização da homeopatia na cicatrização de feridas. Os
medicamentos homeopáticos se mostraram eficientes por promoverem um
melhor tempo de cicatrização, maior facilidade de aplicação terapêutica,
aceitabilidade pelo paciente e baixo custo.

INTRODUÇÃO:
A cicatrização é um processo que envolve fenômenos fisiológicos e bioquímicos
no intuito de restaurar as estruturas celulares e camadas teciduais e de
preservar suas funções. Ocorre uma sequência de eventos envolvendo as
células de constituição do tecido e a matriz extracelular. Porém, alguns fatores
e doenças podem interferir negativamente nesse processo, retardando-o
(Gantwerkeret al., 2012).
Vários estudos estão sendo realizados na busca por um tratamento que possa
otimizar o tempo de cicatrização. A maioria dos fármacos utilizados atualmente
280

são importados, o que representa um alto custo do tratamento. Dessa forma a


homeopatia surge como uma indicação que pode garantir a eficácia e o baixo
custo (Franco e Pinto, 2000; Dias et al., 2012).

DESENVOLVIMENTO:
A homeopatia foi desenvolvida por Samuel Hahnemann no século XVIII. Passou
a ser utilizada no mundo inteiro rapidamente devido ao seu sucesso na cura de
grandes epidemias. As diluições homeopáticas de Arnica têm sido utilizadas por
muitos anos no auxilio da recuperação pós-operatória por atuar em processos
inflamatórios. Muitos ensaios clínicos foram realizados demonstrando que a
intervenção pré e pós-operatória pode ajudar na recuperação. Estudos
demonstraram o efeito positivo da utilização de medicamentos homeopáticos
na cicatrização de feridas. Alecu et al. (2007) compararam a eficácia da
Arnicamontana com a Delphiniumstaphysagria nas dinamizações 7cH e 30cH
na cicatrização de feridas cirúrgicas em ratos Wistar e observaram semelhança
entre os grupos, ambos promoveram um efeito significativo no tempo
necessário para a cicatrização.
Campos et al. (2000) avaliaram a utilização da Calendula officinalis 12cH via
oral e via tópica em feridas traumáticas infectadas na pele de cães e gatos. Nas
avaliações clínicas da ferida, independentemente da extensão, profundidade e
tempo da lesão, todas as feridas tiveram resposta efetiva ao tratamento com a
Calêndula. Nas avaliações in vitro, observou-se que a inibição do crescimento
de Streptococcus sp., Pseudomonas sp., Hafniaalvei, Corynebacterium sp.,
Serrafialiquefaciens, Staphylococcus sp. e Proteus sp. Os autores concluíram
que a Calendulaofficinalis pode ser utilizada no tratamento de feridas
infectadas.
Pinto (2000) avaliou o uso de Calendulaofficinalis 6cH, Arnicamontana 3cH e
Silicea 30cH no protocolo pós-operatório de mastectomia total em cadelas e
gatas. Observou-se que os medicamentos mostraram-se eficazes em relação à
recuperação cicatricial da ferida cirúrgica, além de serem medicamentos de
fácil aceitação pelos pacientes, de fácil administração e de baixo custo de
aquisição.
Sousa et al. (2009) avaliaram a eficácia da Delphinumstaphysagria 6cH e 30cH
administrada por via oral em ratos Wistar antes e após a realização de feridas
experimentais no dorso dos animais. Foi observado o processo de reparo
cicatricial após três, sete, 14 e 21 dias por análise macroscópica e
histomorfológica e os autores concluíram que os homeoterápicos podem
melhorar o processo de cicatrização por segunda intenção.
Coelho et al. (1998) concluíram que a Delphinumstaphysagria cH6 promove um
tempo cicatricial semelhante ao obtido com a utilização de penicilina
281

benzatina, em caprinos submetidos à rumenotomia, podendo ser indicada na


presença de infecção. Franco e Pinto (2000) avaliaram a associação da
Delphiniumstaphysagria 12cH com a Arnicamontana 6cH em comparação ao
uso de Penicilina e Rifamicina no pós-operatório de cirurgias eletivas de
histerectomia e orquiectomia, nas espécies canina e felina. Os autores
observaram que os medicamentos homeopáticos se mostraram mais
eficientes, apresentando menor tempo de cicatrização quando comparados aos
antibióticos.

CONCLUSÃO:
Apesar da ampla utilização na prática clínica, existem poucos estudos que
comprovam a eficácia da utilização da homeopatia na cicatrização de feridas.
Nas matérias médicas homeopáticas são citados outros medicamentos que
também possuem ação cicatrizante, porém ainda não há comprovação
científica da eficácia desses medicamentos. São necessárias mais pesquisas que
avaliem a sua ação, pois se comprovada a sua eficácia podem representar um
avanço no tratamento de feridas, representando também um tratamento de
baixo custo.

REFERÊNCIAS:
ALECU, A.; ALECU, M.; MARCUS, G. et al. Effect of the homeopathic remedies
Arnica montana and Staphisagria on the time of healing of surgical wounds.
Cultura Homeopática, v.20, n.1, p.19-21, 2007.
CAMPOS, M.C.P.; COELHO, M.C.O.C.; SILVA, L.B.G. et al.Tratamento de feridas
infectadas utilizando Calendula officinalis. Homeopatia Brasileira, v.6, n.1,
p.22-28, 2000.
COELHO, M.C.O.C.; ALMEIDA, E.L.; TENÓRIO, A.P. et al. Processo Cicatricial
utilizando Staphisagria e Penicilina após Rumenotomia Experimental em
Caprinos. Homeopatia Brasileira, v.4, n.1, p.500-4,1998.
DIAS, T.A. Gel de Quitosana à 2% na cicatrização de feridas cutâneas em ratas
diabéticas. 2012. Goiânia. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) -
Universidade Federal de Goiás.
FRANCO, D.E.; PINTO, L.F. Estudo comparativo entre homeoterapia e
antibioticoterapia no tratamento de feridas cirúrgicas em medicina veterinária.
Homeopatia Brasileira, v.6, n.2,p.73-76, 2000.
GANTWERKER, E.A.; HOM, D.B. Skin: Histology and Physiology of Wound
Healing. Clininic Plastic Surgical, v.39, n.1, p.85-97, 2012.
PINTO, L.F. Protocolo pós-operatório homeopático em mastectomia radical de
cadelas e gatas. Homeopatia Brasileira, v.6, n.1,p.18-21, 2000.
282

SOUSA, A.P.; PASSOS, J.P.G.; PADILHA, F.F. et al. Efetividade da Delphinum


staphysagria 6cH e 30cH em ensaios biológicos para cicatrização. Homeopatia
Brasileira, v.11, n.1,p.13-4, 2009.

99. INFARTO CEREBRAL MULTIFOCAL DEVIDO A INTOXICAÇÃO POR


DIACETURATO DE DIMINAZENO
G OM E S , LA 1 ; M A D U R E IR A , R 2 ; R E IS F I LH O , N P 3 ; C H A VE S , R O 4 ;
S A R G I , LF 5 ; E L IA S , B C 6
1 – Professor do Departamento de Clínicas Veterinárias, UEL
2 – Médica Veterinária Especialista em Patologia Animal, UEL
3 – Mestrando do Programa de Pós Graduação em Cirurgia Animal, UNESP
4 – Doutorando do Programa de Pós Graduação em Cirurgia Animal, UFSM
5 – Graduanda de Medicina Veterinária, UEL
6 – Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, UEL
RESUMO:
O diaceturato de diminazeno é um produto utlizado mais comumente no
tratamento de babesiose bovina e eventualmente para outras espécies. Nos
cães, a possibilidade de intoxicação em sobredose é alta e pode ocoasionar
hemorragias cerebrais, depressão, estupor ou coma, convulsões e
frequentemente óbito. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é relatar um
caso de hemorragia cerebral em um cão após receber aplicação de diaceturato
de diminazeno e ressaltar a toxicidade do referido fármaco.

INTRODUÇÃO:
Os fármacos de eleição para o tratamento de Babesia, Cytauxzoon e
Trypanosoma são os derivados das diamidinas aromáticas, e incluem
phenamidine, pentamidina, diminazeno, amicarbalide e imidocarbe. Após a
administração, atingem altas concentrações em órgãos parenquimatosos,
como o fígado e cérebro, e são lentamente metabolizados ou excretados de
forma inalterada. Dentre os sinais clínicos resultante da intoxicação por
diminazeno, alguns são neurológicos, a exemplo de opistótono, paralisia
espástica , movimentos de pedalagem, nistagmo, alterações de consciência
com possibilidade de evolução para coma e morte. No entanto, outros sinais
como sialorreia, náuseas, vômitos, diarréia, taquipnéia, dispnéia, micção
freqüente, espasmos musculares, crises convulsivas e tremores foram
relatados em gatos e camelos. Ainda há relato de malácia hemorrágica extensa
envolvendo o mesencéfalo e diencéfalo em cães. A ocorrência de vacuolização
283

perineuronal da substância cinzenta também foi descrita em camelos


intoxicados com diminazeno (Lewis et al., 2014; Lewis et al, 2011; Aburu et al,
1984; Homeida et al, 1981; Naude et al, 1970; Losos e Crockett, 1969). Perante
ao exposto, o objetivo desse trabalho é descrever uma forma fulminante de
intoxicação por diminazeno com graves compromentimentos neurológicos
devido a ocorrência de hemorragia cerebral.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Uma cadela de seis anos de idade, da raça Pastor alemão foi atendida no
Serviço de Pronto-Socorro de um Hospital Veterinário Escola Público com
queixa de convulsões, não responsividade ao meio ambiente, taquipnéia e
decúbito lateral. Durante a anamnese proprietário relatou que há 10 horas
havia aplicado por engano 3 ml de diaceturato de diminazeno, por via
intramuscular. Após 30 minutos apresentou ataxia, salivação e confusão
mental, com piora progressiva do quadro clínico. No exame físico detectou-se
coma, reflexo de ameaça ausente bilateralmente, midríase não responsiva,
postura de decerebração e febre. A principal suspeita foi de intoxicação pelo
diaceturato de diminazeno devido ao histórico. Os exames laboratoriais
solicitados foram hemograma, bioquímicos séricos, urinálise e gasometria
arterial. Iniciou-se fluidoterapia de choque com solução de NaCl 0,9%,
oxigênioterapia, dexametasona via intravenosa na dose de 0,15 mg/kg a cada 8
horas e diazepam via intravenosa na dose de 0,5 mg/kg conforme necessário,
porém, não houve resposta e o animal progrediu para parada
cardiorespiratória e óbito. Na necropsia foram detectadas áreas hemorrágicas
no cérebro (telencéfalo e bilateralmente no hipotálamo) e cerebelo. Na
avaliação histológica se observaram lesões multifocais em telencéfalo com
características de infarto hemorrágico havendo rompimento de endotélio
vascular na substância cinzenta, com infiltrado linfoplasmocitário moderado,
edema e malácia. Além disso, no cerebelo se observou rompimento do
endotélio vascular em substância branca, com infiltrado inflamatório
neutrofílico moderado, multifocal.

DISCUSSÃO:
De acordo com a anmnese o início dos sintomas foram agudos com progressão
rápida e consequente óbito. Alterações neurológicas agudas usualmente estão
relacionadas a três grandes grupos de doenças, que são as intoxicações, os
traumatismos e os acidentes vasculares cerebrais (Platt e Garosi, 2012). A dose
nesse caso foi acima do recomendado, entretanto, não foi tão elevada quando
comparada as doses experimentais utilizadas em trabalhos científicos, fator
que deve servir de alerta quanto ao uso do diaceturato de diminazeno em cães.
284

Nesse relato de caso há uma situação peculiar, uma vez que foram identifcadas
duas causas de manifestação aguda de doença neurológica, que foi a
intoxicação pelo diminazeno e a ocorrência de acidentes vasculares cerebais
múltiplos, como reflexo da toxicidade do produto sobre o encéfalo. Intoxicação
por diminazene diaceturato pode causar lesões cerebrais em animais
domésticos e é um efeito dose-dependente (Lewis et al, 2011;. Aburu et al,
1984; Homeida et al, 1981; Naude et al, 1970; Losos e Crockett, 1969). Nesse
caso, o cão começou a apresentar sinais neurológicos compatíveis com os
descritos na literatura, ou seja, anisocoria, estupor, bradicardia, convulsões,
que foram devastadoras e culminaram com a morte do animal. Assim sendo,
ressalta-se que o diaceturato de diminazeno é um produto com grande
potencial para intoxicação levando a acidente vascular cerebral em cães, e
usualmente morte, sendo um fármaco que necessita de extrema cautela no
uso clínico.

CONCLUSÃO:
Infarto cerebral múltiplo com sinais neurológicos graves e potencialmente
óbito, pode ser ocasionado pela administração de diaceturato de diminazeno
em cães, mesmo em casos nos quais a dose não é extremamente elevada.
Portanto, esse produto deve ser utilizado com cautela em se tratando da
referida espécie.

REFERÊNCIAS:
ABARU, D. E; LIWO, D. A; ISAKINA, D.; OKORI, E. E. Restrospective long-term
study of Berenil by follow-up of patients treated since 1965. Tropenmed
Parasitol, vol. 35, p. 148-150, 1984. CROCKETT, E. Toxicity of
berenil in the dog. Veterinary Record, vol. 85, p. 196, 1969.
GAROSI, L. Small Animal Neurological Emergencies. In: PLATT, S; GAROSI, L.
Cerebrovasculas. London: Manson Publishing Ltd, p. 319-332, 2012
HOMEIDA, A. M.; EL AMIN, E. A.; ADAM, S. E. I.; MAHMOUD, M. M. Toxicity of
diminazene aceturate (Berenil) to camels. Journal of Comparative Pathology,
vol. 91, p. 355–360, 1981. LOSOS, G. J.;
LEWIS, K. M.; COHN, L. A.; BIRKENHEUER, A. J; PAPICH, M. G. Pharmacokinetics
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due to commonly used babecides. Onderstepoort Journal of Veterinary
Research, vol. 37, p. 173 – 184, 1970.
285

100. INFLUÊNCIA DA FAIXA ETÁRIA DE TUTORES DE CÃES E GATOS SOBRE A


GUARDA RESPONSÁVEL, EM BELÉM, PARÁ
CAROLINY DO SOCORRO BRITO SANTOS1, JAMILE ANDRÉA RODRIGUES DA
SILVA2, ANTÔNIO VINÍCIUS BARBOSA2, JEAN CAIO FIGUEIREDO DE ALMEIDA1,
MONIQUE LEÃO DELGADO1, YAN CARLOS CALDAS CRUZ1, CAMILA DA
CONCEIÇÃO CORDEIRO3
1
Discente de Medicina Veterinária - Universidade Federal Rural da Amazônia.
2
Professora Adjunta II - Universidade Federal Rural da Amazônia.
3
Discente de Zootecnia - Universidade Federal Rural da Amazônia.

RESUMO:
Com o objetivo de avaliar a influência da faixa etária de tutores de cães e gatos
sobre a percepção da guarda responsável, foram aplicados 289 questionários e
formados cinco grupos em função da faixa etária -G1 (18 a 30 anos); G2 (31 a
40anos);G3 (41 a 50 anos), G4 (51 a 60 anos) e G5 (acima de 60 anos). O G5 foi
o grupo que mais foi capaz (P<0,05) de conceituar a palavra “Guarda
responsável” (72,7%), que visita o veterinário regularmente (81,8%), que vacina
seus animais anualmente (100%) e que mais vermifuga seus animais (100%). O
G3, G4 e G5 são os que têm maior percentual de animais castrados, de 29,4%,
26,2% e 27,3%, respectivamente. Pessoas com mais de 60 anos, são as que
mais proporcionam bem-estar aos seus animais de estimação.

INTRODUÇÃO:
A guarda responsável de animais de estimação (Pets) é uma das práticas para
promoção do bem-estar animal, sendo de fundamental importância (Silvano et
al., 2010). Assim, conforme os dispositivos legais vigentes, os tutores têm como
responsabilidade providenciar assistência médico veterinária, controlar a
reprodução, garantir higiene ambiental e individual, disponibilizar abrigos
seguros, administrar imunógenos e outros medicamentos para prevenir
doenças e de riscos de agravos (Vieira et al., 2006).
Entretanto, a faixa etária do tutor pode influenciar nessas atitudes
responsáveis, tendo em vista que pessoas idosas tendem a cuidar melhor dos
seus animais de estimação, pois os animais que proviam segurança na
juventude, assumem maior importância na velhice como auxílio aos mais
velhos na adaptação à sua mudança de “status”.A relação homem-animal é,
talvez, mais forte e mais profunda na velhice do que em outra idade(Suthers-
McCabe, 2001).Assim, a presente pesquisa objetivou avaliar a influência da
faixa etária de tutores sobre aguarda responsável de animais de cães e gatos,
em Belém, Pará.
286

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram aplicados 289 questionários a tutores de cães e gatos, de diferentes
bairros de Belém, Pará. Foram formados cinco grupos em função da faixa
etária, tais quais, G1, que foi formado por pessoas com idade entre18 a 30
anos; G2, que incluiu tutores de 31 a 40 anos de idade, G3, que era formado
por pessoas de 41 a 50 anos,G4, que incluiu pessoas de 51 a 60 anos e G5, que
era constituído por indivíduos acima de 60 anos de idade.Dentre os
entrevistados, 38,75% (112/289) constituíram o G1; 25,26% (73/289), o G2;
17,65% (51/289) representavam o G3; 14,53% (42/289) estavam no G4 e 3,81%
(11/289) constituíram o G5. As análises foram realizadas utilizando o software
IBM SPSS Statistics Data Editor, versão 19.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O conhecimento do termo “Guarda responsável” é importante para que haja
responsabilidade dos tutores, com o bem-estar de seus animais de estimação.
Além disso, medidas adequadas de manejo precisam ser adotadas, para
minimizar o risco de acidentes automobilísticos, ataques as pessoas por
animais semi-domiciliados e de adquirir zoonoses (Souza et al, 2001).Muitas
vezes, os entrevistados não conheciam o termo formal, mas adotam medidas
adequadas, como levar seus animais de estimação para serem vacinados em
clínicas e campanhas.Contudo, observou-se que houve diferença significativa
entre os grupos, onde o maior percentual de tutores(P<0,05) que foi capaz de
conceituar a palavra “Guarda responsável”, foi do grupo G5, com 72,7% (8/11),
quando comparado aos grupos G1, com 42% (47/112); G2, com 24,4% (20/73),
G3, com 37,3% (19/51) eG4, com 45,2% (19/40).
Com relação às visitas ao veterinário regularmente, houve diferença estatística
entre os grupos (P<0,05), onde o G5 obteve o maior valor (81,8%), quando
comparado com os grupos G1 (47,3%), G2 (53,4%), G3 (58,8%) e G4 (61,9%).
Grande parte dos integrantes de todos os grupos afirmaram que vacinam seus
animais anualmente (G1: 95,5%, G2: 95,9%, G3: 92,2%, G4: 97,6% e G5: 100%).
O G5 contém os tutores que mais vermifugam (P<0,05) seus animais (100%),
quando comparados ao G1 (87,5%), G2 (79,5%), G3 (88,2%) e ao G4 (85,3%). O
G3, G4 e G5são os que têm maior (P<0,05) percentual de animais castrados, de
29,4%, 26,2% e 27,3%, respectivamente, quando comparados aos grupos G1
(19,6%) e G2 (19,2%). Os integrantes de todos os grupos alimentam seus
animais com ração de forma semelhante (G1: 75%, G2: 71,2%, G3: 80,4%, G4:
76,2%, e G5: 72,7%).

CONCLUSÃO:
287

A faixa etária do tutor influencia na qualidade de vida dos animais, sendo que
pessoas com mais de 60 anos, são as que mais proporcionam bem-estar aos
seus animais de estimação.

REFERÊNCIAS:
SILVANO, D.; BENDAS, A.J.R.; MIRANDA, M.G.N. et al. Divulgação dos princípios
da guarda responsável: uma vertente possível no trabalho de pesquisa a
campo. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v. 9, n. 9, p. 64- 86, 2010.

SOUZA, L.C.; PINHEIRO J.R.; MENDONÇA, A.O.; BALLARIS, A.L. Associação


homem-animal: reflexos na economia. Revista de educação continuada do
CRMV – SP, São Paulo – SP, v. 04, 2001, 62 – 5p.
SUTHERS-McCABE, H. M. Takeone pet andcall me in themorning. Generations.
Califórnia, vol.25, n.2, p.93-95, 2001.
VIEIRA, A. M. L.; ALMEIDA, A. B.; MAGNABOSCO, C.; et al.Programa de controle
de cães e gatos do Estado de São Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista, São
Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista – BEPA, Suplemento 07, v.6, ISSN 1806-
4272, 2006.

101. INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO INTEROBSERVADOR NO MÉTODO


ECOCARDIOGRÁFICO FEATURE TRACKING IMAGING BIDIMENSIONAL EM CÃES

VÂNIA CHAVES DE FIGUEIREDO1, RUTHNÉA APARECIDA LÁZARO MUZZI1,


CAMILA SANTOS PEREIRA1, LEONARDO AUGUSTO LOPES MUZZI1, MARINA
MARTINS DE OLIVEIRA1, JÉSSICA BERNARDO DEL RIO1
1
Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Minas Gerais, Brasil

RESUMO:
O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de variabilidade interobservador em
relação aos parâmetros ecocardiográficos obtidos por meio da técnica feature
tracking imaging bidimensional (FTI-2D). Realizou-se a determinação da
variabilidade interobservador para os parâmetros Strain (St) e Strain Rate (StR)
radial e longitudinal. Para tal, um segundo examinador realizou a medida dos
dados de 29 animais, assim como o primeiro examinador. O grau de
variabilidade foi definido baseado no coeficiente de variação (CV).
288

O grau de variabilidade foi considerado baixo em relação ao St (CV = 13,25%) e


StR (CV = 8,39%) radial. Quanto ao St longitudinal, a variabilidade foi baixa a
moderada (CV = 16,01%) e para o StR foi baixa (CV = 14,01%). O grau de
variabilidade interobservador para os parâmetros St e StR radial e longitudinal
foi considerado baixo, com superioridade da avaliação radial. Portanto, de
acordo com o presente estudo, o FTI-2D pode ser considerado uma ferramenta
importante na avaliação da função do VE.

INTRODUÇÃO:

A avaliação ecocardiográfica pode ser prejudicada pela taquicardia, altos níveis


de catecolamina e pela dificuldade de obtenção de imagens de qualidade.
Assim, a influência do observador nos achados ecocardiográficos pode
interferir nos resultados. De acordo com Geer et al. (2015), as medidas
ecocardiográficas da função do ventrículo esquerdo (VE) devem ser
interpretadas em relação a outros achados clínicos devido a influência do
observador. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o grau de variabilidade
interobservador em relação aos parâmetros ecocardiográficos obtidos por
meio da técnica feature tracking imaging bidimensional (FTI-2D).

MATERIAIS E MÉTODOS:

Foi utilizado um aparelho de ecoDopplercardiografia (MyLab 40, Esaote®) com


transdutores de varredura setorial eletrônica multifrequencial de 4-10 MHz
para obtenção das imagens ecocardiográficas e o método FTI-2D para obtenção
dos parâmetros Strain (St) e Strain rate (StR) radial e longitudinal do VE. Um
segundo examinador realizou a medida desses parâmetros de 29 animais,
assim como o primeiro examinador. A variabilidade interobservador foi
determinada baseada nos resultados de análise de variância de todas as
medidas repetidas. O grau de variabilidade foi definido baseado no coeficiente
de variação (CV) da seguinte forma: CV < 15%, baixa variabilidade; CV 15–25%,
moderada variabilidade e CV > 25%, alta variabilidade (Decloedt et al., 2011).
289

RESULTADOS:

Considerando os valores médios das avaliações, o grau de variabilidade foi


considerado baixo em relação ao St (CV = 13,25%) e StR (CV = 8,39%) radial. Em
relação ao St longitudinal, a variabilidade foi baixa a moderada (CV = 16,01%) e
para o StR foi baixa (CV = 14,01%).

DISCUSSÃO:

Geer e colaboradores (2015) relatam que o St longitudinal apresenta boa


reprodutibilidade. Segundo Bansal et al. (2008), o STI-2D é afetado
minimamente por avaliações intra e interobservador. Neste estudo, a
variabilidade interobservador foi menor para a avaliação radial em relação a
longitudinal. De uma forma geral, a variabilidade foi considerada boa. Orde et
al. (2014) encontram uma variabilidade interobservador mais alta e atribuíram
esse fato a dificuldade de analisar as imagens, que precisam ser de alta
qualidade.

CONCLUSÃO:

O grau de variabilidade interobservador para os parâmetros St e StR radial e


longitudinal foi baixo, com superioridade da avaliação radial. Portanto, de
acordo com o presente estudo, o FTI-2D pode ser considerada uma ferramenta
importante na avaliação da função do VE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Bansal M, Cho GY, Chan J, Leano R, Haluska BA, Marwick TH. Feasibility and
accuracy of different techniques of two-dimensional speckle based strain and
validation with harmonic phase magnetic resonance imaging. Journal of
American Society of Echocardiography 2008, 21(12):1318-1325.

Decloedt A, Verheyen T, Sys S, et al. Quantification of left ventricular


longitudinal strain, strain rate, velocity, and displacement in healthy horses by
2-dimensional speckle tracking. Journal of Veterinary Internal Medicine 2011,
25(2):330-338.

Geer LD, Oscarsson A, Engvall J. Variability in echocardiographic measurements


of left ventricular function in septic shock patients. Cardiovascular Ultrasound
2015, 13(1):19.
290

Orde SR, Pulido JN, Masaki M, Gilespie S, Spoon JN, Kane GC, Oh JK. Outcome
prediction in sepsis: speckle tracking echocardiography based assessment of
myocardial function. Critical Care 2014, 18(4):R149.

102. INFLUÊNCIA DOS PIGMENTOS BILIARES URINÁRIOS EM CÃES SOB OS


NÍVEIS SÉRICOS DAS ENZIMAS HEPÁTICAS
PRISCILA CRISTINA COSTA¹, LARA REIS GOMES1, RENATA DIAS RODRIGUES1,
FERNANDA GATTI DE OLIVEIRA NASCIMENTO¹, EDNALDO CARVALHO
GUIMARÃES², ANTONIO VICENTE MUNDIM1.
1
Faculdade de Medicina Veterinária–UFU, ²Faculdade de Matemática – UFU.

RESUMO:
Objetivou-se avaliar a influência dos pigmentos biliares urinários sob os níveis
séricos de ALT, PAL e GGT em amostras de cães obtidas na rotina do
laboratório clínico veterinário. Apesar de não ter ocorrido diferença estatística
significativa (p>0,05) na comparação entre os grupos analisados, os níveis
séricos de GGT se apresentaram mais elevados na presença de pigmentos
biliares urinários. Conclui-se que o aumento sérico da enzima GGT acompanha
o aparecimento de pigmentos biliares na urina.

INTRODUÇÃO:
Os sinais clínicos de insuficiência hepática são variados, dentre esses, existe a
presença de pigmentos bilares na urina, cuja origem éprincipalmente da
degradação dos eritrócitos (Cornelius, 1996).
As provas bioquímicas representam um valioso apoio ao diagnóstico clínico das
enfermidades do fígado (Souza et al.,2004), porém os resultados e a
interpretação dependem da natureza da lesão, duração e intensidade da
doença (Radostits et al., 2002).
Assim, objetivou-se avaliar a influência dos pigmentos biliares urinários sob os
níveis séricos de alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (PAL) e
gama glutamiltransferase (GGT) em amostras de cães obtidas na rotina do
laboratório clínico veterinário.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram analisadas 88 amostras de soro e de urina de cães de ambos os sexos
obtidas na rotina do laboratório clínico veterinário. Na urinálise foi realizado o
método químico (ácido nitro-nitroso) para detecção dos pigmentos biliares, os
quais foram divididos em dois grupos: I (pos ++) e II (pos +++). E foram
determinados os valores das enzimas hepáticas (ALT, PAL e GGT) no soro
sanguíneo em analisador automático multicanal Chemwell®, utilizando kits
291

comerciais Labtest Diagnóstica®. Para a análise estatística foi utilizado o teste


de proporções para duas amostras, com 5% de significância na ferramenta
Action (2015).

RESULTADOS:
Dos 88 animais testados, 46 foram positivos para pigmentos biliares (pos ++) e
42 para (pos +++). Verificou que no grupo I (19.56%), (28.26%) e (80.44%) dos
animais apresentaram níveis séricos aumentados para ALT, PAL, GGT,
respectivamente, sendo os demais considerados normais para a espécie
canina. Em contrapartida, no grupo II, observou-se na mesma ordem acima que
(28.57%), (33.33%) e (80.95%) dos animais apresentaram níveis aumentados
para as enzimas hepáticas. Não houve diferença estatística (p>0,05) entre os
grupos I e II quando comparou-se as proporções de animais com níveis normais
e aumentados para as enzimas ALT, PAL e GGT.

DISCUSSÃO:
Aenzima alanina aminotransferase (ALT) encontra-se aumentada no sangue
quando há um aumento da permeabilidade da membrana dos hepatócitos,
enquanto que as enzimas fosfatase alcalina (PAL) e gama glutamiltransferase
(GGT) estão mais relacionadas com o diagnóstico de colestase (Thrall et al.,
2007).
Devido a sua importância no diagnóstico da colestase e no aparecimento de
pigmentos na urina (Dial, 1995) a GGT foi a enzima que teve maior
porcentagem de animais com níveis aumentados.
As reações fortemente positivas para a pesquisa de pigmentos biliares e
urobilinogênio urinários indicam quase sempre um comprometimento hepático
mais grave (Germano e Hagiwara, 1975).

CONCLUSÃO:
Conclui-se que o aumento sérico da enzima GGT acompanha o aparecimento
de pigmentos biliares na urina.

REFERÊNCIAS:
CORNELIUS, L.M. Enfermidades Hepáticas. In: LORENZ, M.D.; CORNELIUS, L.M.;
FERGUSON, D.C. Terapêutica Clínica em Pequenos Animais. Rio de Janeiro:
Interlivros, 1996. 465p.
DIAL, S.M. Clinicpathologic evaluation of the liver. Veterinary Clinics of North
America: Small Animal Practice, v. 25, n. 1, p. 257-273, 1995.
292

GERMANO, P.M.L.; HAGIWARA, M.K. Pesquisa de pigmentos biliares e


urobilinogênio urinários e nível de bilirrubinas séricas em cães normais e com
hepatopatias. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo, v. 12, n.1, p241-246, 1975.
RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; BLOOD, D.C.; HINCHCLIFF, K.W. Clínica
Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinose
eqüinos. 9ª ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2002, 1737p.
SOUZA, R.M.; BIRGEL JÚNIOR, E.H.; AYRES, M.C.C.; BIRGEL, E.H. Influência dos
fatores raciais na função hepática de bovinos da raça Holandesae Jersey.
Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 41, n.1, p. 306-
312, 2004.
THRALL, M.A. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1ª ed., Ed Roca,
2007, 582p.

103. INSUFICIÊNCIA RENAL EM CADELAS COM PIOMETRA POR BACTÉRIAS


GRAM POSITIVAS
ANGÉLICA KAROLINE DA SILVA¹, FERNANDA YURI RODRIGUES TANAKA¹, JÉSSICA
CARVALHO PELEGRINI¹, NATHALIA FRAILE SANTANA¹, MARCOS CEZAR SANT’
ANNA².

¹ Discente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Filadélfia –


UniFil
² Médico Veterinário Msc. do Hospital Veterinário da UniFil

RESUMO:
A insuficiência renal aguda é a principal complicação da piometra canina e
ocorre secundária a glomerulonefrite por deposição de imunocomplexos,
associado à infecção por E. coli, bactéria mais comumente isolada. Estudos
nacionais geralmente encontram diversidade etiológica e aproximadamente
20% de bactérias Gram positivas. O objetivo deste estudo foi avaliar se
bactérias Gram positivas poderiam desenvolver insuficiência renal em cadelas
com piometra. Foram coletadas amostras para cultura microbiológica de
conteúdo uterino e sangue para dosagem plasmática de creatinina de 23
cadelas com diagnóstico de piometra confirmado durante o tratamento
cirúrgico, dentre estes, quinze (65,21%) foram positivos na cultura, sendo
isoladas cinco (21,73%) bactérias Gram positivas e dez (43,47%) Gram
negativas. Dos pacientes estudados quatro apresentaram creatinina acima dos
valores de referência. Destes, três (75%) foram diagnosticados na cultura como
Gram positivas. Conclui-se que cadelas com piometra por bactérias Gram
293

positivas desenvolvem lesão renal, mas por mecanismos fisiopatológicos ainda


não estudados.

INTRODUÇÃO:
A piometra canina é uma enfermidade da cadela adulta caracterizada pela
inflamação do útero com acúmulo de exsudato séptico, que ocorre na fase
lútea do ciclo estral e que pode desencadear alterações multissistêmicas
estando associada à infecção bacteriana proveniente da microbiota vaginal
(Nelson, Couto, 2001; Smith, 2006; Pretzer, 2008). Segundo Nelson e Couto
(2001) e Grooters (1994), estas ascendem pela cérvix para dentro do útero
durante o estro, sendo a Escherichia coli o agente predominante nesta afecção
(Fossum et al., 2005). A piometra canina por E. coli comumente cursa com
insuficiência renal aguda (IRA) secundária a glomerulonefrite por deposição de
imunocomplexos (componentes da parede celular de bactérias Gram negativas
+ imunoglobulinas) na membrana basal do glomérulo (Johnson et al., 2001). A
IRA é a principal complicação desta enfermidade e está diretamente ligado a
longos períodos de internamento e ao óbito em cadelas com piometra (Sant’
Anna et al., 2014). Estudos sobre a etiologia bacteriana geralmente encontram
diversidade etiológica e aproximadamente 20% de bactérias Gram positivas
(Weiss et al., 2004; Sant’ Anna et al., 2014). Entretanto, a fisiopatogenia dos
danos teciduais nesses casos não tem sido estudada. Neste contexto, o
objetivo desse estudo foi avaliar se bactéria Gram positivas poderiam
desenvolver insuficiência renal em cadelas com piometra.

MATERIAIS E MÉTODOS:
O material foi coletado de 23 cadelas que foram atendidas no Hospital
Veterinário com diagnóstico de piometra. Esse trabalho tramitou no comitê de
ética animal e todos os procedimentos foram aprovados pelo mesmo. Os
animais passaram por coleta de sangue pré-operatória para dosagem
plasmática de creatinina e após a remoção do útero, durante o tratamento
cirúrgico, esse foi aspirado de forma asséptica e o conteúdo foi encaminhado
para o laboratório de microbiologia para cultura bacteriana. Os resultados
obtidos foram analisados de forma descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dentre os 23 animais estudados, quinze (65.21%) foram positivos na cultura. A
prevalência das bactérias encontradas foi semelhante a outros estudos
nacionais (Weiss et al., 2004; Coggan, 2005). A Escherichia coli foi a mais
prevalente com quatro casos (17.38%), seguida por Enterococcus sp. dois
(8.69%), Klebisiella pneumonae dois (8.69%), Streptococcus sp. dois (8.69%),
294

Staphylococcus sp. um (4.34%), Enterobacter spp. um (4.34%), Pseudomonas


aeruginosa um (4.34%), Klebisiella sp. um (4.34%), Proteus mirabilles um
(4.34%). Dentre os isolados, cinco (21.73%) foram de bactérias Gram positivas e
dez (43.47%) foram de Gram negativas.
Dos 15 pacientes com isolamento bacteriano positivo, quatro (17.39%)
apresentaram azotemia e onze (47.82%) apresentaram creatinina plasmática
dentro da normalidade, entre 0,5 – 1,5 mg/dl (Stockham, Scott, 2011). Dentre
os quatro pacientes com azotemia, três (75%) foram diagnosticados na cultura
como Gram positivas, dois por Streptococcus sp. com creatinina plasmática de
6,9 e 1,8 mg/dl e um por Enterococcus sp. com creatinina de 1,6 mg/dl.
De acordo com a literatura, a injúria renal na piometra canina está relacionada
às bactérias Gram negativas, principalmente pela E. coli, devido a liberação de
endotoxinas que estão associadas a formação e a deposição de
imunocomplexos nos glomérulos (Nelson, Couto, 2010). Entretanto, nenhum
caso de E. coli foi associado à insuficiência renal nesse estudo. Por mais que o
número de casos estudados seja relativamente pequeno, o que chama a
atenção nesse estudo é a presença de injúria renal associada com bactérias
Gram positivas, sendo que o mecanismo fisiopatológico dessa lesão pode ser
diferente dos casos acometidos por E. coli e ainda não elucidado.

CONCLUSÃO:
Ficou concluído que cadelas com piometra por bactérias Gram positivas podem
desenvolver injúria renal e consequentemente insuficiência. Sendo importante
a realização de estudos focados na fisiopatogenia da injúria renal em cadelas
com piometra por bactérias Gram positivas, uma vez que, sem o conhecimento
desta fisiopatogenia é impossível estudar formas de tratamento adequadas.

REFERÊNCIAS:

COGGAN, Jennifer Anne. Estudo microbiológico de conteúdo intra-uterino e


histopatológico de útero de cadelas com piometra e pesquisa de fatores de
virulência em cepas de E.coli e o potencial risco à saúde humana. 2005.
Dissertação (Mestrado em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses)
- Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, University of São Paulo, São
Paulo, 2005. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-06112006-
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hormonal e bacteriológica da piometra na cadela. Arch. Vet. Sci., v.9, p.81-87,
2004.

104. INTOXICAÇÃO POR INGESTÃO RECORRENTE DE Dieffenbachia picta


Schott (COMIGO-NINGUÉM-PODE) EM UM CANINO – RELATO DE CASO
BEATRIZ GUERREIRO GIESE1, VICTOR HUGO FLORES BERNARDES1, LAIZ GALVÃO
E SILVA DE MOURA1, LEONY SOARES MARINHO1, RUTH HELENA FALESI PALHA
DE MORAES BITTENCOURT1
1
Universidade Federal Rural da Amazônia
296

RESUMO:
Relata-se intoxicação por ingestão recorrente de Dieffenbachia picta Schott
(comigo-ninguém-pode) em um cão, o qual apresentou episódios de vômito e
melena. Durante 48 horas de internamento o mesmo apresentou oligúria,
inapetência, dispneia, ronco, convulsão e mioclonias, além da observação de
outros sintomas clássicos de intoxicação por essa planta chegando a óbito. A
ingestão recorrente de Dieffenbachia picta Schott, independente de
quantidade, deve ser levada em consideração, tornando-se essencial o
acompanhamento do histórico clínico.

INTRODUÇÃO:
Devido a grande prevalência em acidentes, a Dieffenbachia picta Schott,
conhecida popularmente por comigo-ninguém-pode ou aninga-do-pará (Silva;
Takemura, 2006), se destaca entre as 16 plantas que mais causam intoxicação
no Brasil (Sinitox, 2012). Em 2007, o Centro de Informação Toxicológica do Rio
Grande do Sul, registrou 11 casos de intoxicação por D. picta Schott, dentre os
quais 9 (81%) acometeram cães e 2 (18%) gatos (Brasil, 2009).
As plantas do gênero Dieffenbachia apresentam diversos princípios ativos na
sua constituição, entre eles, os cristais de oxalato de cálcio solúveis e
insolúveis. Os cristais de oxalato de cálcio solúveis tendem a provocar injúria
renal e hipocalcemia, enquanto que os insolúveis causam efeitos locais, em
especial no trato gastrintestinal, devido impedir a formação do ácido oxálico, o
qual funciona prevenindo hemorragias (Lazzeri, 1977; Silva; Takemura, 2006).
Saponinas presentes na planta são princípios ativos tóxicos que causam
dermatite, sinais digestivos, entre outros, tais como anorexia, sialorréia,
dispneia e convulsão (Amstutz, 2008), além de atuarem a nível hepático,
podendo causar alterações funcionais (Melo et al., 2008).

RELATO DE CASO:
Foi atendido em uma clínica veterinária na cidade de Belém, Estado do Pará,
um canino fêmea, sem raça definida e com 11 anos de idade. O responsável
relatou que o animal, após ingestão da planta comigo-ninguém-pode passou o
dia triste, não quis comer, bebeu muita água, começou a apresentar vômito e
eliminação de sangue e coágulos cruóricos por via retal. Foi relatado também
que sempre houve interesse por parte do animal em comer o vegetal e que
frequentemente ingeria pequenas partes do mesmo.
Ao exame físico verificou-se animal agitado, apresentando mucosa oral e face
ventral do abdome hiperêmicas, temperatura retal de 38,8oC, taquipnéia,
taquicardia e dor abdominal à palpação. Exames laboratoriais revelaram
alterações como leucopenia (3.590 U/mm3), trombocitopenia (47.000 U/mm3),
297

elevação de uréia (101 mg/dL), creatinina (5,11 mg/dL), ALT (1.103 U/L) e AST
(115 U/L).
O diagnóstico de intoxicação recorrente por D. picta Schott baseou-se nas
informações cedidas pelo proprietário, nos sinais clínicos entéricos
apresentados e, em parte, nos resultados dos exames laboratoriais.
Proprietário não autorizou exame necroscópico.
Nas primeiras 24 horas de internamento, além dos sinais clínicos supracitados,
o animal apresentou ainda, erupções cutâneas na região ventral do abdome,
oligúria, inapetência, dispneia e edema de laringe, com consequente
diminuição da luz do órgão e ronco. Após 48 horas de tratamento sintomático,
verificou-se regressão do quadro hemorrágico, ictérica, e o animal começou a
apresentar episódios convulsivos e mioclonias que persistiram por
aproximadamente 5 horas, seguidas do óbito.

DISCUSSÃO:
Os sinais comumente observados na cavidade oral como irritação e salivação
abundante, não foram referidos na anamnese. A ingestão hídrica pode estar
relacionada ao alívio da dor provocada pelos cristais de oxalato de cálcio
presente nas folhas da planta, conforme descreveram Cumpston et al. (2003) e
Wilkerson et al. (2005).
A diminuição da luz traqueal e a melena decorreram, respectivamente, da ação
física dos cristais sobre as células, que promovem a liberação de histamina
(Górniak, 2008), e da ação dos cristais na forma insolúvel (Lazzeri, 1977; Silva;
Takemura, 2006). As lesões cutâneas observadas foram semelhantes às
referidas por Górniak (2008) em cães após ingestão de D. picta Schott.
A elevação de AST, provavelmente, foi causada pelas lesões celulares, devida a
penetração dos cristais de oxalato de cálcio e, as lesões celulares no trato
gastrintestinal (Cumpston et al., 2003). Enquanto que, a lesão renal, segundo
descrito por Davalos et al. (2010), ocorre devido ao estresse oxidativo em
função da citotoxicidade do oxalato de cálcio.
As saponinas presentes na planta são princípios ativos tóxicos que causam
entre outros sintomas, convulsões (Amstutz, 2008), podendo justificar a crise
convulsiva e as mioclonias, que podem também ser decorrente do quadro de
azotemia instalado (Vanholder et al., 2003).
Diversos autores relataram que o principal sintoma e causa de morte por
intoxicação pela D. picta Schott é o edema de glote seguida por asfixia
(Cumpston et al., 2003; Górniak, 2008).

CONCLUSÃO:
298

A ingestão recorrente de Dieffenbachia picta Schott deve ser levada em


consideração pelo Médico Veterinário em decorrência dos sintomas clássicos
apresentados pelo paciente, independente da quantidade, tornando-se
essencial o acompanhamento do histórico clínico.

REFERÊNCIAS:
AMSTUTZ, H.E. Manual Merck de veterinária. 9 ed. São Paulo: Roca, 2008
BRASIL. Centro de Informações Toxicológicas - Rio Grande do Sul. 2009.
Acesso em: 13 ago 2013. Disponível em: < http://www.cit.rs.gov.br/>
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brief exposure to a Dieffenbachia plant. Journal of Emergency Medicine, v. 25,
n. 4, p. 391-397, 2003.
DAVALOS, M.; KONNO, S.; ESHGHI, M. et al. Oxidative renal cell injury induced
by calcium oxalate crystals and renoprotection with antioxidants: a possible
role of oxidative stress in nephrolithiasis. Journal of Endourology, v. 24, n. 3, p.
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PALERMO-NETO, J. Toxicologia Aplicada à Medicina Veterinária. 1 ed. São
Paulo: Manole, 2008, p. 459-474.
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1977. 190 p.
MELO, D.S.; CORRÊA, A.D.; MARCOS, F.C.A. et al. Efeitos da farinha de folhas de
mandioca sobre a atividade das enzimas AST, ALT, FA e lipídios hepáticos de
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SILVA, I.G.R.; TAKEMURA, O.S. Aspectos de intoxicações por Dieffenbachia ssp.
(Comigo-ninguém-pode) - Araceae. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v.
5, n. 2, p. 151-159, 2006.
SINITOX. Fundação Oswaldo Cruz/Centro de Informação Científica e
Tecnológica/Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas.
Estatística Anual de Casos de Intoxicação e Envenenamento. Brasil, 2012.
Acesso em: 13 ago 2013. Disponível em: <
http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=8>
VANHOLDER, R.; DE SMET, R.; GLORIEUX, G. et al. Review on uremic toxins:
classification, concentration, and interindividual variability. Kidney
International, v. 63, n. 5, p. 1934-43, 2003.
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WILKERSON, R.; NORTHINGTON, L.; FISHER, W. Ingestion of toxic substances by


infants and children: what we don’t know can hurt. Critical Care Nurse, v. 25, n.
4, p. 35-44, 2005.

105. LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS NO


MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ, MARANHÃO, BRASIL
GEOVANIA MARIA DA SILVA BRAGA1, THAYANE FERREIRA FERNANDES2; SAMYA
MIRELE JORGE FAUSTINO3 MARCOS VINICIOS SILVA LAGO LIMA3, CAMILA
PAMELA SOUSA GOMES COSTA3.
1
Profa Adjunta IV UEMA; 2 Mestranda UEMA; 3 Graduandos UEMA.

RESUMO:
A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma doença de caráter crônico
podendo não se tornar clinicamente aparente. Os aspectos clínicos podem não
serem específicos e, alguns cães infectados não mostrar nenhum dos sinais
característicos deixando duvidoso o diagnóstico. A finalidade desta pesquisa foi
avaliar a prevalência dos sinais clínicos nos cães naturalmente infectados pelo
Leishmania sp. Investigou-se 420 cães domiciliados no município de Imperatriz,
Maranhão, em relação aos clínicos pautados à LVC. Desses animais, 189 cães
foram positivos pelo teste sorológico de ELISA. Na avaliação do exame clínico
apresentaram dois a três sinais em 37 a 70% evidenciados. Alopecia e
onicogrifose foram os mais observados em cães com a infecção. A prevalência
dos sororreagentes foi de 46,6%, principalmente na faixa etária compreendida
entre dois a quatro anos. O município apresenta alta prevalência, sendo área
considerada endêmica e a avaliação dos sinais clínicos foi importante para
confirmação do diagnóstico da LVC.

INTRODUÇÃO:
Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma enfermidade sistêmica de curso
lento e crônico com cura parasitológica improvável (Ribeiro, 2005) podendo
levar o animal a óbito em poucas semanas (Feitosa, 2000). Os cães podem
sofrer de doença grave caracterizada pela evolução crônica dos sinais
viscerocutâneos, que ocorre em menos de 50% dos animais infetados (Silva,
2005). No cão a situação é sistêmica e crônica podendo levar o animal ao óbito
em poucas semanas (Almeida et al., 2005). A suposição clínica da infecção é
facilmente confirmada quando o animal expõe vários sinais, mas quando há
envolvimento de apenas um sistema ou quando ocorrem lesões atípicas ou
incomuns, o diagnóstico torna-se bastante difícil (Aguiar, 2007). Dentre os
achados de exame físico, merecem destaque a linfoadenomegalia, caquexia,
hipertermia, esplenomegalia, uveíte e conjuntivite (Salzo, 2008). Nesta
300

pesquisa a finalidade foi relatar a prevalência e as características clínicas de


cães naturalmente infectados com diagnóstico positivo para LVC no município
de Imperatriz, região Sudoeste do Estado do Maranhão, Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS:
A área de estudo foi o município de Imperatriz (Latitude de 5º 31’35’’ Sul e
Longitude de 47º 29’30’’ Oeste), região Sudoeste do estado do Maranhão, que
se encontra a 640 km da capital, São Luís. Atualmente a população canina do
município, segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) é de
aproximadamente 15.700 cães. Foram realizados exames clínicos em 420 cães
domiciliados, de ambos os sexos, raças e idades variadas, sororreagentes ao
teste ELISA, considerando à conveniência não probabilística. O exame físico
constou principalmente da inspeção da pele e fâneros, além da palpação
abdominal e dos gânglios linfáticos, onde se observa a existência ou não de
sinais sugestivos de Leishmaniose Visceral Canina (LVC). Realizou-se análise
estatística descritiva por meio de distribuições absolutas e relativas, a decisão
dos testes estatísticos, nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados mostraram que 46,66% (196/420) dos animais estudados foram
reagentes ao teste de ELISA. Amóra et al. (2006) relatou 45% em regiões
endêmicas no RN e Monteiro et al. (2014) obteve a prevalência de 5% da
infecção em Montes Claros, Almeida et al. (2010) em Cuiabá encontrou 37,3%
de prevalência, porém Cortada et al. (2004) em Mato Grosso registraram 75,3%
e Albuquerque (2005) constatou anticorpos circulantes em 88,23% com
suspeita clínica em Recife. Os resultados do presente estudo confirmam a
suspeita sobre a ocorrência de leishmaniose visceral no município de
Imperatriz, com um número significante de animais positivos. Diante deste
fato, é prudente considerar que a leishmaniose canina seja uma doença de
natureza local e que os fatores de risco possam variar de uma região para
outra.
Em relação aos sinais clínicos dos animais estudados se observou 37 a 70% de
dois a três sinais clínicos, como alopecia e onicogrifose (45%), caquexia e emaciação (42%), apatia
(40%), ceratoconjuntivite (35%), úlcera cutânea (31%), linfadenopatia, dilatação abdominal e diarreia (25%)
restante dos cães (57%) apresentavam-se
foram os sinais clínicos mais presentes e o
assintomáticos no momento do exame clínico. A úlcera de pele caracterizada por lesão de
bordas salientes com localização, principalmente na orelha (30%) e focinho (20,14%) foi evidenciada
independente da presença de alopecia. Lesões
cutâneas com descamação no espelho nasal
(23%), na cauda (15%), e nas articulações (10%). Conjuntivite esteve presente em 35% dos
animais, entretanto, sem serem visualizadas outras oftalmopatias. A linfadenopatia (25%), epistaxe (13%),
distensão abdominal (17,0%), dificuldade de locomoção (15%) e edema nas patas (12%), também
301

foram sinais clínicos observados nos animais examinados. Como a caquexia


(42%), apatia e
inanição (40%), diarreia (25%), hemorragia intestinal (8%), coriza (9%) e vômito
(5%). Borges (2014) evidenciou em seu estudo que os sinais clínicos mais
significativos observados foram à perda de peso, alopecia e onicogrifose, sendo
o conhecimento das diversas formas de apresentação da doença um método
complementar ao diagnóstico. Alves e Faustino (2005) relatam que os sinais
clínicos mais frequentes foram às úlceras cutâneas, seguido de onicogrifose,
perda de peso, linfadenomegalia e oftalmopatias e asseguram ser as
dermatopatias e onicogrifose sinais observados em animais com LVC.
Figueiredo et al. (2014) descreveram como alterações mais frequentes a
onicogrifose e alterações cutâneas em cães no município de Colares. A
manifestação dos sinais clínicos nos cães examinados demonstra a multiplicidade de fatores associados à
Leishmaniose Visceral Canina (LVC). Em áreas
endêmicas, a avaliação dos sinais clínicos é
importante para confirmação do diagnóstico.

CONCLUSÃO:
O município apresenta alta prevalência de cães sororreagentes, principalmente
na faixa etária compreendida entre dois a quatro anos. A distribuição da LVC
canina no município de Imperatriz, Maranhão adverte sobre o risco da doença
e comprova a importância que os inquéritos epidemiológicos podem ter na
adoção de medidas eficazes de prevenção.

REFERÊNCIAS:
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Leishmania chagasi em uma área endêmica do estado da Bahia, Brasil. Rev.
Bras.Saúde Prod. An. 8 (4): 283-294, 2007.
ALVES, L.C.; FAUSTINO, M.A.G. Leishmaniose visceral canina Manual da
Schering-Plough, São Paulo, 2005. 14 p.
ALMEIDA, M.A.O. et al. Clinical and serological aspects of visceral leishmaniasis
in Northeast Brazilian dogs naturally infected with Leishmania chagasi.
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ALMEIDA, A. B. P. F. et al. Prevalência e epidemiologia da leishmaniose visceral
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visceral em cães do município de Juatuba, Minas Gerais, Brasil. Ciência Rural.
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FEITOSA, M. M.; IKEDA, F. A; LUVIZOTTO, M. C. Aspectos clínicos de cães com
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FIGUEIREDO, M. J. F. M. et al. Fatores de risco e classificação clínica associados
à soropositividade para leishmaniose visceral canina. Ciênci. Anim. Bras. v. 15,
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RIBEIRO, V. M. Leishmaniose Visceral Canina: Nossos cães devem morrer? Cães
e Gatos, São Paulo, p. 66-70, 2005.
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SIQUEIRA, F. R. D. Leishmaniose visceral canina: Aspectos clínicos e zoonóticos.
[Monografia]. 32f . 2012. Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de
Pequenos Animais. UNIGRAN – Centro Universitário da Grande Dourados.
2012.

106. LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA EM CÃO – RELATO DE CASO


LUCIANE CAMILA HISCHING1, FABIOLA DALMOLIN2, JOELMA LUCIOLI3, THIAGO
NEVES BATISTA3, JOSÉ EDUARDO BASILIO DE OLIVEIRA GNEIDING3.
1
Discente Medicina Veterinária, Universidade Regional de Blumenau (FURB);
2
Docente Medicina Veterinária Universidade Federal da Fronteira Sul (UFSS);
3
Docente Medicina Veterinária (FURB);

RESUMO:
Leucemia é neoplasia maligna que se origina das células precursoras
hematopoiéticas na medula óssea e seu diagnóstico baseia-se nos achados
clínicos, laboratoriais, de imagem e exame citológico da medula óssea. Relata-
se o caso de um canino com leucemia linfocítica crônica (LLC) diagnosticada por
meio de exames complementares e análise citológica da medula óssea.

INTRODUÇÃO:
A LLC é rara sendo descrita mais frequentemente em animais velhos e
caracterizada por linfocitose severa envolvendo linfócitos pequenos e médios
de aparência normal. Esta neoplasia maligna se origina das células precursoras
hematopoiéticas na medula óssea (NELSON; COUTO, 2010) e pode ser
classificada de acordo com a linhagem celular que a origina em mielóide ou
303

linfóide (NELSON; COUTO, 2010; SHIMOMURA et al, 2006). Ainda pode ser
classificada de acordo com o curso clínico e características citológicas, em
agudas ou crônicas. As agudas possuem curso biológico agressivo e
caracterizam-se pela presença de células imaturas na medula óssea ou sangue;
já as crônicas apresentam curso prolongado sendo o tipo celular predominante
bem diferenciado (NELSON; COUTO, 2010). Ao exame hematológico, a
anormalidade mais comumente observada em cães é a linfocitose (NELSON;
COUTO, 2010), sendo observados linfócitos de tamanho pequeno a médio com
morfologia normal (ETTINGER, FELDMAN; 2004). Entretanto, o diagnóstico
definitivo é realizado por meio de análise citológica da medula óssea
(OLIVEIRA, 2011).

DESCRIÇÃO DO CASO:
Foi atendida uma fêmea canina sem raça definida de sete anos de idade que
apresentava sinais clínicos de inapetência, emagrecimento progressivo e
fraqueza há dois meses, com piora no último mês. Na ocasião foram realizados
hemograma e exames bioquímicos, sendo que ao hemograma verificou-se
linfocitose (103.360 células/mm³) e anemia. Ao exame físico o animal
apresentava aumento de volume abdominal e foi submetido a exame
ultrassonográfico que revelou hepatomegalia e presença de líquido ascítico.
Diante de novo hemograma verificou-se hipoproteineima, linfocitose (255.200
células/mm³) e agravamento da anemia, sendo solicitado o exame citológico da
medula óssea. Para tal, sob sedação, foi realizada punção da medula óssea na
região da asa do ílio com agulha 40x12, acoplada a seringa de 20ml contendo
anticoagulante EDTA. Foram confeccionados esfregaços sanguíneos
posteriormente corados por Giemsa. Ao microscópio observou-se celularidade
aumentada e diminuição das séries megacariocítica, mielóide e eritróide. A
série linfóide apresentou aumento acentuado, sendo observados
principalmente linfócitos pequenos e médios e alguns plasmócitos.

RESULTADOS:
Os exames de triagem (hemograma e ultrassonografia) foram essenciais para
levantar a suspeita clínica de LLC, sendo o diagnóstico realizado pelo exame
citológico da medula óssea.

DISCUSSÃO:
A LLC é rara em cães, sendo descrita mais frequentemente em animais acima
de sete anos (ALENCAR et al., 2008), idade do paciente em questão ao
momento do diagnóstico.
304

A leucemia pode ser classificada como crônica, sendo este tipo um dos mais
comumente diagnosticados em cães (NELSON; COUTO, 2010). Os sinais incluem
letargia, vômito, anorexia, diarreia e vômito intermitente; ao exame físico
observam-se discreta linfadenopatia generalizada, hepatomegalia, pirexia,
perda de peso e esplenomegalia (NELSON; COUTO, 2010). Foram observados
no caso em questão letargia, vômitos esporádicos, palidez de mucosa, anemia,
perda de peso, hipertermia, assim como hepatomegalia, corroborando com os
autores, de que sinais inespecíficos geralmente estão presentes e podem
dificultar o diagnóstico.
A linfocitose é considerada achado patognomônico para a patologia (NELSON;
COUTO, 2010), sendo verificada no caso relatado em dois hemogramas com
intervalo de 15 dias, levando a suspeita de leucemia. Linfocitose pode ocorrer
em LLC assim como linfossarcoma, sendo a distribuição anatômica o diferencial
entre as neoplasias (ALENCAR et al., 2008). A LLC tem distribuição difusa com
envolvimento do sangue, medula óssea, ou ambos; já o linfossarcoma tende a
ser mais localizado aos tecidos e pode ou não progredir para o envolvimento
do sangue (ALENCAR et al., 2008). Na paciente em questão não foram
observadas alterações de linfonodos ou baço, que poderiam indicar
linfossarcoma. Entretanto, foi realizada análise citológica da medula óssea para
confirmar o diagnóstico de leucemia, assim como classificar a mesma.
Segundo Oliveira (2011), a medula pode ser coletada no úmero proximal, fossa
trocantérica do fêmur, esterno, ou crista ilíaca, sendo o último local escolhido
pela facilidade de realização e familiaridade com a técnica. À microscopia
observou-se aumento acentuado das células linfoides e, principalmente,
linfócitos pequenos e médios. Estas características vão ao encontro das citadas
por Helfand e Modiano (2000) com relação à citologia do aspirado da medula
óssea nos casos de LCC, o que permitiu a realização do diagnóstico final.
O prognóstico dos acometidos geralmente é bom, sendo que muitos dos
pacientes sobrevivem por anos somente com tratamento sintomático ou
quimioterapia leve (ALENCAR et al., 2008). Neste caso, entretanto, houve
evolução da doença com progressiva perda de peso, anemia, pneumonia e
ascite, mesmo com a utilização de tratamento sintomático, que constou de
antibiótico e suplemento vitamínico. Desta maneira, foi indicado o tratamento
quimioterápico, mas devido ao custo e opção do proprietário, não foi realizado.

CONCLUSÃO:
A leucemia linfocítica crônica é neoplasia rara em cães geralmente associada a
sinais clínicos inespecíficos. Embora a linfocitose seja o principal indicativo da
doença, deve-se realizar a avaliação citológica da medula óssea, exame de
escolha para o diagnóstico definitivo desta neoplasia.
305

REFERÊNCIAS:
ALENCAR, N. X. et al. Leucemia linfocítica crônica em cão: relato de caso.
Revista brasileira de Ciência Veterinária, v. 15, n. 3, p. 126-128, 2008.
ETTINGER, J. S.; FELDMAN, E. C.. Tratado de medicina interna veterinária:
doenças dos cães e gatos. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
HELFAND, S.C.; MODIANO, J.F. Chronic lymphocytic leukemia, In: FELDMAN, B.
F.; ZINKL, J. G.; JAIN, N. C. Shalm’s Veterinary Hematology. Philadelphia:
Lippincott Williams & Wilkins. 2000.
NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais, 4ª ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2010.
NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2006.

107. LINFOMA CUTÂNEO COM ENVOLVIMENTO DE CAVIDADE ORAL EM


GOLDEN RETRIEVER – RELATO DE CASO
TABATHA VIVIELLE DE SIQUEIRA¹, ELTON ROBERTO DE OLIVEIRA¹, ANALY
RAMOS MENDES², RAQUEL BENETON FERIOLI³, GISELE FABRÍCIA REIS4
¹Graduandos de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia de Garça, SP. E-mail: tabatha_cb@hotmail.com
²Docente de Medicina Veterinária do Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium de Araçatuba, SP.
³Doutoranda da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP –
Campus de Botucatu, SP.
4
Docente de Medicina Veterinária na Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia de Garça, SP.

RESUMO:
O linfoma é uma das neoplasias mais diagnosticadas em pequenos animais,
sendo o linfoma cutâneo a neoplasia com menor sobrevida ao animal, pois
pouco responde ao tratamento instituído. Foi atendida uma cadela da raça
Golden Retriever, 22.6 Kg, 4 anos, fêmea, inteira, com claudicação e edema em
membro torácico direito, múltiplos nódulos cutâneos e língua apresentando
áreas de irregularidades. A citologia aspirativa concluiu linfoma cutâneo. Não
foi realizada a diferenciação em linfoma epiteliotrópico ou não epiteliotrópico,
pois, o animal veio a óbito após o retorno e não foi realizada necropsia.

INTRODUÇÃO:
Linfoma ou linfossarcoma é uma neoplasia linfoide de órgãos linfo-
hematopoiéticos sólidos (FIGHERA et al., 2006). Este possui uma divisão
306

anatômica em multicêntrico, mediastinal, alimentar e extranodal (renal, ocular,


encefálico ou cutâneo) (SOUZA, 2005; NELSON & COUTO, 2009; FIGHERA et al.;
2006). A apresentação clínica com menor prevalência é o linfoma extranodal
cutâneo (MORENO et al., 2007).
O método diagnóstico mais utilizado é a citologia por aspiração com agulha fina
de órgãos acometidos ou pela punção de linfonodos desde a década de 90
(NELSON & COUTO, 2009; ROSSETTO et al., 2009).
As alternativas terapêuticas compreendem a quimioterapia, radioterapia e
intervenções cirúrgicas, porém, o método mais eficaz é a quimioterapia
(SOUZA, 2005).

RELATO DE CASO:
Foi atendida uma cadela da raça Golden Retriever, quatro anos de idade, 22.6
Kg, com claudicação há três dias em membro torácico direito. Na anamnese foi
relatada a presença de múltiplos nódulos corporais que estavam sendo
tratados por outro médico veterinário como neoplasia cutânea benigna,
prescrevendo antibioticoterapia por 50 dias.
No exame físico foi observada presença de múltiplos nódulos cutâneos, firmes,
diâmetros entre 0,5 e 1 cm; nódulos em região de língua de aproximadamente
0,5 cm de diâmetro, aderidos, com raras ulcerações e edema em membro
torácico direito e aumento de linfonodos poplíteos.

No hemograma observou-se anemia normocítica normocrômica e leucopenia,


com demais parâmetros dentro da normalidade. Observou-se hipoalbuminenia
e hipocalcemia. Não foram diagnosticadas imagens de metástases à distância.
No laudo citológico foi diagnosticado linfoma cutâneo de baixo grau de
malignidade.
Como tratamento foi prescrito Lomustina 40mg e Hemolitan três
comprimidos/a cada 24 horas/30 dias. O animal retornou cinco dias após com
apatia e dispneia, linfadenamegalia generalizada, mucosas pálidas, halitose,
caquexia, ainda com presença de nódulos cutâneos e em língua. Foi
administrado fluidoterapia associados à antieméticos e protetores gástricos. Ao
hemograma a anemia normocítica normocrômica persistia. No bioquímico
aumento significativo de alanina aminotransferase (ALT). O animal veio a óbito
no dia seguinte e não foi realizado necropsia.

DISCUSSÃO:
Linfoma cutâneo canino é considerado uma neoplasia com prognóstico ruim,
de baixa resposta ao tratamento instituído e com recidivas tumorais em curto
período de tempo (DUARTE, 2013). Esse comportamento está associado a
307

características das células tumorais que dificultam ou impedem a ação dos


fármacos, proporcionando resistência neoplásica, diminuindo a resposta ao
tratamento e a sobrevida do indivíduo (DUARTE, 2013).
Os sinais clínicos de linfoma oral podem compreender a dificuldade na
apreensão de alimentos, na mastigação ou na deglutição (REQUICHA, 2010).
Sinais disfagia e dor na região de mandíbula induzem sialorréia e até
pneumonias por aspiração (REQUICHA, 2010). A saliva pode apresentar-se com
sangue e raramente ocorre assimetria facial e mandibular, má oclusão dentária
ou protrusão de cavidade oral (REQUICHA, 2010). Entretanto, o animal relatado
não se apresentou com esses sinais clínicos, sendo que a principal alteração
observada no mesmo foi apatia progressiva e dispneia.
Fighera et al. (2006) apontou que de 43 cães que apresentavam linfoma
cutâneo, 15 (34,9%) morreram espontaneamente antes do início da terapia e
28 animais (65,1%) foram encaminhados à eutanásia.
Há pouca literatura sobre o linfoma cutâneo de cavidade oral, raramente
descrita em medicina veterinária. Rossetto et al. (2009) afirmou que a cavidade
oral se encontrava em quinto lugar no ranking de locais acometidos por
neoplasias em geral nos cães. Requicha (2010) realizou um estudo
retrospectivo analisando 161 casos de neoplasias de cavidade oral, destas 57
(35,4%) correspondiam a neoplasmas malignos e somente 3 (5,3%) eram
portadores de linfoma oral.

CONCLUSÃO:
Este relato visa alertar sobre a possibilidade de diagnóstico de linfoma cutâneo
com envolvimento da cavidade oral em animais com nodulações,
irregularidades e ulcerações orais; apesar de sua baixa incidência.
REFERÊNCIAS:
COUTO, G. C. Oncology. In: NELSON, R. W.; COUTO, G. C. Small Animal Internal
Medicine. 4. ed. Missouri. Elsevier Saunders, 2009, Cap. 11, p. 1143 – 1203.
DUARTE, A. R. Resposta do Linfoma Cutâneo Canino à Lomustina – Achados
Clínicos, Imunohistoquímicos e Expressão do MDR – 1. 2013. Botucatu, 93f.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Curso de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
– UNESP Campus de Botucatu.
FIGHERA, R. A.; SOUZA, T. M.; RODRIGUES, A. et al. Aspectos Clínicopatológicos
de 43 Casos de Linfoma Subcutâneo em Cães. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
MEDICINA VETERINÁRIA, XXXIII., 2006. Santa Maria. Anais, 2006. P. 139 – 146.
MORENO, K.; FREDERICO, A. P.; BRACARENSE, R. L. [2007]. Estudo
Retrospectivo de Linfoma Canino no Período de 1990 a 2004 na Região Norte
308

do Paraná. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 44,


2007. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/bjvras/article/view/26589/28372>. Acesso em:
30/06/2015.
REQUICHA, J. F. M. F. Neoplasias da Cavidade Oral do Cão Estudo
Retrospectivo de 14 Anos. 2010. Vila Real, 68f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária) – Departamento de Pós-Graduação em Medicina
Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
ROSSETTO, V. J. V.; MORENO, K.; GROTTI, C. B. et al. [2009]. Frequência de
Neoplasmas em Cães Diagnosticados por Exame Citológico: Estudo
Retrospectivo em um Hospital – Escola. Revista eletrônica da Universidade
Estadual de Londrina, v. 30, n. 1, 2009. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/2662/23
14>. Acesso em 05/07/2015.
SOUZA, T. M. Estudo Retrospectivo de 761 Tumores Cutâneos em Cães. 2005.
Santa Maria, 296f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Programa
de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Santa
Maria.

