Você está na página 1de 10

Redação – 1º Ano

Professora Lupehuara Pires Vieira

Livro- Texto 2

Capítulo 6- Meios impressos

1. Introdução

No capítulo anterior, estudamos os meios digitais e os gêneros surgidos no contexto das


novas tecnologias digitais, como o e-mail e as redes sociais. Abordamos também os meios
eletrônicos, estudando os gêneros do rádio e da televisão. Agora, vamos refletir sobre o que
antecedeu tudo isso: os gêneros surgidos nos meios impressos.

Depois da aquisição da linguagem verbal oral, o segundo momento da comunicação


humana foi marcado pela aquisição da escrita, e o fato mais importante da civilização da
escrita foi o advento da imprensa. Foi aí que entraram em cena os meios impressos.

O primeiro objeto impresso foi o livro, mas a escrita, antes da imprensa, se desenvolveu
em suportes diferentes: primeiro, nas tabuletas de argila ou pedra; depois, no chamado
volumen, que era um rolo de papiros (folhas para escrita feitas de uma planta); mais tarde,
foi no pergaminho (folha feita de pele de cabra principalmente). Com o pergaminho, surgiu
o códex (ou códice), que era uma compilação de páginas, não mais um rolo, como era o
papiro. Esse novo formato foi criado pelos gregos, para apresentar por escrito as leis, e foi
aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã.
2. Breve histórico dos meios impressos

Durante muito tempo, antes da invenção da escrita, a transmissão de informação se


dava oralmente. A partir de 4000 a.C., começaram a aparecer os primeiros registros de
informações por escrito. Desde então, a linguagem verbal escrita se desenvolveu, até
popularizar-se, no Ocidente, no século XV.

Depois da Revolução Francesa, os jornais passaram a ter um papel fundamental para o


mundo burguês: dar visibilidade aos acontecimentos mais importantes da vida social e
refletir os debates políticos e ideológicos mais marcantes da sociedade.

Ao longo do desenvolvimento tecnológico, surgiram novos meios de comunicação, como


os meios eletrônicos e os digitais. O jornalismo, assim, encontrou espaço em outros
suportes, chegando ao rádio, à televisão e, posteriormente, à internet. Apesar disso,
pode-se dizer que os meios impressos de comunicação – jornais e revistas –, por terem mais
recursos financeiros para investigação e visibilidade, ainda têm maior poder de repercussão
do que os veículos criados na internet.
3. O jornal e a revista no papel, mas com papéis diferentes

Se o jornal for comparado, como um todo, com uma revista, poderá ser considerado um
gênero, por oposição a ela. Mas se for pensado em si mesmo, levando-se em conta as
espécies de textos que aparecem nele, como a reportagem, o editorial, a crônica, a
publicidade, as fotografias ou as charges, o jornal é um suporte. Nesse sentido, a revista
também é um suporte, pois veicula distintos gêneros (que, em muitos casos, são os
mesmos que aparecem nos jornais). Apesar das semelhanças dos gêneros veiculados,
ninguém confunde um jornal com uma revista. Além de cada meio ter um “visual”
diferente, ou seja, um formato distinto, eles apresentam outras diferenças. Uma revista
normalmente tem uma qualidade de impressão superior à de um jornal. Sob tal
perspectiva, a definição de uma imagem, por exemplo, é melhor em uma revista do que em
um jornal; um dos motivos para isso é que, hoje, o papel usado neste é de qualidade
inferior ao utilizado naquela.

Esse dado nos leva a outras diferenças entre os dois veículos: o preço de uma revista é
superior ao de um jornal, e o jornal, com um papel de pior qualidade, estraga mais
facilmente do que a revista.

O que nos conduz a outra conclusão: é comum guardarmos por mais tempo revistas do
que jornais. Não é à toa que o jornal, depois de lido, tradicionalmente ganha funções bem
diferentes, como embrulhar peixe, secar sapatos ou limpar vidros.

