EDIÇÃO Nº 6 ANO 2017

PRÓ-VIDA

UMA QUESTÃO DE
TEMPO
editorial

P oetas, astrônomos, físicos, filósofos buscam, a seu modo e Ele também pode ser capturado pela sua percepção. Parece que os
forma, definir o tempo. A tarefa, antiga e complexa, prossegue mais profundos pensamentos, emoções e sonhos, excedem o
pela história da humanidade, talvez desde o seu início. transcorrer do tempo, quando você pode admirar a beleza de um
céu estrelado ou um pôr do sol; quando você está na companhia
Mas como pode o contido compreender o continente? de amigos para compartilhar momentos de alegria e felicidade. A
percepção do tempo, então, permite viver, longa ou rapidamente,
Platão concebeu o tempo como uma imagem móvel da eternidade. cada experiência como um momento único e irrepetível. Parece
Mas – dizia Platão – a natureza daquele ser era eterna, e não era que o tempo, nessas ocasiões, apenas voa, mas os relógios nos
possível ajustá-la por completo ao ser gerado." Então, pensou em trazem de volta ao seu cálculo inexorável.
construir uma imagem móvel da eternidade e, "quando ordenou o
céu, construiu, a partir da eternidade que permanece uma O tempo de uma vida poderia ser percebido como aqueles
unidade, uma imagem eterna que avança de acordo com o momentos em que o Universo entra no coração, e o coração é o
número; é aquilo a que chamamos tempo. De fato, os dias, as próprio Universo. E qual relógio poderia nos trazer de volta para o
noites, os meses e os anos não existiam antes de o céu ter sido tempo despendido nesses chamados momentos mágicos?
gerado, pois ele preparou a geração daqueles ao mesmo tempo em
que este era constituído. Todos eles são partes do tempo". O tempo não é algo objetivo, mas podemos objetivar o nosso
tempo; podemos gerar dentro de nós o sentimento de estar em
O tempo, então, pode estar nos movimentos celestes, no relógio do seu "casa", imersos entre as estrelas; e o tempo de uma vida inteira
pulso, na sucessão de eventos. É o passado, o presente e o futuro que a poderá ser percebido como o momento eterno de uma única
própria língua se encarrega de expressar em inúmeras distinções. respiração.