108. LINFOMA DA MEDULA ESPINHAL EM UM GATO DOMÉSTICO

NELSON JUNIOR TAGLIARI1, RONALDO VIANA LEITE FILHO1, GABRIELA FREDO2,


LUCIANA SONNE2, FERNANDA VIEIRA AMORIM DA COSTA3
1
Residência Multiprofissional em Saúde – Área Medicina Veterinária,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre-RS, Brasil.
2
Departamento de Patologia Clínica Veterinária, UFRGS.
3
Departamento de Clínica Médica de Felinos Domésticos, UFRGS.

RESUMO:
O linfoma espinhal é o tumor que mais comumente afeta a medula espinhal de
gatos domésticos, sendo mais comum em jovens quando associado à infecção
pelo vírus da leucemia felina (FeLV). Os sinais podem ser
309

inespecíficos ou específicos. O diagnóstico pode ser realizado através do


histórico, sinais clínicos e exames complementares. O tratamento ideal
depende de cada caso, mas geralmente inclui a quimioterapia associada à
radioterapia. O linfoma localizado na medula espinhal de felinos é o
diagnóstico diferencial mais importante no caso de paralisia de membros
pélvicos sem o histórico de trauma, principalmente quando associado à
infecção por FeLV.

INTRODUÇÃO:

Tumores do sistema nervoso central (SNC) são raros em gatos, no entanto o


linfoma ainda é o mais comumente descrito. Os felinos com linfoma primário
do SNC são na sua maioria jovens e muitos testam positivos para FeLV. Os
sinais clínicos incluem alterações neurológicas, sendo a paresia dos membros
pélvicos particularmente comum. O objetivo deste relato de caso é descrever
um caso de linfoma espinhal em um gato infectado pela FeLV, enfatizando as
tentativas de tratamento e melhora de qualidade de vida do paciente.

DESCRIÇÃO DO CASO:

Um felino macho, sem raça definida, com 6 meses de idade e 2 kg foi atendido
com relato de paresia progressiva dos membros pélvicos, sem histórico de
traumatismo. No exame clínico, apresentava reflexo patelar diminuído
bilateralmente, dor profunda presente bilateralmente nos membros pélvicos,
bexiga repleta e fezes no reto. A pesquisa de antígeno para FeLV foi positiva. O
mielograma e mielografia foram compatíveis com leucemia linfoblástica aguda
e compressão medular lombar a partir da quinta vértebra lombar,
respectivamente. Após quatro dias do diagnóstico, foi iniciado o tratamento
com quimioterapia e depois de seis dias foi realizada a eutanásia, pois o
paciente permanecia sem evolução clínica, apresentando ausência de dor
profunda nos membros pélvicos e perda de propriocepção nos torácicos. Na
necropsia, observou-se, além de aumento moderado de volume do fígado e
linfonodos do hilo hepático, áreas difusas branco-acinzentadas entremeando a
musculatura na região lombar direita, adjacente as vértebras lombares L5 e L6.
Ao exame microscópico, essas áreas correspondiam proliferação multifocal a
coalescente de grandes linfócitos neoplásicos, com citoplasma eosinofílico
escasso, núcleos grandes e arredondados, com cromatina densa e nucléolos
indistintos. Na medula espinhal havia infiltração tumoral submeningeana, mais
acentuada na região lombar. Em outros segmentos da medula (intumescência
310

cervical) observou-se degeneração walleriana e esferoides axonais em grande


quantidade. No pedúnculo cerebelar e cerebelo havia infiltração tumoral
submeningeana e no cérebro infiltração tumoral discreta na meninge
relacionada ao córtex. No exame imuno-histoquímico, as células linfoides
neoplásicas exibiram acentuada marcação para CD79α.

DISCUSSÃO:

Gatos com linfoma espinhal geralmente estão infectados pelo FeLV e a


apresentação de paralisia dos membros pélvicos sem o histórico de trauma são
compatíveis com esse diagnóstico (Spodnick et al., 1992). A radiografia da
coluna vertebral deve ser realizada, mas raramente demonstra a lesão e a
mielografia é bastante útil para localizar a lesão espinhal (Moore e Ogilvie,
2001). O aspirado de medula óssea deve ser solicitado mesmo em gatos sem
alterações hematológicas, pois cerca de 70% dos gatos com linfoma espinhal
tem envolvimento da medula óssea (Schmidt e Crystal, 2011). A vincristina
pode ser usada em protocolos quimioterápicos associada a outros fármacos,
mas quando usada separadamente também demonstra atividade significativa
pelo aumento da sobrevida. Neste caso, não foi associada devido à grave
leucopenia por neutropenia que o paciente desenvolveu. Por ser
mielossupressiva, são necessárias avaliações hematológicas semanais após a
aplicação para a monitorização do tratamento (Moore e Ogilvie, 2001).

CONCLUSÃO:

O linfoma localizado na medula espinhal de felinos é o diagnóstico diferencial


mais importante nos casos de paralisia de membros pélvicos sem o histórico de
trauma, principalmente quando associada à infecção por FeLV. O prognóstico é
desfavorável pela evolução rápida da deterioração clínica e falta de resposta ao
tratamento quimioterápico.
311

REFERÊNCIAS:

MOORE, A.S.; OGILVIE, G.K. Lymphoma. In:____. Feline Oncology. Section VI:
Management of Specific Diseases. Veterinary Learning Systems, 2001. Cap. 36.,
p.191-219.

SCHMIDT, B.R.; CRYSTAL, M.A. Lymphoma. In: NORSWORTHY, G.D.; GRACE,


S.F.; CRYSTAL, M.A.; TILLEY, L.P. The Feline Patient. Section 1: Diseases and
Conditions. 4 ed. Blackwell Publishing Ltd, 2011. Cap. 130., p.308-312.

SPODNICK, G.J.; BERG, J., MOORE, F.M.; COTTER, S.M. Spinal lymphoma in cats:
21 cases (1976-1989). Journal of the American Veterinary Medical Association,
v.200(3), p.373-376. 1992

109. LIPOPEROXIDAÇÃO EM CADELAS COM CARCINOMA MAMÁRIO

IVAN BRAGA RODRIGUES DE SOUZA1, EDUARDO FERNANDES BONDAN1,2,


SANDRA CASTRO POPPE1,2
1
Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo (SP), Brasil; 2 Universidade Paulista
(UNIP), São Paulo (SP), Brasil

RESUMO:
O estresse oxidativo causa peroxidação lipídica e formação de substâncias
reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), processo que está comprovadamente
associado à progressão de neoplasias malignas em seres humanos. Em cães, tal
associação permanece ainda obscura, com estudos escassos e de resultados
conflitantes. Nesse contexto, buscou-se nesta investigação avaliar a
concentração plasmática de TBARS em fêmeas hígidas e portadoras de
carcinomas mamários. Foi observado que as cadelas diagnosticadas com
carcinoma mamário tiveram níveis plasmáticos de TBARS significativamente
maiores (média de 7,99 ± 1,43 mol/mL, p < 0,05) em relação às fêmeas
consideradas hígidas (média de 6,14 ± 0,23 mol/mL), sugerindo associação
entre câncer e maior ocorrência de estresse oxidativo.
312

INTRODUÇÃO:

Acredita-se que o dano oxidativo em macromoléculas celulares, tais como


lipídios, proteínas ou ácidos nucleicos, por produção excessiva de espécies
reativas de oxigênio (EROs) esteja envolvido na patogênese dos cânceres. Por
sua vez, as EROs podem ser produzidas durante a carcinogênese, por
neutrófilos e macrófagos que se infiltram na massa neoplásica (durante
ativação imune e/ou necrose tumoral) ou ainda como resultado da hipóxia e da
reperfusão do tumor (HALLIWELL, 2007). As EROs têm como alvo primário os
ácidos graxos poli-insaturados das membranas celulares, causando peroxidação
lipídica, cujos produtos podem induzir dano nuclear e, consequentemente,
mutagênese e carcinogênese. Dessa forma, sugere-se que a geração de EROs
pode vir a se constituir tanto em causa quanto em consequência do processo
carcinogênico. Um biomarcador da lipoperoxidação de fácil execução inclui as
substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS ou “thiobarbituric acid-
reactive substances”). Diversos estudos humanos têm demonstrado que os
níveis séricos e/ou tissulares de TBARS se apresentavam elevados em
associação com diversos tipos cânceres em cavidade oral, mamas ou pulmões
(NIELSEN et al., 1997). Em cães, os estudos são escassos e controversos.
Enquanto Kumaraguruparan et al. (2005) encontraram níveis de TBARS mais
elevados em cadelas portadoras de adenocarcinomas mamários em relação a
fêmeas saudáveis, outros estudos envolvendo cães com linfomas (WINTER et
al., 2009) e neoplasias mamárias (SZCZUBIAL et al., 2004) não apontaram
diferenças significativas em comparação aos animais controles. Diante dos
resultados ainda conflitantes quanto ao estresse oxidativo em cães portadores
de neoplasias malignas, o presente estudo visou a comparar os níveis
plasmáticos de TBARS em cadelas hígidas e cadelas com diagnóstico de
carcinoma mamário.

MATERIAL E MÉTODOS:
313

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de Utilização de Animais


(CEUA) da Universidade Cruzeiro do Sul e o consentimento dos proprietários foi
obtido para todos os cães participantes. Foram selecionadas 36 cadelas,
pertencentes a diversas raças e com idades variando de 2 a 13 anos. Dezoito
delas foram agrupadas no grupo I após receberem diagnóstico histopatológico
de carcinoma mamário e 18 cadelas saudáveis foram incluídas no grupo II, por
não apresentarem parasitos sanguíneos ou intestinais e terem exame físico
considerado normal, no mínimo, 3 meses antes da coleta sanguínea. Três
mililitros de sangue foram colhidos da veia cefálica e divididos em duas partes.
Um mililitro foi tratado com o anticoagulante EDTA e usado para a contagem
celular sanguínea completa e determinação de hemoparasitas. O restante foi
utilizado para determinação das concentrações de TBARS segundo Fraga et al.
(1988), com os resultados expressos em micromoles de TBARS por mililitro de
plasma.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

As cadelas diagnosticadas com carcinoma mamário do grupo I tiveram níveis


plasmáticos de TBARS significativamente maiores (média de 7,99 ± 1,43
mol/mL, p < 0,05) em relação às fêmeas consideradas hígidas do grupo II
(média de 6,14 ± 0,23 mol/mL). Tais resultados são concordantes com aqueles
já obtidos por Kumaraguruparan et al. (2005) em cadelas portadoras de
carcinomas mamários. Corroboram ainda os achados de Macotpet et al. (2003),
que igualmente encontraram níveis plasmáticos de TBARS significativamente
mais elevados em cães diagnosticados com distintos tipos de tumores, tais
como carcinomas mamários, mastocitomas, osteossarcomas, linfomas,
melanomas, fibrossarcomas, hemangiossarcomas, dentre outros. Em nosso
estudo, a idade média das fêmeas do grupo I (9 anos) diferiu significativamente
daquela do grupo II (6 anos), de forma que as diferenças encontradas poderiam
ser parcialmente atribuídas à faixa etária distinta. Análise de correlação, no
entanto, demonstrou que os níveis plasmáticos de TBARS, para ambos os
grupos, não mudaram com a idade dos animais.

CONCLUSÃO:
314

O estudo suporta que os níveis plasmáticos aumentados de TBARS nas fêmeas


portadoras de carcinomas mamários sugerem incremento da peroxidação
lipídica decorrente de maior estresse oxidativo.

REFERÊNCIAS:

FRAGA, C.G.; LEIBOVITZ, B.E.; TAPPEI, A.L. Lipid peroxidation measured as


thiobarbituric acid-reactive substances in tissue slices: characterization and
comparison with homogenates and microssomes. Free Radical Biology &
Medicine, v. 4, n. 3, p. 155-161, 1988.

HALLIWELL, B. Oxidative stress and cancer: have we moved forward?


Biochemical Journal, v. 401, n. 1, p. 1-11, 2007.

KUMARAGURUPARAN, R.; BALACHANDRAN, C.; MANOHAR, B.M. et al. Altered


oxidant-antioxidant profile in canine mammary tumours. Veterinary Research
Communications, v. 29, n. 4, p. 287-296, 2005.

MACOTPET, A.; SUKSAWAT, F.; SUKON, P. et al. Oxidative stress in cancer-


bearing dogs assessed by measuring serum malondialdehyde. BMC Veterinary
Research, v. 9, p. 101-106, 2013.

NIELSEN, F.; MIKKELSEN, B.B.; NIELSEN, J.B. et al. Plasma malondialdehyde as


biomarker for oxidative stress: reference interval and effects of life-style
factors. Clin Chem, v. 43, n. 7, p. 1209-1214, 1997.

SZCZUBIAL, M.; KANKOFER, M.; LOPUSZYNSKI, W. et al. Oxidative stress


parameters in bitches with mammary gland tumours. Journal of Veterinary
Medicine. A, Physiology, Pathology, Clinical Medicine, v. 51, n. 7-8, p. 336-340,
2004.

WINTER, J.L.; BARBER, L.G.; FREEMAN, L. et al. Antioxidant status and


biomarkers of oxidative stress in dogs with lymphoma. Journal of Veterinary
Internal Medicine, v. 23, n. 2, p. 311-316, 2009.

110. LOBECTOMIA HEPÁTICA EM CÃO COM ADENOMA E MÁ-FORMAÇÃO


CONGÊNITA, UTILIZANDO PINÇAS VASCULARES: PRIMEIRO RELATO
315

MARIANA DA SILVA RIBEIRO1, CHRIS MACIEL PEÇANHA1, JADE LEAL LOUREIRO


SILVA1, MARINA TOMAZ GONÇALVES DE MORAES1, MATHEUS ROBERTO DA
MOTA COSTA1, ANDRÉ LACERDA DE ABREU OLIVEIRA1
1
Unidade de Experimentação Animal (UEA) - Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, RJ.

RESUMO:
As lobectomias parciais constituem sempre um grande desafio operatório,
especialmente quando são executadas nos lobos hepáticos direito. Este relato
refere-se à realização de uma lobectomia no lobo medial esquerdo de uma
cadela da raça samoieda, de 9 anos, que apresentava massa tumoral hepática
visualizada por meio de exame ultrassonográfico. Este caso apresentou como
fator complicador um defeito anatômico, a fusão dos lobos hepáticos mediais
direito e esquerdo, que levou a necessidade da separação cirúrgica. O uso de
pinças vasculares mostrou-se adequado para a realização deste procedimento,
evitando danos ao parênquima hepático remanescente e hemorragias. O
tumor tratava-se de um adenoma, neoplasia benigna pouco frequente em cães,
dentre os quais os idosos são os mais acometidos. O paciente foi acompanhado
por 90 dias e não apresentou complicações pós-operatória. Devido o sucesso
pós-cirúrgico demonstrado, a ressecção da massa tumoral foi o tratamento de
eleição.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Cadela da raça Samoieda, 9 anos, 28 Kg, apresentava vômitos recorrentes.
Após ultrassonografia abdominal foi identificada uma massa tumoral hepática.
O animal foi encaminhado para retirada de massa tumoral. Como medicação
pré-anestésica foi utilizado clorpromazina (1 mg.kg-1), indução anestésica com
propofol (5 mg.Kg-1) e ao longo de todo procedimento foi mantido em
anestesia inalatória com isoflurano. Após celiotomia foi observado extensa
massa tumoral no lobo medial esquerdo com inúmeras aderências, além de
fusão dos lobos medial direito e esquerdo. Optou-se por fazer a hepatectomia
do lobo medial esquerdo. Após a identificação do hilo hepático, realizou-se a
oclusão vascular com pinças Satinsky e de aorta, seguindo com secção do lobo
e posterior suturas múltiplas envolvendo a sua base. A celiorrafia foi realizada
como de rotina. O animal manteve-se internado durante 3 dias, sendo
administrado ceftriaxona (25 mg.Kg-1) a cada 12 horas, meloxicam a cada 24
horas (0,1 mg.Kg-1) e tramadol (4 mg.Kg-1) a cada 12 horas. O diagnóstico
histopatológico revelou tratar-se de um adenoma hepático. No pós-operatório,
o animal foi acompanhado não ocorrendo recidivas do quadro clínico.
316

DISCUSSÃO:
O adenoma hepático é uma neoplasia benigna de pouca frequência em cães,
acomete idosos, sem predileção por raça ou sexo e sem sinais clínicos
característicos (Liptak, 2007). As características morfológicas da massa tumoral
encontrada condizem com a literatura, massa solitária, restritas a um lobo,
esférica, não encapsulada com padrão uniforme de crescimento limitado ao
órgão (Morris e Dobson, 2001; Charles et al., 2006). A hepactectomia foi
preterida para o tratamento desta neoplasia, devido a ineficácia de protocolos
quimioterápicos no tratamento de tumores hepáticos primários em cães
(Balkman, 2009) e por ser uma massa tumoral extensa. O tratamento cirúrgico
não apresentou complicações e foi de fácil execução, devido ao lobo hepático
medial esquerdo ter sua separação mais próxima ao hilo hepático, facilitando
sua remoção (Vasconcellos, 2013).

CONCLUSÃO:
O adenoma hepático apresenta maior incidência em cães idosos. Devido o seu
tamanho, podendo comprimir estruturas adjacentes, a importância de ser
realizado o diagnóstico diferencial com outras neoplasias hepáticas e o sucesso
pós-cirúrgico demonstrado, a ressecção da massa tumoral é o tratamento de
eleição para esta afecção.

REFERÊNCIAS:
BALKMAN, C. Hepatobiliary Neoplasia in Dogs and Cats. Veterinary Clinics of
North America: Small Animal Practice, Philadélphia, v.39, n.3, p. 617-625,
2009.
CHARLES, J.A.; CULLEN, J.M.; VAN DEN INGH, T.S.G.A.M. et al. Morphological
classification of neoplastic disorders of the canine and feline liver. In: WSAVA
Standards for clinical and histological diagnosis of canine and feline liver
diseases, Philadelphia: Saunders, p. 117-124, 2006.
LIPTAK, J.M. Hepatobiliary tumors. In: WITHROW, S.J.; VAIL, D.M. Withrow and
MacEwen’s Small animal clinical oncology. 4. ed. Philadelphia: Saunders, p.
483-491, 2007.
MORRIS, J.; DOBSON, J. Small animal oncology. London: Blackwell Science,
2001.
VASCONCELLOS, M. Aspectos cirúrgicos no tratamento de tumores
hepatobiliares caninos: uma revisão. Pubvet (Londrina), v. 7, p. 20, 2013.
317

111. LUXAÇÃO DORSAL TALOCALCANEAL EM GATO DOMÉSTICO: RELATO DE


CASO
BÁRBARA SILVA CORREIA¹, LÍSIA BASTIANI GOLDONI¹, LÚNIA ROSSA¹, TAYNÁ
MAYER VERONEZI¹, LETÍCIA GUTIERREZ², MARCELO MELLER ALIEVI².
¹Faculdade de Veterinária UFRGS - Porto Alegre, RS.
²Hospital de Clínicas Veterinárias UFRGS – Porto Alegre, RS

RESUMO:
Este trabalho tem como objetivo descrever um caso de luxação talocalcaneal
de um gato doméstico, macho, sem raça definida e com dois anos de idade. Ao
exame físico, o felino apresentava movimentação excessiva na articulação
tarsal direita, dor na manipulação da região e aumento de volume. No exame
radiográfico foi verificado deslocamento dorsal do talo, confirmando a luxação
dorsal talocalcaneal. O animal foi submetido ao procedimento cirúrgico e
acompanhamento pós-operatório.

INTRODUÇÃO:
A luxação da cabeça do talo é uma lesão pouco frequente e ocorre devido a
trauma (Guillard, 2003), podendo ser secundária à hiperextensão ou
compressão axial, permitindo que a base do talo deslize ao longo do tarso
central em direção dorsal (Dyce, 1994). Essa alteração causa claudicação grave
em decorrência do colapso medial do tarso durante o apoio de peso e deve ser
diagnosticada precocemente para realização de tratamento satisfatório
(Hamish e Denny, 2006). Poucos casos foram relatados em felinos, tendo as
instabilidades dorsais como mais frequentes (Muir, 1999). O presente relato
tem por objetivo descrever um caso de luxação dorsal talocalcaneal em um
gato doméstico.
DESCRIÇÃO DO RELATO DE CASO:
Um felino macho, sem raça definida, com dois anos de idade e histórico de
trauma alguns dias antes da consulta foi atendido no Hospital de Clínicas
Veterinárias. Ao exame físico, apresentava claudicação do membro pélvico
direito, dificuldade de locomoção, dor na flexão e extensão da articulação
tibiotársica e aumento de volume na região. O paciente foi encaminhado para
exame radiográfico da articulação tibiotársica nas projeções mediolateral e
dorso-plantar que identificou. Ao exame radiográfico, foram verificadas
alterações que sugeriram o diagnóstico de luxação dorsal talocalcaneal (Fig. 1).
A intervenção cirúrgica para correção da luxação foi optada. Após jejum de
doze horas, o paciente foi submetido à indução anestésica com propofol
(4mg/kg) e manutenção com isoflurano. O acesso cirúrgico realizado foi dorsal
318

aos talos. Após a divulsão dos tecidos moles, a cabeça do talus foi localizada e
manualmente reduzida. Em seguida, um parafuso cortical de 2,7 mm foi
inserido de forma compressiva (lag) fixando a cabeça do talus ao calcâneo. A
sutura do tecido subcutâneo e da pele foi realizada com fio náilon 4-0, por
meio de pontos simples isolados. No pós-operatório, um novo exame
radiográfico da articulação acometida evidenciou adequada redução da luxação
do talus e correta inserção do parafuso (Fig. 2). Após 10 dias da realização da
cirurgia, foram retirados os pontos e observado que o paciente apresentava
boa deambulação sem instabilidade articular.

DISCUSSÃO:
A luxação talocalcaneal ocorre quando os ligamentos talocalcâneos se
rompem. A forma mais observada em gatos é a luxação dorsal da base do talo
(Montavon e Voss, 2009). Os sinais clínicos dessa luxação incluem edema,
instabilidade e deformidade na região proximodorsal do tarso, além de
claudicação (Piermattei e Flo, 1999). No caso relatado, o paciente apresentou
histórico de claudicação associado a um trauma. Radiografias são necessárias
para confirmar o diagnóstico (Piermattei e Flo, 1999). Neste caso, o primeiro
exame radiográfico revelou deslocamento dorsal do talo, sem evidência de
fratura. Não existem estruturas ligamentares que se conectam diretamente às
superfícies externas do talus e calcâneo, o que predispõe à ocorrência da
luxação (Campbell et al., 1976). Métodos de tratar luxações talocalcaneais têm
incluído prática conservadora e correção cirúrgica. Em geral, a estabilização
cirúrgica da articulação reduz a chance de cronificação e desenvolvimento de
doença articular degenerativa (Gorse et al., 1990). No presente caso, foi optado
por intervenção cirúrgica por se tratar de um trauma recente e o paciente ser
jovem, aumentando as chances do sucesso pós-operatório. No ato cirúrgico, foi
realizada fixação interna com parafuso cortical de forma lag, resultando em
satisfatória estabilização entre a cabeça do talus e o calcâneo. No pós-
operatório, constatou-se, radiograficamente, a coaptação da cabeça do talus,
confirmando a efetividade da técnica adotada.
CONCLUSÃO:
Destaca-se a importância fundamental da realização do diagnóstico precoce no
que se refere ao sucesso pós-operatório. Essa luxação da base do talo é
bastante debilitante se não for tratada, pois o eixo de suporte de peso do talus
é perdido. As luxações talocalcaneais podem ser tratadas por prática
conservadora ou correção cirúrgica, sendo a última mais satisfatória.

REFERÊNCIAS:
319

Guillard MJ. Dorsal tarsal instability in three racing greyhounds. Journal Small
Animal Practice. 2003; 44:415-17.
Dyce J. Manual of small animal arthrology. British Small Animal Veterinary
Association Plublications. 1994; 301-324.
Hamish R, Denny Steven J. Cirurgia ortopédica em cães e gatos. 4 ed. Trad. De
João Guilherme P. Filho. São Paulo: Roca, 2006.
Muir P. Tarsometatarsal subluxation in dogs: Partial arthrodesis by plate
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Montavon PM, Voss K. Feline Orthopedic Surgery and Musculoskeletal
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Piermattei DL, Flo GL. Manual de ortopedia e tratamento das fraturas dos
pequenos animais. 3 ed. Trad. de Dra. Mônica C. Lange. São Paulo: Manole
Ltda, 1999.
Campbell JR, Bnnet D, Lee R. Intertarsal and tarsometatarsal subluxation in the
dog. Journal of Small Animal Practice. 1976; 17:427-442.
Gorse MJ, Purinton PT, Penwick RC, Aron DN, Roberts RE. Talocalcaneal
luxation: An anatomic and clinical study. Veterinary Surgery. 1990; 19:429-34.

112. MANEJO CLÍNICO CIRÚRGICO DE UMA CADELA COM LIPOSSARCOMA E


TERATOMA EM CAVIDADE ABDOMINAL - RELATO DE CASO
ELAINE CRISTINA STUPAK¹, ORLANDO MARCELO MARIANI¹, MARINA LAUDARES
COSTA¹, LARISSA FERNANDES MAGALHÃES¹, GEORGIA MODÉ MAGALHÃES¹,
SABRYNA GOUVEIA CALAZANS¹,

RESUMO:
O lipossarcoma é um tumor maligno originado nos lipoblastos de cães. O
tratamento desta neoplasia inclui excisão cirúrgica ampla e quimioterapia
adjuvante, sendo a doxorrubicina o fármaco mais utilizado. O teratoma é
considerado um tumor benigno composto por células germinativas, cuja
excisão cirúrgica é o tratamento de escolha. O presente trabalho tem como
objetivo descrever o manejo clínico-cirúrgico de uma cadela com lipossarcoma
em omento e teratoma em ovário simultaneamente.

INTRODUÇÃO:
Lipossarcoma é um tumor maligno, incomum, originado nos lipoblastos de cães
predominantemente adultos. Sua etiologia é desconhecida, no entanto, sabe-
se que podem aparecer espontaneamente e não é derivado do seu homólogo
benigno, portanto não é uma transformação maligna dos lipomas (Masserdotti
320

et al., 2006). Teratomas são neoplasias que surgem a partir de células


germinativas. São caracterizados por uma mistura de elementos de tecido ou
órgãos, mesmo que parcialmente desenvolvidos (Blaszak et al., 2009)
A principal modalidade de tratamento para ambas as neoplasias é a ressecção
cirúrgica (Baez et al., 2004; Blaszak et al., 2009)
Este trabalho tem como objetivo de relatar um caso de uma cadela com
lipossarcoma e teratoma em cavidade abdominal, abordando o manejo clínico-
cirúrgico de uma paciente com duas diferentes neoplasias simultaneamente.

RELATO DE CASO:
Uma cadela, de onze anos de idade, pesando 27 Kg, não castrada, sem raça
definida, foi atendida devido histórico de aumento de volume abdominal com
sete dias de evolução. Ao exame clínico os parâmetros encontravam-se dentro
da normalidade. Foram realizados exames hematológicos, como hemograma e
bioquímica sérica, porém não foram observadas alterações dignas de nota. A
radiografia de tórax em 3 projeções não demonstrou evidência de metástase
pulmonar. A ultrassonografia abdominal revelou presença de líquido livre e
estrutura heterogênea, com áreas hipoecoicas e hiperecóica entremeadas, em
região epi e mesogástrica, principalmente direita.
A paciente foi encaminhada para laparotomia exploratória onde foi constatada
presença de tumor arredondado, firme, medindo 15 cm de diâmetro em ovário
direito. Procedeu-se a ovariohisterectomia para possibilitar a ressecção
completa do tumor. Adicionalmente, durante inspeção da cavidade abdominal,
notou-se presença de múltiplos nódulos firmes, arredondados, esbranquiçados,
medindo 0,2 cm de diâmetro disseminados por todo omento. Amostras do
tumor no ovário e dos nódulos em omento foram enviadas para exame
histopatológico que revelou lipossarcoma em omento e teratoma em ovário.
Devido ao comportamento benigno do teratoma e maligno do lipossarcoma, o
tratamento medicamentoso foi direcionado ao diagnóstico de lipossarcoma.
Instituiu-se protocolo quimioterápico com doxorrubicina (30mg/m2), por via
intravenosa, associada com ciclofosfamida (200mg/m2), por via oral, ambas a
cada 21 dias. Foram realizadas, no total, três sessões de quimioterapia.
Durante este período, a paciente era submetida à abdominocentese
quinzenalmente, devido ao acúmulo de líquido na cavidade. Contudo, após a
terceira sessão, optou-se pela eutanásia da paciente devido à progressão
tumoral e perda de qualidade de vida.
Conduziu-se exame de necropsia onde se observou presença de massa branca
amarelada, de consistência firme, adjacente ao estômago, medindo
aproximadamente 15 cm de diâmetro, envolvendo terço médio de baço, com
pontos de aderência ao mesentério, sem infiltração em outros órgãos. O
321

exame histopatológico confirmou lipossarcoma pleomórfico com metástase em


diafragma. Demais órgãos apresentavam-se livres da neoplasia.

DISCUSSÃO:
Previamente ao diagnóstico definitivo, priorizou-se o manejo clínico-cirúrgico
do teratoma ovariano, devido a sua dimensão à palpação abdominal e ao
exame ultrassonográfico. Durante a laparotomia, devido ao grande número de
lesões no omento, suspeitou-se de neoplasia ovariana metastática. Porém,
após o exame histopatológico foi possível concluir que o tumor ovariano e os
nódulos em omento se tratavam de neoplasias diferentes. O teratoma foi
removido cirurgicamente por ovariohisterectomia, que é considerada terapia
curativa para o tratamento dessa neoplasia (Blaszak et al., 2009). Apesar da
excisão cirúrgica ampla ser considerada a terapia de eleição para lipossarcomas
(Baez et al., 2004), este procedimento não foi realizado, já que o tumor estava
disseminado por todo omento.
A quimioterapia com doxorrubicina e ciclofosfamida foi instituída para com o
objetivo de impedir a progressão do tumor. A quimioterapia antineoplásica
pode ser considerada como adjuvante ao tratamento cirúrgico de neoplasias
maligna de origem mesenquimal, já que o índice de recidiva de lipossarcomas
em cães é considerado alto (Baez et al., 2004). A doxorubicina é o
quimioterapico mais frequentemente utilizado (Chang & Liao, 2008). Os
principais sítios de metástase de lipossarcoma em cães incluem pulmões,
fígado, baço e ossos (Piseddu et al., 2011), porém, neste caso, metástase foi
identificada apenas em diafragma.
A paciente apresentou três meses de sobrevida, semelhante ao descrito por
Baez et al. (2004), que observou que cães com lipossarcoma submetidos
apenas à biópsia incisional apresentam tempo de sobrevida inferior relação
àqueles submetidos à ressecção cirúrgica ampla.

CONCLUSÃO:
O manejo clínico-cirúrgico de um cão com duas neoplasias simultaneamente
pode se tornar complexo, considerando-se os comportamentos diferentes de
cada tumor e suas indicações terapêuticas. Adicionalmente, neste caso, a
impossibilidade de ressecção completa do lipossarcoma comprometeu o tempo
de sobrevida da paciente.

REFERÊNCIAS:
BAEZ, J. L.; HENDRICK, M. J.; SHOFER F. S. et al. Liposarcomas in dogs: 56 cases
(1989-2000). J Am Vet Med Assoc 224:887–891, 2004.
322

BLASZAK, B; WALKOWSKI, M; IBBS, M. et al. Teratoma adultum in a bitch: a


case report. Veterinarni Medicina, 54,(8): 379–381, 2009.
CHANG, S. C.; LIAO, J. W. Mesojejunoileac Liposarcoma with Intrahepatic
Metastasis in a Dog. J. Vet. Med. Sci. 70(6): 637–640, 2008.
MASSERDOTTI, C.; BONFANTI, U.; LORENZI, D. et al. Use of Oil Red O stain in
the cytologic diagnosis of canine liposarcoma. Veterinary Clinical Pathology, v.
35, n. 1, p. 37-41, 2006.
PISEDDU, E.; DE LORENZI, D; FREEMAN, K. et al. Cytologic, histologic, and
immunohistochemical features of lingual liposarcoma in a dog. Vet Clin Pathol
393–397, 2011.
323

113. MASTOCITOMA CUTÂNEO MASTOCÍTICO DIFUSO EM FELINO: UM


IMPACTO NO PROGNÓSTICO

MAYARA LEAL FIRMINO DA SILVA1, POLIANA ARAÚJO XIMENES1, JOSÉ ARTUR


BRILHANTE BEZERRA1, KILDER DANTAS FILGUEIRA1
1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Mossoró-RN)

RESUMO:

Nos gatos, o mastocitoma cutâneo em geral é benigno, mas há a forma


mastocítica difusa que é agressiva. Descreveu-se tal tipo tumoral felino. Um
gato possuía lesões na pele. Foi realizada citologia e histopatologia cutânea. A
citologia sugeriu mastocitoma. A histopatologia indicou mastocitoma
mastocítico difuso. Deve-se determinar o tipo do mastocitoma cutâneo em
felinos devido à divergência prognóstica.

INTRODUÇÃO:

O mastocitoma é o tumor cutâneo mais comum do cão e o segundo mais


frequente em gatos (Miller et al., 2013). Nos felinos, existem diferenças no tipo
histológico, comportamento biológico, tratamento e prognóstico em relação
aos caninos (Withrow et al., 2013). No cão, o mastocitoma cutâneo é
considerado maligno, enquanto nos gatos em geral é benigno (August, 2011).
Entretanto, nesses últimos há a forma mastocítica difusa, que é agressiva
(Withrow et al., 2013). Descreveu-se tal tipo tumoral felino, enfatizando o
efeito negativo no prognóstico.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
324

Um gato, oito anos, Sem Raça Definida, possuía nodulações na pele. Submeteu-
se o paciente ao exame físico. Foi realizada citologia das lesões. Executou-se
hemograma completo, bioquímica sérica, teste imunoenzimático para
retroviroses, radiografia torácica, ultrassonografia abdominal e biopsia
incisional da dermatose, seguida de histopatologia. Prescreveu-se lomustina
(38mg/m2, a cada seis semanas). Os parâmetros vitais eram normais. Existiam
nódulos disseminados epidermodermais e subcutâneos. Não havia distúrbios
em outras regiões. A citologia sugeriu mastocitoma. A hematologia e
bioquímica estavam inalteradas. A pesquisa viral foi negativa. A imaginologia
não detectou alterações. A histopatologia diagnosticou mastocitoma
mastocítico difuso. Os dados clínico-laboratoriais classificaram o gato no
estágio III da oncopatia. Não houve retorno após a prescrição.

DISCUSSÃO:

Os mastocitomas cutâneos felinos têm prevalência de 8 a 15% na


oncodermatologia e são classificados em três tipos histológicos: mastocítico
compacto, mastocítico difuso e histiocítico, sendo este último raro e de
regressão espontânea. O primeiro é o mais comum e de comportamento
benigno. A forma mastocítica difusa possui menor frequência, é indiferenciada,
pleomórfica, infiltrativa, maligna e assim mais semelhante ao mastocitoma do
cão (Gross et al., 2009; August, 2011). Em até 43% dos casos apresenta-se
como múltiplos nódulos cutâneos (Withrow et al., 2013). Essa disposição foi
compatível com o caso descrito. As informações da patogênese são reduzidas,
embora seja investigada a mutação do proto-oncogene c-kit (Miller et al.,
2013). Os gatos de meia idade e idosos são afetados. O estadiamento (de 0 a
IV) é recomendado, pois os mastocitomas disseminados na pele podem
conduzir metástases para vísceras (August, 2011). A faixa etária do gato em
questão corroborou com a literatura. O mesmo foi enquadrado no estágio
tumoral III pelos múltiplos nódulos dérmicos infiltrativos. Diferente dos outros
tipos, o mastocitoma mastocítico difuso tem prognóstico reservado (Miller et
al., 2013). A ausência de regresso do felídeo justificou-se pelo possível óbito,
apesar da prescrição do antineoplásico, por provável e posterior
mestastatização da doença.

CONCLUSÃO:
325

Em felinos, torna-se fundamental determinar o tipo de mastocitoma cutâneo e


suas variantes uma vez que há divergência prognóstica.

REFERÊNCIAS:

AUGUST, J.R. Medicina interna de felinos. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
884 p.

GROSS, T.L.; IHRKE, P.J.; WALDER, E.J. et al. Doenças de pele do cão e do gato -
diagnóstico clínico e histopatológico. 2.ed. São Paulo: Roca, 2009. 889 p.

MILLER, W.H.; GRIFFIN C.E.; CAMPBELL K.L. Muller & Kirk’s – Small animal
dermatology. 7.ed. St. Louis: Elsevier, 2013. 938 p.

WITHROW, S.J.; VAIL, D.M.; PAGE, R.L. Withrow & MacEwen’s – Small animal
clinical oncology. 5.ed. St Louis: Elsevier, 2013. 750 p.
326

114.MELANOMA AMELANÓTICO DE CAVIDADE ORAL EM CANINO - RELATO


DE CASO

TAINARA MORAIS PEREIRA1; KIARA NICOLE JANDREY1; FRANCIELE KANITZ1;


CRISTINA KRAUSPENHAR ROSSATO2.

Aluna de Graduação do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz


Alta.
2
Docente e Patologista do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de
Cruz Alta – UNICRUZ.

RESUMO:

Melanomas são tumores agressivos de melanócitos que ocorrem


principalmente na cavidade oral e na pele de cães. Este tipo de neoplasma
pode apresentar diversos graus de pigmentação melânica, incluindo total
ausência (melanomas amelanóticos). Assim, o objetivo deste trabalho é relatar
um caso de melanoma amelanótico na cavidade oral com diagnóstico de
carcinoma epidermóide através da CAAF (citologia aspirativa por agulha fina).

INTRODUÇÃO:

O melanoma é um tumor de melanócitos relativamente comum nos cães e


incomum em outras espécies domésticas (SOUZA, 2005) sendo pele, cavidade
oral e dígitos os locais de maior ocorrência da neoplasia (ROSSETTO et. al.,
2009). É um tumor caracterizado com muita (melanoma melanótico) ou pouca
(melanoma amelanótico) produção de melanina (SOUZA, 2005).

Os tumores malignos são chamados de melanoma maligno e apresentam um


comportamento mais agressivo como é o caso do melanoma maligno
amelanótico (FERNANDES; CALMON, 2011) onde a diferenciação só pode ser
estabelecida através de um exame histológico criterioso, pois algumas vezes o
patologista fica sujeito a equívocos devido à semelhança entre eles (TEIXEIRA,
2011). O objetivo deste trabalho é relatar um caso de melanoma amelanótico
na cavidade oral de um canino com suspeita clínica de carcinoma epidermóide.

DESCRIÇÃO DO CASO:
327

Um canino, macho, da raça Poodle, de sete anos de idade que apresentava alta
quantidade de tártaro, aumento de volume na porção caudal do lado direito do
palato duro, mais sequestro ósseo talvez por osteomielite na mandíbula e
sínfise totalmente separada. Foi realizado exame citológico através da citologia
aspirativa por agulha fina (CAAF) sugerindo diagnóstico de carcinoma
epidermóide. O animal foi eutanasiado e encaminhado para necropsia.
Macroscopicamente havia uma massa no palato duro, de aspecto multinodular,
friável, parcialmente ulcerada que infiltrava os tecidos adjacentes e dentes pré-
molares. Na análise histopatológica havia proliferação de melanócitos
anaplásicos de formato fusiforme formando estruturas em paliçadas contendo
pouca melanina intracitoplasmática, e áreas multifocais de necrose.

DISCUSSÃO:

Baseado nos achados macro e microscópicos o diagnóstico foi firmado em


melanoma amelanótico. O melanoma de cavidade oral é a neoplasia mais
frequente, perdendo somente para o carcinoma de células escamosas, assim
sendo o principal diagnóstico diferencial. E geralmente ocorrem em cães com
sete anos ou mais com maior tendência a 10 anos (SOUZA 2005), como
observado neste relato.

CONCLUSÃO:

Melanomas são comuns na cavidade oral, sendo os amelanóticos de menor


ocorrência. Vale ressaltar que a CAAF é um método rápido e fácil de
diagnóstico, mas não são eficazes no diagnóstico de alguns tipos de
melanomas, como é o caso do melanoma amelanótico. Desta forma são
necessários exames histológicos para confirmação do diagnóstico.

REFERÊNCIAS:

FERNANDES, N.C; CALMON, R.: Melanoma cutâneo: estudo prospectivo de 42


casos. Anais Brasileiros de Dermatologia. Rio de Janeiro (RJ), 2011.

ROSSETTO, V. J. V., et al; Frequência de neoplasmas em cães diagnosticados


por exame citológico: estudo retrospectivo em um hospital-escola. Ciências
Agrárias, v.30, n.1, p.189-200, 2009.
328

SOUZA, T. M.; Estudo retrospectivo de 761 tumores cutâneos em cães.


Dissertação. Universidade Federal de Santa Maria, 2005.
TEIXEIRA, T. F.; Melanomas melânicos e amelânicos da cavidade bucal de cães:
aspectos epidemiológicos, morfológicos e moleculares. Universidade de São
Paulo. Departamento de Patologia. Tese de Doutorado. São Paulo, 2011.

115. MELANOMA DE CORPO CILIAR EM CÃO COM DIAGNÓSTICO


ULTRASSONOGRÁFICO – RELATO DE CASO
ELTON ROBERTO DE OLIVEIRA1, TABATHA VIVIELLE DE SIQUEIRA1 ANALY
RAMOS MENDES2, GISELE FABRÍCIA MARTINS DOS REIS3, RAQUEL BENETON
FERIOLI4, PRISCILLA MACEDO DE SOUZA5
1
Discentes do Curso de Medicina Veterinária da FAEF– Garça/SP
2
Docente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – Araçatuba/SP
3
Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça/SP
4
Doutoranda na Universidade Estadual Paulista – Botucatu/SP
5
Docente da Universidade Federal de Tocantins – Araguaína/TO

RESUMO:
O melanoma é um tipo de neoplasia comum no cão, podendo ter apresentação
cutânea e intraocular, porém pode ser encontrado em qualquer localização
anatômica em que haja acúmulo de melanócitos É classificado como maligno
de acordo com suas características histológicas. Objetiva-se, no presente
trabalho, relatar um caso de melanoma intraocular, com diagnóstico
ultrassonográfico e histopatológico, o qual foi submetido ao procedimento de
exenteração.

INTRODUÇÃO:
Melanomas são neoplasias cutâneas primárias, mas podem ser encontrados
em qualquer localização anatômica em que haja acúmulo de melanócitos
(Santos et al., 2005). Neoplasmas de origem melanocítica representam a mais
comum neoplasia ocular primária em cães e, nesta espécie, são mais
frequentes que em qualquer outra (Canpolat et al., 2007; Cavalcante, 2006;
Kleiner et al., 2003 ). Nos melanomas oculares há quatro localizações possíveis:
conjuntiva, limbo (tecidos epibulbares), úvea anterior e coroide (Baptista,
2003). A úvea anterior (íris e corpo ciliar) são os locais mais acometidos, já a
coroide é raramente atingida (Baptista, 2003; Canpolat et al., 2007; Cavalcante,
2006; Dubielzig, 2002; Simon, 2008).
329

Acometem cães adultos a idosos, a partir de oito anos de idade; a questão


racial não está bem definida e alguns autores referem uma maior incidência
nos machos (Cavalcante, 2006; Dubielzig, 2002; Kleiner et al., 2003).
Os sinais clínicos podem variar de acordo com a localização cursando com
alterações como uveíte não responsiva a tratamentos, pupila irregular, miose,
dor ocular, edema corneano, hifema, nódulo tumoral visível e glaucoma
secundário (Kleiner et al., 2003). Dentre os sinais clínicos o paciente também
poderá apresentar opacidade corneana em alguns casos a principal queixa é o
sangramento agudo ocular (Kleiner et al., 2003).
Exames complementares como a oftalmoscopia indireta e a ultrassonografia
são de grande valia, sendo esta última eficaz nos casos onde há opacidade
ocular que impossibilite a oftalmoscopia, além de proporcionar o exame
retrobulbar e de estruturas extraoculares (Kleiner et al., 2003).
O tratamento a ser escolhido e o prognóstico são variáveis e dependem da
localização, do comportamento e do grau de comprometimento das estruturas
envolvidas (Bistner, 2007).

DESCRIÇÃO DO CASO:
Um cão da raça Shih Tzu, sete anos de idade, durante avaliação oftálmica
apresentava vasos episclerais evidentes e cegueira do olho direito, com
histórico de seis meses de evolução. No exame oftálmico, observou-se a
presença de enoftalmia, panuveíte, associado com secreção mucosa. Foi
realizada ultrassonografia do olho direito onde foi diagnosticada neoplasia
intraocular. Optou-se pela exentereção ocular devido à lesão ocular e para se
obter uma melhor margem cirúrgica. Ao exame histopatológico do globo
ocular excisado, confirmou-se ocorrência de melanoma com origem em corpo
ciliar.

DISCUSSÃO:
Segundo Kleiner et al. (2003) os sinais clínicos são variáveis e muitas vezes
estes cães são tratados como portadores de uveíte anterior e/ou posterior,
sendo o diagnóstico muitas vezes tardio. No presente relato, o cão foi tratado
durante seis meses para uveíte e demonstra-se que a ultrassonografia ocular
foi imprescindível para o diagnóstico e instituição do tratamento adequado.
De acordo com a sua localização, os tumores melanocíticos apresentam
características e prognósticos diferentes (Baptista, 2003). Kleiner et al. (2003)
referiram que os melanomas que afetam o corpo ciliar e a coroide possuem um
grande potencial de malignidade, por serem altamente invasivos, pois, nas
neoplasias oculares em geral, as metástases são raras. Há autores que relatam
que em melanomas intra-oculares a taxa de mortalidade é baixa (Cavalcante,
330

2006). O cão do presente relato continua bem clinicamente, sem recidivas, com
sobrevida de 375 dias até o presente momento.

CONCLUSÃO:
Conclui-se que a localização e diagnóstico precoce de melanomas intraoculares
são importantes para a determinação do prognóstico destacando-se a
ultrassonografia como método diagnóstico. O prognostico para este neoplasma
será favorável à vida do paciente quando o diagnóstico e tratamento
adequados forem instituídos.

REFERÊNCIAS
BAPTISTA, C. S. N. F. Cão e gato caracterização ecográfica em modo brilho e
modo amplitude de melanomas epibulbares e da uvea anterior. 2003. 107 f.
Dissertação (Mestrado) – Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar,
Universidade do Porto, Porto, 2003. Disponível em: <http: //repositório-
aberto.up.pt/bitstream/10216/9567/3/5270_TM_01_P.pdf . Acesso em: 26
out. 2011.
BISTNER, S.I. Olho e órbita. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos
animais. Barueri: SP, 2007. cap. 171, p. 2430-2432.
CANPOLAT, I.; YAMAN, I.; GUNAY, C. A case of primary intraocular malignant
iris melanoma in an Akkaraman sheep. Revue Médecine Vétérinaire, v. 158, n.
4, p. 171- 173, 2007.
CAVALCANTE, J. A. Avaliação da incidência do melanoma em um estudo
retrospectivo de 37 cães (Canis familiaris) com neoplasias, atendidos na clínica
Escola de Medicina Veterinária da Universidade Castelo Branco e na clínica
veterinária Ossian. 2006. 69 f. TCC – Escola de Medicina Veterinária,
Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em:
<http://WWW.qualittas.com.br/documentos/avaliação%20da%20incidencia%2
0do%20melanoma%20-%20jose%20cavalcante.pdf> Acesso em: 26 out. 2011.

KLEINER, J.A.; SILVA, E.G.; MASUDA, E.K. Melanoma intra-ocular primário de


coróide em um cão da raça Rottweiller – Relato de caso. In: Conferência Sul-
Americana de Medicina Veterinária, 3., 2003, rio de Janeiro. Anais... Rio de
Janeiro, 2003.
SANTOS, P.C.G.; COSTA, J.L.O.; MIYAZAWA, C.R.; SHIMIZU, F.A. Melanoma
canino. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, n. 5, 2005.
SIMON, M. Afecções do trato uveal. In: HERRERA, D. Oftalmologia clínica em
animais de companhia. São Paulo: MedVet, 2008. cap. 10, p. 173-193.
331

116. MELANOMA MALIGNO AMELANÓTICO OSTEOCARTILAGINOSO NA


CAVIDADE ORAL COM METÁSTASE PULMONAR EM UM CÃO: RELATO DE
CASO.
WANESSA TEIXEIRA GOMES BARRETO1; GISELE BRAZILIANO DE ANDRADE1,
JOÃO BOSCO VILELA CAMPOS1; ALANDERSON RODRIGUES DA SILVA1; GABRIEL
CARVALHO DE MACEDO1; HEITOR MIRAGLIA HERRERA1;.
1
Universidade Católica dom Bosco

RESUMO:
Melanomas são neoplasias tipicamente malignas comuns em cavidade oral de
cães. Alguns fatores fazem com que ocorra uma diferenciação divergente nas
células neoplásicas, o que altera a apresentação clássica do melanoma e,
consequentemente, dificulta o diagnóstico definitivo. Esse trabalho relata o
caso de um cão com uma massa neoplásica localizada entre os dentes incisivos
superiores. O neoplasma foi removido e o material analisado histologicamente.
Esse processo foi realizado cinco vezes, já que ocorreram recidivas pouco
tempo depois da remoção cirúrgica. Após 11 meses da primeira biópsia o
animal veio a óbito e a necropsia foi realizada. Observou-se múltiplas massas
no pulmão e pleura parietal, indicando metástase pulmonar. A cada biópsia o
padrão histológico foi diferente, o que levou ao diagnóstico presuntivo de
melanoma amelanótico com diferenciação osteocartilaginosa.

INTRODUÇÃO:
Neoplasmas melanocíticos são as mais frequentes neoplasias diagnosticadas
em cavidade oral de cães, com um pico de incidência entre nove e treze anos
de idade. Geralmente são malignos com crescimento rápido, localmente
invasivos, metastáticos e, frequentemente, ocorrem recidivas após a excisão
cirúrgica (Bergman, 2007; Spangler e Kass, 2006).
Em alguns casos, o diagnóstico definitivo é dificultado em função da
diferenciação divergente dos melanomas, caracterizada pelo desenvolvimento
de tecidos amelanóticos e pleomorfismo celular (Banerjee e Eyden, 2008). Este
trabalho relata um caso de melanoma maligno amelanótico com diferenciação
osteocartilaginosa na cavidade oral com metástase pulmonar em um cão.

DESCRIÇÃO DO CASO:
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB) um cão da raça Pastor Alemão, macho, 10 anos, apresentando
hemorragia em cavidade oral. Ao exame clínico observou-se uma massa firme
de coloração avermelhada e superfície lisa, medindo um centímetro, localizada
332

na gengiva e projetada entre os dentes incisivos superiores. O tumor


apresentava recidivas onde a massa tumoral apresentava aspecto diferente e
aumento de volume, sendo então realizadas cinco biópsias em um intervalo de
oito meses. A evolução clínica e histopatológica pode ser observada na Figura
1.
Na 1ª biópsia, histologicamente observou-se feixes entrelaçados de tecido
conjuntivo fibroblástico e neovascularização, sugerindo-se o diagnóstico de
epúlide fibro-acantomatoso. Na segunda biópsia, a análise histopatológica
indicou modificações morfológicas, com formação de tecido mixóide, poucas
áreas de tecido cartilaginoso e características de malignidade. Na terceira
biópsia, a histopatologia revelou presença de tecido mixóide, cartilaginoso e
ósseo, observado também na quarta biópsia. Na quinta biópsia observou-se
predominância de tecido cartilaginoso e áreas de tecido ósseo entremeado.
Decorridos três meses da última biópsia não havia nenhum tecido proliferativo
na cavidade oral, entretanto, o animal encontrava-se dispnéico, sendo
evidenciado efusão pleural na imagem radiográfica. Em duas semanas o animal
veio a óbito e a necropsia foi realizada, na qual observou-se hidrotórax e, no
pulmão, múltiplas massas que variavam de três a sete centímetros de diâmetro
que ocupavam 80% do órgão, algumas aderidas também à pleura parietal. Ao
corte, algumas massas apresentavam-se esbranquiçadas e com consistência
firme, entremeadas por áreas avermelhadas e macias. A histopatologia revelou
predominância de tecido cartilaginoso.
Ao avaliar os resultados das análises histopatológicas juntamente com os
resultados da necropsia foi possível chegar ao diagnóstico sugestivo de
melanoma amelanótico com diferenciação osteocartilaginosa.

DISCUSSÃO:
A diferenciação osteocartilaginosa em melanoma maligno é um fenômeno raro
detectado principalmente nas mucosas e região subungueal (Banerjee et al.,
1998; Cachia e Kedziora, 1999; Banerjee e Eyden, 2008). Como visto no caso
descrito, o diagnóstico é dificultado quando processo de diferenciação origina
populações celulares inesperadas.
Alguns autores associam esse fenômeno à mutações nas células tronco da
camada basal da epiderme, acarretando, além da atividade proliferativa
descontrolada, novas diferenciações (Grichnik et al., 2006; Banerjee e Eyden,
2008). Ainda, tem sido relatado que fatores do ambiente tecidual ligam-se a
receptores da superfície celular, induzindo eventos moleculares que conduzem
à transcrição do gene e formação de novas proteínas e organelas, resultando
em novos fenótipos, processo esse que tem sido definido como neo-
diferenciação (Fidler e Hart, 1982; Pytel et al., 2005;).
333

CONCLUSÃO:
O diagnóstico de melanoma na cavidade oral torna-se extremamente difícil
quando a apresentação clínica e histopatológica diferem dos casos clássicos de
melanoma. Assim, para que um diagnóstico definitivo seja estabelecido de
forma clara e precisa, o uso de técnicas auxiliares de diagnóstico, como a
imunohistoquímica, se tornam imprescindíveis.
REFERÊNCIAS:
BANERJEE, S. S.; COYNE, J. D., MENASCE, L. P. et al. Diagnostic lessons of
mucosal melanoma with osteocartilaginous differentiation. Histopathology, 33,
255–260, 1998.

BANERJEE, S. S.; EYDEN, B. Divergent differentiation in malignant melanomas: a


review. Histopathology, 52, 119-29, 2008.

BERGMAN, P. J. Canine oral melanoma. Clin Tech Small Anim Pract, v. 22, n. 2,
p. 55–60, 2007.

CACHIA, A. R.; KEDZIORA, A. M. Subungual malignant melanoma with


cartilaginous differentiation. Am. J. Dermatopathol, v.21, p.165–169, 1999.

FIDLER, I. J.; HART, I. R. Biological diversity in metastatic neoplasms: origins and


implications. Science, v. 217, p. 998–1003, 1982.

GRICHNIK, J. M.; BURCH, J. A.; SCHULTEIS, R. D. et al. Melanoma, a tumor based


on a mutant stem cell? J. Invest. Dermatol, v.126, p.142–153, 2006.

PYTEL, P.; TAXY, J. B.; KRAUSZ, T. Divergent differentiation in malignant soft


tissue neoplasms; the paradigm of liposarcoma and malignant peripheral nerve
sheath tumor. Int. J. Surg. Pathol, v.13, p.19–28, 2005.

SPANGLER, W. L.; KASS, P. H. The histologic and epidemiologic bases for


prognostic considerations in canine melanocytic neoplasia. Vet Pathol, v.43,
p.136–149, 2006.
334

117. MENINGIOMA INTRACRANIANO EM UM GATO: CARACTERIZAÇÃO


CLÍNICA, PATOLÓGICA E IMUNO-HISTOQUÍMICA

NELSON JUNIOR TAGLIARI1, RONALDO VIANA LEITE FILHO1, GABRIELA FREDO2,


SILVANA MELLO SIMAS1, LUCIANA SONNE2, FERNANDA VIEIRA AMORIM DA
COSTA3
1
Residência Multiprofissional em Saúde – Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), Porto Alegre-RS, Brasil.
2
Departamento de Patologia Clínica Veterinária, UFRGS.
3
Departamento de Clínica Médica de Felinos Domésticos, UFRGS.

RESUMO:

O meningioma é considerado um tumor extra-axial do sistema nervoso central


que pode surgir em qualquer região das meninges e o seu comportamento
biológico é geralmente benigno. Os resultados dos exames complementares
foram inespecíficos e os sinais clínicos progrediram para andar em círculos,
anisocoria, estupor e morte. O diagnóstico foi estabelecido a partir dos achados
macroscópicos e microscópicos observados no tumor presente no lobo
occipital direito do cérebro. O meningioma deve ser incluído como diagnóstico
diferencial de pacientes que apresentam sinais clínicos de doenças
intracranianas.

INTRODUÇÃO:

O meningioma é considerado um tumor extra-axial do sistema nervoso central,


pois cresce a partir da membrana aracnoide ou pia-máter. Quanto ao
prognóstico, tende a ser mais favorável em gatos do que em cães, devido a
uma série de fatores, como características histológicas, possibilidade de
remoção cirúrgica e idade. O objetivo deste relato é descrever e discutir os
sinais clínicos, achados patológicos e imuno-histoquímicos.

DESCRIÇÃO DO CASO:
335

Um felino, macho, de 14 anos de idade, S.R.D., apresentava hiporexia,


desorientação e letargia. No exame físico, havia ritmo de galope à ausculta
cardíaca e teste de resposta à ameaça, fundoscopia por oftalmoscopia direta e
eletroretinografia negativos, além de ausência de reação frente à
movimentação de objetos. O hemograma indicou leucopenia com linfopenia
marcante. O teste para os vírus da imunodeficiência felina (FIV) e leucemia
felina (FeLV) foram negativos. A pressão arterial sistólica média foi de 142
mmHg e no ecocardiograma havia aumento discreto no átrio esquerdo. O
paciente foi internado por começar a andar em círculos para a direita e
apresentar anisocoria e estupor. Foi instituída antibioticoterapia com
sulfonamida-trimetoprim e corticosteroide, o que proporcionou discreta
melhora clínica. O teste de diagnóstico de Toxoplasma gondii foi negativo. O
paciente veio a óbito após 11 dias de tratamento. Na necropsia foi constatada
uma massa na superfície do SNC que comprimia o cerebelo e o córtex occipital
em sua porção caudal direita com 2,0x2,0x1,0cm, esférica, lobulada,
lenticulada, encapsulada, macia e de coloração róseo-esbranquiçada.
Microscopicamente, observou-se proliferação neoplásica de células
meningoepiteliais com arranjo variando de sólido a espiral concêntrico,
formado por células alongadas, com citoplasma eosinofílico indistinto, núcleo
oval a alongado, nucléolo único e cromatina finamente pontilhada. Estas
apresentam acentuada anisocariose e moderada anisocitose, além de raras
figuras de mitose por campo de maior aumento (400x). No centro das
lobulações observa-se acentuada neovascularização e áreas multifocais
discretas de necrose. Em região de tronco encefálico há congestão difusa
moderada, edema perivascular, além de áreas multifocais discretas de necrose
e hemorragia. Foi realizada a técnica de imuno-histoquímica (IHQ) para
anticorpos antiproteína fibrilar ácida glial (anti-GFAP), anti-S100, anti-vimentina
e anti-citoqueratina. Houve marcação positiva para anti-vimentina e negativa
para anti-citoqueratina, anti-S100 e anti-GFAP.

DISCUSSÃO:
336

O diagnóstico de meningioma de transição foi realizado pelas características


histológicas observadas. O aparecimento dos sinais neurológicos apresentando
pelo gato descrito, assim como sua evolução clínica, é semelhante aos dados
encontrados na literatura (Forterre et al., 2007). O tratamento cirúrgico para os
meningiomas solitários representa a primeira opção terapêutica, conferindo
uma boa expectativa de vida. A tomografia computadorizada e a ressonância
magnética são consideradas as principais ferramentas de diagnóstico para a
investigação ante-mortem de vários tipos de neoplasias cerebrais (Mota et al.,
2012), porém ainda possuem alto custo e difícil acesso na medicina veterinária.

CONCLUSÃO:

O meningioma deve ser incluído como diagnóstico diferencial em pacientes


que apresentam sinais clínicos compatíveis com doença intracraniana. O acesso
a exames de imagem mais específicos possibilitaria um planejamento cirúrgico
adequado e melhor prognóstico para o paciente.

REFERÊNCIAS:

FORTERRE, F.; TOMEK, A.; KONAR, M. et al., A. Multiple meningiomas: clinical,


radiological, surgical, and pathological findings with outcome in four cats.
Journal of Feline Medicine and Surgery, v.9, p. 36-43. 2007.

MOTTA, L.; MANDARA, M.T.; SKERRITT, G.C. Canine and feline intracranial
meningiomas: an update review. The Veterinary Journal, v.192, p.153-165.
2012.

TROXEL, M.T. et al. Feline intracranial neoplasia: Retrospective review of 160


cases (1985–2001). Journal of Veterinary Internal Medicine, v.17, p.850-859.
2003.
337

118. MÉTODO ALTERNATIVO NO ENSINO DE ODONTOLOGIA VETERINÁRIA

THAIS LIARA CARDOSO1, DANIELA MAYUMI SHIGUEOKA2, ROGÉRIO RIBAS


LANGE1,2
1
Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFPR/Curitiba – PR
2
Programa de Residência Multiprofissional e em Área da Saúde – Medicina
Veterinária da UFPR/ Curitiba - PR

A expansão da odontologia veterinária e a procura por tratamentos exigem


que veterinários sejam treinados para obterem conhecimento teórico e
habilidades práticas. Quanto à ética no uso de animais didáticos vivos,
alternativas foram criadas visando à redução. Foram utilizadas peças
anatômicas para treinamento em exodontias e avaliada a aceitação por meio
de questionários. Onze alunos compararam o método tradicional de ensino e o
método alternativo proposto. Conclui-se que o uso das peças anatômicas
permitiu o desenvolvimento de habilidades sem o fator intimidador do
cometimento de erros, e pode ser aplicado como método complementar no
ensino.

INTRODUÇÃO:

O desenvolvimento da odontologia veterinária está associado a crescente


procura de proprietários, cada vez mais ligados aos seus animais e que buscam
proporcionar-lhes melhor qualidade de vida (Venturini, 2006). Para atender
esta demanda, os médicos veterinários necessitam ser treinados desde a
graduação para obterem conhecimento teórico e habilidades práticas. Porém,
há preocupação ética quanto ao uso de animais vivos no ensino e na pesquisa.
Buscam-se alternativas, como modelos virtuais, simuladores mecânicos,
estudos in vitro, uso de cadáveres, estudos observacionais, experiência clínica
supervisionada, entre outros (Greif, 2003; Daneshian et al., 2011). Porém, em
algumas situações a substituição por manequins ou modelos virtuais não é
ideal, podendo ser contornada com o uso de cadáveres preservados (Silva,
2003).

O presente trabalho teve como objetivos testar o uso de cabeças de cadáveres


suínos como método alternativo de ensino, e avaliar a percepção dos
estudantes.
338

MATERIAL E MÉTODOS:

O estudo teve como alvo alunos de Medicina Veterinária da disciplina de


odontologia veterinária, a qual era dividida em aulas teóricas e práticas, com
exposição em sala de aula e acompanhamento da rotina do Ambulatório de
Odontologia Veterinária.

Como método alternativo, foram utilizadas cabeças de porcos para


treinamento de técnicas de exodontia. Os alunos foram divididos em dois
grupos, e ambos foram instruídos quanto às técnicas. O primeiro grupo
praticou individualmente com cabeças, e o segundo acompanhou casos clínicos
de cães e gatos em procedimentos odontológicos realizados no ambulatório.
Após as atividades, foi aplicado um questionário de avaliação.

RESULTADOS:

Foram avaliados 11 alunos, que responderam questões discursivas referentes


ao aprendizado durante as aulas práticas e emitiram opiniões acerca da
disciplina e dos métodos de ensino empregados.

Quanto ao aprendizado alcançado, a maioria dos alunos (54,54%) aplicou


melhor conceito para as aulas com peças anatômicas, enquanto um aluno
(9,09%) afirmou que obteve o mesmo aprendizado com ambos os métodos. Em
relação ao conteúdo das aulas práticas, 36,36% afirmaram ter aprendido mais
com as aulas em peças anatômicas, 36,36% com as aulas práticas com animais
da rotina clínica e 27,27% com ambas. O método apresentou boa aceitação, os
alunos afirmaram que evita dor aos animais (18,18%); permite erros sem
causar danos (18,18%) e as peças anatômicas mantêm semelhanças aos
animais vivos (9,09%). Porém, alguns citaram que gostariam de ser treinados
com métodos complementares (27,27%), mas não substitutivos, atuando como
treinamento prévio (18,18%) para intervenções nos pacientes reais.

DISCUSSÃO:

Hoje os estudos em medicina veterinária são conduzidos defendendo o bem-


estar animal, buscando preservar a vida e, sempre que possível, substituindo-
os por métodos alternativos (Silva, 2003). Nesta concepção, o estudo avalia o
uso de cabeças de cadáveres porcos no ensino de odontologia veterinária.
339

Analisando as respostas dos alunos, melhor conceito foi atribuído ao uso de


peças anatômicas (54,54%), e igual desempenho ao aprendizado nas duas
modalidades (36,36% para ambas). O resultado corrobora com Balcombe
(2000), que afirma que a utilização de cadáveres favorece o treinamento
intenso, e Dennis (1999) que enfatiza que o uso de cadáveres permite a prática
coletiva e com modelos vivos em que somente um aluno pratica e os demais
observam.

Os alunos afirmaram que as habilidades manuais obtidas pelo uso de peças


anatômicas podem ser consideradas complementares ao ensino, atuando
como experiência prévia para a realização de intervenções odontológicas nos
animais vivos. Observou-se melhor aproveitamento das aulas e melhor
aprendizado quando foi inserido o treinamento inicial em cadáveres.

Os resultados obtidos na pesquisa demonstram que é viável a utilização do


método alternativo. Para aceitação maior por parte dos alunos, faz-se
necessário também buscar peças anatômicas de cães e gatos, que podem ser
provenientes de eutanásia ou morte natural. Também pode ser implantado um
cronograma mais longo de aulas práticas com cadáveres para que outras
técnicas odontológicas sejam treinadas, de modo que os alunos obtenham
maior segurança e conhecimento para desenvolver intervenções em situações
reais.

CONCLUSÃO:

O uso de peças anatômicas como alternativa no ensino de odontologia


veterinária teve boa aceitação entre os alunos, porém deve ser adotado
complementarmente ao uso de pacientes. Os estudantes valorizaram a
alternativa evitando dor aos animais. Novos recursos podem ser estudados e
empregados no ensino com a finalidade de treinamento, aumentando a
segurança dos alunos para realização de procedimentos futuros.

REFERÊNCIAS:

BALCOMBE, J. The use of animals in higher education: problems, alternatives


and recommendations. Washington: The Human Society Press, 2000. 104p.
340

DANESHIAN, M.; AKBARSHA, M.A.; BLAAUBOER, B.; CALONI, F.; COSSON, P.;
CURREN, R.; GOLDBERG, A.; GRUBER, F.; OHL, F.; PFALLER, W.; VALK, J.;
VINARDELL, P.; ZURLO, J.; HARTUNG, T.; LEIST, M. A framework program for the
teaching of alternative methods (Replacement, Reduction, Refinement) to
animal experimentation. ALTEX: Alternatives to Animal Experimentation, v.28,
n.4, p.341-352, 2011.

DENNIS, M.B. Jr. Alternative training methods II: incorporating inanimate


surgical models. Laboratory Animal, v.28, n.5, p.24-28, 1999.

GREIF, S. Alternativas ao uso de animais vivos na educação: pela ciência


responsável. 1. ed. São Paulo: Instituto Nina Rosa, 2003. 175p.

SILVA, R.M.G. Avaliação do método de ensino da técnica cirúrgica utilizando


cadáveres quimicamente preservados. 2003. São Paulo, 127f. Dissertação
(Mestrado em Ciências) – Programa de Pós-Graduação em Anatomia dos
Animais Domésticos e Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo.

VENTURINI, M. A. F. A. Estudo retrospectivo de 3055 animais atendidos no


ODONTOVET® (Centro Odontológico Veterinário) durante 44 meses. 2006. São
Paulo, 103f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Programa de
Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo.