Uma diferença que se pode observar entre os dois suportes, para além das distinções de
formato e aspecto gráfico, é a periodicidade de cada um dos veículos: um jornal é, em geral,
diário; uma revista, normalmente, é semanal, quinzenal ou mensal.

A diferença mais importante a ser abordada aqui está nos assuntos de cada suporte: a
temática de um jornal é, em geral, mais abrangente e mais voltada para os fatos do
cotidiano, enquanto a revista é, em muitos casos, especializada em um tema determinado
ou dedicada a um público bastante específico (revista de moda, de música, etc.). Dessa
forma, com menos tempo investido em cada assunto, em notícia ou reportagem, o jornal
tende a apresentá-los de forma mais superficial, ao passo que a revista tende a mostrar
mais profundidade.

Podemos, então, concluir que o jornal é um importante meio a que devemos recorrer
para acompanhar os principais fatos de nosso tempo. Quem não lê jornal pode passar a
imagem de ser (ou de fato ser) uma pessoa desinformada, alienada, “por fora” do que está
acontecendo.

Isso não quer dizer que as revistas não sejam importantes. O fato é que elas cumprem
em geral outro papel: por serem segmentadas, isto é, voltadas para determinados públicos
(ou segmentos da sociedade ) , são adequadas a quem está interessado em um assunto
específico. Uma revista de esporte ou turismo, por exemplo, é mais aprofundada nessas
áreas do que a parte do jornal dedicada a esses temas, e uma revista-jornal pode trabalhar
melhor as notícias gerais (investigar, analisar, etc.) antes de publicá-las. Para quem não
quer ou
não precisa aprofundar-se em algum assunto, isto é, para quem não quer informações
muito detalhadas nem maior variedade dentro de cada tema, basta ler o que está no jornal.

4. A noção de jornal como suporte de gênero

Um jornal é composto de textos muito diferentes, ou seja, pertencentes a gêneros


distintos, como o artigo de opinião, a carta de leitor, a entrevista, a reportagem, a
publicidade, as tirinhas, os classificados, etc.

O expediente (quem faz o quê)

O expediente é um gênero de texto que marca presença tanto em revistas quanto em


jornais, pois indica as pessoas responsáveis pela publicação. O expediente faz a
apresentação dos nomes dos profissionais envolvidos no trabalho e as funções
desempenhadas por eles.

Além dos profissionais que constam no expediente, há ainda muitos outros, cujos
nomes e funções vão aparecendo ao longo das páginas, como é o caso dos fotógrafos e
repórteres, presentes em todos os Cadernos. Há também os chargistas e cartunistas, que
produzem charges e tirinhas, os colunistas, que escrevem textos francamente opinativos,
os meteorologistas, responsáveis pela previsão do tempo, os astrólogos, que redigem os
horóscopos, entre outros profissionais.

Como podemos notar, o jornal, como produto acabado que nos chega às mãos para
leitura cotidiana, é fruto do trabalho de um grande número de profissionais.

Editorial

Trata-se de um gênero opinativo que expressa o posicionamento do jornal ou da revista


sobre temas variados. Escrito em terceira pessoa (uma vez que não veicula a opinião de
uma pessoa específica), trata dos assuntos de maior destaque, normalmente nas áreas de
política, de economia e social (como crise política do governo, aumento da inflação,
violência contra a mulher, etc.).

Artigo de opinião

Publicado tanto em jornais quanto em revistas, também é um gênero opinativo. A


diferença em relação ao editorial é que normalmente é escrito em primeira pessoa e veicula
a opinião de um articulista renomado de alguma área específica.

Reportagem

Trata-se de um gênero informativo, escrito em terceira pessoa (com raras exceções, em


primeira pessoa) e que relata fatos com efeito de objetividade. Aparece tanto em revistas
quanto em jornais.

Entrevista
Esse é um gênero que aparece tanto em revista quanto em jornais e tem uma
característica marcante em relação aos outros: a presença de dois enunciadores em uma
relação dialógica explícita. Em outros termos, a entrevista é um gênero que resulta da
combinação de perguntas e respostas. É, portanto, um texto construído conjuntamente
pelo entrevistador e pelo entrevistado. O tema e o grau de formalidade variam, dependendo
do papel social do entrevistado (político, médico, artista, entre outros).