Imagem: Domínio Público / Van Gogh

ciência

Acertando
Os Ponteiros
ciência
UM RELÓGIO
que não está no pulso
O
cérebro desenvolve uma importante
atividade que só recentemente começou a
receber atenção, com a profundidade que
merece, com a cronobiologia, ramo da
ciência que estuda a organização temporal
dos seres vivos.
Conhecidos como ritmo circadiano (do latim,
cerca de um dia), os ciclos biológicos nos
seres humanos variam entre 24 e um pouco
mais de 25 horas. Um ciclo que corresponde
a uma rotação da Terra, sujeito, nos seres
humanos, a influências internas – como o
ciclo da menstruação das mulheres, o
período de fertilidade, a sensação de fome, a
necessidade do sono; e a influências
externas, ligadas a aspectos da ecologia,
geologia e astronomia. Esse nosso relógio
interno localizado no hipotálamo, estrutura
existente na base do cérebro, regula os
comportamentos instintivos.
O tempo, aqui considerado como ordem
temporal da natureza, altera
comportamento dos seres vivos, como
demonstram as pesquisas que analisam o
papel do ciclo dia/noite, do clima, da
incidência da luz, das correntes marítimas e
eólicas e do ciclo lunar, entre outros fatores.
Pesquisas realizadas com pessoas que, por
algum motivo, desobedecem ao ritmo
circadiano – como as que realizam longas
viagens de avião atravessando vários fusos
horários (o chamado Jet lag); indivíduos que
trabalham em regime de turnos ou em
experiências em que se avançam ou se
atrasam fases do sono – têm demonstrado que
pode ocorrer uma dessincronização interna
entre os ritmos do organismo e os ritmos
ambientais.
Entre as consequências dessa falta de
sincronização, que altera aspectos fisiológicos
e comportamentais, estão: sonolência fora de
hora, cansaço, variações do humor e baixo
rendimento físico e intelectual.
o Alterações motivadas pelo passar de horas
dentro do ciclo modificam a temperatura
corporal, a pressão arterial, a produção de
hormônios, a constituição psicossomática, a
sensação de fome, a digestão e o
funcionamento de alguns órgãos, como o
intestino e os rins.
ciência
Ajustando
a hora
As mesmas pesquisas revelam, no entanto,
que cada pessoa tem o seu próprio ritmo.
As preferências individuais para realização de
atividades diárias, também chamadas de
cronotipo, dependem de uma herança
genética, de características físicas e sociais e
da predisposição para o sono.
Embora se estabeleça um valor médio de sete
a oito horas como o mais adequado para o ser
humano, a quantidade de horas de sono
suficiente depende da disposição de cada um
para realizar as atividades do dia seguinte.
Assim, há as chamadas “cotovias” genéticas,
pessoas que dormem cedo e acordam mais
cedo, e as “corujas” genéticas, que se deitam e
se levantam mais tarde.
Sabe-se que a luminosidade do dia impede o
trabalho da glândula pineal, que secreta a
melatonina, responsável pela tendência ao
sono, indicando ao cérebro o conceito de noite-
escuridão. Cientistas têm estudado o efeito
dessa substância e também da terapia da luz
brilhante, ambas visando deslocar o sistema
circadiano e redefinir o relógio do corpo,
adiantando ou atrasando o ciclo do sono.
Dessa forma, dormir e levantar-se sempre às
mesmas horas, em ambiente escuro e
silencioso, parece ser bem indicado para que
o organismo se recupere das alterações
cíclicas do relógio interno e apresente-se em
condições ideais para iniciar mais uma
jornada de 24 horas. As mesmas
recomendações são válidas para o horário das
refeições, para ingestão de remédios.
Priorizar o período da manhã para atividades
físicas tende a ser mais benéfico e menos
cansativo.
ciência

Uma das implicações mais interessantes sobre os efeitos do nosso relógio interno diz respeito ao
processamento das informações do nosso cotidiano que o sono nos permite transformar em memória.

Tudo indica que a luminosidade da manhã facilita um aprendizado mais rápido do que a noite, mas é à noite
que aprendemos mais e retemos o conhecimento de forma mais duradoura.

Se o ritmo circadiano parece indicar que, biologicamente falando, só somos nós mesmos em cada intervalo
de mais ou menos 24 horas, a neuroplasticidade parece confirmar esta hipótese, já que, através de
ressonância magnética funcional, pode-se observar que o nosso mapa cerebral é instável com o passar das
horas.

Segundo a neuroplasticidade, é esse relógio interno que nos ajuda a determinar a duração dos
acontecimentos, num processamento temporal que nos permite mover, perceber e prever a duração dos
eventos. E, ainda dentro do conceito da neurociência, o cérebro não é estático e pode se transformar; há
condições, através de exercícios, de aprimorar a capacidade geral do cérebro de medir a passagem do tempo.
ciência
Um conhecimento
Enquanto só recentemente o Ocidente passou
a dar importância ao papel do nosso relógio
interno em nossas vidas, a medicina chinesa já
o fazia de longa data. Para os chineses, temos
um relógio orgânico onde a energia circula
dentro de doze canais principais, num ritmo
circadiano de vinte e quatro horas. Cada canal
de energia conserva, respectivamente, um
fluxo máximo de energia por duas horas e a
polarização da energia (mudança Yin/Yang ou
Yang/Yin) ocorre sempre no âmbito das
extremidades.
Cada canal de energia corresponde a um órgão
que, quando está no tempo máximo de
funcionamento, tem seu órgão oposto,
simultaneamente, em funcionamento mínimo.
Dessa forma, sintomas que se apresentam em
determinadas horas do dia indicam distúrbio
Milenar
funcional do órgão correspondente, sempre técnica da Tartaruga Mística que visa
observando o funcionamento máximo ou realinhar o momento do tratamento do
mínimo. Exemplificando, distúrbios do sono paciente com seu mapa astral.
que ocorrem regularmente entre 1 e 3 horas
da madrugada podem indicar problemas no Mas é no conceito taoísta que a medicina
funcionamento do fígado. chinesa e a cronobiologia ocidental voltam a
se conciliar quando preconizam a necessidade
A medicina chinesa também se utiliza da de o homem se integrar às forças da natureza,
reunião dos conhecimentos da acupuntura considerando sempre que essas forças mudam
com o nosso relógio orgânico, através da de qualidade ao longo do inexorável passar do
cronoacupuntura, em que métodos próprios tempo.
recomendam pontos a serem pressionados em
tempos específicos. Em vez de relógio biológico, que predispõe a
um conceito de máquina, que tal
Utilizam também conceitos da astrologia, “sincronizador”, como propõem alguns
identificando horários do dia e dias da estudiosos que dizem: você compraria um
semana em que pontos e canais estão mais relógio que tivesse que ser acertado todos os
propensos energeticamente para potencializar dias?
um melhor resultado clínico. É o caso da
crônica