119. MIXOSSARCOMA EM PAVILHÃO AURICULAR DE CÃO: RELATO DE CASO


BRUNA RUBERTI1, DANIEL C. C. ROCHA1, FRANCIELE V. FRAIZ1, CHIARA M. T. D.
ARAÚJO1, JORGE L. C. CASTRO1, LIV C. MIARA1
1
Escola de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária, Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, São José dos Pinhais, PR

RESUMO:
Mixossarcoma é uma neoplasia maligna que se origina de fibroblastos
proliferativos ou células mesenquimais pluripotentes. São raros e acometem
cães de meia idade, localizando-se principalmente em membros e tronco. O
comportamento biológico é caracterizado por invasão local e alta recorrência
após ressecção cirúrgica. Metástases são raras. Este trabalho relata o caso de
um cão diagnosticado com mixossarcoma em pavilhão auricular. Foi realizada
biopsia aspirativa por agulha fina, revelando quadro sugestivo de
341

mixossarcoma. Encaminhado para cirurgia, o tumor foi excisado sem margens


adequadas, devido à localização, desta forma o tratamento foi complementado
com a criocirurgia. O exame histopatológico do tumor confirmou a suspeita
prévia, diagnosticando mixossarcoma. Apesar de altas chances de reincidência,
o animal citado, ainda não apresentou qualquer sinal de recidiva do tumor.

DESCRIÇÃO:
Cão, fêmea, Rottweiler, com 10 anos de idade, extradomiciliar,
ovariohisterectomizada, apresentando aumento de volume em pavilhão
auricular esquerdo com evolução de 2 meses. Ao exame clínico observou-se
um tumor protuberante, irregular, de consistência firme, encapsulado, aderido,
com aproximadamente 3 cm de diâmetro, em região de face interna de
pavilhão auricular esquerdo. Os demais parâmetros fisiológicos encontravam-
se dentro da normalidade.
Os exames de ultrassonografia, radiografia, bioquímica sérica e hemograma
não revelaram alterações. Foi realizado o exame citopatológico do tumor
através de punção aspirativa por agulha fina. Observou-se células estreladas,
fusiformes, por vezes binucleadas, com nucléolos evidente e múltiplos em
matriz eosinofílica, compatível com neoplasia de origem mesenquimal,
sugerindo mixossarcoma.
Após a técnica asséptica, foi realizado a exérese tumoral na sua base. Optou-se
pela realização de criocirurgia no leito da ferida cirúrgica com ponteira plana de
contato, com a finalidade de aumentar a margem cirúrgica profunda. Foram
realizados três ciclos de congelamento em tempo cirúrgico único, deixando a
ferida cicatrizar por segunda intenção. A amostra foi encaminhada para exame
histopatológico, que revelou padrão tecidual condizente com os achados
citológicos, células estreladas e fusiformes com binucleação, nucléolos
evidentes e por vezes múltiplos, em matriz mucinóide, diagnosticando
definitivamente mixossarcoma.
O paciente foi acompanhado por 5 meses e na quinta semana pós-operatória
observou-se a epitelização completa da ferida, sem sinais macroscópicos de
recidiva.

DISCUSSÃO:
Sarcomas são neoplasias mesenquimais que se originam de tecido conectivo
fibroso (Gross et al., 2005; Liptak e Forrest, 2007).
O mixossarcoma é raro em cães (Gross et al., 2005; Liptak e Forrest, 2007;
Pulley e Stannard, 1990). Já foi descrito como 0,5% dos tumores cutâneos em
cães (Souza et al. 2006) e 2,3% dos casos de sarcomas de tecidos moles de cães
e gatos (Silveira et al. 2012).
342

O mixossarcoma origina-se de fibrócitos ou de células mesenquimais jovens e


produz grande quantidade de mucina, o que o diferencia dos fibrossarcomas
(Pulley e Stannard, 1990; Graadt van Roggen et al., 1999) sendo estes dados
correlatos aos achados citológicos e histológicos do caso supracitado.
Macroscopicamente, esta neoplasia, é descrita como flutuante, de margens
pouco definidas e protuberante que, dependendo do tempo de evolução, pode
também apresentar alopecia ou ulceração (Gross et al., 2005). No presente
caso, pelo pouco tempo de evolução não foi observado ulceração tampouco
alopecia, e ainda, esta se apresentava firme, como relatado por Ehrhart (2005).
Comum em adultos ou idosos e frequentemente localizado em membros e
tórax, já foram descritos em diversas outras localizações, como no caso citado,
onde foi diagnosticado na face interna do pavilhão auricular (Pulley e Stannard,
1990; Liptak e Forrest, 2007). A metástase é incomum (Pulley e Stannard,
1990), porém pela característica invasiva, faz-se comum a recidiva (Gross et al.,
2005). No caso descrito, até o presente momento, não foi evidenciada recidiva,
sugerindo a criocirurgia como método eficaz à prevenir recidivas.
Os achados citológicos corroboraram com Tyler et al (2009) e Raskin (2003) o
que gerou a indicação para o diagnóstico. No exame histopatológico o tumor
apresentou características condizentes com as citadas por Gross et al (2005)
diagnosticando mixossarcoma.

CONCLUSÃO:
O mixossarcoma é uma neoplasia de baixa incidência e sua maior complicação
é a recorrência local. Entende-se que a discussão de casos de tumores é
importante por aprimorar o diagnóstico e a terapêutica.
Este relato sugere como alternativa a utilização da crioterapia como meio de
combater a recidiva, porém, há necessidade de mais estudos para a
comprovação da eficácia desta técnica.

REFERÊNCIAS:
EHRHART, N. Soft-Tissue Sarcomas in Dogs: A Review Journal of the American
Animal Hospital Association. v. 41, n. 4,p. 241-246, 2005.
GRAADT VAN ROGGEN, J.F.; HOGENDOORN, P.C.; FLETCHER, C.D. Myxoid
Tumours of Soft Tissue. Histopathology, v.35, n.4, 291–312, 1999.
GROSS, T.L.; IHRKE, P.J.; WALDER, E.J.; AFFOLTER, V.K.; SKIN Diseases of the
Dog and Cat: Clinical and Histopathologic Diagnosis. 2.ed. Iowa: Blackwell
Science, 2005, 932 p.
343

LARUE, S.M.; GILLETTE, E.L.; Radiation Therapy, In: WITHROW, S.J.; VAIL,D.M.
Small Animal Clinical Oncology. 4. ed. Missouri: Saunders, 2007, Cap 12, p. 193
– 200
LIPTAK, J.M.; FORREST, L.J. Soft Tissue Sarcoma, In: WITHROW, S.J.; VAIL,D.M.
Small Animal Clinical Oncology. 4. ed. Missouri: Saunders, 2007, Cap 20, p. 425
- 434
PULLEY, T.L.; STANNARD, A.A. Tumors of the skin and soft tissue. In:
MOULTON,J.E. Tumors in Domestic Animals. 3.ed. California: University of
California Press, 1990, Cap. 2, p.33-34.
RASKIN, R.E. Pele e tecido subcutâneo. In: RASKIN, R.E; MEYER, D.J. Atlas de
Citologia de Cães e Gatos. 1.ed. São Paulo: Roca, 2003, Cap. 3, p. 59-60.
SILVEIRA, M.F.; GAMBA, C.O., GUIM, T.N. et al. Características epidemiológicas
de sarcomas de tecidos moles caninos e felinos: levantamento de 30 anos.
Revista acadêmica : ciências agrárias e ambientais, v. 10, n.4, p. 361-365,
out./dez. 2012
SOUZA, T.M.; FIGHERA, R.A.; IRIGOYEN, L.F. et al. Estudo retrospectivo de 761
tumores cutâneos em cães. Ciência Rural, v.36, n.2, p.555-560, mar-abr, 2006.
TYLER, R.D.; COWELL, R.L.; MEINKOTH, J.H. Lesões cutâneas e subcutâneas. In:
COWELL, R.L.; TYLER, R.D.; MEINKOTH, J.H.; DENICOLA, D.B. In: Diagnóstico
Citológico e Hematologia de Cães e Gatos. 3. ed. São Paulo: MedVet, 2009,
Cap. 5, p. 106-108

120. NEFROLITÍASE BILATERAL EM CÃO - RELATO DE CASO


RAPHAEL CARDOSO CLIMACO¹, MAIRA SANTOS SEVERO CLIMACO2, CAMILA
CAROLINE CARLINI3, WEMERSON DE SANTANA NERES3, MORGANA OLIVEIRA
EUGÊNIO3
¹Médico Veterinário, Centro Médico Veterinário Mr. Zoo, Aracaju, Sergipe
²Prof.ª Dr.ª em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe
³Graduando (a) em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe

RESUMO:
Urólitos ou cálculos urinários são concentrações formadas em qualquer parte
do sistema urinário pela supersaturação de substancias na urina. Objetivou-se,
com este trabalho, relatar um caso de nefrolitíase bilateral em um canino da
raça Pit bull, de 9 anos de idade. O animal foi atendido apresentando apatia,
dor abdominal e hematúria. Nos exames ultrassonográfico e radiográfico foi
possível diagnosticar a presença de urólitos de 9 cm e 7 cm, em rim direito e
esquerdo, respetivamente. Foi realizada nefrotomia bilateral para a remoção
344

dos cálculos, sendo a recuperação do animal considerada satisfatória. A


urolitíase é comumente relatada na clínica de pequenos animais, no entanto,
nas dimensões e disposição encontradas, torna-se um achado raro.

INTRODUÇÃO:
Urólitos ou cálculos urinários são concentrações formadas em qualquer parte
do sistema urinário pela supersaturação de um ou maus substancias da urina
(Lulich et al, 2004; Newman et al, 2009). São denominados, de acordo com sua
localização, em nefrólitos (rins), ureterólitos (ureteres), urocistólitos (bexiga) e
uretrólitos (uretra). A maioria dos urólitos em cães ((95%) são encontrados na
vesícula urinária ou na uretra, assim somente 5% são localizados nos rins ou
nos ureteres (Silva Filho et al., 2013). As raças de pequeno porte, como,
Yorkishire, Schanauzer e Poodle, são as mais predispostas (Ariza, 2012).
Quadros de hematúria, polaciúria e disúria são frequentes, devido à inflamação
resultante da presença do cálculo no trato urinário (Quitzan et al., 2000). O
diagnóstico da urolitíase baseia-se na anamnese, no exame físico e em exames
complementares tais como radiografias, ultrassonografia abdominal e exames
laboratoriais (Silva Filho et al., 2013). O tratamento clinico consistem em
subsaturar a urina, modificar a dieta e tentar aumentar o volume urinário
(Lulich et al., 2004). A cirurgia é indicada em caso onde os cálculos são grandes,
onde não foi possível a dissolução médica, e/ou principalmente em casos de
obstrução do fluxo urinário (Silva Filho et al., 2013).

RELATO DO CASO:
Um canino, macho, da raça Pit bull, com 9 anos de idade, foi atendido
apresentando apatia e hematúria. Ao exame físico o animal apresentou como
única alteração, dor abdominal. Hemograma e bioquímica sérica foram
realizados, sendo observado creatina elevada (4,0). Também foram solicitados
exames ultrassonográficos e radiográficos, sendo diagnosticado nefrólito em
rim direito (9 cm) e em rim esquerdo (7cm) (Figura 1). O paciente foi
estabilizado, a dor abdominal controlada, sendo então realizada a nefrotomia
bilateral para remoção dos cálculos.
Dez dias após o procedimento cirúrgico o animal retornou para retirada dos
pontos, mostrando-se em boas condições de recuperação. O animal foi
acompanhado durante 60 dias, sendo realizados novos exames laboratoriais. O
último exame bioquímico renal revelou creatinina de 1,5, que se manteve
estável até a alta do paciente.

DISCUSSÃO:
345

Nefrólitos e ureterólitos correspondem a 5% dos urólitos observados na clínica


de pequenos animais, sendo assim considerado incomuns (Silva Filho et al.,
2013). As raças de pequeno porte são consideradas as mais predispostas (Ariza,
2012), diferentemente observado neste relato. A hematúria é considerada um
sintoma frequente em pacientes acometidos por urólitos, estando
normalmente relacionada a inflamação associada a presença do cálculo
(Quitzan et al., 2004). Além da anamnese e do exame físico, exames
radiográficos e ultrassonográficos são considerados muito importantes para o
diagnóstico da urolitíase (Silva Filho et al., 2013). Devido às dimensões dos
nefrólitos, o tratamento de eleição foi o cirúrgico (Lulich et al., 2004), sendo
realizada a nefrotomia bilateral.

CONCLUSÃO:
A nefrolitíase é considerada uma afecção de baixa incidência na clínica de
pequenos animais, sendo raramente diagnosticados nefrólitos de grandes
dimensões. Mesmo diante do tamanho dos urólitos e da sua disposição
bilateral, a nefrotomia mostrou excelentes resultados, possibilitando uma
recuperação satisfatória do paciente, que recebeu alta após 60 dias de
acompanhamento.

REFERÊNCIAS:
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(Pós-graduação em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia,
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LULICH, J. O.; OSBORNE, C.A.; BARTGES, J. W.; LEKCHAROENSUK,
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FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária. Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan, 2004, v.2, p.1841-1877.
NEWMAN S. J., CONFER, A. W. & PANCIERA R. J. 2007. Sistema Urinário. In:
McGavin M.D. & Zachary J. F. Bases da Patologia Veterinária. St Louis 4th ed.
Mosby-Elsevier, 2009, p. 613-691.
QUITZAN, J. G. et al. Análise qualitativa de cálculos relacionada com idade,
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SILVA FILHO, E. F. et al. Urolitíase canina. Enciclopédia Biosfera, Centro
Cientifico Conhecer. Goiânia, v. 9, n. 17, p. 2517, 2013.

121. NEOPLASIA OVARIANA BENIGNA RARA CAUSADORA DE


TRANSTORNO COMPORTAMENTAL
EM CADELA - RELATO DE CASO
346

RARE NEOPLASIA BENIGN OVARIAN CAUSING BEHAVIORAL


DISORDER IN FEMALE DOG
MICHELLE PIRANHA2, ANDRÉA MEIRELLES1, CARLA BAHIENS1, DIEGO FROELICH1
, MICHELLY BATTISTI1
1
Docente; 2Discente - Medicina Veterinária PUCPR - Toledo

RESUMO:
O luteoma é uma neoplasia benigna rara, situada no tecido periférico ovariano,
derivada das células glandulares intersticiais. O presente trabalho relata o caso
de uma cadela submetida à cirurgia de ovariossalpingohisterectomia em função
de desordens comportamentais que se intensificavam durante o estro. O luteo
ma presente, diagnosticado pela histopatologia, é uma enfermidade pouco con
hecida em cães e pouco explorada pela literatura. O relato foi motivado pela es
cassez de dados relacionando tal tumor a distúrbios comportamentais.

INTRODUÇÃO:
As neoplasias de células esteróides, anteriormente denominados tumores de c
élulas lipídicas, são infrequentes e classificadas em três grupos de acordo com s
ua origem embriológica, sendo o luteoma proveniente do estroma dos cordões
sexuais (Filho e Silva, 2001). A nomenclatura baseia-se no fato de 25% de tais t
umores possuírem escassa ou nenhuma quantidade de lipídios, além do fato de
tais tumores serem capazes de secretar hormônios esteroidais ocasionando os
sinais clínicos característicos (Hernandez et al., 2012).
A raridade de relatos relacionados a neoplasias ovarianas caninas dificulta a det
erminação da taxa de incidência (Omori et al., 2015), porém são considerados i
nfrequentes por totalizar menos de 1,2% e 3,6% de todas as neoplasias destas
espécies (White e Brearley, 2011).O luteoma ou tumor das células intersticiais,
objeto do estudo, é uma neoplasia rara derivada das chamadas células glandula
res intersticiais, geralmente unilateral e benigno (Diez-bru et al.,1998 appud Tri
ndade, 2012). Muitos tumores neste grupo têm a capacidade de produzir horm
ônios esteroides (estrogênio e progesterona) que pode resultar em efeitos virili
zantes no animal. Eles representam os tumores de ovário mais frequentes toda
s as espécies domésticas estudadas, exceto cadelas, em que os tumores papilar
es são igualmente frequentes. Luteomas, tecomas, e os tumores de células da g
ranulosa e de Sertoli são geralmente benignos. Silva e Guerra (2009) afirmam q
ue luteomas podem ser grandes, geralmente de cor amarela ou marrom e consi
stem microscopicamente em uma população uniforme de células luteinizantes
semelhantes às células do corpo lúteo. Existem duas variações de luteoma em
animais domésticos: o tumor de células lipídicas e o tumor de Leydig.
347

RELATO DE CASO:
Uma cadela da raça Pastor alemão foi levada ao Hospital Veterinário, queixand
o-se o tutor que o paciente apresentava ansiedade e hiperagitação, principalm
ente durante o estro. Tal alteração comportamental influenciava no aporte nut
ricional e na quantidade e qualidade do sono devido a frequente distração com
outras atividades. O paciente apresentava ainda curtos períodos de agressivida
de não constatados quando o animal não está no cio. O tutor relatou ainda que
a hiperatividade reduzia somente entre 20-30 dias após o estro. O exame físico
não revelou nenhuma alteração digna de nota, assim como os exames laborato
riais pré-operatórios. Sendo a cirurgia realizada em caráter preventivo para pre
nhez indesejada e neoplasia mamária. Uma anormalidade anatômica em ovário
direito motivou o encaminhamento do material para exame histopatológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao realizar os exames histopatológicos foi descrito a observação de células com
abundante citoplasma eosinofílico, uniformes, redondas com núcleos regulares
e nucléolos proeminentes. Pleomorfismo nuclear leve e figuras de mitose ocasi
onais além de uma rica vascularização e presença de lipídeos. Tal observação c
onfirma o que Silva e Guerra (2009) descrevem sobre luteoma sendo: células u
niformes em tamanho e forma, são poligonais, com grânulos e muitos vacúolos
cheios de lipídios.
Ao contrário de todos os outros tipos de células esteroidais, o luteoma do estro
ma está associado ao hiperestrogenismo conforme informações de Silva e Guer
ra (2009). Ainda, de acordo com Askarin (2012), o luteoma, produz progestero
na e a ocorrência deste tipo de tumor pode ter relação com a mudança compor
tamental. Além disso Silva (2009), afirma que as neoplasias ovarianas possuem
funcionalidade, ou seja, são ativos em termos hormonais, desta forma, compor
tamentos e sinais clínicos podem ser atribuídos a isto. O que direciona a uma p
ossível causa da alteração de comportamento apresentado pela paciente, uma
vez que, de acordo com Perini et. al. (2009), as descargas hormonais descompe
nsadas podem ocasionar alterações fisiológicas e possível desordem comporta
mental no animal.
A cadela apresentou boa recuperação pós-cirúrgica. Houve retorno para acomp
anhamento comportamental seis meses após a data da cirurgia e o proprietário
relatou que a cadela apresentava-se calma, comia normalmente sem interrupç
ões e não mais apresentou comportamento hiperagitado, nem tampouco quad
ros de interrupção do sono ou ansiedade.

CONCLUSÃO:
348

Conclui-se que o luteoma é capaz de provocar alterações comportamentais co


mo ansiedade, hiperagitação e distúrbios do sono em cadelas. A ovariossalping
ohisterectomia demonstrou ser eficiente como tratamento da doença, uma vez
que o distúrbio comportamental cessa quando cessados os estímulos hormonai
s causados pela neoplasia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASKARI N.; et al. Concurrent cystic endometrial hyperplasia, ovarian luteoma
and biliary cyst adenoma in an aged rabbit (Oryctolagus cuniculus): case report
and literature review. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, 2012.
FILHO, A. R. S.; SILVA R. T. B. Luteoma Recorrente da Gravidez com Virilização
Materna e Fetal - Revista Brasileira de Ginecologia Obstetrícia, v..23 n.8, 2001.
HERNÁNDEZ, R. V. et al.-Tumor virilizante de células esteroideas del ovario,
2012. http://www.elsevier.es/es-revista-progresos-obstetricia-ginecologia-151-
articulo-tumor-virilizante-celulas-esteroideas-del-90119613 acesso em agosto
de 2015.
OMORI, M.; et al. Cytologic features of ovarian granulosa cell tumors in pleural
and ascitic fluids. Diagnostic Cytopathology, 2015.
SILVA, T.S.; GUERRA C. Tumores raros do ovário. In: Oliveira CF, coordenador.
Manual de ginecologia. Lisboa: Permanyer Portugal, 2009, p.413-41.
PERINI, T. D.; et al. Tumor das células da granulosa em éguas. Seminário
Interisntitucional de Pesquisa e Extensão. Unicruz, 2009.
TRINDADE A. E. C. Tumores ovarianos em cadelas: Revisão de literatura e
relato de um caso de teratoma ovariano em cadela rottweiller, 2012.
Dourados, 23 p. Monografia (Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de
Pequenos Animais) Curso de pós graduação “Lato Sensu” - UNIGRAN
Especialização em Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais.
WHITE, R.N.; BREARLEY, M. (2011). Tumours of the urogenital system. In: J.M.
Dobson & B.D.X. Lascelles (Eds.), BSAVA Manual of Canine and Feline
Oncology (3ªEd., pp.248-264). Gloucester, England: British Small Animal
Veterinary Association.

122. NEOPLASIAS CUTÂNEAS EM CÃES: ESTUDO RETROSPECTIVO DE 202


CASOS

ARAÚJO, C. T. D.¹, JENSEN, H.¹, FERNANDES, D.C.²; ÉVORA, P.M.²;


ENGRACIA FILHO, J. R.¹ ²
1
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Pontifícia Universidade
Católica do Paraná. ² FCAV-UNESP, Campus de Jaboticabal.
349

RESUMO:
Tumores cutâneos e subcutâneos agrupam as neoplasias mais observadas em
cães, contabilizando aproximadamente um terço de todas as neoplasias
caninas. O presente estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de
neoplasias dermatológicas em cães diagnosticados pelo Laboratório de
Patologia Veterinária. Para tanto, foi realizado levantamento de todos os
registros de neoplasias cutâneas, entre os anos de 2001 a 2012, de amostras
histopatológicas de pele de cães enviadas ao Departamento de Patologia
Veterinária, totalizando 202 casos. Dentre as neoplasias malignas, o
hemangiossarcoma foi a mais frequente (n=29), em relação às neoplasias
classificadas como benignas, o hemangioma teve uma maior incidência (n=12).

INTRODUÇÃO:
Tumores cutâneos e subcutâneos são os tipos mais frequentes de neoplasias
em cães, contabilizando aproximadamente um terço de todas as neoplasias
caninas. Índices estimativos de tumores cutâneos e subcutâneos vêm sendo
reportados com frequência de aproximadamente 450 por 100.000 cães (Vail &
Withrow, 2007). Embora haja grande variabilidade entre os diferentes estudos
sobre o assunto, em geral cerca de 55% dos tumores cutâneos caninos são de
origem mesenquimal, 40% epitelial e 5% melanocítico (Miller et al., 2013). O
presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de neoplasias
dermatológicas da região nordeste do Estado de São Paulo, diagnosticadas pelo
Departamento de Patologia Veterinária em período de 12 anos. Material e
métodos: Foi realizado levantamento de 202 amostras histopatológicas de pele
de cães enviadas ao Laboratório de Patologia Veterinária entre os anos de 2001
a 2012, colhendo-se todas as informações relevantes apresentadas nas fichas
de diagnóstico. Em posse destas informações, valores foram tabulados e
calcularam-se as médias para cada parâmetro avaliado.

RESULTADOS:
No período avaliado, foram submetidas 225 amostras de pele para exame
dermato-histopatológico, pertencentes a 176 animais (63 machos e 118
fêmeas) com idade média de 8,8 anos. Das amostras, 23 foram provenientes de
lesões inflamatórias e 202 de processos neoplásicos, dos quais 67,3% (n=136)
eram amostras de neoplasias classificadas como malignas e 32,7% (n=66)
benignas. Neoplasias de origem epitelial representaram 43,06% do total de
neoplasias, já neoplasias de origem mesenquimal tiveram representatividade
de 36,13% e tumores de células redondas 18,31%. Dentre as neoplasias
malignas, o hemangiossarcoma foi o mais frequente (n=29), seguido pelo
mastocitoma (n=26) e carcinoma espinocelular (n=24). Em relação às
350

neoplasias classificadas como benignas, o hemangioma foi o mais frequente


(n=12), seguida pelo adenoma sebáceo (n=10) e pelo lipoma (n=7).

DISCUSSÃO:
Vail & Withrow (2007) estimam que a prevalência de neoplasias malignas
primárias cutâneas e subcutâneas em cães está entre 20 e 40%, sendo que
destes, a maior incidência é de mastocitoma e carcinoma espinocelular. No
presente trabalho, foram encontradas 67,3% de neoplasias cutâneas malignas
e 32,7% benignas. Esta diferença pode ser explicada pois os casos que chegam
aos laboratórios de patologia são aqueles em que há necessidade e interesse
clínico no diagnóstico, supondo-se que muitos casos de neoplasias benignas
não sejam submetidos ao exame histopatológico. Diferentemente da descrição
de Gross et al. (2005), que descrevem incidência menor que 1% de
hemangiossarcomas cutâneos caninos, esta neoplasia apresentou alta
incidência nos dados obtidos, entretanto, houve concordância sobre os três
tipos de neoplasias malignas de maior incidência (hemangiossarcoma,
mastocitoma e carcinoma espinocelular). Lipoma e adenoma sebáceo
ocuparam a segunda maior incidência de neoplasias benignas, corroborando os
dados encontrados por Vail & Withrow (2007).

CONCLUSÃO:
Hemangiomas e hemangiossarcomas foram as neoplasias de maior prevalência
entre os tumores cutâneos e subcutâneos avaliados neste trabalho. Entre as
neoplasias malignas o mastocitoma obteve a segunda maior incidência, seguido
pelo carcinoma espinocelular. Adenoma sebáceo e lipoma são as neoplasias
benignas que mais apareceram depois do hemangioma.

REFERÊNCIAS:
MILLER, W. H., et al. Neoplastic and non-neoplastic tumors. In:____. Small
Animal Dermatology. 7 ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2013. Cap. 20., p. 774 –
833.
GROSS, T. L., et al. Vascular tumors. In: ____. Skin Diseases of the Dog and Cat.
2 ed. Ames: Blackwell Science, 2005. Cap. 28., p. 735 – 756.
VAIL, D. M., WITHROW, S. J. Tumors of the skin and subcutaneous tissues. In:
Withrow and MacEwans. Small Animal Clinical Oncology. 4 ed. St. Louis:
Saunders Elsevier, 2007. Cap. 18., p. 375 – 397.
351

123. OCORRÊNCIA DE EHRLICHIA CANIS E BABESIA CANIS DIAGNOSTICADAS


EM UM HOSPITAL VETERINÁRIO DO SUL DO BRASIL

LUZIA CRISTINA LENCIONI SAMPAIO1, LUIS EDUARDO BARCELLOS KRAUSE2,


CARMEN LUCIA GARCEZ RIBEIRO2, FERNANDA AQUINO FRANCO1, NARA
AMÉLIA FARIAS3, JERÔNIMO RUAS4
1
Departamento de Clínicas Veterinárias, Fac. Veterinária, UFPel
2
Laboratório de Análises Clínicas, Fac. Veterinária, UFPel
3
Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Inst. Biologia, UFPel
4
Laboratório Regional de Diagnósticos, Fac. Veterinária, UFPel

RESUMO:

O presente trabalho objetiva a detecção de E. canis e B. canis em 89 amostras


de sangue de cães atendidos em um Hospital Veterinário, Pelotas-RS, região sul
do Brasil, através de métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares. A
presença de estruturas compatíveis (mórulas em leucócitos e piroplasmas em
eritrócitos) foram investigadas através de esfregaços sanguíneos e buffy coat.
Imunoglobulinas IgG anti-E.canis e B. canis foram detectadas em 21.4% e 22.5%
das amostras respectivamente. PCR para E. canis e B. canis foram positivos em
37.1% e 10.1% das amostras. Após seqüenciamento, os gêneros e espécies
identificados apresentaram similaridade genética com aqueles diagnosticados
nas demais regiões do País.

INTRODUÇÃO:

Hemoparasitoses são enfermidades endêmicas de importância em saúde


pública. No Brasil, os hemoparasitos mais freqüentemente transmitidos aos
cães pelos carrapatos ixodídeos (Rhipicephalus sanguineus) são Ehrlichia canis e
Babesia canis (Amuta et al., 2010); causando anemia, leucopenia e/ou
trombocitopenia no hospedeiro definitivo. Tendo em vista a similaridade dos
sinais clínicos com outras enfermidades virais, bacterianas, neoplásicas e
imunomediadas, é imperativa a necessidade de diagnósticos mais precisos
dessas hemoparasitoses.

MATERIAL E MÉTODOS:
352

Foram utilizadas amostras de sangue de 89 cães com suspeita clínica de


hemoparasitose e histórico de presença ou exposição a carrapatos ixodídeos,
obtidas através de venipunção cefálica ou jugular. A presença de mórulas em
leucócitos e piroplasmas em eritrócitos foram investigadas através de
esfregaços sanguíneos e buffy coat após corados com panóptico rápido.A
detecção de anticorpos IgG anti-E. canis e B. canis foi realizado através da
Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI). A extração de DNA foi realizada
com o QIAamp DNA Blood Mini Kit (Qiagen®, Valencia, Califórnia, EUA)
conforme recomendações do fabricante. O seqüenciamento dos produtos
amplificados foi conduzido no seqüenciador ABI PRISM 3700 DNA Analyzer.
Estudo aprovado pela Comissão de Ética e Experimentação Animal (UFPel)
(processo n° 23110.002058/2011-15).

RESULTADOS:

Das 89 amostras, obteve-se 2.3% de piroplasmas (Babesia spp) e 2.3% de


mórulas (Ehrlichia spp). Na sorologia, 21.4% mostraram soropositividade frente
ao antígeno de E. canis e 22.5% frente ao antígeno de B. canis. Resultados do
PCR mostraram positividade de 37.1% para E. canis e 10.1% para B. canis. A
amostra de DNA encontrada apresentou identidade com seqüências de E. canis
encontrados em cães do México (EF424612) e Brasil (EF195134). O DNA de B.
canis encontrado nos cães demonstrou 99% de similaridade com isolados de B.
canis vogeli de cães do Brasil (AY371198), da Europa (AY072925) e da França
(JX304677).

DISCUSSÃO:
353

A transmissão das enfermidades produzidas pelo E. canis e B. canis é


principalmente mecânica, sendo o Rhipicephalus sanguineus descrito como o
principal vetor em caninos. Em nosso estudo constatamos a presença destes
carrapatos em 80,9% dos cães no momento da consulta, reforçando os relatos
de Meneses et al. (2008) e Amuta et al. (2010) ao referirem-se a transmissão
destas hemoparasitoses por este artrópode. A baixa prevalência de mórulas e
piroplasmas encontradas no presente estudo também está de acordo com os
achados de Faria et al (2010). Segundo Otranto et al. (2010) e Faria et al.
(2010), o teste é de fácil execução e baixo custo, porém apresenta baixa
sensibilidade e alta especificidade, permitindo a detecção de inclusões dos
diferentes hemoparasitos. Os testes de validação compararam os resultados
de esfregaço e de sorologia com os resultados da PCR. No estudo, estes testes
apresentaram baixa sensibilidade e alta especificidade. PCR proporciona a
detecção do agente em todas as fases da infecção, antes mesmo da
soroconversão, inclusive quando em baixas concentrações no sangue (Nakaghi
et al., 2008; Sousa et al., 2010). Considerando que testes sorológicos detectam
anticorpos em torno do 21º pós-infecção, e que os títulos se mantém
aumentados durante as fases subclínica e crônica, exames realizados nos
primeiros dias pós-infecção podem ter resultados falso-negativos. Embora a
alta especificidade mostrada pelo RIFI, foi observado um número relativamente
elevado de resultados falso-positivo para B canis, quando comparado ao PCR.
Essa identificação de anticorpos para B. canis, sugere possibilidade de uma
reação cruzada, ou que os animais chegaram para consulta ao Hospital
Veterinário devido a outra enfermidade com sintomatologia compatível e
mostraram títulos de exposição ao parasito durante a avaliação laboratorial.
Quanto ao objetivo principal do estudo foi confirmado presença de E. canis e B.
canis (vogeli) em cães suspeitos de hemoparasitoses atendidos no Hospital
Veterinário da cidade de Pelotas-RS (Brasil). Tal achado está de acordo com a
literatura para os estudos de outras regiões do Brasil e do mundo, o qual
apresentou estreita similaridade molecular o que demonstra baixa
variabilidade entre as regiões geográficas (Sousa et al., 2010; Sousa et al.,
2013).

CONCLUSÃO:
354

A presença de E. canis e B. canis foram confirmadas pelos métodos


diagnósticos usados no estudo. Os gêneros e espécies identificados
apresentaram similaridade genética com aqueles diagnosticados nas demais
regiões do País.

REFERÊNCIAS:

AMUTA,E.U., ATU, B.O., HOUMSOU, R.S. et al. Rhipicephalus sanguineus


infestation and Babesia canis infection among domestic dogs in Makurdi,
Beneu State-Nigeria. International Journal of Academic Research, v.2, n. 3,
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FARIA, J.L., DAGNONE, A.S., MUNHOZ, T.D. et al. Ehrlichia canis morulae and
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MENESES, I.D.S., SOUZA, B.M.P.S., TEIXEIRA, C.M.M. et al. Clinical and


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OTRANTO, D., TESTINI, G., DANTAS-TORRES, F. et al. Diagnosis of canine


vector-borne diseases in young dogs: a longitudinal study. Journal of Clinical
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SOUSA, K.C.M., ANDRÉ, M.R., HERRERA, H.M. et al. Molecular and serological
detection of tick-borne pathogens in dogs from an area endemic for
Leishmania infantum in Mato Grosso do Sul, Brazil. Revista Brasileira de
Parasitologia Veterinária, v. 22, n. 4, p. 525-531, 2013.
355

124. OCORRÊNCIA NATURAL DE LAGOCHILASCARIS SPP (LEIPER, 1909) EM


GATOS DOMÉSTICOS (FELIS CATUS DOMESTICUS) EM CAMPINA GRANDE DO
SUL, PARANÁ
SILVANA KRYCHAK FURTADO1, MARIA APARECIDA DE ALCÂNTARA2,
WELINGTON HARTMANN3, VIVIANE VANDRESEN4, ANGELA SEGUI 4
1
Doutora, Professora de Parasitologia Veterinária - Universidade Tuiuti do
Paraná- UTP
2
Doutora, Professora de Anatomia dos Animais Domésticos -UTP
³ Doutor, Professor de Semiologia Veterinária - UTP
4
Médica Veterinária Autônoma

RESUMO:
Relata-se dois casos de lagochilascariose em felinos domésticos na cidade de
Campina Grande do Sul - Paraná. Trata-se de uma zoonose causada por
nematóides do gênero Lagochilascaris e sua ocorrência é restrita ao continente
americano.

INTRODUÇÃO:
A lagochilascariose é uma doença emergente limitada ao continente americano
(Roig et al, 2010), sendo Lagochilascaris minor o parasita relatado em ratos,
felinos e humanos (Freitas et al, 2009, Spadafora-Ferreira et al, 2010 e Barbosa
et al, 2005) e também em animais silvestres (Prudente et al, 2008). São
nematóides da família Ascarididae, gênero Lagochilascaris (Dell´Porto et al,
1988), o ciclo é heteroxênico.
O objetivo do presente trabalho é relatar a ocorrência de Lagochilascaris spp
em felinos infectados naturalmente.

MATERIAIS E MÉTODOS:
Os casos foram relatados em Campina Grande do Sul, região metropolitana de
Curitiba, sendo dois gatos domésticos, um macho de três anos de idade e uma
fêmea, recém-parida, com um ano de idade, ambos mestiços criados em
liberdade na mesma propriedade rural.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Segundo o responsável pelos animais, inicialmente o gato apresentou-se
apático; uma semana após foi observado discreto emagrecimento e a cabeça
pendida para o lado direito. No dia 14 o animal mostrou-se muito magro, com
desequilíbrio e incoordenação motora. No dia 21 o animal andava somente em
círculos para o lado esquerdo, caía facilmente, o quadro clínico é compatível
com o relatado por Prudente et al (2008). O animal posicionou-se em decúbito
356

lateral, com movimentos de pedalar e miados longos e contínuos; na orelha


direita havia a presença de secreção purulenta abundante. O animal foi a óbito.
Ao enterrar o corpo, o proprietário percebeu parasitas na cavidade oral, assim
como a presença de uma comunicação entre a cavidade oral e a orelha direita,
onde também foram encontrados exemplares do parasita. Somente após
quatro dias o responsável procurou o serviço veterinário- UTP, onde recebeu
avaliação especializada.
Durante a realização da necropsia e dissecação anatômica foram encontrados
espécimes na região submandibular, entre os músculos digástrico e milohióide
e próximos ao nervo hipoglosso. Também havia parasitas na região auricular,
tanto dentro do conduto auditivo quanto fora, na parede lateral externa entre
a pele e a cartilagem auricular, na base da orelha. Provavelmente os parasitas
migraram entre a pele e a cartilagem auricular até a base da orelha,
contornando o ângulo da mandíbula, atingindo a região submandibular entre
os músculos digástrico e milohióide. Também foram observados helmintos na
luz da laringe e orofaringe. Estas localizações se assemelham às descritas por
Campos et al. (1992). No ouvido interno direito foram encontrados vários
parasitas no conduto auditivo, bula timpânica, que além dos parasitas estava
repleta de material purulento líquido. Helmintos estavam presentes no osso
parietal, cérebro e cerebelo. Campos et al (1992) relataram a migração destes
helmintos apenas para seios nasais e face e segundo Spadafora-Ferreira et al
(2010) quando os parasitas atingem o sistema nervoso central podem levar ao
óbito, possivelmente o fato ocorrido neste animal. No total foram encontrados
44 parasitas (17 na bula timpânica, cérebro e cerebelo e 27 no ouvido médio,
região submandibular e músculos adjacentes). Pelo descrito por Spadafora-
Ferreira et al (2010) os locais afetados e sinais clínicos em humanos
assemelham-se aos observados no gato e como as características morfológicas
dos helmintos adultos e ovos avaliados estão em concordância com as
descrições de Dell´Porto et al (1988), concluiu-se que estes parasitas
pertencem à família Ascaridae, gênero Lagochilascaris. O tempo prolongado
entre a morte do animal e a recuperação dos helmintos impossibilitou a
avaliação quanto à espécie. A análise morfológica dos ovos não foi conclusiva
para a diferenciação entre as espécies, fato também observado por Dell´Porto
et al (1988).
Quanto ao relato da fêmea, de acordo com o responsável, a mesma estava em
condições físicas normais, era arisca e após o parto intensificou a caça de ratos.
No início do dia ela apresentou desequilíbrio, que foi se acentuando em poucas
horas. No final da tarde já se mantinha em decúbito lateral e com movimentos
de pedalagem; a noite o animal apresentava olhar fixo. Na manhã seguinte o
357

animal foi encontrado morto. Não foi possível realizar a necropsia desta gata,
porém descartou-se a possibilidade de intoxicação.
De acordo com as observações quanto ao ciclo evolutivo feitas por Campos et
al. (1992), e Dell´Porto et al (1988), foram dissecandos seis ratos (Rattus spp),
mortos através do controle de roedores instituído no local. Não foram
observadas estruturas que pudessem ser associadas a larvas encistadas de
terceiro estágio, em tecidos como musculatura esquelética e tecido
subcutâneo. Porém, como a amostra foi reduzida não descarta-se a
possibilidade de que os ratos da propriedade estejam envolvidos no ciclo.

CONCLUSÃO:
A identificação e o acompanhamento de felinos domésticos que possuem sinais
semelhantes aos dos casos descritos se faz necessária, uma vez que a doença
tem um caráter sanitário relevante por se tratar de uma zoonose que pode ser
fatal para os indivíduos afetados. Salienta-se adicionalmente que este é o
primeiro relato de ocorrência de Lagochilascaris spp no estado do Paraná.

REFERÊNCIAS:
BARBOSA, CAL; BARBOSA AP; CAMPOS DMB. Gato doméstico (Felis catus
domesticus) como possível reservatório de Lagochilascaris minor Leiper (1909).
Revista de patologia tropical 34 (3): 205-211, 2005.
CAMPOS, D.M.B.; FREIRE FILHA, L.G; VIEIRA, M.A; et al Experimental life cycle
of Lagochilascaris minor Leiper,1909. Revista do Instituto de Medicina Tropical
de São Paulo,34, (4), 277-87,1992.
DELL PORTO A; SCHUMAKER TTS; OBA MSP. Ocorrência de Lagochilascaris
minor Leiper, 1909, em gato (Felis catus domesticus L.) no Estado de São Paulo,
Brasil. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo 25(2): 173-180, 1988.
FREITAS JAG; PRUDENTE MFS; CARVALHAES, MS. Experimental
lagochilascariosis in X-chromosome-linked immunodeficient mice. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 42 (4): 381-385. 2009.
PRUDENTE, MFS; LIMA KC; CARVALHAES MS. Perfil hematológico, bioquímico
sérico e sorológico de Felis domesticus com lagochilascariose experimental.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 41(5): 496-501. 2008.
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Otorrinolaringologia. 76 (3): 407. 2010.
SPADAFORA-FERREIRA M; FERNANDES LC; PFRIMER IAH; et al. Lagochilascaris
minor: Susceptibility and resistance to experimental infection in mice is
358

independent of H-2a haplotype and correlates with the immune response in


immunized animals. Journal of Parasitology Research. 1-8. 2010.

125. OPACIFICAÇAO DE CÁPSULA POSTERIOR EM CÃES SUBMETIDOS À


FACOEMULSIFICAÇAO COM E SEM LENTE INTRAOCULAR
MARCOS ANTONIO SOLLE ANTUNES¹, MAICON ROBERTO PAULO¹, CLEYTON
YOSHIO KOMAKOME1, ANA GABRIELA GADOTTI², TATIANE KOHL²
1
Médico Veterinário do Hospital Veterinário São Bernardo–Curitiba-PR
2
Estagiária curricular do Hospital Veterinário São Bernardo–Curitiba-PR

RESUMO:
Este estudo tem como objetivo demonstrar a ocorrência de OCP após a
facoemulsificação. Participaram do estudo 26 cães. As lentes intraoculares não
foram colocadas em 76,92% dos cães e no pós-operatório ocorreu OCP em
26,92% dos pacientes. Os animais que receberam o implante foram 23,08% e
somente em 16,67% deles foi identificado a OCP na ultima avaliação. Assim
concluímos que todos os procedimentos trans operatórios e medicamentos pós
operatórios são importantes para diminuição da OCP.

INTRODUÇÃO:
Uma das principais causas de cegueira em todo mundo é causada pela catarata
que é uma opacidade da lente e/ou de sua cápsula, sendo a técnica por
facoemulsificação a mais eficiente para sua resolução (Davidson e Nelms, 2007)
e ainda assim nem sempre é garantido um sucesso no tratamento (Sigle e
Nasisse, 2006), constituindo a opacificação da capsula posterior (OCP) a mais
frequente das complicações pós-operatórias em cães (Sigle e Nasisse, 2006;
Klein et al., 2011; Ofri, 2013). Assim este estudo, objetiva demonstrar a
complicação pós-operatória mais frequente após a facoemulsicação.

MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram avaliados os cães submetidos à facoemulsificação, no período de março
de 2013 a março de 2014, quanto ao sexo, raça, idade, estádio da catarata e
quanto à formação de OCP um ano após a cirurgia, não sendo incluídos cães
com luxação/sub-luxação da lente, diminuição ou ausência de função retiniana
e diabéticos.
Todos os procedimentos cirúrgicos foram executados pelo mesmo cirurgião. A
técnica cirúrgica adotada para remoção da catarata foi a de facoemulsificação
bimanual, com utilização de azul de trypan, viscoelástico (hialuronato de sódio
1,6% e 3%), solução salina balanceada e lentes intraoculares de 41D 30V
Acrivet® com tamanhos de 12 a 14mm se possível sua implantação.
359

O pós-operatório foi constituído de colírios de moxifloxacino 0,5% e


tobramicina 0,3% Tid/15 dias, sulfato de atropina 1% Bid/5 dias, nepafenaco
0,1% Tid/30 dias, dexametasona Tid/30dias. Por via oral, amoxicilina + ácido
clavulânico 10mg/kg Bid/10 dias e prednisolona 1mg/kg Sid/30 dias, reduzindo
a dose gradativamente.

RESULTADOS:
Participaram do estudo 26 cães, dos quais 16 fêmeas e 10 machos com idade
média de 7,7 anos. Das raças eram lhasa apso 6 (23,08%), pinscher 2 (7,69%),
poodle 12 (46,15%), pug 2 (7,69%), schnauzer 1 (3,85%), shihtzu 1 (3,85%) e
yorkshire 2 (7,69%).
Dos estádios das cataratas operadas 13 (50%) imaturas, 8 (30,77%) maturas, 5
(19,23%) hipermaturas. Quanto aos implantes de lente intraocular, em 20
(76,92%) cães não foram implantadas lentes e no pós-operatório ocorreu OCP
em 7 (26,92%) pacientes, os animais que receberam o implante foram 6
(23,08%) e somente em 1 (16,67%) deles foi identificado a OCP na ultima
avaliação.

DISCUSSÃO:
A OCP ocorre pela regeneração das células do epitélio do cristalino através da
COX-2 que expressa citocinas e fatores de crescimento, que iniciam um
processo de transição epitélio mesenquimal por 14 dias após a cirurgia,
resultando em migração para a cápsula posterior e originando a opacificação
da cápsula (Davidson et al., 2000; Wilgus et al., 2003; Wormstone et al., 2009;
Ofri, 2013).
Para a diminuição da migração dessas células alguns fatores trans-operatórios
como a capsulorhexis, hidrodissecção, fluido de irrigação, substâncias
viscoelásticas, polimento da cápsula e o material da lente em conjunto com seu
design são muito importantes (Pandey et al., 2002; Ofri, 2013). Assim podemos
confirmar que realmente esses procedimentos levam a uma diminuição
significativa da OCP, pois nos cães onde foi possível a colocação de lente
somente em um ocorreu, por estar presente uma grande opacificação do
equador do cristalino, mas a progressão foi muito lenta quando comparada aos
que não foi utilizada a lente.
Além desses procedimentos que levam à diminuição da OCP, a terapia com
drogas seletivas para COX-2, no pós-cirurgia leva a significativa redução da
opacificação capsular (Brookshire et al., 2015), mas não somente drogas
seletivas podem diminuir a opacificação, como vimos, nos pacientes tratados
com dexametasona e nepafenaco, onde foi implantada a lente corretamente
após 1 ano ainda não haviam se evidenciado sinais de opacificação.
360

CONCLUSÃO:
Assim concluímos que tanto os procedimentos trans operatórios são
importantes para diminuição da OCP, quanto os medicamentos pós-
operatórios, utilizados para diminuição da indução da migração celular para
cápsula posterior.

REFERÊNCIAS:
BROOKSHIRE, H.L.; ENGLISH, R.V.; NADELSTEIN, B. et al. Efficacy of COX-2
inhibitors in controlling inflammation and capsular opacification after
phacoemulsification cataract removal. Veterinary Ophthalmology, v.18,n.3,
p.175–185, 2015.
DAVIDSON, M.G.; NELMS, S.R. Diseases of the canine lens and cataract
formation. In: GELATT, K.N. Veterinary Ophthalmology. 4 ed. vol. 2. Ames,
Iowa: Blackwell Publ, 2007, Cap.18, p.859–887.
DAVIDSON, M.G.; WORMSTONE, M.; MORGAN, D. et al. Ex vivo caninelens
capsular sacexplants. Graefe’s Archive Clinical and Experimental
Ophthalmology, v.238, p.708–714, 2000.
KLEIN, H.E.; KROHNE, S.G.; MOORE, G.E. et al. Postoperative complications and
visual outcomes of phacoemulsification in 103 dogs (179 eyes): 2006-2008.
Veterinary Ophthalmology, v.14, p.114-120, 2011.
OFRI, R. Lens. In: Maggs, D.J. et al. Slatter’s Fundamentals of Veterinary
Ophthalmology. 5ed. Missouri: Elsevier.2013, Cap.12, p. 272-290.
PANDEY, S.K.; COCHENER, B.; APPLE, D.J. et al. Intracapsular ring sustained 5-
fluorouracil delivery system for the prevention of posterior capsule
opacification in rabbits: a histological study. Journal of Cataract e Refractive
Surgery, v.28, 139-148, 2002.
SIGLE, K. J.; NASISSE, M. P. Long-term complications after phacoemulsification
for cataract removal in dogs: 172 cases (1995–2002). Journal of the American
Veterinary Medical Association, v.228, p.74–79, 2006.
WILGUS, T.A.; KOKI, A.T.; ZWEIFEL, B.S. et al. Inhibition of cutaneous ultraviolet
light B-mediated inflammation and tumor formation with topical celecoxib
treatment. Molecular Carcinogenesis, v.38, p.49-58, 2003.
WORMSTONE, I.M.; WANG, L.; LIU, C.S. Posterior capsule opacification.
Experimental Eye Research, v.88, p.257–269, 2009.

126. OSTEOSSARCOMA AXIAL EM UM CÃO - RELATO DE CASO


SUELEN DAL POZZO¹, CRISTIANE VARGAS¹, MARILIA GABRIELA LUCIANI1, GIOVANA
BIEZUS1, JULIANA REGINA DE SOUZA¹,
361

1
Centro de Ciências Agroveterinárias - Universidade do Estado de Santa Catarina
(CAV – UDESC)
RESUMO:
O osteossarcoma é a neoplasia primária mais comum em cães. A maioria dos
tumores é maligna, o que caracteriza seu alto poder metastático. Conforme o
tumor vai crescendo, o periósteo vai se alongando causando dor intensa no
paciente. Este relato tem como objetivo descrever o procedimento clínico pré-
cirúrgico em um paciente com osteossarcoma.
SUELEN DAL POZZO¹, CRISTIANE VARGAS¹, MARILIA GABRIELA LUCIANI1, GIOVANA
BIEZUS1, JULIANA REGINA DE SOUZA¹
¹ University of the State of Santa Catarina - Agroveterinárias Science Center.

INTRODUÇÃO:
O osteossarcoma é a neoplasia óssea primária mais comum em cães (COUTO,
2006). Corresponde a aproximadamente 85% das malignidades esqueléticas e
75% de todos os tumores ósseos em cães, possuindo alto índice metastático.
Desses 85%, 15% atingem esqueleto axial (SCHULZ, 2008). Não possui uma causa
totalmente esclarecida (COUTO, 2006).

RELATO DE CASO:
Foi atendido um canino, fêmea, 10 anos, Labrador, 39Kg, que apresentava o
histórico de Síndrome da Cauda Equina e nos últimos dias vinha apresentando
ataxia de membros torácicos e intensa dor em região cervical. O paciente foi
submetido a tratamento de analgesia com opióide e encaminhado ao exame
radiográfico, aonde não apresentou nenhuma alteração. O paciente permaneceu
internado com quadro álgico intenso. Foi dado continuidade ao tratamento com
analgésico opióide em associação com antiinflamatório não-esteroidal e protetor
gástrico.
Devido ao quadro clínico, o paciente foi encaminhado para realização de
mielografia, a qual não apresentou resultado conclusivo. O cão apresentou
reações adversas ao contraste, observando-se inclusive alterações de psiquismo
como agressividade e latidos aleatórios ao ambiente. Quadro álgico permanecia
muito intenso. Diante desse quadro, foram então prescritos corticoterapia por 3
dias e antibioticoterapia.
Decidiu-se por fim, realizar novo exame de mielografia, o qual acusou bloqueio de
fluxo do contraste em região C6-C7. Consequentemente, animal foi submetido a
procedimento cirúrgico para descompressão da região e coleta de material. Ao
final do procedimento paciente veio a óbito. Amostras coletadas durante o
procedimento cirúrgico foram enviadas para análise histopatológica que foi
conclusiva de osteossarcoma.
362

DISCUSSÃO:
Embora a maioria das neoplasias primárias em cães seja osteossarcoma, a biópsia
é mandatória para um diagnóstico definitivo, tendo em vista que, mesmo
radiograficamente, o osteossarcoma é semelhante a outras enfermidades
(JOHNSON, WATSON, 2004). Nesse caso, o material coletado no transcirúrgico,
enviado ao exame histopatológico, foi conclusivo ao diagnóstico. Pool (1990)
afirma que quando a lesão cresce, o periósteo vai sendo alongado, tornando a
região afetada cada vez mais dolorosa, o que colabora com o quadro álgico
refratário a medicações que o paciente apresentou.

CONCLUSÃO:
O osteossarcoma é a neoplasia óssea maligna mais comum em cães, podendo
causar a morte do paciente devido a infiltração local ou metástases (COUTO,
2006). Afeta principalmente o esqueleto apendicular (POOL, 1990), enquanto que
o osteossarcoma de coluna vertebral, crânio e pelve são mais raros (JOHNSON,
WATSON, 2004).

REFERÊNCIAS:
COUTO, C.G., Oncologia. In: NELSON,R.W., COUTO,C.G., Medicina Interna de
Pequenos Animais, 3ed. Rio de Janeiro: Elsevier:2006. Cap 84, p. 1105-1118.
JOHNSON,K.A., WATSON,A.D.J., Doenças Esqueléticas. In: ETTINGER,S.J.,
FELDMAN, E.C., Tratado de Medicina Interna Veterinária. Doenças do Cão e do
Gato. Vol 2. 5 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. Cap 99, p. 555- 560.
POOL, R.R., Tumors of Bone and Cartilage. In: MOULTON, J.E., Tumors in
Domestic Animals. 3 ed. Berkleyand Los Angeles: University of California Press,
1990. Cap 05, p. 157-227.
SCHULZ, K., Outras Doenças dos Ossos e Articulações. In: FOSSUM,T.W., Cirurgia
de Pequenos Animais. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Cap 35, p 1333- 1356.

127. OXIGÊNIOTERAPIA HIPERBÁRICA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS


CUTÂNEAS
THAMIZA CARLA COSTA DOS SANTOS1, LETÍCIA MELO DE OLIVEIRA1, LÉO
LINDSAY SOUSA GALVÃO1, FERNANDA FIGUEIREDO MENDES1, WANESSA
PATRÍCIA RODRIGUES DA SILVA1 E NEUSA MARGARIDA PAULO1
RESUMO:
A cicatrização é um evento fisiológico complexo que visa a restauração da
integridade tecidual. No entanto, fatores locais, extrínsecos e intrínsecos
podem prejudicar esse processo, tornando-se um importante desafio a ser
superado. A oxigênioterapia hiperbárica é uma terapia complementar que se
363

apresenta em pleno desenvolvimento na medicina veterinária e que tem


otimizado o processo cicatricial por meio da estimulação de diferentes
mecanismos.

INTRODUÇÃO:
A cicatrização é um evento fisiológico complexo que envolve a interação de
vários tipos celulares, citocinas, fatores de crescimento, mediadores, matriz
extracelular. Entretanto, fatores locais, extrínsecos e intrínsecos, podem
influenciar negativamente o reparo cicatricial, constituindo um desafio a ser
superado. Sabendo-se que são altos os custos oriundos com o tratamento de
feridas complicadas, que é relevante o número de animais atendidos com
lesões na pele e nos tecidos adjacentes e que a abordagem terapêutica
tradicional tem obtido sucesso limitado, tem-se sugerido benéfico o emprego
de tratamentos adjuvantes no processo de cicatrização de feridas, visto que
proporcionam redução nas despesas e no tempo de reparação tecidual (Li et
al., 2007; Pavletic, 2010; Goldberg e Diegelmann, 2012; Mills, 2012).
A oxigênioterapia hiperbárica (OTHB) é uma terapia complementar que nos
últimos 40 anos tem sido empregada no tratamento de várias afecções. Na
medicina veterinária a OTHB encontra-se em pleno desenvolvimento e as
pesquisas realizadas revelaram que seu emprego otimizou a cicatrização por
meio da estimulação da angiogênese, da proliferação celular, da deposição de
colágeno e da formação do tecido de granulação (Fernandes, 2009; Goldstein,
2013).

DESENVOLVIMENTO:
O oxigênio desempenha um papel chave na cicatrização de feridas e para que
haja a correta restauração da função e integridade dos tecidos é fundamental o
seu adequado fornecimento. Portanto, a vasoconstrição, hipotensão e
congestão venosa periférica retardam ou impedem a reparação da ferida
(Sheikh et al, 2005; Kuffler, 2011). Diante disso, pesquisas realizadas em
animais com feridas têm mostrado relação benéfica entre o emprego da OTHB
e a otimização do reparo tecidual.
A OTHB é um tratamento complementar, seguro e com poucos efeitos
adversos, que consiste na administração de oxigênio a 100%, via sistema
respiratório, em meio hiperbárico. Essa elevação na pressão é obtida dentro de
uma câmara estanque que permite a pressurização e consequentemente, a
elevação gradual da fração de oxigênio inspirado (Fio2) à medida que a pressão
atmosférica aumenta. O crescimento da concentração de moléculas de
oxigênio nos alvéolos acarreta o acréscimo da pressão parcial de oxigênio
alveolar (PAO2), amplia a quantidade de oxigênio disponível para difusão nos
364

capilares pulmonares e cria um gradiente de pressão que intensifica a difusão


de oxigênio do sangue para o endotélio vascular, espaço intersticial e
compartimento celular (Braswell e Crowe, 2012). É indicada para o tratamento
de afecções causadas, agravadas ou perpetuadas pela hipóxia ou bolhas
gasosas, tais como acidente descompressivo, embolia gasosa vascular,
síndrome de reperfusão pós-procedimento vascular, síndrome compartimental,
lesões induzidas pela exposição prévia a radiações ionizantes, queimaduras,
necrose dos tecidos moles, feridas crônicas, lesões por esmagamento e
inviabilização de enxertos e retalhos músculo-cutâneos (Sousa, 2007;
Fernandes, 2009).
Os benefícios obtidos pela OTHB proporcionam aos usuários a recuperação de
um estado de hipóxia e auxilia a cicatrização por meio da estimulação da
angiogênese e formação do tecido de granulação no leito da ferida. Além disso,
promove a proliferação celular, a agilidade na deposição de colágeno, interfere
na propagação de doenças bacterianas pela desnaturação de toxinas. Aumenta
a quantidade de agentes eliminadores de radicais livres e diminui a adesão
neutrofílica à microvasos, inibindo assim, danos endoteliais e falha
microcirculatória associados com a injúria isquemia-reperfusão. Reduz o edema
por meio da vasoconstrição, estimula a fagocitose e a mobilização de células
troncos (Slovis, 2008; Edwards, 2010).
O protocolo de OTHB adotado em animais depende do diagnóstico. No
entanto, cada sessão deverá ter a duração de 90 a 120 minutos e poderá ser
realizada diariamente ou em intervalos inferiores a 24 horas. As
contraindicações para uso em animais são estabelecidas a partir da experiência
em humanos. As infecções do sistema respiratório superior, asmas, histórico de
pneumotórax espontâneo e gestação apresentam contraindicação relativa.
Quadro de pneumomediastino e pneumotórax não tratados, pacientes com
risco de aspiração, animais sob ventilação mecânica ou que utilizam
marcapasso têm contraindicação absoluta (Braswell e Crowe, 2012; Goldstein,
2013).

CONCLUSÃO:
A OTHB proporciona ao paciente melhoria na qualidade de vida, considerável
redução no tempo e nos gastos com medicamentos e curativos diários. No
entanto, o principal obstáculo para a prescrição dessa técnica à animais é a
dificuldade de aquisição das câmaras hiperbáricas pelos hospitais veterinários
devido ao custo elevado do equipamento.

REFERÊNCIAS:
365

BRASWELL, C.; CROWE, D. T. Hyperbaric oxygen therapy. Compendium:


Continuing Education for Veterinarians, v. 34, n. 3, p. E5-6, 2012.
EDWARDS, M. L. Hyperbaric oxygen therapy. Part 1: history and principles.
Veterinary Emergency and Critical Care Society, v. 20, n. 3, p. 284-8, 2010.
FERNANDES, T. D. F. Medicina Hiperbárica. Acta médica portuguesa, v. 22, p.
323-34, 2009.
GOLDBERG, S. R.; DIEGELMANN, R. F. Wound healing primer. Critical Care
Nursing Clinics of North America, v. 24, n. 2, p. 165-78, 2012.
GOLDSTEIN, L. J. Hyperbaric oxygen for chronic wounds. Dermatologic
Therapy, v. 26, p. 207-14, 2013.
KUFFLER, D. P. The role of hyperbaric oxygen therapy in enhancing the rate of
wound healing with a focus on axon regeneration. Puerto Rico Health Sciences
Journal,v. 30, n. 1, p. 35-42, 2011.
LI, J.; CHEN, J.; KIRSNER, R. Pathophysiology of acute wound healing. Clinics in
Dermatology, v.25, n. 1, p. 9-18, 2007.
MILLS, B. J. Wound healing: the evidence for hyperbaric oxygen therapy. British
Journal of Nursing,v. 21, n. 20, p. 28-34, 2012.
PAVLETIC, M. M. Atlas of Small Animal Wound Management and
Reconstructive Surgery. 3 ed. Massachusetts: Wiley-Blackwell, 2010. 697 p.
SLOVIS, N. Review of Equine Hyperbaric Medicine. Journal of Equine
Veterinary Science, n. 28, v. 12, p. 760-7, 2008.
SOUSA, J. G. A. Oxigenoterapia hiperbárica (OTHB). Perspectiva histórica,
efeitos fisiológicos e aplicações clínicas. Medicina Interna, v.14, p. 219-27,
2007.
SHEIKH, A. Y.; ROLLINS, M. D.; HOPF, H. W. et al. Hyperoxia improves
microvascular perfusion in a murine wound model. Wound Repair and
Regeneration, v. 13, n. 3, p. 303-8, 2005.
366

128. PANORAMA PONTUAL DA ONCOLOGIA VETERINÁRIA: O DIAGNÓSTICO


HISTOPATOLÓGICO E A EFICIÊNCIA PROGNÓSTICA DOS CASOS

ANDRADE D¹, ², *; LEITE CN¹, ², *; MOREIRA KC¹, ²; SANTOS SV ³


1
Curso de Medicina Veterinária. Universidade Cruzeiro do Sul.
2
Bolsista Pibic - Cruzeiro do Sul.

³ Docente do Curso de Medicina Veterinária. Universidade Cruzeiro do Sul.

*E-mail: andrade.daphne@gmail.com; camillaleite@outlook.com.br

RESUMO:

As neoplasias são doenças comumente vistas em diversas espécies de animais


e estão entre as mais importantes causas de mortalidade em animais.
Determinar o diagnóstico neoplásico se faz essencial para o estabelecimento de
protocolos terapêuticos e prognósticos adequados. Nosso objetivo é relatar a
casuística anual neoplásica na região de São Miguel Paulista e correlacionar os
benefícios terapêuticos e prognósticos dos casos que foram encaminhados
para análise histopatológica. Os resultados mostraram que dos 466 pacientes
atendidos, 31% tiveram seu diagnóstico neoplásico confirmado por
histopatologia e destes 73% foram tratados, sendo que 3% vieram a óbito; e
44% receberam alta. Dos 323 (69%) pacientes que não tiveram seu diagnóstico
definitivo por meio da histopatologia, 10% sabidamente vieram a óbito, já que
muitos abandonaram o tratamento, sem que possamos saber sobre suas
condições clínicas atuais; e 21% foram tratados. Concluímos que a
histopatologia foi essencial para o estadiamento clínico, e escolha da
terapêutica.

INTRODUÇÃO:
367

O câncer representa um dos maiores desafios para a ciência e a prática médica


no homem. A Metrópole de São Paulo reúne humanos e animais domésticos,
que estão expostos à fatores de risco, muitos epidemiologicamente
comprovados como agentes diretos no desenvolvimento de neoplasias nos
humanos, porém na veterinária ainda não estão bem estabelecidos (Costa e
Menk, 2000; American Cancer Society, 2011). Diante do alarmante número de
animais acometidos por câncer, surgiu o conceito da utilização desses como
sentinelas das contaminações ambientais.

OBJETIVOS:

Relatar prevalência epidemiológica de câncer em cães e gatos; obter


classificação histopatológica neoplásica mais abundante nos pacientes; relatar
dados da terapêutica e prognóstico; mostrar casuística de suspeita neoplásica
que não são encaminhados a histopatologia.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Por meio da análise anual de fichas clínicas de pacientes oncológicos. Em


seguida dados de interesse foram tabelados para obtenção de casuísticas e
correlações diagnósticas que poderão ter influência no prognóstico e
prevenção oncológica.

RESULTADOS SUSPEITOS NEOPLÁSICOS:

Entre Agosto/2014 e Agosto/2015 foram atendidos 466 (375F:91M) pacientes


entre cães e gatos com suspeita de neoplasia. A faixa etária variou de 1-19
anos; destes, as idades de maior expressão foram 10 anos (9%); 11 (9%) e 12
(11%).

Quanto ao exame clínico oncológico e determinação das topografias


neoplásicas, obtemos 258 neoplasias mamárias (55%); 131 (28%); 65 (14%) de
topografias não informadas.

RESULTADOS NEOPLÁSICOS DIAGNOSTICADOS POR ANÁLISE


HISTOPATOLÓGICA:
368

Dos 466 casos, 137 (29%) foram encaminhados para Diagnóstico


Histopatológico; destes 105 eram fêmeas (77%) e 32 machos (23%). A faixa
etária variou entre 3 meses-17 anos, sendo mais abundantes nos de 6-9
anos,41 (29%) e 10-14 anos, 60 (44%).

Os diagnósticos histopatológicos foram computados de acordo com sua


histogênese, e alguns animais apresentaram mais de um tipo de neoplasia. Das
amostras analisadas, 105 eram de origem epitelial (77%), sendo 54 (39%)
Adenocarcinomas mais prevalentes, 18 (13%) Carcinomas, e 12 (9%)
Hemangiossarcomas.

Quanto à origem mesenquimal, obtivemos: 38 casos (28%) dos quais, 8 eram


Lipomas (6%); 6 Lipossarcomas (4%); 6 Neurofibrossarcomas (4%); 6
Fibrossarcomas (4%); Osteossarcomas, Fibromas e Condrossarcomas somam 9
casos.

DISCUSSÃO:

Os resultados mostram que fêmeas foram mais afetadas por neoplasias, dados
que vão de encontro à literatura veterinária e humana. As neoplasias epiteliais
e malignas foram mais frequentes que as de origem mesenquimais, assim
como relatado por INCA, Goldschmidt, et al. (1992), Pool, et al. (2002) e
Khanna et al. (2006).

Quanto à terapia, 137 casos encaminhados para histopatologia, 104 (76%)


foram tratados, 32 (31%) fizeram cirurgia; 17 (16%) quimioterapia; e 55 (53%),
terapia combinada. Sobre o prognóstico, 3 (2%) foram a óbito, 32 (23%)
recidivaram e 69 (50%) tiveram sucesso.

Dos animais que não obtiveram diagnóstico histopatológico, 256 (79%) não
foram tratados, logo não se sabe sua sobrevida ou remissão da doença; 28 (9%)
tiveram protocolo cirúrgico; 23 (7%) tiveram tratamento quimioterápico; e 16
(5%) tiveram terapia combinada, totalizando 67 animais que realizaram algum
tipo de protocolo. Destes, 14 (21%) abandonaram tratamento; 25 (37%)
tiveram alta; 7 (10%) foi a óbito; 3 (5%) tiveram recidiva; e 18 (27%) ainda em
tratamento.

CONCLUSÃO:
369

O Histopatológico é fundamental no estabelecimento do diagnóstico definitivo,


estadiamento e consequente sucesso dos tratamentos anti-neoplásicos.
Resultados mostrados expressam que a histopatologia foi decisiva para o
prognóstico, já que, dos animais que o fizeram, 50% tiveram alta, e os que não
o fizeram 7% tiveram remissão. Os valores apontam que o Histopatológico é
essencial para tratamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

American Cancer Society. Global Cancer Facts & Figures. Atlanta: American
Cancer Society; 2011.

Costa, R.M.A.; MENK, C.F.M. Biomonitoramento de mutagênese ambiental.


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Pergamon Press, P231051, 1992.

