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Tc-1 Mirian K Oliveira 30-07-19
Tc-1 Mirian K Oliveira 30-07-19
Videira, SC
2019
MIRIAN KHETLIN FREITAS DE OLIVEIRA
Videira, SC
2019
MIRIAN KHETLIN FREITAS DE OLIVEIRA
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Professora Esp. Tulainy Parisotto
Universidade do Oeste de Santa Catarina
______________________________________
Professora Michelli Ribeiro
Universidade do Oeste de Santa Catarina
______________________________________
Me. Professora Inara Pagnussat Camara
Universidade do Oeste de Santa Catarina
“Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais.”
(KANT, 1924)
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me dar a oportunidade de chegar até aqui, e
passar por mais essa etapa, sem Ele não teria forças para concluir mais essa fase da minha vida.
Agradeço a minha rainha Marli, a mulher que me deu a vida, mas muito mais do que
isso me ensinou a amar e respeitar a todos os seres da mesma maneira, sem seus cuidados e
carinho teria sido muito mais difícil chegar até aqui. Agradeço minha irmã Maiara, minha eterna
melhor amiga, a pessoa que mais me apoia nesse mundo, me ensinou a amar os animais apenas
observando seu profissionalismo como ótima veterinária que é. Agradeço ao meu pai e dedico
esse trabalho a memória dele, que mesmo não estando aqui me faz sentir a obrigação de ser
uma pessoa melhor para honrar suas conquistas e nunca decepcionar sua história, homem de fé,
amigo de todos.
Agradeço a Phoebe minha eterna companheira de quarto patas, nunca achei que poderia
amar tanto um serzinho assim, esse tema de trabalho foi escolhido pois queria que todos os
animais pudessem ser amados como eu a amei, todos os animais merecem um lar, amor, carinho
e amizade, e todas as pessoas deveriam saber como é ter um animal em casa, é um amor puro
que não mede suas riquezas ou posses, é genuíno pois só envolve companheirismo.
Agradeço ao Henann meu parceiro, melhor amigo e companheiro, sempre me motiva a
seguir em frente. Minha avó Lucia e meu avô José pelas incessantes orações sempre me
ajudando a ser melhor, agradeço meu padrasto Jorge, minha tia Marlene e minhas primas
Thaiani e Thainá, o amor que envolve nossa família me dá forças todos os dias. Esse amor
também se estende aos animais da familia, Jhony nosso cão ancião, Amy nossa princesa, Lara,
Vick e agora nosso mais novo adotado Alberto.
Agradeço a minha Professora Inara que além de minha orientadora e amiga, divide
comigo seu conhecimento e também o amor pelos animais. Agradeço ao Coordenador Jeferson
pelas inúmeras vezes que me ajudou e também agradeço todos os professores pela dedicação e
ensinamentos durante esses anos de curso.
Agradeço todos que de alguma forma contribuíram para que essa caminhada fosse mais
leve e satisfatória, aos amigos que me acompanham desde sempre, e aos que fiz na faculdade,
e a todos que de alguma maneira contribuíram para a concretização desse estudo.
Obrigada de coração!
RESUMO
The present work has the purpose of elaborating a study for the creation of a small animals
shelter in Joaçaba, Santa Catarina. Pets are increasingly present in people's lives, which ones
are treated as loved family members, however, with the domestication of these animals, a reality
that affects the whole world comes up, the large population of animals on the street. Through
theoreticals and datas bibliography, this research verifies Brazil’s and world’s current situation
and the animal causes. Despite the support of NGO’s in this scenario, the lack of public
assistance and the increasing number of abandoned animals affects public health, since the
exposure of these animals to the urban environment, it causes diseases and the public area’s
depredation. Through the theoretical references, case studies and NGO’s assistance through
interviews, it was possible to establish a demand in Joaçaba, and punctuate conditions, concepts
and parties that will be proposed in the project step. The main purpose of this study is to use
architecture as a tool to reduce the number of abandoned animals in the city, to take care of
basic needs and to bring comfort, shelter and healthy care and provide adoption. In addition to
the improvements highlighted, another benefit from the project would be the community
education through the proposed environment, which will accommodate not only animals but
also people.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 15
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17
2.1 A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO HUMANO: PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO
DOS ANIMAIS ........................................................................................................................ 17
2.2 CENÁRIO PET NO BRASIL ............................................................................................ 18
2.2.1 O mercado pet nacional ............................................................................................. 18
2.2.2 Adoção de animais ..................................................................................................... 20
2.2.3 Abandono de animais ................................................................................................ 21
2.2.4 ONG’s Nacionais ....................................................................................................... 22
2.3 ANIMAIS ABANDONADOS X SAÚDE PÚBLICA ....................................................... 23
2.3.1 Zoonoses ..................................................................................................................... 24
2.4 DEFESA DA CAUSA ANIMAL PELO PODER PÚBLICO ........................................... 27
2.4.1 Declaração Universal dos direitos dos animais ....................................................... 28
2.4.2 Leis Federais .............................................................................................................. 29
2.4.3 Leis do Estado de Santa Catarina ............................................................................ 31
2.4.4 Leis do Município de Joaçaba .................................................................................. 32
3.1 ESTUDO DE CASO NACIONAL .................................................................................... 35
3.1.1 União Internacional Protetora dos Animais - UIPA .............................................. 35
3.1.2 Centro de Treinamento e Pesquisa para Animais Domésticos Abandonados ..... 42
3.2 ESTUDO DE CASO INTERNACIONAL ......................................................................... 53
3.2.1 Sociedade Real para Prevenção da Crueldade Contra Animais – RSPCA.......... 53
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 66
4.1 ANÁLISE DO PÚBLICO ALVO ...................................................................................... 66
4.1.1 Dados do Perfil A – Cachorros e gatos que estão nas ruas. ................................... 67
4.1.2 Dados do Perfil B – Visitantes, estudantes e trabalhadores. ................................. 69
4.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................................. 70
4.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO ............................................................................................ 71
4.4 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA ........................................................................... 73
4.5 ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 75
4.5.1 O município ................................................................................................................ 75
4.5.2 Escolha da área de intervenção ................................................................................ 78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 99
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 100
14
1 INTRODUÇÃO
Na sociedade atual, os animais estão cada vez mais sendo domesticados e tratados como
membros da família. Segundo o IBGE (2013) o Brasil é o quarto país no ranking de população
de animais de estimação no mundo, com 132,4 milhões de pets1. Esse contingente de acordo
com dados do Instituto PetBrasil (2017) movimenta um setor que, em 2016, chegou a ocupar
0,37% do PIB nacional. Porém, a procura é maior para animais de raça definida, que são
comercializados, algumas vezes ilegalmente, por preços exorbitantes enquanto os animais sem
raça definida, acabam tendo um número maior de abandono diário.
A Organização Mundial da Saúde (2014 apud LIMA, 2015) estima que no Brasil
existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões
de cães, considerando que há em média 209 milhões de habitantes no Brasil, seria como se a
cada 7 (sete) pessoas houvesse 1 (um) animal abandonado no país.
O abandono de animais está diretamente ligado à saúde pública, pois por estarem
expostos as condições externas do meio ambiente e não possuírem tratamento adequado, como
vacinas e vermífugos, ficam vulneráveis e acabam sendo transmissores de doenças, como sarna,
febre maculosa, Leishmaniose e raiva, conhecidas como zoonoses (MINISTÉRIO DA
SAÚDE,2018).
Além disso, pela gestação ser rápida (2 meses em média) e gerarem muitos filhotes, não
há um controle de natalidade desses animais, tornando constante o aumento da população nas
ruas, o que ocasiona acidentes de trânsito, proliferação de doenças, contaminação ambiental,
agressões a seres humanos e sujeira no espaço público.
Joaçaba, cidade foco desse estudo, não está muito longe dessa realidade, mesmo
possuindo no município, a Lei Nº 4528 de 26 de setembro de 2014 que institui o projeto de
controle populacional de cães e gatos através de procedimentos de esterilização cirúrgicas
(JOAÇABA, 2014). Esta lei dá prioridade para os animais de ONG2 e também às pessoas com
menor condição financeira, auxiliando a diminuição da procriação. Mas, embora seja eficaz
ainda é insuficiente.
1 Os primeiros registros desse termo usado para animais de estimação são de 1530, da Escócia e do dialeto do
norte da Inglaterra. E nessa época pet era usado como sinônimo de “animal preferido”. São animais criados para
o convívio com seres humanos por razões afetivas, gerando uma relação benéfica. (CSPET-MAPA. 2014)
2
Menescal (1996 apud FURRIELA, 2002) cita que o termo “organização não governamental” (ONG), tradução
do inglês non-governamental (NGO), tem sua origem nas Nações Unidas, onde foi utilizado pela primeira para
designar organizações que atuavam em nível internacional. A Resolução 288(x) de 1950 do Conselho
Econômico e Social (Ecosoc) definiu a ONG no âmbito das Nações Unidas como sendo “Uma organização
internacional a qual não foi estabelecida por acordos não governamentais” Menescal (FURRIELA, 2002).
15
1.1 OBJETIVOS
a) Verificar leis vigentes que envolvem o tema proposto e analisar até onde está sendo feito
pela causa;
b) Buscar referencial teórico por meio de bibliografias e estudos de caso para desenvolver um
estudo adequado e satisfatório de acordo com a necessidade.
c) Levantar dados numéricos com ONG’s locais para estabelecer a demanda e o programa de
necessidades;
d) Buscar terrenos viáveis para implantação, de acordo com o pré-dimensionamento do estudo;
e) Elaborar organograma e fluxograma, buscando um conceito e partido que se adequem ao
tema para o desenvolver o projeto de um abrigo de animais para a cidade de Joaçaba-SC;
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3
De acordo com DICIO (2019) que se lida com facilidade; que é fácil de ensinar e aprende facilmente; manso.
18
o bem estar físico e emocional do animal, entendendo que esse é um ser vivo e tem
necessidades.
Essa terceira fase aconteceu após a migração do homem para as cidades no século XX,
pois com o cotidiano e a falta de tempo, teve-se uma maior carência de relações, desencadeando
o início de um elo afetivo com esses animais, partindo para a domesticação atual, em que se há
estima pelo animal sem obter nada em troca.
