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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4

1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL ................................................ 5

Princípio da imparcialidade do juiz ....................................................... 9

Princípio da isonomia ......................................................................... 10

Princípios do contraditório e da ampla defesa .................................... 11

Princípio da ação (processo inquisitivo e acusatório) ......................... 12

Princípios da disponibilidade e da indisponibilidade ........................... 13

Princípio da livre investigação e apreciação das provas .................... 14

Identidade Física do Juiz .................................................................... 15

Princípio da Oficialidade ..................................................................... 15

Princípio do impulso processual ......................................................... 15

Princípio da oralidade ..................................................................... 16

Princípio da Livre Convicção (persuasão racional) ......................... 16

Princípio da motivação das decisões .............................................. 16

Princípio da publicidade .................................................................. 17

Princípio da lealdade processual .................................................... 18

Princípios da economia e da instrumentalidade das formas ........... 18

Princípio do duplo grau de jurisdição .............................................. 19

2 COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO .............................................................. 19

Competência ...................................................................................... 19

Competência em Razão das Pessoas................................................ 20

Competência em razão da Matéria .................................................... 21

Competência em Razão do Lugar ...................................................... 22

Competência Funcional ...................................................................... 22

Conflitos de Competência .................................................................. 24

2
3 PETIÇÃO INICIAL E RESPOSTA DO RÉU .............................................. 24

4 AUDIÊNCIA E PROVAS ........................................................................... 28

1.1. Princípios específicos aplicáveis às provas: ................................... 28

5 SENTENÇAS, COISAS JULGADAS E EMBARGOS DECLARATÓRIOS 35

Definição De Sentença ....................................................................... 35

Classificação Das Sentenças ............................................................. 35

Elementos da sentença ...................................................................... 42

A Sentença No Procedimento Sumaríssimo ...................................... 45

A Coisa Julgada No Processo Trabalhista - Conceito E Natureza


Jurídica 46

Coisa Julgada Formal e Coisa Julgada Material ................................ 47

Limites Objetivos e Subjetivos da Coisa Julgada ............................... 47

6 AÇÃO RESCISÓRIA E AÇÃO ANULATÓRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO


49

Ação anulatória – aspectos gerais ..................................................... 54

7 EXECUÇÃO: PARTE GERAL ................................................................... 57

Embargos à execução ........................................................................ 58

Exceção de pré-executividade ........................................................... 58

Embargos a arrematação e a adjudicação ......................................... 59

8 EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO-FAZER ................. 59

Execução Das Multas Impostas Pelos Órgãos De Fiscalização Do


Trabalho 60

Os reflexos do novo CPC na execução trabalhista ............................ 61

BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................ 65

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INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL

Fonte: direitosbrasil.com

Direito Processual, chamado por alguns de direito adjetivo, é o ramo do Direito


que se ocupa do processo, isto é, a série de atos com finalidade definida, que se
identifica com o mesmo fim da jurisdição. Integra o Direito Público e congrega os
preceitos e regras que dispõem sobre a jurisdição, que é o exercício da função típica
do poder judiciário. Os princípios do Direito são definidos pelos doutrinadores tendo
em conta a ideia de começo, germe, fonte, primeiras noções, determinação sob forma
de lei, orientando um conjunto de fenômenos essenciais, considerado com alicerce da
ciência do Direito.
Na condição de regra básica, bem como, de fonte do Direito, os princípios se
constituem a estrutura central de todos os ramos do Direito em um sistema jurídico, o
que representa dizer que se tratam de normas fundamentais provendo sustentáculo
estrutural ao Direito, estabelecendo o comportamento a ser observado nas relações
jurídicas.
Celso Antônio Bandeira de Mello (1992, p. 230) formulou o conceito que contém
a melhor noção de princípio no âmbito jurídico, a saber: Princípio é, por definição,
mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental
que irradia sobre diferentes normas compondo lhes o espírito e servindo de critério
para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a

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racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido
harmônico.
Considerados como precedente a tudo, os princípios não se limitam somente à
ciência jurídica, estendendo-se a toda a essência do Direito, em termos gerais, totais,
extrapolando as fronteiras do sistema jurídico de cada ente estatal. Sendo
considerados fonte do direito, os Princípios abrangem os fundamentos da ciência
jurídica, onde os preceitos originários ou as normas científicas do Direito, que projetam
as concepções estruturais, encontram suporte.
No direito processual, como em toda a área da ciência jurídica autônoma, os
princípios norteadores estão definidos na Constituição da República, circunstância
que determina a sua observância na elaboração das normas infraconstitucionais e na
aplicação do direito processual, sob pena de violação da própria Constituição.
Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade
ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa
insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais.
No direito processual, os princípios são reputados como regras de Direito
qualificadas, em torno das quais se localizam as normas jurídicas de grau inferior. Os
Princípios inseridos na constituição Federal estão presentes em todo e qualquer
processo judicial, devendo ser seguidos pelas partes e por todos os demais
participantes da relação jurídica processual.
Chegamos à concepção de que o princípio – sua ideia ou conceituação – vem
a ser a fonte, o ponto de partida que devemos seguir em todo o percurso; ao mesmo
tempo em que é o início, também é o meio a ser percorrido e o fim a ser atingido.
Dessa forma, todo o ordenamento jurídico deve estar de acordo com os princípios,
pois só eles permitem que o próprio ordenamento jurídico se sustente, se mantenha
e se desenvolva.
Assim, a importância do assunto em referência, concorre para que o estudo
dos princípios traga à baila debates relacionados com sua estrutura, suas funções no
ordenamento jurídico, sua origem e fundamento, etc. Portanto, este trabalho trata dos
princípios pertinentes ao direito processual, insculpidos na Constituição Federal de
1988, realizando uma análise dos mesmos diante das situações jurídicas vivenciadas

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no cotidiano do estado e da sociedade de modo geral, sem levar em conta a que ramo
do Direito eles se encontram relacionados.
Ao lado da jurisdição e da ação, o processo é instituto fundamental do direito
processual. Estão interligados e dão forma e estrutura ao processo judicial. A
jurisdição, que é o poder de dizer o direito, não funciona sem a provocação dos
interessados. É realizada com o ajuizamento da ação, que tem como primeiro ato a
distribuição de petição inicial. Uma vez provocada, a jurisdição é movimentada. Os
atos processuais não são praticados livremente, pois devem obedecer aos critérios
estabelecidos por lei. Assim, apesar de deter o monopólio da função jurisdicional, o
Estado, por meio do Poder Judiciário, não pode atuar de forma discricionária. Para
tanto, submete-se a método de atuação previamente definido, que é o processo
(JÚNIOR, MUNIZ, 2016). Para a doutrina processual moderna o processo não é
apenas instrumento da jurisdição, mas seu elemento validador e disciplinador. A
prestação jurisdicional só terá validade se forem respeitados os preceitos processuais
vigentes.

[...] Jurisdição e processo são dois institutos indissociáveis. O direito à


jurisdição é, também, o direito ao processo, como meio indispensável à
realização da Justiça. A Constituição, por isso, assegura aos cidadãos o
direito ao processo como uma das garantias individuais. [...] (JUNIOR, 2014,
p. 182).

Assim, o processo deve ser visto como instrumento da Justiça para aplicar o
direito ao caso concreto. Tem princípios e regras próprios, que decorrem do conjunto
de normas jurídicas que formam o direito processual. Este ramo do direito tem a
missão de instrumentalizar a composição dos litígios que são levados ao Poder
Judiciário. Deve garantir a aplicação dos princípios constitucionais do devido processo
legal, da celeridade processual, do contraditório, da ampla defesa e da publicidade,
além dos princípios decorrentes das leis infraconstitucionais (DONIZETTI, 2014).
O direito processual constitucional exterioriza-se mediante (a) a tutela
constitucional do processo, que é o conjunto de princípios e garantias vindos da
Constituição (garantias de tutela jurisdicional, do devido processo legal, do
contraditório, do juiz natural, exigência de motivação dos atos judiciais etc.) e (b) a
chamada jurisdição constitucional das liberdades, composta pelo arsenal de meios
predispostos pela Constituição para maior efetividade do processo e dos direitos
individuais e grupais.

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O processo judicial é o instrumento utilizado pelo Estado para a prestação da
tutela jurisdicional. O processo judicial eletrônico tem a mesma função, mas prescinde
do papel e usa recursos de informática em suas fases. De qualquer modo, deve
obediência aos mesmos princípios constitucionais do processo tradicional.
Os princípios são orientações de caráter geral e direcionam o entendimento
racional da norma que compõe, em dado momento histórico, a estrutura do
ordenamento jurídico. O princípio deve ser visto como:

[...] mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição


fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo lhes o espirito
e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente
por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere
a tônica e lhe dá sentido do harmônico. [...] (MELLO, 2001, p. 771).

O estudo da definição dos princípios, em qualquer ramo do direito, é de suma


importância para sua compreensão, pois fundamentam as normas criadas pelo
legislador. Ao tratar das novas características do pensamento jurídico contemporâneo,
sustenta que os princípios deixaram de ser apenas técnica de integração do direito,
ou seja, fonte supletiva, para servir como espécie nuclear de norma jurídica
fundamentada. A principal causa de violação dos princípios constitucionais, no
entanto, ainda são as reformas legislativas das normas processuais. Por vezes, com
o propósito de solucionar problemas pontuais, o legislador promove mudanças no
ordenamento jurídico sem avaliar os reflexos nos princípios (JÚNIOR, MUNIZ, 2016).
O vocábulo princípio se origina da palavra latina principium, e, vulgarmente, é
“origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento”, ou, ainda, “momento ou local
ou trecho em que algo tem origem; começo”, segundo Ferreira (2010).
De acordo com José Afonso Silva (2009, p. 447), no âmbito jurídico, princípios
representam as normas elementares ou requisitos primordiais instituídos com base,
como alicerce de alguma coisa, revelando o conjunto de regras ou preceitos que se
fixaram para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando a conduta a
ser tida em qualquer operação jurídica.
Os princípios podem ser considerados verdadeiros axiomas, sobrepujando até
mesmo a norma ou a regra jurídica em importância, haja vista configurarem elementos
fundamentais que servem de base para o Direito.
Os princípios gerais do Direito podem ser definidos como “fundamentos e
pressupostos do direito universal, não só do direito nacional, como dos elementos

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fundamentais de cultura jurídica humana em nossos dias; e que se extrai das ideias
que formam a base da civilização hodierna.”
O princípio assume diversos sentidos, podendo significar doutrina, teoria, ideia
básica, primeiras noções, entendimento que deve servir de norte para inúmeros
outros, ou mesmo um sistema.
Nesse sentido, entende-se de importância capital que se estude os princípios,
elementos que servem de base para qualquer área do direito, pois a partir deles são
elaboradas leis, definidas regras jurídicas mais simples, comportamentos e condutas
vivenciadas no dia a dia dos aplicadores do Direito.
Da mesma forma, não poderia ser de modo diversos quanto ao Direito
Processual, tendo em vista que os princípios estão presentes, em sua formação e na
aplicação de suas normas.
Alguns princípios são comuns a todos os sistemas processuais, tem sua
vigência restrita apenas a certos ordenamentos. Alguns têm aplicação diversa no
campo de ação do processo civil e do processo penal, em determinadas ocasiões,
com feições ambivalentes. Outros princípios, no entanto, têm aplicação idêntica em
ambos os ramos do direito processual.

Princípio da imparcialidade do juiz

Recorrendo, ainda, ao Dicionário eletrônico Aurélio (2010), registra-se que


imparcialidade quer dizer “Que julga desapaixonadamente; reto, justo; que não
sacrifica a sua opinião à própria conveniência, nem às de outrem.”
Nesse sentido, a imparcialidade do juiz se constitui garantia de justiça para os
dois lados em litígio, sendo assim, desígnio para que a relação processual se instale
validamente e se desenvolva de maneira natural. Nesse sentido, os doutrinadores
afirmam que órgão jurisdicional deve ser subjetivamente capaz.
Sendo imparcial, o juiz é isento e, a isenção tanto em relação às partes quanto
aos fatos da causa, é condição indeclinável do órgão da relação jurisdicional, para a
realização de um julgamento justo. Nesse contexto, o juiz deve transcender as partes,
colocando-se entre e acima dos contendores: é a primeira condição para que possa
exercer sua função dentro do processo.
O juiz capaz não tem sua imparcialidade colocada em risco pelo impedimento
ou pela suspeição. Essa imparcialidade do juiz dimana em garantia de ordem pública,

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não apenas das partes (que terão a lide solucionada com justiça), mas do próprio
Estado (que quer que a lei seja aplicada corretamente), e, do próprio juiz (que terá
seus atos resguardados de qualquer suspeita – arbítrio ou parcialidade). Para garantir
a imparcialidade do juiz, as Constituições lhe estipulam (a) garantias (CF/88, art. 95);
prescrevem- lhe (b) vedações (CF/88, art. 95, § único; e, proíbem (c) juízos e tribunais
de exceção (CF/88, art. 5º, inc. XXXVII).
Como a imparcialidade do juiz é uma certeza de justiça para as partes, elas têm
o direito de exigir a satisfação dessa condição, e o Estado, que reservou para si o
exercício da função jurisdicional, como contrapartida, tem o dever de agir com
imparcialidade na solução das causas que lhe são submetidas.

Princípio da isonomia

O Dicionário eletrônico Aurélio (2010) afirma que isonomia é o “Estado


daqueles que são governados pelas mesmas leis, Igualdade de todos perante a lei,
assegurada como princípio constitucional.”
“Todos são iguais perante a lei …”, estabelece a Constituição Federal (art. 5º,
caput) (BRASIL, 2012). A igualdade, que também significa uniformidade, equidade,
perante a lei, é premissa para a afirmação da igualdade perante o juiz. Assim, os
litigantes devem merecer e receber tratamento isonômico, de modo que tenham as
mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões.
Com efeito, por via do princípio da igualdade, o que a ordem jurídica pretende
firmar é a impossibilidade de este bem, este valor absorvido pelo Direito, o sistema
normativo concebeu fórmula hábil que interdita o quanto possível, tais resultados,
posto que, exigindo igualdade, assegura que os preceitos genéricos, os abstratos e
os atos concretos colham a todos sem especificações arbitrárias, assim mais
proveitosas que detrimentosas para os atingidos.
O conceito primitivo de igualdade, formal e negativa (todos são iguais perante
a lei), não concorre para um tratamento justo, razão pela qual os operadores do Direito
reivindicaram pela passagem à igualdade substancial, evoluindo-se para o conceito
realista, que pugna pela igualdade proporcional, que significa, em suma, tratamento
igual aos substancialmente iguais e desigual aos desiguais.

