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Literatura Africana

em Língua Portuguesa
Material Teórico
Literatura Angolana

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Vivian Steinberg

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Silvia Albert
Literatura Angolana

• Pepetela;
• José Eduardo Agualusa;
• Ondjaki.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Identificar semelhanças e singularidades da literatura angolana, re-
fletindo sobre suas condições de produção em diferentes contextos.
· Identificar questões pertinentes a cada autor que estudaremos nessa
unidade: Pepetela, Agualusa e Ondjaki.
· Apreender as possíveis e declaradas “conversas” entre o autor ango-
lano Ondjaki e o poeta brasileiro Manoel de Barros.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Literatura Angolana

Pepetela
Pepetela é o pseudônimo de Artur Pestana, um militante do MPLA (Movimen-
to popular pela libertação de Angola). Foi um ativo combatente contra a domina-
ção do colonizador. Foi nomeado vice-ministro da Educação em 1975. É descen-
dente de portugueses, nascido em Angola. O escritor cresceu num ambiente da
classe média, mas frequentou uma escola primária com crianças de várias raças
e classes. Ele diz que a cidade de  Benguela lhe deu mais oportunidades para
conhecer angolanos de todas as raças porque era a cidade angolana mais multir-
racial daquela época. Pepetela frequentou o curso de engenharia, em Lisboa, a
partir de 1958, no Instituto Superior Técnico, mas transferiu-se para o curso de
letras na Universidade de Lisboa, em 1960. E, em 1961, tornou-se militante do
MPLA, o que mudaria o rumo de sua vida e marcaria sua obra. Ganhou o prêmio
Camões em 1997.

Sobre o seu livro de maior sucesso, Mayombe, é considerado um romance que


narra a épica da luta guerrilheira.
Em Mayombe, obra escrita entre os anos de 1970/1971 - em plena
guerra pela libertação-, e publicada em 1980 - cinco anos após a indepen-
dência-, temos um cenário de guerra e de devastação pré-independência,
quando ainda era cedo para prever quais seriam suas consequências. Tal-
vez por isso as críticas de Pepetela tenham permanecido latentes, emer-
gindo vez ou outra para dar voz às suas suspeitas de futuro não muito
promissor. Já em A Geração da Utopia, de 1992, a desolação é evidente:
temos, nos personagens, a representação de um passado – idealista – de
Angola, e do presente – arrivista – do país. Nessa obra, percebemos cla-
ramente todo o processo de revolta pela independência, desde sua for-
mação, já que o protagonista é um intelectual idealista, até sua efetivação
e posterior desencanto. Contudo, a mera presença do sonhador como
protagonista do livro nos leva a crer que as desilusões se embasavam prin-
cipalmente em antigos sonhos desfeitos, e não em ressentimentos novos.
Porém, se podíamos ter essa sensação reconfortante antes, não nos sobra
nada em seu livro Predadores, que data de 2008.
PINHEIRO, Vanessa Riambau. “A literatura angolana no cenário ficcional: tendências e perspectivas”.
In: Revista Graphos, vol. 16, n° 1, 2014 | UFPB/PPGL | ISSN 1516-1536 1

Assista ao vídeo em que Pepetela comenta sobre o romance Mayombe, com imagens da
Explor

guerra. Diponível em: https://youtu.be/SgSsuOBU7ZQ

Mayombe foi escrito por Artur Maurício Pestana Dos Santos (Pepetela), no ano
de 1970 quando o autor estava na guerrilha em Cabinda, durante a luta pela In-
dependência de Angola. O livro foi publicado em 1980 e é um dos seus romances
mais conhecidos.

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A pesquisadora Rita Chaves comenta:
Pepetela fará anos mais tarde uma espécie de balanço dessa geração que
apostou na independência e que, enquanto grupo, se esfacela na experiência
complicadíssima de gerir o país que a utopia queria ter construído. Em “A
geração da Utopia”, livro publicado em 1992, os fantasmas de certa forma
anunciados já em Mayombe tomam forma, ganham nomes e tornam dissolu-
ta a ideia de nação. Agora, identificado com o período de gestação da liberda-
de, o passado não é nem glorificado, nem rejeitado. Transforma-se em objeto
de reflexão mesmo para quem tão vivamente participou desse itinerário.
(CHAVES, Rita. “Pepetela: romance e utopia na história de Angola”. In: via atlântica n. 2 jul. 1999.)
Disponível em: <https://goo.gl/rNu7LL> (último acesso em 25/06/2018)

Chaves complementa escrevendo que no conjunto da obra de Pepetela, incluin-


do títulos publicados e entrevistas, ele confirma a preocupação em tematizar a
construção da nacionalidade sob vários ângulos e perspectivas. Numa entrevista,
Pepetela disse que sua proposta é “refletir sobre estes tempos (do país) escrevendo,
escrevendo sobre nação e futuro.”

