O exercício teatral tem grande importância no ensino regular, seja na Educação
Infantil, no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio. As histórias contadas e os exercícios praticados que se relacionam com o tema podem acarretam no desenvolvimento circunstancial dos alunos, que poderão absorver características daqueles com quem convivem, tanto quanto dos ambientes em que exercem as práticas. É possível afirmar que aquele indivíduo nasceu com talento, mas não se pode ignorar a constante experiência leva ao aprendizado a ao aperfeiçoamento. Para que a evolução do aluno seja potencializada, todos os níveis devem ser estimulados: o intelectual, o físico e o intuitivo. De acordo com o texto de base da autora Viola Spolin, “A Experiência Criativa” (trecho retirado do livro Retirado do livro Improvisação para o Teatro, Perspectiva, 1998), “dos três, o intuitivo, que é o mais vital para a situação de aprendizagem, é negligenciado”, pois a intuição, a palavra em si, é vista como um talento privilegiado de poucos. Contudo, quando o indivíduo se permite ser intuitivo, ele está se conectando com o ambiente, seu espaço temporal, e respondendo imediatamente; ou seja, aquele que trabalha além do seu intelecto se coloca em uma posição favorável à aprendizagem plena, à espontaneidade e à expressão criativa. As técnicas teatrais devem ser ensinadas e experimentadas para que se tornem ações intuitivas para o cotidiano do aluno, formando uma identidade e originalidade. Para tanto, o ambiente das atividades deve ser rico visualmente e em informações que desafiem a criatividade do aluno. Para exemplificar essa visão, Spolin apresenta o conceito de jogo, como “uma forma natural de grupo que propicia o envolvimento e a liberdade pessoal necessários para a experiência”, pois “os jogos desenvolvem as técnicas e habilidades pessoais necessárias para o jogo em si, através do próprio ato de joga”. Toda habilidade apresentada pelo jogador aparece espontaneamente. Durante o jogo, o jogador recorre a sua intuição para as soluções de conflitos para alcançar seu objetivo. Todas as novas habilidades resultantes dos múltiplos estímulos, são bem vistas pelos seus companheiros. A liberdade pessoal é de grande importância para que esse jogo de improvisações funcione. É preciso estar livre para permitir o relacionamento de si com o ambiente plenamente. Tudo deve ser investigado atentamente e assimilado. Essa tal liberdade consequentemente traz a autoconfiança e a auto expressão. Fala-se da liberdade em sua forma plena, pois a sociedade e suas regras impõe um comportamento previamente estruturado pelas autoridades diversas e que interrompe a auto criatividade quando o movimento ímpar é visto negativamente. A desaprovação assusta e cerceia as atitudes e não há questionamento às críticas. A concepção de se “bom” ou “mal” baseado no comportamento do indivíduo, o torna preso criativamente. Quando o aluno se desprende desse regulador, ele pode enxergar além dos muros imaginários erguidos pela sociedade. Isso não explicita o exibicionismo, mas auxilia no crescimento criativo do aprendiz, pois ele testa e experimenta soluções diferentes as suas crises. Ele observa seus erros, volta, refaz o caminho até encontrar outro a melhor resolução. Para que toda essa engrenagem funcione, o professor deve ser o guia que se mostrará igualmente criativo aos seus alunos. O professor deve compreender a linha tênue entre a figura de autoridade e o autoritarismo, pois seus julgamentos poderão tolher seu aluno desses experimentos e prejudicar a unidade do grupo. Entende-se por grupo, todos os membros que compõem o ambiente do aluno e em quem ele procura se apoiar. A função do grupo como um corpo único deve estar clara a todos, pois até mesmo o julgamento do grupo pode conter as veias criativas daquele aluno. Cada indivíduo do grupo trabalha independentemente, mas com uma missão em comum. O relacionamento saudável do grupo resultará no sucesso do jogo teatral e a realização eficiente do processo de ensino e aprendizagem. Para tanto o trabalho do grupo precisa ser coeso para evitar o egocentrismo, pois é comum que alguns membros tenham receios e se anulem durante o processo. Como o aluno se vê no centro da observação, ele tem medos de diferentes vertentes. O trabalho teatral deve ser constantemente experimentado e a participação de todos os membros daquele deve ser valorizada, contendo o respeito às limitações de cada membro e exaltando as conquistas em conjunto para estimular cada vez mais cada um deles. Vale ressaltar que os exercícios teatrais também auxiliam no equilíbrio emocional, coordenação e memorização dos alunos e lhes possibilitam serem atores e autores em suas respectivas comunidades. Não há dúvida de que existe uma competição natural entre eles, mas a cooperação deve ser evidenciada visando o sucesso geral, tanto do professor, mas principalmente do aluno.