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Princípios do contraditório e da ampla defesa

Fonte: www.careeraid.org

Este princípio do contraditório é consequência de uma garantia fundamental de


justiça: trata-se do princípio da audiência bilateral, cuja correspondência for
encontrada no velho brocardo romano audiatur et altera pars. Ele está tão intimamente
ligado ao exercício do poder jurisdicional, sempre influente na esfera jurídica das
pessoas, que a doutrina moderna o considera inerente à própria noção de processo.
Sobre o princípio do contraditório, insere-se, a seguir a garantia fundamental
da Justiça e regra essencial do processo é o princípio do contraditório, segundo este
princípio, todas as partes devem ser postas em posição de expor ao juiz as suas
razões antes que ele profira a decisão. As partes devem poder desenvolver suas
defesas de maneira plena e sem limitações arbitrárias, qualquer disposição legal que
contraste com essa regra deve ser considerada inconstitucional e por isso inválida.
Pelo menos duas partes se fazem presentes nos processos contenciosos, que
são: autor e réu. O primeiro instaura a relação processual, invocando a tutela
jurisdicional. No entanto, só há complementação da relação processual e está só
provê a preparação do provimento judicial, com o réu sendo chamado a juízo.
O juiz, por força de seu dever de imparcialidade, se situa entre das partes, mas
equidistante delas, portanto, transcendente a elas, outorgando-lhes direitos e deveres,
sempre na busca de um tratamento igualitário entre elas, objetivando possibilitar que
possam esclarecer suas razões, mostrar suas provas, influindo no convencimento do
julgador.

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Em um processo dialético, o juiz corporifica a síntese, mediante a soma da
parcialidade das partes (uma representando a tese e a outra, a antítese). Em razão
disso, alguns doutrinadores dizem, em relação ao juiz, que as partes não têm papel
de antagonistas, mas de “colaboradores necessários”: cada qual dos contendores age
no processo tendo em vista o próprio interesse, mas a ação combinada dos dois serve
à justiça na eliminação do conflito ou controvérsia que os envolve.
O contraditório e ampla defesa foram definidos pela Constituição Federal em
um mesmo dispositivo, determinando, expressamente, sua observância nos
processos de qualquer natureza, judicial ou administrativo, e aos acusados em geral:
“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”
(CF/88, art. 5º, LV).
Conforme André Ramos Tavares (2006), é necessário que se dê ciência a cada
litigante dos atos praticados pelo juiz e pelo adversário, efetivando-se o contraditório
e possibilitando a ampla defesa. A ciência dos atos processuais pode ser dada,
dependendo da espécie do ato, através da citação, da intimação e da notificação.
Na lição de Gabriel de Rezende Filho (1963, p. 33), notificação “notus ficare”,
“é o conhecimento que se dá a alguém, para praticar ou deixar de praticar algum ato,
sob certa cominação”.
Ainda, segundo a doutrina, a distinção básica entre a notificação e intimação é
que aquela tem como causa final a determinação da autoridade para a prática ou a
abstenção de um ato que o notificado deva fazer ou deixar de fazer. Já a intimação
consiste na informação de um ato já praticado, um despacho ou uma sentença.

Princípio da ação (processo inquisitivo e acusatório)

Este princípio possui inúmeras denominações, entre as quais se referem


princípio da demanda e princípio da iniciativa das partes, além de princípio da ação (o
oficial), e ele denota que o Poder Judiciário, incumbido de oferecer a jurisdição, regido
por outro princípio (inércia processual), para movimentar-se no sentido de dirimir os
conflitos intersubjetivos, depende da provocação do titular da ação, instrumento
processual destinado à defesa do direito substancial litigioso.
No ordenamento jurídico brasileiro, se adota o sistema acusatório, que é o
sistema processual penal de partes, em que o acusador e acusado se encontram em

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pé de igualdade; é, ainda, um processo de ação, com garantias da imparcialidade do
juiz, do contraditório e da publicidade. A fase prévia representada pelo inquérito
policial constitui procedimento administrativo, sem exercício da jurisdição, sem
litigantes e mesmo acusado. Por isso, o fato de não ser contraditório não contraria a
exigência constitucional do processo acusatório.
Por oportuno, esclarece-se que o processo inquisitivo, cujas características é
ser secreto, não-contraditório e escrito, é o processo em que o juiz instaura o processo
por iniciativa própria, acabando ligado psicologicamente à pretensão, colocando-se
em posição propensa a julgar favoravelmente a ela. Assim, via de regra, o juiz perde
sua imparcialidade.
No processo penal, o fenômeno é semelhante e o que vincula o juiz, delimitando
o seu poder de decisão, não é o pedido de condenação por uma determinada infração
penal, mas a determinação do fato submetido à sua indagação.

Princípios da disponibilidade e da indisponibilidade

Este princípio garante o direito das partes de exercer ou não seus direitos por
meio do acesso ao Poder Judiciário. Esse procedimento é denominado poder
dispositivo a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos.
Em direito processual tal poder é configurado pela disponibilidade de
apresentar ou não sua pretensão em juízo, da maneira que melhor lhes aprouver e
renunciar a ela ou a certas situações processuais. Trata-se do princípio da
disponibilidade processual.
Esse poder de dispor das partes é quase que absoluto no processo civil, mercê
da natureza do direito material que se visa fazer atuar. As limitações a esse poder
ocorrem quando o próprio direito material é de natureza indisponível, por prevalecer o
interesse público sobre o privado.
O inverso acontece no direito penal, em que prevalece o princípio da
indisponibilidade (ou da obrigatoriedade). O crime é sempre considerado uma lesão
irreparável ao interesse público e a pena é realmente reclamada, para a restauração
da ordem jurídica violada.

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Princípio da livre investigação e apreciação das provas

Este princípio, chamado também de princípio dispositivo, consiste na regra de


que o juiz depende da iniciativa das partes quanto a instauração da causa e às provas,
assim como às alegações em que se fundamentará a decisão.
A doutrina não destoa do entendimento de que o mais sólido fundamento do
princípio dispositivo parece ser a necessidade de salvaguardar a imparcialidade do
juiz. A cada um dos sujeitos envolvidos no conflito sub judice, é que deve caber o
primeiro e mais relevante juízo de valor sobre a conveniência, ou inconveniência, de
demonstrar a veracidade dos fatos alegados. Em regra, o juiz deve deixar às partes o
ônus de provar o que alegam.
No entanto, diante da concepção publicista do processo, não é mais possível
manter o juiz como mero espectador da batalha judicial. Afirmada a autonomia do
direito processual em relação ao direito material, e enquadrado como ramo do direito
público, e verificada a sua preponderante finalidade sócio-política, a função
jurisdicional evidencia-se como um poder-dever do estado, em torno do qual se
reúnem os interesses dos particulares e os do próprio estado.
Assim, paulatinamente, os poderes com função de instrução, foram
aumentando, passando de espectador inerte à posição ativa, cabendo-lhe não só
impulsionar o andamento das causas, mas também determinar provas, conhecer de
ofício de circunstâncias que até então dependiam de alegações das partes, dialogar
com elas, reprimir lhes eventuais condutas irregulares etc.
De acordo com André Ramos Tavares (2006), no campo penal sempre
predominou o sistema da livre investigação de provas. Mesmo quando, no processo
cível, se confiava exclusivamente no interesse das partes para o descobrimento da
verdade, tal critério não poderia ser seguido nos casos em que o interesse público
limitasse ou excluísse a autonomia privada. Isso porque, enquanto no processo civil,
em princípio, o juiz pode satisfazer-se com a verdade formal, no processo penal, o juiz
deve averiguar o descobrimento da verdade real, como fundamento da sentença.

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Identidade Física do Juiz

Para que o julgamento seja considerado adequado, justo, o processo deve ter
um mesmo juiz desde seu início até final decisão, de modo que não seja feito por um
juiz que não acompanhou os fatos nem coligiu as provas.
Em outros períodos, antes do atual CPC, o princípio era de tal modo absoluto
que, mesmo aposentado, transferido ou promovido, o juiz continuava vinculado ao
processo.
O princípio não vigora para processo penal. Havia uma exceção no art. 77 do
CP, quando o juiz reconhecia a periculosidade real do réu. Contudo, essa figura da
medida de segurança real foi revogada pela Lei 7.209/84.

Princípio da Oficialidade

A repressão ao crime e ao criminoso constitui uma necessidade essencial e


função precípua do estado, de modo que este, em virtude do ordenamento jurídico
que tutela os bens sociais públicos, torna-se titular de um poder (poder-dever) de
reprimir o transgressor da norma penal.
Em tendo a função penal índole eminentemente pública, a pretensão punitiva
do estado deve ser feita por um órgão público que deve iniciar o processo de ofício.
Nisto consiste o princípio da oficialidade, isto é, os órgãos incumbidos da persecutio
criminis são órgãos do estado, oficiais portanto.
Desse princípio decorrem duas regras importantes: a 1ª é a da “autoridade” –
os órgãos incumbidos das investigações e da ação devem ser uma autoridade
(autoridade policial e o Ministério Público); a 2ª é a iniciativa de ofício dessas
autoridades.

Princípio do impulso processual

Este princípio está intimamente ligado ao procedimento, tendo em vista que,


uma vez iniciada a relação processual, ao juiz cabe deslocar o procedimento de fase
em fase, até que a função jurisdicional se extinga.
Isso quer dizer que, após instalado o processo, o juiz detém a incumbência
exclusiva de prosseguir com o mesmo, evoluindo sua marcha etapa por etapa, até o

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esgotamento da função jurisdicional (esgotamento de ações que o poder judiciário
pode exercer).

Princípio da oralidade

Da mesma forma que o anterior, este princípio, também, apresenta ligação


indissolúvel com o procedimento, devendo o juiz observar a mesma forma de conduzir
o processo.
O princípio propicia a garantia de permitir a documentação mínima dos atos
processuais, sendo registrados apenas aqueles atos tidos como essenciais. É um
princípio que se faz presente no artigo 13 da Lei 9099/95.

Princípio da Livre Convicção (persuasão racional)

A apreciação e a avaliação das provas produzidas e reunidas pelas partes,


indicando que o juiz deve formar livremente sua convicção são reguladas por este
princípio.
Esse procedimento dica situado entre o sistema da prova legal e do julgamento
secundum conscientiam. No primeiro (prova legal) atribui aos elementos probatórios
valor inalterável e prefixado, que o juiz aplica mecanicamente. O segundo significa o
oposto: o juiz pode decidir com base na prova, mas também sem provas e até mesmo
contra elas.
Exemplo do caso da prova legal é dado pelo antigo processo germânico, onde
a prova representava uma invocação a Deus. O juiz não julgava, mas apenas ajudava
as partes a obter a decisão divina. Já o princípio secundum conscientiam é notado,
embora com certa atenuação, pelos Tribunais do Júri.
A partir do século XVI, porém, começou a delinear-se o sistema intermediário
do livre convencimento do juiz, ou da persuasão racional que se consolidou sobretudo
nos primados da Revolução Francesa.

Princípio da motivação das decisões

Complementando o princípio do livre convencimento do juiz, surge a


necessidade da motivação das decisões judiciárias. É uma garantia das partes, com

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vista à possibilidade de sua impugnação para efeito de reforma. Só por isso as leis
processuais comumente asseguravam a necessidade de motivação.
Mais modernamente, foi sendo salientada a função política da motivação das
decisões judiciais, cujos destinatários não são apenas as partes e o juiz competente
para julgar eventual recurso, mas quaisquer do povo, com a finalidade de aferir-se em
concreto a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das decisões.

Princípio da publicidade

Este princípio constitui uma preciosa garantia do indivíduo no tocante ao


exercício da jurisdição. A presença do público nas audiências e a possibilidade do
exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de
fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores públicos e advogados.
O povo é o juiz dos juízes. Publicidade popular e a restrita.
Esse princípio também é corolário do princípio do devido processo legal e da
ampla defesa. Esse princípio apresenta duas nuances: a primeira e dar conhecimento
dos atos processuais aos litigantes. Já o segundo aspecto refere-se a dar o
conhecimento à sociedade da atuação do Judiciário e aqueles que, por ventura,
tenham interesse na causa em litígio possam se manifestar.
O ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio da publicidade dos atos
processual restrita, por que apesar de todo o interesse de que o maior número de
pessoas venham a conhecer os processos, existem alguns casos em que o interesse
público exige que seja resguardada as partes e os atos processuais naquele processo
específico.
Deve ser ressaltado, todavia, que a garantia da publicidade não se traduz na
exigência da efetiva presença do público e/ou dos meios de comunicação aos atos
em que o procedimento se desenrola, não obstante reclame mais do que uma simples
´potencialidade´ abstrata (como quando, por exemplo, não se tem conhecimento da
data, horário e do local da realização de determinado ato: publicidade deste reduz-se,
então, a um nível meramente teórico).

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Princípio da lealdade processual

Já foi visto que a finalidade suprema do processo é a eliminação dos conflitos


existentes entre as partes, possibilitando a estas respostas às suas pretensões, mas
também para a pacificação geral na sociedade e para a atuação do direito, por isso
que se exige de seus usuários e atores a dignidade que corresponda aos seus fins.
O princípio que impõe esses deveres de moralidade e probidade a todos
aqueles que participam do processo (partes, juízes e auxiliares da justiça; advogados
e membros do Ministério Público), denomina-se princípio da lealdade processual. O
desrespeito ao dever de lealdade processual constitui-se em ilícito processual (nele
compreendendo o dolo e a fraude processual), ao qual correspondem sanções
processuais.
O CPC tem marcante preocupação na preservação do comportamento ético
dos sujeitos do processo. Partes, advogados e serventuários, membros do Ministério
Público e o próprio juiz estão sujeitos a sanções pela infração de preceitos éticos e
deontológicos, que a lei define minuciosamente.

Princípios da economia e da instrumentalidade das formas

O princípio da economia significa a obtenção do máximo resultado na atuação


do direito com o mínimo possível de dispêndio. É a conjugação do binômio: custo-
benefício. A aplicação típica desse princípio encontra-se em institutos como a reunião
de processos por conexão ou continência, reconvenção, ação declaratória incidente,
litisconsórcio etc.
Importante corolário da economia processual é o princípio do aproveitamento
dos atos processuais. Por outro lado, não se pode perder de vista que a perspectiva
instrumentalista (instrumento é meio; e todo meio só é tal e se legitima, em função dos
fins a que se destina) do processo é por definição teleológica e o método teleológico
conduz invariavelmente à visão do processo como instrumento predisposto à
realização dos objetivos eleitos.