Inocência Mata1, em uma conferência que proferiu em homenagem a Pepetela,


em 1999, disse que a obra de Pepetela revela uma “força dialógica intensa com
o contexto de que emerge: um diálogo extremamente ativo entre o país vivido e
vivenciado pela consciência coletiva e filtrada pela consciência individual do
escritor, entre o país ideal e o país real”.

Ler na íntegra, a conferência de Inocência Mata em: https://goo.gl/dPjD5e e o texto de Rita


Explor

Chaves em: https://goo.gl/rNu7LL

José Eduardo Agualusa


José Eduardo Agualusa nasceu em Angola, na cidade do Huambo, em 13 de de-
zembro de 1960. Estudou Agronomia e Silvicultura em Lisboa, exerceu a profissão
de jornalista. Viveu em Berlim, Rio de Janeiro, Luanda e Lisboa. Tem uma obra
vasta e traduções em diversas línguas.

Sua literatura é cheia de interrogativas. Já disse que escreve para tentar enten-
der o mundo, ao menos seu mundo íntimo e, que, continua a escrever porque as
questões nunca se esgotam. Percebe como a questão da identidade, num país jo-
vem como Angola, é importante. Parece que para uma minoria, na qual se coloca,
essa é, e sempre será, uma questão fundamental, sempre será confrontado com
isso pela própria história, que não coloca os contornos como para povos estabele-
cidos há mais tempo e que pertencem ao mainstream. Pertencer à minoria, leva a
pensar, a se questionar, a se afirmar, e isso pode ser bom para a literatura e todas
as restantes expressões artísticas, disse numa entrevista.

1
MATA, Inocência. “Pepetela: um escritor (ainda) em busca da utopia”. In: SCRITA, Belo Horizonte, v.3, n 5, p.243-
259, 2 sem.1999. Disopnível em: <https://goo.gl/dPjD5e>.

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UNIDADE Literatura Angolana

Há em sua poética um trabalho sobre a memória, a tentativa de um resgate da


memória coletiva e também pessoal. Um de seus livros se chama O vendedor de
passados (2004), título interessantíssimo, principalmente se levarmos em conta
questões históricas e em como foi atropelado esse passado.

Há o filme, O Vendedor de Passados, que estreou em 2015 com direção de Lula


Buarque de Hollanda com Lázaro Ramos, Aline Moraes, Odilon Wagner e grande elen-
co, uma livre adaptação do livro de Agualusa. Enquanto o livro refere-se e é ambientado
em Angola, o filme traz o Brasil como cenário, mais especificamente o Rio de Janeiro.
Explor

O Vendedor de Passados Trailer Oficial (2015) - Lázaro Ramos HD - https://youtu.be/xV9wcnjvoL8

Logo no início dessa narrativa, há a citação da letra de uma canção, que resume
bem a problemática do enredo: Nada passa, nada expira / O passado é um rio que
dorme / e a memória uma mentira multiforme.

A editora brasileira Gryphus fez uma breve sinopse:

É a história de um albino que mora em Luanda, Angola, e que traça árvores


genealógicas em troco de dinheiro.

Estranho ofício, estranho o personagem principal - o vendedor de passados


falsos, Félix Ventura - e mais estranho ainda o narrador: uma osga, um tipo de
lagartixa. É ela que vai contar como o albino Félix fabrica uma genealogia de luxo
para seus clientes. São prósperos empresários, políticos e generais da emergente
burguesia angolana que têm futuro assegurado,  mas falta-lhes um bom passado.

A vida de Félix anda muito bem, até que uma noite recebe a visita de um estran-
geiro à procura de uma identidade angolana. E, então, numa vertigem, o passado
irrompe pelo presente e o impossível começa a acontecer.  Sátira feroz à atual
sociedade angolana, O Vendedor de Passados é uma reflexão sobre a construção
da memória e seus equívocos.

Há um estudo de Ana Cristina Pinto Bezerra2 sobre essa narrativa: é uma obra
marcante de Agualusa, encenando uma leitura social a partir da figura enigmática
de um vendedor de passados, nomeado simbolicamente por uma osga – imagem
reencarnada de uma vida anterior, de uma memória anterior. Tal leitura procurará
compreender como o passado, trazido ao presente e com ele dialogando intensa-
mente nessa narrativa, revive os signos e/ou fragmentos de uma tradição.

“Felix Ventura (...) articula, via projeto escrito, o apagamento da tradição africa-
na e a invenção dos moldes europeus para essa parcela da população que reconhe-
ce reinscrever-se segundo o aval português”. (Bezerra, 2011)3.