5. A estrutura do jornal

Os diversos gêneros jornalísticos estão distribuídos no jornal e na revista em várias


partes, chamadas tecnicamente de seções, editoriais ou, no caso do jornal, Cadernos. Estes
compõem a estrutura do jornal, ou seja, as partes de que é constituído. A organização dos
Cadernos normalmente segue o critério temático: Caderno de economia, de política, de
cultura, etc. Cada uma das partes trata de um assunto. Vamos mostrar a seguir como
funciona essa distribuição.

Os Cadernos

Mesmo quem não lê jornal assiduamente sabe que nele há Cadernos fixos e Cadernos
variáveis, chamados normalmente de suplementos. Os primeiros são aqueles que
aparecem todos os dias; os últimos, normalmente uma vez por semana.

CADERNOS FIXOS
Para conhecer bem um jornal, o primeiro passo é saber como ele é organizado, ou seja,
como os assuntos são distribuídos nos Cadernos. Geralmente, os jornais apresentam
diariamente os tipos de Cadernos listados a seguir.

Caderno de política

Apresenta notícias sobre os movimentos sociais e os eventos políticos e institucionais.


Além de notícias, costuma apresentar análises sobre os acontecimentos mais recentes.

Caderno de notícias internacionais

Contém as notícias internacionais de destaque, muitas vezes com análises e


explicações. Com esse Caderno, o leitor pode ter acesso ao que é publicado em veículos de
outros países.

Caderno financeiro

Trata da economia e de negócios nacionais e internacionais. Pode trazer orientações


sobre investimentos e indicadores econômicos e ter linguagem acessível também a quem
não é da área.

Caderno de notícias gerais


Apresenta notícias dos municípios em que o jornal circula (um jornal com edição em
São Paulo, por exemplo, cobre sobretudo a capital paulista) e informações para o dia a dia,
como
aquelas sobre direito do consumidor, educação, saúde, trânsito e meteorologia.

CADERNOS VARIÁVEIS

Além dos Cadernos que costumam ser diários, há também os variáveis, isto é, os que
nem sempre são publicados em todos os dias da semana. São conhecidos como
suplementos. Seguem exemplos de alguns desses Cadernos.

Caderno científico

Contém notícias da área científica e médica, mas de forma compreensível para o leitor
comum. Costuma ter mais fotos e infográficos do que outros Cadernos, para ajudar a
esclarecer temas mais complexos

Caderno esportivo

Contém notícias e reportagens sobre campeonatos esportivos de diversas modalidades,


como futebol, automobilismo, artes marciais, etc.

Caderno de veículos

Contém notícias, reportagens e informações variadas sobre compra, venda, uso e


manutenção de veículos automotores (carros, motocicletas, caminhões, etc.).

Caderno de mercado de trabalho

Apresenta reportagens sobre a vida profissional, o mercado de trabalho e o mundo dos


negócios, além de classificados de empregos e informações para quem pretende ter ou já
tem o próprio empreendimento.

Caderno de cultura e entretenimento

Traz a cobertura sobre arte, entretenimento e, algumas vezes, gastronomia. Geralmente,


esse Caderno apresenta a programação de eventos culturais da região em que o jornal
circula.

Caderno de informática

Traz conteúdo sobre internet e computadores, orientando o leitor na aquisição e no uso


desses recursos tecnológicos.
Caderno de saúde

Apresenta matérias, notícias e dicas relacionadas à saúde física e mental para o leitor
comum.

Caderno de gastronomia

Contém reportagens e críticas na área gastronômica, como avaliações de restaurantes e


receitas.

Caderno de turismo

Traz informações sobre viagens, como preços de passagens e de hospedagem, roteiros e


ideias de lugares para visitar.

Caderno infantil

Reúne reportagens, imagens e atividades dedicadas às crianças leitoras e, muitas vezes,


tirinhas e passatempos para diverti-las.