18
Princípio do duplo grau de jurisdição

Este princípio prevê a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas
já julgadas pelo juiz de primeiro grau (ou de primeira instância), que corresponde à
denominada jurisdição inferior, garantindo, assim, um novo julgamento, por parte dos
órgãos da jurisdição superior, ou de segundo grau.
O referido princípio funda-se na possibilidade de a decisão de primeiro grau ser
injusta ou errada, por isso a necessidade de se permitir a sua reforma em grau de
recurso. Adotado pela generalidade dos sistemas processuais contemporâneos.
Corrente doutrinária opositora (minoria). Exceções ao princípio: hipóteses de
competência originária do STF. Recurso Voluntário e de oficio.

2 COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO

Fonte: grradvogados.com.br

Competência

Ensina Sérgio Pinto Martins,

a competência é uma parcela da jurisdição, dada a cada juiz. É a parte da


jurisdição atribuída a cada juiz, ou seja, a área geográfica e o setor do Direito
em que vai atuar, podendo emitir suas decisões. Consiste a competência na
delimitação do poder jurisdicional. É, portanto, o limite da jurisdição, a medida
da jurisdição, a quantidade da jurisdição.

19
A competência da Justiça do Trabalho está contida no artigo 114 da CF/88 que
estabelece:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I- as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II- as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III- as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos
e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV- os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V- os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI- as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho;
VII- as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII- a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I,
a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX- outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.)
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do
interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

A competência da Justiça do Trabalho é dividida em relação à matéria, às


pessoas, ao lugar e funcional.
Com a reforma trabalhista, foi acrescida a alínea “f” ao art. 652 da CLT, a qual
prevê a competência da Justiça do Trabalho para homologar acordo extrajudicial
trabalhista. Com efeito, a fim de disciplinar o procedimento a ser observado no
processo de jurisdição voluntária de homologação de acordo extrajudicial, foram
inseridos os artigos 855-B a 855-E.

Competência em Razão das Pessoas

Trata-se da competência em julgar as controvérsias entre trabalhadores e


empregadores, que são os envolvidos diretamente, ou seja, polo ativo e polo passivo.
Serão questões que envolvem empregado (art. 3º da CLT), empregador (art. 2º
da CLT), empregados rurais (art. 7º da CLT e Lei 5.889/73), domésticos (Lei 5.859/72
e Decreto nº 71.885/73), trabalhadores temporários (Lei 6.019/74), trabalhador avulso

20
(art. 643 CLT), trabalhadores portuários (§3º do art. 643 da CLT), trabalhador por
tempo determinado que atenda a necessidade excepcional do interesse público (art.
37, IX, da CF), os empregados de empresas públicas, sociedade de economia mista
e de suas subsidiárias, funcionários de fundações e autarquias de direito público
estadual e municipal se forem celetistas, reclamação de empregado que tenha por
objeto direito fundado no quadro de carreira (Súmula 19 do TST) e servidor estadual
no exercício de cargo em comissão (Súmula 218 do STJ).
Também os funcionários públicos que tem um regime contratual, será aplicável
a CLT, não tendo atividade de natureza administrativa, tanto da administração direta
ou indireta, será de competência da Justiça do Trabalho.
Quanto os entes de direito público externo nos ensina Sérgio Pinto Martins,

a partir de 05 de outubro de 1988, a competência para apreciar e julgar


existência de jurisdição, imunidade ou de renúncia, no que diz respeito à
relações de trabalho entre brasileiro ou estrangeiros residentes no Brasil e
entes de direito público externo é da Justiça do trabalho, apesar das
disposições dos arts. 109, incisos II, III, e 105, inciso II, letra c, da CF/88,
posto que estes cogitam da competência genérica da Justiça Federal e do
STF.

Servidores de cartórios extrajudiciais (notas, títulos, protestos, registro de


imóveis etc.), conforme art. 236 da CF/88 que define que a atividade notorial é privada,
assim sendo seus funcionários são considerados empregados, portanto a
competência para a solução dos litígios trabalhistas será da Justiça do trabalho (art.
114 CF/88).
Os conflitos de jogadores de futebol e seus clubes também terão que ser
solucionados pela Justiça do Trabalho.

Competência em razão da Matéria

Tal competência vai dizer se os tipos de questões podem ser apreciados pela
Justiça trabalhista. Toda matéria envolvendo qualquer tipo de trabalhador, será da
Justiça do Trabalho, portanto há diferença em relação de trabalho e de emprego,
relação de trabalho é gênero, do qual relação de emprego é espécie. Toda relação de
emprego é uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é de emprego,
como a dos funcionários públicos, dos trabalhadores autônomos, etc. (art. 114, I da
CF/88).

21
O elemento essencial para a caracterização da relação de trabalho na Justiça
do Trabalho é o trabalho do prestador de serviços ser feito por pessoa física e não por
pessoa jurídica.

Competência em Razão do Lugar

A competência em razão do lugar será determinada pela jurisdição, ou seja,


cada vara tem competência para examinar as questões que estão sob sua jurisdição.
Quem determina essa competência é a lei federal que cria a Vara. Tal competência é
criada para facilitar a distribuição da ação trabalhista pelo trabalhador, sem
necessidade de gastos com locomoção e para que possa melhor fazer sua prova.
O art. 651 dispõe a regra geral, a ação trabalhista deve ser proposta no último
local da prestação de serviços do empregado, ainda que tenha sido contratado em
outra localidade ou no estrangeiro.
Nos casos de empregados viajantes comerciais, o § 1º do art. 651 determina
que a competência “será da Vara da localidade que a empresa tenha agência ou filial
e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a vara da
localidade em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima”.
O brasileiro que foi trabalhar no estrangeiro poderá ajuizar suas ações na vara
onde o empregador tenha sede no Brasil ou também onde o empregado foi contratado
antes de ir para o exterior, caso a empresa não tenha sede no Brasil não haverá
possibilidade de ingressar com a ação.

Competência Funcional

Relaciona com o poder-dever do juiz na direção do processo, ou seja, a função


desempenhada na Justiça do Trabalho.

22
Fonte: i.huffpost.com

Todas elas mencionadas na CLT, art. 659, presidir audiências, executar suas
próprias decisões, dar posse ao secretário, despachar os recursos, assinar folhas,
apresentar ao presidente ao TRT o relatório dos trabalhos, concederem medida
liminar etc.

Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das
que lhes forem conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as
seguintes atribuições:
I - presidir às audiências das Juntas;
II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas
cuja execução lhes for deprecada;
III - dar posse aos Juízes classistas nomeados para a Junta, ao chefe de
Secretaria e aos demais funcionários da Secretaria;
IV- convocar os suplentes dos Juízes classistas, no impedimento destes;
V- representar ao Presidente do Tribunal Regional da respectiva jurisdição,
no caso de falta de qualquer Juiz classista a 3 (três) reuniões consecutivas,
sem motivo justificado, para os fins do art. 727;
VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a
decisão recorrida antes da remessa ao Tribunal Regional, ou submetendo-os
à decisão da Junta, no caso do art. 894;
VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;
VIII - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de
cada ano, o relatório dos trabalhos do ano anterior;
IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo em reclamações
trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos
parágrafos do art. 469 desta Consolidação.
X- conceder medida liminar, até decisão final do processo em reclamações
trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado,
suspenso ou dispensado pelo empregador.

23
Conflitos de Competência

Dão-se quando dois ou mais juízes se derem por competentes ou


incompetentes, de acordo com o art. 805 da CLT o conflito pode ser suscitado pelo
juiz, partes ou pelo MP e podem ocorrer entre: duas Varas do trabalho pertencente a
mesma região, na qual será competente para julgar o próprio TRT; duas Varas
pertencentes a regiões diferentes, sendo competente o julgamento pelo TST;
Tribunais Regionais do Trabalho, neste caso o conflito será julgado pelo TST; conflito
entre varas de trabalho e Juízes de Direito ou Federais, a competência para julgar o
conflito nestes casos será do TRT; Varas e Juízes de Direito investidos de jurisdição
trabalhista, terá competência para julgar o TRT; conflito entre o TST e Juízes de direito
ou Juízes Federais, sendo o TST competente para julgar o conflito.

3 PETIÇÃO INICIAL E RESPOSTA DO RÉU

A mais significativa inovação da Reforma Trabalhista no que tange à petição


inicial diz respeito à exigência de certeza, determinação e indicação do valor do
pedido. Pretendeu-se generalizar, com a nova lei, tal requisito, que era aplicável
anteriormente apenas nos processos trabalhistas que tramitassem no rito
sumaríssimo (CLT, art. 852-B, I)1.
O pedido é considerado certo quando for explícito na petição inicial (PONTES
DE MIRANDA, 1999, p. 36). Só se admitem pedidos implícitos nas hipóteses
taxativamente previstas em lei: é o que ocorre, por exemplo, com a correção
monetária, com os juros de mora e com as verbas de sucumbência, inclusive os
honorários advocatícios (CPC, art. 322, §1º).
Já a exigência de determinação do pedido, conforme entendimento majoritário
da doutrina, significa que o pedido deve ser delimitado quanto à qualidade e à
quantidade pretendidas (DIDIER, 2016, p. 575); dessa concepção resulta que, quando
se tratar de obrigação pecuniária, o autor deve indicar na petição inicial, em princípio,
o respectivo valor.

1 Texto extraído do link: https://www.jota.info/colunas/reforma-trabalhista/peticao-inicial-na-

reforma-trabalhista-26102017. Autor: Felipe Bernardes.

24
Contudo, há linhas doutrinárias que associam a determinação do pedido ao fato
de o autor dever fazer conhecer com segurança e clareza a tutela jurisdicional
postulada, sendo preciso na indicação da prestação jurisdicional a ser obtida
(THEODORO JÚNIOR, 2015, p. 767).
O Código de Processo Civil de 2015 aparentemente sufragou a corrente
majoritária, pois se refere apenas à certeza e determinação, não exigindo
expressamente a liquidez dos pedidos (arts. 322 e 324). Apesar disso, admite o pedido
genérico (indeterminado ou ilíquido): (i) nas ações universais, se o autor não puder
individuar os bens demandados; (ii) quando não for possível determinar, desde logo,
as consequências do ato ou do fato; (iii) quando a determinação do objeto ou do valor
da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu (art. 324, §1º).
A Lei 13467/2017 (Reforma Trabalhista), talvez com o objetivo de evitar tais
controvérsias doutrinárias, optou por estabelecer a necessidade de que o pedido seja
não apenas certo e determinado, mas que haja, também, indicação de seu valor. No
entanto, o tema apresenta diversas nuances e certamente gerará divergências
interpretativas.
Com relação a resposta do réu, Squitine et al. (2016) diz que o processo civil
brasileiro, que utiliza-se do regime do contraditório por força de norma Constitucional
expressa (art. 5º, LV). Sendo assim, nenhuma definição judicial pode ser obtida
através da versão unilateral dos fatos levados a juízo por meio da ação do autor. Por
esta razão, deve-se conferir ao demandado a oportunidade de manifestar nos autos a
sua tese, uma vez que o processo contém a verdade de ambas as partes e, a
sentença, “a verdade do juiz”.

Art. 335. NCPC- O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de
15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de
conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não
houver autocomposição;
II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou
de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, §
4º, inciso I;
III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos
demais casos
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º,
o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de
apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.

Squitine et al. (2016) afirma que a resposta do réu pode ser definida como a
resistência que este opõe ao pedido formulado pelo autor, por meio de uma defesa

25
processual e uma defesa de mérito, sendo considerado um ato processual pelo qual
o réu impugna o processo e a pretensão do autor. A defesa é processual, quando
existe a impugnação do instrumento (ação ou processo) de que se pretende valer o
autor para a afirmação do seu direito, objetivando evitar a análise do mérito, sendo
apresentada através de uma preliminar de contestação se a matéria é de objeção (ex.:
litispendência e a coisa julgada, materiais processuais de ordem pública) ou uma
exceção em sentido estrito se a alegação é de incompetência relativa, suspeição ou
impedimento do juiz.
A defesa é de mérito quando impugna o direito do autor, sendo realizada
através da contestação de maneira substancial ou material, podendo ser indireta
(quando consiste em opor fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito do autor)
ou direta (quando consiste em resistência que ataca a própria pretensão do autor,
negando-a quanto aos fatos ou quanto ao direito material).
Todavia Squitine et al. (2016) confirma que todo réu tem garantia ao direito da
ampla defesa e, assim sendo, possui a oportunidade de apresentar sua resposta no
processo civil. Neste sentido, você poderá observar detalhes de cada uma das
modalidades de defesa, quais sejam contestação, exceção e reconvenção, bem como
verificar seus prazos, peculiaridades e hipóteses de cabimento.
Em um primeiro momento, o réu deve fazer uma defesa processual relacionada
aos pressupostos processuais. A defesa processual sempre é uma defesa indireta,
pois o réu não está negando o direito, mas indicando um defeito processual, como,
por exemplo, as condições da ação. Assim, a primeira coisa que o réu deve fazer é
analisar os pressupostos processuais e as condições da ação. Sendo considerada a
primeira espécie de defesa processual e indireta, pois o réu está alegando um
problema na petição inicial.
Squitine et al. (2016) afiança que passada a defesa processual, o réu fará a
defesa material, que é direta, negando os fatos e o direito. Essa defesa é conhecida
como defesa de mérito e é quando o autor está negando o direito. Contudo, ele
também pode fazer uma defesa material indireta. Neste caso, sem negar o direito do
autor, o réu impõe um fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito. Na defesa
de mérito indireta, o réu não nega o fato, mas fala sobre outro fato existente que
impede, modifica ou extingue o direito do autor. Assim, sempre que houver fatos
extintivos, modificativos ou impeditivos de um direito estamos diante de uma defesa
de mérito indireta.

26
Para que o réu faça defesa processual e material direta e indireta, ele se
utilizara de três espécies de defesa: a contestação, a exceção e a reconvenção. A
exceção é uma espécie de defesa que serve especificamente aos pressupostos
processuais relativos ao juiz. Esses pressupostos são jurisdição, competência e
imparcialidade. Assim, pela via da exceção, a incompetência relativa, o impedimento
ou a suspeição do juiz devem ser alegados preliminarmente. A reconvenção é uma
forma de defesa usada para contra-ataque. Enquanto na contestação o réu se
defende, na reconvenção ele contra-ataca. Assim, existem duas ações: uma movida
contra o réu e outra contra o autor.
Com a reforma trabalhista, foi acrescido o §3º ao art. 841 da CLT, com redação
similar à do §4º do art. 485 do CPC/15, consoante o qual, após a contestação, não
pode o reclamante desistir da ação sem o consentimento do reclamado.
No que diz respeito à incompetência relativa, enquanto o CPC/15 prevê a
alegação em preliminar de contestação, foi mantida, no âmbito do processo do
trabalho, a exceção de incompetência, no art. 800 da CLT. A apresentação de exceção
de incompetência territorial deve se dar no prazo de cinco dias a contar da notificação,
ensejando a suspensão do feito.
Ademais, perde a aplicabilidade a súmula 377 do TST, que exige a qualidade
de empregado do preposto, na medida em que é inserido o §3º ao art. 843 da CLT, o
qual prevê que o preposto não precisa ser empregado da reclamada.
Quanto à ausência do reclamado à audiência, prevê o §5º do art. 844 da CLT,
que, caso a revelia se dê com a presença do advogado em audiência, será aceita a
contestação, bem como os documentos eventualmente apresentados.