2
disponível em: <https://goo.gl/2r9uVq>.
3
BEZERRA, A. C. P. Entre memórias e tradições na escrita de “O vendedor de passados, de Agualusa”. Revista
Estação Literária, Londrina, v. 8A, p. 132-141, dez. 2011. P. 133. Disponível em: <https://goo.gl/2r9uVq>.
Acesso em: 27 mar. 2014.

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A questão da língua em África de língua portuguesa nos faz pensar: antes da
presença do colonizador, havia um universo tradicional permeado pela oralidade;
depois um complexo de silêncio e reescritas que marca a forte presença do colo-
nizador, trazendo a língua dele, marca inclusive no momento em que se pensa de
uma “pós-colonização”.

A personagem Félix reinventa memórias, nada mais do inserir uma tradição


sobre a outra, como o processo sofrido por Angola ao longo da sua história. A
noção de verdade e de tradição é relativizada na medida que se está disposto a
ter outra memória, outra história. Esse olhar é comentado pelo próprio Agua-
lusa em entrevista à revista Ler – Livros e Leitores 4, comentando sobre a (re)
construção do passado que modifica o presente em Angola, aspecto integrado
às suas narrativas:

Quem está no poder, no presente, vai tentando alterar o passado. Isso é uma
coisa muito evidente em Angola. Angola é um país que sofreu uma série de
transformações políticas: primeiro, o regime colonial, logo a seguir, um regime
marxista e depois essas mesmas pessoas que construíram esse regime marxista
desmontaram-no e hoje estão interessadas em reescrever esse passado. E estão
a fazê-lo. Como já tinham reescrito o passado colonial. Inclusive, criando he-
róis, criando personagens que na altura eram necessários (REVISTA LER, 10
mar. 2011).

Assista na íntegra o Programa da Roda Viva com José Eduardo Agualusa - 04/07/2011.
Explor

Com livros traduzidos em mais de 20 idiomas, o escritor angolano José Eduardo Agualusa é
o convidado Roda Viva. Disponível em: https://youtu.be/VXrQFxhuI5w

O universo da tradição em África é constituído a partir da tradição oral, a fala


possui o poder divino e sacralizado, tem a força de agente da magia africana. Po-
demos perceber no texto de Agualusa a presença dessa oralidade. A construção
simbólica das personagens parece significativo do ponto de vista dessa tradição
híbrida, por exemplo José Buchmann, que possui algo “da mesma natureza pode-
rosa das metamorfoses” (Agualusa 2004: 59); o ministro que compra um passado
e a imagem corrupta que dela se veste; a Velha Esperança, criada da casa de Félix
Ventura, a representante da sabedoria ancestral do africano.

Ainda em relação a aspectos da linguagem, Agualusa incorpora vocábulos das


línguas nacionais, em especial o kimbundu, caracterizando a oralidade das persona-
gens, sem sublinhar essas passagens, o que resultaria na exclusão do modo como
as personagens falam, como elucida Laura Padilha (2007: 28): “Muitos autores
se utilizavam, ainda, das dicionarizações intratextuais, notas de pé� de página,
explicações, traduções etc., o que fazia delas [as línguas nacionais] quase línguas
‘mortas’, além de se apresentarem decididamente como estrangeiras”. Assim o
autor reinscreve a tradição africana e sua oralidade no diálogo com a literatura de
expressão portuguesa.

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UNIDADE Literatura Angolana

Outra marca da presença da oralidade em sua obra, é a trama tecida pela osga
que revive o fluxo da tradição, assim as vozes das personagens dispostas a narrar seus
passados se torna audível no texto, circunstância que indica a fragmentação do vivido
no mesmo instante que insinua o mosaico de imagens de que se compõe a memória.

Em relação à história e às “versões oficiais” sobre os acontecimentos reais,


Angalusa disse numa entrevista para o jornalista Ubiratan Brasil em “O Estado de
S.Paulo”, em 13 de julho de 2013, que:
“O passado é pessoal e intransmissível. Estados totalitários, e eu, infeliz-
mente, entendo alguma coisa sobre estados totalitários, defendem, pelo
contrário, um passado coletivo, grandioso, confeccionado à medida dos
seus interesses. Para o autor é quase instintivo reagir contestando esse
passado oficial. Opondo a esse passado único, a esse pensamento único,
“bem comportado”, os pequenos passados das multidões ruidosas.”

E numa entrevista para Afonso Pacheco, Agualusa disse que:


“Questões sobre a identidade, o passado, a memória e outras que surgem
dessas, como a língua oficial e as anteriores à dominação do colonizador,
de caráter essencialmente oral, ou seja, a presença da oralidade, são as-
pectos que se entrecruzam e se confirmam; uma surge da outra em dois
tempos, o primeiro em relação à história de uma sociedade, e a outra, em
relação à individualidade do autor.”