previsão
para o

amanhã
Imagens
desta matéria:
Eugene Ivanov /
Shutterstock
e Freepix
crônica

São Paulo, Ontem comecei a bater nas teclas do meu notebook,

e nem uma linha sequer consegui finalizar - tudo congelado.

14 de junho Tentava penetrar em minha janela, com entusiasmo,

um vento gelado de 5 graus.
de 2016, Passei o dia com as ideias petrificadas.
Nada se mexia.
manhã Parece-me que hoje, enfim, e não que as coisas
tenham melhorado consideravelmente,
de 7 graus estou sendo capaz de movimentar os dedos e dar ritmo às palavras.

A mínima temperatura registrada tem provocado comoção coletiva.

No meu WhatsApp e nas redes sociais, o tempo esquentou.
Foram mensagens e tantas mais
sobre a sensação térmica da manhã de ontem.
E na mesma hora, pensei: “Como estará amanhã?”
Dentro das variações de temperatura a que estamos sujeitos
durante o dia, é de outros tempos que me recordo agora.
crônica
São Paulo, É claro que com exatidão não vou conseguir
pronunciar se frio ou calor estava. Nem o dia nem
2010 o mês. No entanto, sobre a previsão do tempo foi
dito algo, naquele dia, que até hoje permanece em
mim grudado. O professor, entre outras coisas,
lançou uma pergunta durante a aula que alma viva
na sala soube lidar com a interrogação; tampouco,
vislumbrar uma resposta razoável. E depois,
tirando o pano que encobria a pergunta, como se
estivesse inaugurando alguma coisa, causou ainda
mais espanto. A resposta, por sua vez, além de
simples, configura-se de alguma maneira em nossa
programação interna. E diariamente, numa
espécie de impulso, conferimos a previsão do
tempo.
Presumo que o amigo leitor deva estar
alimentando certa expectativa para ter o
conhecimento da pergunta e, consequentemente,
seu desfecho. Vou pedir aqui uma dose de
paciência. Talvez seja possível vivenciar na prática
aquilo que pretendo expor. Sigamos em frente...
Se fossemos conhecedores do nosso último dia no
planeta Terra, como é que a vida transcorreria?
Embora essa não seja ainda a pergunta do docente,
nasce em mim, a necessidade de registrar outra
pergunta: O que você faria nesse tempo?
Peguemos as hipotéticas histórias de três pessoas
que são esmagadas diariamente no metrô, quando
voltam para suas casas, depois de um dia exaustivo
de trabalho. Uma vai dormir cada dia mais tarde
para finalizar seu livro; outra só quer proporcionar
um futuro melhor para sua pequena filha; outra,
ainda, tem a convicção de que ingressará na
faculdade. Caminhos diversos, num mesmo tempo
para tempos diferentes, porém alimentados pelo
mesmo sentimento: a esperança. E sentem, com a
mais absoluta certeza, que um dia terão em mãos o
que mais tinham vontade de alcançar. Isto é,
vivenciam o que defini como sentimento de
expectativa, que só pode existir na ausência da
realidade – quando o objeto que motiva a
expectativa não se tornou ainda palpável e real.
crônica

São Paulo, Invado meu terceiro dia de escrita

neste texto e minha expectativa São Paulo, De todos os dias
que vivenciei aqui

15 de Junho de terminá-lo persiste.