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4 AUDIÊNCIA E PROVAS

Fonte: www.correiodosmunicipios-al.com.br

A exigência anterior de que o preposto seja empregado da empresa, que já


havia sido suprimida para empregadores domésticos e para pequenas e
microempresas, a teor da Súmula 377 do TST, agora generalizou. O artigo 843
ganhou um parágrafo 3º com a clara determinação de que o preposto não precisa ser
empregado da parte reclamada.
Outrossim, a nova lei, ao transferir também para o texto da CLT as normas
processuais civis já aplicáveis ao processo do trabalho por força do artigo 769 da CLT,
previu expressamente multa para as testemunhas: aplica-se a multa prevista no artigo
793-D desta Consolidação à testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos
fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa͘.

1.1. Princípios específicos aplicáveis às provas:

Martins (2015) afirma que a necessidade da prova: prova é necessária para o


convencimento do juiz, é necessário demonstrar os fatos alegados. Unidade da prova:
a prova deve ser analisada em conjunto, não se pode aplicar no processo do trabalho
a ideia do "in dubio pro operário", pois em matéria de prova, se estabelece a análise
da prova, deve ser analisado no conjunto e não isoladamente.

28
Contraditório: há necessidade de um debate em relação à determinada questão
para que haja uma contra afirmação e daí surja uma conclusão; direito de impugnar.
Igualdade da oportunidade de prova: o juiz deve tratar as partes igualmente, todas as
partes têm direito de apresentar meios de prova nos momentos adequados.
Oportunidade da prova: existem momentos para apresentação da prova e não podem
ser apresentadas fora desse momento.
Martins (2015) ao mesmo tempo diz que comunhão da prova: não há que se
interpretar isoladamente testemunhos ou documentos, necessário ser em conjunto.
Legalidade: o contraditório e a ampla defesa serão assegurados de acordo com a as
provas previstas em lei. Princípio da imediação: a prova é apresentada perante o juiz
e é ele que dirige o processo. A ideia é convencê-lo a respeito dos fatos do processo
e ele que vai decidir. Obrigatoriedade da prova: existe um interesse das partes em
provar e também do Estado para saber quem diz a verdade para, assim, se fazer
justiça.
Aptidão para prova: aquele que tem melhores condições de provar é que deve
fazer a prova. Ex. Empregador tem uma condição maior de fazer prova que o
empregado. Disponibilidade da prova: as partes devem fazer prova nos momentos em
que a lei estabelece e quem tem por objetivo a instrução do processo.
Fatos notórios: aqueles fatos de conhecimento geral. Porém, isso é uma
característica subjetiva, pois pode ser notório para um e não para outro. É difícil dizer
o que seria um fato notório numa região com relação a outra, por exemplo.
• Confissão: fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária.
Ex.: o reclamante alega um horário na inicial, a empresa contesta, mas o admite
em depoimento pessoal.
• Fatos incontroversos: na petição inicial se faz uma afirmação e na contestação
se confirma essa informação. Ex.: o reclamante alega ter trabalhado em
determinado horário, a empresa concorda com o horário, sendo, portanto,
incontroverso.
• Presunção de existência ou veracidade: ex. A confissão judicial feita pelo
confitente é uma presunção legal.
• Ônus da prova: ônus não é uma obrigação, mas um encargo que a parte deve-
se desincumbir para provar suas alegações. É a Necessidade de demonstração
de fatos de acordo com um certo critério que a lei faz a respeito da prova para

29
efeito do convencimento do juiz. A necessidade de provar é estabelecida por lei.
Nesse ponto, a CLT não é omissa (art. 818, CLT), diz que quem alega prova.
• Para o autor: deve haver a prova dos fatos constitutivos do seu direito. Ex.
Existência de relação de emprego; o trabalho em horas extras).
• Ao réu: se estabelece a prova dos fatos impeditivos, modificativos e extintivos
do direito do autor. Ex. Fatos extintivos (pagamento das horas extras, dos
feriados trabalhados de maneira dobrada), impeditivos (o reclamante alega na
inicial ter sido despedido, pedindo o pagamento de verbas rescisórias; o
reclamado alega que as verbas não foram pagas em razão de justa causa - a
justa causa é um fato impeditivo da continuidade do vínculo), ou modificativos (o
reclamante pede o pagamento imediato de comissões e a reclamada alega que
as comissões eram devidas, mas de forma parcelada; o reclamante pede o
pagamento de feriados dobrados e a empresa pondera que foi concedido outro
dia da semana para folga do reclamante).
OBS: não se aplica o in dubio pro operário em se tratando de prova, mas
verifica-se quem tem o ônus da prova.

Art. 429 NCPC: Incumbe o ônus da prova quando:


I – se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte
que a arguir;
II – se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o
documento.

Meios de prova: Se as partes não celebrarem acordo, iniciar-se-á a instrução


do processo (art. 848, CLT). Todos os meios de provas são legítimos, ainda que não
expressos no CPC. A CLT não trata de todos eles, e aí, quando não tratar, aplica-se
o CPC (MARTINS, 2015).
São meios de prova: depoimento pessoal das partes, as testemunhas, os
documentos e a inspeção judicial. O depoimento pessoal é meio de prova e não prova.
A prova é a confissão da parte por intermédio do depoimento pessoal.
Depoimento pessoal: arts. 848 e 820, CLT. A CLT não fala em depoimento
pessoal, mas sim interrogatório. O juiz toma de oficio, enquanto que no depoimento,
há o requerimento. Não há requerimento de depoimento, uma vez que é o juiz que
toma de ofício. Intepretação do TST - Sum. 74, I: contrário ao entendimento da CLT
que privilegia o sistema de interrogatório. O TST Interpreta como depoimento pessoal
e não como interrogatório, pois caso contrário, não ouvir o reclamante ou reclamado,

30
quando há requerimento da parte para esse fim, constituiria cerceamento da prova
das partes (MARTINS, 2015).
Poderá ser usado intérprete nomeado pelo juiz, ainda que este conheça a
língua estrangeira. As custas deverão ser pagar por aquele que tem interesse no
depoimento. Não há necessidade de tradutor juramentado, o que é menos oneroso.
Terminando os depoimentos das partes, estas podem se retirar da audiência, desde
que tenham advogados. Terminados os depoimentos pessoais, o juiz fixa os pontos
controvertidos e este será o objeto da prova. Preposto pode ser advogado? Sobre o
ponto de vista processual, o TST (súm. 377) adotou a ideia de que o preposto tem que
ser empregado e se o advogado é empregado, nada impede que ele seja preposto.
Sobre o ponto de vista da OAB: pode haver um procedimento administrativo por
motivo de ética, já que não pode ser advogado e preposto ao mesmo tempo
(MARTINS, 2015).
O preposto tem de ter conhecimento dos fatos e não presta compromisso de
dizer a verdade. Não precisa ser empregado ao tempo dos fatos narrados pelo
reclamante, basta ter conhecimento de tais fatos. Confissão: art. 389, NCPC. Quanto
ao âmbito que a confissão pode ser obtida: Judicial: aquela feita em juízo. Ex. Como
o efeito da revelia.
Extrajudicial: não é comum. Ex. Empregador confessa dívida em documento.
Quanto à possibilidade de produção de prova em contrário: Real: aquela realizada
expressamente pela parte. Implica em presunção absoluta.
Ficta: é uma presunção relativa que pode ser modificada por documentos
constantes no processo. Ex. Se há cartões de ponto nos autos, a confissão ficta
elidida, caso o preposto não compareça para prestar depoimento. Obs.: não se admite
confissão em se tratando de direitos indisponíveis (MARTINS, 2015).
É irrevogável, mas pode ser anulada, se pendente o processo em que foi feita
ou rescindida, se houver trânsito em julgado da decisão. Pode ser obtida em
depoimento pessoal ou feita por procurador com poderes expressos para tanto. Art.
844, CLT: o não comparecimento do reclamado, na audiência para apresentar defesa
importa em revelia, além da confissão quanto à matéria de fato. Confissão é um dos
efeitos da revelia.
Documentos: art. 830, CLT. O advogado deve declarar a autenticidade dos
documentos sob a sua responsabilidade. E, se houve impugnação, existe a
necessidade da apresentação dos originais. Art. 464, CLT: trata do recibo de

31
pagamento. Prova de pagamento de salário é feita mediante recibo ou depósito
bancário e não se admite essa prova por meio de testemunha. Necessariamente
escritas: só pode ser comprovado mediante prova escrita, o pagamento de salários,
acordo de prorrogação da jornada de trabalho e acordo de compensação.
Exibição de documentos (arts. 396/404, NCPC): o juiz poderá determinar que
a parte exiba documento ou coisa em juízo, desde que se ache em seu poder. Deve
haver um requerimento de que a parte tenha o documento e que ele deva ser juntado.
Se não houver juntado, há presunção relativa daquilo que se pretendia provar por
intermédio desse documento. Ex. Empresa que tem mais de 10 empregados e teria
que ter os controles de ponto e o juiz determina que se junte e, se não forem juntados,
presume-se verdadeiro a jornada de trabalho dita na inicial. Súm. 338, I - TST.
Incidente de falsidade: poderá ser suscitado a qualquer tempo. Será suscitado com a
contestação ou no prazo de 10 dias a contar da juntada do documento. O processo
ficará suspenso para decisão que decidirá sobre a necessidade de perícia. A sentença
que resolver o incidente será declaratória e, declarando a falsidade ou autenticidade
do documento, não caberá recurso, por se tratar de decisão interlocutória.
Testemunhas: é o terceiro ao processo que tem conhecimento aos fatos da
causa. A CLT não tem muitas regras e, novamente, usa-se o NCPC. 829, CLT: Não
pode ser testemunha o parente até o 3º grau e o amigo, porém ainda que a
testemunha detenha dessas características, pode ser ouvida como informante e o juiz
dá o valor motivado desse depoimento. (Contradita à testemunha):
• Testemunhas incapazes: menor de 16, doença mental.
• Testemunhas suspeitas: condenado por falso testemunho, inimigo capital e o
que tiver interesse no litígio.
• Testemunhas impedidas: cônjuge, quem é parte ou pessoa que intervém em
nome de uma parte.
• Número de testemunhas.
• Rito sumaríssimo: são nas causas de até 40 salários mínimos, até 2
testemunhas para cada parte.
• Rito ordinário: quando o Valor da Causa for acima de 40 (quarenta) salários
mínimos. Esse procedimento permite um maior conhecimento do caso em tela
e é utilizado para situações de maior complexidade, até 3 testemunhas para
cada parte e não 3 para cada fato, como ocorre no CPC.

32
• Inquérito para apuração de falta grave: até 6 para cada parte.
• Rol de testemunhas: não existe rol, a regra, é de que a prova será produzida
em audiência, por tanto, leva-se as testemunhas à audiência e aí, caso elas não
compareçam, serão intimadas. Exceção: no sumaríssimo também não há rol,
mas existe a necessidade de prova de que a testemunha foi convidada e com a
prova ela será intimada para uma audiência, caso falte na primeira.
Se a parte se comprometer em levar e ela não aparecer, presume-se
desistência. As partes devem ser isoladas na hora da oitiva. Pode-se dispor de
tradutor juramentado, mas hoje é utilizado intérprete. Não necessariamente as
testemunhas do autor precisam ser ouvidas primeiro (depende do ônus). Contradita à
testemunha: deverá ser feito antes de esta estar compromissada e não após o
compromisso. Assim a testemunha deve ser contraditada logo após a qualificação,
mas antes do compromisso (MARTINS, 2015).
Perícia: é um outro meio de prova. A CLT não tem muito artigos sobre perícia,
apenas um ou outro que diz sobre o comparecimento da perícia e assistentes na
audiência. Portanto, se aplica o NCPC, mas dependendo do caso, há certas
particularidades.
Peculiaridades: Arguida a insalubridade ou periculosidade, o juiz nomeará
perito (art. 195, CLT) - insalubridade medico e periculosidade, engenheiro. Se a
perícia vai ser feita num aspecto de contabilidade, espécie de auditoria, somente o
contador pode fazer. Em relação a cálculo, qualquer pessoa pode fazer, porém, se
houver necessidade de exame de contabilidade, só o contador poderá fazer.
Os peritos devem ter conhecimentos técnicos e devem, preferencialmente, ter
nível universitário. Substituição de perito: Se o perito não tem condições de se
manifestar/emitir laudo do caso, então é o caso de substituição. Assim como o juiz, o
perito está sujeito a impedimento ou suspensão.
Dispensa de perícia: Poderá ser indeferida quando não precisar de
conhecimentos técnicos, quando é desnecessária ou impraticável. Carta precatória: é
possível fazer perícia por carta precatória para que se identifique, por exemplo, as
condições de trabalho que não era o mesmo local onde foi proposta a ação, ou quando
há mudança no local de trabalho. As partes têm 5 dias para apresentar quesitos e
apresentar assistentes técnicos. Ao juiz caberá indeferir quesitos impertinentes. A
perícia será designada pelo juiz e não é possível exigir honorários prévios,

33
principalmente com relação ao empregado, por sua falta de condição (MARTINS,
2015).
As partes podem comparecer à diligência em relação ao qual será feita a
perícia. Esse comparecimento serve como espécie de esclarecimentos quando ao
local de trabalho, etc. O perito pode ouvir pessoas, mas não pode se investir da
condição de juiz para ouvir testemunhas. Ele pode se orientar com as informações
prestadas pelas pessoas, mas as testemunhas continuarão serem ouvidas pelo juiz.
Fixação para laudo: quem faz é o juiz no prazo para apresentação do laudo. Os
assistentes técnicos têm o mesmo prazo. 20 dias.
Honorários periciais - 790-B, CLT: aquele sucumbente ao objeto da perícia,
exceção da Justiça Gratuita, que é o caso do empregado.
Súm. 341 TST: Os honorários dos assistentes técnicos ficam a parte de cada
parte.
Art. 789, CLT - Custas: são devidas pelo vencido.
Inspeção judicial: não tem previsão na CLT. Será feita quando o juiz não tiver
conhecimentos suficientes de um certo fato e tiver que comparecer em determinado
local para fazer a constatação. Ele não substituirá o perito, mas pode comparecer ao
local juntamente com o perito para que este esclareça determinados aspectos.
Finalidade: esclarecer o juiz a respeito de fatos e coisas. Art. 481 até 484, NCPC. As
partes podem comparecer à diligência (MARTINS, 2015).
Ao concluir a inspeção, deve ser lavrado um auto circunstancial para se
descrever o que foi constatado. Substituindo o juiz, o oficial de justiça, por ter fé pública
pode comparecer e fazer as constatações. O juiz pode decidir com fundamento nas
máximas de experiência, mas também que podem ser em decorrência de indícios ou
presunções.
Art. 844, CLT: não comparecimento das partes na audiência:
Autor: se for a primeira audiência, importa o arquivamento da reclamação.
Réu: importa em revelia e confissão.
Procedimento sumaríssimo - perícia: causas de até 40 salários mínimos > ideia
de dar mais celeridade nesses processos.