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129. PARÂMETROS CLÍNICOS E ECOCARDIOGRÁFICOS DE UM CÃO


SUBMETIDO À INFUSÃO CONTÍNUA DE PROPOFOL VETERINÁRIO: RELATO DE
UM CASO
RAFAEL CERÂNTOLA SIQUEIRA¹, RAFAEL HENRIQUE SIRAGUSI1, VANESSA YURI
FUNAI1, BEATRIZ GODOY2, RODRIGO PREVEDELLO. FRANCO3
1- MV Residente da CCPA na Universidade de Marília
2- Graduandos em Medicina Veterinária da Universidade de Marília
3- Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Marília

RESUMO:
O propofol é um anestésico intravenosoindicado para indução e manutenção
anestésicade cães e gatos. Portanto, objetivou-serelataros parâmetros clínicos
e ecocardiográficos de um cão submetido à infusão contínua de propofol
veterinário, com as variáveis aferidas nos períodos pré, trans e pós-anestésico.
370

Os resultados demonstraramestabilidade nos parâmetros clínicos, com redução


na fração de ejeção e encurtamento do miocárdio.Assim, pode-se
observarausência de alterações no parâmetros avaliados, com redução da
função sistólica miocárdica.

INTRODUÇÃO:
O propofol é um anestésico intravenoso de rápida ação, com efeitos
cardiovasculares dose-dependente e indicações para indução e manutenção
anestésica de cães e gatos(Corrêa et al., 2013). Dessa forma, buscou-se relatar
os parâmetros clínicos e ecocardiográficos de um cão submetido à infusão
contínua de propofol veterinário, em virtude de biopsias dermatológicas.

RELATO DE CASO:
Um canino, fêmea, 15kg, 5 anos de idade, foi submetido à infusão contínua de
propofol para a realização de biopsias dermatológicas, com realização de
avaliação pré-anestésica e cardiológica prévia (Tabela 1).Com o cão apto e com
jejum hídrico-alimentar de 8 horas, foi administrado 4mg/kg/IM de tramadol e
15 minutos após, realizou-se a cateterização da veia cefálica, iniciou-se a
fluidoterapia a base de Ringes com Lactato (5ml/kg/hora) composterior
indução anestésica utiizando-se o propofol veterinário (1ml/kg/IV) até a perda
dos reflexos palpebrais e laringotraqueal. Em seguida, procedeu-se a intubação
orotraqueal, com a manutenção do oxigênio a 100% no fluxo de 2L/min
utilizando um circuito semi-fechado. Iniciou-se então a infusão contínua de
propofol utiizando uma bomba de infusão de seringa (50ml) na velocidade de
0,04 ml/kg/min para a manutenção do plano anestésico. Durante o período
trans-anestésico foram mensurados aos 15 (T15) e 45 (T45) minutos, os
parâmetros da frequência cardíaca (FC) e respiratória (FR), temperatura retal
(TR) e periférica (TP), Delta T° (subtração da TR da TP), pressão arterial sistólica
(PAS), médica (PAM) e diastólica (PAD) por oscilometria, oximetria de pulso
(O2%), pressãofinal expirada de CO2 (PECO2) e lactato sérico, bem como
realização do registro contínuo de seis derivações eletrocardiográficas
computadorizado (ECGPCVET- TEB®) e das variáves ecocardiográficas utilizando
o Modo-M, visando o cálculo da fração de ejeção (FEJ%) e do encurtamento
(FEC%) do miocárdio (tabela 1).Ao término do procedimento cirurgico-
anestésico, o animal ficou monitorado até sua extubação e retorno a posição
quadrupedal (pós-anestésico), com nova aferição dos parâmetros clínicos e
realização de novo eletrocardiograma e ecocardiografia Modo-M.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
371

Os resultados das variáveis clínicas e ecocardiográficas obtidas nas avaliações


pré, trans e pós-anestésicas.
O aumento nos valores da FC, a redução da PAS e TR com aumento da TP,
podem ser justificados pela ação simpatomimética e o discreto efeito
vasodilatador promovido pelo fármaco anestésico, comprovado através da
manutenção nos valores das pressões arteriais (Corrêa et al,. 2013). A redução
da FR observada com o aumento da PECO2 e amanutenção da saturação de
oxigênio, não indicaram interferências na oxigenação e perfusão
tecidual,confirmando através da manutenção dos valores de normalidade dos
parâmetros para a espécie (Conceição et al., 2005). A manutenção perfusão e
oxigenação tecidual foi comprovada por meio da estabilidade nos valores da
PAM e redução dos valores do lactato sérico. Resultados similares foram
descritos por Correa et al. (2013) e Reves et al. (2000)quando estudaram a TIVA
(anestesia total intravenosa) com propofol em cães.
O efeito termolítico foi provocadapela inibição central da atividade
termorreguladora, visualizada através da redução nos valores das
temperaturas TR e TP, com o aumento subsequente do Delta T°C (Ferro etal.,
2005).
A eletrocardiografia computadorizada não evidenciou arritmias ou alterações
no complexo P-QRS-T (Pires, 2000) durante os períodos avaliados. Contudo, na
ecocardiografia Modo-M foi identificada a redução na função sistólica
ventricular, com a redução dos valores da FEJ% e FEC% do miocárdio durante o
período trans-anestésico. No entanto, os valores das variáveis estavam
condizentes para um cão de 15 kg e dentro do intervalo de normalidade para a
espécie canina (Boon, 2011; Lopes et al., 2009). Aos vinte minutos do término
da infusão contínua, o cães se encontrava com os reflexos protetores
presentes, em decúbito external e com os parâmetros clínicos e
cardiovasculares reavaliados e restabelecidos.

CONCLUSÃO:
Os dados obtidos demonstraram queanestesia sob infusão contínua de
propofol veterinário não promoveu alterações significativas nos parâmetros
clínicos, mas com redução na função sistólica miocárdica.

REFERÊNCIAS
BOON, J. A. Veterinary Echocardiography, 2nd Edition. Baltinore: Willians &
Wilkins, 2011, 632p.
CONCEIÇÃO, E. D. V.; NISHIMORI, C. T.; MORAES, P. C. et al.Parâmetros
eletrocardiográficos e cardiovasculares em cães anestesiados pelo isofluorano
372

e submetidos à hipovolemia aguda. Ciência Rural, v.35, n.6, p. 1351 - 1356,


2005.
CORRÊA, A. L.; TAMANHO, B. R.; MORAES, A. N. et al. Evalution of the clinical
and cardiorrespiratory effects of propofolmicroemulsion in dogs. Ciência Rural,
v.43, n.6, p.1107-1113, 2013.
FERRO, P. C. et al. Variáveis fisiológicas em cães submetidos à infusão contínua
de diferentes doses de propofol. Ciência Rural, v.35, n.5, p.1103-1108. 2005.
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variáveis ecocardiográficas em cães submetidos à infusão contínua de propofol.
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e. Zootecnia, v.61, n.2, p.345-352,
2009.
PIRES, J. S.; CAMPELLO, R. A. V.; FARIA, R. X.; GUEDES, A. G. P. Anestesia por
infusão contínua de propofol em cães pré-medicados com acepromazina e
fentanil. Ciência Rural, v. 30, n. 5, p.829-34, 2000.
REVES, J. G.; CLASS, P. S. A., LUBARSKY, D. A. Nonbarbiturate intravenous
anesthesics. In: MILLER, R.D. Anesthesia. 5.ed. Philadelphia: Churchill
Livengstone, 2000. v.1, cap.9, p.228-272.

130. PENECTOMIA PARCIAL EM CÃO SRD DEVIDO A ESTENOSE URETRAL:


RELATO DE CASO
LETÍCIA MELO OLIVEIRA1, THAMIZA CARLA COSTA DOS SANTOS1, IAGO
MARTINS OLIVEIRA1, LÉO LINDSAY SOUSA GALVÃO1, THAYANNE CAROLINA
MARIANO DA SILVA1, NEUSA MARGARIDA PAULO1
1. Universidade Federal de Goiás

RESUMO:
Na rotina de trabalho do Médico Veterinário existe uma alta casuística de
afecções do pênis em cães. A penectomia é recomendada como tratamento em
muitos casos, como exemplo em neoplasias difusas e lesões pós-traumatismos.
Dependendo do grau de comprometimento do pênis, é indicada a penectomia
total ou parcial. Neste trabalho relatamos o caso de um cão que passou por
penectomia parcial após ter uma deformação na glande peniana e estenose
uretral devido à presença de miíases e após a cirurgia obteve uma recuperação
excelente, não apresentando nenhum sinal de anormalidade na micção.

INTRODUÇÃO:
As afecções do pênis em cães são frequentes na rotina de trabalho do médico
veterinário, principalmente as adquiridas (Volpato et al., 2010). Em muitos
casos a penectomia é indicada, como por exemplo, em neoplasias difusas no
373

pênis e prepúcio, lesões devido a traumatismos, lesões de coluna com


perturbação da inervação do pênis e pseudo-hermafroditismo.
Dependendo do grau de comprometimento é indicado a penectomia total ou
parcial (Faria et al., 1983). Os ferimentos prepuciais e penianos são comuns em
cães e a principal causa são traumatismos causados por arame farpado e
acidentes automobilísticos (Slatter, 2007). Fossum (2008) afirma que esses
traumas são mais comuns em machos inteiros, jovens e quando há uma fêmea
no cio envolvida.
O diagnóstico baseia-se no exame físico e radiográfico da uretra e do osso
peniano. Abscessos, granulomas e infecções fúngicas são importantes
diagnósticos diferenciais. O tratamento de traumas penianos consiste na
limpeza da ferida e debridamento em casos simples, as lacerações podem ser
suturadas com fio absorvível e se o trauma for grave a penectomia é mais
indicada (Volpato et al., 2010). O objetivo deste relato de caso foi ressaltar a
importância da penectomia parcial como tratamento em caso de estenose
uretral devido à cicatrização de lesão por miíases após traumatismo.

RELATO DE CASO:
Foi atendido um cão, macho, SRD e com sete anos de idade. O proprietário
relatou que o paciente apresentava disúria e estrangúria e que há cerca de seis
meses antes da consulta teve miíases no pênis após um trauma. O paciente foi
medicado durante o ocorrido e obteve melhora, não sendo observada
nenhuma alteração na micção.
No exame físico não foi possível sondar o paciente, pois não foi encontrado o
orifício uretral devido à deformação na glande causada pelas larvas. Foi
indicada a penectomia parcial.
Para a cirurgia o paciente foi posicionado em decúbito dorsal e foi realizada a
antissepsia. Após nova tentativa frustrada de passar a sonda uretral, o pênis foi
exposto e foi realizada uma incisão de 2 cm. abaixo da glande peniana,
incisando a túnica albugínea e o tecido cavernoso. Foi transeccionado o osso
peniano com a ajuda da Cizalha o mais caudal possível. Neste momento foi
possível encontrar a uretra e passar a sonda uretral. Transeccionou-se a uretra
cranialmente a transecção peniana, e realizou-se duas incisões na uretra em
forma de “pétalas”, foi feita uma sutura hemostática no corpo cavernoso do
pênis em padrão Wolff utilizando fio Vicryl 3-0, posteriormente foi realizada a
sutura das pétalas uretrais na porção final do pênis utilizando fio Vicryl 3-0 em
padrão simples separado. Foi feita a ressecção do prepúcio, para encurtá-lo de
forma que permitisse a extrusão do pênis. Além disso, fixou-se a sonda uretral
utilizando ponto separado simples. A recuperação do paciente foi boa, não
apresentando nenhum sinal de anormalidade na micção.
374

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O paciente relatado teve um traumatismo ao pular uma cerca para encontrar
uma fêmea no cio. De acordo com Fossum (2008) esse tipo de trauma é
comum, principalmente em cães inteiros e jovens.
Faria et al. (1983) afirmam que o tratamento depende da extensão da lesão e
como no paciente em questão a deformação havia sido somente na parte
caudal do pênis foi recomendada a penectomia parcial.
Fossum (2008) recomenda que antes de se iniciar a penectomia parcial é
importante reduzir a carga microbiológica local, bem como colocar um cateter
uretral a fim de facilitar a orientação, o que não foi possível neste caso pois não
foi encontrado o orifício uretral.

CONCLUSÕES:
As afecções penianas em cães são frequentes, sendo a penectomia muito
indicada como tratamento. Por isso é importante realizar anamnese detalhada
e uma técnica cirúrgica bem feita no intuito de promover uma rápida
recuperação do paciente e sem nenhuma recorrência, tal como no caso aqui
reportado.

REFERÊNCIAS:
FARIA, M.A.R.; PIPPI, N.L.; RAISER, A.G. et al. Amputação total da genitália
externa do cão. Revista Centro de Ciências Rurais, v. 13, n. 4, p.301-306, 1983.
FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. 3.ed. Rio de janeiro: Ed. Elsevier
Ltda., 2008. 1314p.
SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo:
Manole, 2007. 2714p.
VOLPATO, R.; RAMOS, R.S.; MAGALHÃES, L.C.O. et al. Afecções do pênis e
prepúcio dos cães - Revisão de literatura. Veterinária e Zootecnia, v. 17, n. 3,
p.312-323, 2010.
375

131.PERFIL BIOQUÍMICO DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS


POR EHRLICHIA PLATYS NA REGIÃO SUL FLUMINENSE-RJ

PEDRO HENRIQUE EVANGELISTA GUEDES1, ANA PAULA MARTINEZ DE ABREU2,


THIAGO LUIZ PEREIRA MARQUES2, VIVIANE SANTANA MARQUES3
1
Aluno do curso de Medicina Veterinária da Universidade Severino Sombra
(USS), 2Docentes do curso de Medicina Veterinária da USS, 3Médica Veterinária
Autônoma

RESUMO:

A Ehrlichiose é uma doença infecciosa de grande importância na medicina


veterinária, causada pela riquetsia Ehrlichia platys. O objetivo deste trabalho
foi fazer um levantamento de dados sobre o perfil bioquímico de cães
naturalmente infectados por Ehrlichia platys, atendidos em clínicas veterinárias
da região Sul Fluminense – RJ, no período de agosto de 2013 a julho de
2014. Foram realizadas a mensuração de alanina
aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FAL), uréia e creatinina em 70
animais positivos e os resultados mostraram que 22,8% apresentaram aumento
na concentração de ALT e 30% aumento na concentração de FAL, indicando
possível dano hepato-celular e hepato-biliar. A creatinina apresentou-se dentro
dos parâmetros de normalidade em 100% das amostras e o aumento na
concentração de uréia ocorreu em 17,1% em decorrência da falta de jejum.

INTRODUÇÃO:

A Erlichiose é considerada uma das doenças infecciosas mais importantes para


os cães, que se manifesta como uma trombocitopenia de caráter intermitente
(DAGNONE et al., 2001) causada por um microorganismo riquetsiano que se
replica infectando as plaquetas (ETTINGER e FELDMAN, 2004).

Além das alterações celulares no sangue, alterações bioquímicas também são


freqüentes em animais infectados, causadas por interferência do
microorganismo no metabolismo e nos órgãos.
376

O objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento de dados sobre o perfil


bioquímico de cães naturalmente infectados por Ehrlichia platys, atendidos em
clínicas veterinárias da Região Sul-Fluminense – RJ, no período de agosto de
2013 a julho de 2014.

MATERIAL E MÉTODOS:

Os dados foram coletados num laboratório em Barra do Piraí – RJ, onde o


registro de 70 cães atendidos em clínicas da região, com resultado de pesquisa
de hemoparasitas (capa leucocitária) e perfil bioquímico (ALT, FAL, Uréia e
Creatinina) foram alocados em planilha e analisados. A análise bioquímica foi
feita de acordo com o Kit do fabricante: Uréia, FAL e Creatinina (Bioclin®) e ALT
(Laborlab®).

Resultados e discussão: 22,8% (16/70) dos animais apresentaram aumento na


concentração de ALT; 30% (21/70), aumento na concentração de FAL; 17,1%
(12/70), aumento na concentração de Uréia. Os valores relativos à Creatinina
estavam dentro dos parâmetros de normalidade para a espécie em todas as
amostras.

Os valores de Creatinina indicam que os animais não estavam desenvolvendo


doença renal, apesar das glomerulonefrites serem relatadas em fase aguda da
erliquiose (ALMOSNY, 2002). Isso ocorreu porque os parasitas só induzem a
formação de anticorpos suficientes para se depositarem nos glomérulos após
21 dias de infecção. Ettinger e Feldman (2004) afirmam que na fase aguda a
sorologia pode ser considerada um falso negativo, por insuficiência na titulação
de anticorpos.

O aumento na concentração de ALT, que é uma enzima presente no interior


dos hepatócitos, acontece porque a parasitemia aumenta o fluxo de sangue
para o fígado, levando a uma congestão hepática (SILVA et al., 2010; BICHARD e
SHERDING, 2008) que lesa as células, fazendo com que elas se rompam e
liberem seu conteúdo no sangue.

A concentração da FAL fica elevada nos casos em que ductos biliares,


sinusóides hepáticos e vesícula biliar estão lesionados e, no presente estudo,
tais lesões podem ter ocorrido também em função da congestão hepática.
377

Quanto à concentração de uréia sérica nos cães, 17,1% apresentaram aumento


da taxa, sendo que em 40% destes a alteração ocorreu isolada, o que
caracteriza a possível falta de jejum (OLIVEIRA, 2004).

CONCLUSÃO:

Concluiu-se que cães naturalmente infectados por E. platys apresentaram mais


alterações bioquímicas de origem hepatocelular e hepatobiliar do que
alterações sugestivas de lesão renal, em virtude do estágio agudo da doença,
em que mórulas são visualizadas em plaquetas, mas ainda não há formação de
imunocomplexos que danifiquem o tecido renal.

REFERÊNCIAS:

ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como


zoonose. 1ª ed. Rio de Janeiro: L. F. Livros: 2002. 135 p. P. 13-56;
2002.BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders. Clínica de Pequenos
Animais . 3. ed. São Paulo Editora: Roca, 2008. DAGNONE, A.S.; MORAIS, H.S.A.;
VIDOTTO, O. Ehrlichiose nos animais e no homem. Ciências Agrárias, Londrina,
v. 22, n.2, p. 191-201, 2001.ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina
Veterinária Interna: Doenças do Cão e do Gato. 5ª ed. Rio de Janeiro (RJ):
Guanabara Koogan, volume 1, cap 86, p. 424; 2004.OLIVEIRA S.T. Alterações de
Compostos Nitrogenados - Proteicos em Cães e gatos. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. 2004. Disponível em:
www.ufrgs.br/bioquímica/posgrad/TMAD/alterações–nnp.pdf. Acesso em: mar
2014.SILVA, J.N.; ALMEIDA, A.B.P.F.; SORTE, E.C.B; FREITAS, A.G.; SANTOS,
L.G.F.; AGUIAR, D.M.; SOUZA, V.R.F. Soroprevalência de anticorpos anti-
Ehrlichia canis em cães de Cuiabá, Mato Grosso. Rev. Bras. Parasitol. Vet.,
Jaboticabal, v. 19, n.2, p. 108-111, abr. jun. 2010.

132. PERFIL HEMATOLÓGICO DE GATOS DOMÉSTICOS NATURALMENTE

PEDRO HENRIQUE EVANGELISTA GUEDES1, ANA PAULA MARTINEZ DE ABREU2,


THIAGO LUIZ PEREIRA MARQUES2, SAMARA SILVA VANI3
1
Aluno do curso de Medicina Veterinária da Universidade Severino Sombra
(USS), 2Docentes do curso de Medicina Veterinária da USS, 3Médica Veterinária
Autônoma
378

RESUMO:

A Ehrlichiose é uma doença infecciosa causada pela riquetsia Ehrlichia platys. O


objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento de dados sobre o perfil
hematológicos de gatos naturalmente infectados por E. platys, atendidos em
clínicas veterinárias da região Sul Fluminense – RJ, no período de Outubro de
2014 a Abril de 2015. Foram determinadas a capa leucocitária, contagem de
plaquetas, Leucometria global, Proteína total plasmática (PTP) e aferição do
Hematócrito de felinos domésticos sem suspeita clinica de Ehrlichiose. Foi
observado que no total de 21 animais, 4,7% apresentou Leucocitoce, 4,7%
apresentou Leucopenia, 47,6% apresentaram Trombocitopenia e 47,6%
apresentaram Proteína total plasmática elevada. Em relação ao sexo dos anos
animais afetados, foi constatado que 52,3% eram machos e 47,6%, fêmeas.
Conclui-se no presente estudo, que E. platys é um patógeno que pode
acometer felinos, embora muitas vezes citado apenas como infectante em
cães.

INTRODUÇÃO:

Ehrlichia platys é uma bactéria Gram negativa, pertencente à ordem


Rickettsiales, família Anaplasmataceae (DUMLER et al., 2001).

A doença causada por esta espécie é conhecida como Erlichiose trombocítica


canina (ETC) também vista como Trombocitopenia cíclica canina (DAGNONE et
al., 2001). Atualmente em felinos existem poucos relatos de diagnóstico da
infecção, sendo necessária mais atenção por parte dos pesquisadores e
médicos veterinários (CORREA, 2011).

O presente estudo teve como objetivo traçar o perfil hematológico de felinos


(felis catus) infectados naturalmente por Ehrlichia platys, no período de
Outubro de 2014 a Abril de 2015.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram coletados sangue de 21 felinos em clinicas veterinárias da Região Sul


Fluminense- RJ, para exame de rotina, com acondicionamento em tubos com
anticoagulante (EDTA). Durante processamento, aferimos hematócrito e
proteína total plasmática, e com o mesmo capilar realizamos um esfregaço
sanguíneo de capa leucocitária e coloração por Panótico Rápido, para
observação de possíveis mórulas de E. platys. A leucometria global foi realizada
com 20 microlitros da amostra misturando a 380 microlitros de líquido de Turk,
379

efetuando leitura em câmara de Neubauer. Já a contagem de plaquetas


estimamos em lâmina, usando como fator 20 mil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

O número pequeno de amostras para o período de estudo é justificado pela


resistência inata de felinos a patologias, não desenvolvendo nenhuma
sintomatologia (ALMOSNY, 2002). Em relação ao sexo, os machos
apresentaram 53,6%, enquanto fêmeas 46,3%, confirmando o que Fernandes
et al. (2008) encontrou em seu estudo realizado em cães.

No presente estudo não foi observado alteração nenhuma em relação ao


hematócrito, o que corrobora com Corrêa et al. (2011) porém Santarém et al.
(2005) encontraram anemia normocítica normocrômica nos felinos estudados.

Dos felinos positivos, 4,7% tiveram leucocitose e 4,7% leucopenia com


trombocitopenia e PTP alta, indicando que há uma infecção/inflamação que
não podem ser correlacionados com a infecção por E. platys indo de acordo
com Corrêa et al. (2011).

Na plaquetometria, 47,6% apresentavam trombocitopenia, o que nem sempre


torna possível a visualização do parasita devido ao baixo número de plaquetas
circulantes e a parasitemia cíclica do mesmo, podendo ocorrer falsos negativo
corroborando com Dagnone et al., (2009).

Foi observado que 23,8% dos felinos positivos não apresentaram alteração
hematológica, questionando se estes poderiam ser considerados reservatório
acidental desta patologia, o que torna a E. platys oportunista.

CONCLUSÃO:

Concluiu-se que felinos são naturalmente infectados por E. platys, e que nem
sempre esta hemoparasitose cursa com alterações hematológicas claras, sendo
necessário um maior preparo do clínico veterinário no diagnóstico desta
doença.

REFERÊNCIAS:
ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e
como zoonose. 1ª ed. Rio de Janeiro: L. F. Livros: 2002. 135 p. P. 13-56; 2002.
CORREA, E. S.; PALUDO, G. R.; SCALON, M. C.; MACHADO, J. A.; LIMA, A. C. Q.;
PINTO, A. T. B.; THIEBAUT, J. T. L.; ALBERNAZ, A. P. Investigação molecular de
380

Ehrlichia spp. e Anaplasma platys em felinos domésticos: alterações clínicas,


hematológicas e bioquímicas. Pesquisa Veterinária Brasileira. p.899-909, 2011.
DAGNONE, A.S.; MORAIS, H.S.A.; VIDOTTO, O. Ehrlichiose nos animais e no
homem. Ciências Agrárias, Londrina, v. 22, n.2, p. 191-201, 2001.
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a Anaplasma Platys (Ehrlichia Platys) em Gato. Colloquium Agrariae, p. 60-66,
2005.

133. PESQUISA DA PREVALÊNCIA DE FUNGOS DERMATÓFITOS EM FELINOS


DOMÉSTICOS COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE PELAGEM
SCHREINER, A1, *; SILVA, AP1; BENTUBO HDL1, 2
1
Curso de Medicina Veterinária. Universidade Cruzeiro do Sul. Avenida Doutor
Ussiel Cirilo, 225. CEP 06080-070, Campus São Miguel, São Paulo, SP.
2
Responsável pelo Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva e Membro
do Grupo de Pesquisa em Patologia Estrutural e Funcional Veterinária da
Universidade Cruzeiro do Sul, cadastrado no CNPq.
RESUMO:
A presente pesquisa teve como objetivo mensurar o índice de felinos
portadores assintomáticos de dermatofitose em gatis comerciais da cidade de
São Paulo, devido ao seu potencial zoonótico. Entre os 58 animais submetidos
a exames, somente 1 (1,72%), espécime macho, da raça Persa, apresentou
381

resultado positivo para o fungo. Portanto, este trabalho reforça as hipóteses de


que a raça Persa e o gênero masculino tem maior ocorrência de dermatofitose.
INTRODUÇÃO:
Os dermatófitos são fungos ceratinofílicos que se manifestam em parasitismo
na forma de uma micose superficial de potencial zoonótico comum em cães e
gatos denominada dermatofotose (Trabulsi; Alterthum, 2008). Os sinais
clínicos observados são: alopecia circunscrita ou difusa, com áreas de
escamação, hiperpigmentação, eritema e nas margens das lesões os pelos
possuem aspecto quebradiço (Patel; Forsythe, 2010). O diagnóstico baseia-se
no exame com lâmpada de Wood, exame direto e cultura de tecido. O
tratamento inclui banhos com xampu e comprimidos contendo antifúngico.
Medidas preventivas, como manejo sanitário ambiental também são indicados
(Carvalho, 2010).

MATERIAIS E MÉTODOS:
Amostras de pelame de 58 felinos de raças variadas e classificados, conforme o
comprimento da pelagem foram colhidas para a realização desse trabalho. As
raças de pelo longo contempladas foram: Maine Coon (N=20), Persa (N=10)
e Exótico (N=3); enquanto que as de pelo curto foram: Britsh (N=16) e Bengal
(N=9). Nenhum dos animais apresentava qualquer lesão suspeita de
dermatofitose no momento da coleta. Todos os animais eram provenientes
de gatis comerciais localizados na cidade de São Paulo. O critério de seleção
utilizado é que o gatil criasse apenas um dos tipos de pelagem considerados na
pesquisa. Cada amostra foi colhida através da fricção de quadrados de carpete
de 5x5 centímetros de lado, lavados e esterilizados, sobre o dorso dos
animais. O material foi encaminhado ao Laboratório para que fosse processado
por meio de cultivo em placas de Petri contendo meio de ágar Mycosel
e incubado em estufa a 25ºC durante até 21 dias (com leituras a cada três dias).
Após esse período as colônias suspeitas foram isoladas em tubos contendo o
mesmo meio e identificadas por suas características morfológicas macro e
microscópicas.

RESULTADOS:
Dentre os animais que tiveram seu pelame estudado, um (1,72%), espécime
macho, da raça Persa foi positivo para o dermatófito Microsporum canis. Além
deste, também foram identificados os seguintes contaminantes: Acremonium
sp. (n=5); Aspergillus sp. (n=13); Cladophialophora sp. (n=6); M.canis, (n=1);
Penicillium sp. (n=3); Rhodotorula sp. (n=5); Scopulariopsis sp. (n=1); Fonsecaea
sp. (n=1); Trichosporon sp. (n=9); Staphylococcus (n=12); Candida (n=3);
382

Corynebacterium (n=3); Blastochiomyces capitatum (n=7); Mucor sp. (n=2);


Absídia sp. (n=2); Acopulariopsis sp. (n=1).

DISCUSSÃO:
As dermatofitoses são micoses superficiais de caráter zoonótico e de grande
incidência tanto na população animal como humana. Há vários anos que se
sabe que o gato doméstico, especialmente aquele que tem acesso ao ambiente
extra-domiciliar, pode portar assintomaticamente fungos dermatófitos. Tendo
em vista o grande paradigma da prevalência dos fungos dermatófitos em
felinos de pelagem longa, o objetivo dessa investigação foi pesquisar e
comparar o número de animais de pelos curtos e longos quanto a frequência
de isolamento desses importantes agentes. A diminuta casuística encontrada
nesse estudo pode decorrer do fato de as coletas terem sido realizadas em
gatis em que se aplica boa conduta sanitário ambiental, diminuindo assim a
carga microbiana e, consequentemente, a disseminação dos fungos. Vale
ressaltar que o acesso dos felinos à rua era restrito e, que todo animal novo era
submetido à testes clínico-laboratoriais preventivos. Além disso, fatores de
estresse eram minimizados pela separação dos animais por idade e sexo,
associada a uma alimentação balanceada com oferta de rações
Premium e/ou Super Premium. A busca por situações mais diversificadas ou
mesmo outras populações podem contribuir com resultados diferentes e
significativos. Assim, novos trabalhos com um número maior de espécimes de
cada raça, e até mesmo outras raças poderá revelar diferentes perfis para a
ecologia dos fungos dermatófitos.

CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos nesse trabalho vão de encontro àqueles já publicados
que apostam na hipótese de que exista alguma predisposição genética de
machos da raça Persa em serem colonizados por fungos dermatófitos.

REFERÊNCIAS:
Carvalho, A. M. T. M. Dermatofitose por Microsporum canis, Instituto Qualittas
de Pós-Graduação, Brasília-DF, p.23-33, 2010.
Patel, A.; Forsythe, P. Dermatologia em pequenos animais, Rio de Janeiro-RJ,
Editora Elsevier Ltda, p.169-175, 2010.
Trabulsi, L. R.; Alterthum, F. Microbiologia, São Paulo-SP, Editora Atheneu, 5ª
Edição, p.263-265, 2008.
383

134. PLATINOSOMOSE EM FELINO DOMÉSTICO NO ESTADO DE SANTA


CATARINA – RELATO DE CASO

EUNICE AKEMI KITAMURA1, ANDRESSA VIEIRA DE MORAES2, ELISA FISCHER2,


LUCA FRONDANA2, VIVIANE MILCZEWSKI1, ANDRÉ LUIZ TORRECILLAS STURION1
1
Docente de Medicina Veterinária, Instituto Federal Catarinense - IFC -
Araquari
2
Aluno de Medicina Veterinária, Instituto Federal Catarinense - IFC - Araquari

e-mail para correspondência: eunice.kitamura@ifc-araquari.edu.br

RESUMO:

A platinosomose provoca a colangite ou colangiohepatite felina. Os sinais


clínicos são inespecíficos e o diagnóstico difícil, no entanto a incidência é
grande, porém pouco relatada. O objetivo é relatar a platinosomose em felino
doméstico no Estado de Santa Catarina.

INTRODUÇÃO:

A platinosomose é uma hepatopatia parasitária ocasionada por trematódeos


do gênero Platynosomum (Basu e Charles, 2014). A infecção é pela predação da
lagartixa que é o hospedeiro intermediário, o desenvolvimento ocorre nos
ductos e vesícula biliar (Michaelsen et al., 2012).

A colangiohepatite parasitária provocada pelo Platynossomum spp. é


assintomática ou os sinais clínicos são inespecíficos, como a anorexia e
episódios eméticos, associados à baixa produção de ovos e a difícil detecção no
exame coproparasitológico, dificultam o diagnóstico (Basu e Charles, 2014).

No Brasil, a platinosomose foi relatada em vários Estados, mas inexiste em


Santa Catarina (Michaelsen et al., 2012). O objetivo é relatar a platinosomose
em felino doméstico no Estado de Santa Catarina.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
384

Foi atendido em um hospital escola, um felino, fêmea inteira, sem raça


definida, com 12 anos, pesando 4,5 Kg, com a queixa principal de polifagia,
poliúria e polidipsia há 60 dias, referia início dos sinais clínicos após a troca de
ração para ração senior premium para gatos.

A anamnese apresentava vômitos esporádicos há 60 dias, cerca de dois


episódios semanais, com conteúdo alimentar de coloração amarelo e
esverdeado, tinha o hábito de caçar lagartixas e vivia em zona urbana com
acesso à rua. Negava outras alterações clínicas.

O exame físico constatou: animal alerta, sobrepeso (ECC 6/9), desidratação 6%,
mucosas hipocoradas, linfonodo poplíteo reativo e os demais parâmetros vitais
dentro da normalidade.

Foram realizados exames laboratoriais e de diagnóstico por imagem,


confirmando o diagnóstico e instituiu-se o tratamento com sucesso e após a
alta do paciente.

DISCUSSÃO:

Segundo Soldan e Marques (2010), o estilo de vida do felino influencia na


prevalência da infecção: em animais de vida livre é de 42%, em gatos
confinados é de 7,1% e semiconfinados é de 28,6%. O paciente do presente
relato de caso vivia em semi-confinamento.

Em área endêmica são acometidos de 15 a 85% dos gatos com acesso ao


ambiente externo (Soldan e Marques, 2010).

O hemograma revelou linfopenia discreta (1.358/µL), sem importância clínica.


No bioquímico sérico a ALT (alanina aminotransferase) 261UI/L, FA (fosfatase
alcalina) 160UI/L e uréia 79mg/dL apresentaram os valores acima da
normalidade, confirmando a injúria em hepatócitos, colestase e azotemia pré-
renal. A GGT (gamaglutamiltransferase) 4UI/L, albumina, proteína total,
globulinas, creatinina e glicose estavam normais, descartando a doença renal
crônica e diabetes mellitus, estas doenças comuns em gato geriátrico como no
presente relato de caso.

A urinálise com densidade 1.045, levemente turva, pH 7,0 e proteinúria +


(30mg/dL), descartou a nefropatia e confirmou a colangiohepatite felina.
385

A ultrassonografia abdominal demonstrou fígado com parênquima


heterogêneo e vesícula e vias biliares sem presença de ecoestruturas, rins,
bexiga e baço normais, sugerindo colangite e colestase.

O exame coproparasitológico pelo método de centrífugo-sedimentação foi


positivo para ovos de Platynossomum concinnum, confirmando a
platinosomose.

O tratamento hospitalar foi com fluidoterapia por via subcutânea. Foi prescrito
o anti-helmíntico praziquantel, dose 30mg/kg, por via oral, a cada 24 horas,
durante cinco dias, que é mais eficaz (Basu e Charles, 2014), o hepatoprotetor
silimarina, dose 20mg/kg, via oral, a cada 24 horas e a ração da linha
veterinária para doença renal felina.

No retorno após 30 dias apresentava melhora total. O exame bioquímico sérico


revelou: ALT 76UI/L, albumina, uréia (35mg/dL) e creatinina normais, no
entanto a colestase discreta persistia conforme a FA 180UI/L e GGT 15UI/L, o
tratamento com a silimarina foi mantida.

Foi repetido o exame coproparasitológico administrando os colagogos, óleo


mineral e óleo de milho, e nas duas ocasiões foram negativos, portanto o
paciente recebeu alta.

CONCLUSÃO:

É imprescindível incluir a platinosomose como diagnóstico diferencial das


doenças hepatobiliares em felinos domésticos.

REFERÊNCIAS:

BASU, A.K.; CHARLES, R. A. A review of the cat liver fluke Platynosomum


fastosum Kossack, 1910 (Trematoda: Dicrocoeliidae). Veterinary Parasitology,
v.200, p.1-7, 2014. Disponível em: <
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304401713006821>.
Acesso em: 28 Jul. 2015.

MICHAELSEN, R.; SILVEIRA, E.; MARQUES, S. M. T. et al. Platynosomum


concinnum (Trematoda: Dicrocoeliidae) em gato doméstico da cidade de Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Veterinária em Foco, v.10, n.1, p.53-60, 2012.
386

SOLDAN, M.H.; MARQUES, S.M.T. Platinosomose: abordagem na clínica felina.


Revista da FZVA Uruguaiana, v.18, n.1, p.46-67, 2011.
387

135. PRECOCIDADE DA TÉCNICA FEATURE TRACKING IMAGING


BIDIMENSIONAL NA AVALIAÇÃO DA DISFUNÇÃO CARDÍACA SECUNDÁRIA A
SEPSE

VÂNIA CHAVES DE FIGUEIREDO1, RUTHNÉA APARECIDA LÁZARO MUZZI1,


CAMILA SANTOS PEREIRA1, LEONARDO AUGUSTO LOPES MUZZI1, PAULA DE
MELO ARRUDA1, MARINA MARTINS DE OLIVEIRA1
1
Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Minas Gerais, Brasil

RESUMO:

O objetivo do estudo foi avaliar a função do ventrículo esquerdo em cadelas


com piometra, apresentando ou não sepse, por meio do parâmetro Strain (St)
longitudinal obtido pelo FTI-2D. Três grupos foram avaliados, sendo o grupo I
(controle) composto por 10 animais saudáveis, o grupo II composto por 12
animais com piometra e sepse positivo, e o grupo III composto por 7 animais
com piometra e sepse negativo. Em relação ao St longitudinal, observou-se
função ventricular prejudicada nos grupos II e III (-11,04 ± 3,38 grupo I; -8,59 ±
3,97 grupo II; -8,21 ± 1,99 grupo III; p=0,048). Em conclusão, o FTI-2D foi capaz
de detectar alterações da função ventricular esquerda até mesmo em cadelas
com piometra sem quadro clínico evidente de sepse. Devido a sua precocidade,
o FTI-2D pode ser uma ferramenta importante na avaliação da disfunção
miocárdica secundária a sepse.

INTRODUÇÃO:

A ecocardiografia é uma ferramenta valiosa no diagnóstico da disfunção


miocárdica da sepse, uma vez que é capaz de avaliar a função intrínseca do
coração (ZAKY et al., 2014). Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a função
do ventrículo esquerdo (VE) em cadelas com piometra, apresentando ou não
sepse, por meio do parâmetro St obtido pelo feature tracking imaging
bidimensional (FTI-2D).

MATERIAIS E MÉTODOS:
388

A determinação da presença de sepse nas pacientes foi feita de acordo com os


critérios estabelecidos por Rabelo (2012). Avaliou-se um grupo controle (grupo
I – 10 animais saudáveis), um grupo sepse positivo (grupo II – 12 animais) e um
grupo sepse negativo (grupo III – 7 animais). Foi utilizado um aparelho de
ecoDopplercardiografia (MyLab 40, Esaote®) para obtenção das imagens
ecocardiográficas e a técnica FTI-2D para obtenção do parâmetro Strain (St)
longitudinal do ventrículo esquerdo (VE). Em relação a análise estatística, após
o teste de normalidade dos resíduos (Kolmogorov-Smirnov) e
homocedasticidade das variâncias (Levene), a análise de variância (ANAVA) dos
dados de avaliação cardíaca foi realizada. Quando significativos a ANAVA, os
dados foram submetidos ao teste Tukey. Diferenças foram consideradas
estatisticamente significativas quando P < 0,05.

RESULTADOS:

Considerando o St longitudinal, foi observada função ventricular prejudicada


nos grupos II e III (-11,04 ± 3,38 grupo I; -8,59 ± 3,97 grupo II; -8,21 ± 1,99;
p=0,048).

DISCUSSÃO:

O FTI-2D detectou alterações na função cardíaca em pacientes que ainda não


apresentavam sinais clínicos evidentes de sepse. A disfunção miocárdica é
causada por uma variedade de fatores, incluindo efeitos diretos de um
processo infeccioso, como a ação de mediadores inflamatórios e toxinas
bacterianas. Apesar dos animais do grupo III ainda não apresentarem sinais
clínicos evidentes de sepse, havia um processo infeccioso instalado.
Adicionalmente, o FTI-2D é capaz de detectar alterações precoces, ou seja, é
mais sensível. Li et al. (2014) administraram uma endotoxina derivada de
Escherichia coli em coelhos e após duas horas, o St e StR longitudinal e
circunferencial foram significativamente reduzidos em relação ao grupo
controle. Os autores sugeriram que alterações cardíacas podem ocorrer em
uma fase anterior a sepse clinicamente evidente, o que caracterizaria uma fase
subclínica.

CONCLUSÃO:
389

OL FTI-2D foi capaz de detectar alterações da função ventricular esquerda


compatíveis com o quadro de depressão miocárdica até mesmo em cadelas
com piometra sem quadro clínico evidente de sepse. Assim, essa modalidade
pode ser uma ferramenta útil no diagnóstico, uma vez que pode detectar
alterações cardíacas precoces, o que possibilita uma intervenção terapêutica
rápida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Li T, Liu JJ, Du WH, et al. 2D speckle tracking imaging to assess sepsis induced
early systolic myocardial dysfunction and its underlying mechanisms. European
Review for Medical and Pharmacological Science 2014, 18(20):3105-3114.

Rabelo, RC. Sepse, sepse grave e choque séptico. In: RABELO, R. Emergências
de Pequenos Animais: Condutas Clínicas e Cirúrgicas no paciente Grave. 1 ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p.322-340.

Zack, A, Deem, S, Bendjelid, K, et al. Characterization of cardiac dysfunction in


sepsis: an ongoing challenge. SHOCK, v.41, v.12-24, 2014.

136. PREVALÊNCIA DE ENDOPARASITAS EM CÃES (Canis lupus familiaris)


ERRANTES DO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO, PARANÁ
ALAN DOS ANJOS¹, JÉSSICA ZULATTO PEREIRA DOS ANJOS¹, LEOPOLDO
MALCORRA DE ALMEIDA1, SURYA MARTINS TABORDA SANTOS2, RODRIGO
AZAMBUJA MACHADO DE OLIVEIRA3
¹Médicos Veterinários autônomos;
²Acadêmica de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná - PUCPR
³Docente de Parasitologia Animal da Faculdade Evangélica do Paraná - FEPAR.

RESUMO:
O objetivo do presente estudo foi determinar a prevalência de endoparasitas em
cães errantes do município de Campo Largo, Paraná. Amostras fecais de 54
animais foram colhidas e enviadas para análise. O diagnóstico baseou-se na
associação de técnicas qualitativas e quantitativa das fezes colhidas. Quarenta e
seis cães (85,2%) apresentavam endoparasitas. A frequência de parasitos foi
heterogênea, com predomínio de agentes zoonóticos em 89/107 (83,1%)
observações. Cães errantes são potenciais transmissores de agentes zoonóticos, e
a implantação de ações mitigatórias de controle faz-se de capital importância
para a saúde pública.
390

INTRODUÇÃO:
Na saúde pública, o estudo da epidemiologia das doenças parasitárias nos animais
domésticos é de fundamental importância, visto que, são zoonoses em sua
grande maioria. Um ponto importante no controle dessas verminoses são os cães
errantes, pois apresentam grande importância na manutenção e disseminação
dessas parasitoses.
Os parasitos intestinais estão entre os agentes patogênicos mais comumente
encontrados em animais de companhia e constituem uma das principais causas
de transtornos intestinais em cães (Blagburn et al., 1996). Helmintos, como
Toxocara sp. e Ancylostoma sp., devido ao seu potencial zoonótico são
considerados um problema de saúde pública (Santarém et al., 2004).

MATERIAL E MÉTODOS:
Amostras fecais de 54 animais, sem distinção racial, foram colhidas de cães
errantes recolhidos por uma sociedade protetora dos animais, provenientes do
município de Campo Largo, Paraná, entre os meses de Junho a Outubro de 2014.
As fezes eram colhidas, armazenadas em potes plásticos herméticos individuais, e
mantidas refrigeradas em caixas isotérmicas. Posteriormente, eram enviadas para
análise, e processadas num prazo máximo de 24 horas pós-coleta.
O diagnóstico baseou-se na associação de duas técnicas tradicionais qualitativas e
uma quantitativa. As técnicas qualitativas, realizadas através dos métodos de
Hoffmann, Pons e Janer (Hoffmann et al., 1934), além do procedimento descrito
por Faust e Cols (1939). Para quantificação da carga parasitária por animal,
realizou-se a técnica de Gordon e Whitlock (1939). Realizou-se a análise
macroscópica das fezes para avaliar o grau de consistência das mesmas,
diferenciadas entre firme, pastosa, e diarreica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Do total de amostras avaliadas, 46/54 (85,2%) apresentaram algum grau de
parasitismo, sendo 13/46 (28,2%) representadas por uma infecção parasitária
singular, e 33/46 (71,8%) pela associação entre dois ou mais agentes
parasitários. Em contra partida, 8/54 (14,8%) das amostras avaliadas não
apresentaram parasitismo. A relação entre machos e fêmeas no presente estudo
foi de 26/54 (48%) e 28/54 (52%), respectivamente. Quanto à faixa etária dos
animais avaliados, 18/54 (33,4%) eram filhotes, e 36/54 (66,6%) adultos.
O índice relacionado ao número de animais parasitados (85,2%) foi
significativamente superior quando comparado a trabalhos realizados por Leite et
al. (2007) no estado do Paraná, que encontrou um índice de 117/387 (30,2%)
animais parasitados, aquém do encontrado no presente estudo. Tesseroli et al.
391

(2005) encontraram em Curitiba, 54/280 (19,3%), Leite (2013) 75/142 (52,8%) em


Guarapuava - PR, e Oliveira (2009) 97/201 (48%) em Goiânia - GO de amostras
positivas para endoparasitas. Estes trabalhos apresentaram resultados
significantemente inferiores aos demonstrados.
A frequência de parasitos no grupo de animais infectados totalizou 107
observações, distribuídas de maneira singular ou mista. A maior prevalência
correspondeu ao Ancylostoma spp. (24,3%), corroborando com os achados nos
trabalhos de Leite et al. em 2007 (62,1%), Leite em 2013 (26%) e, seguida por
Isospora spp. (18,7%), que mostrou-se mais prevalente no estudo realizado por
Tesseroli et al. (2005), seguida por Giardia spp. (16,8%), Toxocara canis (12,1%),
Trichuris spp. (11,2%), e Eimeria spp. (5,6%). Dentre as diferentes associações
parasitárias, houve o predomínio do Ancylostoma spp. / Isospora sp. 11/33
(33,3%), discordando da literatura observada.
Nesta pesquisa, foi visto que há uma tendência de que infestações por um ou dois
agentes parasitários não interfira na consistência fecal, aparentando sanidade
íntegra, ou seja, nesses casos obtemos uma média de 32,5% de chances de
alteração de fezes. Contudo, nos casos de infestação por três ou mais parasitas, a
probabilidade de se ter a consistência das fezes alteradas aumenta
significativamente para 67,5%.
O presente trabalho utilizou três métodos coproparasitológicos para atingir uma
melhor sensibilidade. Foi visto neste estudo que em algumas ocasiões os métodos
não corroboraram entre si, o que confirmou que a associação de técnicas é a
melhor escolha. Obtemos como resultado a concordância de 91,17% para o
método de centrífugo-sedimentação, 82,35% para sedimentação espontânea, e
50% para o teste de McMaster. Além disso, com a aplicação da associação de
técnicas é possível identificar de forma mais precisa os parasitas para a eleição do
melhor tratamento, suprindo uma deficiência na medicina veterinária, o uso
indiscriminado de drogas antiparasitárias.

CONCLUSÃO:
O elevado índice de cães errantes infectados com parasitos gastrointestinais
sinaliza o risco acentuado da transmissão de agentes zoonóticos para a
população. É de capital importância a implantação de ações mitigatórias para o
controle dos índices de parasitos na população canina e humana.
Aprovação por Comitê de Ética: O presente trabalho foi conduzido sob a
aprovação do Comitê de Ética em Uso de Animais (CEUA) da Faculdade Evangélica
do Paraná (FEPAR), protocolado com o número 3870/2014.

REFERÊNCIAS:
392

BLAGBURN, B.L. et al. Prevalence of canine parasites based on fecal flotation. The
Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v.18, n.5,
p.483-509, 1996.
FAUST, E. C.; SAWITZ, W.; TOBIE, J. ODOM, V. et al. Comparative efficiency of
various technics for the diagnosis of protozoa and helminth in faeces.
International Journal of Parasitology, v. 25, p. 241-262, 1939.
HOFFMANN, W. A.; PONS, J. A.; JANER, J. L. Sedimentation concentration method
in schistosomiasis, Puerto Rico. Journal of Public Health, v. 9, p. 283-298, 1934.
GORDON, H. M.; WHITLOCK, H. N. A new technique for counting nematode egg in
sheep faeces. Journal of the Council for Scientific and Industrial Research. v. 12,
n. 1, p. 50-52, 1939.
LEITE, L. C.; CÍRIO, S. M.; NAVARRO-SILVA, M. A. et al. Ocorrência de
Endoparasitas em amostras de fezes de cães (Canis familiaris) da Região
Metropolitana de Curitiba, Paraná – Brasil. Estudos de Biologia, Curitiba, PR, v. 29,
n. 68/69, p. 319-326, jul./dez. 2007.
LEITE, L. C. Ocorrência de ovos de endoparasitas em amostras de fezes de cães
(Canis familiaris, Linnaeus, 1758) coletadas em vias públicas da cidade de
Guarapuava – Paraná – Brasil. Ambiência Guarapuava (PR), v.9 n.3 p. 619 - 626
Set./Dez. 2013.
OLIVEIRA, V. S.F.; MELO, D. P. G.; FERNANDES, P. R. Ocorrência de helmintos
gastrintestinais em cães errantes na cidade de Goiânia – Goiás. Revista de
Patologia Tropical, vol. 38 (4): 279-283. out-dez 2009.
SANTARÉM, V. A.; GIUFFRIDA, R.; ZANIN, G. A. Larva migrans cutânea: ocorrência
de casos humanos e identificação de larvas de Ancylostoma spp em parque
público do município de Taciba. Revista Brasileira de Medicina Tropical, v.37, n.2,
p.179-181, 2004.
TESSEROLI, G. L.; FAYZANO, L.; AGOTTANI, J. V. B. Ocorrência de parasitas
gastrintestinais em fezes de cães e gatos, Curitiba-PR. Revista Acadêmica,
Curitiba, v.3, n.4, p. 31-34, out/dez. 2005.

137. PRIMEIRO RELATO DE CASO DE TRIPANOSSOMÍASE CANINA EM SERGIPE,


BRASIL
MARINA ANDRADE RANGEL DE SÁ¹, MARINA LUÍSA RUSCHEL¹, KAMILLA
WIRGINIA ALMEIDA DE JESUS¹, CAMILLA GENTIL RESENDE¹, PATRÍCIA OLIVEIRA
MEIRA SANTOS², LEANDRO BRANCO ROCHA²
¹Acadêmico de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe
²Profº do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Sergipe

RESUMO:
393

A tripanossomíase canina é causada, principalmente, por protozoários de duas


espécies: Trypanosoma cruzi, cujos vetores são triatomíneos hematófagos, e
Trypanosoma evansi, que possuem os morcegos hematófagos (Desmodus
rotundus) e as moscas hematófagas das famílias Tabanidae e Stomoxidae como
vetores. Ambos protozoários causam sinais inespecíficos na fase aguda da
infecção, sendo o acometimento miocárdico característico da fase crônica da
infecção por T. cruzi. Os autores deste trabalho têm o objetivo de relatar um
caso de Tripanossomíase canina com sintomatologia aguda inespecífica,
diagnosticado através de exame direto no esfregaço sanguíneo. Os achados
clínicos e as características ambientais sugerem T. evansi como agente
etiológico. O animal teve resposta ao tratamento com aceturato de
diminazeno. O presente relato é o primeiro caso no estado de Sergipe.

INTRODUÇÃO:
A infecção canina por parasitos da família Trypanosomatidae é pouco relatada
no Brasil. As duas principais espécies capazes de infectar os cães, Trypanosoma
cruzi e o Trypanosoma evansi, também infectam humanos, tornando a
tripanossomíase canina uma zoonose (Desquesnes et al., 2013).
A soropositividade canina nacional para T. cruzi varia de 0,3% a 22,7% (Silva,
2002; Souza et al., 2009; Mendes et al., 2013), sendo o T. evansi ainda mais
raro.
Os autores deste trabalho têm o objetivo de relatar um caso de
Tripanossomíase canina em Aracaju-SE.

MATERIAL E MÉTODO:
O relato apresentado é de uma cadela da Raça Cane Corso, tigrada, 6 meses de
idade, criada no bairro Aruanda em Aracaju-SE, Brasil. O tutor informou que a
cadela estava com diminuição de apetite, apatia, pelos opacos e caindo há 10
dias. O canino estava com vacinação e vermifugação em dia, alimentava-se
exclusivamente de ração comercial superpremium, e possuía histórico de
presença de carrapatos. No exame físico foram observadas mucosas oculares
levemente hipocoradas, linfonodos submandibulares e poplíteos aumentados,
pelagem epilando fácil e o restante dos parâmetros normais.
FIGURA 1: Cadela da Raça Cane Corso, tigrada, 6 meses de idade. Fonte:
Arquivo Pessoal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Todos os exames solicitados estavam normais, somente o hemograma revelou
uma leve anemia normocítica normocrômica. A avaliação do esfregaço
sanguíneo revelou a presença de formas tripomastigotas. Esse estágio
394

evolutivo está presente na fase aguda da doença no sangue circulante e


constitui a forma infectante para os vertebrados.
O tutor da cadela relatou que nas proximidades da residência há criação de
capivara e equinos em regiões alagadas, ambiente propício para os principais
vetores do T. evansi, as moscas hematófagas das famílias Tabanidae e
Stomoxidae, relatando também que já viu este tipo de mosca na residência.
Esta informação nos leva a suspeita de que se trada de um caso de T. evansi
(Desquesnes et al., 2013).
A terapia empregada foi o aceturato de diminazeno, 3,5 mg/kg por via
subcutânea, 2 doses com intervalo de 7 dias. Por se tratar de um cão filhote e a
medicação ser bastante tóxica, optou-se via subcutânea. Ocorreu melhora no
quadro hematológico e clínico, e não foram observadas formas parasitarias em
esfregaço sanguíneo. Sete meses pós-tratamento, o animal encontrava-se em
perfeito estado clínico.
Santana et al. (2012) relataram casos de T. cruzi nos Estados da Paraíba e Rio
Grande do Norte, Nordeste do Brasil. No entanto não existe relatos de T. evansi
nesta região, sendo este o primeiro caso relatado no Nordeste. Por se tratar de
uma zoonose, torna-se importante relatar a ocorrência desta doença nas
diferentes regiões.
Este relato levanta uma importante necessidade de levantamento
epidemiológico da doença na região, inclusive estudos com PCR para
identificação da espécie. No caso relatado, seria importante também
diferenciar se não se trata da nova espécie identificada no Brasil recentemente,
o Trypanosoma caninum.

CONCLUSÕES:
O diagnóstico parasitológico do Trypanosoma no esfregaço de sangue é eficaz
na fase aguda. O parasita está presente no bairro Aruanda, município de
Aracaju-SE. O aceturato de diminazeno, 3,5 mg/kg por via subcutâneo em duas
doses com intervalo de 7 dias é eficaz no tratamento da sintomatologia na fase
aguda da doença.

REFERÊNCIAS:
DESQUESNES, M.; DARGANTES, A.; LAI, D. H. et al. Trypanosoma evansi and
surra: a review and perspectives on transmission, epidemiology and control,
impact, and zoonotic aspects. BioMed Research International. v. 2013, ID.
321237, 20 p., 2013.
MENDES, R. S.; SANTANA, V. L.; JANSEN, A. N. et al. Aspectos epidemiológicos
da Doença de Chagas canina no semiárido Paraibano. Pesquisa Veterinária
Brasileira, Patos, Paraíba, v. 33, n. 12, p. 1459-1465, dez. 2013.
395

SANTANA, V. L.; SOUZA, A. P.; LIMA, D. A. S. D. et al. Caracterização clínica e


laboratorial de cães naturalmente infectados com Trypanosoma cruzi no
semiárido nordestino. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 32, n. 6, p. 536-541,
jun. 2012.
SILVA L. S. Prevalência de Soropositivos para doença de chagas em uma
amostra da população de cães domiciliados da cidade de Porto Alegre. 2002,
80p. Dissertação (Mestrado em Cardiologia e Ciências Cardiovasculares) –
Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2002.
SOUZA, A. I.; OLIVEIRA, T. M. F. S.; MACHADO, R. Z. et al. A. Soroprevalência da
infecção por Trypanosoma cruzi em cães de uma área rural do Estado de Mato
Grosso do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, n. 2, p. 150-152, 2009.

138. PROJEÇÃO SUPINADA NA AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DO PROCESSO


CORONÓIDE MEDIAL DA ULNA EM CÃES-RESULTADOS PRELIMINARES
ENDREO ALAN PAIL DOS SANTOS¹, MAYARA NOBREGA GOMES DA SILVA ¹,
MARIA LIGIA DE ARRUDA MISTIERI², JOÃO PAULO DA EXALTAÇÃO PASCON²,
INGRID RIOS LIMA MACHADO², RAFAELA PRESTES³
¹Bolsista de Iniciação Científica do curso de Medicina Veterinária da
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
²Professor adjunto do curso de Medicina Veterinária da UNIPAMPA
³Aluno do Programa de Residência Integrada em Medicina Veterinária da
UNIPAMPA
RESUMO:
O presente estudo anatomo-radiográfico visa comparar projeções radiográficas
convencionalmente utilizadas na avaliação do processo coronóide medial da
ulna de cães à projeção mediolateral em supinação máxima. Hipotetiza-se essa
última projeção permita otimizar a visibilização desse processo anatômico ao
evitar sua sobreposição à cabeça do rádio. De todas as projeções efetuadas, o
processo coronóide medial da ulna foi mais facilmente identificado (p=0,04) na
projeção mediolateral em supinação máxima.

INTRODUÇÃO:
A fragmentação do processo coronóide medial da ulna (FPCM) é causa
frequente de displasia de cotovelo em cães de grande porte (Lavrijsen et al
2012). A avaliação radiográfica é ferramenta comum no diagnóstico de
alterações no processo coronóide medial da ulna (PCMU) não devido à sua
sensibilidade, mas à disponibilidade do método (Haudiquet et al 2002). Embora
a tomografia computadorizada e a artroscopia sejam consideradas mais
396

eficientes diagnóstico definitivo da afecção (Fitzpatrick et al 2009), esses não


estão disponíveis em grande parte dos centros de diagnóstico no Brasil. O
presente trabalho visa comparar as projeções radiográficas convencionalmente
utilizadas à projeção mediolateral (ML) em supinação máxima na visibilização
do PCMU de cães. Acredita-se que projeção ML em supinação máxima possa
otimizar a visibilização do processo ao evitar a sobreposição da cabeça do
rádio.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram utilizados seis cães hígidos com mais de 18 meses de idade e peso
mínimo de 25kg, com concordância dos proprietários. Foram realizadas
projeções radiográficas craniocaudal (CrCa), ML em extensão, ML em flexão
(consideradas projeções convencionais na avaliação da região anatômica) e ML
em supinação máxima em ambos os cotovelos. Foi utilizado o aparelho de
Raios-X Philips modelo KL.74.20/40 e regime de entre 12 e 15 mAs e 42 à 50
Kvp, de acordo com o peso do animal. As radiografias foram avaliadas
cegamente pelo mesmo avaliador, que preencheu questionário padronizado
visando comparar a facilidade de definição e avaliação do PCMU. Ao final, o
avaliador escolheu uma dentre as projeções considerada a melhor para a
identificação do processo anatômico. Os resultados foram avaliados pelo Teste
das Proporções (95% de significância).

RESULTADOS:
O PCMU foi visibilizado em toda sua amplitude em 11 das 12 articulações na
projeção ML em supinação máxima (Figura 1A); em sete articulações na
projeção ML em extensão (Figura 1B); em duas, na projeção ML flexionada e
em uma articulação na projeção CrCa. Houve diferença (p=0,04) entre as
projeções em que o PCMU foi visibilizado com maior frequência, ou seja, ML
em supinação máxima e ML em extensão. As demais projeções, devido à baixa
frequência de visibilização da estrutura, foram consideradas irrelevantes na
avaliação radiográfica desse processo anatômico.

DISCUSSÃO:
Segundo Van Bruggen et al (2010) avaliação radiográfica não é considerada
confiável em se tratando do PCMU.Outras técnicas, como cintilografia e
artroscopia, são consideradas mais sensíveis. Berzon e Quick (2006) afirmam
que a visibilização radiográfica do PCMU é difícil devido à sobreposição da
cabeça do rádio. No entanto, nenhum desses trabalhos utilizou projeções
radiográficas supinadas. A projeção ML em supinação máxima parece melhorar
a visibilização do PCMU, de acordo com os resultados aqui apresentados.
397

Acredita-se que esse fato esteja relacionado à minimização da sobreposição da


cabeça do rádio ao processo. Em consonância, Lau et al (2015) demonstra
aumento de sensibilidade (73,3%) no diagnóstico de alterações no PCMU
através de projeções radiográficas adicionais, dentre elas, projeção supinada a
15 graus. Embora o número de animais avaliados tenha sido pequeno, os
resultados preliminares apontam para utilização promissora da projeção
radiográfica ML supinada na avaliação do PCMU de cães. Novos trabalhos que
envolvam maior número de animais e animais portadores de FPCM deverão ser
realizados para confirmar essa hipótese.

CONCLUSÃO:
Conclui-se que a projeção ML supinada permitiu melhor visibilização do PCMU
em relação às outras projeções nos cães avaliados.

REFERÊNCIAS:
BERZON, J. L.; QUICK C. B. Fragmented coronoid process: anatomical, clinical
and radiographic considerations with case analyses. Journal of the American
Animal Hospital Association n.16, p. 241,251
FITZPATRICK, N.; SMITH, T. J.; EVANS, R. B. et al. Radiographic and arthroscopic
findings in the elbow joints of 263 dogs with medial coronoid
disease. Veterinary Surgery, v. 38, n. 2, p. 213-223, 2009.
HAUDIQUET, P. R.; MARCELLIN-LITTLE, D.J.; STEBBINS, M.E. Use of the
distomedial-proximolateral oblique radiographic view of the elbow joint for
examination of the medial coronoid process in dogs. American journal of
veterinary research, v. 63, n. 7, p. 1000-1005, 2002.
LAU, S.F.; THEYSE, L.F., VOORHOUT, G. et al. Radiographic, Computed
Tomographic, and Arthroscopic Findings in Labrador Retrievers With Medial
Coronoid Disease.Veterinary Surgery, v. 44, n. 4, p. 511-520, 2015.
LAVRIJSEN, I. C. M.; HEUVEN, H.C.M.; VOORHOUT, G. et al. Phenotypic and
genetic evaluation of elbow dysplasia in Dutch Labrador Retrievers, Golden
Retrievers, and Bernese Mountain dogs. The Veterinary Journal, v. 193, n. 2, p.
486-492, 2012.
VAN BRUGGEN, L.W.; HAZEWINKEL H.A., WOLSCHRIJN, C.F. et al. Bone
scintigraphy for the diagnosis of an abnormal medial coronoid process in
dogs. Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 51, n. 3, p. 344-348, 2010.

139. PROJETO DE EXTENSÃO PROPICIA APRENDIZADO E BEM-ESTAR ANIMAL


EM TEMPO DE PARALISAÇÃO ACADÊMICA
398

NILVA MARIA FRERES MASCARENHAS¹, CARMEN LÚCIA SCORTECCI HILST¹,


FERNANDO DE BIASI¹, ANGELITA ZANATA RÉIA2, THOMAS RIBEIRO ROSA³,
GIOVANA GIUFRIDA4
¹ Docentes do Departamento de Clínica Veterinárias, Universidade estadual de
Londrina (UEL), Londrina-PR. ² Anestesista do Hospital Veterinário (UEL),
Londrina-PR,3 Estudante de graduação e bolsista de Extensão em Medicina
Veterinária, UEL, Londrina-PR. 4 Mestranda do Programa Ciência Animal, UEL,
Londrina-PR.

RESUMO:
Os Mutirões de Esterilização Cirúrgica fazem parte do Projeto de Extensão:
Manejo Populacional de Cães e Gatos. Foram atendidos felinos de
Organizações Não Governamentais (ONGs) e de cuidadores particulares,
totalizando 54 cirurgias. Esta atividade permitiu aos acadêmicos, mesmo em
tempo de paralisação, o aprendizado e treinamento prático das cirurgias de
esterilização de fêmeas e machos da espécie felina, não interrompendo
também o atendimento aos animais recolhidos nas ruas e de cuidadores
carentes.

INTRODUÇÃO:
O abandono de animais se tornou um problema de saúde pública, tornando
necessário o controle da natalidade e o auxílio nas adoções responsáveis. Desse
modo, a esterilização cirúrgica é um procedimento justificável, definitivo e
humanitário, que além de contribuir com o bem-estar animal, facilita o
processo de adoção. Existem três métodos de ovariossalpingohisterectomia
(OSH), no entanto, o método tradicional de celiotomia na linha média ventral é
um dos mais utilizados. Já para a orquiectomia, a técnica mais recomendada é
a técnica com abertura da túnica vaginal. Neste contexto, nem mesmo a
paralisação acadêmica impediu a realização de mais um Mutirão de
Esterilização Cirúrgica em felinos com o objetivo de reduzir o número de
animais abandonados e incentivar a adoção e guarda responsável.

MATERIAl E MÉTODOS:

Os felinos foram transportados até o Hospital Veterinário, sendo identificados


e distribuídos na sala pré-anestésica para posterior classificação individual em
um prontuário, contendo numeração, cor da pelagem, sexo, peso, idade,
fármacos utilizados e suas respectivas doses e quantidades totais, nome do
cirurgião e auxiliar, horário de entrada e saída, complicações, e outras
observações. Os animais foram submetidos ao seguinte protocolo anestésico: A
399

medicação pré-anestésica utilizada foi a Acepromazina 0,2%, 0,1 mg/kg, via


subcutânea. Na indução anestésica foi utilizado Zolazepam + Tiletamina
50mg/ml (Zoletil), na dose de 2,5 mg/kg, via intramuscular. Já na manutenção
anestésica, utilizou-se a Cetamina 50 mg/ml, na dose de 10 mg/kg, via
intravenosa (IV). Na maioria dos pacientes foi necessário apenas mais uma
aplicação da Cetamina para a manutenção anestésica, entretanto, no caso do
paciente ter dificuldade em permanecer em plano anestésico adequado, foi
feita a administração de diazepam, na dose de 0,5 mg/kg, IV, com objetivo de
reduzir a quantidade de anestésico total necessário, proporcionando assim
uma maior segurança ao paciente, e uma recuperação pós-cirúrgica mais curta.
O método cirúrgico de esterilização de eleição foi o de hemostasia com três
pinças, com secção entre a 2ª e 3ª e transfixação abaixo da 1ª. Os métodos de
síntese utilizados foram: na orquiectomia, o padrão em “X” na túnica vaginal, e
pontos interrompidos simples em pele; já na OSH, a celiorrafia foi feita com o
padrão em “X” na musculatura abdominal, no tecido subcutâneo a sutura
utilizada foi o Cushing, e na pele pontos interrompidos simples, ou padrão em
“U” horizontal ou Wolf. No caso do paciente apresentar piometra, foi realizado
o padrão Parker-ker no coto uterino, com posterior omentopexia e lavagem da
cavidade abdominal, caso necessário. No pós-operatório imediato os animais
foram distribuídos em uma sala aquecida e monitorados até a completa
recuperação anestésica e retorno das funções fisiológicas, com maior ênfase à
recuperação total da consciência e da temperatura corpórea. Apenas após esta
monitoração intensiva os animais foram liberados. Todos os pacientes foram
pré-medicados com Pentabiótico, e seus cuidadores foram orientados com
relação aos cuidados diários com a ferida cirúrgica, uso de antibióticos, anti-
inflamatório, além de outras recomendações adicionais sobre o manejo dos
animais. Em casos especiais, como a presença de piometra, o paciente recebeu
fluidoterapia adicional, e foi prescrito o tratamento adequado. Além das
cirurgias, foi colhido sangue dos animais para pesquisa de Toxoplasmose pelo
método de imunofluorescência indireta. Participaram das atividades dois
professores e uma anestesista, quatorze graduandos, sendo a maioria
integrante do projeto, incluindo um bolsista, três pós-graduandas e uma
funcionária do setor de esterilização do Hospital Veterinário. Sendo estes
integrantes voluntários, responsáveis desde a preparação e confecção dos
materiais no pré-operatório, até a posterior organização e limpeza das salas
utilizadas do Hospital Veterinário. O custeio dos materiais (fios, agulhas,
seringas, gazes, compressas, panos de campo, colares elisabetanos, entre
outros), fármacos anestésicos, e outros medicamentos foram obtidos a partir
da venda de camisetas, pijamas cirúrgicos, adesivos, e eventos/palestras
promovidas, o que possibilitou a gratuidade deste evento.
400

RESULTADOS:
Foram atendidos 40 felinos recolhidos por ONGs e 14 felinos de cuidadores
particulares, sendo realizadas 31 OSH e 23 orquiectomias, perfazendo um total
de 54 cirurgias feitas pelos estudantes de graduação, sob supervisão dos
professores.