E o amigo leitor, assim espero,
17 de Junho e, agora, com a troca
que presencio com o leitor,
de 2016, me acompanha com o mesmo sentimento,
mas em outra condição: aguardando a pergunta,
de 2016, ou seja, em mim e em você,
parece que o tempo é mais
manhã e todo o encerramento do tempo aqui dedicado. manhã do que um intervalo
entre dois fatos
de 7 graus. Não querendo mais dilatar seu tempo... de 12 graus. que se sucedem.
Eis a pergunta que me acompanha
sistematicamente desde 2010: Qual é a previsão
“Por que a previsão do tempo é transmitida para o amanhã?
nos horários nobres da televisão?”

Consolando-me apenas com os recursos

da minha memória, o professor dizia
que a verificação diária da previsão do tempo
indica a manutenção da esperança,
e, por consequência, oferece a sensação
de continuidade da vida cotidiana.
 antiguidade

Odes, Livro I, 11

Não procures, Leucónoe -

ímpio será sabê-lo -,
que fim a nós os dois
os deuses destinaram;
não consultes sequer
os números babilônicos:
melhor é aceitar! E venha o que vier!
Quer Júpiter te dê inda muitos
Invernos, quer seja o derradeiro
este que ora desfaz
nos rochedos hostis ondas
do mar Tirreno, vive com sensatez
destilando o teu vinho e,
como a vida é breve, encurta
a longa esperança.
De inveja o tempo voa enquanto
nós falamos:
trata pois de colher o dia,
o dia de hoje,
que nunca o de amanhã
merece confiança.*
antiguidade

Primeiro século a.C., uma cidade poderosa, Roma; Horácio incentiva Leuconoe a ser sábia, a
um imperador autoritário, Augusto; muitos desistir das esperanças distantes, a conhecer os
protestos e rebeliões. sentimentos e a viver o aqui e agora. O poema
aparece como um diálogo entre o poeta e a doce
Uma jovem fascinante, Leuconoe, e um poeta jovem, que gostaria de ver com clareza o futuro
sábio, Horácio. Ela, ingênua e cândida, ele, que a aguarda.
maduro e racional. A jovem trabalha como
garçonete em uma pousada** e tenta conhecer o O Carpe Diem de Horácio é um ideal nobre, ensina
seu futuro interrogando as estrelas; o poeta, a estar sempre presente para si mesmo, a ser
talvez apaixonado por ela e pela sua juventude, mestre de si mesmo, a se governar e não se deixar
observa-a. Ele, que já fez tantas escolhas governar pelos outros. Viver o instante sem se
complicadas, agora vive longe da confusão da questionar inutilmente sobre o destino que nos
cidade, no campo sabino. aguarda, deixar a ansiedade pelo futuro ou a
melancolia pelo passado e estar no presente.
O poeta dedica à garota um poema que se tornará
um dos mais célebres de toda a literatura latina, e E exatamente quando Horácio celebra o instante,
que o eternizará: poema XI, Primeiro Livro de a importância de capturá-lo, quando sugere que
Odes. Nele, um conselho paternal sobre a se viva só no presente, nesse momento ele e o seu
natureza da vida – o Carpe Diem, que significa poema se tornam eternos. Na comemoração do
literalmente rasga o dia, rouba o tempo, vive instante, a eternidade.
plenamente o presente. Horácio

*Tradução de David Mourão-Ferreira: http://pracadapoesia.blogspot.fr/2009/11/carpe-diem-ode-leuconoe.html