A verdade é que a maioria dos donos de animais de estimação costuma tratá-los como
um ente querido, alguém que merece zelo tanto quanto um filho ou outro morador da
casa. Essa postura também transparece na disposição das pessoas para informarem-se
sobre as necessidades específicas de seus pets, a fim de proporcionar a eles uma vida
confortável sob todos os aspectos. (SPC4 BRASIL, 2017, p.7)
A relação do homem com o animal evoluiu ao longo dos anos, e mesmo que a ética
tenha provido uma maior importância para com os direitos dos animais, a domesticação fez
surgir um novo mercado, e com ele novas situações sociais.
4
Serviço de proteção ao crédito, o qual fez informativo sobre gastos do ano de 2017 relacionado aos animais.
19
Brasil 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos domésticos, esse número fez com que em
2017 o país ocupasse o 3º lugar no mercado de faturamento pet, perdendo apenas para os
Estados Unidos e Reino Unido.
Os donos de pets gastam em média R$189,00 reais mensais sendo que esses gastos
incluem alimentação, atendimento veterinário, cuidados e serviços. Como resultado, em 2016
esse setor movimentou cerca de 18,9 bilhões de reais, aumentando 4,9% o consumo em relação
ao ano anterior. (ABINPET, 2017).
Para os donos de animais esses gastos não são tidos como despesa, e sim uma retribuição
aos pets como é citado na pesquisa feita pelo SPC:
Porém esse mercado, que cresce a cada ano em importância e em consumo, não envolve
apenas os gastos gerais e necessários de um pet, envolve também a compra e venda de animais
de raça, fazendo com que entre nesse valor o faturamento por meio dos criadouros comerciais.
Os criadouros comerciais, que tem como função a venda de animais, movimentam
18,2% desse mercado, perdendo apenas para o setor de alimentação pet (55,1%). Segundo
dados da Câmara Legislativa (2016) foram registrados no Brasil 2000 (dois mil) canis5
comerciais e 700 (setecentos) gatis6 comerciais, esses contêm o selo do IBAMA para o
funcionamento, e praticam a venda e procriação de animais classificados como animais de
raça7.
Para os entrevistados na pesquisa da ABINPET (2017) que compraram animais, a maior
justificativa é o desejo de ter uma raça específica de cão ou gato, e também o fato de se ter um
breve conhecimento do comportamento de cada raça, evitando o sofrimento do animal por falta
de adaptação ao ambiente em que será inserido.
Mesmo que o setor de venda de animais seja o que mais empregue pessoas nesse
mercado, cerca de 58% do número total, ainda há uma falta de fiscalização por parte dos órgãos
5
Local em que se abrigam ou criam cachorros.
6
Local em que se abrigam ou criam gatos.
7 Por volta de 1800 cientistas analisaram que o melhoramento genético poderia gerar animais oriundos das
necessidades do homem realizando cruzamentos planejados, selecionando gerações e gerações de filhotes até
chegar a novos cachorros, que atendam a expectativa, como cães pequenos para apartamentos, cães ferozes para
caçadores, etc.(CLUBE PARA CACHORROS, 2017).
20
Muita gente não sabe o que está por trás desse comércio abominável de animais.
Filhotes vendidos em Pets Shops e feirinhas normalmente são provenientes de criações
de fundo de quintal, ou seja, são animais sem o mínimo controle genético [...] São
filhotes que, diferentemente dos provenientes de criadores sérios, não recebem vacinas
adequadas, estando sujeitos à diversas doenças infecto contagiosas. Não recebem ração
de boa qualidade, o que prejudica seu desenvolvimento tanto físico quanto psicológico.
Não possuem controle genético, podendo vir a apresentar doenças degenerativas ao
longo de sua vida, trazendo dor e sofrimento tanto para o animal quanto para seu
guardião. São desmamados precocemente e vendidos antes de completarem dois meses
de idade, o que traz sérios problemas comportamentais e de socialização. Normalmente
são produtos de cruzamentos consanguíneos, o que afeta seu temperamento, originando
filhotes totalmente fora do padrão, agressivos, medrosos e anti-sociais. (SCHULTZ,
2009, s.p.)
Ainda de acordo com SCHULTZ (2009), a resposta mais rápida para a diminuição do
número de criadouros clandestinos é adoção responsável, pois mesmo que haja muitos locais
sérios e preocupados com a saúde dos pets, ainda há milhões de animais que não possuem um
lar no Brasil apenas pelo fato de não terem uma raça definida (SRD)8.
Segundo dados da ABINPET (2017) no Brasil 41% dos cães de estimação foram
adotados, obtendo um número de 21,4 milhões de adoções caninas, enquanto os gatos têm o
percentual de 85% resultando em 18,78 milhões de felinos adquiridos através de adoção.
A pesquisa também contribui com dados de que 45,5% de pessoas que adotaram,
justificam esse ato às questões de princípios por serem contra a venda de animais, partindo em
busca de abrigos e feiras de adoção, enquanto 39,5% recolheram animais em estado de rua pois
sentiram pena. Ainda, a pesquisa sugere que, para aqueles que possuem um animal de estimação
a adoção suscita motivações pessoais, mas também pode resultar de uma ação impulsiva, o que
muitas vezes pode gerar abandono.
De acordo com postagem da revista online Pet na Net (2017) há grandes vantagens na
adoção, tanto para o animal quanto para o tutor, pois além de estar ajudando uma vida, um
8
Segundo o Portal do Dog (2011) são conhecidos popularmente como vira-latas, o termo SRD (Sem Raça
Definida) abrange todos os cachorros que não possuem origem definida, com misturas em sua linhagem de duas
ou mais raças. Um verdadeiro testamento à natureza, a um tempo em que os animais procriavam sem a interferência
do homem, pode-se dizer que esse é o primeiro cachorro do mundo a surgir do lobo.
21
animal adotado gera menos custos, por não serem geneticamente modificados são mais
resistentes à doenças e são mais dóceis.
Segundo informativo da instituição MAPAA9 (2012) a adoção de um animal é um ato
de responsabilidade perante a sociedade e exige muita consciência. Mesmo que no Brasil haja
uma grande porcentagem de adoção, o abandono de animais é diário e excedente.
No Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (2014 apud LIMA, 2015)
há entorno de 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães em estado de rua, mesmo que esses
dados não tenham sido apurados novamente depois do ano de publicação ou sejam mais atuais,
estima-se que esse número aumente a cada ano.
O grande número de animais abandonados está diretamente ligado ao ciclo de
reprodução, pois, segundo infográficos da revista online Amor aos Pets (2018) uma cadela e
seus filhotes podem gerar 67 mil novos filhotes em apenas 6 (seis) anos, enquanto uma gata e
seus filhotes podem gerar até 66 mil novos filhotes em apenas 7 (sete) anos, e esses números
são estimados com apenas dois cruzamentos ao ano.
Esse quadro se agrava a cada dia, pois são milhares de cadelas e gatas parindo,
dificultando o controle. Porquanto o aumento da procriação, na população abandonada
destes animais, é grande e acelerado, situação esta que se agrava com a ausência de uma
política pública adequada para a administração do problema. (SANTANA e
MARQUES, 2001, p. 1).
Ainda de acordo com Santana e Marques (2001) estes números crescem no período das
férias pois muitos proprietários vão viajar e não tem local para deixar seus animais e acabam
simplesmente os abandonando.
Completa-se dizendo que a verticalização das cidades, também tem uma parcela de
responsabilidade nesses números, pois muitas pessoas deixaram de habitar casas com grandes
pátios para morarem em apartamentos por questões de segurança, porém a grande maioria dos
condomínios não permitem a presença de cães e gatos, e quando permitem são pequenos
espaços para o lazer do animal.
9
Meio Ambiente e Proteção Animal - Instituição sem fins lucrativos fundada em 2011 que une o trabalho de
ONG’s do Brasil para resgate de animais abandonados, e acolhimento de animais vítimas de maus tratos.
(MAPAA, 2019).
22
A adoção por impulso também acarreta em abandono, pois muitas pessoas recolhem,
adotam ou compram animais sem planejamento e sem pensar nos custos e compromissos que
geram a posse de um animal, e acabam perdendo o interesse ou ficando frustrados.
Desse modo, Santana e Oliveira (2004) citam que uma das raízes da problemática é a
compra ou adoção de animais por impulso, por isso há a necessidade de campanhas educativas
ambientais que deem apoio a população e informação aos guardiões de animais, alertando para
o planejamento de quantos animais a família suporta e o custo financeiro que possui o cuidado
animal.
De acordo com Schultz (2009) a castração10 também é um meio eficaz para a diminuição
da parcela de animais nas ruas, pois além de conter a reprodução desacelerada, evita doenças
nos animais, deste modo cooperando com a saúde pública.
Mesmo havendo muitas soluções para o problema de abandono, o número de cães e
gatos abandonados no Brasil cresce a cada dia e o controle se torna cada vez mais distante, pois
a ajuda dos órgãos públicos é limitada, e a importância dada para a educação sobre o assunto é
insuficiente.
No Brasil em 2014 foi aprovada a Lei nº 13.019/2014, que ficou conhecida como
o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), essa lei estabelece e
regula no âmbito jurídico, as parcerias entre a Administração Pública e as Organizações da
Sociedade Civil, assim as ONG’s tiveram direito ao registro de atuação, para que trabalhem em
busca do interesse público recíproco. (BRASIL, 2014)
De acordo com Silveira (2006) as Organizações Não-Governamentais (ONG’s) são um
conjunto de entidades que integram o Terceiro Setor11 da economia do país, nesse setor estão
inclusas toda e qualquer entidade sem fins lucrativos, independente das finalidades pelas quais
são constituídas.
Ainda completa que as ONGs, são uma espécie de exceção dentro do conjunto de
entidades que fazem parte do Terceiro Setor, pois as atividades para as quais são instituídas são
de cunho social e podem ser direcionadas para educação, saúde, cultura, comunidade, apoio à
10
Nas fêmeas consiste na remoção de ovários e útero, nos machos consiste na retirada dos testículos – evitando
que ele produza espermatozoides e testosterona e, consequentemente, que possa reproduzir. (MADI, 2015)
11
O de Terceiro Setor é o conjunto de entidades privadas, sem finalidades lucrativas, que atuam na sociedade civil,
em espaços que não são atingidos pelo Primeiro Setor (o Estado ou setor público e seus entes políticos, como
Prefeituras e Governos Estaduais) e o Segundo Setor (o mercado ou setor privado, que são as pessoas jurídicas
que visam ao lucro. (SILVEIRA,2006).