DISCUSSÃO:
Conforme a WSPA (2002) o método de esterilização cirúrgica desenvolvido no
mutirão é considerado um método humanitário e definitivo para se manejar a
reprodução desenfreada de animais, principalmente dos abandonados. As
técnicas cirúrgicas de OSH e orquiectomia utilizadas estão de acordo com Howe
(2006) e MacPhail (2014), respectivamente. Apesar das dificuldades
decorrentes da paralisação acadêmica, com a enorme dedicação dos
integrantes, foi possível a realização deste evento Quanto aos acadêmicos
houve transmissão de aprendizado diferenciado e treinamento interdisciplinar
prático aos alunos, além do exercício de cidadania com assistência e orientação
à comunidade, reforçando o papel social da universidade.

CONCLUSÃO:
A parceria com ONGs gerou a vantagem de esterilização facilitar o processo de
adoção dos animais, contribuindo com o bem-estar animal, incentivando a
guarda responsável. Ao mesmo tempo permitiu a continuidade do aprendizado
e treinamento em Técnica Cirúrgica, Clínica Cirúrgica de Animais de
Companhia, Teriogenologia de Animais de Companhia e Anestesiologia
Veterinária.

REFERÊNCIAS:
HOWE, L.M. Surgical methods of contraception and sterilization.
Theriogenology, v.66, 2006.
MACPHAIL, C.M. Cirurgia dos Sistemas Reprodutivos e Genital. In: FOSSUM,
T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 4ª ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2014.
World Society for the Protection of Animal - WSPA, Um roteiro para auxiliar no
ensino de bem-estar animal em faculdades de Medicina Veterinária, London,
England Seção 2, Módulo 26, 2002.

140. PSEUDO-HERMAFRODITISMO MASCULINO EM UM CÃO COM


SEMINOMA E SERTOLIOMA
401

RENATA MADUREIRA¹, NAZILTON DE PAULA REIS FILHO², ANGÉLICA ROSSOTTI


DOS SANTOS³, ANA LUCIA DIAS3, SELWYN ARLINGTON HEADLEY4, JULIANA
SPEROTTO BRUM¹.
¹Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias -UFPR, Curitiba
²Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária - Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal
³Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular - UEL Londrina
4
Laboratório de Patologia Animal - UEL, Londrina

RESUMO:
Foi atendido no Hospital Veterinário, um cão, macho, da raça Schnauzer,
criptorquida com massa em canal inguinal direito. Durante o procedimento
cirúrgico para a retirada da massa, foi encontrada uma formação tubular a qual
fazia a ligação entre essa massa e o testículo esquerdo. A análise
histopatológica concluiu que a formação tubular se tratava de tubas uterinas, a
massa era o testículo direito com seminoma e sertolioma, e no testículo
esquerdo havia atrofia testicular. A avaliação citogenética revelou
cromossomos normais, do sexo masculino, 78, XY concluindo que se tratava de
um pseudo-hermafrodita masculino.
São classificados como pseudo-hermafroditas indivíduos que possuem gônadas
de um sexo acompanhadas por uma genitália externa e características
secundárias do sexo oposto; já o hermafroditismo verdadeiro é caracterizado
pela presença de tecidos ovariano e testicular no mesmo indivíduo (Burke,
1986). Atualmente há duas formas conhecidas de pseudo-hermafroditismo
masculino: falha no processo de masculinização andrógeno-dependente em
que os animais possuem testículos bilaterais, geralmente criptorquídicos,
genitália externa feminina e nenhuma evidência de genitália interna derivada
dos ductos de Müller (Meyers-Wallen, 2001); e a síndrome da persistência dos
ductos de Müller (SPDM), por mutações no gene da substância inibidora de
Müller (SIM),ou no gene do receptor de SIM (Meyers-Wallen et al., 1989; Josso
et al., 2005)
Nos seres humanos, sabe-se que a SIM é produzido pelas células de Sertoli do
testículo fetal e responsáveis pela regressão de ductos Müllerianas em fetos
masculinos (Josso et al., 2005).
Foi atendido no Hospital Veterinário um cão da raça Schnauzer, com nove anos
de idade e adquirido pelo proprietário como sendo macho. A queixa principal
era o aumento de volume em região inguinal direita. Durante o exame físico
observou-se que na bolsa escrotal havia apenas o testículo esquerdo o qual
estava com diminuição de tamanho. Em palpação da região inguinal direita
observou-se um aumento de volume, com consistência firme, nodular, não
402

aderido com dimensões de 5 x 4,2 x 2,5 cm. Nessa mesma região foi observada,
em exame ultrassonográfico uma massa (possível testículo direito) multi-
cavitária.
Foi realizada a orquiectomia do testículo esquerdo e a retirada do testículo
direito em região inguinal direita. Durante o procedimento cirúrgico observou-
se que havia uma estrutura tubular aderida à vesícula urinária e que ligava os
testículos direito e esquerdo. Essa estrutura também foi enviada para análise
histopatológica juntamente com os testículos. Após o procedimento cirúrgico
foi coletado sangue do animal para a realização da cariotipagem.
Macroscopicamente, o testículo direito (4,0 x 3,5 x 2,5 cm) possuía consistência
firme ao corte e coloração heterogênea rósea. Não foi visualizado o ducto
deferente, e no lugar do mesmo havia uma estrutura tubular que estabelecia
uma ligação entre os testículos. No exame microscópico do testículo direito foi
observada duas populações de células neoplásicas compatíveis com seminoma
e sertolioma. O testículo esquerdo media 2,8 x 1,5 x 0,5 cm. No exame
microscópico observou-se atrofia testicular difusa acentuada.
Não foi observado tecido ovariano. Histologicamente a estrutura tubular
retirada do animal era semelhante a tubas uterinas. A avaliação citogenética
revelou cromossomos normais, do sexo masculino, 78, XY.
No presente caso o animal foi classificado como pseudo-hermafrodita
masculino por possuir gônadas do sexo masculino, tubas uterinas e cariótipo de
78 XY. Em seres humanos com SPMD, os indivíduos têm um cariótipo normal
do sexo masculino e testículos bilaterais (Josso et al., 2005), além disso, os
ductos do sistema Mülleriano se desenvolvem em tubas de Falópio, útero e
vagina anterior (Meyers-Wallen et al., 1989), o que corrobora com nossos
achados em que o animal possuía apenas cornos uterinos sem outras
características externas femininas e cariótipo normal.
A taxa de animais com pseudo-hermafrodita devido a SPDM ainda não é bem
reconhecida. Há relatos de casos de SPDM familiares em Schnauzer
Miniaturasnos Estados Unidos (Meyers-Wallen et al. 1989) e no Japão (Matsuu
et al., 2009).
Sertoliomas em cães pseudo-hermafroditas, da raça Mini Schnauzer, já foram
citadas por alguns autores (Norradin; Baum, 1970; Matsuu et al., 2009). A
presença de dois tumores foi observada em um cão pseudo-hermafrodita que
possuía tumor de células de Leydig no testículo direito e tumor de células de
Sertoli em testículo esquerdo (Bigliardi et al., 2011). Citações de cães pseudo-
hermafroditas, com tumores de células de Sertoli e seminoma unilateral não
foram encontradas como em nosso relato. Outra característica observada foi o
criptorquidismo, o qual é um achado comum também relatado em homens
403

com SPDM e que apresentam tubas de Falópio, útero, vagina anterior e são
fenotipicamente normais (Brook, 1981)
Conclui-se que o presente estudo contribui para divulgação de um relato de
pseudo-hermafrodita masculino com neoplasias concomitantes, entretanto são
necessários mais estudos.

REFERÊNCIAS:
BIGLIARDI, E.; PARMA, P.; PERESSOTTI, P.; et al. Clinical , genetic , and
pathological features of male pseudohermaphroditism in dog. Reproductive
Biology and Endocrinology, v. 12, n. 9, p. 1–7, 2011.
BROOK, C.G.D. Persistent Miillerian duct syndrome. In: Josso N (ed.), The
Intersex Child. Pediatric and Adolescent Endocrinology, vol 8. Basal: S. Karger;
1981: p.100-104.
BURKE, T. J. Small animal reproduction and infertility: a clinical approach to
diagnosis and treatment. Philadelphia Lea & Febiger, p. 248-252, 1986.
JOSSO, N.; BELVILLE, C.; CLEMENTE, N. DI; PICARD, J. Y. AMH and AMH receptor
defects in persistent Müllerian duct syndrome. Human Reproduction Update,
v. 11, n. 4, p. 351–356, 2005.
MATSUU, A.; HASHIZUME, T.; KANDA, T.; et al. A case of persistent müllerian
duct syndrome with sertoli cell tumor and hydrometra in a dog. Jounal
Veterinary Medicine Science, v. 71, n. 3, p. 379–381, 2009.
MEYERS-WALLEN, V. N. Inherited Abnormalities of Sexual Development in Dogs
and Cats. In: P. W. Concannon; G. England; J.Vertergens (Eds.); Recent
Advances in Small Animal Reproduction, 2001
MEYERS-WALLEN, V. N.; DONAHOE, P. K.; UENO, S.; MANGANARO, T. F.;
PATTERSON, D. F. Müllerian inhibiting substance is present in testes of dogs
with persistent müllerian duct syndrome. Biology of reproduction, v. 41, p.
881–888, 1989.
NORRADIN, R. W.; BAUM, A. C. A male pseudohermaphrodite dog with a Sertoli
’ s Cell Tumor, mucometra, and vaginal glands. Journal of American Veterinary
Medical Association, v. 156, n. 2, p. 204–207, 1970.
404

141. QUEILITE ANGULAR NODULAR: UMA DISTINÇÃO PARA AS NEOPLASIAS


ORAIS CANINAS

MAYARA LEAL FIRMINO DA SILVA1, JOSÉ ARTUR BRILHANTE BEZERRA1, KILDER


DANTAS FILGUEIRA1
1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Mossoró-RN)

RESUMO:

Em cães, algumas lesões orais não neoplásicas mimetizam neoplasias, como a


queilite angular. Relatou-se um caso dessa afecção. Uma cadela possuía
alteração bucal há meses. Optou-se por biopsia excisional e histopatologia.
Havia um nódulo, entre o ângulo da extremidade rostral da mandíbula e da
face interna labial. A histopatologia foi compatível com queilite
piogranulomatosa nodular. Deve-se incluir a queilite angular nodular no
discernimento das neoplasias orais dos cães.

INTRODUÇÃO:

As neoplasias orais nos cães têm grande importância por representarem 5,4%
dos tumores malignos desses animais. Algumas lesões não neoplásicas são
consideradas no diagnóstico diferencial (Roza, 2004). Dentre essas se cita a
queilite angular, uma inflamação dos ângulos da boca. Em certos indivíduos o
processo é intenso e granulomatoso, semelhante à macroscopia dos tumores
bucais (Cadastro et al., 2008). Assim, relatou-se um caso de cronicidade da
queilite angular na espécie canina, com morfologia nodular.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
405

Uma cadela, três anos, Beagle, possuía lesão bucal há vários meses. Submeteu-
se a paciente ao exame físico. Optou-se por biopsia excisional, seguida de
histopatologia. A fêmea demonstrou normalidade dos parâmetros vitais. Havia
um nódulo, entre o ângulo da extremidade rostral da mandíbula e da face
interna labial adjacente. A neoformação era macia, séssil, irregular e ulcerada.
Não ocorriam proliferações nas demais estruturas orais ou em outros sítios
anatômicos aparentes. A histopatologia detectou infiltrado inflamatório
neutrofílico e linfo-histiocitário, macrófagos epitelióides, células gigantes
multinucleadas, focos de necrose e fibroplasia. Não foram visualizadas atipias
significativas ou mitoses sugestivas de neoplasia. O padrão foi compatível com
queilite piogranulomatosa nodular. A paciente não teve recidiva.

DISCUSSÃO:

As neoplasias orais usuais em cães são o melanoma e carcinoma de células


escamosas, com porcentagem de 40 e 25%, respectivamente. Possuem
impacto negativo no prognóstico, por invasão tecidual e metástases (Roza,
2004). A frequência da queilite angular nodular não é descrita em cães, mas
com registro em equinos (Barbosa et al., 2009). Embora não neoplásica gera
desconforto e dificuldade de deglutição, porém de prognóstico favorável
(Cadastro et al., 2008). A cadela em discussão divergiu clinicamente, para
disfagia, mas corroborou na evolução clínica satisfatória. A etiologia é
multifatorial, devido a traumas, agentes infecciosos, má nutrição ou
imunodeficiência (Barbosa et al., 2009). Para o animal em questão não se
definiu a origem exata da afecção. A morfologia da queilite em evidência,
mimetizando uma neoplasia, provavelmente foi decorrente da persistência do
fator precedente, conduzindo a aparência granulomatosa, conforme
demonstrado na microscopia. Sabe-se que a que a formação de granulomas
relaciona-se com inflamações crônicas, existindo tipos distintos, como o
granuloma de corpo estranho e o imunitário, sendo o último envolvido com
microrganismos (Werner, 2011). Embora sem causa definida para a queilite
crônica descrita, houve possível envolvimento de ao menos uma das duas
situações acima citadas.

CONCLUSÃO:
406

Deve-se incluir a queilite angular nodular crônica na distinção das neoplasias


orais dos cães.

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, J.D.; ALBERNAZ, T.T.; RIET-CORREA, G.F. et al. Queilite angular


traumática em equinos associada à ingestão de Panicum maximum. Pesquisa
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CADASTRO, G.A.; ALEGRETTI, C.E.; SCABAR, L.F. et al. Terapia fotodinâmica no


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n.4, p.482-486, 2008.

ROZA, M.R. Odontologia em pequenos animais. Rio de Janeiro: L.F. livros, 2004.
361 p.

WERNER, P.R. Patologia geral veterinária aplicada. São Paulo: Roca, 2011. 371
p.

142. QUIMIODECTOMA EM DOIS CÃES: RELATO DE CASO


CHEMODECTOMA IN TWO DOGS: CASE REPORT
FIGUEIREDO, TCF¹; CASTRO, VV¹; RIZZARDI, ACK²; SOUSA, VRF³;ALMEIDA, ABPF³
1
Programa de Residência Uniprofissonal em Medicina Veterinária da UFMT *
(thaizafigueiredo@gmail.com)
² Discente do curso de Medicina Veterinária da UFMT
³ Professora Doutora do Departamento de Clínica Médica Veterinária – UFMT

RESUMO:
Quimiodectomas são neoplasias que se originam dos tecidos
quimiorreceptores, podendo aparecer a partir do corpo aórtico da base
cardíaca ou a partir do corpo carotídeo. Em cães é mais comum em raças
braquicefálicas e o animal acometido apresenta sinais de insuficiência cardíaca
congestiva e comumente efusão pericárdica. O diagnóstico é realizado por
observação dos sinais clínicos e exames complementares. Relata-se caso de
quimiodectoma em cães da raça Fila Brasileiro e Pit Bull, de ambos os sexos.
Em ambos os casos se observou na necropsia a presença de massas na região
da base cardíaca e confirmado no exame histopatológico como
quimiodectoma.

INTRODUÇÃO:
407

Quimiodectoma, tumor do arco aórtico ou paraganglioma, é uma neoplasia


rara, frequentemente benigna, de crescimento lento que se origina de
quimiorreceptores situados, principalmente, no corpo aórtico e corpo
carotídeo (Ehrhart et al., 2002; Meuten, 2002; Moura et al., 2006).
Embora incomuns, os quimiodectomas acometem cães e raramente gatos e
bovinos. Cães idosos e de raças braquicefálicas apresentam maior
predisposição para desenvolver este tipo de neoplasia (Meuten, 2002). E a
ocorrência de metástase é rara (Araújo et al., 2011).
O diagnóstico presuntivo é baseado nos achados clínicos e exames
complementares como radiografia torácica, eletrocardiografia e
ecodopplercardiografia, mas o diagnóstico definitivo é feito pelo exame
histopatológico e/ou imunohistoquímico(Mesquita et al., 2012; Salomão et al.,
2012).O presente trabalho tem como objetivo relatar dois casos de
quimiodectoma em cães, visando enfatizar características clínicas-
epidemiológicas e laboratoriais.

RELATO DE CASOS:
Canino, da raça Fila Brasileiro, 11 anos de idade, foi atendido no setor de
Clínica Médica do Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT), apresentando queixa principal de anorexia, dificuldade
respiratória, perda de peso progressivo, fraqueza e atrofia muscular, ascite,
edema em membros e leve crepitação pulmonar. Pelo estado clínico
apresentado instituiu-se terapia de surpote ( fluidoterapia e oxigenioterapia ).
O canino apresentava sinais de tosse, dificuldade respiratória e perda de peso
há mais de seis meses. Exames complementares como hemograma completo,
ultrassonografia, radiografia e ecocardiográfico não puderam ser realizados à
tempo em virtude do horário e consequentemente fechamento dos setores. O
paciente veio a óbito um dia após o atendimento, sendo encaminhado à
necropsia e realizado análise histopatológica.
Canino, da raça Pit Bull, com seis anos de idade, apresentando tosse. Ao
exame clínico, foi detectada taquipnéia, pressão arterial de 23/13mmHg,
discreta hipofonese cardíaca e crepitação pulmonar. A radiografia foi lsugestiva
de cardiomegalia acentuada, efusão pericárdica ou neoplasia, além de edema
pulmonar. Ao exame ecocardiográfico evidenciou-se a presença de uma massa
tumoral heterogênea de 8x6cm sugerindo neoplasia de base cardíaca. Devido a
inviabilidade cirúrgica pela extensão da formação tumoral se estabeleceu
tratamento paliativo que objetivou minimizar os distúrbios
cardiorrespiratórios. Após cinco meses o animal veio a óbito e foi realizada a
necropsia e exame histopatológico para confirmação diagnóstica.
408

DISCUSSÃO:
O presente relato contrasta com as informações da literatura que refere uma
predisposição de cães braquicefálicos no desenvolvimento dessa neoplasia,
uma vez que foi encontrado em um cão da raça Pit Bull e outro da raça Fila
Brasileiro, e por serem os dois animais de idade adulta senil (Moura et al.,
2006).
O histórico de tosse e dificuldade respiratória, como observado em ambos os
casos, são comumente encontrados em animais com quimiodectoma, de forma
crônica, como visto por Meuten (2002) e Cavalcanti et al.(2006).
O exame radiográfico no segundo caso revelou aumento global da silhueta
cardíaca que pode ser explicado pelo quimiodectoma ou pela endocardiose,
conforme descrito por Salomão et al. (2012) e edema pulmonar também
descrito por Andrade et al. (2013) e Araújo et al. (2011).Por sua vez, o exame
ecodopplercardiográfico foi fundamental para se estabelecer o diagnóstico e
para se aferir a repercussão hemodinâmica do tumor, mesmo não sendo capaz
de indicar a etiologia tumoral (Abduch, 2009).
Com a morte súbita do animal cinco meses após, é possível que a massa tenha
evoluído durante este período até obstruir as câmaras cardíacas e levar ao
colapso cardíaco (Moura et al., 2006).
O diagnóstico definitivo foi feito de acordo com o descrito pela literatura,
através do exame histopatológico o qual observou-se em ambos os casos
células neoplásicas alinhas ao longo e ao redor de capilares, separadas umas
das outras, de formato poliédrico, citoplasma eosinofílico claro.

CONCLUSÃO:
Concluímos neste relato que o quimiodectoma, apesar de rara, pode acometer
cães de outras raças, não somente em braquicefálicos e o clínico deve ficar
atento a possibilidade dessa afecção em cães adultos a senis apresentando
sinais cardiorrespiratórios.

REFERÊNCIAS:
ABDUCH, M.C.D. Ecocardiografia. In: Carvalho, C.F. Ultrassonografia Doppler
em Pequenos Animais. São Paulo: Roca; p. 201-268, 2009.
ANDRADE, H.A.S. et al. Aspectos clínicos e diagnósticos de um quimiodectoma
em cão: relato de caso. In: XXII Congresso de pós-graduação da UFLA, 2013.
ARAUJO, M. M. et al. Quimiodectoma em um cão. Revista de Educação
Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 9, n. 2, p. 46-47, 2011
CAVALCANTI, G.A.O. et al. Fibrilação atrial em cão associada ao
quimiodectomainfiltrativo atrial: relato de caso. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 58, p. 1043-1047, 2006.
409

EHRHART, N. et al. Analysis of factors affecting survival in dogs with aortic body
tumors. VeterinarySurgery, Davis, v. 31, n. 1, p. 44-48, 2002.
MESQUITA, L.P. et al.
Prevalenceandanatomopathologicalfindingsofprimarycardiacneoplasmsofthehe
art base tissuesandmetastases in dogsfromsouthern Minas Gerais, Brazil (1994-
2009).Pesquisa Veterinária Brasileira, v.32, Supl. 11, p. 1155-1163, 2012.
MEUTEN, D. J. Tumors in domestic animals. 4th. Iowa: Iowa State Press, 2002.
MOURA, V. M. B. D. et al.Quimiodectoma como causa de morte súbita em cão
– relato de caso. Veterinária Notícias, Uberlândia, v. 12, n.1, p. 95-99, 2006.
SALOMÃO, M. C. et al. Tumor de arco aórtico em cão (Canis familiaris) – relato
de caso. Veterinária e Zootecnia, São Paulo, v. 19, n. 1, supl 11, p. 107-109,
2012.
410

143. RECONSTRUÇÃO COSMÉTICA APÓS RESSECÇÃO DO PLANO NASAL PARA


TRATAMENTO DE MELANOMA EM UM CÃO

COSMETIC RECONSTRUCTION AFTER RESECTION OF THE NASAL PLAN FOR


MELANOMA TREATMENT IN A DOG

Bernardo Kemper1, Hemilly Greicy Rossi2, Daniella Godoi Kemper 1

Docente do curso de medicina veterinária; UNOPAR/Campus Arapongas.

Discente do curso de medicina veterinária; UNOPAR/Campus Arapongas.

RESUMO:

A forma maligna dos tumores melanocíticos é denominada melanoma, e tem


sua origem a partir da mutação dos melanócitos, células produtoras de
melaninas. São extremamente invasivos e metastáticos, e de rápido
crescimento. Por este motivo, a ressecção cirúrgica é instituída a fim de
remover a maior quantidade de tecido comprometido e proporcionar margens
cirúrgicas livres. Nos casos de envolvimento nasal, realiza-se nosectomia,
muitas vezes precisando utilizar técnicas reconstrutivas como os flapes de
avanço para a síntese das feridas cirúrgicas. O presente trabalho objetiva
descrever uma técnica de reconstrução nasal, após nosectomia realizada para o
tratamento de melanoma nasal em cão.

INTRODUÇÃO:

As neoplasias malignas derivadas dos melanócitos de cavidade oral ocorrem


comumente em cães, nos quais o melanoma constitui a neoplasia maligna mais
comum da cavidade oral. Os tumores que acometem o plano nasal em cães são
raros, e representando apenas 1% do total de neoplasias, sendo os carcinomas
os mais relatados na espécie canina (Turek e Lana, 2007).
411

O melanoma se caracteriza por ser um tumor localmente agressivo e por


produzir metástases locais e distantes (Carlton e Mcgalvin, 1998). Quando se
trata de tumores do plano nasal, a excisão cirúrgica completa é geralmente o
tratamento de escolha e pode ser potencialmente curativa (Gallegos et al.,
2007). Desta forma, para que o prognóstico seja favorável, isto é, a
probabilidade de recidiva tumoral seja menor, faz-se necessária a ressecção
cirúrgica com ampla margem de segurança, o que pode englobar tecido ósseo,
dentes, lábios e globo ocular (Gioso, 2007).

O objetivo do presente trabalho é descrever uma técnica de reconstrução


nasal, após a realização de nosectomia para o tratamento de melanoma nasal
em cão.

MATERIAL E MÉTODO:

Foi atendido no hospital veterinário um cão, macho, sem raça definida, de 5


anos, pesando 4kg, o qual apresentava, há 60 dias, aumento de volume no
espelho nasal tomado por lesões ulcerativas. Segundo o proprietário, o animal
apresentava esporadicamente sangramentos superficiais no local lesionado.

Após o diagnóstico de melanoma, foi realizado o estadiamento clínico, não


ficando evidenciada imagem indicativa de metástase. Deste modo, optou-se
pela ressecção cirúrgica do plano nasal e de porção do lábio rostral para
aumento das margens cirúrgicas.

Com o paciente anestesiado e alocado em decúbito esternal, o plano nasal,


septo nasal, e conchas foram excisadas, conforme necessário até a margem
rostral dos dentes incisivos. A linha de excisão permitiu uma margem de
excisão do tumor com base na aparência macroscópica das lesões. Isto criou
um defeito em elipse de pele, no local onde o plano nasal foi removido. Os
lábios com a porção inferior do filtro foram preservados para criar um flap
alongado de tecido labial em cada lado para plano nasal.
412

A mucosa do septo nasal seccionado foi elevada e a cartilagem septal aparada


alguns milímetros usando fórceps. Em seguida, a mucosa do septo foi aposta
sobre a extremidade cortada da cartilagem com fio absorvível 4-0. A síntese da
pele foi realizada com ácido poliglicólico 3-0 em padrão simples interrompido.
Para o período pós-operatório foi utilizado Cefalexina 30 mg/Kg/BID, Cloridrato
de Tramadol 3 mg/Kg/TID e Meloxicam 0,1 mg/kg/SID, e para todo o período
pós-operatório foi mantida a utilização do colar elisabetano até a retirada dos
pontos, 10 dias após o procedimento. Em um último contato telefônico com o
proprietário, realizado 40 meses após a cirurgia, o mesmo relatou não ter
observado recidiva.

DISCUSSÃO:

O plano nasal é acometido por diversas enfermidades, e, clinicamente, os


animais apresentam ulceração, corrimento nasal, massas ou despigmentação.
Distintas doenças do plano nasal manifestam-se de maneira similar, desta
forma, a biópsia é frequentemente requerida para estabelecer o diagnóstico
definitivo (Schmiedt e Creevy, 2012).

Os melanomas são relativamente comuns em cães, e alguns locais são


frequentemente afetados, como a cavidade oral (56%), lábios (23%), pele
(11%), dígitos (8%) e olhos com (2%) (Smith et al, 2005). Mas, não foram
encontrados dados estatísticos da sua ocorrência no plano nasal de cães.

Gallegos et al (2007) descreveram uma técnica de reconstrução nasal após a


ressecção radical combinada do plano nasal e pré-maxila em dois cães, na qual
obtiveram excelentes resultados. Neste relato, optamos pela execução da
técnica descrita pelos autores com uma modificação, por conservar a região de
pré-maxila e dos dentes incisivos, assim, considerou-se ser menos traumática e
permitir, ainda assim, uma margem cirúrgica segura. A eficácia da técnica pode
ser confirmada por não haver recidiva e enfatizada pelo benefício clínico do
animal e satisfação do proprietário 40 meses após o procedimento.

Em nosso estudo, alcançamos uma margem cirúrgica de 1 cm pela palpação e


visualização da massa, sendo compatíveis com as descritas por Rodaski e
Werner (2009). E o resultado positivo da excisão cirúrgica foi possível de ser
estimado pela não recidiva da neoformação, mesmo após mais de 3 anos da
realização do procedimento.
413

CONCLUSÃO:

A nosectomia revelou-se como método eficaz na ressecção de massa tumoral


com margem, proporcionando um tempo de sobrevida aceitável, associado
com qualidade de vida, o que é preconizado no tratamento. Assim, o uso desta
técnica pode aumentar a oportunidade de fornecer cuidados definitivos para
cães cujos proprietários já não teriam considerado tratamento cirúrgico.

REFERÊNCIAS:

CARLTON, W.W.; MCGALVIN, M. O. Sistema hemopoético. In:___. Patologia


veterinária especial de Thomson. 2ª Ed. São Paulo: Artmed. 1998. p. 23.

GALLEGOS, J.; SCHMIEDT, C.W.; McANULTY, J.F. Cosmetic rostral nasal


reconstruction after nasal planum and premaxilla resection: Technique and
results in two dogs. VeterinarySurgery, 36:669-674, 2007.

GIOSO, M. A. Neoplasia da cavidade oral. In: ____. Odontologia veterinária para


o clinico de pequenos animais. 2. Ed. São Paulo: Manole, 2007. Cap. 10. p. 91-
100.

RODASKI, S.; WERNER, J. Neoplasias de pele. In: DALECK, C.R.; DE NARDI, A.B.;
RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, 2009. p.254-297.

SCHMIEDT, C. W.; CREEVY, K. E. Respiratory System. In: TOBIAS, K.M.;


JOHNSTON, S.A. Veterinary Surgery small animal. 1. ed. v2. Saint Louis:
Elsevier, 2012, Cap.99, p.1691-1706

SMITH, S.H.; GODSCHMIDT, M.H.; MACMANUS, P.M. A comaprative review of


melanocytic neoplasms. Veterinary Pathology, n.39, p. 651-678, 2002.

TUREK, M.M.; LANA, S.E. Canine nasosina ltumors. In: WITHROW, S.J.; VAIL,
D.M. Withrow and MacEwen's small animal clinical oncology. 4.ed. Saint Louis:
Saunders, 2007. Cap.22, sec. D, p.525-539.

144. RECONSTRUÇÃO PALPEBRAL COM MUCOSA ORAL EM CADELA: RELATO


DE CASO
SOUZA K.B.¹, VIEIRA T.C.S.², SAMPAIO M.O.B2, SEABRA N.M.3, BOLLMANN C.1,
SANCHES A.W.D.4, MONTIANI-FERREIRA F.5
1
Médica Veterinária Residente em Oftalmologia Veterinária da UFPR
414

² Médica Veterinária Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência


Animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
3
Médica Veterinária Autônoma formada na Universidade de São Paulo (USP)
4
Médico Veterinário Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência
Animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
5
Professor Responsável pelo Departamento de Oftalmologia Comparada da
Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Uma cadela da raça Labrador Retriever, com 11 anos de idade, foi


encaminhada ao serviço de oftalmologia do Hospital Veterinário para
atendimento. Ao exame oftálmico observou-se nódulo na pálpebra esquerda
no canto medial inferior, medindo aproximadamente 3 cm de diâmetro.
O paciente foi submetido à excisão cirúrgica do nódulo, a qual desencadeou
defeito palpebral extenso (abrangendo cerca de 2/3 da pálpebra) em formato
meia-lua. Consequentemente surgiu a necessidade de reconstrução palpebral:
a manobra escolhida foi através de enxerto da prega musculomembranácea
superior que circunda o orifício da boca. Foram realizadas duas incisões
paralelas ascendentes em direção à pálpebra no lábio superior da face
esquerda. As incisões foram confeccionadas de tamanho que compreendesse o
defeito causado pela nodulectomia. A incisão mais rostral foi prolongada até a
margem palpebral lesionada, já a incisão caudal até metade da outra incisão
para oferecer sustentação e rotação ao tecido .

O pedículo foi rotacionado e suturado em cima do defeito causado com pontos


isolados simples e fio náilon 4-0 e 6-0. Em um mês o paciente retornou para
observação com boa cicatrização nas margens da lesão cirúrgica criada. Foi
realizado exame histopatológico do nódulo e o diagnóstico foi de carcinoma
sebáceo cístico.
O objetivo do relato foi demonstrar que a técnica descrita, embora pouco
aplicada de forma rotineira, apresenta todos os requisitos para o enxerto em
questão ser considerado viável, visto que providenciou: boa estabilidade da
margem palpebral e preveniu de lesões na córnea subsequentemente.
Demonstrou ainda tratar-se de procedimento cosmético que preservou a
habilidade de piscar do paciente, passível de ser repetida e incorporada na
rotina.

145. RELAÇÃO DO FENÓTIPO DE GATOS COM O COMPORTAMENTO


415

JHÉSSICA LUARA ALVES DE LIMA1, MARCELO FARIAS CAVALCANTE1, NILZA


DUTRA ALVES2, FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJÓ2, DIEGO TRINDADE
PEGADO MENDES3, STHENIA DOS SANTOS ALBANO AMORA2.
1
Discente do Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade da Universidade
Federal Rural do Semi-árido (UFERSA).
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ambiente, tecnologia e
Sociedade da UFERSA
3
Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural do
Semi-árido (UFERSA).

RESUMO:
Os gatos domésticos (Felis catus) foram domesticados a aproximadamente
3600 anos, a partir de então os felinos vêm ganhando mais espaço entre os
pets. Embora a maior razão para a adoção de gatos seja pela companhia,
proprietários relataram considerar características fenotípicas externas, com
isso os proprietários acabam considerando características físicas na escolha do
seu animal de estimação, como cor do pelo, tamanho e porte. Assim o objetivo
do trabalho foi avaliar a relação do fenótipo de gatos com o comportamento. A
pesquisa foi realizada com a aplicação de 200 questionários, tendo como pré-
requisitos possuir pelo menos um gato e ser maior de 18 anos. Uma das
questões levantadas foi à relação do gato cinza com seu proprietário. Quando
questionados sobre a obediência de seus animais o gato cinza foi considerado o
mais obediente com 92,30%. Dessa forma foi possível concluir que o fenótipo
dos felinos domésticos demonstrou ter relação direta com o comportamento.

INTRODUÇÃO:
Os gatos domésticos (Felis catus) são considerados os primeiros animais de
estimação, domesticados há cerca de 3600 anos, pelos egípcios, todos os
felinos domésticos atuais são descendentes do Felis silvestris. No decorrer dos
anos os felinos vêm ganhando maior espaço entre os animais domésticos por
se adaptarem facilmente a ambientes fechados (JONGMAN, 2007). Embora a
maior razão para a adoção de gatos seja pela companhia, proprietários
relataram considerar características fenotípicas externas, com isso os
proprietários acabam considerando características físicas na escolha do seu
animal de estimação, como cor do pelo, tamanho e porte. (GOURKOW, 2001).
Segundo Delgado et al. (2012) a coloração do pelo pode influenciar
diretamente no temperamento dos animais, de tal forma que é considerado
um dos principais fatores para escolha do mesmo. Assim o objetivo da pesquisa
foi avaliar a relação do fenótipo de gatos com o seu comportamento.
416

MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada através da aplicação de 200 questionários. Os pré-
requisitos para participar da pesquisa foram possuir pelo menos um gato e ser
maior de 18 anos. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa – CEP – e aceito em 12/12/2014. Os animais foram classificados
quanto à cor da pelagem, idade, idade de adoção, sexo (macho/fêmea),
gonadectomização (sim/não), se foi ou não vítima de abandono, convivência
com outros animais na mesma casa (número e espécies), presença de crianças
em casa, vacinação, histórico de doenças e acesso à rua. As colorações obtidas
foram separadas em três categorias: preto, tigrado, cinza.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram realizados 200 questionários com proprietários de animais. Destes, 23
(11,5%) possuíam a cor preta; 30 (15%) possuíam a cor tigrada 13 (6,5%)
possuíam a cor cinza; 134 (67%) possuíam outras cores (Figura 1). A relação do
gato preto com seu proprietário foi levantada na pesquisa, quando
questionado sobre a obediência de seus animais o preto foi considerado o
menos obediente com apenas 43,48%, já o gato cinza foi considerado o mais
obediente com 92,30%, seguido pelo gato de cor tigrado com 63,33%.
Estudo realizado por Delgado et al. (2010) considerou os pretos mais tímidos
que gatos de outras colorações, assim a falta de obediência observada pode ser
consequência da timidez. No quesito subir no colo e ser afagado o tigrado foi
considerado o mais propenso com 56,67%. De acordo com Devitt (2010),
classificou os tigrados como “amigáveis”, pois gatos dessa coloração
demonstraram exibir comportamento mais desinibido, seguido pelo cinza com
53,85% e o preto com 43,38%. Segundo Ramos (2009), 87% dos gatos gostaram
de ser acariciados por seus donos, diferindo da presente pesquisa onde foi
encontrado um dado diferente, já que uma parcela menor de gatos apresentou
esse comportamento.
Quanto à curiosidade de animais novos na casa, estudos mostraram que o gato
preto se mostrou o mais ativo em farejar novos animais na casa, 65,2% dos
proprietários afirmaram reconhecer esse comportamento nos seus animais. O
gato tigrado ficou em segundo lugar em relação a esse comportamento com
56,67% e o cinza com 38,46%. Ao serem questionados sobre o comportamento
do gato cinza, este foi o que demonstrou menor propensão, com 30,77% de
proprietários relatando esse estimulo, já o gato preto foi o que mais
demonstrou a atividade de caça no dia-a-dia, com 47,83%, e o gato tigrado
ficou com 46,67% de relatos descrevendo o comportamento de caça, dado
muito próximo ao preto.
417

CONCLUSÃO:
De acordo com os dados apresentados o fenótipo dos felinos domésticos
demonstrou ter relação direta no comportamento destes, como a atividade de
caça, farejar animais ou pessoas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DANTAS, L. M. S.. Comportamento social de gatos domésticos e sua relação
com a clínica médica veterinária e o bem-estar animal.
Niterói: UFF, 2010. 139p. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010.
DELGADO, M. M.; MUNERA, J. D.; REEVY, G. M. Human Perceptions of Coat
Color as an Indicator of Domestic Cat Personality. Anthrozoos, v. 25, n. 4,
p. 427–440, 2012.
DEVITT, E.. Colorful Characters: Can coat color determine a cat's personality?
Cat Fancy, V.53, p.30-32, 2010.
GOURKOW, N. Factors affecting the welfare and adoption rate of cats in
animal shelter. University of British Columbia, 2001.
JONGMAN, E.C. Adaptation of domestic cats to confinement. Journal of
Veterinary Behavior: Clinical Applications and Review of Animal Biosciences,
1(1), p.125–156, 2013.
RAMOS, D.; MILLS, D. S. Human directed aggression in Brazilian domestic cats:
owner reported prevalence, contexts and risk factors. Journal of feline
medicine and surgery, v. 11, n. 10, p. 835–41, 2009.
418

146. RELAÇÃO ENTRE A FAIXA ETÁRIA DE TUTORES DE CÃES E GATOS E A


PERCEPÇÃO DE ZOONOSES, EM BELÉM, PARÁ

CAROLINY DO SOCORRO BRITO SANTOS1, JEAN CAIO FIGUEIREDO DE


ALMEIDA1, MONIQUE LEÃO DELGADO1, YAN CARLOS CALDAS CRUZ1, CAMILA
DA CONCEIÇÃO CORDEIRO3, JAMILE ANDRÉA RODRIGUES DA SILVA2, ANTÔNIO
VINÍCIUS BARBOSA2
1
Discente de Medicina Veterinária - Universidade Federal Rural da Amazônia.
2
Professora Adjunta II - Universidade Federal Rural da Amazônia.
3
Discente de Zootecnia - Universidade Federal Rural da Amazônia.

RESUMO:

A pesquisa objetivou avaliar a associação entre a faixa etária de tutores de cães


e gatos e a percepção de zoonoses, em Belém, Pará. Foram aplicados 289
questionários e formados cinco grupos em função da faixa etária - G1 (18 a 30
anos), G2 (31 a 40 anos), G3 (41 a 50 anos), G4 (51 a 60 anos) e G5 (mais de 60
anos).Os grupos G3 e G4 foram os que mais souberam conceituar a palavra
Zoonose, com 64,7% (33/51) e 66,7% (28/42), respectivamente. Quando os
entrevistados foram questionados sobre a ocorrência de zoonoses na família, o
G5 foi o grupo que apresentou 0% dos casos, enquanto que o G1, G2 e G4
apresentaram maiores ocorrências de zoonoses, com 12,5%, 12,3% e 11,9%,
respectivamente. Conclui-se que existe relação entre a faixa etária de tutores
de animais de estimação e a percepção sobre zoonoses, e que pessoas com
idade acima de 60 anos sabem promover o controle dessas doenças, refletindo
em 0% de ocorrência de zoonoses em suas famílias.

INTRODUÇÃO:
419

Os animais de estimação, especialmente cães e gatos são considerados por


muitas pessoas como membros da família (Nunes et al, 2009). Pesquisas
comprovam a ligação emocional entre homem e esses animais, e isso se deve
aos inúmeros benefícios dessa relação, como melhora no estado psicológico,
alívio em situações de tensão, disponibilidade de afeto, amizade, companhia
constante, maior contato físico, proteção e segurança (Karen, 2002). Além de
disso, há melhora na integralização social de portadores de doenças
imunossupressoras, idosos, crianças e pessoas com necessidades especiais.

Entretanto, essa proximidade com cães e gatos de estimação resulta em maior


exposição humanaa agentes com potencial zoonótico. Zoonoses são qualquer
doença e/ou infecção naturalmente transmissíveis de animais vertebrados para
o homem (Zetun, 2009). Estima-se que cerca de 75% das doenças
diagnosticadas em seres humanos, nos últimos anos, têm sido causadas por
patógenos originários de animais ou de produtos de origem animal, tornando-
se, portanto,um grande problema de saúde pública (Ministério da Saúde,
2010), especialmente para idosos. Assim, essa pesquisa objetivou avaliar a
relação entre a fixa etáriade tutores de cães e gatos e a percepção sobre
zoonoses, em Belém, Pará.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram aplicados 289 questionários a tutores de cães e gatos, de diferentes


bairros de Belém, Pará e foram formados cinco grupos em função da renda
faixa etária, tais quais, G1, que foi formado por tutores com idade entre 18 a 30
anos, G2, cujos integrantes tinham idade entre 31 a 40 anos, G3, que incluiu
pessoas idade de 41 a 50 anos, G4, que possuía indivíduos com idade entre 51
a 60 anos e G5, cujos integrantes possuíam mais de 60 anos de idade. Dentre
os entrevistados, 38,75% (112/289) constituíram o G1; 25,26% (73/289), o G2;
17,65% (51/289) representavam o G3; 14,53% (42/289) estavam no G4 e3,81%
(11/289) compunham o G5. As análises foram realizadas utilizando o software
IBM SPSS Statistics Data Editor, versão 19.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
420

Os grupos G3 e G4 foram os que mais souberam conceituar a palavra Zoonose


(P<0,05), com 64,7% (33/51) e 66,7% (28/42), respectivamente. 55,4%
(62/112), 52,1% (38/73) e 54,5% (6/11) são os percentuais dos tutores dos
grupos G1, G2 e G5, respectivamente. Observou-se que, embora muitos
entrevistados desconheçam o termo técnico “Zoonoses”, afirmaram que os
seres humanos podem adquirir enfermidades pelo contato com os animais de
estimação. Segundo Lima et al. (2010), o conhecimento da possibilidade de
adquirir doenças leva à preocupação em evitá-las.

Quando os entrevistados foram questionados sobre a ocorrência de zoonoses


na família, o G5 foi o grupo que apresentou 0% dos casos, seguido do G3, com
5,9%. Os grupos G1, G2 e G4 apresentaram maiores ocorrências de zoonoses,
com 12,5%, 12,3% e 11,9%, respectivamente.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que existe relação entre a faixa etária de tutores de animais de


estimação e a percepção sobre zoonoses, e que pessoas com idade acima de 60
anos sabem promover o controle dessas doenças, refletindo em 0% de
ocorrência de zoonoses em suas famílias.

REFERÊNCIAS:

KAREN, A.; BLACOVISCH, J.; WENDY, M.B. Cardiovascular


reactivityandthepresenceof pets, friends, andspouses:
thetruthaboutcatsanddogs. Psychosomatic Medicine, v. 64, p. 727-739, 2002.

LIMA, A. M. A.; ALVES, L. C.; FAUSTINO, M. A. G.; et al. Percepção sobre o


conhecimento e profilaxia das zoonoses e posse responsável em paisde alunos
do pré-escolar de escolas situadas na comunidade localizada nobairro de Dois
Irmãos na cidade do Recife (PE). Ciência & Saúde Coletiva,15(Supl. 1):1457-
1464, 2010.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Situação epidemiológica das zoonoses de interesse


para a saúde pública. Boletim eletrônico Epidemiológico, Ano 10, n. 2, 2010.
Disponível em: www.saude.gov.br/svs Acesso em: 28/08/2015.
421

NUNES, E.R.C.; ALMEIDA, D.B.A.; GONÇALVES, M.A.; et al. Percepção dos idosos
sobre o conhecimento e profilaxia de zoonoses parasitárias.In: Anais da 9ª
Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão e 6ª Semana Nacionalde Ciência e
Tecnologia; 2009, Recife. Recife: JEPEX; 2009.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). 10 factsonbreastfeeding. WorldHealth


Organization. 2012.

ZETUN, C.B. Análise quali-quantitativa sobre a percepção da transmissão de


zoonoses em Vargem Grande, São Paulo (SP): a importância dos animais de
companhia, da alimentação e do ambiente. Dissertação (Mestrado em
Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses) – Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 119 p., 2009.

147. RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÃO CORPORAL E TECIDO ADIPOSO SUBCUTÂNEO


MEDIDO POR ULTRASSONOGRAFIA EM CÃESLETÍCIA ATHAYDE REBELLO
CARVALHO¹, CARLOS ARTUR LOPES LEITE², NATHALIA BRANT MALTA SALGUEIRO³,
RHADANNA TONETTI BOTELHO4, PAULA LAISE RIBEIRO DE OLIVEIRA5, FÁBIO
RAPHAEL PASCOTI BRUHN6.
1- Mestranda em Ciências Veterinárias, UFLA
2- Professor adjunto, DMV, UFLA
3- Médica Veterinária autônoma - Pet Care
4- Graduanda do Curso de Medicina Veterinária, UFLA
5- Residente em Diagnóstico por imagem, DMV, UFLA
6- Doutorando em Ciências Veterinárias, UFLA

RESUMO:
Devido à dificuldade existente de um diagnóstico preciso da condição corporal
em cães, o objetivo do trabalho foi verificar a existência de correlação entre o
Escore de condição corporal com a camada de tecido adiposo subcutâneo em
cães. Foram avaliados 80 cães através do Escore de condição corporal e
medida ultrassonográfica realizada no espaço entre a sétima vértebra lombar e
a primeira sacral. Entretanto não houve relação significativa entre as variáveis.
Com isso sugere-se a individualização de perfis raciais na tentativa de formar
padrões de tecido adiposo subcutâneo capaz de predizerem o ECC do animal
avaliado. Outros fatores que contribuem para o acúmulo de tecido adiposo
subcutâneo em cães devem ser avaliados entrando na análise final.

INTRODUÇÃO:
422

A desnutrição e a obesidade são condições clínicas que causam alterações


relevantes na fisiologia do organismo (Mondini e Monteiro, 1998). Devido à
dificuldade existente de um diagnóstico preciso da condição corporal em cães,
o objetivo desse trabalho foi verificar a existência de correlação entre o Escore
de condição corporal (Laflamme, 1997) com a camada de tecido adiposo
subcutâneo em cães.

MATERIAL E MÉTODOS:
Foram avaliados 80 cães hígidos de portes e raças diversas. O escore foi
estabelecido por três observadores independentes. A partir das classificações
obtidas, foi utilizada a moda entre elas. A avaliação ultrassonográfica foi
realizada no espaço entre a sétima vértebra lombar e a primeira sacral, com o
animal em decúbito esternal ou quadrupedal. As medidas foram realizadas por
dois observadores, os quais realizaram três medidas, sendo elas: medial, lateral
esquerda e lateral direita. Para verificar a relação entre os diferentes métodos
de diagnóstico, foi elaborada uma matriz de correlação entre eles, por meio do
teste de Correlação de Pearson e Spearman, este quando os dados não
seguiam a distribuição normal após aplicação do teste de Kolmogorov-smirnov.
Os cães foram divididos em porte pequeno (até 15kg), médio(15 a 25kg) e
grande (>25kg).

RESULTADOS:
Não houve correlação significativa entre ECC e camada de tecido adiposo
subcutâneo medido por ultrassom em nenhum dos portes (porte pequeno p =
0,293; médio p = 0,199 e grande p = 0,111).

DISCUSSÃO:
O método ultrassonográfico não apresentou significância como esperado,
como também demonstrado em outros trabalhos (Morooka et al., 2001;
Wilkinson e Mcewan, 1991). Tal fato pode se justificar pela diversidade de
portes e raças apresentadas no presente estudo que, mesmo dividido em
portes, apresentam uma variação de peso e estatura consideráveis. Sugere-se a
realização de estudos individualizando padrões raciais e, assim, buscando-se
validação do método para cada raça.

CONCLUSÕES:
A mensuração de tecido adiposo subcutâneo em cães não obteve correlação
significativa com o ECC em cães. Com isso sugere-se a individualização de perfis
raciais na tentativa de formar padrões de tecido adiposo subcutâneo capaz de
predizerem o ECC do animal avaliado. Outros fatores que contribuem para o
423

acúmulo de tecido adiposo subcutâneo em cães devem ser avaliados entrando


na análise final.
Aprovação pelo comitê de ética da UFLA, protocolo 065/14

REFERÊNCIAS:
LAFLAMME, D. P. Development and validation of a body condition score
system for dogs: a clinical tool. Canine Practice, Santa Barbara, v. 22, n. 3, p.
10-15, 1997.
MONDINI, L.; MONTEIRO, C. A. Relevância epidemiológica da desnutrição e da
obesidade em distintas classes sociais: métodos de estudo e aplicação à
população brasileira. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 1, n. 1,
p. 28-39, 1998.
MOROOKA T.; NIIYAMA M.; UCHIDA E.; et al.; Measurement of the back fat
layer in beagles for estimation of obesity using two-dimensional
ultrasonography. Journal of Small Animal Practice, Oxford, v. 42, n. 2, p. 56-59,
2001.
WILKINSON, M. J. A.; MCEWAN, N. A. Use of ultrasound in the measurement of
subcutaneous fat and prediction of total body fat in dogs. Journal of Nutrition,
Philadelphia, v. 121, n. 11, p. 47-50, 1991.

148. RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÃO CORPORAL, CASTRAÇÃO, SEXO, IDADE E


ALIMENTAÇÃO EM CÃES
LETÍCIA ATHAYDE REBELLO CARVALHO¹, CARLOS ARTUR LOPES LEITE², FÁBIO
RAPHAEL PASCOTI BRUHN³, NATHALIA BRANT MALTA SALGUEIRO4, RHADANNA
TONETTI BOTELHO5, PAULA LAISE RIBEIRO DE OLIVEIRA6,
1- Mestranda em Ciências Veterinárias, UFLA
2- Professor adjunto, DMV, UFLA
3- Doutorando em Ciências Veterinárias, UFLA
4- Médica Veterinária autônoma - Pet Care
5- Graduanda do Curso de Medicina Veterinária, UFLA
6- Residente em Diagnóstico por imagem, DMV, UFLA

RESUMO:
O objetivo do trabalho foi verificar a relação entre a condição corporal, aferida
por três diferentes métodos com castração, sexo, idade e alimentação. Foi feita
a aferição da condição corporal de 80 cães hígidos por meio da aplicação de
três técnicas de aferição da condição corporal. Também foram coletados dados
como idade, sexo, status reprodutivo, peso e alimentação. Observou-se relação
entre maiores índices de obesidade e sobrepeso em fêmeas, cães castrados,
424

idade avançada e animais que ingeriam ração do tipo básica em relação ao


super prêmio.

INTRODUÇÃO:
As principais disfunções nutricionais observadas na prática clínica, tanto em
seres humanos como em animais de estimação, são a desnutrição e a
obesidade. As referidas condições clínicas causam alterações relevantes na
fisiologia do organismo (Mondini e Monteiro, 1998) e merecem ser objeto de
estudo por parte da medicina veterinária. O objetivo do trabalho foi verificar a
relação entre a condição corporal, aferida por três diferentes métodos com
castração, sexo, idade e alimentação.

MATERIAL E MÉTODOS:
A coleta de dados foi estruturada a partir da avaliação física de 80 cães hígidos,
de porte e raças variadas. Foi feita a aferição da condição corporal desses
animais por meio da aplicação de três técnicas, sendo elas: Escore de condição
corporal (Laflamme, 1997); Índice de massa corporal canina (Muller, 2008), e
medidas morfométricas (Burkholder, 2000). Também foram coletados dados
como idade, sexo, status reprodutivo, peso, alimentação e padrão racial. Foram
aplicados testes t de Student, Mann-Withney ou Kruskal-Wallis, estes últimos
quando os dados não seguiam a distribuição normal após aplicação do teste de
Kolmogorov-Smirnov.

RESULTADOS:
O método de medidas morfométricas demonstrou relação significativa com
sexo e idade. As fêmeas apresentaram maiores % de gordura corporal GC (Md
= 17,85; DI = 8,435) que machos (Md = 12,61; DI = 13,5106). A idade também
foi uma variável que apresentou associação significativa com %GC realizada por
meio das medidas morfométricas: quanto maior a idade, maior %GC. Porém a
relação é considerada regular (r = 354).
As variáveis que apresentaram relação significativa com o IMCC foram idade e
alimentação. Quanto à idade, houve uma tendência de que, com o aumento
maior o IMCC. No entanto, a relação é considerada fraca. Em relação à
alimentação, animais cujos proprietários relataram oferecer ração básica
apresentaram maior IMCC (Md = 15,2926; DI = 2,618623) em relação aos que
relataram oferecer ração super prêmio (Md = 12,524127; DI = 12,524127).
Foi observado que houve relação significativa entre ECC com castração e idade.
Os animais castrados obtiveram Md = 6 (DI = 2) de ECC; já os cães não
castrados apresentaram Md = 5 (DI = 2). No que se refere à idade, quanto
425

maior a idade, maior a tendência de aumento do ECC. Entretanto, verificou-se


associação considerada fraca (r = 0,297).

DISCUSSÃO:
Em fêmeas, a obesidade é mais comum que em machos, principalmente
quando jovens. No presente estudo as fêmeas obtiveram maior %GC total que
os machos (Md=5,24%). Em cães com mais de 12 anos de idade, a incidência é
de aproximadamente 40% para ambos os sexos. As taxas aumentam em cães
castrados devido à redução da taxa metabólica (GOSSELIN et al., 2007).
O fator idade teve relação significativa com a condição corporal por todos os
testes. Trata-se de um resultado esperado, pois é sabido que tanto em seres
humanos como em cães, a necessidade energética é diminuída com o avançar
da idade, devido à diminuição na taxa metabólica basal, impulsionada por
mudanças na composição corporal; com isso, há perda da massa corporal
magra, concomitante ao aumento da massa gorda (DIEZ; NGUYEN, 2006).
Quanto à castração, foi encontrada relação significativa com o método de ECC.
Animais castrados apresentavam maior tendência ao sobrepeso e à obesidade,
apresentando mediana de um ponto a mais no ECC. Este fato também já era
esperado, pois se sabe que a esterilização é um importante fator de risco para
a obesidade em cães (DÍEZ; NGUYEN,2006). A castração e a ausência dos
hormônios sexuais, por sua vez, levam ao aumento do apetite e à diminuição
da massa magra e do gasto metabólico (DIEZ; NGUYEN, 2006; GERMAN, 2006).
Quanto à alimentação, foi observada relação significativa pelo IMCC. Os cães
cujos proprietários ofereciam ração básica tiveram tendência a apresentar
maior IMCC, com mediana de 2,77 pontos a mais dos que ingeriam ração super
prêmio. Tal resultado pode ser explicado pela baixa qualidade da gordura
dessas rações (CARCIOFI, 2008), elevando a palatabilidade das rações, portanto
aumentando o consumo.

CONCLUSÃO:
Conforme esperado, houve relação entre castração, fêmeas, avanço da idade e
alimentos básicos em relação ao alimento tipo super prêmio com sobrepeso e
obesidade pelos diferentes métodos.
Aprovação pelo comitê de ética da UFLA, protocolo 065/14

REFERÊNCIAS:
BURKHOLDER, W. J. Use of body condition scores in clinical assessment of the
provision of optimal nutrition. Journal of the American Veterinary Medical
Association, Chicago, v. 217, n. 5, p. 650-654, 2000.
426

CARCIOFI, A. C. Fontes de proteína e carboidratos para cães e gatos. Revista


Brasileira de Zootecnia, v.37 n. esp., p. 28-41, Jul. 2008
DÍEZ, M.; NGUYEN, P. Obesity: epidemiology, pathophysiology and
management of the obese dog. In: PIBOT, P.; BIOURGE, V.; ELLIOTT, D.
Encyclopedia of canine clinical nutrition. Airmargues: Diffo, 2006. p.2-57.
GERMAN, A. J. The growing problem of obesity in dogs and cats. Journal of
Nutrition, Philadelphia, v. 136, n. 7, p. 1940-1946, 2006.
GOSSELLIN, J.; WREN, J. A.; SUNDERLAND, S. J. Canine obesity: an
overview. Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics, Oxford, v. 30,
n. 1, p. 1-10, 2007.
LAFLAMME, D. P. Development and validation of a body condition score
system for dogs: a clinical tool. Canine Practice, Santa Barbara, v. 22, n. 3, p.
10-15, 1997.
MONDINI, L.; MONTEIRO, C. A. Relevância epidemiológica da desnutrição e da
obesidade em distintas classes sociais: métodos de estudo e aplicação à
população brasileira. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 1, n. 1,
p. 28-39, 1998.
MÜLLER, D. C. M.; SCHOSSLER, J. E.; PINHEIRO, M. Adaptação do índice de
massa corporal humano para cães. Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 4, p.
1038-1043, 2008.

149. RELATO DE CASO – ABSORÇÃO COMPLETA DA TUBEROSIDADE DA TÍBIA


EM UM CÃO APÓS FRATURA POR AVULSÃO
BRUNA NATALI DA COSTA1, BRUNA LAMPE ZIELINSKI1, MARCO ANTONIO
FERREIRA DA SILVA2, SIMONE TOSTES OLIVEIRA3
1
Discente de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR),
Curitiba-PR; 2Mestrando em Ciências Veterinárias da UFPR; 3Profa Depto. de
Medicina Veterinária da UFPR.
RESUMO:
Foi atendido um cão jovem com histórico de claudicação do membro pélvico
esquerdo há 4 meses, após atropelamento. No exame físico suspeitou-se de
fratura no joelho deste membro. Ao exame radiográfico constatou-se ausência
da tuberosidade da tíbia, por provável fratura por avulsão na linha fisária.
Optou-se por acompanhamento clínico do cão, uma vez que a tuberosidade da
tíbia já havia sido completamente absorvida, impossibilitando a redução
cirúrgica da fratura.
INTRODUÇÃO:
A fratura por avulsão da tuberosidade da tíbia pode ocorrer espontaneamente
(Nehrbass et al., 2015), também pode ser resultada pela tensão da tração
excessiva sobre a inserção do ligamento patelar na tuberosidade da tíbia,
427

sendo mais comum em animais ativos e com esqueleto imaturo (Von Pfeil et
al., 2012). Não há relatos sobre a absorção completa da tuberosidade da tíbia
após fratura por avulsão.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Foi atendido um cão SRD de 15kg, 1 ano e 3 meses de idade, apresentando
claudicação no membro pélvico esquerdo, com histórico de atropelamento há
4 meses. No exame físico o animal apresentou dor e falta de estabilidade no
apoio do membro, com teste de gaveta e deslocamento cranial da tíbia
negativos. As projeções radiográficas mediolateral e craniocaudal do membro
pélvico esquerdo evidenciaram ausência da tuberosidade da tíbia (Fig. 1). A
radiografia do membro contralateral não mostrou alterações. Optou-se pelo
acompanhamento clínico, uma vez que a tuberosidade da tíbia havia sido
completamente absorvida, impossibilitando a redução cirúrgica da fratura.

DISCUSSÃO:
A ausência da tuberosidade da tíbia, a não definição do ligamento patelar, e os
sinais de fragmentos ósseos são indicativos de fratura por avulsão da
tuberosidade tibial em linha fisária, associada à sua absorção completa. Os
sinais radiográficos de mineralização da linha fisária em cães podem ser
observados entre 10 a 12 meses de idade (Von Pfeil et al., 2009), portanto
antes disto o animal ainda está suscetível às fraturas na linha de crescimento.
Por se tratar de um caso crônico, optou-se pelo tratamento conservativo
devido ao retardo no diagnóstico da fratura, na qual a tuberosidade da tíbia já
havia sido completamente absorvida e a redução cirúrgica não foi viável.

CONCLUSÃO:
A fratura na linha de crescimento da tuberosidade tibial, de caráter crônico e
não tratada, evoluiu para absorção completa do fragmento ósseo.

REFERÊNCIAS:
NEHRBASS, D.; ARENS, D.; ZEITER, S. Spontaneous bilateral avulsion fracture of
the tuberositas tibiae in a New Zealand White Rabbit – A counterpart to
Osgood-Schlatter disease in humans? Experimental and Toxicologic Pathology,
v.67, p.223-227, 2015.
VON PFEIL, D. J. F.; DECAMP, C. E.; DIEGEL, K. L.; et al. Does Osgood-Schlatter
Disease exist in the dog? Veterinary and Comparative Orthopaedics and
Traumatology, v.22, p.257–263, 2009.
VON PFEIL, D. J. F.; DECAMP, C. E.; RITTER, M.; et al. Minimally displaced tibial
tuberosity avulsion fracture in nine skeletally immature large breed dogs.
428

Veterinary and Comparative Orthopaedics and Traumatology, v.25, p.524–


531, 2012.
429

150. RELATO DE CASO - DEGENERAÇÃO TESTICULAR EM CÃO

PELO USO DE DORAMECTINA

BRUNA LAMPE ZIELINSKI1, BRUNA NATALI DA COSTA1, RUBIA CAROLINA SELLA1,


MELINA ANDREA FORMIGHIERI BERTOL2, ANA CLÁUDIA MACHINSKI RANGEL3,
ROMILDO ROMUALDO WEISS4.

Discente de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR),


Curitiba-PR; 2Doutoranda em Ciências Veterinárias da UFPR; 3Médica
Veterinária autônoma; 4Prof. Depto. de Medicina Veterinária da UFPR.

RESUMO:

A degeneração testicular é uma das causas mais comuns de baixa fertilidade


em machos das espécies domésticas. Cães com fertilidade normal e que
apresentaram alteração nos parâmetros reprodutivos posteriormente são
classificados como portadores de infertilidade adquirida, relacionada ao
processo degenerativo do parênquima testicular. Este relato tem o objetivo de
descrever o efeito negativo da doramectina no sistema reprodutor do cão, uma
vez que não há trabalhos referentes a este assunto.

INTRODUÇÃO:

Alguns medicamentos de ação sistêmica apresentam efeitos tóxicos, como por


exemplo a ivermectina, antiparasitário, que pode atuar negativamente na
fisiologia do aparelho reprodutor (Pimpão et al., 2005). A doramectina
pertence à mesma classe da ivermectina, porém não há na literatura relatos do
uso de doramectina resultando em degeneração testicular na espécie canina.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
430

Foi atendido um cão Pastor Alemão de 2 anos e 6 meses de idade para coleta e
avaliação de sêmen. Ao exame físico e andrológico o animal não apresentou
alterações. Para coleta do sêmen foi utilizada estimulação manual do pênis e as
três fases do ejaculado foram fracionadas. A segunda fase, rica em
espermatozoides, apresentou volume de 1,2 mL, coloração branca e aspecto
leitoso. Ao microscópio, observou-se motilidade de 80%, vigor 4 e
concentração/mL de 150x106 espermatozoides, estando de acordo com os
parâmetros espermáticos normais para a espécie canina (CBRA, 2013). Após
seis meses o animal retornou para nova coleta pois estava recebendo
tratamento semanal para sarna demodécica com doramectina (0,6mg/kg SC),
há 7 semanas. À palpação dos testículos constatou-se consistência flácida,
sugerindo degeneração. A amostra de sêmen apresentou-se aquosa. Na análise
microscópica observou-se um quadro de azoospermia, ausência total de
espermatozoides na amostra. Foram feitas quatro coletas, com intervalos
semanais, para confirmar o diagnóstico. Foi estabelecida então a relação entre
a degeneração testicular e o uso prolongado da doramectina, já que o animal
não apresentou outra enfermidade nem foi submetido a outro tratamento
exógeno que justificaria o quadro de infertilidade adquirida.

DISCUSSÃO:

Não foram encontrados na literatura trabalhos que descrevessem alguma


alteração na fertilidade de machos pelo uso de doramectina. Poucos e
divergentes trabalhos relatam as consequências do uso da ivermectina no
sistema reprodutor dos animais. Em um trabalho, houve comprometimento
reprodutivo importante nos machos tratados para sarna com ivermectina
(Paradis, 1998). Em outro, não foram observadas alterações quanto a
espermatogênese, fertilidade e desempenho reprodutivo em cães (Daurio et
al., 1987).

CONCLUSÃO:

A administração a longo prazo de doramectina causou degeneração testicular


em um cão, estabelecendo quadro de infertilidade adquirida.

Referências
431

COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL – CBRA. Manual para exame


andrológico e avaliação de sêmen animal. Belo Horizonte, 2ªed., 2013, 49 p.

DAURIO, C.P; GILMAN, M.R.; PULLIAM, J.D.; SEWARD, R.L. Reproductive


evaluation of male Beagles and the safety of ivermectin. American Journal of
Veterinary Research, v.48, n.2, p.1755-1760, 1987.

PARADIS, M. Ivermectin in small animal dermatology - Part I: pharmacology and


toxicology. The Compedium, v.20, n.2, p.193-198, 1998.

PIMPÃO, C.T.; ROCHA, R.M.V.M.; SCHAEFER, R.; WOUK, A.F.P.F.; CIRIO, S.M.;
BENATO, E.M.; GURGEL, L.G.A.; FRONCZAK, M.A. Avaliação dos efeitos
toxicológicos da ivermectina em cães. Archives of Veterinary Science, v.3, n.4,
p.19-24, 2005.

151. RELATO DE CASO – DEGENERAÇÃO VALVAR E HIPERTENSÃO PULMONAR


EM CÃO
ANA BIANCA FERREIRA GUSSO1, BRUNA NATALI DA COSTA, OLIVA MACHADO
MIRON1, SOFIA WISTUBA MELO DA CUNHA2
1
Discente de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR),
Curitiba-PR; 2Médica Veterinária.

RESUMO:
Foi atendido um cão idoso com histórico de ascite, tosse esporádica e cansaço
fácil. Em exame físico detectou-se sopro sistólico em foco de mitral e em foco
tricúspide. Ao exame de ecodopplecardiograma foram visualizadas alterações
como insuficiência da valva mitral importante, insuficiência da valva tricúspide
importante e aumento biatrial, além de uma pressão pulmonar de 86 mmHg.
Iniciou-se então tratamento à domicílio levando a considerável melhora do
paciente.
INTRODUÇÃO:
A doença valvar degenerativa é a cardiopatia adquirida mais comum em cães,
representando 11% das enfermidades que acometem cães, e dentre essas 40%
são casos de donça valvar crônica (Fox et al., 1998). É uma alteração frequente
em animais idosos e com o espessamento dos folhetos valvares ocorre a
insuficiência valvar (Nelson et al., 2006). Certas raças de pequeno e médio
porte, como o Poodle, apresentam uma tendência a degeneração do colágeno,
sendo uma das possíveis causas (Soares et al., 2001).

DESCRIÇÃO DO RELATO:
432

Foi atendido um cão, Poodle de 4,65Kg, 12 anos, apresentando ascite, cansaço


fácil e tosse esporádica. Em ausculta, foi detectado um sopro sistólico em foco
de mitral grau IV-V e tricúspide grau VI. Ao ecodopplercardiograma, a valva
mitral apresentou degeneração e prolapso de seus folhetos, com insuficiência
(Fig.1) e sinais de sobrecarga secundária em átrio esquerdo, a valva Tricúspide
apresenta espessamento e insuficiência de seus folhetos (Fig.1), com sinais de
sobrecarga secundária em átrio direito e a pressão sistólica estimada no
interior do ventrículo direito e artéria pulmonar foi de 86 mmHg caracterizando
hipertensão pulmonar importante.