** Hipótese de Nicola Festa, 1866-1940, filólogo clássico e professor italiano.
 Roma
Antiga

O Carpe Diem é um pensamento simples, do "átimo fluente do tempo, não átomo do tempo, Uma vida não bloqueada pelos remorsos do
qual muito se tem falado e sobre o qual ainda se mas átomo da eternidade". passado, nem paralisada pelo medo do futuro,
discute. mas pronta para aproveitar do presente,
O Carpe Diem é uma mensagem que tem vivendo no cotidiano a intensa busca da
Lorenzo de Medici usa-o como um refrão em percorrido séculos, tem sido analisado e realização dos próprios objetivos
seu Triunfo de Bacchus e Ariadne: "Quem quer ser revisitado por poetas, críticos, filósofos, sem postergá-los a um futuro incerto. Cada
feliz seja, porque do amanhã não há certeza." psicólogos. instante é importante porque a nossa vida pode
mudar a cada respiração.
Johann Wolfgang Goethe acolhe-o em seus Até mesmo em um desenho animado, como no
pensamentos e diz que "cada segundo tem valor filme Kung Fu Panda, ele é usado. A tartaruga
infinito, é o representante de toda a Oogway diz ao panda Po "...Ontem é história,
eternidade". Ele aconselha: "Tudo o que que amanhã é um mistério, mas hoje é uma dádiva.
você possa fazer, qualquer sonho que você Por isso se chama presente..." (palavras da
possa sonhar, comece. A ousadia carrega em si escritora norte-americana do fim dos anos de
gênio, magia e força. Comece agora." 1800, Alice Morse Earle).

Søren Kierkegaard define o instante como O Carpe diem é uma visão romântica da vida.
ciência

"EU NÃO TENHO TEMPO." Muitas vezes, as pessoas que correm atrás do tempo estão sempre cansadas,
frustradas e insatisfeitas. Na verdade, estão voltadas para um “fazer” incessante que
não lhes dá alimento ou satisfação; um “fazer” que preenche todo o tempo até que se
esgotem as energias delas.
PRESSA,

UM MOMENTO PARA MIM." Por outro lado, quem parece ser incansável, sempre ativo e presente é alguém que
vai além do simples "fazer", é alguém que tem em mente um resultado. Tem um
"HOJE EU NÃO TENHO objetivo. O fazer, nesse caso, é dirigido para algo que é importante para ele. O tempo,
então, é um recurso para que vá atrás do seu objetivo. Esse sabe para onde dirigir a

Para sabermos se estamos correndo atrás do tempo e não abrimos espaço para o que
é importante para nós, temos um precioso sistema interno de mensagens
representado pelas nossas emoções, cujo estudo tem sido, nos últimos trinta anos,
muito profundo e difundido entre o público, com a contribuição de autores como
Daniel Goleman, Paul Ekman e Daniel Siegel.

Quem está ocupado só em "fazer" pode sentir um forte estresse, muitas vezes
acompanhado de tristeza e frustração, a ponto de não ter sequer o desejo de
enfrentar o dia.
 ciência

Diante de uma emoção desagradável, muitas vezes, as pessoas têm à sua frente duas
estradas a percorrer: alimentar a emoção, vivendo-a passivamente, começando por
reclamar, alimentando esse mesmo estado, ou então podem vê-la como uma
mensagem, tal qual uma lâmpada de um veículo que se acende indicando que há TUDO ISSO GERA UMA VERDADEIRA
algo sobre o qual intervir. MUDANÇA DENTRO DE NÓS.

APRENDEMOS A GERIR O NOSSO

Entender a mensagem que a emoção carrega em si, pode mudar a direção. Um
sentimento de frustração pode ser usado como uma alavanca para mudar alguma TEMPO DE ACORDO COM AS NOSSAS
coisa, em vez de se viver na insatisfação. Para ter sucesso nisso, é precisamente o PRIORIDADES REAIS.
tempo a chave, porque é necessário parar, criar espaço para que entre um
entendimento diferente e assim cultivar pensamentos diferentes. É necessário
tempo para que se possa colher a partir da semeadura.
Hoje, as descobertas da neurociência afirmam o princípio mudarmos o nosso foco, o cérebro se predisporá a gerar
fundamental da neuroplasticidade do nosso cérebro. novas sinapses e, com o tempo, novos hábitos. Se temos
Nosso pensamento predominante alimenta conexões um objetivo claro, a atenção que lhe daremos criará
entre os nossos neurônios, sinapses, de que derivam novas sinapses, novos comportamentos que, ao longo do
comportamentos repetitivos, pelo mesmo mecanismo tempo, nos aproximarão do resultado a que nos
com o qual se aprende a dirigir um carro propusemos.
automaticamente, sem prestar atenção a cada uma das
fases. E o tempo, para nós, se tornará um recurso, as novas
emoções que sentiremos nos darão sustentação, como o
Por isso, agarrando-se às emoções de frustração e combustível, e o objetivo será o motor que alimentará
tristeza, lamentando-se continuamente, cria-se o hábito tudo isso. Poderemos abrir novos caminhos. O tempo
de queixar-se, independentemente dos eventos externos. estará à nossa disposição. O que nos aprisionava será a
nossa fonte.
A neuroplasticidade, por sua vez, diz que, se
concentrarmos a nossa atenção de forma diferente, se SERÁ QUE VALE A PENA ENCONTRAR TEMPO PARA ISSO?
 astronomia