23
criança e ao adolescente, aos animais, ao meio ambiente, aos portadores de deficiências, entre
outros, não tendo benefício ou giro financeiro para a organização como empresa, porém se
houver retorno financeiro, esse é para custear as necessidades da causa.
Segundo o site de buscas Guia de Mídias (2019) , existem 308 páginas referentes
à ONGs de Animais, proteção e preservação animal e adoção de animais no Brasil, essas são
organizações que possuem site, porém ainda há voluntários e ajudantes da causa animal que
usam apenas as redes sociais como ferramenta para alcançar o público, ou seja, o número de
instituições de apoio a essa causa ainda é maior.
As ONG’s de animais no Brasil realizam o papel de acolhedoras, comunicadoras e
conscientizadoras. De acordo com Rodrigues (2015) também se dedicam nas atuações como,
recolhimento de animais encontrados nas ruas ou vítimas de maus tratos através de denúncia,
tratamento veterinário e medicamentoso se necessário, e lar temporário até o momento da
adoção. Atuam também no auxílio a tutores cujos animais domésticos fugiram, divulgando em
seus veículos de comunicação, auxiliando na participação da busca dos animais perdidos.
Todos esses serviços são feitos pelo voluntariado de cada organização, porém todo o
processo tem um custo elevado e mesmo com a colaboração de médicos veterinários que
realizam procedimentos por preços mais acessíveis, as organizações não conseguem atender
toda a demanda.
Segundo Rodrigues (2015) as ONGs de pequeno porte dependem exclusivamente das
contribuições da sociedade para exercerem sua atividade e essa dependência de recursos
financeiros torna praticamente impossível realizar planejamentos de médio e longo prazo, o que
representa uma das maiores barreiras enfrentadas por essas organizações.
Por não terem recursos financeiros, acabam não tendo reservas para um espaço físico,
assim, segundo Rodrigues (2015) os lares temporários dependem apenas dos protetores que se
responsabilizam pelos cuidados dos cães e gatos até a posterior adoção, havendo uma
dependência das ONGs para com os protetores, o que limita os recolhimentos e também gera
maiores preocupações quanto às procriações e contágio de doenças devido às superpopulações
existentes nesses lares temporários.
Além disso muitos animais por passarem fome, reviram os lixos públicos e particulares
em busca de alimento fazendo sujeira no espaço público e gerando proliferação de larvas de
mosquitos. Ainda, inúmeros desses animais vagam pelas ruas sem vacinação ou qualquer
controle populacional, estando suscetíveis a contrair doenças e consequentemente transmiti-las.
2.3.1 Zoonoses
12
A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma mansoni. Inicialmente a doença é
assintomática, mas pode evoluir podendo levar à morte. É conhecida popularmente como “barriga d’água” ou
“doença dos caramujos”. Para que haja transmissão é necessário um indivíduo infectado liberando ovos de
Schistosoma mansoni por meio das fezes, a presença de caramujos de água doce e o contato da pessoa com essa
água contaminada, assim as larvas penetram na pele e ela adquire a infecção. A maioria dos ovos do parasita se
prende nos tecidos do corpo humano. (BRASIL, 2016)
13
É causada pela ingestão de um produto/alimento contendo a enterotoxina estafilocócica através de produtos de
origem animal contaminados, que não foram cozidos ou refrigerados adequadamente, permanecendo em
temperatura ambiente por determinado tempo que permita a multiplicação do organismo e a produção da
enterotoxina termo-estável. Superfícies e equipamentos contaminados podem ser também a causa de intoxicações.
(SÃO PAULO, 2013)
25
14
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa causada por um protozoário que compromete as vísceras
e acomete mamíferos domésticos e silvestres tornando-os reservatórios podendo transmiti-los para humanos. Em
humanos causa febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, entre outras manifestações,
podendo evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. O cão é o principal reservatório e fonte de infecção no
meio urbano. As infecções em cães têm sido mais prevalente que no homem. (BRASIL, 2016)
15
A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado “Toxoplasma Gondii”, encontrado nas
fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de
água ou alimentos contaminados e é uma das zoonoses mais comuns em todo o mundo. A fase aguda da infecção
tem cura, mas o parasita persiste por toda a vida da pessoa e pode se manifestar ou não em outros momentos, com
diferentes tipos de sintomas. (BRASIL, 2019). Essa é uma doença que preocupa principalmente as mulheres
grávidas, porém por conta de falta de conhecimento muitas acabam se livrando dos animais achando que eles
podem transmitir a doença apenas com o contato. Mas a verdade é que apenas as fezes felinas são infectadas, se
não houver contato direto com a fezes, não há infecção da doença.
16 No Brasil há apenas dois casos de cura, o primeiro aconteceu em 2008. No restante do mundo, existem relatos
de apenas mais três outros casos de cura: dois nos Estados Unidos e outro na Colômbia. A primeira cura de raiva
humana no Brasil, bem como o sucesso terapêutico da paciente dos Estados Unidos, abriu novas perspectivas para
o tratamento dessa doença, considerada até então letal. (BRASIL, 2018)
17 No ciclo rural há casos em bovinos, equinos, morcegos, além de também apresentar casos em animais silvestres.
(BRASIL, 2017)
26
18
Disponível em :<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:0BNWYVuC9IMJ:portalarquivos.sa
ude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/19/Normas-tecnicas-profilaxia-raiva.pdf+&cd=3&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br> Acesso em: 20 mai. 2019.
19
Departamento de Zoonoses é a opção adotada pelo governo federal para garantir o bem-estar de animais e da
população. Agindo no controle das zoonoses e na prevenção de epidemias. Tais unidades de saúde já podem ser
encontradas hoje em todos os estados do País. Embora nem todo mundo saiba exatamente como funciona ou qual
é o trabalho realizado pelo centro de zoonoses, muitos se sentem mais familiarizados com o tema quando se fala
em “carrocinhas”. O departamento age de maneira a extinguir do País algumas das principais e mais perigosas
zoonoses – como raiva e leishmaniose – estes centros de controle também são responsáveis pela vacinação de
animais e a educação populacional; direcionada para que a população em geral tenha informações suficientes para
saber como se prevenir e evitar a propagação de doenças em animais e pessoas.(TOYOTA, 2018)
27
[...] até três mil cães eram sacrificados todos os anos na cidade de Cali, na
Colômbia, como forma de combate à raiva animal. Conseguimos, no entanto,
convencer as autoridades locais a optar pela esterilização destes animais. O
resultado foi uma redução de aproximadamente 25% da população de cães de
rua, além da diminuição dos casos de pessoas mordidas. E mesmo tendo sido
encerrada a campanha de vacinação, 10 mil pessoas pagaram voluntariamente
para terem seus cães esterilizados ao invés de sacrificá-los. (WORLD
ANIMAL PROTECTION, ONLINE, s.p)
As zoonoses são doenças que podem acometer qualquer animal ou ser humano que não
esteja vacinado, e é responsabilidade dos órgãos públicos o controle dessas doenças. A
castração por sua vez ajuda nesse quadro também pois diminui o número de animais vulneráveis
a serem hospedeiros da doença, além de ajudarem na saúde pública, ajudam na redução de
animais abandonados nas ruas.
A jurisdição relacionada aos animais foi sendo criada, reformulada e adaptada a partir
do momento em que houve a percepção da importância que os bichos tinham na vida do homem
e de como esse relacionamento é crucial para a convivência interespécies no meio em que se
vive.
Para elaborar um estudo de um abrigo é fundamental informar-se sobre as leis vigentes
no país, estado e município de aplicação do projeto, que estão favorecendo o tema. Mesmo que
hajam ONG’s que trabalhem para a causa animal, ainda há falta de preocupação do poder
20
As vacinas são substâncias biológicas que protegem os animais de determinadas enfermidades. Elas são
preparadas nos laboratórios a partir dos microrganismos causadores de doenças infecciosas, como as bactérias e
os vírus. O objetivo é estimular o organismo do indivíduo a produzir anticorpos sem contrair a doença, a fim de
potencializar seu mecanismo de defesa. Com a aplicação da vacina, é possível desenvolver uma memória
imunológica, que nada mais é do que uma produção antecipada de anticorpos especializados, que irão reconhecer
o invasor caso o animal seja infectado por ele. (SYNTEC, ONLINE)
28
público com as leis vigentes da causa, e também a omissão dos cidadãos nas ocorrências de
denúncias, maus tratos e abandonos dificultam o cumprimento a lei.
Em 1978 na cidade de Bruxelas na Bélgica, foi realizada pela UNESCO uma sessão em
que foi escrita a carta em âmbito internacional chamada Declaração Universal dos Direitos dos
Animais no dia 27 de janeiro de 1978.
Essa declaração institui que os animais têm direito a vida como qualquer outro ser vivo
e que o respeito dos homens pelos animais está diretamente ligado ao respeito dos homens pelo
seu semelhante, e ainda considera que desde a infância os pais e o país através da educação,
devem ensinar a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais. (UNESCO, 1978)
O artigo 2º da declaração ressalta que o homem não pode exterminar ou explorar, e tem
o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais. No artigo 3º é enfatizado que se
for necessário matar um animal, ele deve ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não
lhe provocar angústia, deixando claro que animais feitos para abate ou vítimas de doenças
infecciosas para humanos devem morrer de forma rápida e sem sofrimento.
Sobre todos os animais:
Ainda refere aos direitos dos animais domésticos no Artigo 6º citando que todo animal
que o homem escolheu para sua companhia tem direito a uma duração de vida conforme a sua
longevidade natural. E ainda sobre o estudo desse tema diz que o abandono de um animal é um
ato cruel e degradante. (UNESCO, 1978)
A Declaração Universal dos direitos dos animais ainda defende que toda e qualquer
experimentação animal que implique em sofrimento físico ou psicológico fere os direitos do
bicho, e todo ato que implique na morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja,
29
um crime contra a vida, caso haja a morte conjunta de muitos animais trata-se de um genocídio,
um crime contra a espécie.