34
5 SENTENÇAS, COISAS JULGADAS E EMBARGOS DECLARATÓRIOS

Definição De Sentença

O processo do trabalho não define sentença. Essa definição deve ser buscada
no processo civil, fonte subsidiária do Processo do Trabalho. Os artigos 831 e 832 da
CLT referem-se, genericamente, a decisão, quando trata da sentença. Nos seus
precisos termos, o art. 831 da CLT preleciona que “a decisão será proferida depois de
rejeitada pelas partes a proposta de conciliação” e o art. 832, por sua vez, determina
que “da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa,
a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.” Essa
decisão, nada mais é do que a sentença; mas, como dito, definição exata de sentença
não há (ALMEIDA, 2012).
Encontraremos referência ao termo sentença nos dissídios coletivos, de
competência originária dos Tribunais, cujas decisões são chamadas de sentenças
normativas; contudo, do ponto de vista da técnica processual a denominação não é a
mais adequada, haja vista que sentença é termo adequado para a decisão
monocrática do órgão jurisdicional de primeiro grau.
Recorrendo ao Processo Civil comum, verificamos que o NCPC definia a
sentença, na redação original do art. 203, § 1º, como sendo “o pronunciamento por
meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução.” Esses artigos tratam dos
casos que implica o exaurimento da atividade cognitiva do juiz de primeira instância
com ou sem a resolução do mérito da demanda. O referido conceito, além de mais
afinado com a técnica processual permite fácil distinção, a partir do conteúdo da
decisão, dos demais atos processuais praticados pelo juiz: as decisões interlocutórias
e os despachos (ALMEIDA, 2012).

Classificação Das Sentenças

A teoria dos capítulos da sentença está umbilicalmente ligada à estrutura de


uma sentença – notadamente de um dos seus elementos, isto é, o dispositivo.

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De início, é preciso recordar que a sentença estrutura-se, no Processo Civil, a
partir de três elementos essenciais: (1) relatório; (2) fundamentação; e (3) dispositivo.
Eles encontram previsão no art. 489 do CPC/15:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com
a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes
lhe submeterem.

O art. 489 do NCPC descreve, assim, as partes componentes de uma sentença


típica.
Desde um ponto de vista conceitual amplo, ao lado das decisões interlocutórias
e dos despachos, sentença é um dos pronunciamentos do juiz no processo (NCPC,
art. 203, caput). De outro giro, de um ponto de vista conceitual mais específico,
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485
e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
execução (NCPC, art. 203, § 1º).
À vista do § 1º do art. 203 do NCPC, tem-se a conclusão de que a sentença é
um ato jurídico-processual que pode extinguir o processo sem resolver o mérito (art.
485) como pode extingui-lo com resolução de mérito (art. 487).
Dependendo do tipo de provimento jurisdicional dado à lide, a doutrina propõe
uma classificação clássica da sentença em dois tipos: terminativas e definitivas.
(a) sentenças terminativas: são os pronunciamentos do juiz que põe fim ao
processo, porém sem resolver o mérito, uma vez que existe algum fator processual
que impede a análise do objeto da ação (o conhecimento da tutela jurisdicional é
inadmissível nas condições em que a parte invocou-a).
As hipóteses de sentenças terminativas estão, em regra, previstas no art. 485
do NCPC:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada;

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VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando
o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por
disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão
proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado
ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e
IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito
em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do
réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa
pelo autor depende de requerimento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos
deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

(b) sentenças definitivas: são os pronunciamentos do juiz que decidem, total


ou parcialmente, o mérito da causa, assegurando à parte a tutela jurisdicional (objeto
da demanda) pretendida mediante o exercício do direito de ação.

A sentença de resolução de mérito, que resolve o objeto do processo, dar-se-


á nas hipóteses do art. 487 do NCPC:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou
prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a
decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes
oportunidade de manifestar-se.

É assim que se pode afirmar que, de acordo com o CPC/15, a classificação de


um pronunciamento judicial de natureza decisória como “sentença” independe do
conteúdo da decisão. Para fins classificatórios, na sistemática do código, importa –
isto sim – saber se o pronunciamento do juiz põe (ou não) fim ao processo – ao, ao
menos, a uma de suas fases.

37
Apesar disso, seja a sentença terminativa, seja a sentença definitiva, os seus
elementos componentes permanecem incólumes. Haverá sempre a necessidade de
relatório, fundamentação e dispositivo.
Para o estudo da teoria dos capítulos da sentença, destaca-se o conceito de
dispositivo. Dispositivo é a conclusão a que chega o julgador após a exposição de
ideias na fundamentação, que embasa e informa as suas razões de decidir de tal ou
qual maneira em meio a tantas opções igualmente viáveis. Mas o dispositivo não é
uma conclusão qualquer. É uma conclusão de conteúdo decisório, que contém um
comando, uma ordem judicial que incidirá sobre o mundo dos fatos (realidade fática),
podendo transformá-lo ou não.

Fonte: footage.framepool.com

O dispositivo de uma sentença pode ser decomposto. Trata-se de uma


decomposição das ideias formuladas pelo magistrado, cabível em determinadas
circunstâncias, não obstante a sentença em si seja um ato jurídico-formal único.
À possibilidade de decomposição ideológica do conteúdo decisório (dispositivo)
de uma decisão judicial, dá-se o nome em doutrina de teoria dos capítulos da
sentença.
Segundo essa teorização, o dispositivo de uma sentença é passível de divisão
em capítulos. Os capítulos, assim, são unidades de um todo formalmente único, isto

38
é, a sentença. Cada capítulo corresponde a uma unidade autônoma de conteúdo
decisório e que está contida no dispositivo da decisão judicial.
Seguindo o mesmo raciocínio aplicado à classificação tradicional de uma
sentença, que a divide em sentença terminativa ou definitiva, de conformidade com a
maneira pela qual extingue o processo (com ou sem resolução de mérito), a parte
dispositiva de uma decisão judicial pode apresentar capítulos de conteúdos distintos,
a depender se analisa questões processuais de admissibilidade do julgamento do
mérito ou se julga o mérito propriamente dito.
Sendo assim, num mesmo dispositivo, pode haver capítulos puramente
processuais como pode haver capítulos de mérito. Se uma sentença contém apenas
capítulos de um tipo, ela será considerada uma sentença homogênea (p. ex.: sentença
contém apenas capítulos que resolvem o mérito, pois o réu não alegou em sua
resposta nenhuma das preliminares processuais constantes do art. 337 do NCPC). Já
na hipótese de a sentença conter capítulos mistos, que ora decidem questões
puramente processuais, ora conferem resolução a questões de mérito, ter-se-á uma
sentença heterogênea.
Mas como pode ser identificada na prática forense a aplicação da teoria dos
capítulos da sentença?
A demonstração de alguns exemplos facilitará o entendimento do leitor.
Nos processos em que há cumulação de pedidos, caberá ao juiz proferir um
pronunciamento para cada deles. Portanto, como o dispositivo da sentença conterá a
resolução de vários pedidos cumulados, a decisão sobre cada um deles constituirá
um capítulo. É o que ocorre em uma ação de indenização na qual o autor pede
indenização por danos morais e materiais. Nessa hipótese, o juiz decidirá de tal forma
a que, na parte dispositiva da sentença, haja um capítulo para o dano material e outro
para o dano moral.
Outra verificação prática da teoria dos capítulos da sentença dá-se nas ações
em que o autor pede um bem da vida que, apesar de único, é decomponível. Pedido
decomponível é aquele suscetível de contagem, mensuração, medição, pesagem. O
caso mais comum de pedido decomponível é o pedido de dinheiro, pois se cuida de
grandeza passível de quantificação. Logo, em ação de cobrança na qual o autor pede
R$ 100.000,00 do réu, o juiz decidirá, no mérito, se acolhe ou não a integralidade do
pedido formulado na petição inicial. Caso o juiz se convença de que a dívida do réu
não é de R$ 100.000,00, mas tão só da metade, a sentença conterá dispositivo com

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pelo menos dois capítulos: o primeiro deles julga procedente o pedido quando ao
pagamento do valor de R$ 50.000,00; o segundo julga improcedente o pedido de
pagamento na mesma extensão. Portanto, sempre que um pedido for julgado
parcialmente procedente, estar-se-á diante de, no mínimo, dois capítulos da sentença.
Também haverá capítulos de sentença no dispositivo da decisão que julga
questões preliminares, mas, rejeitando-as, adentra a resolução do mérito. É o caso,
exemplarmente, de uma ação na qual o réu, em sua contestação (NCPC, art. 335),
alega preliminarmente ao mérito a incompetência absoluta ou relativa do juízo (NCPC,
art. 337, II) ou a ausência de legitimidade ou de interesse processual (NCPC, art. 337,
XI). Em todos esses casos, caso o juiz decida pela rejeição das questões puramente
processuais, lavrará um capítulo na parte dispositiva da sentença a esse respeito,
para atestar que o procedimento, nas circunstâncias em que a parte invoca-as,
viabiliza a resolução do mérito e, portanto, o acertamento do objeto da demanda.
Outro campo do Direito Processual Civil em que a teoria dos capítulos da
sentença adquire importância notável diz respeito aos efeitos dos recursos. Nessa
toada, a teoria dos recursos preconiza que, quanto ao efeito devolutivo, a sua
extensão medir-se-á pela matéria efetivamente impugnada pela parte recorrente. É
assim que se pode conceber a ideia de um recurso total (impugna todos os capítulos)
ou recurso parcial (impugna apenas alguns capítulos). É assim igualmente que se
desenvolve a estratégia processual da parte, que pode devolver ao tribunal o
conhecimento de toda a matéria impugnada ou limitar o efeito devolutivo do recurso,
conferindo à devolução um caráter mais restrito. Aplica-se aqui a tradição construída
desde os idos do Direito Romano, segundo a qual tantum devolutum quantum
appellatum, brocardo incorporado pelo caput do art. 1.013 do NCPC:

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria


impugnada.
§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz
acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento
dos demais.
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal
deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites
do pedido ou da causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que
poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

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§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição,
o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem
determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau.
§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela
provisória é impugnável na apelação.

Note-se que a redação do §1º do art. 1.013 do NCPC alude explicitamente aos
capítulos impugnados, o que é clara decorrência da teoria dos capítulos da sentença,
utilizados na sistemática recursal do código como parâmetro limitador da extensão do
efeito devolutivo do recurso de apelação.
Finalmente, a teoria dos capítulos da sentença aparece de modo implícito nas
regras de liquidação de sentença, prescritas no art. 509 do NCPC, in verbis:

Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida,


proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado
pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar
fato novo.
§ 1º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor
é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos
apartados, a liquidação desta.
§ 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o
credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
§ 3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição
dos interessados programa de atualização financeira.
§ 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença
que a julgou.

Observe o leitor que o § 1º do art. 509 do NCPC autoriza a execução da parte


líquida da sentença concomitantemente à liquidação, em autos apartados, da parte
ilíquida. Essas “partes” a que se reporta o texto legal devem, em verdade, ser lidas
como as “partes dispositivas” do provimento jurisdicional. Portanto, a norma do art.
509, § 1º, só é inteligível se se admitir que o CPC/15 trabalha em sua sistemática de
liquidação a partir da teoria que permite capitular o dispositivo de uma decisão judicial.
Dessa maneira, à luz de todos esses exemplos conjugados, seja na teoria da
decisão judicial – sobretudo no que concerne aos elementos da sentença -, seja na
liquidação de sentença, seja na extensão do efeito devolutivo dos recursos (tantum
devolutum quantum appellatum), conclui-se que a teoria dos capítulos da sentença
encontra-se amplamente incorporada à sistemática geral do Código de Processo Civil
(Lei 13.105/15).2

2 Texto extraído do link: https://jus.com.br/artigos/42346/notas-sobre-a-aplicacao-da-teoria-

dos-capitulos-de-sentenca-no-novo-codigo-de-processo-civil-lei-13-105-15, autor: Rafael Theodor


Teodoro.

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Elementos da sentença

• Relatório;
• Fundamentação; e
• Dispositivo

Art. 489 do NCPC – São elementos essenciais da sentença:


I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com
a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;

O relatório é requisito essencial e indispensável da sentença e sua falta


prejudica a análise desta, acarretando sua a nulidade (STJ – Resp. 25082/RJ). A
doutrina majoritária afirma ser nulidade absoluta, mas alguns afirmam se tratar de
nulidade relativa.
Relatório Per Relationem – O STJ admite a figura do relatório per relationem
(Ag. Regm. no Ag. 451747/SP). Este relatório é aquele feito apenas por referência a
outro anteriormente lançado nos autos, como, por exemplo, em acórdãos, com a
utilização do relatório da sentença impugnada, além dos principais atos praticados
depois da sentença.
Dispensa nos Juizados Especiais – Em sede de juizado especial é possível a
prolação de sentença sem relatório (art. 38 da Lei 9099/95).

II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

Efeitos da Ausência – A exigência de fundamentação é constitucional, prevista


no art. 93, IX da CF. Assim, toda decisão deve ser fundamentada sob pena de
nulidade (absoluta).
Recursos – Havendo falta de fundamentação o recurso adequado é a apelação
com a alegação de error in procedendo intrínseco, ainda que excepcionalmente
possam ser admitidos embargos de declaração com efeitos infringentes.
A divergência que pairava à época do CPC de 1973 acerca da possibilidade ou
não do Tribunal de segundo grau anulasse a sentença e passasse imediatamente à
prolação de uma nova decisão de mérito foi resolvida pelo art. 1.013, § 3º, IV, do
NCPC, que prevê expressamente a aplicação da teoria da causa madura na hipótese
de nulidade de sentença por falta de fundamentação.