DISCUSSÃO:
A hipertensão pulmonar ocorre como uma doença primária ou secundária da
vasculatura pulmonar (Edwards, 1977). Pode ocorrer secundária a pressão
atrial esquerda anormalmente elevada, um aumento do fluxo sanguíneo
pulmonar, ou aumento da resistencia vascular pulmonar (Rich, 1997). A
inflamação vascular pulmonar crônica e fibrose do pulmão também contribuem
para a disfunção vascular. (Winter,1959; McManus,1984). Caracteriza-se por
pressão sistólica acima de 25 mmHg (Rich, 1997). Os sinais clínicos são
intolerância ao exercicio, tosse, dispnéia, síncope, sopro sistólico ou mais
raramente diastólico e ascite (Johnson, 1999). Ecocardiograma com Doppler
fornece a estimativa da pressão arterial pulmonar, quando a insuficiência
tricúspide ou insuficiência pulmonar está presente (Berger, 1985). O
tratamento varia de acordo com os sinais clínicos apresentados pelo paciente.
São utilizados fármacos como diuréticos, vasodilatadores, inibidores de
fosfodiesterase, inibidores de enzima conversora de angiotensina,
bloqueadores de canais de cálcio, assim como a oxigenoterapia (Atkinson et al.,
2009).
A degeneração valvar é uma doença que atinge as válvulas atrioventriculares,
causando seu espessamento e consequentemente impedindo seu perfeito
funcionamento (Belerenian, 2003). Atinge em 60% dos casos unicamente a
valva mitral, em 30% as duas valvas atrioventriculares e em 10% dos casos
apenas a tricúspide (Belerenian, 2003; Perin, 2007; Tilley, 2004). O
ecodopplercardiograma dá a possibilidade de avaliar as câmaras cardíacas e
suas relações, além de analisar as válvulas e o fluxo sanguíneo. É considerado
padrão ouro para endocardiose (Soares, 2004). Por se tratar de uma doença
progressiva que não possui cura, o tratamento clínico visa a melhora dos sinais
clínicos provocados pela insuficiência cardíaca, sendo, portanto, paliativo
(Olivaes, 2010).
CONCLUSÃO:
433

Com o tratamento adequado, foi possível oferecer qualidade de vida e redução


dos sinais clínicos mesmo se tratando de uma cardiopatia de caráter crônico.

REFERÊNCIAS:
BELERENIAN,G.C., MUCHA, C.J., CAMACHO, A. A. Afecções Cardiovasculares em
Pequenos Animais. 1. ed. São Paulo: Interbook, 2003. p. 146 – 151.
PERIN , Carla, Bariani, Mario Henrique, Franco, Débora Fernandes Endocardiose
da Valva Mitral em Cães Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária -
ISSN 1679-7353, ano iv, número, 08, janeiro de 2007
TILLEY, L. P., SMITH JR, F. W. K. Consulta veterinária em 5 minutos. 2. ed. São
Paulo: Manole, 2004. p. 476 – 477
SOARES, E.C.; LARSSON, M.H.M.A. e PINTO, C. F. Aspectos radiográficos da
doença valvar crônica Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.1, p.119-124, jan-fev,
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OLIVAES, C. G. Estudos anatômico e clínico da técnica de anuloplastia valvar
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ed. Heart Disease. A Textbook of Cardiovascular Medicine, 5th ed. Philadelphia,
PA: WB Saunders; 1997:780–806.
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ATKINSON, K. J.; FINE, D. M.; THOMBS, L. A.; GORELICK, J. J.; DURHAM, H. E.
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treatment of pulmonary hypertension secondary to degenerative mitral valve
disease in dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 23, n. 6, p. 1190-
1196, nov./dec. 2009.
434

152. RELATO DE CASO – USO DE BOMBA ELASTOMÉRICA PARA INFUSÃO


LOCAL DE BUPIVACAINA EM CÃO SUBMETIDO A AMPUTAÇÃO DE MEMBRO
TORÁCICO
FLÁVIO AUGUSTO VIEIRA FREITAG1, BERNARDO MANSUR SCHIMALESKI2, JORGE
LUIZ COSTA CASTRO3.
1
Graduando em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUC-PR)
2
Médico Veterinário Ex-Residente em Anestesiologia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Anestesista Veterinário Volante em
Curitiba.
3
Professor de Técnica e Clínica Cirúrgica da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUC-PR)
RESUMO:
O presente trabalho relata o controle da dor pós-operatória em um cão
submetido a amputação de membro torácico por meio da infusão continua de
bupivacaína perineural infundida por uma bomba de pressão negativa. O
paciente foi avaliado quanto a presença de dor, observou-se deambulação no
dia seguinte ao procedimento sem apresentar sinais que sugerissem dor.

INTRODUÇÃO:
Amputações são cirurgias dolorosas, com classificação de grau de dor severo.
Dentre as complicações está a dor neuropática, provocada por leões do tecido
nervoso, como as lesões traumáticas provocadas durante a amputação. Na
maioria dos casos os pacientes são apresentados refratários ao tratamento
com opióide, sendo necessários tratamentos com outras classes
medicamentosas (THURMON, 2013).
Junto a isso temos os anestésicos locais são substâncias capazes de bloquear
reversivelmente impulsos nervosos, sensitivos ou motores. Desta forma
impedem a propagação dos impulsos dolorosos, impedindo a sensibilização
central da dor (GAYNOR, 2009), em decorrência do bloqueio dos canais de
sódio nas membranas das células nervosas. As sensações desaparecem na
seguinte ordem: frio, calor, tato e pressão profunda e retornam na ordem
oposta (THURMON, 2013).
435

RELATO DE CASO:
O presente relato aborda uma cadela, cinco anos, sem raça definida, 29 kg;
com histórico de atropelamento, luxação, cirurgia de artrodese do cotovelo,
complicação pós-operatório e em consequência disso, a paciente foi
encaminhada para amputação (escapulectomia) do membro torácico direito.
No dia do procedimento o animal estava em alerta, sem dor a palpação do
membro acometido, frequência cardíaca de 84bpm, frequência respiratória de
20mpm, temperatura retal de 38,1ºC.
Inicialmente a medicação pré-anestésica, constituída da associação de
acepromazina e cloridrato de meperidina, 0,03 e 5 mg/Kg pela via
intramuscular profunda. Anestesia geral induzida com a associação de fentanila
5µg/Kg, cetamina 1mg/Kg, lidocaína 1,5mg/Kg e propofol 2mg/Kg, IV nessa
sequencia. A anestesia geral foi mantida com isofluorano à concentração
alveolar mínima de 1, com vaporizador tipo kettle. A analgesia trasoperatória
deu-se através da infusão contínua, por via intravenosa, da associação de
fentanil 10µg/Kg/h, cetamina 0,6mg/Kg/h e lidocaína 3mg/Kg/h.
Após dissecação e visualização do plexo braquial, momentos antes de ser
seccionado administrou-se uma associação de lidocaína e bupivacaína, 3 e 1
mg/Kg respectivamente, perineural, realizados pelo próprio cirurgião de forma
estéril.
Durante todo o procedimento cirúrgico a paciente apresentou valores de
frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial e oximetria dentro dos
parâmetros fisiológicos.
Antes do término da cirurgia, uma sonda uretral número 6, foi festonada por
toda a extensão da ferida cirúrgica, tomando-se cuidado para que uma festona
permanecesse exatamente sobre o plexo braquial seccionado, esta sonda foi
conectada à uma bomba de pressão negativa. A fixação da sonda foi realizada
por uma sutura festonada com fio não absorvível 2-0. A bomba, de 60 mL de
capacidade e taxa de infusão de 1mL/hora, foi preenchida com bupivacaína
0,5%. A taxa de infusão foi de 5mg de bupivacaína por hora e 120mg por dia,
correlacionado ao seu peso de 29 Kg, recebia aproximadamente 4 mg de
bupivacaína por dia. Ainda à esta taxa de infusão e a bomba tendo seu
reservatório com capacidade de 60 mL, a infusão total levou dois dias e meio.
Foi aplicado uma bandagem com atadura creponada, para proteção da bomba
e da sonda.
No pós operatório a paciente recebeu: meloxicam 0,1 mg/Kg S.I.D.; dipirona
25mg/Kg T.I.D.; tramadol 5mg/Kg T.I.D; durante 07 dias. Para avaliação da dor
foi utilizado a escala de Glasgow, aplicada a cada 4horas no paciente, escores
maiores que 6 seriam avaliados como dor, e então realizado resgate analgésico.
Sendo essas avaliações realizadas no período que a paciente permanecia
436

internada, pelo período da manhã e tarde, ficando pela noite na casa do


proprietário. O paciente retornou a UHAC com 24h 48h e 72h; e então com 7
dias e finalmente15 dias de pós-operatório para alta cirúrgica.

DISCUSSÃO:
Pela permanência do animal na UHAC, foram possíveis a obtenção de 6 valores
para a escala de Glasgow, cujos resultados foram: 4,4,5,3,2,3. Não
apresentando escores que indicassem dor no paciente. Não foram observadas
demais alterações no paciente.
Durante o pós-operatório foi realizado a troca da bandagem a cada 12horas,
avaliações da ferida cirúrgica e quanto ao nível de dor. Em nenhum momento
apresentou sinais de dor, mesmo durante a troca do curativo e higiene da
ferida cirúrgica que foi realizada com solução de Ringer Lactato, e solução a
base de Clorexidine 2%. Não apresentou episódios eméticos, apresentou
normodipsia, normúria, normofagia e normoquezia. Apresentou equilíbrio em
três patas já no primeiro dia de pós operatório. Conforme pode ser verificado
em vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=3DDkGjWLzCE.
Neste caso como não houve, ou houve mínima, sensibilização central dolosa.
Devido à utilização de protocolo eficiente transoperatório somado aos
anestésicos locais antes de ressecção do plexo e infusão continua de
bupivacaína diretamente sobre o plexo e por toda extensão da ferida cirúrgica,
não foram necessários analgésicos mais potentes no pós-operatório. A
bomba e a sonda foram retiradas ao término da infusão pela melhora do
paciente, caso o mesmo ainda se apresentasse debilitado seria reposto o
volume de bupivacaína da bomba, e continuaria até a melhora clínica do
paciente.
O protocolo utilizado composto por FLK transoperatório e infusão contínua de
bupivacaína associada à dipirona, tramadol e meloxicam, mostrou-se eficaz e
sem efeitos colaterais indesejáveis; não se chegou próximo a dose máxima de
bupivacaína que em cães não deve ultrapassar 4mg/Kg (FANTONI, 2011).

CONCLUSÃO:
Conclui-se que o protocolo utilizado composto por FLK transoperatório e
infusão contínua de bupivacaína associada à dipirona, tramadol e meloxicam,
mostrou-se eficaz e sem efeitos colaterais indesejáveis. A analgesia com o uso
da bomba elastomérica é de fácil realização; e por ser um procedimento pouco
relatado, acreditamos que pode ser colocado na rotina da clínica de animais de
companhia, pois propiciou ao paciente deste relato rápida recuperação

REFERÊNCIAS:
437

FANTONI, Denise Tabacchi & CORTOPASSI, Silvia Renata Gado, org.


Anestesia em cães e gatos. 2.ed. São Paulo, Roca, 2010.
FANTONI, Denise Tabacchi. Tratamento da dor na clínica de pequenos
animais. 1.ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011
GAYNOR, James S. & MUIR, William W. Manual de controle da dor
medicina veterinária. 2.ed. São Paulo, Editora MedVet, 2009.
THURMON, J.C.; TRANQUILL, W.J.; BENSON, G.J. Lumb & Jones’
Anestesiologia e Analgesia Veterinária. 4.ed. Rocca, São Paulo, 2013.

153. RELATO DE CASO DE GRANULOMA EOSINOFILICO EM ROTWEILLER

HASAN, Jamile Amaral1 ; WOLKMER, Patrícia2 ; MARTINS, Patrícia3; BATISTA,


Maysa4; MAIDANA, Fabiana Moro4; DOS REIS, Danubia Marques4.

RESUMO:
Este trabalho objetiva relatar um caso de granuloma eosinofilico diagnosticado
na face de um cão da raça Rotweiller, fêmea com idade de 8 meses. Foi
realizada coleta citológica (imprint) da lesão para avaliação microscópica a qual
revelou presença de grande de eosinófilos, neutrófilos, linfócitos reativos e
células epiteliais sugerindo o diagnóstico de granuloma eosinofilico.

1 INTRODUÇÃO:
Granuloma eosinofilico é uma doença inflamatória cutânea e/ou da mucosa
oral, normalmente relacionada com parasitismo, doenças fungicas,
hipersensibilidade primária (picada de pulga, alimento, atopia) sendo comum
em gatos e considerada rara em cães. É caracterizado por infiltrado celular
denso de eosinófilos, porem neutrófilos, macrófagos possam estar presentes.
Apresenta se como uma elevação firme, rosada e escamosa, aparecendo sobre
a pele intacta e com um grau de alopecia variável, geralmente não causando
prurido. Nos cães é descrita nos pavilhões auriculares, cavidade oral e nos
coxins podais também são mencionadas (ROSENKRANTZ, 1998). Relata-se
haver uma predisposição genética principalmente nas raças Husky Siberiano e
Cavalier King Charles Spaniel (GROSS et al., 2009). A patologia é observada mais
usualmente em animais jovens e do sexo masculino (MILLER et al., 2013).

1
Bolsista PROBIC/FAPERGS - 2015015/2016. Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária da Universidade
de Cruz Alta. Email: jamylehasan@hotmail.com
2
Professoras do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta. pwolkmer@unicruz.edu.br
3
Médica Veterinária, graduada pela Universidade de Cruz Alta.
4 Acadêmica do curso de Agronomia e funcionaria do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da Universidade de Cruz
Alta.
438

A procura por fatores correlacionados às causas da dermatopatia, em função


da busca do tratamento apropriado, é essencial para evitar recidivas (BUCKLEY;
NUTTALL, 2012). O granuloma eosinofílico poderá apresentar cura espontânea
em animais com menos de um ano de idade no entanto, nos casos que
requerem tratamento, as abordagens terapêuticas são de longo prazo,
necessitando de comprometimento e paciência por parte do proprietário para
que o mesmo seja efetivo (BARBOSA et al., 2013). Este trabalho objetiva relatar
um caso de granuloma eosinofilico diagnosticado na face de um cão da raça
Rotweiller.

METODOLOGIA:
Foi atendido um cão da raça Rotweiller, fêmea com idade de 8 meses
apresentando a aproximadamente uma semana lesões nasais de coloração
avermelhada e com pequenos nódulos cutâneos (Figura 1). Durante o exame
clinico não foram observadas outras alterações. Diante das alterações
apresentadas foi realizada coleta citológica (imprint) da lesão para avaliação
microscópica do padrão celular. Na citologia foi revelado presença de grande
de eosinófilos, neutrófilos, linfócitos reativos e células epiteliais sugerindo o
diagnóstico de granuloma eosinofilico (Figura 1). Foi instituído o tratamento
com corticoide oral (prednisona) na dose 20mg/kg/ sete dias a cada 12h, sete
dias a cada 24h e 7 dias a cada 72h
Embora nos felinos seja uma desordem frequente, o granuloma eosinofílico em
cães é uma patologia incomum. A lesão macroscópica do paciente apresenta-se
como uma elevação firme, rosada e escamosa. Leve grau de alopecia e prurido.
Essa reação ocorre devido a atração de eosinófilos e mastócitos as quais
sofrem degranulação ao menor estímulo de pressão ou traumatismo, sendo
responsáveis pela necrose do colágeno em conjunto com mediadores pró-
inflamatórios, liberam enzimas proteolíticas, produzindo-se uma reação
inflamatória que estruturalmente denomina-se de granuloma (MEDLEAU;
HNILICA, 2003).
O diagnóstico foi baseado na anamnese, no exame clínico e citológico. A
citologia representa uma ferramenta importante para auxiliar no diagnóstico,
ao mostrarem predominância de eosinófilos nas lesões, embora neutrófilos e
microorganismos possam também ser observados em casos de infecção
secundária (MEDLEAU; HNILICA, 2003). Porem, não foi possível ressalta-se a
importância da pesquisa a causa da lesão, principalmente buscando causas
alérgicas e eliminação do agente como, por exemplo, controle da infestação de
pulgas, dieta de eliminação e ambiente livre de mosquitos. A investigação da
causa do problema, em função da busca do tratamento apropriado é essencial,
439

para que não ocorram recidivas. Neste caso, o tratamento mostrou-se eficaz,
ocorrendo reversão completa dos sinais clínicos (Figura 2).

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O complexo granuloma eosinofílico em caninos é um grande desafio para os
médicos veterinários, pois mesmo com os avanços no diagnóstico das
dermatopatias essa síndrome continua sendo pouco conhecida e, além disso, a
diversidade de fatores associados à etiologia da doença predispõe a falha
terapêutica.

REFERÊNCIAS:
BARBOSA, A. S.; DEL NERO, B.; AMBROSIO, C. E. Terapia homeopática em
dermatopatias de gatos – revisão de literatura. Acta Veterinaria Brasilica, v. 7,
n. 1, p. 29-37, 2013.
BUCKLEY, L.; NUTTALL, T. Feline eosinophilic granuloma complex – some clinical
carification. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 14, n. 1, p. 471- 481,
2012.
MASON, K.; BURTON, G. Complejo granuloma eosinofilico. In: GUAGUÈRE, E. &
PRÉLAUD, P. Guia Práctica de Dermatología Felina. Merial, 1999, p.12.1-12.9.
MEDLEAU, L.; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais: Atlas Colorido
e Guia Terapêutico. In: __ Miscelânea de enfermidades cutâneas em gatos. São
Paulo: Roca, 2009, Cap. 15, p.249-262.
ROSENKRANTZ, W. S. Dermatite Miliar e Complexo do Granuloma Eosinofílico.
In: BIRCHARD, S. J. & SHERDING, R. G. Manual Saunders-Clínica de Pequenos
Animais. São Paulo: Roca, 1998. p.387-390
440

154. RELATO DE CASO: LEPTOSPIROSE CANINA CAUSADA PELO SOROVAR


BALLUM NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BA

DELCIVAN LIMA DOS SANTOS¹*, SÂNORA CAROLINE DE JESUS ROCHA¹, DIANA


DE OLIVEIRA SILVA AZEVEDO¹, LUANA DE SANTANA CORREIA¹, FLÁVIA SANTIN²,
VERIDIANA FERNANDES DA SILVEIRA³
1
Graduandos do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB): 1* van_bahia18@hotmail.com. ²Professora Dra.
da disciplina Clínica Médica em Pequenos Animais da UFRB. ³Professora Dra.
da disciplina Laboratório Clínico Veterinário da UFRB.

RESUMO:

O presente trabalho teve como objetivo descrever um caso clínico de


leptospirose canina em um labrador Retrivier, atendido na cidade de Cruz das
Almas, BA, soro reagente para o sorovar Ballum, pouco descrito na literatura,
além do Grippothyphosa e Icterohaemorragiae. Após o resultado da sorologia
foi realizado tratamento conforme indicação da literatura. Segundo o
proprietário o animal recuperou-se completamente após o tratamento.

INTRODUÇÃO:

A leptospirose é uma doença bacteriana infectocontagiosa que acomete o


homem, os animais domésticos e silvestres (Prescott, 2008). Os cães são
susceptíveis a todos os sorogrupos de leptospiras conhecidos e adquirem a
doença através do contato com a urina ou sangue de outros animais
infectados, dentre eles ressalta-se a importância dos roedores e gambás, que
funcionam como fonte de infecção, pois atuam como reservatórios de diversos
sorovares (Millánet al., 2009). Diante disso, objetiva-se descrever um caso
clínico de leptospirose canina, soro reagente para o sorovar Ballum
provavelmente adquirido por contato com um gambá (Didelphisalbiventris),
sendo o tratamento realizado conforme indicação da literatura.

RELATO DE CASO:
441

Foi solicitado o atendimento veterinário para um canino, Labrador Retriever,


fêmea, com sete anos de idade. O proprietário relatou que o animal foi deixado
no quintal de sua residência por três dias enquanto o mesmo viajava. Ao
retornar, percebeu que o animal apresentava-se sem vontade de se alimentar e
junto ao mesmo foi encontrado um Didelphis albiventris (gambá) morto. Ao
exame físico constatou-se apatia, êmese, icterícia generalizada, taquipnéia,
taquicardia, hiperemia ocular e hipertermia (39.5°C). Foram realizados exames
complementares como hemograma e sorologia para leptospirose através do
método de Soroaglutinação Microscópica com Antígenos Vivos (SAM). Com o
resultado da sorologia, foi prescrito Metoclopramida, SC (2 dias), Ranitidina, VO
(15 dias), Ampicilina SC, até completar 15 dias e após, administração de
Doxiciclina, VO (10 dias). Após seguir este protocolo farmacológico, o animal se
recuperou completamente.

RESULTADOS e DISCUSSÃO:
442

Os animais silvestres atuam de forma relevante na epidemiologia da


leptospirose, pois roedores e gambás (Didelphis albiventris), se comportam
como reservatórios de diversos sorovares (Millánet al., 2009). Os sinais clínicos
de leptospirose canina são variáveis, dependendo da idade e imunidade do
hospedeiro, dos fatores ambientais que afetam os microrganismos e da
virulência da variedade infectante (Prescott, 2008). Segundo Mccandlish
(2001), observa-se inicialmente hipertermia, vômito, depressão, anorexia e
olhos vermelhos o que pôde ser constatado no presente caso. Ainda foi
possível notar através do exame físico, icterícia generalizada que de acordo
com Greene et al. (2006), ocorre principalmente devido à disfunção de
hepatócitos, decorrente de uma lesão à nível celular. Em relação aos exames
complementares, segundo Birchard e Sherding (2003) podem ser observados
no hemograma, leucopenia no início da infecção, neutrofilia com desvio a
esquerda e trombocitopenia, sendo que no presente caso, só foi possível
observar trombocitopenia. De acordo com Garcia-Narravo e Pachaly (1994),
cães acometidos de forma severa podem apresentar trombocitopenia, devido à
lesão vascular e aumento do consumo de plaquetas em hemorragias. O
método de Soroaglutinação Microscópica com Antígenos Vivos é o exame
sorológico padrão para o diagnóstico da leptospirose (Brasil, 1995).Através do
mesmo foi possível chegar o diagnóstico do caso, pois foi apresentado título de
1:200 para Grippothyphosa, 1:100 para Icterohaemorragiae e 1:100 para
Ballum. No Brasil, os sorovares canicola, pyrogenes, grippotyphosa, pomona,
ballum, australis, foram isolados de animais silvestres, roedores e marsupiais
(Rubelet al., 1997). Os sorovares mais comumente associados e conhecidos da
leptospirose canina clássica são Icterohaemorrahagiae e Canicola (Alveset al.,
2000), o sorovar Ballum possui poucos registros na literatura quanto ao
desenvolvimento do quadro clínico, porém sabe-se que o mesmo está presente
em animais silvestres, sendo que estes funcionam como veículos de infecção
para as demais espécies domésticas e de vida livre.

CONCLUSÃO:
443

Quase todas as espécies domésticas e silvestres podem adquirir a leptospirose,


tornarem-se portadores e eliminar o agente etiológico no ambiente. Neste
relato, a suspeita da transmissão foi dada ao animal silvestre de vida livre, o
gambá (Didelphis albiventris), já que o mesmo foi encontrado morto ao lado do
cão, sendo este soropositivo a um sorovar distinto (Ballum). Devido ao fato dos
animais silvestres serem contribuintes para a disseminação da doença, medidas
profiláticas gerais devem ser tomadas, como o controle de roedores, limpeza
do ambiente e restrição de acesso de cães a ambientes externos, evitando
assim a exposição dos mesmos a sorovares poucos estudados e relatados como
Ballum.

REFERÊNCIAS:

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F.A. [2000]. Avaliação dos níveis de aglutininas antileptospira em cães no
município de Patos PB, Brasil. RevBrasCiêncVet, v.7, n.1, 2000. Disponível em:
<http://www.uff.br>/Acesso em: 18/08/2015;

BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Leptospirose, Brucelose e outras doenças


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São Paulo: Roca, 2003, Seção 2,p.147-150;

BRASIL. Manual de Leptospirose. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de


Saúde. Centro Nacional de Epidemiologia. Coordenação de Controle de
Zoonoses e Animais Peçonhentos. Programa Nacional de Leptospirose. 2ª ed.
rev. Brasília: Fundação Nacional de Saúde. 98 p. 1995;

GARCIA NAVARRO, C. E. K.;Pachaly, J. R. Manual de Hematologia Veterinária.


São Paulo: Varela, 1994. 169 p;

Greene, C. E.; Sykes, J. E.; Brown, C. A.; Hartmann, K. Infectious diseases the
dog and cat. In: GRENNE, C. E.Leptospirosis. 3th ed. St. Louis: Saunders Elsevier,
2006. p. 402-417;

MCCANDLISH, I. A. P.Infecções Específicas Caninas. In: DUNN, J. K.Manual


Saunders: Tratado de Medicina de Pequenos Animais. Ed. 1, São Paulo: ROCA,
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155. RELATO DE DOIS CASOS DE HEMIMELIA RADIAL EM GATO


NAYCHE TORTATO VIEIRA¹, KLAUS CASARO SATURNINO¹; SANDRO DE VARGAS SCHONS¹,
JULIANA SOUSA TERADA NASCIMENTO1, ARTHUR ANTUNES NASCIMETO COSTA1, CAROLINE
BORDINHÃO1
¹ Universidade Federal de Rondônia - UNIR

RESUMO:
A hemimelia ou agenesia radial é uma patologia caracterizada por ausência ou grave hipoplasia
do rádio uni ou bi-lateral, causando ao animal claudicação, limitações de locomoção,
deformidade angular do membro afetado. Neste trabalho relatam-se a ocorrência de dois casos
de agenesia bilateral de rádio em felinos sem parentesco, atendidos no serviço de clínica
ambulatorial.

INTRODUÇÃO:
A hemimeliaradial (AH) é uma patologia rara do sistema locomotor, caracterizada por ausência
completa ou hipoplasia severa do rádio, de ocorrência unilateral ou bilateral, classificada dentro
das hemimelias longitudinais, relatadas em humanos (Jezyk, 1985). Os cães, galinhas, ratos,
cabras e gatos são acometidos, entretanto os felinos são os mais afetados (Murciana, Agut et al.,
1999; Mendes, Rausch et al., 2002), sendo o rádio mais diagnosticado em casos de hemimelia
(Mendes, Rauschet al., 2002). Clinicamente, os animais acometidos pela patologia manifestam
claudicação e limitações do membro acometido causadas pela ulna vara e lesões articulares
associadas (Murciana, Agut et al., 1999). A etiologia destas da má formação óssea é incerta, e
tem se relacionados a fatores genéticos, ambientais ou a combinação de ambos (ALAM et al.,
2006;Pimentel, Lisboa et al., 2007), bem como a fatores físicos durante o parto, como
deficiência intra-uterina de cobre, manganês, zinco e compressão fetal (Scott e Mclaughlin,
2007).

RELATO DE CASO:
445

Foram atendidos no ambulatório, dois felinos, sem raça definida, um macho com idade de nove
(09) meses e uma fêmea com três (03) meses. O proprietário do macho relatou que desde a
adoção, aproximadamente 30 dias de idade, o animal apresentava claudicação, encurtamento
e ulna vara dos membros torácicos, locomovia-se em pequenos saltos impulsionados pelos
membros posteriores e apoiava os membros torácicos na região lateral do membro, tocando a
face lateral da articulação carpo-ulnar e intercarpiana no solo. A fêmea apresentava claudicação
e dificuldade de locomoção, ulna vara bilateral e locomovia-se arrastando e apoiando a face
articular lateral de ambas as articulações intercarpianas. Segundo o proprietário a curvatura
estava se acentuando com o passar do tempo. Realizou-se exame clínico, radiológico com
acompanhamento dos casos. Nos pacientes havia instabilidade bilateral das articulações carpo-
ulnares com ulna vara. O macho apresentava ângulo de 63° na articulação carpo-ulnar e a
fêmea ângulo de 45°, compatíveis com a avaliação radiográfica. Havia redução da amplitude de
movimento nas articulações úmero-ulnares e carpo-ulnares de forma bilateral, sem sinais de
dor, além da ausência do primeiro dedo nos quatro membros anteriores avaliados. No macho
havia crepitação na articulação úmero-ulnar. Radiograficamente constatou-se ausência bilateral
total dos rádios nos antebraços e aumento do diâmetro da ulna evidente na diáfise distal em
ambos os animais. Os dois felinos não possuíam o osso carpo radial, carpo acessório e 1°
carpiano. No macho havia luxação úmero-ulnar bilateral e na fêmea sub-luxação úmero-ulnar
bilateral.

DISCUSSÃO:
A AR é uma patologia pouco frequente e pode acometer felinos uni ou bilateral. Nestes casos,
assim como nos casos relatados por Pimentel, Lisboa et al. (2007) e Mendes, Rausch et al.
(2002), a doença foi de ocorrência bilateral,comum nesta espécie e em ambos os sexos. Assim
como outros autores (Murciana, Agut et al., 1999; Mendes, Rausch et al., 2002; Pimentel, Lisboa
et al., 2007) observou-se procura pelo atendimento veterinário em idades variadas, apesar de
se considerar o atendimento aos nove meses tardio para esse tipo patologia. Na forma
bilateral,a doença causa restrição de locomoção grave e deformidade variável dos membros
torácicos também descritos por Murciana, Agut et al. (1999); Pimentel, Lisboa et al. (2007).
Clinicamente a deformidade leva a instabilidade e incongruências úmero-ulnares e carpo-
ulnares, semelhante ao relato de Pimentel, Lisboa et al. (2007), e confirmado
radiograficamente. O agravamento das deformidades angulares com o avançar da idade e
ganho de massa corporal, possivelmente está associado a quadros de luxação da articulação
úmero-ulnar e carpo-ulnar como ocorreram no macho. Lesões semelhantes são relatadas por
Jezyk (1985); Scott e Mclaughlin (2007). No caso da fêmea, o controle ambiental e menor massa
corporal não permitiram a ocorrência de luxação úmero-ulnar dos membros nem sinais lesões
radiográficas de osteoartrose. De acordo com o proprietário da gata, nenhum dos irmãos da
ninhada manifestou a doença, diferente do relatado por Mendes, Rausch et al. (2002)e
Murciana, Agut et al. (1999) onde a doença ocorreu em vários animais da mesma ninhada. Em
relação ao gato macho, não foi possível verificar se a causa foi genética, por desconhecimento
446

do proprietário do histórico familiar. A ausência do osso carpo radial, carpo acessório e primeiro
osso carpiano são achados também descritos por Murciana, Agut et al. (1999) e possivelmente
contribuem para manter o desvio angular. Não se observaram lesões cutâneas nas áreas
utilizadas para apoio do peso nos membros anteriores, achado semelhante publicado por
Mendes, Rausch et al. (2002). As lesões cutâneas não ocorreram em virtude dos pacientes
ficarem em pisos de revestimento cerâmico liso, logo com baixo coeficiente de atrito.

CONCLUSÃO:
A AR é uma patologia que acomete felinos e outras espécies, acarretando incapacidade parcial
de locomoção devido a desvios angulares nos membros anteriores, sendo as ocorrências
bilaterais,nos casosmais graves. Quando não tratadas podem se agravar com a idade, evoluindo
para casos de osteoartrose e luxações articulares, especialmente em animais com sobrepeso.
Orquiectomia ou ovariohisterectomia são recomendadas com vistas a evitar propagaçãoda
doença na população.

REFERÊNCIAS:
JEZYK, P. F. Constitutional Disorders of the Skeleton in Dogs and Cats. Textbook of Small Animal
Orthopaedics. NEWTON, C. D. e NUNAMAKER, D. M. Ithaca: International Veterinary
Information Service 1985.
MENDES, T. C.; RAUSCH, S. F.; CARAPETO, L. P. Hemimelia em felinos - Relato de três casos. XXIX
Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária - CONBRAVET 2002. Gramado - RS. Resumo.
MURCIANA, J. et al. Agenesia de radio en una gata. Clinica Veterinaria de Pequeños Animales,
v. 19, n. 1, p. 47-50, 1999.
PIMENTEL, A. S. et al. Agenesia bilateral de rádio em gato (Felis cati) - Relato de caso. Revista
Universidade Rural - Série Ciências da Vida, v. 27, p. 209-210, 2007.
SCOTT, H. W.; MCLAUGHLIN, R. Feline orthopedic. Barcelona: Manson Publishing, 2007.
Disponível em: <http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=No2sFOQ-
FsgC&oi=fnd&pg=PA3&ots=NXok7kbgb9&sig=_3uWrm67q9ZY8JB7_72W6ijMgLA>. Acesso
em: 27/01/2012.
ALAM, M. R. HEO, S. Y.; LEE, H. B.; KIM, J. H.; PARK, Y. J.; LEE, K. C.; CHOI, I. H.; KIM, N. S. Preaxial
longitudinal intercalary radial hemimelia in a dog: a case report. Veterinarni Medicine, Jeonju,
Republic of Korea, v. 3, n. 51, p. 118-123, 2006.
447

156. ANÁLISE DO CAMPO TÉRMICO EM ÚBERE BOVINO EX VIVO APÓS


APLICAÇÃO DE ULTRASSOM TERAPÊUTICO

ANDRESSA DE CASTRO SOUZA1, TALISSA MARTINS NASCIMENTO1, SORAIA


FIGUEIREDO DE SOUZA2, WAGNER COELHO DE ALBUQUERQUE PEREIRA3, LUÍS
EDUARDO MAGGI2
1
Discente do curso de Veterinária, UFAC, AC
2
Docente do curso de Veterinária, UFAC, AC
3
Docente do Programa de Engenharia Biomédica - COPPE/UFRJ, RJ

RESUMO:

Este trabalho teve como objetivo verificar com o auxílio de uma câmera
infravermelha o superaquecimento após a aplicação de ultrassom terapêutico
1 e 3 MHz, com intensidade de 1W/cm² em modo contínuo durante 5 minutos
em úberes bovinos ex vivo . Não foi encontrada temperatura média acima de
45ºC em nenhum dos casos.

INTRODUÇÃO:

O Ultrassom Terapêutico é utilizado há aproximadamente seis décadas para


tratamentos de doenças, promovendo reparo tecidual (Matheus et al., 2008) e
também promovendo diminuição da dor (Franco et al., 2005). Pode ser usado
trazendo certos benefícios como aumento do fluxo sanguíneo, síntese proteica
e estimulação das fibras nervosas aferentes (Alencar, 2004).

Os quartos mamários são as quatro glândulas mamárias totalmente


independentes que compõe o úbere (Moraes, 2015) e eventualmente podem
apresentar certas doenças, tais como: mastite, estefanofilariose bovina
(Miyakawa; dos Reis; Lisbôa, 2009), varíola bovina (Lobato et al., 2005), entre
outras que ocasionam prejuízos para a produção de leite.

O presente trabalho tem por objetivo verificar a possibilidade do emprego do


ultrassom no tratamento de patologias do úbere descartando a ocorrência de
superaquecimento após a aplicação deste por meio de termografia.

MATERIAL E MÉTODOS:
448

A partir da doação do úbere por um frigorífico, a peça foi dissecada em seus


quartos mamários, pois como estes são estruturas independentes, uma
aplicação individualizada possivelmente seria mais efetiva. Foi efetuada uma
incisão no ligamento suspensório médio, que divide o úbere no plano mediano
(Moraes, 2015). Em seguida, outra incisão foi realizada nos limites entre os
quartos anteriores e posteriores, que não são bem definidos (Konig; Liebich,
2011).

O quarto selecionado foi levado ao banho Maria por 15 minutos para atingir a
temperatura média normal do corpo animal vivo entre 38° e 39°C (Abreu et al.,
2011). Posteriormente, a peça foi acomodada em uma superfície termicamente
isolada para aplicação do ultrassom terapêutico, com intensidade de 1W/cm2,
frequência de 1MHz e modo contínuo por 5 minutos, permanecendo o
transdutor estático. A aplicação contou com o auxílio de gel ultrassônico entre
o transdutor e a pele, para um casamento de impedância acústica.

Uma câmera infravermelha modelo Flir Systems AB (Flyr ®) foi utilizada para a
obtenção de imagens térmicas antes, durante e após a aplicação, a 32,5cm da
superfície do úbere. As imagens foram transferidas para um microcomputador
e analisadas com o auxílio do software Flir Tools, que permite calibrar a faixa
de temperatura e visualizar os valores máximo, mínimo e a média de uma área
selecionada.

Foram examinadas as seguintes regiões: superfície externa da pele, superfície


interna da pele, região superficial da glândula e região profunda da glândula. O
mesmo procedimento foi adotado para a aplicação com frequência de 3MHz.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Em ambas as frequências analisadas, a temperatura média da área selecionada


dos úberes antes da aplicação era em torno de 37ºC, assim como apresentaram
mesmo padrão de aquecimento após o tratamento, com picos de temperatura
na superfície externa da pele. Porém, com 1MHz o nível médio foi de 40,3ºC na
região mais superficial (Erro! Fonte de referência não encontrada. Superior),
enquanto que a 3 MHz a temperatura média de 44,4ºC (Erro! Fonte de
referência não encontrada. Inferior). Com a aplicação realizada, foi possível
notar que quanto maior a frequência utilizada, maior a absorção e mais
superficial é o aquecimento (Haar, 1999 apud Alencar, 2004).
449

O resultado foi satisfatório, tendo em vista que foram alcançadas temperaturas


dentro do padrão de efeito térmico (40º - 45ºC), não apresentando
temperaturas médias mais elevadas, no qual poderiam ocasionar lesão no
tecido (Low; Reed, 2001).

CONCLUSÃO:

A frequência de 3MHz aqueceu mais que 1MHz porém não foi capaz de causar
lesão tecidual por aquecimento acima de 45ºC. Desta forma, viabilizando a
aplicação do ultrassom terapêutico com resultados positivos no tratamento de
doenças mamárias. Mais estudos precisam ser realizados para se verificar a
profundidade do aquecimento em corte transversal.

REFERÊNCIAS:

ABREU, A. S. D. E. et al. INDICADORES DO ESTRESSE TÉRMICO EM. n. 2000, p.


1–11, 2011.

ALENCAR, I. Efeito do ultrassom terapêutico : Uma abordagem geral no


aparelho e nas principais contra indicações. Disponível em:
<http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/32/121_-
_Efeito_do_ultrassom_terapYutico_Uma_abordagem_geral_no_aparelho_e_n
as_principais_contra_indicaYes.pdf>.

FRANCO, A. D. et al. ANÁLISE DO EFEITO DO ULTRA-SOM NO EDEMA


INFLAMATÓRIO AGUDO – ESTUDO EXPERIMENTAL Analysis of ultrasound effect
in acute inflammatory. Fisioterapia em Movimento, v. 18, n. 2, p. 19–24, 2005.

KONIG, H. E.; LIEBICH, H.-G. Anatomia dos Animais Domésticos. 4a. ed. 2011.

LOBATO, Z. et al. Surto de varíola bovina causada pelo vírus Vaccinia na região
da Zona da Mata Mineira. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v. 57, n. 4, p. 423–429, 2005.

LOW, J.; REED, A. Eletroterapia Explicada Princípios e Prática. 3. ed. São Paulo:
2001.

MATHEUS, J. et al. Efeitos do ultra-som terapêutico nas propriedades


mecânicas do músculo esquelético após contusão. Revista Brasileira de
Fisioterapia, v. 12, n. 3, p. 241–247, 2008.
450

MIYAKAWA, V. I.; DOS REIS, A. C. F.; LISBÔA, J. A N. Aspectos epidemiológicos e


clínicos da estefanofilariose em vacas leiteiras e comparação entre métodos de
diagnóstico. Pesquisa Veterinaria Brasileira, v. 29, n. 11, p. 887–893, 2009.

MORAES, I. A. Glândulas mamárias. [s.l: s.n.]. Disponível em:


<http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/glandula_mamaria.htm>.

157. RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE AMOSTRAS


DE CÃES E GATOS ATENDIDOS EM HOSPITAL VETERINÁRIO
TATIANE KOHL1, GIANE HELENITA PONTAROLO2, DANIELA PEDRASSANI2
1
Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da Universidade do
Contestado/UnC – Canoinhas-SC
2
Médica Veterinária, Professora do curso de Medicina Veterinária da UnC–
Canoinhas-SC

RESUMO:
O objetivo desse trabalho foi determinar o perfil de resistência aos
antimicrobianos de bactérias isoladas de amostras obtidas de cães e gatos
atendidos em Hospital Veterinário, utilizando-se o método de disco-difusão e
cálculo de múltipla resistência antimicrobiana (MRA). Detectou-se múltipla
resistência antimicrobiana em 72,55% (37/51) das cepas analisadas. Com média
de MRA de 0,51. Destacam-se os percentuais (> 50%) de resistência aos
antimicrobianos Enrofloxacina, Ciprofloxacina, Norfloxacina, Amoxilicilina,
Ampicilina e Azitromicina. Observou-se maior sensibilidade aos
antimicrobianos bactericidas Amoxicilina com Clavulanato, Cefalexina e
Ceftriaxona. O alto índice de múltipla resistência observada comprova a
necessidade do uso racional de antimicrobianos aliados aos testes de
sensibilidade visando à resposta terapêutica e a redução do desenvolvimento
de resistência bacteriana.

INTRODUÇÃO:
Os antimicrobianos são amplamente utilizados na rotina das clínicas
veterinárias, sendo o uso indiscriminado um dos principais fatores relacionados
ao desenvolvimento da resistência bacteriana (Mota, 2005). A medicina
veterinária tem papel importante no controle da resistência cruzada aos
antimicrobianos de uso veterinário e humano (Sfaciotte, 2014). Com isso,
objetivou-se determinar o perfil de resistência aos antimicrobianos de
bactérias isoladas de amostras obtidas de cães e gatos atendidos em Hospital
Veterinário.
451

MATERIAL E MÉTODOS:
As amostras (n=69) constituídas de secreção conjuntival, vaginal, nasal,
peniana, gengival, uterina, feridas, ouvido e urina eram provenientes de cães e
gatos atendidos entre janeiro a julho de 2015, na rotina do Hospital
Veterinário.
Os isolados bacterianos foram identificados por observação das características
culturais, morfológicas, tintoriais e bioquímicas, conforme Anvisa (2013), e
submetidos a teste de sensibilidade antimicrobiana por teste Disco-Difusão
(CLSI, 2008). Foi calculado o índice de múltipla resistência antimicrobiana
(MAR) dos micro-organismos (MAR > 0,2 = multirresistência)
(Krumperman,1983).

RESULTADOS:
Houve isolamento bacteriano em 76,81% (n=53/69) das amostras, dentre estas
41,51% (n=22/53) bactérias Gram-negativas e 58,49% (n=31/53) bactérias
Gram-positivas. A bactéria isolada com maior prevalência foi do gênero
Staphylococcus 56,60% (n=30/53), seguido de Escherichia coli
18,87%(n=10/53), Proteus 5,66% (n=03/53),Serratia 5,66% (n=03/53),
Enterobacter 3,77% (n=02/53), Citrobacter 3,77% (n=02/53), Klebsiella 1,89%
(n=01/53), Pantoea aglomerans 1,89% (n=1/53) e Streptococcus 1,89%
(n=01/53).
Foi realizado Teste de sensibilidade aos antimicrobianos em 51 bactérias
isoladas, sendo detectada MRA em 72,55% (n=37/51) das cepas analisadas.
Com média de MRA de 0,51.

DISCUSSÃO:
A prevalência de MRA observada nas amostras estudadas salienta a
preocupação com o uso coerente de antimicrobianos na clínica veterinária.
Destacam-se os percentuais (> 50%) de resistência aos antimicrobianos da
classe das Fluorquinolonas (Enrofloxacina, Ciprofloxacina e Norfloxacina) que
conforme Spinosa et al. (2014) vem sendo amplamente utilizadas em Medicina
veterinária justificada a frequência relativamente pequena de resistência.
Observou-se percentual maior de sensibilidade aos antimicrobianos
bactericidas (Amoxicilina com Clavulanato, Cefalexina e Ceftriaxona), justificada
pelo amplo espectro de ação e com efetividade sobre micro-organismos que
teoricamente podem conter mecanismos enzimáticos de resistência (Spinosa et
al., 2014).

CONCLUSÃO:
452

O alto índice de múltipla resistência observada comprova a necessidade do uso


racional de antimicrobianos aliados aos testes de sensibilidade visando à
resposta terapêutica efetiva e redução do desenvolvimento de resistência
bacteriana.
REFERÊNCIAS:
ANVISA. Manual de microbiologia clínica para o controle de infecção
relacionada à assistência à saúde– Módulo 6: detecção e identificação e
bactérias de importância médica. 2 ed. Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, Brasília: ANVISA, 2013. Disponível em:<
http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/Y0M> Acesso em: 5/08/2015.
CLSI. Performance standards for antimicrobial disk and dilution susceptibility
tests for bacteria isolated from animals. 3 ed. Approved standard M31-A3,
Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne, PA, 2008.
KRUMPERMAN, P. H. Multiple antibiotic resistance indexing of Escherichia coli
to identify high-risk source of fecal contamination of foods. Applied
Environmental Microbiology, Oxford, v. 46, n. 1, p. 165-170, 1983.
MOTA, R.A., et al. Utilização indiscriminada de antimicrobianos e sua
contribuição a multirresitência bacteriana. Revista veterinária de pesquisa e
ciência animal. São Paulo. v. 42, n. 6, p. 465-470, 2005.
SFACIOTTE, R. A. P.Perfil fenotípico e genotípico de resistência a
antimicrobianos em patógenos bacterianos em animais de companhia. 2014.
Palotina, 119f. Dissertação (Mestrado em Saúde Animal), Universidade Federal
do Paraná. Disponível em:
http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/handle/1884/37106. Acesso em:
10/08/2015.
SPINOSA, H. de S., et al. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 5.ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 409-417p.
453

158. RESULTADOS PRÉVIOS DE ANÁLISE BROMATOLÓGICA DE ALIMENTAÇÃO


NATURAL PARA CÃES

ALINE MALTA ESTEVES1, ALUANE NOGUEIRA ALONSO MARTINEZ1 , ERICA ELIAS


BARON1, 2
1
Centro Universitário MONTE SERRAT, RUA COMENDADOR MARTINS, 52,
BAIRRO VILA MATHIAS/ CEP: 11015-530- SANTOS/SP
2
erica.baron@unimonte.edu.br

RESUMO:

A alimentação natural é uma opção de nutrição para cães, gera dúvidas sobre
sua eficácia quando comparada à ração comercial, principalmente com relação
às necessidades diárias de nutrientes adequados ao cão. Pensando nisso,
preparamos uma farinha a partir de ingredientes de uma receita de
alimentação natural, traçamos o perfil bromatológico e comparamos com o
perfil nutricional descrito em uma embalagem de ração comercial. Foram
obtidas quantidades similares de matéria seca, matéria mineral, umidade,
extrato etéreo e fibra bruta. Já na proteína foram obtidos valores maiores na
alimentação natural. Tanto na análise bromatológica como o descrito na
embalagem estão de acordo com o exigido pela legislação e com o
requerimento nutricional de um animal adulto, diferindo apenas os
ingredientes, a alimentação natural não contém sintéticos, corantes ou
aditivos. Com a viabilidade de transformar essa farinha em peletes, obteríamos
uma ração seca completamente natural.

INTRODUÇÃO:

A alimentação Natural é uma dieta balanceada e completa que pode ser


armazenada em geladeira ou congelador e substituir a ração comercial
(ANGÉLICO, 2015). Segundo, (FRANÇA, 2009) o processamento do alimento é
importante na qualidade do produto final. Os ingredientes da farinha da
alimentação natural passaram por um processo de desidratação perdendo
apenas água. Após a análise da farinha observamos uma maior quantidade de
proteína, sendo de 400g/kg na farinha de alimentação natural e 210g/kg na
ração comercial, ambas dentro do estabelecido pelo Inmetro, como demostra a
tabela abaixo, os outros resultados também se encontram de acordo.
454

MÉTODOS:

Ingredientes da farinha da Alimentação Natural: 150g de beterraba e 150g de


abobrinha; 300g de arroz integral e 0,50g de batata doce; 178g de carne bovina
moída cozida e 142g de carne bovina moída crua; 10g de pó de casca de ovo
;10g de levedura de cevada; 10g de azeite extra virgem. Os ingredientes foram
cozidos, desidratados em forno com ventilação forçada, triturados e embalados
à vácuo até o momento das análises.

Ingredientes descritos na embalagem da ração comercial: farinha de carnes e


ossos, farinha de subprodutos de frango, hidrolisado de fígado de ave e de
suíno, corantes (caramelo, amarelo tartrazina e azul indigotina), eventuais
substitutivos: sorgo integral/moído, quirera de arroz, glúten de milho, farelo de
trigo, farelo de soja, proteína concentrada de soja e óleo de soja e enriquecido.

Técnicas laboratoriais para análise da farinha: A metodologia utilizada para as


análises de matéria seca, umidade, matéria mineral, fibra bruta e extrato
etéreo foi o método de Weend. O resultado de proteína bruta foi obtido por
micro Kjeldhal.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Pela metodologia descrita acima obtivemos uma farinha nutritiva, com


viabilidade de comercializar através da peletização, sendo mantida a vácuo, em
porções fracionadas, sendo uma forma prática de oferecer a alimentação
natural, sem o preparo caseiro, otimizando tempo e com segurança, pois uma
alimentação natural mal prepara pode trazer desequilíbrio nutricional e
problemas secundários.

CONCLUSÃO:

Concluímos pelas análises que a alimentação natural é uma boa forma de nutrir
o cão e que para a produção de uma ração seca a partir desta, será necessário
seguir com as pesquisas, utilizando novos ingredientes e testando a aceitação
dos cães.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
455

ANGÉLICO, Sylvia. Alimentação Natural Cozida para Cães. 2015. Disponível em:
<http://www.cachorroverde.com.br/index.php/caes/dieta-cozida-para-caes/>.
Acesso em: 23/04/2015.

FRANÇA, Janine. Alimentos Convencionais versus Naturais para Cães Adultos.


2009. 93 f. Tese (Doutorado) - Curso de Zootecnia, Universidade Federal de
Lavras, Lavras - Minas Gerais, convencionais versus naturais para cães
adultos.pdf>. Acesso em: 06/05/2015.

BRASIL. INMETRO. (Org.). Ração para cães. 2012. Disponível em:


<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/racao.asp>. Acesso em:
22/03/2015.

AGRADECIMENTOS:

Ao Centro Universitário Monte Serrat, seu corpo docente e direção pela


oportunidade. Á orientadora Erica Elias Baron pelo suporte no pouco tempo
que lhe coube, por suas correções e incentivo. Aos colegas Rafael Teles e
Michelly Anjos pela participação na elaboração da farinha e aos demais que
indiretamente contribuíram neste trabalho.

159. RETALHO AXIAL CAUDAL LATERAL PARA RECONSTRUÇÃO DE LACERAÇÃO


CUTÂNEA EM FELINO – RELATO DE CASO
THAYANA NEIVA DE LIMA QUEIROZ1, FRANCIELE VILAN FRAIZ1, MILENA
GIOVANA MAGRIN1, KARINA FRANCINI BRAGA2, FLÁVIO AUGUSTO VIEIRA
FREITAG3, JORGE LUIZ COSTA CASTRO4.
1
Médica Veterinária Residente em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
2
Médica Veterinária Residente em Clínica Médica de Pequenos Animais da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
3
Graduando em Medicina Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUC-PR)
4
Professor de Técnica e Clínica Cirúrgica da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUC-PR)

RESUMO:
Feridas cutâneas de grande extensão e que apresentam grande perda de
viabilidade do tecido podem demorar muito tempo para reepitelizarem por
segunda intenção. Esses casos são os mais indicados para a utilização de
456

técnicas de cirurgia reconstrutiva. O presente trabalho objetiva-se relatar um


caso de um felino, sem raça definida, íntegro, fêmea, de cinco meses de idade
com histórico de laceração cutânea em região perianal glútea esquerda. O
paciente foi submetido a caudectomia para utilização do retalho de padrão
axial das artérias caudais laterais para síntese de laceração cutânea em região
glútea e perianal esquerda, da qual se obteve completa cicatrização. O retalho
de padrão axial das artérias caudais laterais foi eficaz para a síntese da ferida.

INTRODUÇÃO:
As lesões traumáticas são frequentes na medicina veterinária e normalmente
requerem o emprego de técnicas reconstrutivas, dentre elas destacam-se os
retalhos de pele. Classificados em retalho do plexo subdérmico, o qual é
alimentado pelos ramos terminais das artérias cutâneas diretas, associadas à
camada do músculo cutâneo, e retalho de padrão axial que incorpora uma
artéria e uma veia cutânea direta (Slatter, 2007). Um dos retalhos de padrão
axial é o retalho da artéria caudal lateral, a qual surge na borda caudal do
músculo coccígeo, passando caudodorsalmente entre o músculo glúteo
superficial e a cauda. Alguns de seus ramos se anastomosam com a artéria
caudal mediana, a qual percorre caudalmente na fáscia caudal profunda, dorsal
aos processos transversos das vértebras caudais (Sisson et al., 1986). Em um
estudo experimental com retalhos caudais realizado com 10 cães, notou-se
78% de sobrevida do retalho para fechamento de feridas caudodorsais do
tronco (Siamak et al., 2005).

Existem diferenças na cicatrização de feridas cutâneas em cães e gatos, dentre


algumas das particularidades citam-se o tecido de granulação, é sabido que os
cães produzem maior quantidade quando comparado com os gatos. Bem
como, os cães formam tecido de granulação em toda a superfície exposta,
enquanto que nos gatos inicia-se pelas bordas e gradativamente se prolifera
pelo restante da ferida. Um estudo mostrou que a média de formação desse
tecido em cães foi de 7,5 dias, enquanto que nos gatos foi de 19 dias (Bohling
et al., 2006).

RELATO DE CASO:
Foi atendido em um Hospital Veterinário Universitário, na cidade de Curitiba-
PR, um felino, sem raça definida, fêmea, de cinco meses de idade com histórico
de laceração cutânea em região perianal glútea esquerda. Ao exame físico o
paciente apresentava todos os sinais vitais dentro dos valores de normalidade.
À palpação retal, notou-se uma pequena laceração na parede lateral esquerda
do reto.
457

A ferida apresentava-se com sujidades do ambiente, portanto a fim de reduzir


a infecção local, foram realizadas a limpeza, tricotomia regional, antissepsia e
síntese da laceração retal (Figura 01). Seguida de limpezas constantes, durante
3 dias, com solução fisiológica e digluconato de clorexidina 2%. Deste modo,
após a redução da carga bacteriana da ferida, o animal foi encaminhado ao
procedimento de caudectomia, para a utilização do retalho de padrão axial
caudal lateral para a síntese da laceração cutânea.
Realizou-se uma incisão cutânea ventral à linha média caudal, seguida de
dissecção cuidadosa ao longo da fáscia caudal profunda da cauda, com o
objetivo de preservar os vasos situados em sentido lateral e ligeiramente
ventral aos processos transversos (Figura 2), seguida de amputação, entre a
primeira e segunda vértebra coccígea.
O defeito foi mensurado, de maneira que o comprimento da incisão caudal
tivesse o mesmo comprimento da laceração, utilizando deste modo a porção
proximal da cauda. A pele caudal foi rotacionada, a fim de cobrir a laceração
cutânea, realizando desta maneira a síntese do tecido subcutâneo com fio
absorvível monofilamentar nº 3-0 em padrão Sultan e dermorrafia com fio
inabsorvível monofilamentar nº 3-0 em padrão simples interrompido (Figura
03). Foi observada a completa cicatrização do retalho no décimo nono dia pós-
operatório (Figura 04).

DISCUSSÃO:
Para a realização do retalho deve-se realizar uma incisão na linha média dorsal,
ao longo do comprimento da cauda, para cobrir defeitos dorsocaudais,
conforme laceração apresentada neste relato; ou uma incisão na linha média
ventral, para cobrir defeitos proximais ao membro pélvico e períneo (Castro et
al., 2015). O comprimento máximo estimado do retalho é o terço proximal da
cauda (Pavletic, 2007), mensuração esta respeitada no presente trabalho.
Uma vez que a pele da cauda tenha sido liberada, realiza-se a amputação da
cauda entre segundo ou terceiro espaço intervertebral caudal. O retalho é
transposto no defeito e os tecidos subcutâneos e pele são apostos em padrões
interrompidos, utilizando respectivamente fio absorvível de monofilamento e
fio inabsorvível (Castro et al., 2015), conforme realizado neste relato.
Conforme relatam Bohling et al. (2006), a cicatrização de feridas de gatos é
bem mais lenta, quando comparada aos cães, portanto os autores deste relato
optaram pela retirada dos pontos no décimo nono dia pós-operatório, quando
demonstrou completa cicatrização da ferida cirúrgica.

CONCLUSÃO:
458

Conclui-se que o retalho de padrão axial das artérias caudais laterais é eficaz
para a síntese de defeitos cutâneos em região tronco caudo-dorsal de felinos.

REFERÊNCIAS:
BOHLING, M.W.; HENDERSON, R. A. Differences in Cutaneous wound healing
between dogs and cats. Veterinary Clinics Small Animal Practice, 36(4):687-92.
2006.
CASTRO, J.L.C.; HUPPES, R.R.H.; DENARDI, A.B.; PAZZINI, J.M. Princípios e
técnicas de cirurgias reconstrutivas da pele de cães e gatos (Atlas colorido).
Curitiba: Medvep, 2015.
PAVLETIC, M.M. Enxertos Pediculados. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de
Pequenos Animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2007.
SIAMAK, S.; RAHIM, H.; MEHDI, N. Axial Pattern Flap Based on the Lateral
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SISSON, S.; GROSSMAN, J.D. Anatomia dos animais domésticos. 5ª ed, v.2, Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
459

160. RINITE CRÔNICA EM CÃO APÓS TRATAMENTO PARA ASPERGILOSE


NASAL

DANIELA VICENTE DA SILVA 1, ANDRESSA APARECIDA CARNEIRO1, MARIANA


MARCON MENEGHEL1, ARIANA PATRÍCIA SIGNORI1, VINÍCIUS AUGUSTO DA
SILVA WEIGERT1, MARCOS CEZAR SANT’ANNA2
1
Discentes UniFil - Londrina; 2 Med.Vet. Msc. HV-UniFil - Londrina
RESUMO:
A aspergilose nasal é um importante diagnóstico diferencial para rinite
destrutiva em cães. A abordagem diagnóstica é complexa e o diagnóstico
definitivo geralmente é difícil. O objetivo desse relato é descrever um caso
clínico de rinite fúngica por Aspergillus sp., que mesmo após o tratamento o
paciente desenvolveu rinite bacteriana crônica secundária.
INTRODUÇÃO:
Casos de aspergilose nasal são raros e esporádicos. Os sinais clínicos são
epistaxe e secreção nasal piossanguinolenta (Quinn, 2005; Sanches, 2007). O
diagnóstico é conseguido após cultura fúngica e a radiografia revela um
processo nasal destrutivo (Thrall, 2010; Nelson e Couto, 2001).
O tratamento é baseado no uso de antifúngicos sistêmicos e/ou infusão nasal
de clotrimazol (Burbidge, 1997; Mathews, 1998).
O objetivo do trabalho foi descrever um caso clínico de aspergilose nasal que
mesmo após o tratamento com antifúngicos desenvolveu rinite crônica e
refratária.
RELATO DE CASO:
460

Canino, da raça Blue Hiller, macho, oito anos e castrado, foi atendido com
queixa de tosse e secreção nasal purulenta há 30 dias. O exame clínico
evidenciou parâmetros vitais normais, hemograma, bioquímica sérica e
radiografia torácica sem qualquer alteração. Foi então, prescrito amoxicilina
com clavulanato por sete dias e solicitado retorno para exames
complementares. Após 60 dias, o paciente retornou com epistaxe. Foi
anestesiado para radiografia dos seios nasais e citologia esfoliativa com swab
nasal profundo, no qual, foi evidenciada diminuição da radiopacidade dos seios
nasais e perda de definição das conchas etmoidais (rinite destrutiva) e processo
inflamatório crônico. Permanecendo com tratamento antibacteriano. Após 30
dias o paciente ainda apresentava epistaxe. Foi então realizado coleta de
secreção nasal profunda com swab estéril para micologia. Após 10 dias o
resultado foi positivo para Aspergillus sp.
Foi prescrito itraconazol 10mg/Kg SID por 90 dias e realizado uma única infusão
nasal de clotrimazol 1% em ambas as cavidades nasais durante 90 minutos.
Esse procedimento foi realizado com o paciente sob anestesia geral, indução
com propofol e manutenção com isoflurano. O paciente foi colocado em
decúbito dorsal, a nasofaringe foi cateterizada e ocluída com um cateter de
foley número 12 para evitar aspiração da solução. Uma sonda uretral número 8
foi introduzida em cada cavidade nasal e acopladas em equipo ligado ao frasco
da solução de clotrimazol. Antes da infusão as duas narinas foram ocluídas com
sonda de foley número 8. Após a infusão e durante o tratamento oral com
itraconazol o paciente ficou livre dos sintomas, mas após 60 dias do término da
medicação oral, voltou a apresentar secreção nasal purulenta que respondeu
bem a antibioticoterapia. Entretanto, outras recidivas de secreção nasal
purulenta sem a presença de epistaxe ocorreram e foram tratadas com
antibióticos baseando-se em exames de cultura e antibiograma da secreção
nasal.
DISCUSSÃO:
A infusão de clotrimazol a 1% foi eficaz nesse caso, porém, não é
constantemente utilizado, apesar de descrito na literatura como sendo a
melhor opção de tratamento (Burbidge, 1997; Mathews, 1998). A principal
complicação foi a rinite bacteriana crônica após o tratamento antifúngico. Isso,
provavelmente devido à demora no diagnóstico definitivo e pela aspergilose
nasal cursar com processo destrutivo, o que favorece a infecção bacteriana
secundária da microbiota nasal (Couto, 2001; Sanches, 2007).
CONCLUSÃO:
461

A demora no diagnóstico definitivo da aspergilose nasal predispôs o paciente


em questão à rinite crônica secundária a destruição das conchas nasais e
etmoidais. Portanto, é importante o clínico realizar de forma precoce a
abordagem diagnóstica completa dos diferenciais para rinites. Minimizando as
consequências futuras, que podem levar o paciente a má qualidade de vida.
REFERÊNCIAS:
BURBIDGE H.M; CLARK W.T; READ R; LABUC R; DAVEY T; BROOME C; Canine
nasal aspergillosis: results of treatment using clotrimazole as a topical agent.
Aust Vet Pract. 1997, p.79-83.
MATHEWS K.G; DAVIDSON A.P; KOBLIK P.D; RICHARDSON E.F; KOMTEBEDDE J;
PAPPAGIANIS D, et al. Comparison of topical administration of clotrimazole
through surgically placed versus nonsurgically placed catheters of treatment of
nasal aspergillosis in dogs: 60 cases. J Am Vet Med Assoc. 1998; 213(4):501-6.
NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 4.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, cap.15, p.226-229.
QUINN, P.J.; MARKEY, B.K., CARTER, M.E. et al. Microbiologia veterinária e
doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005, cap.39, p.230-232.
SANCHES, P.P; COUTINHO, S.D.A; Aspergilose em cães – revisão. Rev Inst Ciênc
Saúde. 2007; 25(4):391-7

161. SHUNT PORTOSSISTÊMICO EM CÃO – RELATO DE CASO


CLAUDIA S. GARBATTO MARTINS¹, CARLA BAHIENSE², VANESSA TOMAZONI
STONA³
1 – Acadêmica Medicina Veterinária – PUCPR Campus Toledo
2 – Docente PUCPR Campus Toledo
3 – Médica Veterinária

RESUMO:
Os nutrientes são conduzidos através de uma extensa e complexa rede vascular
até o fígado, considerado órgão central do metabolismo devido as reações de
biotransformação que intermedia. O desvio portohepático acarreta em uma
deficiência no aporte desses nutrientes, que ao atingirem a circulação sistêmica
previamente à metabolização hepática podem ocasionar quadros de
intoxicação, principalmente por hiperamonemia. O objetivo do atual estudo é
relatar um caso de shunt portocaval extra-hepático. Um canino com queixa de
andar compulsivo em círculos foi diagnosticado com shunt através da
ultrassonografia, de forma que a terapêutica conservadora baseada no manejo
462

alimentar de redução proteica e inserção de proteínas de fácil absorção foi o


suficiente para reverter o quadro clínico do paciente.

INTRODUÇÃO:

O sistema hepático é responsável por diversas reações de biotransformação


(Niza, et al. 2003), irrigado pelo sistema arterial e venoso hepático e venoso
portal (Baade, et al. 2006), sendo sua integridade anatômica indispensável para
a funcionalidade do órgão. A presença de intercomunicações entre o sistema
venoso portal e a circulação sistêmica dificulta o aporte de substância ao órgão
antes que atinjam a circulação sistêmica ocasionando possível acúmulo de
substâncias tóxicas (Godoy & Sacco, 2008). O desvio ou shunt portossistêmico
pode ser extra ou intra-hepático, congênito ou adquirido (Nyland & Matton,
2004). O shunt pode resultar no acúmulo de amônia, que é uma substância
neurologicamente tóxica e incriminada pelo quadro de encefalopatia hepática
(Ferenci, 2015). A hiperamonemia é resultado da deficiência de sua
detoxificação pelo metabolismo da uréia (GOW, et al. 2012), e existem muitas
teorias quanto à sua etiologia (Ettinger & Feldman, 1997), sendo a
patofisiologia ainda não totalmente elucidada (Khungar & Poordad, 2012). Os
sinais clínicos da encefalopatia hepática incluem letargia ou estupor, desvio de
comportamento, convulsões, coma (Straten, et al. 2015), andar
compulsivamente em círculos ou em uma única direção e progressiva dismetria
e ataxia (Kaneko, Harvey & Bruss, 1997). A encefalopatia pode ainda ser
resultado de cirrose hepática, sendo este um diagnóstico diferencial (BASS, et
al. 2010). Outras substâncias neurotóxicas podem se acumular devido a
ineficiência metabólica, configurando a provável origem multifatorial da
encefalopatia hepática (Bartges et. al, 1996). Um canino saudável metaboliza
cerca de 85% de um total de 350 𝜇𝑔/𝑑𝐿 de amônia, resultando em uma
concentração sérica de 50 𝜇𝑔/𝑑𝐿 ( ± 30 𝜇𝑔/𝑑𝐿), sendo o nível sanguíneo de
amônia capaz de produzir sinais neurológicos acima de 120 𝜇𝑔/𝑑𝐿 (Ford &
Mazzaferro, 2012) .

RELATO DE CASO:

Foi atendido, no dia 15/07/2015 um cão da raça Pug, com 4 meses de idade em
uma clínica veterinária na cidade de Toledo-Pr. Na anamnese o tutor relatou
que 30 dias antes da consulta o animal apresentou vômitos e hiporexia por 5
dias consecutivos, ocorrendo melhora clínica sem intervenção terapêutica e
que há 10 dias o paciente havia iniciado um quadro de andar compulsivo
esporádico de caráter progressivo, relatou ainda que a sintomatologia era mais
evidente após as refeições e não presenciou nenhum quadro convulsivo. Outro
veterinário havia instituído corticoterapia no paciente sem sucesso. O exame
463

físico revelou o andar compulsivo em círculos bilateral; head press; estrabismo


no olho esquerdo; fraqueza no músculo palpebral; reflexo à ameaça presente.
O proprietário foi orientado ao remanejamento nutricional com restrição
proteica até o dia seguinte no qual a ultrassonografia seria realizada. A
ultrassonografia revelou turbilhonamento de sangue na veia cava caudal, assim
como o desvio, instituindo-se o diagnóstico de shunt portocaval extrahepático.
O tutor foi orientado a manter dieta hepática e monitorar os sinais. O paciente
retornou demonstrando melhora progressiva, sendo então o tutor orientado à
possibilidade de realizar a abordagem cirúrgica.

DISCUSSÃO:

A confirmação do diagnóstico de shunt se deu através da ultrassonografia


como recomendado pela literatura o (Nyland & Matton, 2004), associado aos
sinais clínicos característicos sugeridos por Tilley & Smith (2008). A literatura
cita que em alguns casos a doença pode ser controlada de forma conservadora
(Bichard & Sherding, 2003). De acordo com Bartges, et. al (1996), os sinais
podem progredir para convulsões e coma. A gravidade desses sinais muitas
vezes aumentam e diminuem, às vezes em resposta a alimentação, mas nem
sempre se correlacionam com a gravidade da lesão hepática. Desta forma a
indicação cirurgia é adequada para o paciente possibilitando a cura com a
correção do desvio (Hunt & Hughes, 2008). A correção cirúrgica pode ainda
apresentar algumas complicações que de acordo com Gommeren et al. (2010).

