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A Contribuição Da Psicologia Social Comunitária para
A Contribuição Da Psicologia Social Comunitária para
Resumo
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) representa um débito histórico, social e político não
reparado com aqueles que não tiveram acesso à educação nem domínio da escrita e leitura como
bens sociais, na escola, numa perspectiva de educação formal, ou fora dela na idade apropriada.
Trata-se de uma categoria organizacional constante do arcabouço da educação nacional, com
suas especificidades e particularidades. Desse modo, o presente trabalho buscou conhecer o
desenvolvimento da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos (EJA), e sua relação
com a Psicologia Social Comunitária e a contribuição desta última para que o educando dessa
modalidade prossiga com seus estudos no nível superior de educação (PSC), bem como
identificar o cenário atual da Educação de Jovens e Adultos no que tange sua dívida social.
Somado a essas questões, do mesmo modo também buscou-se conhecer os avanços na
Educação de Jovens e Adultos desde a sua inserção como modalidade de ensino nas Diretrizes
Curriculares Nacionais, bem como contribuir com a EJA no que tange aspectos sociais e
comunitários na perspectiva da conclusão dos estudos referente à educação básica por parte dos
educandos e educandas dessa modalidade articulando-a e oportunizando ao educando/a
formação profissional imediata. Na medida em que se reconhece que a educação é um processo
contínuo, havendo por este motivo a necessidade de contribuir para que a modalidade de EJA
além de compreender o ensino fundamental e médio, possibilite e contribua de forma concreta
para que o/a educando/a se sinta capaz, preparado e digno para inserir-se no mundo do trabalho.
Salienta-se que o presente trabalho se trata de uma revisão bibliográfica apoiada em livros e
artigos, no qual estes últimos foram acessados por meio das bases de dados SciELO e Redalkyc.
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Doutoranda em Educação: Linha de pesquisa: Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano – Programa
de Pós-Graduação em Educação – Universidade Federal do Paraná/UFPR. Mestre em Psicologia – Universidade
Tuiuti do Paraná – UTP. Professora de Filosofia no Colégio Passionista Nossa Senhora Menina (PNSM). E-mail:
iracemadimaria@yahoo.com.br
ISSN 2176-1396
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Introdução
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) representa um débito social não reparado com
aqueles que não tiveram acesso à educação formal nem domínio da escrita e leitura como bens
sociais, na escola ou fora dela na idade apropriada. Trata-se de uma categoria organizacional
constante do arcabouço da educação nacional, com suas especificidades.
Buscar conhecer como a Educação de Jovens e Adultos vem sendo abordada
atualmente e discutir sobre os avanços desde a sua implementação nos aspectos do “pagamento”
de sua dívida vai ao encontro do Eixo Educação de Jovens e Adultos e Profissionalizante. Desse
modo conhecer e explorar a relação da Psicologia Social Comunitária com a modalidade de
ensino Educação de Jovens e adultos (EJA) e a contribuição dessa relação para que o educando
dessa modalidade conclua seus estudos torna-se uma tarefa necessária, bem como conhecer os
avanços na EJA no país e diante dos resultados seja possível prosseguir com novas propostas
visando ultrapassar aquela inicial de “pagamento” de uma dívida social que não se esgota.
Por meio da presente pesquisa, além de investigar a relação da Psicologia Social
Comunitária com a modalidade de ensino Educação de Jovens e adultos (EJA) buscou-se
identificar o cenário atual da EJA no que tange a dívida social com aqueles que não tiveram
acesso à educação formal e nem domínio da escrita e leitura na idade apropriada. Ainda nesse
aspecto, também buscou-se conhecer os avanços na Educação de Jovens e Adultos desde a sua
inserção como modalidade de ensino nas Diretrizes Curriculares Nacionais, bem como
contribuir com a EJA no que tange aspectos sociais e comunitários na perspectiva da conclusão
dos estudos por parte dos educandos dessa modalidade articulando-a e oportunizando ao
educando formação profissional imediata, reconhecendo a educação enquanto processo
contínuo e reflexivo
Assim, na medida em que se reconhece que a educação é um processo contínuo e
reflexivo, no qual há necessidade de contribuir para que a modalidade de EJA além de
compreender o ensino fundamental e médio, também viabiliza o sentimento de ser capaz,
preparado e digno por parte do/da educando/a para inserir-se no mundo do trabalho e prosseguir
com seus estudos no nível superior de educação.
Metodologia
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1961). Também permitia a obtenção do certificado de conclusão do curso colegial aos maiores
de 19 anos, nas mesmas condições.
Em 1967 o governo militar criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização
(MOBRAL), um marco após a ditadura militar que promoveu o aumento da escolaridade por
parte da população por meio da técnica da cartilha, delimitando alfabetizar de maneira
funcional, objetivando desenvolver mão-de-obra semiqualificada, ou seja, aquela de nove a
onze anos de estudo, em grande quantidade para inserir no mercado de trabalho que vinha cada
vez mais se expandindo, com isso houve pouco avanço nos 15 anos de vigência do MOBRAL
(BRASIL, 1967). Em 1970 passa a existir a suplência com a finalidade de transmitir ao
educando adulto o básico e prepará-lo para o mercado de trabalho.