6. A cara do jornal: a primeira página

A primeira coisa que se vê no jornal é o que está estampado na capa. O primeiro contato
com o jornal se dá por meio da capa, também chamada de primeira página

Como a capa é o cartão de apresentação do jornal e nela se encontram os assuntos


principais da edição, pode-se dizer que ela é a página mais importante. A primeira página,
desse modo, é uma espécie de vitrine: seu objetivo é chamar a atenção do leitor para que
ele, atraído pelo que viu, adquira a publicação. Veja a seguir os elementos que, em geral,
aparecem na primeira página.

Cabeçalho

Contém o nome do jornal, a data, o ano, o número, o endereço, o preço e o editor


responsável. Cada jornal tem características visuais específicas no próprio cabeçalho, que
se mantêm a cada edição, para permitir que o leitor identifique rapidamente o periódico.

Manchete

É uma espécie de título do jornal. Aparece com letras maiores e com grande destaque
na primeira página, geralmente no alto. Costuma ser direta e explícita, o que, aliado a seu
aspecto visual, atrai o primeiro olhar do leitor. Junto a ela costuma vir um pequeno texto
que resume a notícia em foco e é desenvolvido em várias reportagens daquela edição.
Chamadas

São pequenos títulos ou resumos de matérias publicados na capa, mas com menos
destaque do que a manchete. O objetivo também é atrair o leitor para a matéria completa,
que está em um dos Cadernos.

Fotos e legendas

As fotos fazem parte do grupo de recursos visuais explorados pelos jornais (como os
gráficos, as tabelas, os desenhos) e têm a finalidade imediata de ilustrar os temas centrais.
Para esclarecer as imagens, que em geral admitem mais de uma leitura, utiliza-se no
jornalismo o gênero de texto legenda. Ela facilita a compreensão ou a interpretação das
fotos, aparecendo junto a elas, em letras pequenas. Na primeira página, costumam-se usar
imagens provocativas, bem-humoradas ou chocantes.

7. A diagramação e os elementos gráficos

A diagramação de um jornal é a organização dos textos e das imagens na página: desde


a escolha dos tipos e tamanhos das letras, passando pela forma de distribuição dos textos
(em colunas, por exemplo, que podem ou não ter fios, ou seja, linhas de separação), até o
tamanho das imagens. É a diagramação que dá um estilo visual, uma aparência específica
ao jornal: o modo de combinar tipos e tamanhos de letras, textos e imagens pode tornar a
publicação mais moderna ou tradicional, mais leve ou pesada.

8. Os meios impressos na era digital


Quando surgiram as primeiras edições digitais do jornal, elas veiculavam basicamente o
mesmo conteúdo das versões impressas. Com o tempo e com o crescimento do número de
pessoas que acessam a internet, as mídias tradicionais perceberam a importância de aper-
feiçoar seus modelos digitais, criando versões exclusivas para a rede. Hoje em dia, os
leitores conseguem ter acesso à informação 24 horas por dia e quase simultaneamente ao
ocorrido.

Sobre o processo de adaptação do jornalismo impresso à era digital, é importante deixar


claro que, segundo especialistas em comunicação, o jornalismo digital, chamado também
de webjornalismo, não é a mera transposição das edições impressas para o novo meio, sem
alteração de conteúdo.

De fato, o jornal impresso difere bastante do jornal digital, que parece, aos olhos de
muitos, mais sedutor do que o jornal impresso, uma vez que dá acesso a vídeos, áudios e
links, ao passo que no meio impresso os leitores ficam limitados ao texto e às imagens. Há
também outras vantagens: no jornal digital, as publicações são mais ágeis, quase
simultâneas aos fatos noticiados. Além disso, não há gastos com transporte e gráfica,
enquanto no jornalismo em meio impresso precisa-se de mais tempo e dinheiro para
produzir o material, publicá-lo e distribuí-lo. Os defensores do meio digital argumentam
ainda que a baixa qualidade do papel prejudica a qualidade das fotos e o armazenamento
de informações selecionadas pelo leitor: o jornal, após certo tempo guardado, amarela e se
desfaz.

Você também pode gostar