A literatura escrita em África de língua portuguesa traz um novo frescor à nossa


língua em comum. Notamos também que é uma literatura preocupada em se ins-
crever na história, em ter autoria, mesmo com todas as dificuldades de se enxergar
diante de um passado complexo e diverso, onde se misturam tradições díspares,
mas que encontram um lugar nessa literatura.

Assista ao Mar de Letras – Mia Couto e José Eduardo Agualusa, disponível em:
Explor

https://youtu.be/3J2zbbux8mY

Ondjaki
Ndalu de Almeida, o Ondjaki, é o mais jovem dos três escritores. Nasceu depois
da independência de Angola, portanto não viveu o período colonial, embora tenha
sofrido os efeitos dele nos anos de guerra civil, logo depois da autonomia política.

A seguir, leia a entrevista em que Luara Pinto Minuzzi conversa com Ondjaki e
o apresenta assim:
Ondjaki, por sua vez, traz um olhar diferente para a realidade angolana
com seus narradores crianças dos romances Bom dia camaradas e Avó-
Dezanove e o segredo do soviético e do livro de contos Os da minha
rua. Porém, apesar da visão mais inocente, seus textos não deixam de

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ser críticos e de mostrar a realidade de um país assolado pela Guerra Ci-
vil – o que acontece é a não folclorização: Ondjaki consegue apresentar
uma África que passa sim por muitos problemas, mas que não é aquela,
mostrada nos veículos de comunicação, onde só desastres e calamidades
ocorrem. Em Luanda, cidade onde os personagens vivem, é possível brin-
car, rir e sonhar – e não apenas sofrer e desesperar.

Vamos as perguntas:

Entrevistas suas explicam como Os da minha rua, Bom dia camaradas e


AvóDezanove e o segredo do soviético resgatam algumas dessas memó-
rias misturadas com ficção. Porém, esses livros me passam a sensação de
uma infância normal e feliz em uma cidade na qual os confrontos diretos
não chegaram – apesar de chegarem as consequências das prolongadas
lutas, como a falta de água. Já em Os transparentes, acho que o tom
muda. Mesmo que se relate um período posterior à guerra, sinto esse
romance muito mais pessimista em relação aos rumos de Angola. Essa é
uma mudança pela qual você passou de criança para adulto? Ou é sim-
plesmente outra forma de relatar a realidade?

O – Eu realmente ainda penso que a escrita vem das ideias literárias. O co-
meço. A raiz. É por aí que eu gosto de começar. E o tom dos ‘transparen-
tes’ é diferente porque a própria ideia literária é diferente, é um projecto
bem distinto de Bom dia camaradas ou Os da minha rua. Mas também
porque se acumularam algumas coisas em mim e que foram rebentar nes-
sa direcção que aparentemente traz mais pessimismo. Ou mais realismo.

São formas diferentes de relatar a cidade, porque passou tempo, e porque


a cidade mudou. A política mudou e os políticos sobretudo mudaram e
muito. Não são apenas as influências externas (a globalização...) que fo-
ram chegando, mas também as coisas de dentro (as nacionais) que trans-
formaram o país e a cidade de Luanda. Os transparentes falam de uma
época menos inocente, talvez, e penso que nisso estou de acordo com o
narrador (e até com alguns dos personagens): a indiferença, a incompe-
tência, a corrupção, o egoísmo estão a vencer. Sobretudo os políticos,
mas também o cidadão comum foi-se vestindo de uma capa de indiferen-
ça que é muito perigosa. Mas essas capas são também (talvez...) trazidas
pela própria realidade. Quando o Odonato diz “este é o corpo que eu
agora tenho”, eu fico a pensar na cidade de Luanda, entristecida, a dizer
a mesma frase sobre o corpo dela. E o corpo de Luanda somos todos nós.

Luanda, os personagens, neste livro, são mais duros sim. É um narrador


nada inocente, talvez magoado com o que vê no “corpo da sua cidade”, e
que vai contrastar muito com os narradores de Os da minha rua ou Bom
dia camaradas. Mas por isso lhe digo que eu acho que não é o mesmo
narrador. Quase nem mesmo o mesmo escritor...

O “tom” muda em Os transparentes porque tudo mudou. Sobretudo as


pessoas que mandam e os que são mandados. Mas há laivos de espe-
rança, há faróis de possibilidades que imediatamente se acendem. E eu
gostaria de estar atento a isso também.

Eu não pude escrever outro livro com os materiais que eu tinha dentro de
mim. Tentei agarrar-me à beleza do Vendedor De Conchas e de Odonato,

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UNIDADE Literatura Angolana

mas vence a crua estória de Paizinho ou a da indiferença dos nossos dias.


Eu não pude escrever outro livro e também me doeu fazer aquele, mas era
a minha escrita a ir de encontro aos ecos internos.