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Coisa Julgada e Fundamentação – Regra geral a fundamentação não faz coisa
julgada material (art. 504, I do NCPC).
Apesar de suficiente previsão constitucional contida no art. 93, IX, da CF, o
NCPC também consagra expressamente o princípio da fundamentação das decisões
judiciais ao prever em seu art. 11 que todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões sob pena de nulidade.
O NCPC, entretanto, foi muito além, ao prever expressamente hipóteses em que a
decisão judicial não pode ser considerada como fundamentada. No caso em concreto,
interpretação diversa da disposição do artigo 489, § 1º, do NCPC viola a integridade
do Direito. 489, § 1º do NCPC – Não se considera fundamentada qualquer decisão
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem


explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

Cabe ao juiz, portanto, expor em seu pronunciamento decisório a interpretação


que fez da norma jurídica aplicável ao caso concreto e a correlação entre elas e os
fatos do caso concreto.

II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo


concreto de sua incidência no caso;

A legislação moderna cada vez mais vem se utilizando de conceitos vagos e


indeterminados, cujo referencial semântico não é tão nítido, como meio de adequar-
se à realidade em que hoje vivemos, caracterizada pela velocidade com que as coisas
acontecem e os relacionamentos sociais se modificam. Dessa forma, os conceitos
vagos podem abranger um maior número de situações concretas. Daí a necessidade
de o juiz explicar o motivo da incidência do conceito vago ao caso concreto, para evitar
a arbitrariedade na sua aplicação nas decisões judiciais.

III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

É o que comumente ocorre quando o juiz, por exemplo, defere uma liminar,
afirmando tão somente que estão presentes os pressupostos legais. Ao julgador cabe
justificar o seu posicionamento, de maneira clara e precisa, não podendo,
simplesmente, proferir uma decisão “padrão”, ou “estereotipada”.

IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,


em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador

43
O juiz tem o dever de enfrentar as alegações das partes e confrontá-las com o
caso concreto e a legislação, principalmente aquelas que levariam a uma conclusão
diversa. A fundamentação incompleta, para o NCPC, não é admissível. É o que se
passa quando o juiz se limita a mencionar as provas que confirmam sua conclusão,
desprezando as demais, como se fosse possível uma espécie de seleção artificial e
caprichosa em matéria probatória.

V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar


seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
se ajusta àqueles fundamentos;

O juiz tem de demonstrar a semelhança do caso concreto com o precedente


utilizado ou com o quadro fático que ensejou a elaboração de súmula, para justificar
sua utilização. Incumbe-lhe, enfim, demonstrar a pertinência com o caso concreto.

VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente


invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.

Pelo que se compreende do dispositivo legal, se o juiz considerar que o


processo apresenta crise jurídica apta a ser resolvida pelo enunciado de súmula ou
precedente com eficácia vinculante, e que não esteja superado o entendimento
consagrado, e ainda assim decidir pela não aplicação por não concordar com tal
entendimento, a decisão será nula por falta de fundamentação.
Fundamentação Per Relationem – Trata-se de técnica de fundamentação
referencial pela qual se faz expressa alusão a decisão anterior ou parecer do
Ministério Público, incorporando, formalmente, tais manifestações ao ato jurisdicional.
É necessário, contudo, que a remissão não seja puramente genérica, devendo, de
alguma forma, evidenciar os fundamentos apropriados da decisão ou parecer referido,
para permitir a compreensão exata da decisão tomada no caso concreto. Contudo, a
doutrina majoritária, em razão das exigências do § 1º do art. 489 do NCPC, entende
que a referida técnica de fundamentação restou impossibilitada para o juiz.
Tal forma de fundamentação é expressamente vedada pelo art. 1.021, § 3º, do
NCPC no julgamento do agravo interno, sendo nulo o acórdão desse recurso se
limitado a transcrever as razões do decidir monocrático.

Art. 489 § 2º do NCPC – No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar
o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões

44
que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que
fundamentam a conclusão.

As normas jurídicas são divididas em regras e princípios. No conflito entre


regras, existem os critérios tradicionais de solução de conflito: hierarquia; cronologia;
especialidade. O art. 489 § 2º do NCPC ao prever expressamente a técnica da
ponderação para a solução de colisão de normas, deve ser aplicado a essa espécie
de conflitos de princípio, quando juiz no caso concreto não revoga um deles para
aplicar o outro, mas que mantendo seu convívio prioriza um em detrimento de outro.

III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes


lhe submeterem.

Conceito – É a conclusão que chega ao magistrado sobre o acolhimento ou da


rejeição do pedido do autor. Este se divide em dois:
Dispositivo Direto – No dispositivo direto o juiz indica expressamente o bem da
vida obtido pelo autor.
Dispositivo Indireto – No dispositivo indireto o juiz acolhe o pedido do autor sem
a indicação do bem da vida obtido, limitando-se a julgar procedente o pedido e a fazer
a remissão à pretensão do autor.
Coisa Julgada e Dispositivo – Em regra, o dispositivo é a única parte da
sentença que ficará acobertada pela coisa julgada material.
Ausência – Sua ausência implica a inexistência do ato judicial, por se trata de
um vício extremamente grave (900.561/SP).
Dessa forma, tratando-se de inexistência jurídica, mesmo após o trânsito em
julgado da decisão, é admissível sua alegação por meio da ação declaratória.
Inversão da Ordem dos Elementos da Sentença – Não configura qualquer vício
tal inversão de ordem.3

A Sentença No Procedimento Sumaríssimo

Como já mencionado alhures, no procedimento sumaríssimo, é dispensado o


relatório, devendo conter, apenas um breve resumo dos fatos ocorridos em audiência.
O juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais equânime, atendendo aos
fins sociais da lei e às exigências do bem comum (art. 852-I, § 1º da CLT); em outras

3 Texto extraído do link: www.estudosnovocpc.com.br.

45
palavras, esse dispositivo autoriza o juiz trabalhista a decidir por equidade, de maneira
a decidir a questão da forma mais justa possível. Dispositivo semelhante encontra-se
no art. 766 da CLT em relação aos dissídios sobre estipulação de salários. Na CLT,
além dos casos já mencionados, o art. 8º permite ao juiz decidir por equidade na falta
de disposições legais ou contratuais, e que nenhum interesse particular prevaleça
sobre o interesse público.
Em que pese o § 2º do art. 852-I, que proibia a sentença condenatória por
sentença ilíquida, na prática, a sentença deverá ser sempre líquida, pois o pedido tem
que ser certo ou determinado, indicando os valores correspondentes (art. 852-B, I da
CLT).
As partes deverão ser intimadas da sentença na própria audiência em que for
proferida. Na sendo possível proferir sentença na audiência, em razão da
complexidade da causa, o juiz deverá designar audiência para publicação da decisão
no prazo máximo de 15 dias ou 30 dias na hipótese de interrupção da audiência.
Nesse caso, não sendo a sentença juntada no prazo máximo de 48 horas após a data
marcada para a publicação, as partes deverão ser intimadas da decisão. (ALMEIDA,
2012).

A Coisa Julgada No Processo Trabalhista - Conceito E Natureza Jurídica

Proferida a sentença, seja ela terminativa ou definitiva, abre-se à parte


sucumbente a possibilidade de impugná-la através do recurso adequado, no caso do
processo trabalhista, o recurso ordinário, no prazo de 8 dias. Contudo, mesmo se
buscarmos na teoria geral do processo, veremos que o número de recursos no nosso
sistema é grande, porém limitado. Quer-se dizer com isso que mesmo a decisão sendo
impugnada, em um momento vão se esgotar os recursos previstos no ordenamento e
a decisão não poderá mais ser modificada. Por outro lado, há que se considerar,
também que há um prazo para que a parte manifeste sua irresignação em relação à
sentença; decorrido o prazo sem a interposição de recurso a sentença tornar-se-á
irrecorrível. Nesse momento ocorre o trânsito em julgado, surge, dessa forma, a coisa
julgada. O conceito mais aceito é o definido por Enrico Tullio Liebman, segundo o qual
coisa julgada é “a imutabilidade do comando emergente de uma sentença.” Todos os
elementos componentes do conteúdo da sentença, declaratórios, constitutivos ou
condenatórios, tornar-se-ão imutáveis e indiscutíveis com a coisa julgada.

46
Em relação à natureza jurídica do instituto, a doutrina brasileira é dividida entre
aqueles que veem na coisa julgada um efeito da sentença e os que a definem como
uma qualidade sua. Na prática, não há muita diferença entre uma e outra posição,
trata-se de uma discussão mais de natureza acadêmica, ambas se reportam à
imutabilidade e irrecorribilidade da decisão. Há ainda uma terceira posição isolada,
capitaneada por Alexandre de Freitas Câmara, na qual se defende que a coisa julgada
se revela como uma situação jurídica. Diz o processualista carioca que

com o trânsito em julgado da sentença, surge uma nova situação, antes


inexistente, que consiste na imutabilidade e indiscutibilidade do conteúdo da
sentença, e a indiscutibilidade e imutabilidade é que são, em verdade, a
autoridade da coisa julgada. Parece-nos, pois, que a coisa julgada é esta
nova situação jurídica, antes inexistente, que surge quando a decisão se
torna irrecorrível. (ALMEIDA, 2012).

Coisa Julgada Formal e Coisa Julgada Material

A coisa julgada deve ser considerada sob dois aspectos, o formal e o material
(ou substancial). A coisa julgada formal surge em razão do simples exaurimento da
possibilidade de impugnação da sentença, ou seja, não sendo mais possível modificar
a sentença, ela transita em julgado formalmente, segundo a doutrina tradicional, é a
própria imutabilidade da sentença. Contudo, a matéria poderá voltar a ser discutida
em outro processo.
Quando se fala em coisa julgada material, está se referindo além da
imutabilidade da sentença, da imutabilidade dos seus efeitos, projetando-se para fora
do processo, tratando-se de um aspecto extrínseco só existindo nas sentenças de
mérito. Pode-se dizer, assim, que a coisa julgada formal é comum a todas as
sentenças, enquanto a coisa julgada material, como dito, verifica-se apenas nas
sentenças de mérito. A coisa julgada formal seria, assim, um pressuposto lógico da
coisa julgada material, haja vista que seria impossível a formação desta sem a
daquela. (ALMEIDA, 2012).

Limites Objetivos e Subjetivos da Coisa Julgada

Quando se fala de limites objetivos da coisa julgada, trata-se de verificar o


alcance da imutabilidade e indiscutibilidade da sentença transitada em julgado, vista
em seu aspecto objetivo, ou seja, busca-se saber o que transitou em julgado. Não

47
parece haver muita dúvida, já que o Código de Processo Civil é bem preciso nessa
delimitação. O art. 503 estabelece que

“A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites
da questão principal expressamente decidida.” Dessa forma, o que não foi
objeto do pedido, o que não integrou o objeto do processo não estará atingido
pela coisa julgada. Esse dispositivo é complementado pelo art. 504 donde se
abstrai que “não fazem coisa julgada os motivos, ainda que importantes para
determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; a verdade dos fatos,
estabelecida como fundamento da sentença”.

Inclui-se, também nos limites objetivos da coisa julgada, o chamado


“julgamento implícito” ou “eficácia preclusiva da coisa julgada”. Esse fenômeno vem
estabelecido no art. 508 do NCPC, segundo o qual “transitada em julgado a decisão
de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas
que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido.”
Em relação aos limites subjetivos da coisa julgada, o que se busca é verificar
quem são as pessoas atingidas pela coisa julgada. Também parece um problema de
fácil elucidação, já que o art. 506 do NCPC estabelece “a sentença faz coisa julgada
às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros”. Dessa forma, quem não
participou do processo, ou de qualquer forma, não é parte na relação jurídica posta
sob apreciação judicial, não será afetado pelo manto da coisa julgada, podendo
rediscutir, em outro processo, os fatos decididos.
Contudo, algumas questões merecem reflexão. Primeiramente, nos casos de
legitimação extraordinária, em que alguém, nos casos permitidos por lei, defende
direito alheio em nome próprio. Ocorre nesses casos a substituição processual. Em
que pese a especificidade da situação, a doutrina parece pacífica, a coisa julgada se
forma tanto para o substituto como para o substituído; isto porque o substituído não é
um terceiro na acepção da palavra, já que é ele o titular do direito substancial levado
a juízo. Em relação à sucessão, seja entre vivos ou mortis causa, há que se aplicar o
mesmo raciocínio e a coisa julgada impedirá nova discussão do que já foi decidido,
também para o sucessor (ALMEIDA, 2012).

48
6 AÇÃO RESCISÓRIA E AÇÃO ANULATÓRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Fonte: www.correiodosmunicipios-al.com.br

Na legislação processual civil, de maneira expressa, há disposição no sentido


de que pode ser qualificada como coisa julgada material a eficácia, que torna imutável
e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário, e,
como efeito, dispõe que a sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força
de lei nos limites da lide e das questões decididas. Isso tem por objeto a segurança
jurídica no âmbito das relações sociais.
Note-se, portanto, que a coisa julgada tem o condão de tornar imutável a
decisão que obteve o seu trânsito em julgado, impondo limitações às novas e
eventuais discussões que possam surgir acerca do objeto do processo onde houve a
prolação da sentença. Ocorre, entretanto, que, mesmo com a característica da
imutabilidade, não existe o caráter absoluto da indiscutibilidade de uma sentença,
tendo em vista que, em determinadas e excepcionais ocasiões, será possível o
manejo do remédio processual adequado para promover a discussão de questões já
decididas. Trata-se da ação rescisória (AMARAL, 2012).
Segundo o entendimento de Manoel Antônio Teixeira Filho, a ação rescisória é
aquela por meio da qual se pede a desconstituição, da coisa julgada, nos casos
previstos em lei, podendo haver novo julgamento da causa. Por sua vez, José Carlos
Barbosa Moreira compreende a ação rescisória como a ação por meio da qual se pede