Por fim declara no Artigo 14º que os organismos de proteção e de salvaguarda dos
animais devem estar apresentados a nível governamental, ou seja, as ONG’s têm que ter apoio
do governo, e ainda enaltece que os direitos do animais devem ser defendidos pela lei como os
direitos do homem.21
Porém mesmo essa lei tendo grande importância para a causa animal ainda havia muitas
falhas que podiam ser contornadas pelos mal feitores, e ainda a fiscalização sobre essa lei é
insuficiente, mas é possível notar que desde esse período era comum casos de maus tratos e
abandono animal.
Em 1967 foi aprovada a Lei Federal de proteção a fauna a Lei nº 5197/97 que serviria
de complemento ao decreto de 1934, essa lei dispõe sobre a proteção à fauna e diz que os
animais de qualquer espécie, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, com seus ninhos, abrigos e
criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição,
destruição, caça ou apanha.
A constituição federativa do Brasil de 1988 também tem um capítulo que se refere
apenas ao meio ambiente, o Capitulo IX, o Artigo 225º incumbe ao poder público e a sociedade
o dever de cuidar, preservar e defender o meio ambiente, também se tratando de fauna e flora
21
Todos os dados desse item da declaração foram retirados da Declaração Universal dos Direitos dos animais.
(UNESCO, 1978)
30
como bem comum da sociedade, cabe a esses fiscalizar as práticas que coloquem em risco a
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Porém mesmo que seja crime cometer crueldade contra animais, essa mesma
constituição termina o capítulo que se refere ao meio ambiente dispondo:
Logo em seguida no ano de 1998, foi aprovada a Lei nº9.605 que tratava como crime
ambiental qualquer pratica de abuso, maus-tratos, mutilação e ferimento a animais
domésticos ou domesticados, passível de pena e multa.
Ainda essa mesma lei diz que será julgado com as mesmas penas quem realiza
experiência dolorosa ou cruel em animal. Essa lei deu início a uma série de fiscalizações com
maior âmbito nas indústrias de cosméticos e produtos que utilizavam animais para testes
dermatológicos ou farmacêuticos.
22
Enquanto os animais silvestres e domésticos, gozam de uma tutela jurídica superior – que lhes confere, inclusive,
o direito à vida e à liberdade – os animais submetidos à exploração econômica pela pecuária e pela pesca – bois,
vacas, porcos, galinhas, carneiros, além de variadas espécies de peixes, moluscos e crustáceos – ainda não
conseguiram alcançar o nível mais inferior de efetividade dos seus direitos básicos. (JUNIOR, 2018, p. 57)
31
Além dos decretos e leis federais, os estados também possuem leis referentes ao tema
de estudo, essas leis mesmo que estejam inferiores ao poder legislativo federal são de grande
importância pois estabelecem itens mais específicos, deixando menores brechas na lei.
De acordo com Ataide Junior (2018) esse ordenamento jurídico de Direito Animal
também é composto pela legislação estadual, dado que a Constituição distribuiu competência
legislativa entre União e Estados para legislar sobre a fauna.
Art. 2º É vedado:
I - agredir fisicamente os animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou exóticos, sujeitando-os a qualquer tipo de experiência capaz de
causar-lhes sofrimento ou dano, ou que, de alguma forma, provoque condições
inaceitáveis para sua existência;
II – manter animais em local desprovido de asseio, ou que os prive de espaço,
ar e luminosidade suficientes;
IV – exercer a venda ambulante de animais para menores desacompanhados
por responsável legal;
V - expor animais para qualquer finalidade em quaisquer eventos
agropecuários não autorizados previamente pela Secretaria de Estado da
Agricultura e Política Rural;
VI – criar animais em lixeiras, lixões e aterros sanitários públicos ou privados.
VII – enclausurar animais com outros que os molestem ou aterrorizem; e
VIII – eutanasiar animais com substâncias venenosas ou outros métodos não
preconizados pela Organização Mundial de Saúde Animal, pelo Conselho
Federal de Medicina Veterinária e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. (SANTA CATARINA, Lei nº 12.854, 2003)
Essa mesma lei, em janeiro de 2018 foi acrescida de um novo parágrafo, o Artigo 34º
que estabeleceu que cães, gatos e cavalos são seres sencientes, e isso os dá o direito como
qualquer outro ser vivo, pois são classificados como sencientes seres que sentem alegria, dor e
angústia.
32
Com essa lei, vigora no estado uma maior abrangência dos atos de maus tratos, porém
a lei dá suas penalidades apenas em forma de multa, advertência ou apreensão dos animais e
equipamentos utilizados pelo infrator.
Joaçaba;
IV - Demais cães e gatos do Município de Joaçaba, dando-se prioridade para
as fêmeas. (JOAÇABA, LEI Nº 4528, 2014)
Nessa mesma lei o Artigo 13º refere a proibição da soltura ou abandono de animais em
vias e logradouros públicos e privados, sob pena de multa. Mesmo que haja pelo município
algumas leis de apoio as ONG’s da causa animal e auxílio financeiro para as castrações, o Art.
16º cita as necessidades de promover programas de educação continuada de conscientização da
população a respeito da propriedade responsável de animais domésticos, e ainda como esse
estudo, visa contar com parcerias e entidades de proteção animal e outras organizações não
governamentais e governamentais, universidades, empresas públicas e/ou privadas para que
34
haja o incentivo de propagar essa lei de educação para com os animais no município.
(JOAÇABA, 2016)
35
3 ESTUDOS DE CASO
A UIPA é a mais antiga associação civil brasileira sem fins lucrativos que defende a
proteção dos animais. Fundada em 1895, seus organizadores instituíram o Movimento de
Proteção Animal no Brasil com o objetivo de lutar contra a exploração, o abandono e a
crueldade, além de combaterem a ultrapassada política de saúde pública, que extermina cães e
gatos, por conta das zoonoses.
A Clínica Veterinária do abrigo foi inaugurada em 1919 como o primeiro hospital
veterinário do país, o hospital é beneficente, e ainda inclui um centro de recuperação de animais
vitimados por abandono, acidentes e crueldade.
Por ser uma obra antiga, a arquitetura é do período colonial (Figura 2), com telhas de
barro e construção de alvenaria, há locais do abrigo que passaram por reformas, podendo ter
sido modificado os aspectos da construção, porém não se teve acesso a esses dados.
De acordo com Vieira (2017) o terreno da instituição compreende uma extensa área de
aproximadamente 6.000m² (seis mil), o bloco principal ocupa aproximadamente 320m², o
terreno é plano e está às margens do Rio Tietê.
36
A obra está localizada no estado de São Paulo, na cidade de São Paulo, no bairro
Canindé (Figura 4). O acesso principal se dá pela marginal Tietê, avenida de grande fluxo,
também possui ponto de ônibus a 150m, e terminal rodoviário do outro lado da marginal.
23
Disponível em: <http://www.uipa.org.br/acervo-fotografico/> Acesso em: 20 mai. 2019.
24
Disponível em: <http://www.uipa.org.br/infraestrutura/> Acesso em: 20 mai. 2019.
37
De acordo com Vieira (2017) a instituição é composta por recepção, sala de espera,
banheiros, cinco ambulatórios, sala de preparo, sala de procedimentos, sala de materiais e área
de estar dos funcionários.
Ainda completa dizendo que nos fundos estão as baias de banho dos animais, depósito
de ração e área de serviços. No restante do terreno estão dispersos os canis (Figuras 7 e 8),
39
agrupados em blocos de quatro canis comunitários, com capacidade máxima para oito cães em
cada, ainda há o gatil onde ficam todos os gatos recolhidos (Figura 9). Entre os blocos de
animais sadios, existe uma área reservada para animais com doenças ou em tratamento, que
requer maiores cuidados, denominado quarentenário (Figuras 10 e 11).
Um dos cuidadores relatou que a triagem feita na chegada dos cachorros é fator
preponderante no nível de sociabilidade de um animal com os demais, assim há uma melhor
distribuição dos bichos, não pelo sexo, pois todos os animais são castrados. (VIEIRA, 2019)
De acordo com os dados climáticos do Projeteee (2019) São Paulo possui ventos
reinantes que vem da direção Leste e Sudeste, porém a ventilação ocorre em todas outras
direções em menor velocidade, assim pode-se perceber que todas as fachadas são ventiladas,
também há uma grande arborização da área como mostrado nas figuras anteriores, esses fatores
ajudam no conforto térmico da obra, amenizando as temperaturas, pois há sombra na maioria
dos setores e os ventos ajudam a regular a amenidade da temperatura. A ventilação em um
abrigo de animais é importante pois ajuda atenuar o forte cheiro.
41
As informações arquitetônicas desse projeto são insuficientes para fazer uma análise
mais aprofundada das fachadas e plantas, porém por imagem do Google Maps é possível
perceber em plantas a disposição dos blocos da instituição. São formas simples de retângulos,
que foram dispersos de forma assimétrica pelo terreno como mostra a Figura 13.
Por se tratar de uma associação que é pioneira e referência no Brasil, a UIPA é poderia
disponibilizar mais dados e informações sobre a estrutura do local, porém quando se fala em
42
25
Disponível em: < https://cassimcalazans.com.br/wp-content/uploads/2016/06/propondo-mundo-melhor3-
1.jpg> Acesso em: 20 mai. 2019.
44
O programa de necessidades do projeto é bem amplo, nas áreas de serviços conta com
café, biblioteca, laboratórios e salas que podem ser disponíveis para palestras e aulas. Por se
tratar de um local de pesquisa o projeto também conta com algumas instalações para moradias
temporárias voltadas para os estudantes, afim de facilitar os estudos e minimizar o
deslocamento dos usuários, uma vez que será um item que gerará lucro junto ao centro
educacional e os comércios para manter o Instituto. (CASSIM; CALAZANS, 2016)
Ainda propõe que a sede do Conselho Regional De Medicina Veterinária que está
dispersa em um local desapropriado na cidade, seja transferida para o centro de pesquisa,
47
agregando-a na obra atraindo grandes profissionais da área, pois no centro também está
proposto uma clínica veterinária e área de exames.
Os canis dos animais recolhidos estão no subsolo da obra junto com a área de
treinamento para animais e recreação, também conta com espeço para banho e tosa. Toda essa
área está ao lado do estacionamento, fazendo com que as pessoas passem pelos canis após
deixarem seus carros. Como o espaço é amplo serve como área de visitação, que pode gerar o
interesse de futuros tutores desses animais.