Em 11 de Agosto de 1971, foi promulgada a Lei 5692/71 que implantou o Ensino
Supletivo como uma modalidade transitória, para aqueles que precisavam evidenciar a
escolaridade no trabalho e para os analfabetos, que seguiam a proposta curricular de ensino
regular, contudo não era preparada para a população de Jovens e Adultos.
De acordo com Polisciuc (2009), com o desenvolvimento da educação de Jovens e
Adultos, em 1986 o Ministério da Educação organiza uma Comissão para elaboração de
Diretrizes Curriculares Político-Pedagógicas da Fundação Educar. Com as conquistas legais da
Constituição de 1988 a EJA passou a ser reconhecida como modalidade específica da educação
básica, no conjunto das políticas educacionais brasileiras, estabelecendo-se o direito à educação
gratuita para todos os indivíduos, com inclusão daqueles que a ela não tiveram acesso na
denominada idade própria (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).
Na década de 1990, foi promulgada a LDB n. 9394/96, trazendo em seu Art. 37. “A
educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de
estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.”. A EJA foi reconhecida como dever
do Governo Federal, Estadual e Municipal e passou a ser uma modalidade da Educação Básica
nas etapas do Ensino Fundamental e Médio, com uma universalização do ensino fundamental
de qualidade, fortalecimento da cidadania e da formação cultural da população, com didática
adequada e com condições de vida e trabalho.
Em 10 de maio de 2000, foi promulgada as diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação de Jovens e Adultos, elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação. Segundo as
Diretrizes da EJA, a mesma tem como finalidade e objetivos o compromisso com a formação
humana e com o acesso à cultura geral. Para que assim, os educandos dessa modalidade
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aprimorem sua consciência crítica e tenham atitudes éticas e compromissos políticos para seu
desenvolvimento intelectual e social, agregando a afirmativa de sua identidade cultural.
Conforme encontra-se descrito no Art. 1º da Lei vigente:
A educação como acontecimento humano é história não somente porque cada homem
é educado em determinado momento no tempo histórico geral – aquele em que lhe
cabe viver (historicidade extrínseca) – mas porque o processo de sua educação,
compreendido como desenvolvimento de sua existência, é sua própria história pessoal
(história intrínseca). (PINTO, 2007, p. 35).
Esse acontecimento humano de acordo com Aguiar e Machado (2016) versa sobre um
movimento que vai além de simples sucessões cronológicas de fatos, ainda segundo as autoras
a historicidade:
anima de generosidade autêntica, humanista e não ‘humanitarista’, pode alcançar este objetivo
sendo a PSC forte aliada da EJA nesse aspecto. Pelo contrário, a pedagogia que partindo dos
interesses egoístas dos opressores, egoísmo camuflado de falsa generosidade, faz dos oprimidos
objetos de seu humanitarismo, mantém e encarna a própria opressão.” Sendo assim é
desumanizadora.
De acordo com Sampaio (2009) aqueles que na área da educação trabalham com
pessoas da EJA, devem conhecer a trajetória da educação de adultos e jovens e a narrativa das
lutas do povo brasileiro no que tange os movimentos sociais, perfilhando que esse público
solicita especial atenção. Ainda hoje, buscar refletir sobre as práticas relacionadas a Educação
de Jovens e Adultos no Brasil e tentar detectar possíveis conexões com outros campos de
intervenção social, é além de uma tarefa necessária ao mesmo tempo desafiadora (FREITAS,
2007).
humano, como também reconhecer a sua competência de aprender e por isso mesmo despertá-
la sempre, esclarecendo sua consciência do inacabado.
Esse processo contínuo de completude é dialógico, e por isso mesmo a participação do
outro é fundamental. Nessa concepção de Ser incompleto, surge à necessidade de desvendar o
novo, e a partir daí modificar a realidade social que por um lado não deve ser aceita como algo
natural, por outro lado, deve ser entendida como histórica e cultural, e por isso mesmo
admissível de intervenção e transformação. Segundo Freire (2011, p. 20) o ser humano
enquanto “presença no mundo, com o mundo e com os outros” não é determinado e sim
condicionado, consciente desse estado se torna capaz de descortinar as possibilidades que o
levem a exercer uma aprendizagem crítica que não acaba enquanto não se chega ao fim.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 dez. 1961. p. 11429. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm.> Acesso em: 08 ago. 2016.
BRASIL. Lei n.º 5.379, de 15 de dezembro de 1967. Provê sobre a alfabetização funcional e a
educação continuada a adolescentes e adultos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 dez.
1967. p.012727 1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-
1969/L5379.htm.> Acesso em: 08 ago. 2016.
BRASIL. Normas, Aprovação, Plano Nacional de Educação. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2001. Seção 1, p.1. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm>. Acesso em: 10 ago. 2016.
FREIRE, P.; MACEDO, D. Alfabetização: Leitura do mundo, leitura das palavras. São
Paulo: Paz e Terra, 2011.
PINTO, A. V. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez, 2007.