Quatro olhares sobre Angola: entrevistas com Boaventura Cardoso, Pepetela, José Eduardo
Explor

Agualusa e Ondjaki, disponível em: https://goo.gl/Tukaiz

Vamos ler o primeiro conto, “o voo do jika”, do livro “Os da minha rua”, de
Ondjaki:
O Voo do Jika

O Jika era o mais novo da minha rua. Assim: o Tibas era o mais velho, de-
pois havia o Bruno Ferraz, eu e o Jika. Nós até às vezes lhe protegíamos
doutros mais velhos que vinham fazer confusão na nossa rua.

O almoço na minha casa era perto do meio-dia. Às vezes quase à 1h. Ao


12h15min, o Jika tocava à campainha.

— O Ndalu tá? — perguntava à minha irmã ou ao camarada António.

— Sim, tá.

— Chama só, faz favor.

Eu interrompia o que estivesse a fazer, descia.

— Mô Jika, comé?

— Ndalu, vinha te perguntar uma coisa.

— Diz.

— Hoje num queres me convidar pra almoçar na tua casa?

— Deixinda ir perguntar à minha mãe.

Entrei. O Jika ficou ansioso na porta, aguardando a resposta. Quase sem-


pre a minha mãe dizia sim. Só se fosse mesmo maka de pouca comida,
ou muita gente que já estava combinada para o almoço. Se a avó Chica
viesse, ia trazer também a Helda, e assim já não ia dar. Mas normalmente
a minha mãe dizia mesmo “sim”. E ficava a rir.

— A minha mãe disse que podes.

— Ah é? — ele pareceu surpreendido. — E que horas é que vocês vão


almoçar?

— Ao 12h30min, Jika.

— Então vou pedir na minha mãe.

Deixei a porta aberta. O Jika devia voltar sem demora quase nenhuma.
Gritou contente, cá de baixo, na direção da janela do quarto da mãe dele:

— Maaaaãe, a tia Sita me convidou pra almoçar na casa dela. Posso?
—


Podes. Mas vem mudar essa camisa suada.
O Jika deu uma esquindiva,

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fingiu que já tinha mudado, veio a correr numa transpiração respirada.
Contente. Olhos do miúdo que ele era. Fosse o melhor programa da se-
mana dele. E eu, mesmo miúdo candengue, fiquei a pensar nas razões do
Jika não gostar nada de almoçar na própria casa dele.

O Jika estava habituado à muita gasosa. Nesse tempo, se houvesse ga-


sosa na minha casa era para dividir. Como éramos três, eu e duas irmãs,
quando o Jika vinha almoçar, até a divisão corria melhor. Ele por vezes
queria fugir desse ritual:

— Tia Sita, posso beber uma gasosa sozinho?

— Sozinho, bebes na tua casa — a minha mãe respondeu. — Aqui divi-


de- se.

Depois do almoço, o Jika disse que ia à casa dele buscar “uma coisa”. Eu
fiquei à espera, no portão aberto. Prometeu não demorar. Voltou com a
tal coisa escondida debaixo do braço, e entramos rapidamente na minha
casa. Subimos ao primeiro andar, fomos até ao quarto da minha irmã
Tchi, e saltamos da varanda para uma espécie de telhado. Aproximamo-
-nos da berma. Lá em baixo estava a relva verde do jardim. O Jika abriu
um muito, muito pequenino guarda-chuva azul.

— Põe a mão aqui — ensinou-me. — Agora podemos saltar.

— Tens a certeza? — olhei para baixo. — Vamos só.

Saltamos.

A infância é uma coisa assim bonita: caímos juntos na relva, magoamo-


-nos um bocadinho, mas sobretudo rimos. O Jika teve outra ideia.

— Calma só, mô Ndalu. Vou na minha casa buscar um maior.

— Não, Jika, desculpa\lá. Vais saltar sozinho, eu já num vou saltar mais
de guarda-chuva.

— Nem num bem grande que tenho, daqueles da praia, antissol e tudo,
colorido tipo arco-íris?

— Nem esse!

O Jika ficou desanimado. Sem outras propostas para brincadperigosas,


decidiu ir para casa. Ao cruzar o portão, falou ainda:

— Posso te perguntar uma coisa?

— Diz, Jika.

— Amanhã num queres me convidar pra almoçar na tua casa?