49
a desconstituição de sentença transita em julgado, com eventual rejulgamento, a
seguir, da matéria nela julgada.
Para os processualistas Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, a
ação rescisória é aquela destinada precipuamente a obter a anulação (e não a
declaração de nulidade) da coisa julgada formal sobre a decisão judicial, permitindo,
então, por conseguinte, a revisão do julgamento. Complementando, ressaltam que o
objetivo da ação rescisória é desconstituir a força da coisa julgada (eficácia
preponderante anulatória), já que a sentença transitada em julgado presume-se, até
prova em contrário, válida e eficaz.
No que tange à natureza jurídica da ação rescisória, Vicente Greco Filho afirma
que se trata de uma ação de natureza constitutiva negativa porque modifica o mundo
jurídico, desfazendo a sentença transitada em julgado, podendo conter também outra
eficácia quando a parte novo julgamento em substituição do rescindido. Segundo
Nelson Nery Júnior e Rosa Maria Andrade Nery, trata-se a ação rescisória de uma
ação autônoma de impugnação, de natureza constitutiva negativa quanto ao juízo
rescindendo, dando ensejo à instauração de outra relação processual distinta daquela
em que foi proferida a decisão rescindenda.
Acerca desta questão, reconhecendo a natureza de decisão constitutiva,
Humberto Theodoro Júnior ressalta que a ação rescisória visa a rescindir, a romper,
a cindir a sentença como ato jurídico viciado, mas, neste caso, o termo ‘nulidade’,
usualmente empregado pelos processualistas para caracterizar a sentença
rescindível, tem, na verdade, um significado diferente daquele que se atribui aos vícios
dos demais atos jurídicos.
Afirma, também, que não se trata nem de sentença nula nem de sentença
anulável, mas de sentença que, embora válida e plenamente eficaz, porque recoberta
pela coisa julgada, pode ser rescindida. Menciona, porém, que rescindir, em técnica
judiciária, não pressupõe defeito invalidante, mas é simplesmente romper ou
desconstituir ato jurídico, no exercício de faculdade assegurada pela lei ou pelo
contrato (direito potestativo) (AMARAL, 2012).
Encerrando a questão sobre a natureza jurídica da ação rescisória, José
Frederico Marques afirma que a sentença transitada em julgado é válida e eficaz,
ainda que contenha ‘errores in procedendo’ ou ‘errores in judicando’, e também é
imutável entre as partes. Sustenta que é válido e irrevogável o julgamento que passou
em julgado, e, diante disso, a ação rescisória que se propuser para invalidá-lo, tem

50
caráter constitutivo. Afirma que ela destina-se a anular ato estatal plenamente eficaz
e com força de lei entre as partes, e não a declará-lo nulo, pois o julgamento coberto
pela ‘res judicata’ será tão somente anulável.
Embora possa ocorrer eventual divergência terminológica, no que tange à
anulação ou rescisão do julgado, o que seria facilmente esclarecido num estudo mais
aprofundado, trata-se, na verdade, apenas de controvérsia quanto ao termo adequado
para designar a pretensão deduzida em sede de ação rescisória, mas, quanto a esta
não existe dissonância, tendo em vista que esta modalidade de ação visa desconstituir
uma decisão anterior, já com o trânsito em julgado.
Verificado o objeto da ação rescisória, e, lembrando-se que a rescisão ou
desconstituição do julgado se trata de uma hipótese excepcional, e não regra,
somente em decorrência de situações devidamente especificadas na legislação é que
será admitido o manejo desta espécie de ação. Devem ser observados, portanto, os
pressupostos genéricos e específicos para o ajuizamento da ação rescisória
(AMARAL, 2012).
Por outro lado, os pressupostos específicos para a utilização da ação rescisória
são aquelas hipóteses descritas nos incisos do art. 966 do NCPC, tais como:

I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;


II – for proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar
a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe
assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

Ao tratar das hipóteses de cabimento e da excepcionalidade da ação rescisória,


Cândido Rangel Dinamarco sustenta que os oito incisos do art. 966 do Código de
Processo Civil revelam o juízo do legislador acerca desses vícios excepcionais, que
justificam a quebra da coisa julgada material apesar do valor que ela tem.
Prosseguindo, ressalta que fora dos casos ali indicados, é ‘juridicamente impossível’
eventual demanda de rescisão, pois se trata de situações em que, independentemente
das particularidades concretas ou mesmo do modo como a sentença ou acórdão haja

51
julgado a causa, a couraça da coisa julgada é mantida invulnerável pelo legislador
(AMARAL, 2012).
Também neste sentido, entendendo pela taxatividade das hipóteses de
cabimento da ação rescisória, Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart
sustentam que há situações (excepcionalíssimas, aliás) em que tornar indiscutível
uma decisão judicial, por meio da coisa julgada, representa injustiça tão grave, e
solução tão ofensiva aos princípios que pautam o ordenamento jurídico, que é
necessário prever mecanismos de revisão da decisão transitada em julgado. Ocorre,
porém, que o cabimento da ação rescisória limita-se a casos extraordinários,
expressamente enumerados em lei, através do art. 966 do NCPC.
Em sua lição, José Carlos Barbosa Moreira sustenta que as hipóteses descritas
no art. 966 do NCPC são taxativas, tendo em vista que a enumeração ‘exaure’ as
hipóteses de rescindibilidade, sendo que não é possível cogitar-se de outras
quaisquer, nem mediante recurso à analogia. Adverte, porém, que é lícita a
interpretação extensiva, que se limita a revelar o verdadeiro alcance da norma,
quando a lei ‘minus dixit quam voluit’: assim, por exemplo, /.../, a referência à
‘confissão’ abrange também o reconhecimento do pedido.
Por sua vez, em que pese entenda que também seja taxativo o rol das
hipóteses previstas nos incisos do art. 966 do NCPC, não sendo possível a ação
rescisória fora de alguma destas situações, Manoel Antônio Teixeira Filho sustenta
que este ponto de vista não deve, porém, ser interpretado como obstativo da
possibilidade de buscar-se descobrir o verdadeiro sentido do preceito legal (incisos I
a IX), podendo-se, nesta investigação, ampliar-se a ‘mens legis’ para revelar-lhe o real
alcance, deixando bem claro que sem que isso implique em alargamento das causas
enumeradas pelo citado dispositivo.
Note-se, portanto, que é praticamente inexistente divergência doutrinária
acerca da taxatividade das hipóteses previstas nos incisos do art. 966 do NCPC como
pressupostos específicos para o ajuizamento da ação rescisória, mas, por outro lado,
não se pode tê-los de maneira absoluta, sendo que, mesmo não possuindo um caráter
exemplificativo – mas descrição taxativa –, as situações fáticas do cotidiano podem
ser interpretadas de maneira a se amoldarem àquelas vislumbradas pela lei, na busca
da efetividade da intenção do legislador quando tratou da matéria (AMARAL, 2012).
Outro aspecto importante a ser observado gira em torno do prazo para a
propositura da ação rescisória, sendo que, acerca disso, a lei dispõe que o direito de

52
propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado
da decisão (NCPC, art. 966). Tanto em sede doutrinária como jurisprudencial,
compreende-se que o prazo para o ajuizamento da ação rescisória é decadencial,
contado do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão
proferida na causa, seja de mérito ou não, e, ainda, prorroga-se até o primeiro dia útil,
imediatamente subsequente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória
quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não
houver expediente forense (TST, Súmula n° 100, itens I e IX).
De acordo com Amaral (2012) diz que a Súmula n° 194 do Tribunal Superior do
Trabalho dispunha que as ações rescisórias ajuizadas na Justiça do Trabalho serão
admitidas, instruídas e julgadas conforme os arts. 966 a 975 do Novo Código de
Processo Civil, sendo, porém, desnecessário o depósito prévio a que aludem os
respectivos arts.968, II, e 974. No que tange ao depósito prévio, o art. 836 da CLT
também dispunha acerca de sua desnecessidade. Era pacífica, portanto, a dispensa
da realização de depósito prévio previsto na legislação processual comum.
Ocorre, entretanto, que, com a promulgação da Lei 11.495, de 22 de junho de
2007, com vacatio legis de 90 (noventa) dias, alterou-se a redação do art. 836 da CLT,
passando a exigir a realização do depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor
da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. A nova disposição legal já
acarretou o cancelamento da Súmula 194 do Tribunal Superior do Trabalho –
Resolução n° 142, de 15 de outubro de 2007 –, tendo em vista que, agora, por
expressa disposição de lei, passa a ser exigível a realização do depósito para a
propositura da ação rescisória.
Por fim, é importante mencionar que, em regra, a competência originária para
conhecer e julgar a ação rescisória é do tribunal imediatamente superior ao órgão
prolator da decisão questionada. A súmula n° 192 do Tribunal Superior do Trabalho
traz algumas diretrizes no que tange à competência originária em matéria de ação
rescisória.
Tendo em vista o objeto do presente estudo – ação rescisória e ação anulatória
como meios de impugnação de decisões em fase de execução –, e, considerando-se
a grande extensão da matéria ora abordada, em síntese, seriam estes os aspectos
gerais mais importantes relativos à ação rescisória, com o intuito de servir de subsídio
para as questões que serão mais adiante tratadas (AMARAL, 2012).

53
Ação anulatória – aspectos gerais

Na legislação processual civil, no âmbito das mesmas disposições dedicadas à


ação rescisória, há expressa menção no sentido de que os atos judiciais, que não
dependem de sentença, ou em que esta for meramente homologatória, podem ser
rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil (NCPC, art.966,
§4º). Trata-se, portanto, da denominada ação anulatória (AMARAL, 2012).
Embora a legislação faça menção à rescisão de atos judiciais, na verdade não
se trata de rescindir o ato jurídico – ao contrário do que ocorre no caso da ação
rescisória, onde o ataque se dirige justamente contra a sentença prolatada –, mas,
aqui, busca-se obter a anulação de um ato jurídico, o que demonstra a existência de
uma impropriedade técnica na redação legal. É importante ressaltar, ainda, que não
obstante lhes chame de ‘judiciais’, porque realizados ‘em juízo’, quer a lei referir-se a
atos ‘das partes’, tendo em vista que ato praticado ‘por órgão judicial’ é insuscetível
de ataque pela ação anulatória.
Pode-se compreender, portanto, que existe uma determinada espécie de atos
jurídicos que, mesmo não dependendo de sentença para a sua validade ou,
necessitando de uma decisão de caráter meramente homologatório, são anuláveis
como os atos jurídicos de forma geral, com fundamento na legislação de qualquer
ramo de direito material, em que pese haja expressa menção à lei civil. Neste caso, o
que se pretende desconstituir não é a sentença – visto que esta não resolve a questão
litigiosa –, mas o próprio ato jurídico eivado de algum vício capaz de gerar a anulação.
Segundo Cândido Rangel Dinamarco, é a ‘lei civil’ que rege a anulação dos
negócios jurídicos, especialmente na disciplina que dá aos atos nulos por vício de
consentimento e à sua anulabilidade. Salienta que a ação anulatória indicada pelo art.
486 do Novo Código de Processo Civil são as ‘vias ordinárias’ regidas por este Código,
a saber, um processo de conhecimento a ser instaurado perante a justiça de primeiro
grau de jurisdição e principiado com a demanda em que a parte alegue o vício de
consentimento (causa de pedir) e conclua pedindo a anulação do ato (‘petitum’).
Sendo assim, verificado o seu objeto, pode-se concluir que a ação anulatória é
o meio processual adequado para a obtenção da declaração de nulidade de ato
jurídico praticado pelas partes no âmbito de um processo, com fundamento na
legislação de quaisquer dos ramos de direito material, independentemente de haver

54
ou não uma sentença homologatória quanto ao referido ato. A ação anulatória, em
face da sua finalidade, tem nítido caráter constitutivo-negativo (AMARAL, 2012).
Ocorre, entretanto, que, de maneira evidente, existem certas dificuldades para
a identificação dos casos em que deverá haver o manejo da ação anulatória, e os
casos em que há de ser utilizada a ação rescisória, especialmente pelo fato de que o
Código de Processo Civil faz menção à sentença meramente homologatória.
Certamente não seria objeto de controvérsia a questão, caso a legislação não tivesse
mencionado esta espécie de sentença. Vejamos.
Não há controvérsia, porém, quando o objeto da anulação é um ato jurídico que
não necessitou de manifestação do juiz para a produção dos seus efeitos, porquanto
não haverá sentença, o que afasta a ideia de ajuizamento de ação rescisória como
meio de impugnação do referido ato, pois, como já visto, esta depende
necessariamente da existência de uma sentença com trânsito em julgado e, por
conseguinte, a presença da coisa julgada material. A dificuldade está naqueles casos
em que se busca a anulação de ato jurídico que teve a sua validade reconhecida por
uma sentença meramente homologatória.
A doutrina salienta que nem mesmo neste caso deverá haver controvérsia
acerca do manejo do adequado remédio processual, tendo em vista que, embora o
ato jurídico praticado pelas partes possua um invólucro sentencial, não há óbice à sua
impugnação de forma direta, sem que haja a necessidade de rescisão da sentença
prolatada. É importante mencionar que não é a ‘sentença’, mas o ‘ato homologado’,
que constitui objeto do pedido de anulação – o que não quer dizer que a eventual
queda do segundo deixe em pé a primeira (AMARAL, 2012).
Neste sentido, Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart mencionam que
a sentença homologatória, porque não é capaz de examinar o conteúdo do conflito,
não é apta a criar a lei do caso concreto. Ressaltam, ainda, que não tem a sentença
homologatória carga declaratória suficiente para certificar a vontade da lei no caso
concreto, limitando-se a reconhecer que, formalmente, o ato realizado amolda-se aos
ditames legais. Em face disso, toda a força decorrente das sentenças homologatórias,
em verdade, não está precisamente na sentença, mas sim no ‘ato jurídico perfeito’
que ela reconhece, sendo que, diante dessa situação, o que se torna imutável, em
razão da sentença homologatória, não é, exatamente, a sentença, mas o ato jurídico
realizado, que, por enquadrar-se na categoria de ato jurídico perfeito, recebe o mesmo
‘status’ que a coisa julgada (art. 5°, XXXVI, da CF).

55
Tratando da questão de maneira diversa, trazendo como exemplo a transação,
Humberto Theodoro Júnior afirma que naquelas ocasiões em que a vontade das
partes importa na resolução de uma lide existente no âmbito de um procedimento
contencioso cuja ação se encontra em curso, não haveria que se falar em sentença
meramente homologatória, tendo em vista que importa encerramento do processo
com ‘julgamento do mérito’, e, consequentemente, produz a ‘coisa julgada material’.
Sustenta o autor que, neste caso, a auto composição da lide é jurisdicionalizada pela
homologação do juiz, que a encampa e chancela como se fora uma solução dada pela
própria sentença.
Note-se, portanto, que não se trata de questão das mais fáceis a detecção de
quando se trata de uma sentença meramente homologatória – por exemplo, a
desistência da ação ou homologação de ato em jurisdição voluntária –, ou quando se
trata de sentença propriamente dita, onde a resolução do mérito se deu com
fundamento em ato jurídico praticado pelas partes. Na primeira hipótese, o remédio
adequado será a ação anulatória, ao passo que, no segundo caso, a única forma de
desconstituir o julgado será por meio de ação rescisória.
A questão relativa à transação, entretanto, poderá ser abordada com maior
profundidade e especificidade em item próprio, tendo em vista que o presente estudo
pretende tratar exatamente sobre os meios de impugnação das decisões em processo
de execução, dentre elas a transação (AMARAL, 2012).
Regra geral, o prazo para o ajuizamento da ação anulatória tem natureza
decadencial e será de 4 (quatro) anos, contado (a) do dia em que cessar a coação,
(b) do dia em que se realizou negócio jurídico fundado em erro, dolo, fraude contra
credores, estado de perigo ou lesão, e, ainda, (c) do dia em que cessar a
incapacidade, no caso de atos de incapazes (CC/2002, art. 178, incisos I, II e III). Em
outros casos, quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer
prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da
conclusão do ato (CC/2002, art. 179).
Por fim, é importante mencionar que, tratando da questão de maneira
específica em matéria trabalhista, nos termos da Orientação Jurisprudencial n° 129,
da Seção de Dissídios Individuais II do Tribunal Superior do Trabalho, em se tratando
de ação anulatória, a competência originária se dá no mesmo juízo em que praticado
o ato supostamente eivado de vício (AMARAL, 2012).