O GRANDE ANO
Ciclos que denotam tempo e estão intrinsecamente ligados aos
movimentos dos astros, como dia e noite, ano terrestre, estações
do ano, resultam dos movimentos de rotação e translação da
Terra em torno do seu eixo e do Sol, e foram observados e
registrados desde os povos antigos.

Consta, entretanto, que alguns deles observaram um ciclo ainda

maior, que caracterizava eras de luz e escuridão, que parecem
estar relacionadas com ascensão e queda de civilizações inteiras.
Esse ciclo é conhecido como Grande Ano, ou Ano Sideral.

O Ano Sideral dá-se pelo movimento do Sol em relação
às doze constelações zodiacais e se completa em quase
26.000 anos. Cada Era do Ano Sideral é marcada pelo
alinhamento do Sol, e de todo o sistema solar, com
uma dessas constelações, com duração de
aproximadamente 2.148 anos.
Isso ocorre devido à Precessão dos Equinócios,
movimento dado pela oscilação da Terra ao redor do
seu eixo, semelhante ao giro cambaleante de um pião,
com seu norte apontando para uma infinidade de
astros e estrelas ao longo do período que marca uma
Era que se finaliza com o sistema solar se alinhando
novamente com outra das doze constelações.
O GRANDE ANO
astronomia
Esse movimento foi observado pelos gregos, há mais de
2.000 anos! Heróis, deuses, semideuses,
representantes do Astro Rei – o Sol, com seus mitos,
lendas, ritos e templos sugerem que civilizações
inteiras apareceram e desapareceram no decorrer das
Eras Zodiacais.
Dinastias do antigo Egito cultuavam o Touro Sagrado
Ápis e a Deusa Hator, com cabeça de vaca, na Era de
Touro. Da mesma época, provêm os cultos hindus à
Vaca Sagrada. Quando o planeta passou pela influência
da constelação de Áries, os templos egípcios
adornaram-se com a figura do carneiro. E Peixes foi o
símbolo da Era em que floresceu o Cristianismo.

Diz-se que os atlantes calculavam as Eras de maneira
diferente. Como as constelações zodiacais não tinham o
mesmo tamanho, eles consideravam um período diferente
para cada Era. Na atualidade, contamos com períodos
iguais, os mesmos 2.148 anos em cada constelação.
Tudo está em movimento, e nosso sistema solar viaja por
constelações, recebendo influência de incontáveis astros,
planetas e estrelas. Influências perceptíveis no campo
físico e gravitacional. Outras bem mais sutis e
imperceptíveis fisicamente, mas captadas psiquicamente.
Segundo esse complexo sistema, a Terra adentra a Era de
Aquário e quem sabe estejamos prestes a testemunhar
O GRANDE ANO
astronomia
uma mudança de ciclo – a chegada de um novo tempo. De
fato, quantas mudanças já se presenciaram nas últimas
décadas? Nos âmbitos tecnológico, científico, na maneira
de pensar, sentir e agir do homem. Talvez estejamos no
ponto para evoluir no sentido de uma nova humanidade,
quem sabe para um mundo bem melhor.
Afinal, somos seres com possibilidades infinitas. Autores
da nossa própria história, detentores do nosso próprio
tempo e portadores do livre-arbítrio – com este movemos
o mundo, dilatamos ou encurtamos o tempo. Em ciclos,
eras, ou simplesmente no tempo das estrelas ou de um
planeta, não importa, a vida sugere uma constante
evolução.
fábula