Ondjaki. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua geral, 2007. (Coleção


ponta de lança)

Os da minha rua são 22 estórias em que os personagens transitam. O narrador,


sempre em primeira pessoa, recorda a infância. São memórias afetivas, significa-
ções adquiridas pela casa, pela rua e pela escola, ambientes que transitam Ndalu,
o narrador recria os lugares de sua infância e as implicações do contexto da guerra
civil na paisagem da cidade e em sua paisagem interior. Transparece o contexto

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UNIDADE Literatura Angolana

histórico político: um regime marxista, monopartidarista, algumas dificuldades de


vida devido à guerra civil. As histórias, ou estórias como prefere Ondjaki, passam-
-se nos anos 1980, no contexto da cidade de Luanda. O país conhece uma guerra
civil que só acabaria em 2002, e que cria condições de vida péssimas para grande
parte da população angolana. Ondjaki faz uma escolha dos factos e acontecimen-
tos, mas faz abstracção de muitas circunstâncias. Para quem conhece o contexto,
encontram-se indícios no texto de Ondjaki, mas ele não fala do fome, da miséria.
A rua é a Rua Fernão Mendes Pinto, no bairro de Maianga em Luanda.

Foi publicado em 2007 e o nome traz referência ao livro A cidade e a infância


do escritor José Luandino Vieira, angolano, nascido em Portugal. Os da minha
rua contém como posfácio duas cartas, uma de Ondjaki a Ana Paula Tavares e a
resposta da escritora angolana, que vale a pena ler na íntegra.

Em maio de 2007, a pesquisadora Rita Chaves escreveu sobre essa obra em


“Carta maior”, reproduzo um trecho e indico a leitura do texto inteiro.
São 22 estórias em que desfilam personagens com lastro na vida real,
que, entretanto, ganham outras vidas na cifra da imaginação com que o
narrador, sempre em primeira pessoa, busca recordar os velhos tempos,
o antigamente, como acerta a escritora Ana Paula Tavares, na carta que
integra o livro, à maneira de posfácio. Uma maneira muito adequada, pois
entra no tom que remarca o conjunto de flashes com que são capturados os
daquela rua e adjacências... Essa ideia do antigamente também nos remete
às estórias caluandas de outro escritor angolano cuja obra repercute no
trabalho do Ondjaki. Refiro-me a Luandino Vieira e às infâncias reinventadas
que nos traz em tantos livros, incluindo  No antigamente, na vida. 
Explor

“Os da minha rua”, de Ondjaki, disponível em: https://goo.gl/KGLqho

Vamos ler também o conto “um pingo de chuva” que tem um trecho que
descreve, da perspectiva de uma criança, a despedida de professores cubanos que
tinham terminado sua missão em Angola:

“Nas despedidas acontece isso: a ternura toca a alegria, a alegria traz uma
saudade quase triste, a saudade semeia lágrimas, e nós, as crianças, não sabemos
arrumar essas coisas dentro do nosso coração.”
Um Pingo de Chuva

Eu acho que nunca cheguei a dizer a ninguém, talvez só mesmo à Romina,


mas na minha cabeça eu sempre escondia este pensamento: as despedidas
têm cheiro. E não é cheiro bom tipo chá-de-caxinde, ou as plantas a darem
ares duma primeira respiração na frescura da manhã, entre silêncios e ca-
cimbos molhados. Não. Despedida tem cheiro de amizade cinzenta. Nem
sei bem o que isso é, nem quero saber. Não gosto mesmo de despedidas.

Um dia nós, os do nosso grupo, quase silenciosos, tínhamos combinado en-


contro na escola Juventude em Luta, depois do almoço. Os mais atrasados,

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como sempre, eram o Bruno e o Cláudio. As meninas já tinham chegado,
ficamos ali no campo de futebol a olhar a escola quase vazia.

Como num filme, sempre me acontecia isso: eu olhava as coisas e ima-


ginava uma música triste; depois quase conseguia ver os espaços vazios
encherem-se de pessoas que fizeram parte da minha infância. De repente
um jogo de futebol podia iniciar ali, a bola e tudo em câmara lenta, um dia
vou a um médico porque eu devo ter esse problema de sempre imaginar as
coisas em câmara lenta e ter vergonha de me dar uma vontade de lágrimas
ali ao pé dos meus amigos. A escola enchia-se de crianças e até de profes-
sores, pessoas que tinham sido da minha segunda classe, da terceira, até
lembrava de repente o exame da quarta classe com o texto “Oriana e o pei-
xe”. Quando alguém me tocava no ombro, as imagens todas desapareciam,
o mundo ganhava cores reais, sons fortes e a poeira também.

— Tás a ouvir?! — alguém dizia.

Eu tinha que fingir que sim e engolir com os olhos todas as lágrimas. A
escola estava vazia e, sem ninguém dizer nada, todos tínhamos medo
daquela sensação. O fim da sétima classe: a incerteza sobre quem ainda
íamos encontrar no ano seguinte. As pautas já tinham saído, todos tínha-
mos passado com boas notas e muitos estavam contentes por causa das
férias grandes. Eu não.

Chamaram-me, para irmos andando. Já tinham chegado todos. Tínha-


mos combinado encontro na escola Juventude em Luta, para depois do
almoço irmos até à casa dos camaradas professores Ángel e María. Aquilo
tudo cheirava a despedida até mais não.