56
7 EXECUÇÃO: PARTE GERAL

Fonte: www.seebfloripa.com.br

A execução trabalhista é a fase do processo em que se impõe o cumprimento


do que foi determinado pela Justiça, o que inclui a cobrança forçada feita a devedores
para garantir o pagamento de direitos. A fase de execução só começa se houver
condenação ou acordo não cumprido na fase de conhecimento, em que se discutiu ou
não a existência de direitos. A execução trabalhista tem início quando há condenação
e o devedor não cumpre espontaneamente a decisão judicial ou quando há acordo
não cumprido.
A primeira parte da execução é a liquidação, em que é calculado, em moeda
corrente, o valor do que foi objeto de condenação. A liquidação pode ocorrer a partir
de quatro tipos de cálculos: cálculo apresentado pela parte, cálculo realizado por um
contador judicial, cálculo feito por um perito (liquidação por arbitramento) e por artigos
de liquidação (procedimento judicial que permite a produção de provas em questões
relacionadas ao cálculo).
Com a reforma trabalhista, mitiga-se uma das singularidades da execução
trabalhista, a possibilidade de ser promovida de ofício pelo magistrado. Isso porque,
o art. 878 da CLT passa a dispor que a execução será promovida pelas partes,
permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos
casos em que os litigantes não estiverem representados por advogado.

57
Ademais, o art. 11-A da Consolidação dispõe ser aplicável, no âmbito da Justiça
Laboral, a prescrição intercorrente, no prazo de 02 anos, tornando inaplicável a
súmula 114 do TST, em sentido contrário.

Embargos à execução

Com a alteração do código de processo civil, trazida pela lei 11.232, acabou
com os embargos à execução, sendo estes, mantidos apenas em favor da Fazenda
Pública, conforme as previsões dos art. 475-I e 475-J. Segundo a posição de Renato
Sariava, “tais dispositivos não são aplicados ao processo do trabalho, que possui
regramento especifico”.
Tendo a CLT norma especifica inserida no art. 884 §1°, determina o mesmo
códice que em matéria de oposição de embargos, a matéria de alegação será adstrita
as alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da
dívida.

Exceção de pré-executividade

Atualmente ainda há na doutrina a possibilidade de utilização da figura


conhecida como “exceção de pré-executividade”, que ocorre quando a execução pode
prosseguir, podendo o devedor alegar determinadas matérias sem que para isso
necessite efetuar a garantia patrimonial. No direito do trabalho, os embargos à
execução ainda é o principal meio de defesa do executado, podendo a utilização da
exceção de pré-executividade apenas para atacar o próprio título executivo, invocar
matérias de ordem pública ou temas relevantes. As hipóteses de utilização desse
instrumentos podem ser entendidas como: nulidade ou inexigibilidade do título
executivo, excesso de execução, novação, transação, quitação da dívida,
incompetência absoluta do juízo de execução, ausência de citação no processo de
conhecimento, prescrição intercorrente e etc.
Com efeito, para a admissão do instrumento de pré-executividade, as matérias
alegadas deverão ser provadas em juízo por meio de prova documental pré-
constituída, salvo se a matéria arguida for exclusivamente de direito. Caso a exceção
de pré-executividade tenha exclusivamente cunho protelatório, o juiz fixará multa não
superior a 20% do valor atualizado do débito, em favor do credor.

58
Embargos a arrematação e a adjudicação

Na ocorrência de embargos protelatórios e assim achar o juiz, o mesmo poderá


fixar uma multa, a qual não pode exceder 20% do valor da execução, ou seja, deverá
efetuar o pagamento desse montante a parte de que agiu desistindo da obtenção.
Com relação ao instituto que deve ser usado contra esses embargos, há na
doutrina duas posições que merecem destaque e ser apresentadas, a primeira delas
e que é minoritária, entende pelo cabimento do agravo de petição e se sustenta na
ideia da ampliação da ideia central, contida no art.897 da Consolidação das Leis do
Trabalho.
Já a corrente majoritária “admite a oposição dos embargos a adjudicação
contra a sentença homologatória respectiva, e nesse sentido temos o posicionamento
do Tribunal Superior do Trabalho.
Nesse instituto temos a figura de forma imprescindível do arrematante na
qualidade de litisconsorte necessário, já que o que este requer em juízo faz parte de
atividade de extrema relevância do órgão jurisdicional, no tocante ao recurso cabível
temos o agravo de petição, nos termos do art.897 da CLT, temos a determinação do
prazo para a interposição do recurso que é de 5 (cinco) dias, prazo que deve ter início
com a assinatura dos autos, ressalvados os casos de não assinatura da carta que é
correspondente.

8 EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO-FAZER

De acordo com o art. 876 da CLT a sentença dos dissídios individuais


trabalhistas são executados conforme o procedimento constante na CLT, aplicando
subsidiariamente a Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80) e no que couber o
Código de Processo Civil.
Acontece que a CLT e a LEF tratam somente das execuções judicial e
extrajudicial por quantia certa, sendo estas omissas quanto às execuções de fazer e
não fazer, obrigando a aplicação subsidiária do NCPC em seus artigos 497.

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer,
o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente.

59
Ocorre que a Lei nº 8.952/94 alterou o NCPC para a execução de título judicial
que contem obrigação de fazer e não fazer, não prevendo mais um processo separado
e sim o cumprimento da tutela específica destas obrigações (sentença ou antecipação
de tutela).
Com isso percebe-se que houve um sincretismo processual, na medida em que
não há mais a necessidade de se criar um novo processo, podendo o juiz praticar atos
no mesmo processo cognitivo visando o cumprimento das obrigações.
Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado prático
equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além da requisição de força
policial (provimento judicial mandamental).
Caso o devedor não satisfaça a obrigação o credor poderá exigir perdas e
danos, ficando à seu critério exigi-la ou não e também nos casos de impossibilidade
da tutela específica ou obtenção do resultado prático que corresponde a obrigação.
Na CLT as perdas e danos são convertidas em indenização de acordo com o
art. 729. (O empregador que deixar de cumprir decisão passada em julgado sobre a
readmissão ou reintegração de empregado, além do pagamento dos salários deste,
incorrerá na multa de 3/5 (três quintos) a 3 (três) valores de referência por dia, até que
seja cumprida a decisão).
Nada impede que o juiz na sentença condenatória imponha multa diária ao
devedor se for compatível com a obrigação e fixando um prazo razoável para o
cumprimento da mesma, não necessitando do pedido do autor.

Execução Das Multas Impostas Pelos Órgãos De Fiscalização Do Trabalho

Como todo rito processual tem em regra início com a petição inicial, nada
melhor do que começarmos falando que a execução das multas impostas pelos
órgãos de fiscalização do trabalho tem disposição legal na Lei de Execuções Fiscais
em seu art. 6º, com relação à indicação se tem apenas o juiz a quem ela deve ser
dirigida, deve conter também o pedido que é o objeto da causa e o requerimento para
a citação.
No tocante aos documentos que a mesma deve conter encontramos nos
parágrafos do já mencionado art. 6º da LEF, quais são certidão da dívida ativa a qual

60
determina a lei que esteja presente de forma transcrita, devendo está e a petição ser
um único documento como determina o §2º do já mencionado artigo, temos ainda a
desnecessidade de pedido na inicial para que a fazenda pública possa produzir provas
e o valor da causa será o contido na decisão acrescido dos encargos legais.
Em momento posterior ao deferimento da inicial, temos o despacho do juiz, “É
um ato judicial complexo, pois implica a um só tempo, ordem de citação, penhora
arresto e/ou registro da penhora e do arresto, independentemente do pagamento de
custas”, como brilhantemente demonstra o doutrinador temos dessa forma as
hipóteses previstas no art. 7º da LEF, além de uma avaliação dos bens que sofreram
arresto ou sequestro.
Após o despacho do juiz, temos o ato de penhora dos bens, que deve seguir a
ordem do art. 835 do CPC, conforme disposto no art. 882 da CLT.

Os reflexos do novo CPC na execução trabalhista

Fonte: alexandrepazgarcia.com.br

Valente (2016) afirma que o novo CPC, em vigor desde março de 2016, dentre
muitas alterações e inovações, trouxe para a seara processual, a tendência do
processo contemporâneo chamada de "neoprocessualismo". O "neoprocessualismo"
consiste em interpretar e aplicar o regramento processual sob a ótica da CF, em
especial da efetividade às garantias constitucionais do jurisdicionado em uma
demanda processual. A partir de então, as garantias constitucionais como o devido
processo legal, direito à ampla defesa com todos recursos inerentes, duração razoável

61
do processo, direito de petição e outras, antes previstas no texto constitucional,
passam a ser positivadas no novo CPC.
Com base nessas singelas considerações, abordaremos alguns reflexos do
NCPC na execução trabalhista, que devem ser analisados sob o ângulo do
constitucionalismo processual. Logo após a entrada em vigor do NCPC, o TST editou
a IN 39/16, com o intuito de dar segurança jurídica ao jurisdicionado e aos aplicadores
do direito. É obvio que a referida Instrução Normativa não conseguiu de forma plena
exaurir todos os dispositivos do NCPC, fixando em linhas gerais os artigos não
aplicáveis ao Processo do Trabalho e os aplicáveis diante da omissão e
compatibilidade com as normas do Direito do Trabalho.
Quanto a execução trabalhista, a IN 39/16 estabeleceu a aplicação do artigo
805 e seu parágrafo único, que trata da obrigação do executado de indicar outros
meios mais eficientes e menos onerosos para promover a execução. Assim, caberá
ao executado ao alegar que o meio executivo é oneroso, indicar outro meio menos
oneroso e mais eficiente para que se efetive a execução. Desta forma, afasta-se do
procedimento de execução requerimentos irresponsáveis, alcançando a efetividade
da execução, como também, a garantia constitucional da duração razoável do
processo.
Valente (2016) diz que no que concerne ao instituto da Fraude à Execução,
prevista no art. 792 do NCPC e aplicável ao Execução Trabalhista, permanece a
condição de haver no registro do bem alienado a averbação da pendência de processo
de execução ou de hipoteca judicial e constrição. Contudo, a inovação diz respeito
aos bens que, em razão de suas características, não são sujeitos a registro, como o
caso de bens semoventes. Assim, nesses casos, caberá ao terceiro adquirente
comprovar que agiu de boa-fé, por meios objetivos, demostrando seu
desconhecimento sobre a execução, invertendo-se o ônus, que antes cabia ao credor
comprovar a má-fé do terceiro adquirente.
Inovou-se, também, a ordem preferencial de bens a serem penhorados,
preservando em primeiro lugar no rol de bens, a penhora em dinheiro e acrescentou
a essa relação, a penhora de bens semoventes e direitos aquisitivos derivados da
promessa de compra e venda ou de alienação fiduciária. A ordem de bens a serem
penhorados pode ser alterada pelo magistrado a depender do caso em questão. Fato
é que a nova ordem de bens penhoráveis arrola primeiramente bens de maior liquidez

62
a fim de garantir ao jurisdicionado celeridade no trâmite da execução, uma vez que
esses bens dispensam o procedimento burocrático dos atos de expropriação.
Valente (2016) do mesmo modo afirma que a IN 39/16 conferiu aplicabilidade
do artigo 854 §1º e 2º, que regulamenta a penhora on-line chamada de BACENJUD,
à Execução Trabalhista. O referido artigo dispõe que a indisponibilidade dos valores
será concedida em 24 horas e sem o conhecimento do executado. Somente após a
indisponibilidade, o executado será informado da penhora on-line para se manifestar.
Com exceção do prazo do executado para se manifestar sobre a penhora, todos os
outros prazos concernentes a penhora on-line (BACENJUD) ocorrerão em 24 horas,
haja vista, as garantias constitucionais de celeridade e efetividade do processo
judicial.
Há ainda outros dispositivos fixados pela Instrução Normativa que devem ser
aplicados ao Processo do trabalho, em especial à execução trabalhista, a título de
exemplo, estão o artigo 916, que trata do parcelamento do crédito exequendo, o artigo
918 que regulamenta a rejeição dos embargos à execução, dentre outros. Contudo, é
importante salientar o artigo 6º da IN 39/16, que estabelece a aplicação no Processo
do Trabalho do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
regulamentado no novo CPC, precisamente nos artigos 133 a 137.
A desconsideração da personalidade jurídica, em suma, visa satisfazer o direito
do terceiro lesado, nos casos de fraude, atos ilícitos e abusos cometidos pela pessoa
jurídica, assim sendo, na ocorrência de tais situações, os sócios responderão com
seus bens particulares pelo dano causado a terceiro. O NCPC inovou ao regulamentar
o procedimento do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, antes
previstos no CDC e CC.
Valente (2016) ao mesmo tempo assegura que agora, o NCPC dispõe, além de
outras peculiaridades, que o pedido de desconsideração deve ser formulado por
petição fundamentada nos requisitos legais e documento probatório e poderá ser
formulado tanto na fase de conhecimento quanto na de execução. Em seguida, os
sócios serão citados para manifestar e produzir provas, tendo em vista a garantia
constitucional processual do contraditório. Na Justiça do Trabalho, o incidente de
desconsideração da pessoa jurídica é aplicado na maioria das vezes pelo simples fato
de não localizar bens penhoráveis do executado, não oferecendo a este o direito de
se defender, violando as garantias constitucionais referidas acima.

63
O art. 855-A da CLT passa a prever a aplicação ao processo do trabalho do
incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 a 137, CPC/15), o
qual se faz cabível na fase cognitiva e executiva, perante juízo ou tribunal.
Desta feita, a IN 39/16 foi significativa ao traçar os pontos aplicáveis à Execução
Trabalhista. Agora devemos aguardar o posicionamento dos nossos tribunais a fim de
consolidar o entendimento sobre os novos dispositivos legais do CPC/15, para dar ao
jurisdicionado uma execução efetiva, respaldada nas garantias constitucionais da
duração razoável do processo, do direito de petição e do direito ao contraditório e da
ampla defesa.

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