Não há uma divisão pública, privada ou semiprivada para cada pavimento, as atividades
estão distribuídas em todos os pavimentos, porém cada bloco e setor tem sua própria circulação
49
vertical, através de escadas e elevadores, assim os visitantes do centro podem acessar direto a
circulação do local que pretendem visitar ou trabalhar.
No site das arquitetas não há especificado o material que será usado no projeto, porém
pelas plantas e fachadas presume-se que sejam estruturas metálicas pelo desenho apresentado
de pilares e lajes. Para a fachada foi projetada uma malha ornamental de madeira que abraça
todo o prédio, ainda há vidros sobrepostos a essas malhas que funcionam como brises, para
obter melhor conforto térmico na edificação.
onde se encontra a área de lazer, e pela forma que estão dispostos aparentam ser simétricos e
lineares.
Porém em planta percebe-se que não são cubos lineares e não há simetria entre eles, os
elementos formam ângulos diferentes e não há uma sequência ou ordem na colocação. A forma
que norteia o projeto acaba sendo a da praça que forma um triângulo com subtração de formas
de elementos, os blocos contornam o eixo da forma e acabam seguindo a angulação que está
disposta em projeto. (Figuras 26 e 27)
Os ventos de Florianópolis são reinantes na orientação sul e norte, mas por se tratar de
uma cidade litorânea, todas as fachadas são ventiladas. Por ser um local que abriga animais a
ventilação ajudaria a minimizar o odor dos animais, porém o local de abrigo se encontra no
subsolo do projeto, devendo então receber ventilação forçada para amenizar o cheiro.
A fachada principal que está para a Av. Hercílio Luz não possui tanta incidência solar,
porém os blocos principais estão dispostos nas laterais do terreno e esses recebem insolação na
maior parte do dia, como mostra a Figura 28, há incidência solar nos dormitórios, na biblioteca
e no estar dos funcionários, deixando o local mais agradável em épocas mais frias, porém por
ter sido utilizado muito vidro pode ocorrer um grande aumento de temperatura no interior,
podendo ser necessário o uso de ventilação artificial.
52
Mesmo se tratando de uma proposta, que não foi executada o centro auxilia no
entendimento da indispensabilidade de um grande e variado programa de necessidades, para
que a função de abrigo possa ser mantida financeiramente.
O centro de treinamento e pesquisa para animais abandonados, está inserido como um
grande complexo no meio de uma área central, e por conta disso acaba sendo feito o
questionamento quanto aos resíduos, ruídos e odor que são gerados em um abrigo, nas
informações disponíveis do projeto não se encontra nada sobre o assunto e para esse estudo é
importante observar soluções para esses problemas, havendo então uma carência na
preocupação do bem estar animal, e a minimização da proliferação de doenças.
Com grande destaque arquitetônico e um vasto programa de necessidades o centro acaba
ligando suas funções a vários temas, o abrigo de animais está interligado à área de
estacionamento e a praça onde há um grande fluxo de pessoas além de lanchonetes e locais de
descanso. Além disso o projeto abre um leque de possibilidades de ajuda financeira sem a
dependência de voluntários ou de auxílio do governo.
53
26
Disponível em: <http://nharchitecture.net/projects/rspca/> Acesso em: 20 mai. 2019.
54
27 A localidade está disposta em no máximo de 4 pavimentos, a obra se destaca pois está em uma escala
monumental comparada ao entorno. (Análise feita através do Google Earth, 2019).
55
Para o desenvolvimento da obra, o partido foi uma entrada única que fosse clara para
quem fosse adotar um animal, e que só depois se abrisse para novos compartimentos, onde a
composição fosse um conjunto de peças repetitivas e originais, fechadas e abertas, parciais e
integrais.
O edifício possui 5 (cinco) blocos (Figura 33) cada um com acesso separado, além disso
possui 2 (dois) níveis de acesso por uma extensa rampa (Figura 34 e 35). Os quatro pátios
externos que circundam os blocos ganharam grande destaque com a paginação no chão, feita
de diferentes materiais táteis, cores e desenhos. Esses desenhos de acordo com informações do
site, representam as diferentes pelagens que um cão pode possuir, por conta das misturas de
raças, já que a maioria se trata de cães sem raça definida (Figura 36).
O projeto visa o bem-estar animal através da integração de espaços, luz e ventilação
natural, sendo uma referência de abrigo internacionalmente, além de ter ganho prêmios
nacionais na categoria Arquitetura Sustentável em 2008.
O acesso do público ao edifício acontece pela frente da obra antiga, para os funcionários
a entrada também pode ser pelos fundos do terreno, o estacionamento está na frente e nas
laterais da obra, porém como citado anteriormente, há a possibilidade de os interessados virem
de ônibus ou trem elétrico, como mostra a Figura 37.
O edifício, por se tratar de uma ampliação para a função específica de abrigar cães,
possui apenas local de abrigo e preparação de comida. Porém o programa de necessidades é
59
amplo e contempla área para treinamento de animais, abrigo, quarentena para recuperação,
espaço para passeios, banheiros, depósitos, circulação horizontal e vertical (rampas, escadas e
elevador) e área de alimentação e preparação de alimentos dos animais (Figura 38).
A área de quarentena é como qualquer outro canil da obra, os cães que chegam ao
RSPCA recebem atendimento médico (no edifício antigo) e apenas quando necessário, são
colocados em quarentena, assim nesse período eles são avaliados sobre problemas
comportamentais e doenças crônicas.
Os canis atendem a funcionalidade de abrigar, e ainda dão conforto necessário para o
cão enquanto estiver no local até sua adoção, como mostra Figura 39. Outro elemento que
chama atenção é que cada animal tem seu canil individual, evitando brigas, contágio de doenças
e facilita a visualização dos interessados em adotar algum dos animais, o abrigo conta com 200
canis, sendo 100 deles no primeiro pavimento e outros 100 no pavimento superior .
60
Para que houvesse economia no projeto, a obra foi feita em estrutura metálica e revestida
de uma padronização de painéis metálicos corrugados em preto e branco, como mostra a Figura
40, o uso das cores foi proposital após estudo de que eram estimulantes para os cães.
Analisando a formalidade a partir das fachadas observa-se que pela vista Norte (Figura
40) os blocos são adição de forma simples retangulares, como cubos alongados com ritmo nas
mudanças de cor, pois são iguais em todos os blocos.
Porém a forma principal se apresenta diferente quando observada pela fachada lateral,
essa forma pode ser tanto um cubo que foi modificado sendo esticado em uma das pontas,
quanto pode ser a adição de triângulos num cubo, como exemplificado na Figura 42, esse
detalhe faz com que os blocos pareçam inclinados, e por conta dos ângulos em que estão há
uma ilusão de ótica, fazendo com que os corredores, onde ficam os pátios, pareçam estar se
fechando, como mostra a Figura 43. (ARCHITECTURE, 2019)
62
Ainda, a disposição dos vidros e dos canis no interior da obra, trazem um ritmo na
fachada. A adição de cubos que compõe os sistemas de ventilação na parte superior dos blocos,
ajudam na distribuição e na simetria da obra (Figuras 44).
Para conter o cheiro forte por conta dos animais, cada canil possui abertura superior para
que haja ventilação contínua, ainda há tubos exautores em cada canil, todas as entradas de ar e
escapamentos são acusticamente tratadas para reduzir o som dos latidos, essas soluções foram
feitas para minimizar os odores e ruídos na obra, por se tratar de uma área residencial,
minimizando o estresse dos cães e da vizinhança.
O edifício naturalmente é ventilado e iluminado. No quesito aquecimento, há laje,
chaminés térmicas que fazem as trocas de ar, nesse sistema o ar quente e o cheiro sobem por
conta das torres dispostas em todo o projeto, e o ar frio e limpo desce pelos coletores de vento
posicionados no sentido dos ventos predominantes. Essas trocas de ar são importantes para um
64
projeto de abrigo pois mantém o ambiente em temperatura agradável, e faz a com que o cheiro
seja amenizado.
Além disso, cada baia do canil recebe grande incidência de luz natural e vista para uma
área ao ar livre, os canis são fechados na lateral, assim nenhum cão tem contato visual com o
outro, isso somado com a minimização dos latidos por conta do tratamento acústico, o animal
fica menos estressado, ficando mais dócil e adaptável a adoção.
O vento reinante na Austrália é o Nor-nordeste, porém o vento sul e o vento oeste tem
grandes influências climáticas na região, por conta disso todas as fachadas acabam sendo
ventiladas, e ainda seguindo o projeto de aberturas superiores nos canis, o espaço se torna mais
agradável para a visitação já que há a minimização do cheiro forte causado pelos animais.
Por se tratar de uma obra de concurso, os arquitetos responsáveis acabaram optando pela
sustentabilidade e usaram de todos os recursos para resolver problemas que são muito
encontrados em abrigos, como o mal cheiro, os ruídos e a transmissão de doenças.
Essa obra se adequa ao estudo desenvolvido pois está mostrando de forma explicativa
como é possível resolver arquitetonicamente um projeto de abrigo para animais. E ainda que se
tratando de um complexo e tendo lucros por conta das lojas do prédio antigo, optaram por
materiais baratos, e isso além de beneficiar na economia, mostra como pode ser estabelecidas
soluções arquitetônicas com um menor custo.
Por ser referência na região onde está inserido, o RSPCA atrai mais interessados nas
adoções, e por ter as dependências mais limpas e individuais para cada cachorro, há um
significativo aumento no número de pessoas interessadas em adotar um animal, pois isso
diminui o medo quanto às doenças e ainda atrai futuros tutores por conta da organização e
tratamento para com os animais. Ainda é interessante frisar o uso de elementos que ajudam a
deixar o ambiente mais agradável por meio de trocas de ar, por torres e chaminés.
66
4 METODOLOGIA
Na primeira etapa desse estudo pesquisa-se referenciais teóricos. Essa pesquisa em
questão compreende caráter exploratório, que segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 51-52) é
quando a pesquisa se encontra na fase preliminar, e tem como finalidade proporcionar mais
informações sobre o assunto que vai ser investigado, usando de pesquisas bibliográficas através
de livros, artigos, pesquisas publicadas, e sites confiáveis, para aprofundar-se sobre o tema
buscando informações pertinentes e que acrescentem até a etapa final do projeto.
Na segunda etapa serão realizadas entrevistas não estruturadas com atuantes na área,
que são as ONG’s do município, para levantamento de dados, também nessa etapa busca-se na
legislação do município de estudo e de municípios da região se há projetos já executados sobre
essa proposta e se sim, quais são as respostas do mesmo para a sociedade.