— Não sentem o cheiro? — brinquei.

— Só se for da tua catinga — o Bruno disse.

Todos riram. Eu também. Embalei-me naquelas gargalhadas para olhar


bem para eles, para eles todos, os meus colegas da sétima classe, e quase
todos também tinham sido meus colegas desde a segunda até à quarta.
Bons tempos. Uns traziam lanche, outros não; uns tinham bola e carri-
nhos bonitos, outros não; todos vínhamos vestidos com o fardamento
azul, de modo que no intervalo a escola ganhava uma gritaria toda azul
de crianças a quererem aproveitar aqueles vinte minutos de liberdade e
maluqueira. Os asmáticos, como eu, voltavam transpirados para a sala de
aulas, com falta de ar, a tossir, e eram ralhados pela camarada professora
Berta. No dia seguinte corríamos outra vez.

Chegamos à casa dos camaradas professores Ángel e María. O camarada


professor não estava vestido com a calça militar dele, tinha uma camisa
creme tipo “goiabera” e uma calça justa. A camarada professora María
tinha a cara toda pintada, com exagero mesmo, mas eu não queria que
ninguém lhe gozasse porque vi nos olhos dela a olhar para nós que ela
queria só estar bonita a disfarçar a tristeza dela.

— A camarada professora tá muito bonita — a Petra disse, as outras


meninas concordaram. Eu também. O Bruno olhou com cara feia, mas
conseguiu controlar-se, não riu nem estigou.

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UNIDADE Literatura Angolana

Era uma tarde quase bonita numa cor amarela e castanha que o Sol ti-
nha posto dentro do apartamento pequeno deles. Serviram chá para nós,
um chá aguado, mas doce, cheio de ternura. Quase ninguém tinha pala-
vras de falar — nem eles, nem nós. Depois o camarada professor Ángel
explicou-nos, com palavras um bocadinho difíceis, que a missão deles em
Angola tinha terminado e que se iam embora muito em breve. O Bruno
coçava a garganta e olhava para a janela, também impressionado com as
cores daquele amarelo-sol. A Petra, a Romina e eu vimos a camarada pro-
fessora María chorar escondida na cozinha e tivemos de fazer força para
parar as lágrimas. O camarada professor Ángel continuava a falar e, sem
querer, dizia coisas que nos emocionavam muito. Nas despedidas aconte-
ce isso: a ternura toca a alegria, a alegria traz uma saudade quase triste, a
saudade semeia lágrimas, e nós, as crianças, não sabemos arrumar essas
coisas dentro do nosso coração.


A Romina tirou da mochila dela um frasco bonito e grande, cheio de


compota de morango. O camarada professor Ángel deixou de conseguir
falar. Todos nós sabíamos que aquela era a prenda de despedida que eles
podiam apreciar mais, e a mãe da Romina tinha feito um embrulho todo
simples e bonito que só pela tampa via-se logo que era a compota da de-
lícia deles. As mãos da camarada professora María tremiam ao agarrar as
mãos do marido dela como se, naquele gesto, eles conseguissem agarrar
as mãos de todos os alunos que eles tinham ensinado aqui em Angola.

Quando chegamos lá em baixo, o Sol já tinha ido embora. O céu queria


começar a ficar escuro e, muito atrás de todas as nuvens que podíamos
ver, um resto de encarnado vivo iniciou a despedida dele.

Lá em cima na janela o camarada professor Ángel tinha a mão dele no


ombro da camarada professora María, e dava-lhe beijinhos na bochecha
para ela não chorar tanto.

Um pingo de chuva, sozinho, caiu-me na cabeça, nessa que foi a última


vez que vimos aqueles camaradas professores cubanos.

Ondjaki. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua geral, 2007. (Coleção


ponta de lança). P.347 a p. 364.

• Recomendo a resenha desse livro escrita por Alexandre Gomes Neves para “revista cri-
Explor

oula”, nº. 3, maio de 2008. Disponível em: https://goo.gl/7LLwV1


• Relação de Ondjaki com Manoel de Barros, em “Há prendisajens com o xão” livro de
poesia, em que Ondjaki compartilha com o poeta brasileiro procedimentos de lingua-
gens, de 2002.
• Ler o artigo de Andres Cristina Muraro, disponível em: https://goo.gl/rZSYzY
• Visite a página oficial do escritor, disponível em: https://goo.gl/R4UttP
• A bicicleta que tinha bigodes [2011], disponível em: https://goo.gl/wNw2dD
• Programa Entrelinhas – sobre AvóDezanove e o segredo do Soviético, disponível em:
https://goo.gl/EpSjA6

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Oxalá cresçam pitangas (2006). Direção e argumento de Ondjaki e Kiluange
https://goo.gl/1F62Ht