CONCLUSÃO:

O tratamento conservador com manejo nutricional adequado deve ser a


primeira orientação aos tutores de caninos portadores de shunt, visto a
possibilidade de remissão total dos sinais clínicos. Entretanto o mesmo deve
ser alertado que a correção é cirúrgica e não terapêutica, havendo no exclusivo
manejo nutricional a probabilidade de recidivas.

REFERÊNCIAS:
1. BAAD,S.; AUPPERLE, H.; GREVEL, V.; SCHOON, H.A. Histopathological and
Immunohistochemical Investigations of Hepatic Lesions Associated with
Congenital Postossystemic Shunt in Dogs. J. Comp. Path., vol. 134, p. 80-90,
2006.
2. BARTGES, J.W.; WILLIS, A.M.; POLZIN, D.J. Hypertension and renal disease.
Veterinary Clinics of North America: Small animal practice, v.26, n.6, p.1331-
1345, november, 1996.
3. BASS, N.M.; MULLER, K.D.; SANYAL, A.; SIGAL, S.; SHEIKH, M.Y.; BEAVERS, K.;
FREDERICK, T.; TEPERMAN, L.; HILLEBRAND, D.; HUANG, S.; MERCHANT, K.;
464

SHAW, A.; BORTEY, E.; FORBES, W.P. Rifaximin Treatment in Hepatic


Encephalopathy. The New England Journal of Medicine. Vol, 362, número 12,
March, 2010.
4. BISHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Clínica de Pequenos animais. Editora Roca, 2
edição, São Paulo, 2003.
5. ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna. Editora Manole,
vol. 1, São Paulo, 1997.
6. FERRENCI, P. Diagnosis of minimal hepatic encephalopathy: Still a challenge.
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7. FORD, R.B.; MAZZAFERRO, E.M. Kirk and Bistner’s handbook of Veterinary
Procedures and Emergency Treatment. Editora Elsevier Saunders, 9 edição,
2012.
8. GODOY, R.C.; SACCO, S.R. Desvio Portossistêmico em Cães e Gatos Revisão de
Literatura. Rev. Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, ano VI – número
11, Julho de 2008.
9. GOW, A.G.; MARQUES, A.I.; YOOL, D.A.; CRAWFORD, K. Dogs with congenital
porto-systemic shunting (cPSS) and hepatic encephalopathy have higher serum
contrations of C-reactive protein than asymptomatic dogs with cPSS. Metab
Braim Dis, vol. 27, p. 227-229, 2012.
10.GOMMEREN, K.; CLAEYS, S.C.; ROOSTER, H.; HAMAIDE, ANNICK.; DAMINET, S.
Outcome from status epilepticus after portosystemic shunt attenuation in 3
dogs treated with propofol and phenobarbital. Journal of Veterinary
Emergency and Critical Care. 20 (3), p. 346-351, 2010.
11.HUNT, G.B.; HUGHES, J. Outcomes after extrahepatic portosystemic shunt
ligation in 49 dogs. Australian Veterinary Jounal, Vol 77, Issue 5, pages 303-
307. May 1999.
12.KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. Clinical Biochemistry of Domestic
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13.KHUNGAR, V.; POORDAD, F. Hepatic Encephalopathy. Clin Liver, 16, p. 301-320,
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14.NIZA, M.R.E.; VILELA, C.L.; FERREIRA, A.J.A.; GONÇALVES, M.S.; PISCO, J.M.
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15.NYLAND, T.G.; MATTOON, J.S. Diagnóstico em Pequenos Animais. Editora Roca,
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16.STRATEN, G.V.; SPEE, B.; ROTHUIZEN, J.; STRATEN, M.V.; FAVIER, R.P.
Diagnóstic value of the rectal ammonia tolerance test, fasting plasma ammonia
and fasting plasma bile acids for canine portosystemic shunting. The Veterinary
Journal, 204, p. 282-286, April, 2015.
465

17.TILLEY, L.P.; SMITH, JR.; FRANCIS, W.K. Consulta Veterinária em 5 minutos


Espécie Canina e Felina. Editora Manole, 5 edição, 2015.

162. SÍNDROME DE EHLERS-DANLOS EM CÃO DA RAÇA MALTÊS


IOLANDA MARIA SARTORI OFENBOCK NASCIMENTO1, GUILHERME AUGUSTO
MINOZZO2, THIERRY GRIMA DE CRISTO3, SIMONE TOSTES OLIVEIRA4, FABIANA
DOS SANTOS MONTI5
1
Médica Veterinária ioionascii@gmail.com ; 2 Médico Veterinário Residente em
Clínica de Pequenos Animais, UFPR; 3 Médico Veterinário Residente Patologia
Geral, UFPR; 4 Professora Clínica Médica de Pequenos Animais, UFPR; 5
Professora Clínica Médica de Pequenos Animais, UTP.

RESUMO:
A Síndrome de Ehlers-Danlos é uma desordem congênita rara, ocasionada por
distúrbios do colágeno que resultam em fragilidade e hiperextensibilidade
dérmica, hérnias e hiperflexibilidade articular. O objetivo é descrever o caso de
um cão, maltês, filhote, com histórico de lacerações ao mínimo trauma e
hematomas. O paciente também foi acometido por hérnia inguinal , a qual foi
reparada cirurgicamente por duas vezes. No exame histopatológico da pele,
observou-se diminuição do número de fibras colágenas, desordem na estrutura
e raros feixes de fibras com acentuada fragmentação. Os achados
histopatológicos e clínicos foram compatíveis com a Síndrome de Ehlers-
Danlos.

INTRODUÇÃO:
A Síndrome de Ehlers-Danlos, bem documentada em medicina humana,
também chamada astenia cutânea, compreende um grupo heterogêneos de
doenças, que são caracterizadas pela fragilidade do tecido conjuntivo e por
manifestações cutâneas, em ligamentos, articulações, vasos sanguíneos e
órgãos internos, devido a desordem nas fibras de colágeno (Malfait & Paepe,
2014).
Na medicina veterinária, doenças do tecido conjuntivo semelhantes à Sindrome
de Ehlhers-Danlos têm sido reportadas em várias espécies como vacas leiteiras,
cavalos, gatos, coelhos e ovelhas. Em cães, colagenopatias foram descritas nas
raças Boxer, Beagle, Corgie, São Bernardo e Dachshund (Paciello et al., 2003).
O presente relato de caso descreve a ocorrência da Síndrome de Ehlers-Danlos
em cão da raça maltês, associada à hérnia inguinal.

RELATO DE CASO:
466

Um cão da raça maltês com quatro meses de idade, macho, com peso de 3,0
kg, foi atendido com histórico de lesões e hematomas. Na avaliação física, foi
observado hematoma generalizado em membro torácico esquerdo e tórax,
lesão lacerada em membro torácico direito. Outras alterações foram
observadas no paciente, como luxação de patela bilateral, hérnia umbilical,
hiperflexibilidade articular em todos os dígitos, além de hiperextensibilidade da
pele. Os demais parâmetros avaliados foram: freqüência cardíaca 124 bpm,
freqüência respiratória 36 mpm, temperatura retal 38,2oC, tempo de
preenchimento capilar 2 segundos, mucosas normocoradas, sendo todos os
parâmetros dentro da normalidade para a espécie e idade do paciente.
Foi colhido sangue por punção jugular para hemograma e exames bioquímicos,
que não resultaram em alterações. Houve o aparecimento repentino de hérnia
inguinal, que foi corrigida por herniorrafia com acesso paramediano. No pós
operatório foi administrado cloridrato de tramadol (2mg/Kg), meloxicam (0,1
mg/Kg), dipirona sódica (25mg/Kg), durante cinco dias, e cefalexina (25mg/Kg)
durante 14 dias.
Após 36 dias da primeira herniorrafia, o paciente foi acometido por outra
hérnia inguinal, contralateral a anterior. Foi submetido à cirurgia para
herniorrafia no dia seguinte, com acesso paramediano. Durante o
procedimento cirúrgico, colheu-se um fragmento de biopsia cutâneo que foi
fixado em formol 10% para envio ao laboratório. Os achados histopatológicos
foram epiderme com adelgaçamento leve e ortoqueratose em trançado de
cesto. A derme estava adelgaçada, exibia edema profuso e infiltrado
inflamatório perivascular. As fibras de colágeno distribuíam-se de maneira
pouco organizada, espessadas, encurtadas e anfifílicas. Decorridos quarenta
dias, o paciente foi submetido a duas cirurgias para herniorrafias perineais.
Atualmente apresenta lacerações cutâneas freqüentes, luxações em
articulações coxo-femorais e patelares bilaterais. Desenvolveu-se dentro do
padrão racial, é ativo e não demonstra sinais de dor. Como manejo foi
instituído o uso de roupa para proteção dos membros e tórax, restrição de
espaço e piso macio para evitar contusões.

DISCUSSÃO:
Por ser uma alteração genética rara, encontram-se poucos relatos na medicina
veterinária sobre a Síndrome de Ehlers-Danlos. Vale ressaltar que as
necessidades especiais (reparos cirúrgicos, curativos, manejo adequado) são
cuidados constantes, pois se trata de uma síndrome que não tem cura. O
padrão histopatológico unido ao histórico clínico foi compatível com a
Síndrome de Ehlers-Danlos (astenia cutânea). Os achados estão de acordo com
467

o relatado na literatura para cães com a síndrome Medlau & Hnilica (2003),
Barrera et al. (2004), Andrade et al.(2008).
O animal relatado, além de sinais cutâneos, foi acometido por hérnia inguinal
bilateral e perineal. Sinais clínicos que corroboram com Menezes et al.(2007) e
Kanayama et al. (2013). Ambos os autores descreveram fragmentação e
desorganização das fibras colágenas associado ao acometimento de hérnias
perineais.
Verin et al. (2015) referiram o comprometimento dos vasos em cão com morte
súbita, após ruptura da artéria subclávia. Os hematomas apresentados pelo
animal do presente relato podem ter sido conseqüência da Síndrome de Ehlers-
Danlos, uma vez que a fragilidade vascular é resultante do distúrbio de
colágeno na parede dos vasos (Malfait & Paepe, 2014).
A hipermobilidade articular do paciente relato foi justificada pela deficiência de
colágeno, importante componente da matriz óssea, ligamentos, tendões,
fáscias e cápsulas articulares e cartilagens (Kerr, 2000). As alterações
evidenciadas nas fibras colágenas seriam responsáveis pela redução da tensão
do tecido conjuntivo, seja ele cutâneo, articular ou vascular (Nomura et al.,
2003).

CONCLUSÕES:
A Síndrome de Ehlers-Danlos é um distúrbio congênito raro. Os achados
clínicos e histopatológicos confirmaram a Síndrome de Ehlers-Danlos no cão.
Embora esta enfermidade não tenha cura, o correto manejo ambiental e
cuidados com o paciente pode assegurar boa qualidade de vida.

REFERÊNCIAS:
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(relato de caso). Ciência Animal Brasileira, v.9, n.2, p. 524-528, 2008.
BARRERA, R.; MAÑE, C.; DURAN, E.; et al. Ehlers-Danlos Syndrome in a dog.
Canadian Veterinary Journoul, v.45, n.4, p. 355-356, 2004.
KANAYAMA, C.Y.; CHIVA, T.J.; CARNEIRO, E.A.N. Astenia cutânea em um cão-
relato de caso. Acta Veterinaria Brasilica, v.7, supl.1, p.167-, 2013.
KERR, J.B. Atlas de Histologia Funcional. São Paulo, SP: Editora Artes Médicas
Ltda., 312 p., 2000.
MALFAIT, F.; PAEPE, A. The Elhers-Danlos Syndrome. In: HALPER, J. Progress in
Heritable Soft Connective Tissues Diseases. Athens, GA, EUA: Springer, p. 129-
143, 2014.
MEDLEAU, L.; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais – atlas colorido
e guia terapeutico. São Paulo: Roca; p. 201-202, 2003.
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MENEZES, L.B. de; FARIA, A. de M.; PAULO, N.M. et al. Hérnia perineal
associada a colagenopatia em uma cadela. Acta Scientae Veterinariae, v.35,
n.3, p.377-379, 2007.
NOMURA, M.L.; SURITA, F.G.C.; PARPINELLI, M.A. Síndrome de Ehlers-Danlos e
gravidez: relato de caso. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v.25,
n.10, p.745-748, 2003.
PACIELLO, O.; LAMAGMA, F.; LAMAGMA, P. et al. Ehlers-Danlos like syndrome
in two dogs: clinical, histologic and ultrastructural findings. Veterinary Clinical
Pathology, v. 32, n.1, p. 13-18, 2003.
VERIN, M.U.; RESSEL, L.; BUCKLEY, L.; et al. Ehlers-Danlos syndrome associated
with fatal spontaneous vascular rupture in a dog. Journal of Comparative
Pathology, v. 152, p.211-216, 2015.

163. SÍNDROME DE EVANS EM CÃES


THAYANNE CAROLINA MARIANO DA SILVA¹, WANESSA PATRÍCIA RODRIGUES
DA SILVA², ADELLY CAROLINE MOTA³, THAWANNE DELEFRATE QUEIROZ4,
DANIELI BROLO MARTINS5.
1, 2, 3, 4, 5. Universidade Federal de Goiás.

RESUMO:
A síndrome de Evans é uma doença em que o paciente apresenta
simultaneamente anemia hemolítica e trombocitopenia imunomediadas. A
sintomatologia é semelhante à da anemia e da trombocitopenia, o que pode
acarretar em erros diagnósticos por falta de conhecimento da doença. Tendo
em vista que é um assunto pouco abordado em medicina veterinária, este
trabalho teve por objetivo realizar uma breve revisão sobre síndrome de Evans
em cães.

INTRODUÇÃO:
A presença concomitante de anemia hemolítica e trombocitopenia
imunomediadas é definida pelo termo Síndrome de Evans (Harvey, 2001). É
uma doença que afeta animais na faixa de 2 a 12 anos, mais comum em
fêmeas, sendo Cocker Spainel e Schnauzer Miniatura as raças mais
predispostas (Scott-Moncrieff, 2001). Objetivou-se com esta revisão sobre
síndrome de Evans, salientar a importância de seu estudo contribuindo assim
para que sejam minimizados os erros de interpretação de exames e
diagnósticos.

DESENVOLVIMENTO:
469

A anemia hemolítica imunomediada (AHIM) tem fisiopatologia complexa e é


vista como um desafio diagnóstico e terapêutico. Decorre da remoção direta
ou indireta de eritrócitos, revestidos por imunoglobulinas e/ou complemento,
do sangue (Feldman, 1996). A AHIM pode se apresentar como um evento
idiopático primário ou secundário, mediante neoplasias, protozoários e
doenças renais crônicas (Stokol, 2000). Quando a AHIM ocorre
concomitantemente com a trombocitopenia imunomediada (TIM) caracteriza-
se a síndrome de Evans (Giannuzzi, 2014).
A TIM ocorre quando os anticorpos possuem imunoglobulinas (primariamente
IgG) ligadas a superfície das plaquetas, ocasionando a remoção prematura de
plaquetas na corrente sanguínea por macrófagos. A TIM pode se apresentar
como um evento idiopático primário ou secundário, devido a neoplasias,
protozoários e processos infecciosos (Dircks, 2009). A trombocitopenia
concomitante é identificada, em 25% a 70% dos cães, no momento do
diagnóstico da AHIM, essa ocorrência é geralmente devida a destruição
imunomediada de plaquetas e hemácias simultâneas, o que caracteriza a
síndrome de Evans (Ettinger e Feldman, 2009).
No exame físico, é comumente observada a presença de mucosas pálidas ou
ictéricas, pulso alterado, petéquias, equimoses, gengivorragia, hemorragia
subconjuntival, esplenomegalia, linfoadenomegalia, sangramento do trato
intestinal, apatia e intolerância a exercícios (Goggs et al., 2008; Bianco, 2009).
O diagnóstico da síndrome de Evans é embasado na presença de esferócitos,
estando estes presentes em quase cem por cento dos casos (Ettinger e
Feldman, 2009), leucograma inflamatório, devido a liberação de fatores
estimuladores de colônia, com desvio a esquerda e monocitose (Thrall et al.,
2012). O teste de Coombs positivo (Burgess, 2000) e o teste de anticorpo
antimegacariocítico, na medula óssea, ou teste de imunoflorescência
plaquetária (TIFP) positivo, no sangue periférico, também dão suporte para o
reconhecimento da Síndrome de Evans (Dirks et al., 2009). Estas provas têm,
respectivamente, como princípio, a identificação dos anticorpos reagentes,
promovendo aglutinação exuberante (Wardrop, 2005) e, o reconhecimento de
plaquetas imaturas, que ao entrar em contato com o corante laranja de tiazol,
emitem uma mancha fluorescente. Através da intensidade desta fluorescência,
a porcentagem de plaquetas imaturas pode ser determinada (Weiss e
Wardrop, 2011).
Para o tratamento de desordens hematológicas imunomediadas, recomenda-se
a administração de corticosteroides, como a prednisolona (Giannuzzi et al.,
2014) ou a associação de corticosteroides com diferentes fármacos, como
predisolona combinado com leflunomida (Saberi et al., 2012).
470

Quanto ao diagnóstico diferencial, o esfregaço sanguíneo permite a


identificação de indicadores clássicos da síndrome de Evans, como plaquetas
jovens e esferócitos, também possíveis hemoparasitas, como Ehrlichia e
Babesia (Balch, 2007). Em animais com hemorragia excessiva ou espontânea,
deve-se avaliar a capacidade hemostática. Para isto, são indicados os testes de
determinação do TCa (tempo de coagulação ativada) e TSMO (tempo de
sangramento da mucosa oral) (Simões, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A síndrome de Evans é uma doença imunomediada de prognóstico reservado, e
causas pouco conhecidas, geralmente de ordem idiopática. É um assunto
pouco abordado na área veterinária, o que ocasiona erros. Possui diagnóstico
rápido e prático, associando informações clínicas aos dados laboratoriais. Uma
das medidas terapêuticas a serem adotadas consiste na administração de
imunossupressores.

REFERÊNCIAS:
BALCH, A.; MACKIN, A. Canine immune-mediated hemolytic anemia:
pathophysiology, clinical signs, and diagnosis. Compendium on
Continuing Education for the Practising Veterinarian, v.4, p.217-25, 2007.

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American Animal Hospital Association, v.45, n.3, p.147-150, 2009.

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Hemolytic Anemia in Dogs with Cyclophosphamide. Journal of Veterinary
Internal Medicine, v.14, n.4, p.456-462, 2000.

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clinicopathologic variables of thrombocytopenic dogs with and without
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n.8, p.960-966, 2009.

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Mitchell K., Kruth S. 7.ed. Elsevier Health Sciences, 2009, Cap. 188, p.2266-67.

GIANNUZZI, A.P.; SIMONE A.; RICCIARDI M. et al. Presumptive Ischemic Brain


Infarction in a Dog with Evans’ Syndrome. Case Reports in Veterinary
Medicine, v.2014, 2014.
471

GOGGS, R.; BOAG, A.K.; CHAN, D.L. Concurrent immune-mediated haemolytic


anaemia and severe thrombocytopenia in 21 dogs. The Veterinary Record,
v.163, n.11, p.323-27, 2008.

HARVEY, J.W. Atlas of veterinary hematology. In: ___ 1.ed. WB Saunders,


2001, Cap 6, p.181-83.

SABERI, M.; AKHTARDANESH, B.; MOHEBBI, E. Treatment of Evan’s syndrome


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Pathology, v.21, n.4, p.485-88, 2012.

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27, 2001.

SIMÕES, C.I. Trombocitopénia imuno-mediada na clínica de animais de


companhia. 2008. Lisboa, 104 f. Dissertação (Mestrado integrado em Medicina
Veterinária) – Curso de pós-graduação em Medicina Veterinária, Universidade
Técnica de Lisboa.

STOKOL, T.; BLUE, J.T.; FRENCH, T.W. Idiopathic pure red cell aplasia and
nonregenerative immune-mediated anemia in dogs: 43 cases (1988-
1999). Journal of the American Veterinary Medical Association, v.216, n.9, p.
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THRALL, M.A.; WEISER G.; ALISSON R.W. et al. Veterinary hematology and
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WEISS, D.J.; WARDROP, K.J. Schalm's veterinary hematology. In: DOUGLAS J.


WEISS D.J., WILKERSON, M.J. 6.ed. John Wiley & Sons, 2011, p 1078 – 1080, cap
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Horses and Dogs with Immune‐Mediated Hemolytic Anemia. Journal of
Veterinary Internal Medicine, v.14, n. 2, p.190-96, 2000.

164. SÍNDROME MIELODISPLÁSICA (SMD) POR ANEMIA REFRATÁRIA (AR) EM


CÃO
CARLOS C. KROETZ¹, MARCELA SIGOLO VANHONI¹, SANDRA VOGEL SEIXAS1,
DANIELE VON KRÜGER DO AMARAL1, HARALD BRITO¹, ROSÂNGELA LOCATELLI
DITTRICH¹
472

¹ Laboratório de Patologia Clínica Veterinária, Universidade Federal do Paraná –


Curitiba-PR

RESUMO:
As síndromes mielodisplásicas (SMD) são um grupo de doenças hematológicas
clonais adquiridas, descritas em cães, gatos, cavalos e humanos, que se
originam a partir de mutações genéticas adquiridas em células-tronco
hematopoiéticas. Este trabalho visa esclarecer os sinais clínicos, exames
auxiliares para o diagnóstico e tratamento da SMD. O presente estudo relata
um cão que apresentou ao exame hematológico anemia não-regenerativa
grave, azotemia e alteração hepática. No exame de mieolograma, foi
observado alterações na morfologia dos eritrócitos (diseritropoese), com
células eritróides megaloblásticas, fragmentação do núcleo da célula eritróide e
assincronia de maturação nuclear e citoplasmática, sendo diagnosticado com
SMD por anemia refrataria (AR).

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Para a realização deste estudo, foi selecionado um cão, fêmea, Golden
Retriever, de 11 anos, diagnosticado com síndrome mielodisplásica com
anemia não regenerativa persistente e maturação anormal das células
eritróides na medula óssea. O paciente obtinha histórico de êmese, apatia e
melena, apresentando ao exame físico taquipneia, taquicardia e mucosas
pálidas. Solicitou-se hemograma, contagem de reticulócitos, exames
bioquímicos de avaliação hepática, renal, proteína total, albumina, globulina e
ferro. O paciente foi submetido ao exame de mielograma devido a persistência
do quadro anêmico. Após um período de quase um mês na tentativa de
tratamento clínico e cirúrgico sem resposta, o animal veio a óbito.

DISCUSSÃO:
O primeiro hemograma constatou anemia severa normocítica normocrômica e
sem regeneração. Na série eritróide verificou-se níveis abaixo dos valores de
referência em todas as amostras analisadas. O paciente foi também submetido
a um protocolo terapêutico para anemia-hemolítica-autoimune, com
prednisona (3mg/kg/BID).
Na medula óssea constatou-se presença de alterações na morfologia dos
eritrócitos (diseritropoese), com células eritróides megaloblásticas,
fragmentação do núcleo da célula eritróide, metarubrócito macrocítico e com
citoplasma hemoglobinizado, ausência de eritrócitos policromatófilos,
assincronia de maturação nuclear e citoplasmática, metarubrócito binucleado e
com citoplasma hemoglobinizado, com muito citoplasma em relação ao núcleo.
473

No presente relato, observou-se anemia não regenerativa persistente e na


medula óssea a diseritropoese, células eritróides megaloblásticas com
abundante citoplasma hemoglobinizado. Segundo Blue (2003), as síndromes
mielodisplásicas são doenças clonais da hematopoese, manifestadas por
hematopoese ineficiente e maturação dismórfica nas linhagens celulares. A
mielodisplasia neoplásica espontânea é rara em cães. No presente relato,
devido à presença de diseritropoese, sugere-se o caso de síndrome
mielodisplásica.
Após terapia imunossupresora a citopenia regride, mas no presente caso, o cão
recebeu corticoides 3 mg/kg/BID e não ocorreu a resolução da anemia. Na
síndrome mielodisplásica não neoplásica é relatada a presença de anemia não
regenerativa, reticulocitopenia e hiperplasia eritróide acentuada (Stokol et al.,
2000), no mielograma do cão do presente relato, verificou-se hipoplasia
eritróide.
A síndrome mielodisplásica neste paciente foi caracterizada de acordo com o
sistema Franco-Americano-Britânico (McManus,2005), considerando-se os
resultados hematológicos e do mielograma. A SMD possui cinco classificações
de acordo com a FAB, as quais são, anemia refrataria (AR), anemia refrataria
com sideroblastos em anel (ARSA), anemia refrataria com excesso de blastos
(AREB), anemia refrataria com excesso de blastos em transição (ou seja, 20 –
30% de mieloblastos na medula óssea) (AREB-T) e leucemia mielomonocítica
crônica (LMMC). O paciente tem anemia com características arregenerativas,
menos de 1% de blastos no sangue e menos de 5% de blastos na medula óssea,
e principalmente a presença de diseritropoese.
No presente relato, a idade de 11 anos do cão também é compatível com a
ocorrência de SMD, segundo McManus (2005), a doença tem maior incidência
em cães com mais de sete anos de idade.
Algumas drogas estão associadas à ocorrência da mielodisplasia, porém
nenhum fármaco descrito na literatura relacionado a SMD foi utilizado no
paciente do presente relato (Thrall et al., 2007).
As análises bioquímicas demonstraram alterações nas enzimas hepáticas e no
perfil renal. No exame histopatológico observou-se degeneração e necrose
hepática centrolobular a mediozonal, o que justificaria as elevações das
enzimas hepáticas.
A síndrome mielodisplásica é de difícil diagnóstico e sua etiologia de difícil
identificação. No presente relato, a causa da SMD não foi identificada, mas a
classificação é importante para o prognóstico e tratamento do animal.
Considerando a presença de anemia não regenerativa persistente, associada às
alterações morfológicas e de maturação anormal das células eritróides na
medula óssea (diseritropoese), sugere-se o diagnóstico de síndrome
474

mielodisplásica. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa SMD é


classificada como anemia refratária (SMD – AR), devido à presença de < 5% de
blastos na medula óssea.

CONCLUSÃO:
A síndrome mielodisplásica é de difícil diagnóstico, sua etiologia muitas vezes
não é descoberta, o acompanhamento clínico-laboratorial é necessário para o
diagnóstico das SMD, com avaliação de hemograma (com contagem de
reticulócitos) e avaliação da medula óssea em citologia (mielograma), são de
fundamental importância para chegar ao diagnóstico definitivo. Poucos relatos
são retratados em medicina veterinária, sendo necessários mais estudos para
que seja cada vez mais difundida como diagnóstico diferencial das citopenias
sanguíneas.

REFERÊNCIAS:
BLUE, J.T. Myelodysplasia: Differentiating Neoplastic from Nonneoplastic
Syndromes of Ineffective Hematopoiesis in Dogs. Toxicologic Pathology, vol. 31
(Suppl.), 2003.
MCMANUS, M. P. Classification of myeloid neoplasms: a comparative review.
Veterinary Clinical Pathology. vol. 34, n. 3, 2005.
STOKOL, T. et. al. Idiopathic pure red cell aplasia and nonregenerative immune-
mediated anemia in dogs: 43 cases (1988 – 1999). J Am Vet Med Assoc, 216:
1429 – 1436, 2000.
THRALL, M.A.; WIESER, G.; JAIN, N. Avaliação laboratorial da medula óssea. In:
THRALL, M.A. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1.ed. São Paulo:
Roca, Cap. 13, p. 141-169, 2007.
475

165.SOROPREVALENCIA E FATORES DE RISCO DA Ehrlichia canis EM CÃES DA


REGIÃO DE GUARAPUAVA.

AUTORES: Elisa Cristina Dobrowolski1, Janaína Menegazzo Gheller1, Adriano de


Oliveira Torres Carrasco2, Meire Christina Seki2.
Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Centro-
oeste.
Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do
Centro-oeste.
RESUMO:
A Erliquiose Monocítica Canina é uma doença causada por bactérias da espécie
Ehrlichia canis, que são agentes intracelulares, que parasitam leucócitos e são
transmitidas por carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus. Para a
avaliação da ocorrência desta bactéria na região em Guarapuava, verificou-se a
detecção de anticorpos anti – E. canis pela Reação de Imunofluorescência
Indireta (RIFI). Foram avaliados fatores de risco como presença de carrapatos,
acesso à rua, idade, zona urbana ou rural, contactantes e valores
hematológicos. Do total de 97 amostras de cães testadas, 17 apresentaram
resultados positivos pela RIFI.
INTRODUÇÃO:
A Erliquiose Monocítica Canina (EMC) é uma doença infecciosa severa, causada
pela bactéria Ehrlichia canis, que possui alta morbidade e mortalidade com
ampla distribuição mundial com prevalência elevada (AZEVEDO et al., 2011).
Acometem canídeos e possui como vetor o carrapato Riphicephalus sanguineus
(MENESES et al., 2008).
MATERIAL E MÉTODO:
Foram utilizadas amostras de soros de cães, provenientes da Soroteca da
Clínica Escola Veterinária. Fatores de risco como presença de carrapatos,
acesso à rua, idade, zona urbana ou rural, contactantes e valores
hematológicos foram avaliados pelas fichas clínicas.
Para detecção de anticorpos, foi utilizado o kit de Imunofluorescência Indireta,
Ehrlichia canis – kit, da Imunodot®, de acordo com recomendações do
fabricante, com leitura em microscópio Bel Photonics® equipado para
fluorescência, utilizando a objetiva de 40 vezes.
RESULTADOS:
476

Do total dos 97 cães avaliados, 17 foram soropositivos para E. canis.


DISCUSSÃO:
Em Guarapuava, PR, esta é a primeira avaliação da presença de anticorpos anti
– E. canis em cães. Dos 17 (20,48%) cães positivos, 13 (20,31%) viviam em zona
urbana e quatro não se tinha informação sobre sua origem. VIEIRA et al. (2013)
analisou 138 amostras de soro de cão em Londrina e comprovou que 62
amostras foram soropositivas. Ele concluiu que a grande quantidade de
animais infectados devia-se ao fato de que os animais que viviam em áreas
urbanas tinham uma maior chance de se tornarem infestados com carrapatos
R. sanguineus do que os cães que habitavam áreas rurais.
O único fator de risco que foi considerado significativo foi para
trombocitopenia, (X2= 0,043), cuja chance dos animais adquirirem a doença e
terem trombocitopenia é cinco vezes maior do que animais que não tem a
doença. Esse parâmetro é citado para indicar a importância dessa variável
hematológica para o diagnóstico presuntivo da doença em áreas endêmicas
(MENESES et al., 2008).
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados sorológicos encontrados podemos comprovar a
presença da E. canis na população de cães de Guarapuava.
REFERÊNCIAS:
MENESES, I. D. S.; SOUZA, B. M. P. S.; TEIXEIRA, C. M. M.; et al. Perfil clínico-
laboratorial da erliquiose monocítica canina em cães de Salvador e região
metropolitana, Bahia. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.9, n.4, p. 770-776, 2008.
VIEIRA, T. S. W. J.; VIEIRA, R. F. C.; NASCIMENTO, D. A. G.; et al. Serosurvey of
tick-borne pathogens in dogs from urban and rural areas from Parana State,
Brazil. Rev. Bras. Parasitol. Vet., Jaboticabal, v. 22, n. 1, p. 104-109, 2013.
477

166. TERMOGRAFIA NA AVALIAÇÃO DE PROCESSO INFLAMATÓRIO

FRANCISCO ALIPIO DE SOUSA SEGUNDO1, ADÍLIO SANTOS DE AZEVEDO1


1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, campus Sousa
RESUMO:
A capacidade de mapeamento térmico da termografia faz com que a técnica
possa detectar processos inflamatórios, já que o calor é um dos principais sinais
de inflamação. O objetivo do estudo foi observar a utilização da termografia
como ferramenta complementar a avaliação de processo inflamatório. Treze
coelhos da raça Nova Zelândia pesando em média 1,693 kg, foram submetidos
a procedimento cirúrgico para realização defeito ósseo na tróclea de ambos os
membros. As imagens termográficas foram obtidas antes do procedimento
(T0), após o procedimento (T1) e 7 dias após o procedimento (T2). Os valores
obtidos diferiram estatisticamente (p<0,01) com 35.4; 29.8 e 39.3 ºC para T0,
T1 e T2 respectivamente. As alterações da dinâmica circulatória causadas pelo
processo inflamatório foram expressas através dos valores de temperatura
obtidos pela termografia. A termografia obteve êxito em complementar o
diagnóstico de processos inflamatórios.
INTRODUÇÃO:
A termografia é uma técnica não invasiva para mapeamento térmico de corpos,
através da captura da emissão de sua radiação infravermelha. Isso faz com que
a técnica possa detectar processos inflamatórios, já que o calor é um dos
principais sinais de inflamação (Roberto & Souza 2014).
A fase inicial de qualquer processo inflamatório ocorre através da liberação de
sinalizadores celulares como prostaglandina, histamina, serotonina e
bradicinina que promovem vasodilatação e consequente aumento de fluxo
sanguíneo, levando a um aumento da temperatura no local (Tazima et al.,
2008).
Apesar dos relatos dos benefícios da termografia como praticidade, rapidez e
não ser invasivo, justificarem seu uso, na medicina veterinária, essa técnica
ainda não é amplamente utilizada, sendo necessários estudos sobre
metodologias e aplicações (Nunes et al., 2007).
O objetivo do estudo foi observar a utilização da termografia como ferramenta
complementar a avaliação de processo inflamatório.
MATERIAL E MÉTODOS:
478

Foram utilizados 13 coelhos da raça Nova Zelândia pesando em média 1,693 kg.
Os animais foram submetidos a procedimento cirúrgico para realização defeito
ósseo na tróclea de ambos os membros.
As imagens termográficas foram obtidas antes do procedimento (T0), após o
procedimento (T1) e 7 dias após o procedimento (T2), no momento de cada
foto foi realizado exame clínico do ferimento cirúrgico.
Os valores de temperatura (°C) obtidos transformados em médias e
submetidos a análise de variância com o auxílio do software BioEstat 5.3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os valores obtidos diferiram estatisticamente (p<0,01) com 35.4; 29.8 e 39.3
para T0, T1 e T2 respectivamente.
As variações de temperatura entre os momentos T0, T1 e T2 observados na
termografia mostram as alterações circulatórias e sua relação com as emissões
infravermelhas (Roberto & Souza 2014).
Após o procedimento cirúrgico (T1) houve diminuição da perfusão sanguínea
devido a hemorragia causada pela própria natureza do procedimento, a
diminuição da perfusão levou a uma consequente diminuição de temperatura.
O momento T2 foi marcado por um aumento de temperatura superior a todos
os outros momentos, isso devido ao aumento da circulação sanguínea mediado
por sinalizadores como histamina e prostaglandina, que atuam principalmente
na primeira fase do processo inflamatório.
As alterações na temperatura observadas com o auxílio da termografia foram
acompanhadas por avaliação clínica, onde foram observados outros sinais de
inflamação, como rubor, aumento de volume e dor (Tazima et al., 2008).
O diferencial e potencial da termografia em identificar processos inflamatórios
se baseia justamente na sua capacidade de mapear as emissões infravermelhas
das dinâmicas circulatórias, principalmente pelo fato do calor ser o primeiro
sinal inflamatório, surgindo antes mesmo de qualquer outro sinal clínico
(Gavrila 1999; Roberto & Souza 2014).
CONCLUSÃO:
A termografia se mostrou eficaz em complementar o diagnóstico de processos
inflamatórios, sendo recomendado sua utilização.
REFERÊNCIAS:
479

GAVRILA, D. Análise visual do movimento humano: pesquisa, visão


computacional e compreensão de imagem. Artigos de Ciência Veterinária. v. 1,
n. 13, p. 82-98, 1999.
NUNES, L. A. O., FILHO, A. C. C., SARTORI, J. L. Câmara termográfica nacional.
Revista Prática Hospitalar. v. 1, n. 49, p. 18-21. 2007.
ROBERTO, J. V. B. & SOUZA, B. B. Utilização da termografia de infravermelho na
medicina veterinária e na produção animal. J. Anim. Behav. Biometeorol. v. 2,
n. 3, p. 73-84. 2014.
TAZIMA, M. F. G. S.; VICENTE, Y. A. M. V. A.; MORIYA, T. Biologia da ferida e
cicatrização. Medicina. v. 3, n. 41, p. 259-264, 2008.

167. TRATAMENTO CONSERVADOR DE DISCOPATIA TORACOLOMBAR


UTILIZANDO ACUPUNTURA EM CANINO DA RAÇA DACHSHUND – RELATO DE
CASO
LEANDRO MENEZES SANTOS1; PAULO HENRIQUE AFFONSECA JARDIM2; MUNIR
BARRIENTO DE AZAMBUJA3; RAFAEL DEROSSI4; MARIANA ISA POCI PALUMBO5;

1
Médico Veterinário Residente em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia / Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul; Campo Grande – MS, Brasil. Email: mvt.leandro@gmail.com
2
Médico Veterinário em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais – FAMEZ/UFMS
Email: Paulo.jardim@ufms.br
3
Médico Veterinário Residente em Diagnóstico por Imagem – FAMEZ/UFMS.
Email: munirazambuja@terra.com.br
4
Docente de Cirurgia e Anestesiologia de Pequenos Animais – FAMEZ/UFMS
Email: eric.s.rondon@ufms.br
5
Docente de Clínica Médica e Terapêutica de Pequenos Animais –
FAMEZ/UFMS. Email: mariana.palumbo@ufms.br

RESUMO:
A discopatia toracolombar é uma doença habitual na área de neurologia de
pequenos animais que afeta predominantemente cães de raças
condrodistróficas. A alteração é provocada pela degeneração do disco
intervertebral, podendo ocorrer a extrusão ou a protusão, que causa
compressão de cordão espinhal e aprisionamento de raízes nervosas. Os sinais
clínicos são determinados por fatores anatômicos e cronológicos, relacionados
aos efeitos da alteração discal voltada para o tecido nervoso adjacente. A
acupuntura pode ser utilizada em afecções do disco intervertebral com o
intuito de controlar a dor, normalizar as funções motoras e sensoriais e as
480

alterações fisiológicas, como a micção. Neste relato é apresentada a evolução


favorável à recuperação apresentada por um paciente portador de doença do
disco intervertebral de grau 2 submetido ao tratamento com acupuntura.

INTRODUÇÃO:
A doença do disco intervertebral é a síndrome neurológica de ocorrência mais
frequente em cães, especialmente prevalente nos animais de raças
condrodistróficas, provocado pela degeneração do disco intervertebral e a
protusão ou extrusão no interior do canal vertebral, podendo levara um
comprometimento direto da medula espinhal (STILL, 1989; SCOTT & MCKEE,
1999; GARIBALDI, 2003; MIYAZAWA, 2005;TOOMBS e WATERS, 2007;SEIM III,
2008; BRISSON, 2010;BERGKNUTet al, 2013).Os corpos vertebrais de C2-S1 e todas
as vértebras coccígeas são interconectadas pelo disco intervertebral formado
por núcleo pulposo central, anel fibroso, zona de transição e cartilagem [Figura
01](BRISSON, 2010; DYCE et al, 2010; BERGKNUTet al, 2013).

Lesões de degeneração condroide discal precoce, a subsequente mineralização


do disco e o surgimento agudo, sãocaracterizados como doença de Hansen tipo
I, representada pela extrusão do núcleo pulposo para dentro do canal medular
(TOOMBS; WATERS, 2007; SEIM III, 2008; BRISSON, 2010).Doença de Hansen
tipo II ou protusão discal, caracteriza-se por ser um processo tardio, insidioso e
raramente com mineralização do disco.Ocorre principalmente em cães de raças
não condrodistróficas e animais idosos (GARIBALDI, 2003; SEIM III, 2008;
BRISSON, 2010).
Os sinais clínicos podem incluir dor, paresia ou paralisia dos membros,
incontinência urinária e/ou fecal e perda da sensibilidade de dor superficial
e/ou profunda.Deste modo, diferentes graus de lesão podem estar presentes,
variando os possíveis métodos de tratamento, instituídos principalmente de
acordo com o conhecimento clínico do médico veterinário (TOOMBS; HAYASHI
et al, 2007; LEVINE et al, 2007;WATERS, 2007; SEIM III, 2008). O início desses
sinais podem levar minutos a semanas após a extrusão de disco (MIYAZAWA,
2005; SEIM III, 2008; BRISSON, 2010).
O estabelecimento da doença, do curso, da duração e da gravidade dos déficits
motores e sensoriais ajuda a definir o prognostico e a terapia adequados (STILL,
1989; SCOTT & MCKEE, 1999; MIYAZAWA, 2005; HAYASHI et al, 2007; TOOMBS
& WATERS, 2007; SEIM III, 2008).A anamnese e os testes neurológicos para
nervoscranianos, espinhais e periféricos seriados são necessários para formular
planos de tratamento apropriados para cada caso (LEVINE et al, 2007; SEIM III,
2008).
481

Deve-se considerar o tratamento cirúrgico se o animal apresentar ausência de


sensibilidades dolorosa superficial e profunda ou se não houver resposta ao
tratamento médico conservador (SCOTT & MCKEE, 1999; MIYAZAWA, 2005;
TOOMBS & WATERS, 2007; SEIM III, 2008; BRISSON, 2010). A acupuntura já foi
descrita como uma alternativa para o tratamento clínico, pois pode promover
alívio da dor e recuperação de funções motoras (STILL, 1989; HAYASHI et al,
2007; KIM et al, 2012). Sendo assim, o objetivo deste trabalho é relatar a
melhora clínica de um cão com doença do disco intervertebral grau II, após
realização de tratamento conservador com acupuntura.

METODOLOGIA:
Foi atendido no Hospital Veterinário FAMEZ, Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, um canino da raça daschund, macho de nove anos de idade,
apresentando dor em região toracolombar há uma semana e emagrecimento
progressivo. Ao exame físico o animal apresentou intensa
sensibilidadedolorosa à palpação da região de T13 a L3. Nos membros
posteriores, foi notada apresentava discreta ataxia proprioceptiva, reflexos
espinhais aumentados e diminuição das reações posturais, como saltitar
lateral, posicionamento tátil e visual. As sensibilidades superficial e profunda
estavam inalteradas nos quatro membros. Não foram observadas alterações
em nervos cranianos, no nível de consciência e nos reflexos e reações posturais
dos membros anteriores.
Foi realizado exame radiográfico complementar da região toraco-lombar, que
evidenciou diminuição dos espaços intervertebrais entre [L1-L2] (Figura 2).
Como tratamento até o determinado momento, foram prescritos cinco dias de
meloxicam (0,1mg/kg por via oral) e realizadas duas sessões de acupuntura
com estimulação dos pontos (VG24,Bx21, Bx22, Bx23, Bx24, Bx40, Bx60, E36,
R3, Bai Hui, Yin Tang). Foi recomendado repouso de 30 dias e orientado para
restrição de exercícios físicos. O animal apresentou melhora no caminhar e
diminuição da dor na região afetada 10 dias após início do tratamento,
colaborando com a qualidade de vida do paciente.

DISCUSSÃO:
As lesões toracolombares representam 84 a 86% dos problemas de discos
intervertebrais em cães, ocorrendo comumente entre T11-T12 e L1-L2,
acometendo principalmente cães de raças condrodistróficas e apresentando
sinais clínicos neurológicos variados dependendo do grau de compressão
medular (SCOTT & MCKEE, 1999; WHEELER & SHARP, 2005; TOOMBS &
WATERS, 2007; SEIM III, 2008; BRISSON, 2010), corroborando com o animal
previamente relatado.
482

O diagnóstico presuntivo da protusão ou de extrusão de disco toracolombar


baseia-se no histórico clínico e no exame físico. Os sinais neurológicos
dependem da localização da lesão e da magnitudade da compressão, de acordo
com a proporção do diâmetro do canal espinhal em relação ao do cordão
espinhal, podendo apresentar somente dor na coluna aguda a subaguda ou dor
associada a graus variáveis de paraparesia (SCOTT & MCKEE, 1999; HAYASHI et
al, 2007; SEIM III, 2008; BERGKNUT et al, 2013). De acordo com o SCOTT e MCKEE
(1999), a lesão do animal deste relato pode ser classificada como grau 2, pois
apresentava dor toracolombar e paresia ambulatória.
Os cuidados fundamentais para uma terapia auxiliar nesses pacientes incluem
principalmente restrição da atividade física, se possível em gaiola de
confinamento por três a quatro semanas, monitoração do consumo de
alimento e fácil acesso a água, área macia e seca para evitar assadura por urina
e úlceras de decúbito. Casonecessário, pode-se fazer compressão vesical três a
quatro vezes por dia, controle intestinal e fisioterapia conduzida com rigor para
movimentação da massa muscular e da amplitude dos movimentos articulares
e realização de acupuntura (MIYAZAWA, 2005; HAYASHI et al, 2007; LEVINE et
al, 2007; TOOMBS; WATERS, 2007; SEIM III, 2008).Neste relato, o animal
manteve a capacidade de micção e defecação natural, sendo recomendado
repouso para auxiliar no manejo da dor e na recuperação clínica do paciente.
Em relação à conduta terapêutica, existe tratamento clínico e cirúrgico, sendo
citada acupuntura, repouso, antiinflamatórios e técnicas cirúrgicas
descompressivas como laminectomia e hemilaminectomia, associadas ou não a
fenestração dos discos variando de acordo com o tipo e gravidade de lesão
(STILL, 1989; MIYAZAWA, 2005; LEVINE et al, 2007; TOOMBS & WATERS, 2007;
SEIM III, 2008; KIM et al, 2012). O tratamento clínico fica reservado para os
animais que sofrem dores na coluna ou leve paresia, perda crônica da
apreciação da dor profunda nos membros pélvicos, e para cães cujos donos
declinam do tratamento cirúrgico (STILL, 1989; LEVINE et al, 2007; TOOMBS &
WATERS, 2007; SEIM III, 2008).
A acupuntura é uma alternativa de tratamento por ambos os seus efeitos
analgésicos e antiinflamatórios, sendo utilizada nas discopatias para alívio da
dor muscular, reduçãode inflamação local, recuperação da função motora e
sensorial, paresia ou plegia dos membros, espasticidade e dos distúrbios da
micção (STILL, 1989 LONGWORTH & MCCARTHY, 1997; GARIBALDI, 2003;
HAYASHI et al,2007; KIMet al, 2012).

CONCLUSÕES:
Este relato permite concluir que o uso da acupuntura associada a
antiinflamatório não-esteroidal e repouso foram eficazes para aliviar a dor e
483

recuperar a função motora do cão atendido com doença do disco


intervertebral grau 2. O tratamento indicado também permitiu melhora na
qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS:
BERGKNUT, N.; SMOLDERS, L.A.; GRINWIS, G.C.M.; HAGMAN, R.; LAGERSTEDT,
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168. TRATAMENTO CONSERVATIVO E CIRÚRGICO DE HÉRNIA DE DISCO (TIPO


I) TORACOLOMBAR GRAU V EM CÃO – RELATO DE CASO
LYS DE BARROS FOGAGNOLI1, MILTON MIKIO MORISHIN FILHO2.
1- Graduanda – Medicina Veterinária – Universidade Tuiuti do Paraná
2- Prof Adj. do Curso de Medicina Veterinária – Universidade Tuiuti do Paraná
RESUMO:
A doença do disco intervertebral (DDIV) é uma das afecções
musculoesqueléticas degenerativas mais comuns na medicina veterinária,
sendo a região mais afetada a toracolombar. O prognóstico depende da
severidade dos sinais clínicos, lesões, e agilidade no início do tratamento.
Relata-se o caso de um paciente com DDIV inicial em grau II e evolução para
grau V após tentativa de tratamento conservativo. A literatura indica a cirurgia
descompressiva em até 48 horas da lesão, mas neste paciente a
hemilaminectomia foi realizada 52 dias após os primeiros sinais. Contrariando o
prognóstico, após 4 meses o paciente apresentou melhora parcial no controle
da micção e desenvolveu o andar medular, com consequente melhoria na
qualidade de vida, o que indica que pacientes com lesões com maior tempo de
evolução podem ser candidatos a cirurgia descompressiva.
INTRODUÇÃO:

A DDIV é caracterizada pela extrusão ou protrusão discal. Pode acometer os


discos vertebrais cervicais, torácica e lombares, sendo a região toracolombar
(de 65 a 80% dos casos) (Slatter, 2007). Pode ser classificada como I (mais leve)
a V (mais grave), classificação importante para determinar a escolha do
tratamento mais adequado. Geralmente atinge animais entre três e sete anos
(Slatter, 2007). O tratamento conservativo está indicado para animais com
apenas dor aparente, mas que ainda mantenham deambulação (grau I e II)
485

(Sharp & Wheeler, 2005), já as técnicas cirúrgicas descompressivas são


indicadas em DDIV em graus I e II (quando não houver resposta ao tratamento
conservativo), III, IV e V (Slatter, 2007).

RELATO DE CASO:
Cão da raça Teckel, macho, seis anos, 10,6 Kg, apresentou ao exame
neurológico, estado mental normal, ataxia proprioceptiva em membros
pelvicos, reflexo (r) patelar aumentado bilateral, r.flexor presente nos 4
membros, r. perineal presente e dor a palpação em região toracolombar e
retenção urinária. No exame radiográfico sedado, observou-se opacificação de
forâmen intervertebral em T13- L1, e calcificações de discos intervertebrais em
T12-13, T13-L1, L1-2, L2-3 e L3-4 e discretos osteófitos ventrais ao longo da
coluna toracolombar. O tratamento instaurado foi o conservativo, com
restrição total de espaço por 30 dias e movimentação. Administrado
prednisona 2mg/kg na seguinte forma: BID por dois dias, após SID durante 3
dias e a cada 48 horas por 4 dias, Etna® (2,5 mg/kg SID) e cloridrato de
tramadol (3 mg/kg TID), ambos até novas recomendações. Após 15 dias do
início do tratamento, houve evolução do quadro para grau V. Devido à
impossibilidade do proprietário em realizar a cirurgia, o paciente seguiu em
tratamento conservativo até a possibilidade de intervenção cirúrgica. O
tratamento que se seguiu apenas foi Etna®, fisioterapia e acupuntura, porém
sem mudança no quadro neurológico. Realizada tomografia computadorizada
em região de coluna toracolombar, que confirmou estenose de
aproximadamente 90% do canal medular ventro lateral esquerdo. A
hemilaminectomia foi realizada 52 dias após diagnóstico inicial permanecendo
sob cuidados intensivos por 48 horas, pelo risco de mielomalácia pós-
operatória. Administrado cloridrato de tramadol, 3mg/kg TID por 5 dias,
meloxicam 0,1 mg/kg SID por 5 dias, cefalexina 30mg/kg BID por 10 dias, Etna®
1 comprimido, SID por 120 dias. Não foi observada nenhuma complicação pós
operatória. Sete dias após a cirurgia, paciente já não apresentava mais sinais de
dor em coluna toracolombar e apatia. Em 15 dias, houve melhora do tônus
muscular. Em 30 dias, os membros pélvicos começaram a apresentar sinas de
resposta a estímulo, com início de movimentação inconsciente (resposta
medular). Em 90 dias, animal desenvolveu o “andar medular”. Após 9 meses,
animal não reabilitou a propriocepção, dor superficial e profunda, mas
recuperou controle parcial da micção. Consegue andar com um pouco de
dificuldade e ter certa autonomia sem depender integralmente da cadeira de
rodas.

DISCUSSÃO:
486

Poucos profissionais indicam a cirurgia em lesões de grau V mais crônicas.


Slatter (2007) não indica a intervenção cirúrgica em lesões desse grau com mais
de 48 horas, até mesmo considerando a eutanásia como alternativa, porque as
chances de recuperação diminuem drasticamente depois desse tempo. Além
do caso relatado, outros dois artigos mostram resultados positivos em lesões
com mais de 48 horas: No primeiro, Voll (2010) avaliou a evolução do quadro
de 60 cães, divididos em dois grupos de 30 animais: um com cirurgia
descompressiva em até 48 horas, e outro com cirurgias descompressivas após
48 horas de evolução e concluiu que “a alegação de que ausência de percepção
à dor profunda (PDP) por mais de 48 horas impede a recuperação funcional é
imprecisa”. No segundo, Santos e colaboradores (2012) avaliaram a evolução
do quadro de 15 animais paraplégicos, sem percepção à dor profunda,
submetidos a hemilaminectomia, dos quais 7 apresentavam lesão superior a 48
horas. Seis tiveram algum grau de recuperação funcional. Concluíram que “cães
paraplégicos sem PDP em decorrência da DDIV toracolombar podem apresentar
recuperação funcional satisfatória quando submetidos ao tratamento cirúrgico
mesmo sem percepção a dor profunda com tempo superior a 48 horas.”.

CONCLUSÃO:
A descompressão cirúrgica apresenta bons resultados, constituindo sempre
uma opção de tratamento. Apesar da literatura não o indicar em lesões com
mais de 48 horas, pode haver sucesso nesse tipo de terapia principalmente na
recuperação das funções fisiológicas, justificando sua indicação para lesões
mais graves, mesmo sem percepção de dor profunda por mais tempo. Todo
paciente (exceto em casos de restrições financeiras ou alterações graves na
saúde geral do paciente) deve ser considerado apto à intervenção.

REFERÊNCIAS:SANTOS, Rosmarini P. et al. Recuperação funcional de cães


paraplégicos com doença do disco intervertebral toracolombar sem percepção
à dor profunda submetidos ao tratamento cirúrgico: 15 casos (2006-2010).
Pesq. Vet. Bras. 32(3):243-246, março 2012.
SHARP, Nicholas J. H.; WHEELER, Simon G. Small Animal Spinal Disorders. 2ª
edição. Londres. Ed. Elsevier, 2005.
SLATTER, Douglas. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3ª edição, v. 1.
Barueri. Ed Manole, 2007.
VOLL, Juliana. Recuperação funcional em daschunds paraplégicos sem
percepção de dor profunda submetidos à hemilaminectomia. Dissertação para
mestrado em ciências veterinárias. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2012
487

169. TRATAMENTO DE MELANOMA ORAL COM VISCUM ALBUM E SOLUÇÃO


AQUOSA DE LÁTEX DE JANAÚBA (HIMATANTHUS DRASTICUS): RELATO DE
CASO

MARIA APARECIDA DE ALCÂNTARA¹, IOLANDA MARIA SARTORI OFENBOCK


NASCIMENTO²; THIERRY GRIMA DE CRISTO³, ALANA SEZYSHTA4

¹ Professora Doutora em anatomia veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná


²Médica veterinária
³ Médico veterinário, Residente em patologia pela UFPR
4
Acadêmica de medicina veterinária da UTP

RESUMO:
O melanoma se origina da mutação dos melanócitos, células produtoras de
melanina na epiderme. As neoplasias malignas dos melanócitos são as mais
comuns neoplasias orais dos cães e geralmente tem prognóstico mais grave
que quando na pele. Os animais acometidos frequentemente demonstram
massa visível, sangramento oral, halitose, disfagia, dor. Este trabalho relata o
tratamento de melanoma oral com Viscum album e látex de Janaúba em
solução aquosa.

INTRODUÇÃO:
Os avanços da medicina veterinária corroboram com maior longevidade dos
animais, propiciando aumento das enfermidades da senescência; sendo
neoplasias as principais causas de morte. Neoplasias são coleções de alterações
gênicas, bioquímico-metabólicas, que geram crescimento celular profundo e
atípico (KUMAR, 2010). Dentre os tumores de cavidade oral, melanoma é
considerado a mais comum neoplasia em cães com mucosa pigmentada, entre
9-12 anos, normalmente maligno (MORRIS, 2008). Desordem neoplásica cujo
comportamento variando de benigno ao maligno pelo pleomorfismo celular
(MONTANHA, 2013). Macroscopicamente é massa séssil, com superfície
íntegra ou ulcerada, levemente firme e preta ao corte, as vezes
despigmentadas (MEUTEN, 2002). Nódulos orais pequenos passam
despercebidos e são achados acidentalmente durante avaliação, diferindo dos
maiores onde a lesão interfere na qualidade de vida. Frequentemente observa-
se envolvimento ósseo periférico, metástase regional ou distante, via linfática
ou hematógena (NORTH, 2009).

RELATO DE CASO:
488

Uma cadela sem raça definida, 12 anos e 10Kg foi atendida com queixa de
crescimento de massa volumosa e hemorrágica na gengiva. Ao exame clínico
observou-se desidratação subclínica, periodontopatia, massa irregular com
±8cm de diâmetro em mucosa envolvendo incisivos e caninos inferiores,
sangramento oral, halitose, disfagia, dispnéia, dor e linfadenopatia cervical.
Realizou-se exodontia de canino e pré-molares inferiores direitos.
Adicionalmente, quatro fragmentos (2x1x1mm e 6x3x2mm) foram colhidos e
encaminhados à análise histopatológica. Ao corte eram levemente firmes,
acinzentados. Microscopicamente observou-se proliferação de células
arredondadas a alongadas, acentuado pleomorfismo, citoplasma pouco
delimitado eosinofílico com pigmento castanho escurecido, núcleo amplo, oval.
Após o diagnóstico iniciou-se tratamento com firocoxibe (5mg/Kg/VO sid/20
dias), tramadol (1mg/Kg/VO tid/5 dias), amoxicilina (20mg/Kg tid/10 dias),
Viscum album 6CH (4 glóbulos qid/30 dias) e solução aquosa de látex de
janaúba
489

DISCUSSÃO:
A paciente apresentava massa volumosa séssil, avermelhada e ulcerada,
corroborando com as descrições clássicas de melanoma oral (MCGAVIN,
2013).
O diagnóstico baseia-se primordialmente na avaliação cito e
histopatológica do nódulo (CARVALHO, 2004). A citologia demonstra
células cuja morfologia varia desde poligonal até estrelada, acentuado
pleomorfismo. Histologicamente nota-se proliferação neoplásica
organizada em feixes e ninhos de células arredondadas a fusiformes e
estreladas pleomórficas. Na paciente ainda haviam melanófagos entre as
células neoplásicas.
Tratamento preconizado é exérese nodular, associada à osteotomia,
radioterapia e/ou quimioterapia. A eficiência destes tratamentos é
pequena, a sobrevida por mais de um ano de (10%), recidivam em seguida
(JONES et al., 1997). Após a exodontia, ocorreu aumento considerável da
massa tumoral dificultando muito a mastigação.
Atualmente, pesquisas derivam para métodos alternativos (homeopatia e
fitoterapia) de tratamentos para melanoma oral. Benites (2008), relata
tratamento homeoterápico de melanoma oral e cervical recidivante após
cirurgia em cão, evoluindo para redução completa dos tumores em 40
dias, concluindo que tratamentos propostos por Hahnemann (1980)
podem evoluir para cura. Apesar do tratamento indicado à paciente ter
sido excisão cirúrgica, optou-se pelo tratamento homeopático com Viscum
álbum e solução aquosa de látex de Janaúba.

CONCLUSÃO:
Diante do que expomos pode-se concluir que a medicação com Viscum
album e solução aquosa de látex de janaúba (Himatanthus drasticus),
produziu resultado positivo promovendo redução da massa tumoral.
Trabalhos com cultura celular neoplásicas poderão elucidar efeitos da
utilização destas substâncias como agentes quimioterápicos.

REFERENCIAS:
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melanoma in a dog. International Journal of High Dilution Research, v. 2,
n. 5, p. 66-70, 2008.
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risco em um grupo de pacientes no Sul do Brasil. Anais Brasileiros de
Dermatologia, v. 79, n. 1, p. 53-60, 2004.
490

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Arte de cura. 6 ed. Robel, p. 61 a 102, 1980, 209p. (parágrafo 34, 73, 100,
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NORTH, S.; BANKS, T. Tumors of skin and subcutaneous tissues. In:
Introduction to small animal oncology. London, Saunders Elseviers. P.172-
82. 2009.

170. TRATAMENTO DE OSTEOMIELITE PÓS-TRAUMÁTICA CRÔNICA EM


UM CANINO: RELATO DE CASO
BÁRBARA SILVA CORREIA¹, LÍSIA BASTIANI GOLDONI¹, LÚNIA ROSSA¹,
TAYNÁ MAYER VERONEZI¹, SIMONE SCHERER², MARCELO MELLER ALIEVI²
¹Faculdade de Veterinária UFRGS - Porto Alegre, RS.
²Hospital de Clínicas Veterinárias UFRGS – Porto Alegre, RS

RESUMO:
Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de osteomielite pós-
traumática crônica em um cão, sem raça definida e com 12 anos de idade.
O paciente foi submetido a três intervenções cirúrgicas na tentativa de
estabilizar a fratura, além de antibioticoterapia prolongada. Após 14
semanas de tratamento, a infecção havia cessado e a fratura estava
satisfatoriamente consolidada.

INTRODUÇÃO:
A osteomielite é definida como uma inflamação do osso, córtex e
periósteo e é causada por microorganismos que podem ser veiculados por
corpos estranhos penetrantes em fraturas abertas, por meio de cirurgias,
491

ferimentos ou se disseminarem por via hematógena (Parker, 1987). A


osteomielite é encontrada nas formas aguda e crônica, sendo a pós-
traumática crônica bastante comum na clínica de pequenos animais
(Budsberg, 2005). O objetivo deste relato é descrever um caso de
osteomielite bacteriana pós-traumática crônica em um canino idoso.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Um canino macho, sem raça definida, com 12 anos de idade e pesando 19
kg foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias. O paciente havia sido
submetido a osteossíntese de tíbia direita com fixador esquelético externo
(FEE). À inspeção clínica, verificou-se ferida cirúrgica aberta com exposição
óssea e inflamação intensa, além de falha no FEE que não mantinha a
osteossíntese estável. Ao exame radiográfico, foram verificadas alterações
que sugeriram o diagnóstico de osteomielite crônica. Desta forma, foi
optado por nova intervenção cirúrgica, na qual foi implantado um fixador
esquelético externo circular (FEEC) e retirado um fragmento ósseo, o qual
foi enviado para cultura e antibiograma. Até os resultados, foi
administrado amoxicilina mais ácido clavulânico 22mg/kg/BID,
metronidazol 30mg/kg/BID e omeprazol 1mg/kg/BID, além de analgesia.
Na cultura houve o desenvolvimento de Enterococcus sp. e Pseudomonas
aeruginosa. Diante disso, foi iniciada terapia antimicrobiana baseada no
teste de sensibilidade bacteriana, alterando o tratamento para doxiciclina
10mg/kg/BID. Após, aproximadamente, 3 semanas de tratamento
antimicrobiano, o trato drenante não cessou plenamente. Portanto,
realizou-se um novo procedimento cirúrgico, no qual o FEEC foi removido
e uma placa metálica LC-DCP composta de 8 orifícios foi implantada,
colocando-se 6 parafusos proximais à linha de fratura e dois distais.
Terminado o período de recuperação, radiograficamente os implantes
metálicos estavam adequadamente inseridos e foi verificada mínima
presença de linha de fratura em terço distal da tíbia (75% de consolidação)
Ao final de 14 semanas de tratamento, não foram observadas disfunções
ou complicações.

DISCUSSÃO:
Em casos de osteomielite crônica, os animais podem apresentar trato
drenante contínuo ou intermitente, fistulação, dor local, fibrose, atrofia
muscular e linfadenopatia (Hamish e Denny, 2006). No caso relatado, o
cão foi trazido ao hospital por apresentar ferida aberta com exposição
óssea, presença de tecido necrosado, secreção purulenta e inflamação
intensa, junto ao FEE..Foi observado claudicação do membro pélvico e dor
492

excessiva à manipulação. A radiografia é comumente utilizada na


avaliação da osteomielite (Braden e Motosky, 1989). No primeiro exame
radiográfico foi observada a presença de esquírolas ósseas não reagentes
no foco de fratura e zona de radioluscência no local de inserção dos pinos,
denotando o seu afrouxamento. Fraturas instáveis e implantes soltos
perpetuam um ambiente adequado para o desenvolvimento da
osteomielite (Worlock et al., 1994). A estabilização de uma fratura instável
é essencial e o fixador externo pode providenciar estabilidade enquanto
os danos aos tecidos moles são minimizados (Egger, 1985). Por
conseguinte, realizou-se osteossíntese com FEEC a fim de estabilizar a
lesão. Após, aproximadamente, 3 semanas de terapia antimicrobiana, o
trato drenante persistia, porém de forma branda. Assim, foi optado pela
aplicação de placa metálica LC-DCP. No ato cirúrgico, foram removidos os
fragmentos ósseos e realizou-se curetagem óssea, essenciais para a
resolução da osteomielite (Egger, 1985). A falha em terapias
antimicrobianas prévias pode ser explicada pela redução da eficiência do
antimicrobiano devido à escassa vascularização local causada pela necrose
óssea e pela formação de biofilme. O exame bacteriológico final foi
negativo para a presença de qualquer espécie bacteriana no material
coletado, confirmando o sucesso do tratamento adotado (Tsukayma,
1999).

CONCLUSÃO:
A antibioticoterapia associada à escolha adequada de implantes metálicos
e a minimização das lesões adicionais ósseas ou dos tecidos moles,
mostram ser eficazes para a resolução da osteomielite pós-traumática
crônica.

REFERÊNCIAS:
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Veterinary Company of Orthophedic and Traumatology. 1989; 3: 98-103.
493

Worlock P, Slack PR, Harvey L. The prevention of infection in open


fractures: an experimental study of the effect of fracture stability. Injury.
1994; 25: 31-38.
Egger E. External skeletal fixation. In: Slatter D. Textbook of small animal
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Tsukayma D. Pathophysiology of posttraumatic osteomielytis. Clinical
Orthopedic. 1999; 360: 22-29.

171. TREPANAÇÃO EM CÃO COM ASPERGILOSE NASAL– RELATO DE


CASO
GUILHERME FERNANDO DE CAMPOS¹, REBECA BACCHI-VILLANOVA2,
RODRIGO NUNES1, SABRINA MARIN RODIGHERI3, ANDRÉ JAYR
CASAGRANDE1, KARYNA IZABEL HARTMANN1
1
Médico Veterinário Autônomo
2
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - PUCPR
3
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária –
FCAV-UNESP/Jaboticabal

RESUMO:
A aspergilose sinonasal é caracterizada pela infecção da cavidade nasal e
do sino frontal por grandes colônias de hifas fúngicas. Seu diagnóstico
geralmente é tardio o que dificulta o tratamento. Foi atendido um
paciente da espécie canina com histórico de aspergilose sinonasal e
epistaxe bilateral. Após o insucesso com a terapia antifúngica oral, optou-
se pela realização da trepanação combinada com lavagem tópica com
clotrimazol. Devido ao diagnóstico tardio o tratamento não foi eficaz,
demonstrando a importância do diagnóstico precoce.

INTRODUÇÃO:
A aspergilose nasal é uma doença relativamente comum em cães onde há
a infecção por Aspergillus spp. (Benitah, 2006). É a segunda causa mais
comum de descarga nasal crônica em cães, após a neoplasia nasal. A
aspergilose sinonasal geralmente permanece confinada a cavidade nasal
ou aos seios paranasais, onde causa marcante destruição dos turbinados.
(Harkin, 2003). Quanto mais rápido for o diagnóstico e o início do
tratamento, melhores os resultados e a resolução da infecção (Garcia et.
al., 2001). O presente relato de caso apresenta um caso de aspergilose
sinonasal em que foi realizada a trepanação associada a lavagem com
clotrimazol.
494

RELATO DE CASO:
Foi atendido um cão de 4 anos, macho, sem raça definida (SRD), porte
médio, não castrado, com histórico de perda de peso, apatia, dispneia
inspiratória, espirros e epistaxe na narina esquerda com evolução
progressiva há nove meses, sendo que há um mês o sangramento estava
ocorrendo em ambas as narinas. Rinoscopia prévia detectou rinite atrófica
sugestiva de infecção fúngica, porém a cultura para fungos foi negativa. O
paciente já havia recebido antibiótico sistêmico e atualmente fazia uso do
itraconazol há 40 dias. No exame físico o paciente apresentava intensa
dispneia inspiratória, ofegância, epistaxe bilateral, sensibilidade na região
das narinas, despigmentação e ulceração do espelho nasal. Hemograma e
análises de creatinina e alanina aminotransferase não apresentaram
alterações. Recomendou-se manter itraconazol (8,3 mg/kg/VO/SID) e
associar com amoxicilina + ácido clavulânico (20 mg/kg/VO/BID). Após 10
dias houve melhora significativa dos sinais clínicos. No entanto com a
suspensão do antibiótico os espirros e a dispneia voltaram. Foi prescrito
prednisona (0,5 mg/kg/VO/BID) por 20 dias com redução gradual da dose.
Em virtude da resposta insatisfatória ao tratamento, o paciente foi
submetido a trepanação combinada com lavagem com clotrimazol 1%, 50
ml em cada narina, durante uma hora. Também foi utilizada uma pomada
a base de clotrimazol nos seios nasais. No pós-operatório foi realizado
bandagem compreensiva para minimizar o enfisema subcutâneo. Foi
mantida terapia antibiótica e introduzido fluconazol (5 mg/kg) uma vez
por semana, durante 8 semanas em substituição ao itraconazol. Os sinais
clínicos persistiram de forma mais discreta, porém após 2 meses da
trepanação, o paciente estava apático, com retorno do quadro de dispneia
intensa e com indisposição para realizar pequenos esforços físicos. Foi
indicado nova lavagem com clotrimazol 1%, porém devido a redução da
qualidade da vida do cão e do prognóstico reservado, o responsável optou
pela eutanásia.