Para obter conhecimento maior no tema na terceira etapa serão buscados estudos de caso
referentes ao tema, trazendo embasamento necessário para realização da pesquisa, serão
analisadas ações da temática já consolidadas a nível nacional e internacional.
Assim, inicia-se o desenvolvimento do projeto com fluxograma e organograma, analisa-
se a disponibilidade de terrenos que mais estejam adequados a proposta e verifica-se no
zoneamento o plano diretor da área, as diretrizes e o potencial de uso e ocupação do solo.
Por fim faz-se o pré-dimensionamento e o programa de necessidades para desenvolver
o anteprojeto arquitetônico baseado em todas as pesquisas e questões que foram informadas
durante o desenvolvimento teórico, para isso apresenta-se partido e conceito de projeto, para
que na próxima etapa seja iniciado o projeto arquitetônico com plantas, cortes, fachadas e
elevações para melhor entendimento da proposta.
Por se tratar de um abrigo de animais, o público alvo é bem específico, cães e gatos que
estão em estado de rua na cidade de Joaçaba e nos municípios do entorno imediato, como Herval
d’Oeste, Luzerna e Água Doce.
Porém, o funcionamento de abrigo depende fundamentalmente do público de pessoas
para atingir o objetivo desse estudo, que é a adoção desses animais, por conta disso serão
dispostos locais de estudo, lazer e visitação.
O público alvo desse será dividido em dois perfis: O perfil A compreende aos cachorros
já recolhidos pela ONG “Bom pra Cachorro”, e os que estão em lares voluntários da ONG
“Voluntários amigos dos animais” caso seja necessário, cachorros e gatos que estão nas ruas, e
67
cachorros e gatos vítimas de maus tratos no município de Joaçaba, Herval D’Oeste, Luzerna e
Água Doce, serão abrigados e preparados para adoção. Quanto ao perfil B, envolve as pessoas
que visitarão, estudarão ou trabalharão no local de estudo.
28
Entrevista e respostas completas no Apêndice A e B desse estudo.
29
Também foram retiradas informações pelo site da Ong (Figura 47). Disponível em:<http://www.amigosdosani
mais.org.br/> Acesso em: 21 mai. 2019.
68
divididos por portes: porte pequeno, porte médio, porte grande, essa divisão ocorre para evitar
brigas entre eles.
Romanetto (2019) afirma que a falta de local físico e bem estruturado para visitação de
interessados em adotar, acaba gerando um menor número de adoções para a ONG, pois o
contato visual com o animal é de suma importância na hora de adotar e faria com que
aumentasse o número de animais com tutores. Contudo a ONG Bom pra cachorro ainda atende
apenas pelas redes sociais e havendo interesse em adoção, mandam fotos dos animais que se
enquadram no desejo da pessoa, assim depois que o animal é escolhido, a organização visita a
residência do futuro tutor e se houver um espaço adequado há a aprovação para a adoção.
A ONG Bom pra cachorro também defende as feiras de adoção, pois como analisado no
estudo de caso da RSPCA na Austrália, o número de animais adotados aumenta quando há a
visualização do animal, pois os interessados se envolvem mais quando olham, seguram ou
passeiam com os animais, por isso é interessante um local apropriado para que haja visitação e
entrosamento dos animais com futuros tutores.
Mesmo que o foco sejam os cães e gatos abandonados, a finalidade desse estudo está
em diminuir o número desses animais sem tutores, portanto o abrigo deverá possuir atrativos
para que a população vá até o local, trazendo atividades diversificadas e uma estrutura
confortável também para pessoas.
Para que haja um fluxo contínuo e entrada de renda para o abrigo, a proposta abrange
local para estudo, para gerar fluxo de estudantes que podem estar auxiliando no cuidado animal,
também a realização de cursos e atividades que usufruam da estrutura de salas de aula, salas de
palestras e laboratórios.
Portanto no público de pessoas está incluso os visitantes que podem ir até o abrigo
interessados em adoção ou apenas para usufruir do local de lazer, os estudantes e pesquisadores
que podem permanecer no local por mais tempo, e os funcionários que manteriam o local e
cuidariam das necessidades dos animais.
Como um abrigo trata de acolher seres vivos, deverá haver um controle diário e de
funcionamento 24 horas por dia, podendo ser estabelecido um horário de acesso público e um
horário apenas de acesso privado para que sejam feitas manutenções, ajustes, alimentação e
limpeza. Mas seria interessante o local estar aberto nos finais de semana para que aumente fluxo
das visitações.
70
Com os dados obtidos através das entrevistas com as ONG’s atuantes no município, e
dos três estudos de caso analisados anteriormente, foi pré-estabelecido a demanda de animais
que serão atendidos no abrigo, com isso teve-se um maior conhecimento das necessidades e
tamanhos dos ambientes.
Foi estabelecido que há a necessidade de canis individuais ou para no máximo 2
cachorros para melhorar a visualização dos interessados, e ainda diminuir o contágio de
doenças. Os gatis não tem a necessidade de serem individuais, porém devem abrigar no máximo
5 gatos, nos quais deverá haver diferentes elevações, degraus e arranhadores para que os gatos
não fiquem estressados.
Há também a necessidade de um local administrativo, para informações, recebimento
de doações, de denúncias, contagem dos animais, entrada e saída de cachorros e gatos, ainda
um suporte de copa, banheiros, vestiários para banho e troca de roupas dos funcionários e
estudantes.
Deverá haver um local que seja disposto de consultórios veterinários equipados com
raios-x, ultrassom, macas, farmácia, salas de atendimento, triagem, encaminhamento,
quarentena, e todos os equipamentos necessários para que sejam feitas consultas com vacinação
e desverminação, e por prever o uso do abrigo como local para estudantes de Medicina
Veterinária, também será projetado salas de aula e laboratórios.
Ainda para que haja um giro e entrada de capital, haverá a disponibilidade de cursos
relacionados na área, como auxiliar de veterinário, banho e tosa, e cursos laboratoriais, além de
local para palestras e salas de reunião.
Como apoio serão distribuídos ao longo do abrigo depósitos de materiais de limpeza e
lixeiras, além de salas de monitoramento. Para atender todas as necessidades dos funcionários,
estudantes e visitantes também será inserida uma lanchonete de atendimento ao público e um
espaço amplo de lazer.
O programa de necessidades desse estudo para um abrigo de animais de pequeno porte
consiste em:
Setor Administrativo;
• Recepção;
• Diretoria;
• Secretaria;
• Arquivo
• Sala de entrevistas (dos futuros tutores);
71
• Encaminhamento (sala para animais que precisam ser encaminhados para clínica);
Setor de Abrigo;
• Sala de triagem;
• Canil;
• Gatil;
• Sala de banho e tosa;
• Lazer dos animais;
• Depósito de alimentos;
• Preparação de alimentos;
• Espaço para Feirinhas de Adoção;
Setor de apoio;
• Vestiário;
• Banheiro;
• Copa para funcionários;
• Descanso dos funcionários;
• Lanchonete;
• DML
Setor Médico;
• Esterilização;
• Quarentenário;
• Consultórios;
• Salas de Equipamentos;
• Sala de exames;
• Farmácia;
• Laboratório;
Setor de Ensino;
• Salas de Aula;
• Salas de reuniões;
• Sala de cursos;
• Biblioteca
4.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO
a arte de projetar de Neufert (2014) e a cartilha disponibilizada pelo Fórum nacional de proteção
e defesa animal sobre a estrutura de abrigos e o bem-estar animal (SOUZA, 2018).
uma vez que refere-se as áreas mínimas estabelecidas pelos locais de pesquisa, podendo assim
haver alteração das dimensões até a fase final desse projeto.
Para estabelecer a organização mais indicada para o fluxo do abrigo, os setores foram
divididos conforme pré-dimensionamento, em um organograma, e cada setor está ligado com a
área de uso para hierarquizar os fluxos mais indicados para cada função (como indicado na
Figura 48). O organograma divide-se em acesso e estacionamento, setor de abrigo, setor
administrativo, setor de apoio, setor de ensino e setor médico.
ACESSO ESTACIONAMENTO
ADMINISTRATIVO ABRIGO
APOIO
ENSINO
MÉDICO
Estacionamento
Recepção
Canil.
Cursos Lanchonete
Ves- Ves-
Aula tiário tiário
Esteri- Ambu-
DML lização Exames latório DML
Labo- Far-
Rações Consultórios mácia Banho e tosa
ratório
Quarentenário Gatil
Gatil
Depósito de
BWC DML DML BWC
cadáveres
Acesso Administrativo.
Acesso Público.
Acesso Privado.
Fonte: A autora, 2019.
A disposição desse fluxo pode variar de acordo com os horários de funcionamento. Não
estão comtempladas as áreas de lazer que serão periféricas aos canis e gatis. A forma final do
projeto também pode variar não seguindo necessariamente a sequência dos espaços dispostos
no fluxograma.
75
4.5.1 O município
O município de Joaçaba foi fundado no ano de 1917, era pertencente ao estado do Paraná
e tinha o nome de Cruzeiro até 1943, teve como principais imigrantes os gaúchos, italianos e
alemães, que vinham pra região em busca de terras férteis, e da madeira de lei que era abundante
na época.
A cidade está localizada no meio oeste catarinense no centro do Vale do rio do Peixe, e
é conhecida por ser polo na área da saúde e educação no estado. De acordo com dados do IBGE
(2010) Joaçaba é a oitava melhor cidade para se viver no Brasil por conta do seu IDHM30. Com
uma área de 232.35 km², em 2018 a cidade chegou ao número de 29.827 habitantes no
município, por ser uma cidade universitária esse número aumenta no período letivo.
BRASIL
30
Para calcular o IDHM de cada município são levados em conta três itens: vida longa e saudável (longevidade),
acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda). A partir dos cálculos de cada um desses fatores, se
chega ao índice geral de IDHM, organizado no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. (Santos, 2015)
76
De acordo com Bilibio et al. (2017) Joaçaba está numa região de clima subtropical, e
apresenta verões muito quentes e invernos com temperaturas que podem alcançar -5º C, também
apresenta um clima super-úmido e à média pluviométrica, está compreendida na faixa de 2.200
mm/ano e a temperatura média anual de Joaçaba é de 18 ºC.