Vídeos
A Lusofonia vista por Ondjaki
Neste vídeo o escritor angolano, Ondjaki, dá-nos a conhecer o que para si representa
o conceito de Lusofonia, num debate conduzido por Luís Aguilar no âmbito do Festival
Internacional de Literatura “Metropolis Bleu”, realizado em maio de 2014.
https://youtu.be/01ZR7H9hyBM
Entrevista com Ondjaki
O escritor angolano Ondjaki fala sobre a influência de Luanda em sua literatura, o mais
novo livro infantil, “O Leão e o Coelho Saltitão” e o encanto pelo Rio de Janeiro.
https://youtu.be/0cTQ52tleN8
AvóDezanove e o Segredo do Soviético
Ondjaki comentando seu livro e lendo um trecho.
https://youtu.be/iLvotSYU90Y
Entrevista com o escritor Ondjaki - Parte 1
Bom – tem música (5:58)
https://youtu.be/lXuXGJ2NYbY
Roda Viva | Ondjaki | 15/01/2007
https://youtu.be/lJIrqHFgFQk
RED AFRICA Lisboa - África, Socialismo, Guerra Fria - Parte 3/3
O que Ondjaki comenta sobre África, Socialismo e o segredo soviético
https://youtu.be/6nJsEMdi7rU

Leitura
Quatro olhares sobre Angola: entrevistas com Boaventura Cardoso, Pepetela, José Eduardo Agualusa e Ondjaki
Entrevista com quatro escritores angolanos, por Luara Pinto Minuzzi:
https://goo.gl/Tukaiz

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UNIDADE Literatura Angolana

Referências
AGUALUSA, José Eduardo. Estação das chuvas. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2012.

________. O vendedor de passados. Rio de Janeiro: Gryphus, 2011.

_________. Barroco tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

BEZERRA, A. C. P. Entre memórias e tradições na escrita de “O vendedor de


passados, de Agualusa”. Revista Estação Literária, Londrina, v. 8A, p. 132-141,
dez. 2011. P. 133. Disponível em: <http://www.uel.br/pos/letras/EL/vagao/
EL8AArt14.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2014. Disponível em: www.uel.br/pos/
letras/EL/vagao/EL8AArt14.pdf (acesso em 23/06/2018)

CHAVES, Rita. “Pepetela: romance e utopia na história de Angola”. In: via atlântica
n. 2 jul. 1999. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/
viewFile/48795/52871>. Acesso em 23/06/2018.

MATA, Inocência. “Pepetela: um escritor (ainda) em busca da utopia”. In: SCRITA,


Belo Horizonte, v.3, n 5, p.243-259, 2 sem.1999. Disponível em: <http://
periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/10318/8436>. Acesso
em 23/06/2018.

MINUZZI, Luara Pinto. “Quatro olhares sobre Angola: entrevistas com Boaventura
Cardoso, Pepetela, José Eduardo Agualusa e Ondjaki”. Disponível em: <http://
dx.doi.org/10.15448/1983-4276.2017.1.28355>.

MURARO, Andrea Cristina. “As ‘prendisajens’ poéticas nas obras de Manoel de


Barros e Ondjaki: diálogos com o chão. In: Revista Kalíope, São Paulo, ano 3, n.2,
p.48-60, julho-dez. 2007. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/
kaliope/article/view/3740/2440>.

NEVES, Alexandre Gomes. “os da minha rua Ondjaki”. Revista Crioula, São
Paulo: USP – no 3 – maio de 2008. Disponível em: <www.periodicos.usp.br/
crioula/article/download/54026/57958>. Acesso em 23/06/2018

ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua geral, 2007. (Coleção ponta
de lança)

PEPETELA. Mayombé. São Paulo: Leya, 2013.

_______. A geração da utopia. São Paulo: Leya, 2013.

PINHEIRO, Vanessa Riambau. “A literatura angolana no cenário ficcional:


tendências e perspectivas”. In: Revista Graphos, vol. 16, n° 1, 2014 | UFPB/
PPGL | ISSN 1516-1536 1

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Sites acessados
Programa da Roda Viva - José Eduardo Agualusa - 04/07/2011 <https://
www.youtube.com/watch?v=VXrQFxhuI5w&t=2890s> (acesso em 22/06/2018)

Mar de Letras -- Mia Couto e José Eduardo Agualusa <https://www.youtube.


com/watch?v=3J2zbbux8mY> (acesso em 22/06/2018)

<https://www.youtube.com/watch?v=SgSsuOBU7ZQ&t=281s>

<http://www.kazukuta.com/ondjaki/ondjaki.html>

<http://www.kazukuta.com/ondjaki/a_bicicleta.html>

<https://prefaciocultural.wordpress.com/2011/11/24/entrevista-com-
ondjaki-2/> (acesso em 22/06/2018)

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