relógios
O homem que consertava
fábula
Há tempos houve um homem que consertava relógios.
Talvez o maior relojoeiro de todos.
Sua habilidade parecia ir além de entender
como cada uma das engrenagens funcionava.
De alguma maneira, ele compreendia o porquê.
Começou desde criança.
Sempre que algum brinquedo quebrava,
logo punha-se a repará-lo.
Compenetrado em cada peça, parecia que
esse trabalho o fazia singularmente feliz.
E não demorou muito até que consertasse seu primeiro relógio.
De relógio em relógio, começou a penetrar no próprio tempo.
Sabia que não era aquele objeto que controlava o tempo.
Mas reconhecia que, mesmo assim,
cada marcador de hora tinha o próprio Tempo em si.
Por isso, dizia ele: “Basta entrar na alma do relógio,
e todas as peças voltam a funcionar”.
Se tinha pressa, não corria.
Respeitava cada um e cada coisa, pois compreendia
que o tempo era diferente de pessoa para pessoa,
de objeto para objeto.
Com o passar do tempo, o próprio Tempo,
como que reconhecendo seu esforço,
revelou seus segredos.
Nessa época, dizia ele,
“tenho o tempo em minhas próprias mãos”.
Podia escolher “que horas são”.
Parar ou até mesmo voltar no tempo.
Mas nunca o fez.
Pois reconhecia que o Tempo tinha
uma razão de existir tal qual ele é.
E assim seguiu até que o seu próprio tempo se esgotou.
Hoje, sua história é contada em muitos lugares.
A história de um homem à frente do seu próprio tempo.
história

Que dia é hoje?

Janeiro 2017

Imagem: Wikicommons Calendário Maia

 história

Muito antes do primeiro relógio mecânico soar na Europa,

provavelmente na torre de uma igreja de Milão, em 1335,
registrando a passagem do dia, o ser humano já procurava
organizar suas atividades individuais e coletivas diante
daquilo que entendia como tempo. Pode-se dizer que a
nossa obsessão com a medição do tempo é atemporal, pois
situa-se dos nossos dias atuais, com os mais precisos
relógios atômicos, até os tempos mais remotos, através da
observação de padrões manifestados pela natureza – o sol,
a lua, os astros, entre outros.

Fevereiro 2017

Imagem: Wikicommons Duomo di Milano

história

A invenção do relógio, como um mecanismo que divide o

ciclo do dia em horas, as horas em minutos e os minutos
em segundos, caracteriza-se numa medição circular do
tempo, contado em pequenos ciclos infinitamente.
Entretanto, a nossa forma de organizar e marcar sua
passagem não parou aí, pois, dentre todas, destaca-se a
invenção do calendário, organizado em dias, meses e anos.
Enquanto o relógio parece marcar um tempo infinito que
sempre volta ao seu ponto de partida e jamais para, o
calendário nos dá a noção de passado, presente e futuro,
uma vez que nos organizamos em relação ao que virá e não
podemos voltar atrás nos dias que já se foram.

Março 2017

Imagem: Wikicommons Relógio Atômico

história

Mas, por que escolhemos marcar a passagem do tempo

desta forma?

O tempo nem sempre foi percebido, registrado e calculado

da mesma maneira entre os diversos povos de nossa
história. Muitos foram os calendários criados ao redor do
mundo, construídos e adaptados conforme cada sociedade
percebia sua realidade. A capacidade de perceber e a
escolha de se organizar frente aos diferentes ciclos que
compõem a vida do ser humano também varia de povo a
povo. Enquanto para a sociedade ocidental atual o ciclo
solar é determinante para o seu calendário, para os Maias,
dizia-se que o sol, além de ter ciclo próprio, também estava
incluído em ciclos muito maiores.
Abril 2017

Imagem: Wikicommons Antigo Relógio Solar

 história

De qualquer forma, a construção do calendário solar

gregoriano que usamos hoje e a sua sincronia com os ciclos
naturais foi uma verdadeira epopeia, fruto,
principalmente, do caminhar histórico da sociedade
ocidental. Também foi um verdadeiro enigma para
astrônomos, matemáticos, sacerdotes, sábios e reis e para
qualquer outro que, por questão de sobrevivência,
precisasse determinar os dias para a próxima colheita. Em
contrapartida, há calendários pelo mundo que utilizam
outras referências para demarcar a passagem do tempo.