Na hidrografia, o município compreende a bacia do rio Uruguai, o principal rio que
passa em Joaçaba é o rio do Peixe, que limita a cidade com o município vizinho de Herval
d’Oeste que também será atendido por esse estudo.
Joaçaba por estar em um vale apresenta uma topografia de grandes níveis e elevações,
chegando a alcançar 834m nos pontos mais altos da cidade, a maioria do município está na
altitude de 522 m como mostra a Figura 51.
Em relação aos ventos, possui predominância do vento Nordeste, que chega a alcançar
8 m/s em épocas do ano, também apresenta grande ventilação do lado leste, sendo esse em
menor velocidade (Figura 52). A chuva por sua vez acompanha o sentido dos ventos, e podem
chegar a 248mm no mês de junho e 315 mm no mês de outubro que são os meses mais chuvosos
no município.
31
Disponível em: < http://pt-br.topographic-map.com/places/Joa%C3%A7aba-4007746/ > Acesso em: 30 mai.
2019.
77
32
Disponível em: <http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=SC+-+Joa%C3%A7aba&id_cidade=br
a_sc_joacaba-santa.terezinha.muni.ap.869550_inmet > Acesso em: 30 mai. 2019.
78
O município possui grandes áreas ainda não ocupadas ou parceladas, para esse estudo é
as áreas de menor declividade beneficiariam em uma melhor distribuição dos setores sem
grandes modificações no terreno gerando uma ampla área de lazer arborizada e bem ventilada,
mas as áreas de grande declividade poderiam ser usadas em favor da acústica, diminuindo os
ruídos dos animais.
Pelo Zoneamento os abrigos se encontram nas atividades Institucionais, portanto é de
uso permitido ou permissível na maioria das Zonas, o que gera mais liberdade para a escolha
do terreno no município.
Para a escolha da área de intervenção desse estudo, o fator preponderante foi o ruído e
o cheiro causado pelos animais, por conta disso a escolha deverá ser feita em locais mais
afastados do centro da cidade.
33
Mapa concedido pela Prefeitura de Joaçaba na Secretaria de Urbanismo.
79
Porém, além de ser um local de abrigo de animais, o local será exposto a um grande
fluxo de visitação, por conta das adoções e dos estudantes, por isso deverá estar em local de
fácil acesso, e dispor de um grande espaço para estacionamento, levando em consideração
também que os animais do abrigo serão castrados em clínicas da cidade, portanto é importante
a localização estar disposta em estrategicamente para esse deslocamento.
Ainda, o terreno deverá possuir uma grande área para construção e para o lazer dos
animais, por isso seria interessante um terreno em uma zona com maior taxa de ocupação para
que pudesse ser mais aproveitado o terreno e ainda possuir área para arborização lazer.
O sítio da ONG Bom pra Cachorro não foi citado para a escolha, pois, pelo fato de não
estar aberto para visitações, não foram obtidas informações suficientes para análise como a
localização exata do abrigo e a metragem do terreno.
Portanto para escolha de análise dos dois terrenos foram considerados fatores de
localização, área, infraestrutura, morfologia e acessos.
O terreno 01 está localizado entre a Rua Orfelinto Oliveira Flores e a Rua Marieta
Coelho Taugem, no Bairro Jardim Itália, possui uma área de em média 3619,13 m², está a
3km do centro da cidade.
Figura 55: Terreno 01.
N
O terreno não está ocupado por edificação e se encontra numa área residencial do
município, no seu entorno possui casas de no máximo dois pavimentos como mostram as
Figuras 58 e 59. Por ser um bairro que pode ser considerado novo no município a pista de
rolamento ainda não é pavimentada, mesmo havendo um projeto de lei para o asfaltamento da
rua desde 2015.
4.5.2.1.2 Zoneamento
O terreno está localizado na Zona de Expansão Urbana 2 (ZEU 2), nessa zona o uso
institucional é permissível, ou seja, é um uso passível de ser admitido, mas que será analisado
pelo órgão responsável da Prefeitura.
Essa zona de expansão tem por objetivo urbanizar as áreas de ocupação do perímetro
urbano para que haja maior distribuição da apropriação do solo no município, possui uma taxa
de ocupação de 60%, e número de pavimentos livres como mostra a Figura 59.
De acordo com o Mapa Viário de Joaçaba, as ruas em que estão locadas o terreno são
locais, que são ruas de menor fluxo de veículos, essas podem não possuir acostamento e
estacionamento pois possuem largura menor. Um abrigo nesse local geraria grande fluxo por
isso necessitaria de um grande espaço para estacionamento, e como citado anteriormente, as
ruas não possuem pavimentação o que poderia prejudicar e diminuir a locomoção das pessoas.
34
Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/plano-de-zoneamento-uso-e-ocupacao-do-solo-joacaba-sc>.
Acesso em: 30 mai 2019.
83
Todos os bairros de Joaçaba são atendidos pela SIMAE35 que disponibiliza água
encanada para todo o município, em relação ao esgoto no bairro Jardim Itália não há nenhuma
Estação de tratamento construída, por isso a maioria das casas possuem fossa séptica.
O bairro possui rede elétrica e iluminação urbana por postes públicos, possui uma boca
de lobo para águas pluviais no entorno do terreno, não possui calçadas, nem pavimentação na
pista de rolamento (Figura 61).
35
Sistema Intermunicipal de Água e Esgoto.
84
O terreno está localizado em uma parte alta da cidade recebendo ventilação constante.
De acordo com o gráfico do Projeteee (2019) (Figura 52), o vento reinante no município de
Joaçaba é o Nordeste, mas o lado Leste recebe grande ventilação em menor velocidade. Para
esse estudo é muito importante a orientação dos ventos levando em conta que o cheiro
produzido não deve atrapalhar a vizinhança, e no caso desse terreno os ventos estão
direcionados para a localização das casas, o que pode prejudicar a localização.
A fachada principal desse terreno pode estar para Noroeste ou Sudoeste, a fachada
Sudoeste recebe pouca incidência de sol já noroeste que recebe mais sol, principalmente no
período da tarde, portanto o abrigo receberia sol o dia inteiro, beneficiando os animais.
85
O terreno 02 está localizado na Rua José Firmo Bernardi, no Bairro Flor da Serra,
próximo ao Campus II da Unoesc, possui uma área de em média 107.340,41m² mas como está
apta para parcelamento será usado para estudo 69.354,04m² desta área. O terreno está a 2,7 km
do centro da cidade.
O terreno 02 assim como o terreno 01 não está ocupado por edificação, e se encontra
em uma área de grande fluxo por conta da proximidade com a Universidade, a área possui usos
residenciais e institucionais, os terrenos são amplos e há poucas casas no entorno imediato do
lote.
O seu entorno é composto por edificações residenciais de no máximo dois pavimentos,
e os edifícios institucionais possuem no máximo quatro pavimentos como mostram as Figuras
64 e 65. As ruas possuem asfalto e são sinalizadas, essa área está em expansão com novos
loteamentos residenciais.
4.5.2.2.2 Zoneamento
O terreno está localizado na Zona de Expansão Urbana 1 (ZEU 1), o uso institucional
também é como no terreno 01, permissível, sendo passível de ser admitido pela Prefeitura,
porém as áreas de educação, recreação e lazer são permitidas, o que favorece o projeto já que o
abrigo também será uma área de ensino e lazer. Essa área está em grande desenvolvimento, há
três loteamentos residenciais novos na proximidade do lote.
De acordo com o Mapa Viário de Joaçaba, a rua José Firmo Bernardi é uma rua coletora,
e possui grande fluxo de estudantes, e moradores dos novos loteamentos, nessa área também
encontra-se o complexo esportivo da UNOESC, e o Clube 10 de Maio.
O terreno é de fácil acesso pois essa rua se une com a Rua Sete de Setembro e essa por
sua vez liga-se na Av. XV de Novembro. O desenvolvimento desse bairro faz com que as ruas
estejam em bom estado para circulação.
89
Terreno 02 N
Assim como citado no terreno anterior a SIMAE disponibiliza água encanada para todos
os bairros do município, e no Bairro Flor da Serra não é diferente, e também há caixas de
inspeção de esgoto da SIMAE em todo o percurso da via principal.
O bairro também possui rede elétrica e iluminação urbana por postes públicos, possui
sinalização de lombadas e de velocidade pois se trata de uma grande descida que possui muitas
curvas, a rua está asfaltada, sinalizada e possui calçadas.
90
O terreno 02 possui uma grande área de lote, a fachada principal está para o lado
Sudoeste, recebendo pouca incidência de sol. Porém nas laterais que de acordo com o
fluxograma ficarão os abrigos, recebe-se incidência de sol o dia todo.
A ventilação que é partido importante desse projeto ocorre mais do lado Nordeste que é
de onde vem o vento reinante, no caso desse terreno o vento vai em direção a rua principal,
levando o cheiro e ruído dos animais para a rua, podendo atrapalhar a vizinhança, mesmo que
sejam distantes do terreno em questão.
Acaso esse terreno seja escolhido, deve-se fazer uma barreira artificial ou natural por
meio de árvores na fachada principal para que seja amenizado as limitações desse projeto, que
são os latidos dos animais, para que o uso de abrigo seja permitido pela prefeitura.
91
Acesso pela Rua Marieta Coelho Taugem Acesso pela Rua José Firmo Bernardi
que vai para a Rua Antônio Nunes Varela que se liga na Rua Sete de Setembro que
Acessos que é ligada a Rua Duque de Caxias que vai até o centro da cidade
se encontra diretamente ao centro da
cidade
Ruas sem pavimentação, sem calçadas, e Ruas asfaltadas, sinalizadas, calçadas,
Infraestrutura nem todas os lotes recebem tratamento de esgoto por toda a extensão do bairro.
esgoto da SIMAE
Menor distância.
De acordo com esses comparativos, o terreno 02 possui mais aspectos que abrangem a
proposta desse estudo, assim escolheu-se para desenvolvimento de projeto para as próximas
etapas esse terreno localizado na rua Jose Firmo Bernardi.
Esse estudo compreende um abrigo para cães e gatos na cidade de Joaçaba-SC, como
mostrado anteriormente haverá várias atividades para que a comunidade se envolva e participe
ativamente da proposta do abrigo, para tanto a arquitetura desse estudo deve trazer conforto
para os cães e gatos acolhidos e lazer para a população que também irá usufruir do local.