DISCUSSÃO:
Cães com qualquer idade podem apresentar aspergilose nasal (Hawkins,
2014), porém a literatura relata maior predisposição em cães com um a
sete anos, cães do sexo masculino e raças dolicocefálicas (MacPhail, 2013;
Rodrigues et. al., 2011), corroborando com o caso do presente relato.
Os sinais clássicos são intensa descarga nasal mucopurulenta ou
serosanguinolenta. A secreção nasal é inicialmente unilateral, mas pode
progredir para bilateral devido à destruição do septo nasal. Espirros,
ulceração e despigmentação das narinas, desconforto facial e osteomielite
495

dos seios paranasais também podem ser observados (Hawkins, 2014;


Zonderland et al., 2002). Geralmente a forma nasal ocorre sem doenças
imunossupressoras ou malignidades concomitantes (MacPhail, 2013).
Todos estes sinais foram observados no paciente relatado, o que permite
definir diagnóstico presuntivo de aspergilose nasal, mesmo que a cultura
fúngica e o exame histopatológico foram negativos para o fungo. Tais
resultados podem ser oriundos de uma falha na coleta do material dos
locais da lesão. MacPhail (2013) descreve sobre a importância de coletar
amostras de vários pontos da lesão.
O diagnóstico definitivo da aspergilose sinonasal é difícil e geralmente é
realizado quando a doença já progrediu, dificultando o sucesso do
tratamento (Harkin, 2003). Devido ao diagnóstico tardio da doença, o
paciente já apresentava lesões graves em seios nasais.
O tratamento efetivo da doença é comprovadamente difícil. Quanto mais
rápido são o diagnóstico e o início do tratamento, melhores os resultados
(Garcia et al., 2001). A abordagem terapêutica mais utilizada consiste na
remoção cirúrgica dos tecidos onde se encontram as colônias fúngicas,
combinada com aplicação tópica e/ou sistêmica das drogas escolhidas
(Hawkins, 2014). A administração oral de antifúngicos izóis é eficaz em
apenas 43 a 70% dos casos, requerendo meses de tratamento (MacPhail,
2013). Como o paciente não apresentava melhora com a administração do
itraconazol, foi optado em realizar a trepanação associado a
administração tópica de clotrimazol, em que estudos relatam uma taxa de
sucesso de 80 a 90% (MacPhail, 2013). Os principais inconvenientes da
técnica são os riscos impostos pela anestesia geral, o desenvolvimento de
enfisema subcutâneo e a insatisfação dos proprietários com a aparência
física do animal (Stamm, 2002). Com o uso da bandagem compressiva o
enfisema subcutâneo foi minimizado. Corrimento nasal leve a moderado
pode persistir nesses cães no pós operatório, apesar da melhora dos sinais
clínicos (MacPhail, 2013), o que ocorreu neste relato.
É provável que a demora do responsável em procurar atendimento
veterinário no início dos sinais clínicos pode ter contribuído para o
comprometimento nasal avançado. Mesmo utilizando terapia agressiva
através da trepanação em conjunto com terapia antifúngica tópica e
sistêmica, casos refratários podem existir. Casos relatados na literatura
(MacPhail, 2013) que foram diagnosticados precocemente, obtiveram
resultados satisfatórios. MacPhail (2013) relata que em alguns pacientes,
uma única lavagem com clotrimazol é eficaz, mas alguns cães requerem
repetição do tratamento. O diagnóstico tardio da doença, o retardo na
496

realização da trepanação e a não repetição da lavagem tópica antifúngica


podem ter contribuído o insucesso desse caso.

CONCLUSÃO:
A aspergilose sinonasal é um doença crônica que destroi gravemente os
seios nasais. Geralmente seu diagnóstico é tardio e há refratariedade à
terapia antifúngica sistêmica, devendo a trepanação ser considerada como
uma opção de ampliar as chances de cura dos pacientes.

REFERÊNCIAS:
1. BENITAH, N. Canine nasal aspergillosis. Clinical techniques in Small
Animal Practice, v. 21, n. 2, p. 82-88, 2006.
2. GARCIA M.E.; CACABALLERO, J.; CRUZADO, M. et. al. The value of the
determination of anti-Aspergillus IgG in the serodiagnosis of canine
aspergillosis: comparision with galactomannan detection. Journal of
Veterinay Medicine Series B, v. 48, n.10, p. 743-750, 2001.
3. HARKIN, K.R. Aspergillosis an overview in dogs and cats. Veterinary
Medicine, v.98, n.7, p. 602-618, 2003.
4. HAWKINS, E.C. Manifestações clínicas das doenças nasais. In: NELSON,
R.W.; COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais, 5 ed., Rio de
Janeiro: Elsevier, 2014, p. 217-233.
5. MACPHAIL, C.M. Surgery of the Upper Respiratory System. In: FOSSUM,
T.W. Small Animal Surgery, 4 ed., Missouri: Elsevier, 2013, cap. 29, p. 954-
957.
6. QUINN, P.J.; MARKEY, B.K.; CARTER M.E. et. al. Microbiologia veterinária
e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, p. 229-232. 2005.
7. RODRIGUES, R.; FERREIRO, L.; SPANAMBERG A. et al. Canine sinonasal
aspergillosis. Acta Science Veterinary, v.39, n.4, p. 1-6, 2011.
8. STAMM, A. Cirurgia micro-endoscópica dos conceitos
básicos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 68, n. 3, p. 299-302,
2002.
9. Zonderland J.L.; STORK C.K.; SAUNDERS J.H. et. Al. Intranasal infusion of
enilconazole for treatment of sinonasal aspergillosis in dogs. Journal of
the American Veterinary Medical Association, v. 22, n.10, p. 1421-1428,
2002.
497

172. TRICOBLASTOMA COM DIFERENCIAÇÃO DA BAINHA EXTERNA DA


RAIZ EM UM CÃO COM 5 MESES DE IDADE

ANALY RAMOS MENDES1, RAQUEL BENETON FERIOLI2, GISELE FABRÍCIA


MARTINS DOS REIS3, VANESSA YURIKA MURAKAMI4, CYNTHIA PIRIZZOTTO
SCARAMUCCI4

1
Docente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium – Araçatuba/SP
2
Doutoranda na Universidade Estadual Paulista – Campus Botucatu/SP
3
Docente do Curso de Medicina Veterinário da FAEF – Garça/SP
4
Aprimorandas do Hospital Veterinário da FAEF – Garça/SP

RESUMO:
O tricoblastoma é uma rara neoplasia benigna com componentes
epiteliais e mesenquimais com origem no bulbo germinativo do pelo e de
seu mesenquima. Representa aproximadamente 2 a 2,6% das neoplasias
cutâneas em cães. Possui diferentes classificações histopatológicas, entre
elas, o tricoblastoma com diferenciação da bainha externa da raiz, que se
mostra uma rara variante deste grupo neoplásico. Usualmente se
apresenta como nódulos circunscritos na região dorsal do tronco de 1 a 3
cm de diâmetro, não ulcerados e pigmentados. Relata-se aqui um caso de
um canino de 5 meses de idade diagnosticado com tricoblastoma com
diferenciação da BER com metástase em linfonodo satélite.

INTRODUÇÃO:
Os tricoblastomas, antigamente conhecidos como tumores de células
basais, são um grupo de neoplasias derivadas do folículo piloso (Gross et
al., 2009). É uma neoplasia benigna rara com componentes epiteliais e
mesenquimais com origem no bulbo germinativo primário do pelo e de
seu mesenquima (Kumar et al., 2015). O folículo piloso se divide
transversalmente em três porções: uma porção mais externa
(infundíbulo), composta principalmente pelo epitélio da bainha externa da
raiz; uma porção média (istmo), composta por queratinócitos; e uma
porção interna, composta pelo epitélio da bainha interna da raiz (Gross et
al., 2009).
Os tricoblastomas representam aproximadamente 2 a 2.6% das neoplasias
cutâneas em cães (Emanuelli & Bohn, 2014). Usualmente afeta animais
entre 6 a 9 anos de idade; apresenta-se nas regiões da cabeça, pescoço e
498

base da orelha; e, normalmente, se apresenta como nódulos solitários,


firmes, circunscritos a ovais, de 1 a 20cm de diâmetro (Campos et al.,
2014).

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Um cão, macho, São Bernardo, de 5 meses de idade, apresentou um
nódulo cutâneo em região dorsal de escápula esquerda com histórico de
evolução de 2 semanas. O nódulo alopécico possuía coloração enegrecida,
encontrava-se ulcerado, com consistência firme, medindo
aproximadamente 10 x 3,5 cm de diâmetro, com presença de secreção
muco-sanguinolenta. O cão apresentava-se bem clinicamente e com boa
condição corporal. Procedeu-se a citologia aspirativa por agulha fina que
resultou em neoplasia melanocítica. O animal foi estadiado clinicamente
não apresentando detectáveis metástases à distância.
Preconizou-se, como tratamento, a excisão da neoplasia com margem
cirúrgica tridimensional de 3 cm. Durante a divulsão romba para excisão
do nódulo foram encontrados os linfonodos cervicais que apresentavam
intensa linfoadenomegalia sendo também realizada linfoadenectomia
destes. Até o presente momento não houve recidiva da neoplasia ou
detecção de metástase à distância com sobrevida de 545 dias.

DISCUSSÃO:
O tricoblastoma com diferenciação da bainha externa da raiz (BER) se
mostra uma rara variante dos tricoblastomas em cães, que se assemelha
com a entidade descrita por Goldschmidt e Shofer (1992) como carcinoma
basoescamoso (Gross et al., 2009). Afetam principalmente a região dorsal
do tronco, se apresentando como nódulos circunscritos de 1 a 3 cm de
diâmetro, não ulcerados e pigmentados (Gross et al., 2009).
Apresentações de maior diâmetro são raras e não há predileção por raça e
sexo (Gross et al., 2009). Chama a atenção no caso relatado a idade do
animal de apenas cinco meses de idade, não havendo na literatura relatos
de tricoblastomas em animais jovens.
Os principais diagnósticos diferenciais são carcinoma de células basais,
tricolemoma, tricoepitelioma, pilomatricoma e adenoma apócrino
ductuolar (Gross et al., 2009). A histopatologia diferencia entre os diversos
tipos de tricoblastomas: do tipo fita, do tipo trabecular, de células
alongadas, de células granulosas e com diferenciação da BER (Gross et al.,
2009). O tricoblastoma com diferenciação da BER demonstra sinais
marcantes da BER que não se assemelham nem com o bulbo e nem como
tricolema ístmico (Gross et al., 2009). Em humanos painéis de imuno-
499

histoquímica são utilizados para diferenciar os tricoblastomas dos


carcinomas de células basais (Memije et al., 2014).
Não foram encontrados na literatura relatos deste tipo específico de
tricoblastoma em cães. Relatos pontuais de tricoblastomas do tipo fita,
trabecular, granulares e de células alongadas são encontrados em cães e
raramente em gatos (Seiler, 1981; Sharif & Reinacher, 2006; Campos et al.,
2014; Emanuelli & Bohn, 2014).
O prognóstico por vezes é favorável já que esta neoplasia é considerada
benigna, porém são escassos na literatura relatos que incluam este dado
(Puley & Stannard, 1990). Porém relata-se que a recidiva local pode
ocorrer, sendo esta mais agressiva (Puley & Stannard, 1990). Em humanos
variantes malignas dos tricoblastomas são relatados (Picard et al., 2014;
Kumar et al., 2015).

CONCLUSÃO:
A escassa literatura sobre o tricoblastoma com diferenciação da BER faz
com que este relato se torne de extrema importância em dermatologia e
oncologia veterinária. Ressalta-se o comportamento da neoplasia,
supostamente benigna, assim como sua apresentação em um canino de
apenas 5 meses de idade com metástase em linfonodo regional.

REFERÊNCIAS:
CAMPOS, A.G.; COGLIATI, B.; GUERRA, J.M. et al. Multiple trichoblastomas
in a dog. Vet Dermatol. v.25, p.48–e19, 2014.
EMANUELLI, M.P. & BOHN, A.A. What is your diagnosis? Dermal mass in a
dog. Vet Clin Pathol. v.43(2), p. 285–286, 2014.
GROSS, T. L. et al. Tumores foliculares. In: GROS, T.L. et al. Doenças de
pele do cão e do gato. 2 ed. São Paulo: Roca, 2009. p.588-624.
KUMAR, Y. S.; CHANDRA, B. K. S.; GIRISH, S. et al. A rare case of melanotic
malignant trichoblastoma. J Canc Res Therap. v.11(2), p. 496-497, 2015.
MEMIJE, M.E.V.; LUNA, E.M.; ALMEIDA, O.P. et al. Immunohistochemistry
panel for differential diagnosis of basal cell carcinoma and trichoblastoma.
Int J Trichol. v.6(2), p.40-44, 2014.
PICARD, A.; TSILIKA, K.; CARDOT-LECCIA, N. et al. Trichoblastoma with
dermoscopic features of a malignant tumor: three cases. J Am Acad
Dermatol. v.71, p.63-4, 2014.
PULEY, L.T. & STANNARD, A.A. Tumors of the skin and soft tissues. In:
MOULTON, J.E. Tumors in domestic animals. 3. ed. Berkeley: University of
California, 1990. p. 23-87.
500

SEILER, R.J. Granular basal cell tumor in the skin of three dogs. Vet Pathol.
v.18, p.23-29, 1981.
SHARIF, M. & REINACHER, M. Clear Cell Trichoblastomas in Two Dogs. J.
Vet. Med. A. v.53, p. 352–354, 2006.

173. TRIPANOSSOMÍASE EM CÃO NO MUNICÍPIO DE NOVA CANAÃ DO


NORTE-MT
VIVIANE LABS FISCHER1, NATHÁLIA DO PRADO CAPANEMA1, JULIO CESAR
VICENTE DA SILVA1, NÚBIA NAYARA FRANÇA1, TAMIRES DEFREIN BARÃO2,
ALESSANDRA KATAOKA3
1
Médico Veterinário
2
Acadêmica do curso de Medicina Veterinária-UFMT/Sinop
3
Docente do curso de Medicina Veterinária-UFMT/Sinop

RESUMO:
O objetivo do presente trabalho foi relatar um caso de tripanossomíase
por Trypanosoma evansi na espécie canina. Um cão no município de Nova
Canaã do Norte/MT foi atendido em uma clínica veterinária apresentando
sinais clínicos de febre, emagrecimento, inapetência, mucosas pouco
rosadas, dificuldade visual, linfonodos aumentados e edema de pálpebra,
face e membros. O hemograma revelou anemia, trombocitopenia e
leucopenia por neutropenia. A análise bioquímica não revelou lesão
hepática e renal. Na pesquisa de hematozoários foram identificadas
formas flageladas no esfregaço sanguíneo. Parâmetros morfométricos
utilizados revelaram a infecção como sendo por T. evansi. O animal foi
tratado com diaceturato de dimenazene, se recuperando da infecção, mas
com perda da acuidade visual.

DESCRIÇÃO DO RELATO E DISCUSSÃO:


No dia 15 de outubro de 2013, foi recebida no Laboratório Veterinário de
Sinop/MT, uma amostra de sangue para a realização de hemograma e
perfil bioquímico de um cão, da cidade de Nova Canaã do Norte/MT.
Segundo a médica veterinária responsável pelo atendimento, tratava-se
de um Rottweiler, três anos de idade e aproximadamente 35 kg, que vivia
em uma chácara na zona rural do município. Os sinais clínicos
apresentados foram emagrecimento, inapetência, dificuldade na visão e
edema de pálpebra, face e membros. Ao exame clínico foi detectada febre
de 40,9ºC, mucosas pouco rosadas, taquicardia, dispneia, taquipneia e
linfonodos aumentados. Sinais clínicos semelhantes foram descritos por
Silva et al. (1995), em quatro cães naturalmente infectados por T. evansi,
501

além de paresia gradual dos membros posteriores. Neste animal foi


observada uveíte, também relatada em outros dois cães no Rio Grande do
Sul (Santalucia et al., 2012).
No primeiro hemograma realizado, foi possível observar anemia
microcítica normocrômica, No segundo hemograma, realizado após 35
dias, observou-se anemia normocítica normocrômica, sendo semelhante
ao resultado relatado por Franciscato et al. (2007), que atribuíram a
anemia à uma provável resposta à doença infecciosa crônica,
possivelmente por hemólise. De acordo com Aquino (2007), é difícil
determinar a classificação morfológica da anemia com base em dados
obtidos em infecções naturais por T. evansi, devendo levar em
consideração outros fatores concorrentes à infecção, como deficiências
nutricionais e outras doenças parasitárias.
No presente relato, o leucograma mostrou leucopenia por neutropenia no
primeiro resultado e número de leucócitos dentro do normal na segunda
avaliação. Tanto a leucopenia (Aquino et al., 2002) como o leucograma
normal (Colpo et al., 2005), tem sido relatados em cães infectados
naturalmente por T. evansi.
Os dois resultados do hemograma revelaram trombocitopenia, também
descrita em cães experimentalmente (De La Rue et al. 1997) e
naturalmente (Franciscato et al., 2007) infectados por T. evansi. Segundo
Jain (1993), a trombocitopenia é resultante da diminuição da sobrevida
das plaquetas em cães parasitados. A provável causa é devido a
mecanismos imunomediados, onde anticorpos (principalmente IgG) se
ligam à superfície de plaquetas, ocorrendo sua destruição prematura
pelos macrófagos no baço e no fígado (Feldman et al., 2000).
O teste bioquímico mostrou que o nível de ALT (alanina aminotransferase)
estava baixo, não indicando lesão hepática, mas a Gama GT (Gama
glutamiltransferase), estava um pouco acima do valor de referência. Na
mensuração de creatinina, obteve-se resultado um pouco acima do
normal, porém o nível de ureia estava dentro da normalidade, não
indicando assim, sério comprometimento renal, ou mesmo uma azotemia
pré-renal. O resultado difere do descrito por Colpo et al. (2005), em que o
nível de creatinina estava bem acima do valor de referência e que
juntamente com o hálito urêmico, chegou-se ao diagnóstico de
glomerulonefrite. O teste bioquímico descrito de outros dois cães
mostrou valores de ALT e creatinina dentro da normalidade (Santalucia et
al., 2012).
A pesquisa de hematozoários foi realizada mediante observação do
esfregaço sanguíneo, utilizando o corante Panótico rápido, sendo o
502

resultado positivo para Trypanosoma sp. O diagnóstico de Trypanosoma


evansi foi confirmado pelo Laboratório de Biologia de Tripanosomatídeos
– FIOCRUZ/RJ, pela observação de morfologia característica do parasita,
verificando-se o seu tamanho e ausência de cinetoplasto. Parâmetros
morfométricos para a diferenciação de espécies de tripanossoma já foram
utilizados no diagnóstico de outras infecções por T. evansi em cães do
Brasil (Colpo et al., 2005).
O animal foi tratado com diaceturato de diminazene, na dose de 3,5
mg/kg (0,05 mL/kg), via subcutânea, sendo repetido após 14 e 21 dias,
sendo mantido o tratamento até a melhora do quadro clínico, com pelo
menos mais três aplicações. Brandão et al. (2002), utilizaram o mesmo
medicamento por via subcutânea na dose de 7 mg/kg no primeiro dia e
3,5mg/kg no dia seguinte.
Apesar da recuperação, o animal apresentou perda da acuidade visual. No
entanto, não se pode descartar a possibilidade de outras doenças
concomitantes, devido aos sinais clínicos inespecíficos.

CONCLUSÕES:
A divulgação desse caso serve de alerta aos proprietários e médicos
veterinários para a presença da doença na região. A busca de novas
informações é necessária para que se faça uma prevenção e controle
adequados.

REFERÊNCIAS:
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biochemical and anatomopathological aspects of the experimental
infection with Trypanosoma evansi in dogs. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v.54, n.1, p.8-18, 2002.
AQUINO, L. P. C. T. Importância da infecção por Trypanosoma evansi em
cães no Brasil. Ensaios e Ciência, v.5, n.5, p.61-68, 2007.
BRANDÃO, L. P.; LARSSON, M.; BIRGEL, E. H. et al. Infecção natural pelo
Trypanosoma evansi em cão – Relato de caso. Clínica Veterinária, n.36,
p.23-26, 2002.
COLPO, C. B.; MONTEIRO S. G.; STAINKI, D.R. et al. Infecção natural por
Trypanosoma evansi em cães. Ciência Rural, v.35, n.3, p.717-719, 2005.
DE LA RUE, M. L.; SILVA, R. A. S.; DE CARLI, G. A. Coagulopathy in dogs
infected with Trypanosoma (Trypanozoon) evansi (Steel, 1885) Balbiani,
1888. Parasitología al día, v.21, n.3-4, p.92-96, 1997.
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5ed. Baltimore : Lippincott Williams & Wilkins, 2000. 787p.
503

FRANCISCATO, C.; LOPES, S. T. A.; TEIXEIRA, M. M. G. et al. Cão


naturalmente infectado por Trypanosoma evansi em Santa Maria, RS,
Brasil. Ciência Rural, v.37, n.1, p.288-291, 2007.
JAIN, N. C. Essentials of veterinary hematology. Philadelphia : Lea &
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SANTALUCIA, S.; CASTRO, J. L. C.; RAISER, A. G. et al. Uveíte associada à
infecção por Trypanosoma evansi em cães no município de Uruguaiana,
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of Trypanosoma evansi in dogs and horses: hemathological and clinical
aspects. Ciência Rural, v.25, n.2, p.233-238, 1995.

174. TROMBOEMBOLISMO AÓRTICO EM FELINO COM CARDIOMIOPATIA


HIPERTRÓFICA – RELATO DE CASO
LORENA GATTO-FUSETTI (1), ALINE PETROLINI FLORIANO (2), SUZANE
NOTAROBERTO (3)
(1)
Estudante do curso de Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, campus Poços de Caldas; (2) Médica Veterinária –
Clínica Veterinária Felini – Especializada em Medicina Felina. Av. Gen.
Francisco Glicério, n. 651, Santos/SP; (3) Médica Veterinária especializada
em Ultrassonografia Veterinária.

RESUMO:
Felino, macho, SRD, 12 anos, com histórico de cardiomiopatia hipetrófica
(CMH) apesentou paralisia dos membros pélvicos e resposta dolorosa à
palpação. Após três horas os membros encontravam-se hipotérmicos e
cianóticos. Foi realizando um exame ultrassonográfico que demonstrou
diminuição do fluxo sanguíneo na aorta abdominal e após 24 horas o
animal veio a óbito. A necropsia revelou a presença de dois trombos no
lúmen da aorta abdominal em região caudal e na bifurcação para as
ilíacas, confirmando a suspeita de tromboembolismo.

INTRODUÇÃO:
Entende-se por trombo como a formação de um coágulo dentro do
coração ou de vasos sanguíneos. Quando o trombo emboliza em uma
artéria periférica, ocorre o tromboembolismo arterial (TEA) (FUENTES,
2012).
O tromboembolismo aórtico é uma síndrome que ocorre em felinos,
estando geralmente associada a uma cardiomiopatia, o que facilita a
formação do trombo dentro do ventrículo esquerdo. Este trombo segue
504

pela circulação sistêmica e em mais de 90% dos casos se instala na


trifurcação da aorta caudal (FOX, 1992)
A maioria dos gatos com TEA possui doença cardíaca subjacente, sendo a
cardiopatia hipertrófica a condição mais frequentemente associada
(SMITH et al., 2003)

MATERIAL E MÉTODOS:
Felino macho, SRD, castrado, 12 anos, com doença renal crônica e
cardiomiopatia hipertrófica diagnosticada através de ecocardiograma após
quadro de efusão pleural.
Apresentou paralisia aguda dos membros pélvicos e resposta dolorosa à
palpação dos mesmos, através do exame clínico foi observada diminuição
dos pulsos arteriais femorais e após três horas os membros encontravam-
se cianóticos e hipotérmicos. Foi requisitado exame ultrassonográfico e
após 24 horas o animal veio a óbito, sendo então realizada a necropsia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os gatos em sua maioria, são apresentados com paraparesia lateralizante,
devida a um êmbolo em sela na trifurcação aórtica distal. A oclusão aguda
causa dor, palidez das extremidades afetadas, parestesia, paralisia, leitos
ungueais cianóticos, ausência dos pulsos arteriais femorais e extremidades
frias (FOX, 1992)
Foi instituído tratamento com morfina 1mg/kg intravenoso (IV), dipirona
25 mg/kg IV e heparina sódica 250 unidades/kg subcutâneo. Para Ware
(2010) o tratamento visa evitar a formação de novos trombos
O ultrassom realizado durante o quadro demonstrou diminuição do fluxo
sanguíneo na aorta abdominal em região caudal.
O exame necroscópico evidenciou palidez na musculatura pélvica e
demonstrou a presença de áreas de conteúdo enegrecido no lúmen da
aorta abdominal em região caudal e na bifurcação da mesma para as
ilíacas. Ao realizar uma arteriotomia através de uma incisão longitudinal
foi possível observar a presença de dois trombos nas regiões descritas
acima. De acordo com Fox (1992) o chamado “êmbolo em sela” ou
embolização aórtica distal ocorre em mais de 90% dos gatos com
tromboembolismo arterial.

Apenas 37% dos gatos sobrevivem após um episódio de TEA (SMITH, et.
al., 2003; HAMEL-JOLETTE, 2009) e 25 a 45% dos sobreviventes
505

apresentam recidivas, o que torna o prognóstico reservado. (HAMEL-


JOLETTE, 2009).

CONCLUSÃO:
O diagnóstico primário de CMH permite estabelecer uma correlação com
possíveis quadros de tromboembolismo favorecendo a identificação
precoce dos mesmos e o início breve do tratamento, no entanto, o
prognóstico é considerado reservado e com altas chances de recidiva.

REFERÊNCIAS:
FOX, R. P. Moléstias do Miocárdio. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C.
Tratado de Medicina Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 3ª.
ed. São Paulo: Manole, 1992, p. 1153-1189.
FUENTES, V. L. Arterial thromboembolism: risks, realities and a rational
first-line approach. Journal of Feline Medicine and Surgery, London, 2012.
v.4, n.7, p. 459-470.
HAMEL-JOLETTE, A.; DUNN, M.; BÉDARD, C. Plateletworks: a screening
assay for clopidogrel therapy monitoring in healthy cats. Canadian Journal
of Veterinary Research, 2009. v. 73, n. 1. p. 73-76.
SMITH, S. A.; TOBIAS, A. H.; JACOB, K. A. et al. Arterial thromboembolism
in cats: acute crisis in 127 cases (1992–2001) and longterm management
with low-dose aspirin in 24 cases. Journal of Veterinary Internal
Medicine, Philadelphia, 2003. v.17, n.1, p. 73-83.
506

175. URETEROTOMIA COMO TRATAMENTO DE OBSTRUÇÃO URETERAL


PARCIAL EM UM CÃO – RELATO DE CASO

¹MILTON MIKIO MORISHIN FILHO, ²ANA PAULA HUIDA FRANÇA; ³SIMONE


GONÇALVES DA SILVA; 4 RENATA FOGAGNOLI CONCEIÇÃO

¹Professor Adjunto - Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), ²Médica


Veterinária Residente em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais – UTP,
³Médica Veterinária Residente em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais –
UTP, 4Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária - UTP

RESUMO:

Ureterotomia é a técnica cirúrgica utilizada para remover urólitos que


causem obstrução do ureter. Foi atendida uma cadela da raça Lhasa Apso,
7 anos, apresentando anorexia, apatia, êmese, fezes amolecidas e
polidipsia com evolução de 3 dias. Exame ultrassonográfico revelou urólito
em ureter esquerdo, causando dilatação ureteral significativa. Foi
realizada avaliação diária até identificação do momento ideal para
ureterotomia. A evolução do paciente foi favorável e sem complicações.

INTRODUÇÃO:

Urolitíase é uma enfermidade causada pela presença de urólitos no trato


urinário, que se caracterizam por formação sólida desenvolvida a partir da
hipersaturação da urina por substâncias cristalogênicas. (Rey e Pernas,
2012). A obstrução ureteral ocorre quando urólitos se alojam nos
ureteres, comprometendo o fluxo urinário. A ureterotomia consiste no
acesso cirúrgico ao ureter indicado para remoção de cálculos que estejam
causando obstrução (Fossum, 2008).

Este trabalho objetiva relatar um caso de urólito em ureter levando a


obstrução parcial do trato urinário, demonstrando a avaliação necessária
para escolha do momento correto para intervenção cirúrgica.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
507

Uma cadela da raça Lhasa Apso, 7 anos, foi atendida com histórico de
anorexia, apatia, êmese, fezes amolecidas e polidipsia a 3 dias. Ao exame
físico o animal apresentou dor à palpação abdominal. Ultrassonografia
abdominal revelou nefrólitos em rins e urólito de 0,7 cm no terço proximal
de ureter esquerdo, causando dilatação ureteral significativa. Exames de
sangue demonstraram leucocitose e anemia. A urinálise revelou urina de
aspecto turvo, densidade reduzida, traços de proteína, sangue, ph ácido,
células de transição, leucócitos e bactérias.

Foi observado, por meio da repetição diária dos exames, deslocamento


mínimo do urólito em direção à bexiga e dilatação da pelve renal, além de
diminuição da leucocitoce. No sétimo dia de avaliação, houve aumento da
creatinina (2,2mg/dL), levando à decisão de ureterotomia para remoção
de urólito. O procedimento foi iniciado com incisão retroumbilical para
acesso ao rim esquerdo. Foi realizada incisão longitudinal ao longo do
ureter e acima do urólito, remoção do urólito e síntese da parede ureteral
com fio poliglactina 910 nº 4.0 em padrão de sutura simples separado. O
acompanhamento clínico, laboratorial e ultrassonográfico pós-operatórios
demonstraram ausência de sinais de estenose ureteral e normalização de
todas as alterações, sugerindo manutenção da função renal. O paciente foi
avaliado dois meses após o procedimento e manteve-se sem
complicações. Recomendaram-se reavaliações periódicas para controle de
novas obstruções.

DISCUSSÃO:
508

A urolitíase afeta entre 1,5 e 3% da população canina, e representa uma


complicação de causa multifatorial que provoca aumento da excreção
urinária de certos minerais. (Vicente e Madrigal, 2012; Waki e Kogika,
2015). Urólitos de oxalato de cálcio são o principal cristal presente na
urina ácida (Vicente e Madrigal, 2012). No caso relatado suspeita-se deste
tipo de cálculo devido ao ph 5,0, ainda que não se observe presença de
cristais de oxalato na urina. Waki e Kogika (2015) citam o Lhasa Apso
como uma raça predisposta à formação desse tipo de cálculo e dizem,
ainda, que apenas 5% dos urólitos são encontrados na pelve renal e nos
ureteres. Os urólitos de oxalato de cálcio apresentam menor incidência
em fêmeas, possivelmente pela ação protetora exercida pela redução da
excreção urinária de oxalato e do aumento de citrato oriundas da ação
dos estrógenos, considerados inibidores da cristalização (Rey e Pernas,
2012).

Rey e Pernas (2012) dizem que há predisposição a infecções no trato


urinário em casos de presença de urólitos, e citam a hematúria, disúria,
cistite, polaciúria e estrangúria como sinais comuns da urolitíase. No caso
relatado, o paciente não apresentou alterações no fluxo urinário, no
entanto, a urinálise e exames hematológicos demonstraram sinais de
infecção e início de comprometimento renal.

Giordani et al (2008) relatam um caso de hidronefrose como consequência


da obstrução ureteral. Além disso, Faria et al (2011) ressaltam a
ocorrência de pionefrose nos casos de infecção urinária decorrente de
urolitíase crônica. Isto demonstra a importância da identificação precoce
do urólito e do acompanhamento destes casos para a prevenção de
complicações. Rodrigues et al. (2007) diz que o grau da lesão renal
depende da integridade e do tempo de obstrução. Caso a obstrução seja
aliviada, a lesão renal será totalmente reversível.

A ureterotomia para remoção de cálculos é indicada se ocorrer ou se


houver a possibilidade de obstrução ureteral (FOSSUM, 2008). Neste caso,
optou-se por este procedimento no momento em que foi observada
dilatação da pelve renal e aumento de creatinina, e a evolução do
paciente foi favorável e sem complicações.
509

CONCLUSÃO:

A ureterotomia se mostrou eficaz no tratamento da obstrução ureteral


quando realizada no momento ideal, identificado por meio do controle
diário da função renal e imagem ultrassonográfica. O tratamento precoce
evita a evolução da obstrução para alterações renais. A rápida
identificação e instituição do tratamento adequado são essenciais para
evitar complicações como hidronefrose ou pionefrose, que poderiam levar
a perda irreversível da função renal.

REFERÊNCIAS:

1 - FARIA, L. G.; SAMPAIO, G.R.; CAMPOS, I. O.; LACRETA, A. C. C. J.;


VARASCHIN, M. S.; KAWAMOTO, F. Y. K.; CURTI, F.; BARROS, R.;
MESQUITA, L. R. Pionefrose decorrente de obstrução ureteral Crônica em
cão – relato de caso. In: XXXVIII CONBRAVET, 2011. Florianópolis.

2 - FOSSUM, T. W. Cirurgia do Rim e Ureter. In: FOSSUM, T. W.; HEDLUND,


C. S.; JOHNSON, A. L.; SEIM III, H. B.; WILLARD, M. D.; BAHR, A.; CARROLL,
G. L. Cirurgia de Pequenos Animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008,
Cap. XXIV, p.635-660.

3 - GIORDANI, C.; HIRSCHMANN, L. C.; SOUZA, L. S. S.; FACCO, M. P.;


CAMPELLO, A.; LOBO, C. Hidronefrose proveniente de obstrução ureteral -
relato de caso. In: XXXV CONBRAVET, 2008. Gramado.

4 - REY, M. L. S.; PERNAS, G. S. Tratamento da urolitíase canina. In:


CORTADELLAS, O. Manual de nefrologia e urologia clínica canina e felina.
1.ed. São Paulo: MedVet, 2012, Cap. XIX, p.211-222.

5 - RODRIGUES, M. F.; WILHELM, G.; PEREIRA, I. C.; MUELLER, E. N.;


FERNANDES, M. A. G.; GUIM, T. N.; MENDES, T. C.; RODRIGUES, R. E. S.;
NOBRE, M. O. Hidronefrose Unilateral em um Canino – Relato de Caso. In:
XVI Congresso de Iniciação Cientifica e IX Encontro de Pós-Graduação,
2007, Pelotas (RS). Anais do XVI CIC e IX ENPOS, 2007.

6 - VICENTE, F. T.; MADRIGAL, J. J. C. Urinálise. In: CORTADELLAS, O.


Manual de nefrologia e urologia clínica canina e felina. 1.ed. São Paulo:
MedVet, 2012, Cap. VII, p.65-77.
510

7 - WAKI, M. F.; KOGIKA, M. M. Doenças do trato urinário inferior. In:


JERICÓ, M. M.; ANDRADE NETO, J. P.; KOGIKA, M. M. Tratado de medicina
interna de cães e gatos. 1.ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015, Cap. XVII,
p.1461-1514.

176. URINOMA UNILATERAL POR RUPTURA URETRAL EM UM FELINO:


RELATO DE CASO
PEDRO PAULO ROSSIGNOLI1, AMANDA STEPHANY RODRIGUES DE
FREITAS2, THUANNY LOPES NAZARET1, LUIS GUSTAVO GOSUEN
GONÇALVES DIAS³, BRUNO WATANABE MINTO³, ANDRIGO BARBOZA DE
NARDI³, PAOLA CASTRO MORAES³.
1
Aprimorandos da Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais da FCAV/UNESP
– Campus Jaboticabal, SP - pedrorossignoli@gmail.com
2
Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal
Catarinense- Campus Araquari - amandasrf@hotmail.com
3
Docentes da FCAV – UNESP Jaboticabal, Departamento de Clínica e
Cirurgia Veterinária.

RESUMO:
O traumatismo de trato urinário inferior é principalmente resultante de
acidente veicular ou cateterização uretral, podendo resultar em obstrução
ou ruptura de uretra. Caso haja ruptura uretral, a urina pode ficar retida
na cavidade abdominal, no canal pélvico ou nos tecidos subcutâneos.
Objetivou-se descrever um caso de ruptura uretral em um felino com a
posterior formação de um urinoma. O paciente atendido apresentava
histórico de atropelamento e atendimento prévio em serviço veterinário
particular, onde se realizou a cateterização uretral. Após a retirada da
sonda, houve a formação de fístula em região perineal esquerda. O animal
foi submetido à laparotomia exploratória, sendo encontrado um cisto
pararenal esquerdo, o qual foi drenado e curetado. O extravasamento e
acúmulo de urina em região retroperitoneal podem induzir a
encapsulação do conteúdo, denominado urinoma, como no paciente
descrito.

INTRODUÇÃO:
Em felinos, traumas no trato urinário inferior são comuns, seja por ruptura
ou variados graus de obstrução. Caso haja a ruptura da uretra, a urina
pode ficar retida na cavidade abdominal, no canal pélvico ou nos tecidos
subcutâneos (Meeson e Corr, 2011). As causas são variadas, podendo ser
511

por mordedura, projétil balístico, trauma veicular, obstrução por cálculos


ou cateterização uretral (Fossum, 2008).
Caso ocorra o acúmulo de urina em cavidade abdominal, esta pode levar à
formação de urinoma, a partir de uma reação local e posterior
encapsulamento da urina em um saco fibroso (Moores et al., 2002).
Este trabalho tem como objetivo descrever um caso de ruptura uretral em
um felino com a posterior formação de um urinoma.

DESCRIÇÃO DO CASO:
Realizou-se o atendimento de um felino, macho, SRD, pesando 2,9kg com
histórico de atropelamento havia 17 dias. O animal fora atendido por
serviço veterinário externo, onde foi realizada a cateterização uretral com
sonda semi-rígida, permanecendo sondado durante cinco dias após o
trauma. Dois dias após da retirada da sonda uretral, observou-se
tumefação em região perineal, com posterior formação de fístula e
drenagem de secreção sanguinolenta e urina. O exame físico apresentou-
se normal e à palpação abdominal era possível identificar a bexiga urinária
repleta.
O animal foi encaminhado ao Hospital Veterinário 21 dias após o trauma
inicial. Durante o atendimento, o animal foi sedado para a cateterização
uretral, porém o procedimento não foi realizado devido à impossibilidade
de progressão da sonda.
Suspeitando-se de ruptura uretral pré-púbica, o animal foi submetido à
laparotomia exploratória a fim de identificar o segmento uretral rompido,
realizando após a uretrostomia pré-púbica para correção do mesmo.
Durante o procedimento foi identificado um cisto pararenal na região
abdominal cranial esquerda. Realizou-se a divulsão da região e
subsequente e ancoragem no polo caudal. Após constatar a
impossibilidade de exérese do cisto, optou-se pela drenagem e
curetagem, e copiosa lavagem da cavidade abdominal com solução
fisiológica aquecida.

DISCUSSÃO:
A ruptura do trato urinário pode ocorrer por variadas causas, incluindo
mordedura, obstrução por cálculos, projétil balístico, trauma veicular ou a
cateterização uretral, sendo os dois últimos de maior ocorrência em gatos
machos (Fossum, 2008; Owen et al., 2009), o que resulta em
extravasamento de urina em cavidade abdominal (Stafford e Bartges,
2013). Quanto ao animal atendido neste relato, devido ao histórico de
atropelamento e a formação de fístula perineal após a retirada da sonda
512

uretral, supõe-se que o trauma veicular seja a causa primária da ruptura,


que pode ter sido agravada pela cateterização uretral com sonda semi-
rígida.
Ao extravasar urina para a região retroperitoneal, ocorre lipólise local
seguida de reação fibroblástica, encapsulando o conteúdo entre três e seis
semanas em um saco fibroso. Esta formação é denominada urinoma,
podendo também ser chamada de pseudocisto urinífero (Moores et al.,
2002). A descrição condiz com o achado do cisto pararenal esquerdo no
paciente atendido devido ao histórico de atropelamento de 21 dias antes
do procedimento cirúrgico.
A uretrografia retrógrada por contraste positivo é o método de eleição
para diagnóstico de ruptura em trato urinário (Stafford e Bartges, 2013), a
qual não foi efetuada devido à impossibilidade de cateterização. Quanto
ao urinoma, o diagnóstico é histopatológico, sendo visibilizada parede
espessa de tecido conjuntivo denso sem revestimento epitelial (Moores et
al., 2002). Tal exame não foi realizado devido à falta de autorização pelo
proprietário.
O tratamento para urinoma é cirúrgico e em grande parte dos casos a
drenagem do cisto resulta em sucesso (Moores et al., 2002). Tal técnica
fora realizada no paciente descrito durante a laparotomia exploratória, já
que não foi possível realizar a exérese do cisto.

CONCLUSÃO:
Acometendo geralmente felinos machos, o urinoma pode ser uma das
consequências da ruptura uretral, podendo resultar em acúmulo de urina
em região retroperitoneal, com posterior reação tecidual. Deve-se,
portanto, incluir tal afecção dentro dos diagnósticos diferenciais nos
atendimentos de felinos com suspeita de ruptura uretral.

REFERÊNCIAS:
FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos animais, ed.3, Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
MEESON, R.; CORR, S. Management of pelvic trauma: Neurological
damage, urinary tract disruption and pelvic fractures. Journal of Feline
Medicine and Surgery, v.13, n.5, p.347-361, May 2011. Disponível em:
<http://jfm.sagepub.com/content/13/5/347.long>. Acesso em:
24/07/2015.
MOORES, A. P.; BELL, A. M. D.; COSTELLO, M. Urinoma (para-ureteral
pseudocyst) as a consequance of trauma in a cat. Journal of Small
513

Animal Practice, v. 43, p. 213-216, may 2002. Disponível em:


<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12038854>. Acesso em
23/07/2015.
OWEN, L. J.; MOORE-HOTSTON, A.; HOLT, P. E. Vacuum-assisted wound
closure following urince-induce skin and thigh muscle necrosis in a cat.
Veterinary and Comparative Orthopaedics and Traumathology, v.22, n;5,
p.417-421, 2009. Disponível em: <
http://vcot.schattauer.de/en/contents/archivestandard/issue/972.html>.
Acesso em: 23/07/2015.
STAFFORD, J.R.; BARTGES, J.W. A clinical review of pathophysiology,
diagnosis, and treatment of uroabdomen in the dog and cat. Journal of
Veterinary Emergency and Critical Care, v.23, n.2, p.216-229, Mar 2013.
Disponível em:
<http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/vec.12030/abstract>. Acesso
em: 23/07/2015.

177. USO DE CONSTRITOR AMERÓIDE NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DE


SHUNT PORTO-CAVA EM CÃO DA RAÇA PUG – RELATO DE CASO
MARIANA DA SILVA RIBEIRO1, CHRIS MACIEL PEÇANHA1, MARINA TOMAZ
GONÇALVES DE MORAES1, JADE LEAL LOUREIRO SILVA1, LEONARDO
WALDSTEIN DE MOURA VIDAL1, ANDRÉ LACERDA DE ABREU OLIVEIRA1
1
Unidade de Experimentação Animal (UEA) - Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, Campos dos Goytacazes, RJ.

RESUMO:
Shunts porto-sistêmicos extra-hepáticos são comunicações únicas ou
múltiplas entre a veia porta e a circulação sistêmica. Esta patologia é
diagnosticada com maior frequência em cães de raça pequena, sendo a
raça pug predisponente. O tratamento cirúrgico pode ser realizado a partir
da colocação de um constritor ameroide em torno da comunicação
anômala, que tem a vantagem de promover a oclusão gradual, impedindo
o desenvolvimento de hipertensão portal. Este trabalho relata um caso de
correção cirúrgica de shunt porto-cava diagnosticado por meio de
ultrassonografia doppler em uma cadela da raça pug de 6 meses. O
tratamento cirúrgico consistiu na colocação de um constritor ameroide de
5 milímetros, sendo que ao longo de três meses monitoração foi
observada oclusão total do shunt por meio da ultrassonografia doppler. O
procedimento cirúrgico foi realizado em curto tempo, apresentando um
bom prognóstico.
514

DESCRIÇÃO DO RELATO:
Cadela da raça pug, 6 meses de idade, 4,150 Kg, com histórico de crises
convulsivas frequentes, foi diagnosticada com shunt porto-sistêmico por
meio de ultrassonografia doppler e encaminhada para realização da
correção cirúrgica. Como tratamento clínico prévio foram administrados
metronidazol (15 mg.Kg-1) a cada 12 horas e lactulose (0,5 mL.Kg-1) a cada
8 horas. Foram utilizados meperidina (2 mg.Kg-1) e clorpromazina (1
mg.Kg-1) como medicação pré-anestésica, propofol (5 mg.Kg-1) como
indução anestésica e o animal foi mantido em anestesia inalatória com
isoflurano. O shunt único, extra-hepático do tipo porto-cava, foi
identificado após celiotomia e dissecação romba do local. A correção foi
realizada com a colocação de um constritor ameróide de 5 milímetros. A
celiorrafia foi realizada como de rotina. O animal recebeu
acompanhamento clínico ultrassonográfico ao longo de 3 meses, sendo
observada oclusão total do shunt e sem apresentar recidiva do quadro
clínico.

DISCUSSÃO:
Os shunts porto-sistêmicos são comunicações únicas ou múltiplas diretas
entre o vaso portal e a circulação sistêmica. Os shunts extra-hepáticos são
diagnosticados com maior frequência em cães de raças pequenas, dentre
as quais a raça pug é predisponente (Case et al., 2012). A cirurgia é o
tratamento preterido, devido a maior chance de sobrevivência quando
comparada ao tratamento médico (Greenhalgh et al., 2010). O constritor
ameroide proporciona atenuação gradual do shunt ao longo de 2 semanas
ou mais, impedindo o desenvolvimento de hipertensão portal (Besancon
et al., 2004). Hunt et al. (2014) constataram que diâmetros superiores a 5
milímetros podem gerar oclusão incompleta, perpetuando a
sintomatologia clínica. O seu uso tem apresentado bons resultados,
prolongando a sobrevida pós-operatória (Falls et al., 2012).

CONCLUSÃO:
O tratamento cirúrgico de shunt extra-hepático porto cava a partir da
colocação de constritor ameroide foi realizado em curto tempo, não
havendo complicações no trans e pós-operatório e apresentou um bom
prognóstico.

REFERÊNCIAS:
515

BESANCON, M.F.; KYLES, A.E.; GRIFFEY, S.M. et al. Evaluation of the


characteristics of venous occlusion after placement of an ameroid
constrictor in dogs. Veterinary Surgery, V. 33, p. 597–605, 2004.
CASE, V.L.; NORMAN, B.C.; FRANCIS, J. Definitively diagnosing hepatic
vascular disease. Veterinary Medicine. Dec 01, 2012.
FALLS, E.L.; HUNT, G.B.; MEHL, M.L. Long Term Outcome After Surgical
Ameroid Ring Constrictor Placement for Treatment of Single Extrahepatic
Portosystemic Shunts in Dogs. Veterinary Surgery, V. 42, p. 951–957,
2013.
GREENHALGH, S.N.; DUNNING, M.D.; MCKINLEY, T.J. et al. Comparison of
survival after surgical or medical treatment in dogs with a congenital
portosystemic shunt. Journal of the American Veterinary Medical
Association, V. 236, No. 11, p. 1215–1220, 2010.
HUNT, G.B.; MAYHEW, K.N.; STEFFEY, M.A. Evaluation of In Vivo Behavior
of Ameroid Ring Constrictors in Dogs with Congenital Extrahepatic
Portosystemic Shunts Using Computed Tomography. Veterinary Surgery,
V. 43, p. 834–842, 2014.

178. USO DE ENDOCLIP NO TRATAMENTO CIRÚRGICO DE PERSISTÊNCIA


DE DUCTO ARTERIOSO EM CÃO – RELATO DE TRÊS CASOS
CHRIS MACIEL PEÇANHA¹, MARIANA DA SILVA RIBEIRO¹, JADE LEAL
LOUREIRO SILVA¹, MARINA TOMAS GONÇALVES DE MORAES¹, FERNANDA
ANTUNES¹, ANDRÉ LACERDA DE ABREU OLIVEIRA¹
¹Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - RJ

RESUMO:
O ducto arterioso persistente (PDA) é a anomalia vascular congênita mais
frequente nos cães. Este trabalho descreve três casos de PDA em cadelas,
com idade variando entre cinco e quatorze meses, raças de pequeno
porte, com mesmo histórico de desenvolvimento retardado, apatia,
intolerância a exercício e cianose. A auscultação torácica revelou presença
de sopro cardíaco em todos os casos. A confirmação do diagnóstico de
PDA da esquerda para a direita foi realizada através da ecocardiografia
transtoracica. A resolução do PDA foi alcançada por toracotomia no quinto
espaço intercostal e ligadura, nos dois polos do ducto persistente,
utilizando endoclip.

DESCRIÇÃO DO RELATO:
516

Três cadelas, com idade variando entre cinco e quatorze meses, todas de
pequeno porte, foram atendidas apresentando histórico de
desenvolvimento retardado, apatia, intolerância a exercício e dispneia.
Exame físico detalhado foi realizado e a auscultação torácica revelou
presença de sopro contínuo com característico ruído de maquinaria sobre
a base esquerda do coração, sugerindo persistência de ducto arterioso. Os
animais foram encaminhados para realização de ecocardiografia
transtoracica e a identificação do PDA com desvio esquerdo-direito
permitiu a confirmação do diagnóstico em todos os casos.
O tratamento cirúrgico foi realizado com acompanhamento anestésico
criterioso seguindo protocolo adequado, de acordo com a condição clínica
de cada animal, sendo todos mantidos em plano anestésico com anestesia
inalatória controlada utilizando Isoflurano.
A abordagem cirúrgica consistiu de uma toracotomia lateral esquerda a
nível do 5º espaço intercostal. Após separação dos arcos costais,
utilizando-se um afastador de Finochietto, divulsão cautelosa foi realizada.
Identificada a anomalia, foram posicionadas duas pinças hemostáticas,
uma em cada extremidade do ducto, visando verificar se a oclusão do
mesmo causaria arritmia cardíaca, quadro de cianose ou descompensação
da pressão arterial, característicos em casos de compensação sistêmica a
partir da inversão do fluxo sanguíneo no ducto. Nenhum dos animais
apresentou descompensação com o teste das pinças e os procedimentos
de oclusão foram realizados através da colocação do endoclip,
substituindo a técnica de ligadura com fio polipropileno 4-0 ou seda 1-0.
Finalizada a oclusão do ducto, colocou-se dreno torácico temporário de
modo a restabelecer pressão negativa intratorácica após toracorrafia.
O pós-operatório de dois animais progrediu de forma satisfatória. Um dos
animais, logo após a recuperação anestésica, apresentou quadro de
descompensação cardíaca severa. Tentativa de remoção do endoclip foi
realizada com insucesso e animal veio a óbito.

DISCUSSÃO:
O ducto arterioso é a comunicação entre a artérias pulmonar e aorta que,
na vida fetal, tinha função de evitar que todo sangue caminhasse para o
pulmão até então afuncional. Após o nascimento, o ducto tende a se
fechar, porém, em alguns casos isso não ocorre, levando a ocorrência do
ducto arterioso persistente e o fluxo da esquerda para a direita se
mantém.
517

A correção cirúrgica é recomendada em todos os casos de PDA com desvio


da esquerda para a direita. Casos de PDA não tratados progridem para
insuficiência cardíaca congestiva e edema pulmonar (Bureal et al., 2005).
O tratamento cirúrgico é geralmente realizado por meio da ligadura
circunferencial do ducto arterioso (Fossum, 2014). A ligadura pode ser
realizada através de duas laçadas, uma na região do ducto próxima à aorta
e outra próxima ao tronco pulmonar, para reduzir o risco de recanalização
(Stopiglia, 2004). A técnica utilizada no presente relato substituiu a
ligadura com fio pelo endoclip e os resultados foram satisfatórios.

CONCLUSÃO:
No presente estudo, o tratamento cirúrgico do PDA apresentou-se como
curativo. A correção cirúrgica deve ocorrer logo após a confirmação do
diagnóstico, verificando – se primariamente o estado geral do paciente. O
teste das pinças deve ser realizado independente do resultado da
ecocardiografia, para que não haja compensação através do shunt direita-
esquerda, que veta a possibilidade de correção cirúrgica

REFERÊNCIAS:
BUREAL S., MONNET E., ORTON E.C., Evaluation of surgical and prognostic
indicators for surgical treatment of left-to-right patente ductus arteriosus
in dos: 52 cases (1995-2003). J Am Vet Med Assoc. 227:1794, 2005.
FOSSUM T. W. et al., Cirurgia de pequenos animais In: ____.Cirurgia do
sistema cardiovascular. 4.ed. Mosby Elsevier, 2014. Cap.28., p.871 – 876.
STOPIGLIA, A.J. et al. Persistência do ducto arterioso em cães: revisão.
Rev. Educ. Contin. CRMV-SP, São Paulo, v. 7, n. 1/3, p. 23-33, 2004.

179. UTILIZAÇÃO DO MÚSCULO SEMITENDINOSO NA


CORREÇÃO DE HÉRNIA PERINEAL EM CÃO-RELATO DE CASO
Katiucha Rebeca Jennifer Lopes Lera1, Rafael Ricardo Huppes2,
Josiane Morais Pazzini3; Jorge Luiz Costa Castro4; Eduardo
Luiz Serafim5
1
Graduanda em Medicina Veterinária da Faculdade de Ingá,
Maringá-PR; E-mail: katiucha_llera@hotmail.com
2
Professor Dr. de técnica cirúrgica da Faculdade Ingá –
Maringá-PR;
3
Médica Veterinária, Doutoranda em Cirurgia Veterinária da
Faculdade de Ciência Agrária e Veterinária, Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Jaboticabal -SP;
518

4
Professor de técnica cirúrgica da PUC Paraná
5
Médico Veterinário, Mestrando em Cirurgia Veterinária da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Jaboticabal -SP;

RESUMO:
Foi atendido no Hospital Veterinário, no setor da clinica
cirúrgica, um canino, Shitzu, macho, 9 anos, pesando 8 kg,
com hérnia perineal, o qual foi encaminhado para cirurgia. A
técnica cirúrgica consistiu na confecção do retalho do
semitendinoso para a correção de hérnia perineal,
apresentou deiscência de sutura sem recidiva. No
pós operatório recomendou-se limpeza da ferida cirúrgica,
protetor gástrico, antimicrobiana, analgesia e
antiinflamatória. A reconstrução de hérnia perineal
empregando a transposição do músculo semitendinoso é uma
boa opção de correção cirúrgica. A correção de hérnia
perineal com retalho do músculo semitendinoso é uma
alternativa nos casos herniorrafia perineal quando outras
técnicas não são possíveis de serem realizadas.

INTRODUÇÃO:
Foi atendido no Hospital Veterinário, no setor da clinica
cirúrgica, um canino, Shitzu, macho, 9 anos, pesando 8 kg,
com hérnia perineal. Realizou – se exames hematológicos,
bioquímicos, e eletrocardiograma, os quais não apresentavam
alterações dignas de nota. Sendo assim, encaminhou – se o
paciente para cirurgia. A técnica cirúrgica consistiu na
confecção do retalho do semitendinoso para a correção de
hérnia perineal. Realizou –se a incisão cutânea no local da
hérnia, após abertura do saco herniário, os conteúdos
pélvicos foram identificados e recolocado na posição original.
O músculo semitendinoso esquerdo foi localizado, dissecado
das estruturas adjacentes e seu pedículo proximalvascular
(artéria glútea caudal e veia glútea caudal) e nervoso,foram
identificado e preservados. Promoveu-se ligadura da artéria
femoral caudal distal, e após, o músculo semitendinoso foi
seccionado em sua porção distal na altura do linfonodo
poplíteo esquerdo, para ser transferido à região perineal. Ato
contínuo, rotacionou-seo em direção ao defeito, e em
519

seguida, promoveu-se o recobrimento do defeito. A sutura


realizada para implantação do retalho no defeito foi em
padrão simples contínuo, utilizando fionylon 2-0. Após a
correção do defeito, a extremidade seccionada do músculo
semitendinoso promoveu-se a síntese com padrão simples
separado com fio nylon 2-0 dos músculos coccigeo, obturador
interno, e fáscia pélvica. A borda medial original do músculo
semitendinoso foi aproximada a porção caudal do músculo
esfíncter externo do ânus e a sua borda lateral original aos
músculos isquiouretral, e bulboesponjoso, assim como
fásciado músculo semimembranoso com padrão de sutura
simples separado com fio nylon 3-0. Foi realizada a redução
do subcutâneo em padrão simples contínuo com poliglactina
3-0, e a dermorrafia com padrão simples interrompido com
nylon 3-0. No pós operatório recomendou-se limpeza da
ferida cirúrgica com solução fisiológica. Foi prescrito
Cloridrato de Ranitidina (2mg/kg/BID/10dias) como protetor
gástrico, Cefalexina (30mg/kg/BID/10dias) como terapia
antimicrobiana, Cloridrato de Tramadol (3mg/kg/TID/7dias) e
Dipirona (25mg/kg/TID/7dias) como analgesia, Meloxican
(0.1mg/kg/SID/3dias) como terapia antiinflamatória.

RESULTADOS:
Apresentou deiscência de sutura, porém cicatrizou por
aproximação primária tardia. Assim não teve recidiva.

DISCUSSÃO:
A reconstrução de hérnia perineal empregando a
transposição do músculo semitendinoso é uma boa opção de
correção cirúrgica, embora neste caso tenha ocorrido
deiscência de sutura, o paciente não apresentou recidiva da
neoplasia, sendo assim, o presente relato vai de encontro
com a literatura, visto que pode-se empregar diversas
modalidades cirúrgicas como forma de tratamento, como
intervenções cirúrgicas únicas, até as combinadas, realizadas
em um ou mais tempos cirúrgicos, associando modalidades
como herniorrafia clássica (2010), transposições musculares
(Sarrau, et al 2011), implantes sintéticos (Vnuk et al., 2006),
telas biológicas (Semiglia et al. 2011) e pexias de órgãos
abdominais (D’assis et al., 2010).
520

A transposição do músculo semitendinoso consiste na


translocação do músculo da parte posterior da coxa até o
defeito herniário do antímero contralateral, utilizando a sua
parte seccionada para reconstituir o diafragma pélvico
(Mortari et al, 2005). De acordo com Sarrau (2011), a
transposição do músculo semitendinoso é considerada uma
técnica simples de ser realizada, porém sua aplicabilidade
está restrita para apenas um antímero, podendo ser utilizada
em conjunto com outras técnicas, como: a transposição do
músculo obturador interno ou com telas reparadoras para
uma reconstituição completa dos pacientes que apresentem
hérnia perineal bilateral (2006);(2010). Sendo assim, o
emprego do retalhodo músculo semitendinoso para correção
de hérnia perineal vai de encontro com a literatura, visto
quea técnica empregada apresenta vantagem em relação às
outra técnicas, pois ulitiza-se musculatura íntegra para o
recobrimento do defeito. Embora no caso descrito tenha
ocorrido deiscência de sutura, ainda assim o emprego da
técnica é favorável por corrigir o problema e apresentar
efeitos cosméticos satisfatórios.

CONCLUSÃO:
A correção de hérnia perineal com retalho do músculo
semitendinoso é uma alternativa nos casos herniorrafia
perineal quando outras técnicas não são possíveis de serem
realizadas.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Dörner J, Dupré, G. Two-step protocol for surgical treatment
of complicated or bilateral perineal hernia in dogs. In:
Laparotomy followed by herniorrhaphy (2010), v. 20, n. 2,
EJCAP, p. 186 – 192.
Mortari, AC et al. (2005). Electromyographical,
ultrasonographical and morphological modifications in
semitendinous muscle after transposition as ventral perineal
muscle flap. Journal of veterinary medicine, 52: 359–365.
Sarrau S (2011). Troiscas de herniepérinéalerécidivantetraités
par transposition du muscle semi-tendineux. In: Pratique
MédicaleetChirurgicale de l’Animal de Compagnie , 46:107–
113.
521

Vnuk, D et al. (2006). Modified salvage technique in surgical


repair of perineal hernia in dogs using polypropylene
mesh.Veterinari Medicina, 51:111–117.

180.VALIDAÇÃO DO KIT 43-NSEHU-E01 ALPCO® PARA DETERMINAÇÃO


DA ENOLASE NEURONAL ESPECIFICA EM CÃES SAUDÁVEIS E COM
ENCEFALITE – RESULTADOS PRELIMINARES
E L IA S , B C 1 ; N A VA R R O , IT 2 ; A LF IE R I, A F 2 ; G A R C IA , J.L 2 ;
S A R G I , LF 3 ; G OM E S , LA 4
1 – Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, UEL
2 – Departamento de Medicina Veterinária Preventiva , UEL
3 – Graduanda de Medicina Veterinária - UEL
4 – Departamento de Clínicas Veterinárias, UEL
RESUMO:

A enolase neuronal específica (NSE) é uma enzima encontrada no


citoplasma de neurônios, a qual é liberada no líquor e no sangue em
situações de injúrias cerebrais, servindo como biomarcador. O objetivo
deste trabalho foi validar o kit 43-NSEHU-E01 ALPCO®, e quantificar a NSE
sérica de cães saudáveis e com encefalite.

INTRODUÇÃO:

A enolase neuronal específica (NSE) é uma enzima glicolítica


intracitoplasmática encontrada nos neurônios, composta por duas
subunidades gamma (ᵞᵞ) presente em maior quantidade na substância
cinzenta. Liberada no líquido cefalorraquidiano (LCR) e no sangue, quando
há injúria cerebral. (Zenaide e Gusmao-Flores, 2013; Usui et al., 1994). As
encefalites em cães podem ser ocasionadas por vários agentes infecciosos,
como vírus, protozoários, bactérias, riquétsias, fungos e príons (Gandini et
al, 2010). Assim sendo, o objetivo desse estudo foi validar o kit 43-NSEHU-
E01 -ALPCO® por meio da mensuração da NSE sérica em cães saudáveis e
com encefalite e determinar se há diferença entre os grupos estudados.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram utilizados 5 cães saudáveis no grupo controle (GC) e 5 cães com


sinais clínicos de encefalite (GE) ocasionados por cinomose. Não houve
522

distinção quanto ao sexo e raça para os cães do GE, entretanto, para o GS


foi adotada somente animais adultos. Este trabalho foi aprovado pelo
Comissão de Ética em Pesquisa com Animais, com número de ofício
086/14. Os animais saudáveis foram avaliados por meio de anamnese,
exame físico e exames laboratoriais, da mesma forma que os cães com
encefalite. Os quadros de encefalite foram caracterizados pela detecção
de alterações neurológicas observadas mediante o exame neurológico
completo e envolvendo a área tálamo-cortical e/ou cerebelar e/ou de
tronco encefálico. Realizou-se hemograma de todos os cães com suspeita
de cinomose e confirmou-se a doença por meio da técnica de PCR com
DNA e RNA extraídos de amostras de sangue e urina. A quantificação da
NSE se deu por teste de ELISA utilizando kit intitulado Neuron Specific
Enolase ELISA (número de catálogo 43-NSEHU-E01, ALPCO®). O anticorpo
para NSE-monoclonal é humano, portanto, para certificar a funcionalidade
do teste em cães a identidade da sequência de aminoácido da gamma
enolase humana, encontrada no banco de dados do pubmed
(NP_001966.1), foi verificada e comparada com sequência de gamma
enolase de canideos (XP_003639985.1), utilizando o software BLASTP
(Protein Basic Local Aligment Search Tool), versão 2.2.29 +
(http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi), que apresentou 99% de
identidade, sustentando o uso do kit humano em cães. A avaliação de NSE
foi realizada em duplicata, utilizando a leitora de microplacas em
absorbância com filtro de 450 nm, seguindo as orientações do laboratório.
Os cães com encefalite (GE) foram submetidos a eutanásia por solicitação
dos proprietários devido ao agravamento dos sinais clínicos e prognóstico
ruim.

RESULTADOS:

Em cada um dos grupos haviam 3 (60%) fêmeas e 2 (40%) machos. No


exame neurológico os locais de lesão variaram, sendo que em 1 (20 %)
cão houve acometimento do prosencéfalo e cerebelo, 2 (40 %)
apresentaram lesão no tronco cerebral e medula espinhal, 40%
prosencéfalo, medula espinhal e cerebelo.
Após a eutanásia, o LCR foi imediatamente coletado via cisterna cerebelo
medular, e em 4 (80 %) dos animais com encefalite verificou-se a presença
de pleocitose linfócitica com aumento de proteína, e em 1 (20 %)
observou-se apenas aumento de proteína. O teste de Kruskal-Wallis foi
utiliizado para analisar a diferença entre as médias, obtendo-se valor de
523

P=0,016 que inicialmente fortalece a hipótese de diferença das medias dos


valores de NSE entre os grupos.

DISCUSSÃO:

Os cães com encefalite apresentaram valores de NSE aumentados quando


comparados com o grupo controle. Esse resultado confirma que a lesão
encefálica por inflamação libera a NSE no sangue a qual foi detectada com
eficácia comprovando que o kit humano utilizado serve para detecção da
referida enzima. Esses achados estão de acordo com os de Usui et al
(1993) que observaram aumento da NSE sérica e também no LCR em cães
submetidos experimentalmente a lesão cerebral isquemica. Nos seres
humanos, as situações clínicas documentadas em que a NSE apresentou
aumento devido ao dano neuronal foram as encefalites, o trauma crânio
encefálico e a isquemia cerebral por parada cardiorespiratória (Lima et al.,
2004), porém, em medicina veterinária há escassez na literatura sobre o
referido biomarcador, ressaltando assim a importância de trabalhos
envolvendo a NSE. Os testes utilizando biomarcadores séricos para lesão
encefálica são vantajosos por serem minimamente invasivos e servir de
auxílio para avaliar a eficácia da terapia e fator de prognóstico.

CONCLUSÃO:

O kit 43-NSEHU-E01, ALPCO® para humanos foi eficaz na detecção da NSE


no soro de cães saudáveis e com encefalite validando o seu uso como
ferramenta na detecção de lesões neuronais precoces na espécie
estudada.

REFERÊNCIAS:
GANDINI, A; JAGGY, A; CHALLANDE-KATHMANN, I. et al. Cerebrum. In:
JAGGY, A. (Org.). Small Animal Neurology An Illustrated Text. Hannover:
Schlütersche Verlagsgesellschaft mbH & Co. KG, Hans-Böckler-Allee, 2010,
Cap.18, p.427-466.
LIMA J.E.; TAKAYANAGUI O.M.; GARCIA L.V. et al. Use of neuron-specific
enolase for assessing the severity and outcome in patients with
neurological disorders. Brazilian Journal of Medical and biological
Research, v.37, n.1, p. 19-26, 2004.
USUI A.; KATO K.; MURASE M. et al. Neural tissue-related proteins (NSE,
G0a, 28-kDa calbindin-D, S100b and CK-BB) in serum and cerebrospinal
524

fluid after cardiac arrest. Journal of Neurological Sciences, v.23, n.1,


p.134-139, 1994.
ZENAIDE P, GUSMAO-FLORES D. Biomarcadores na encefalopatia séptica:
revisão sistemática dos estudos clínicos. Revista Brasileira de Terapia
Intensiva, v.25, n.1, p. 56-62, 2013.

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