Maio 2017

Imagem: Wikicommons Relógio Mecânico de Bolso

história

Para os povos muçulmanos, por exemplo, o Al Corão determinava que o tempo deveria ser regido pela Lua e
não pelo Sol. Tal era sua importância que astrônomos da Babilônia conseguiram prever com precisão de
minutos quando a lua nova seria vista no horizonte. Essa previsão é até hoje muito importante, porque o
calendário muçulmano inicia-se formalmente no momento em que a lua nova é avistada.

Junho 2017

Imagem: Wikicommons Representação do Ciclo Solar

história

Por ser lunar, ele tem 12 meses, com 29 ou 30 dias cada

mês, dando ao ano 354 dias, ou seja, 11 dias a menos que o
ano solar. Porém, sem sincronia com as estações do ano,
uma vez que elas são demarcadas de acordo com os
eventos solares.

Julho 2017

Imagem: Wikicommons Pôr do Sol

história

Enquanto para estes povos o Sol ou a Lua são a essência de

seus calendários, para as comunidades indígenas do
noroeste amazônico, além dos astros, são ainda necessárias
manifestações diversas do meio em que vivem para que se
possa perceber a passagem do tempo.

Agosto 2017

Imagem: Wikicommons Tempestade

 história

Por viverem numa região próxima à linha do Equador, o

clima apresenta pouquíssimas variações de temperatura,
fazendo com que as estações do ano não sejam tão
contrastantes a um olhar comum. Assim, para eles e para o
bom funcionamento de suas atividades cotidianas é muito
mais evidente e importante o contraste existente entre os
períodos de chuva e estiagem.

Setembro 2017

Imagem: Wikicommons Floresta

história

Com isso, percebem a passagem do tempo através de um

conjunto de mudanças, ou seja, as mudanças dos ciclos dos
astros em conjunto com outras mudanças naturais do meio
em que estão - como as épocas de cheia e seca de seus rios
locais, a colheita e plantio de determinados alimentos e os
períodos de reprodução de algumas espécies de peixes.

Outubro 2017

Imagem: Wikicommons Cardume

história

Tudo isso mostra que independentemente do tipo de

calendário, seja ele solar, lunar ou ainda aquele baseado
nas diversas manifestações da natureza, a contagem dos
dias, das estações ou dos ciclos que compreendem a vida do
ser humano é relativa. Relativa ao meio, relativa ao modo
de vida e relativa ao modo de se perceber a vida.

Novembro 2017

Imagem: Wikicommons Noite Estrelada

história

Os calendários são, assim, mais uma das ferramentas

criadas pela humanidade, buscando dar ao tempo uma
idéia de passagem.

Dezembro 2017

Imagem: Wikicommons Relógio Zodiacal

como vai a sua mente

T udo o que existe na humanidade é sempre relativo, portanto, sujeito a condições, sujeito a
circunstâncias, sujeito ao que nós chamamos de tempo. Tempo, hora, minuto, dia, mês...

A relatividade dentro do tempo é o que existe na mente dos homens. Por isso é que os homens
mudam. Dependem do tempo, dependem da hora, dependem das circunstâncias. Sempre o
depende.

Se a gente procurar encontrar, aqui, alguns pontos fora do aspecto relativo, se a gente procurar
pontos mais dentro de um absoluto, de algo imutável, algo Maior, que não se conheça o relativo
dele, então nós poderemos firmar o ponto, marcar a linha de conduta, um processo de evolução.

(...) Um dia você vai se deparar com um absoluto, mais cedo ou mais tarde – porque ainda é relativo.
Mas um dia você encontrará.

DR. CELSO CHARURI

Fundador e Idealizador da PRÓ-VIDA, 16 de dezembro de 1980

COMO VAI A SUA MENTE, editado pela Associação PRÓ-VIDA, São Paulo, Brasil. Proibida a reprodução total ou parcial desse texto sem prévia autorização.