94
4.5.2.5 Conceito
Com o conceito Acolhimento definido, o partido arquitetônico toma forma a partir desse
substantivo, mas além disso o projeto será resultado das somas de tudo que foi estudado ao
longo do desenvolvimento desse trabalho.
O partido principal será trabalhar para que não haja o estresse animal, por conta disso
haverá uma ampla área arborizada para onde estarão voltadas as aberturas dos canis e gatis, e
ali haverá o passeio de pessoas que poderão contornar o abrigo e visualizar todos os animais de
forma individual.
Para a forma, o partido foi a expressão dos cães e gatos acolhidos, mais precisamente o
focinho desses animais, esse partido foi desconstruído de forma que se adequasse aos ambientes
do pré-dimensionamento como mostra Figura 73, para o resultado foi levado em conta o
conceito e o partido principal das aberturas dos canis e gatis com visitação.
No entorno da obra serão locadas árvores em todo o passeio do público. Estuda-se o uso
da Neem37 que é uma árvore repelente de insetos, que ajudaria a diminuir a proliferação de
moscas causadoras de bernes e bicheiras, pulgas e insetos em geral e ainda por ser de médio
36
Foto para divulgação da Matéria Animais abandonados e perigo: o que podemos fazer, da revista online Correia
Rosa. Disponível em: <http://correiarosa.pt/animais-abandonados-perigos-podemos/>.Acesso em 31 mai. 2019.
37
A árvore Neem ou Nim cresce em áreas de clima tropical e subtropical. Seu porte de 15 a 20 m de altura, com
tronco de 30 a 80 cm de diâmetro, de coloração marrom-avermelhada. O diâmetro da copa varia de 8 a 12m,
podendo atingir 15m em árvores isoladas. As pesquisa envolvendo a planta vem crescendo nos últimos anos,
devido à procura por métodos ambientalmente seguros no controle de pragas, sendo evidente que a árvore pode
desempenhar um papel importante no manejo integrado de sistemas, e também devido aos seus comprovados
efeitos medicinais.(SOARES, 2012)
96
porte serviria de barreira acústica para os ruídos. Se estuda também o uso de eucaliptos que
servem de barreira contra o mau cheiro38 e da propagação do som, além de ajudarem no controle
da reprodução de carrapatos que de acordo com de Oliveira39 (2017) não possuem resistência
ao princípio ativo dessa planta.
38
O eucalipto é uma planta de rápido crescimento, vegeta o ano todo sem perder as suas folhas e consegue se
sobressair em relação a muitas outras espécies de plantas. No caso da jardinagem, isso é favorável para a geração
de sombras e flores em um curto período de tempo. Há espécies de eucaliptos que possuem flores e frutos grandes
e coloridos, isto ainda sem falar do cheiro agradável das folhas quando agitadas pelo vento e também trazendo
odor floral característico. (FOELKEL, 2008)
39
A utilização do extrato de eucalipto contra carrapatos possui inúmeras vantagens, mas dentre as mais
importantes estão a não resistência desses parasitos ao princípio ativo do eucalipto. (DE OLIVEIRA, 2017)
40
Disponível em: <https://www.clubeparacachorros.com.br/curiosidades/por-que-os-caes-tem-nariz-gelado-e-
umido/ >.Acesso em 31 mai. 2019.
97
Com uma grande área de terreno para ser trabalhada, a forma de acordo com o pré-
dimensionamento ocupa uma parte apenas do terreno, podendo haver o parcelamento do
mesmo. A disposição dos ambientes no terreno é de fundamental importância para que o
objetivo desse estudo, que é o aumento de adoções de animais, seja alcançado.
Para compreender melhor a disposição da forma no terreno verifica-se na Figura 75 uma
simulação sem escala de como ficaria o abrigo no terreno escolhido de acordo com as manchas
apresentadas na Figura 76.
98
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao escolher o tema desse estudo, a realidade que estava envolta a esse assunto era muito
maior do que aquela que se tinha conhecimento, e mesmo que seja um tema recorrente e
aconteça no mundo todo, o abandono de animais não é uma pauta frequente no dia a dia das
pessoas. A falta de dados e estudos de caso no tema exemplificam que os abrigos de animais
não são explorados como deveriam, inclusive na área de arquitetura e urbanismo.
Mesmo com poucos dados os objetivos desse estudo foram alcançados, as pesquisas de
referenciais teóricos, os estudos de caso e as entrevistas contribuíram para estabelecer as
condicionantes do anteprojeto, e obter conhecimento na abrangência do tema por quem trabalha
ativamente na causa animal.
Muitos elementos, características ou soluções apresentadas nesse estudo provém de
informações que foram adquiridas durante a elaboração do mesmo. Muitos aspectos eram
desconhecidos ou não estavam sendo considerados e foram adicionados conforme teve-se
conhecimento, como os latidos e o cheiro forte dos animais, antes desconsiderados, e que foram
fator determinante para as escolhas de elementos do estudo, como o terreno e o partido
arquitetônico.
Para a próxima etapa que será projetual, inicia-se o desenvolvimento com um vasto
embasamento visto que muitas dúvidas relacionadas a demanda, localização, partido e conceito
foram pré-estabelecidas nessa etapa, e mesmo com a falta de dados, as ONG’s que atuam no
município colaboraram para as informações específicas da cidade.
Mesmo que o número de abandonos de animais no Brasil e no mundo cresça
diariamente, e Joaçaba não represente um grande valor no total final dessa realidade, a intensão
desse projeto é que um abrigo de animais de pequeno porte na cidade, ajude a mudar o
pensamento através da educação comunitária, pois como propõe-se um local de visitação, a
visualização do real número e estado de animais abandonados, mau tratados e doentes
contribuiria para a reflexão das pessoas perante o abandono, compra e adoção de um animal
doméstico.
100
REFERÊNCIAS
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Animais Abandonados no Brasil. 2019. Disponível em: <https://amoraospets.com/doacao-
de-caes-e-gatos/>. Acesso em: 01 mai. 2019
AMOR AOS PETS. Tudo sobre a Bicheira em Cães e Gatos: Prevenção, Cuidados,
Tratamento e Perigos. 2019. Disponível em: < https://amoraospets.com/bicheira/>. Acesso
em: 20 mai. 2019.
BENTHAM, The Principles of morals and Legislation, apud SINGER, Peter. Libertação
Animal. Tradução de Marly Winckler. Porto Alegre: Lugano, 2004.
BRASIL. Lei n. 5197/67, de 3 de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção da fauna e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 Jan.1967. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5197.htm>.Acesso em: 20 abr. 2019.
JANSON, Antony. Iniciação à História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2009. Disponível
em: <https://pt.scribd.com/doc/37047851/JANSON-Iniciacao-a-Historia-da-Arte>.Acesso em:
20 abril. 2019.
LIMA, Jhéssica Laura Alves de. Um estudos acerca da legislação sobre os maus-tratos com
animais. 2015. Dissertação (Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade) – Universidade
Federal Rural do e Semi-Árido, Mossoró,2015.Disponível em: <https://ppgats.ufersa.edu.br/w
p-content/uploads/sites/47/2015/03/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Jh%C3%A9ssica-Luara-Al
ves-de-Lima.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2019.
105
NEUFERT, Ernst. A arte de projetar em arquitetura. Tradução Benelisa Franco. São Paulo:
Gustavo Gilli, 2013. Tradução de: Bauentwurfslehre.
PETZ. O Que é cinomose? Tudo o que você precisa saber. 2018. Disponível em:
<https://www.petz.com.br/blog/pets/caes/o-que-e-cinomose-tudo-o-que-voce-precisa-saber/>
Acesso em: 25 mai. 2019.
PORTAL DO DOG. Sem raça definida (SRD). 2019. Disponível em: <https://www.portaldo
dog.com.br/cachorros/racas-cachorros/sem-raca-definida-srd/>. Acesso em: 30 abril. 2019.
RODRIGUES, Thamires Meira. O papel das ONGs no Brasil: Uma visão gerencial aplicada
à causa animal. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Gestão de Políticas
Públicas). – Faculdade de Ciências Aplicadas. Universidade Estadual de Campinas, Limeira,
106
2015.Disponível em:<www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=000958792>
Acesso em: 06 mai.2019.
SCHULTZ, Silvia. Abandono de animais, a dura realidade da vida nas ruas. 16 fev. 2009.
Disponível em:<http://www.portalnossomundo.com/site/mais/artigos/abandono.html>. Acesso
em: 25 abril. 2019.
107
SYNTEC (São Paulo). A vacinação em cães e a sua importância. 2019. Disponível em:
<http://syntecvet.com.br/news/a-vacinacao-em-caes-e-a-sua-importancia/>. Acesso em: 11
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TOYOTA, Fabio. Centro de Zoonoses - Você sabe como funciona? 2019. Disponível em:
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VASCONCELLOS, Silvio Arruda. Zoonoses Conceito. 2011. p.5. Disponível em: <https://ed
isciplinas.usp.br/pluginfile.php/337876/mod_folder/content/0/zoonoses%20conceitos.pdf?for
cedownload=1. Acesso em: 05 mai. 2019.
VIEIRA, Olga Mota. Anteprojeto de abrigo para animais domésticos abandonados. 2017.
90 f. TCC (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro de Tecnologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017. Disponível em:
<https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/5008/1/AbrigoAnimais_Vieira_2017.
pdf>. Acesso em: 20 maio 2019.
APÊNDICE A: ENTREVISTA, ONG “BOM PRA CACHORRO”
Entrevista realizada dia 04 de maio de 2019, com a Vice-presidente da ONG “Bom Pra
Cachorro”, Juliana Romanetto, através de conversa pelas redes sociais marcamos um encontro
no local de trabalho da mesma. A entrevista durou cerca de 25 minutos e foi gravada pelo
dispositivo móvel da autora. Antes de ser anexada, essa entrevista foi lida pela presidente e a
vice-presidente da ONG “Bom pra Cachorro” para ser aprovada para a publicação nesse estudo.
Autora: Quais são as cidades que a ONG “Bom pra cachorro” atende?
Juliana: Joaçaba, Luzerna, Herval d’Oeste, atendemos até em Ibicaré já, Erval Velho também.
41
Clínica veterinária responsável pelas castrações por licitação do município.
42
Clínica veterinária do município de Joaçaba, localizada na rua Martinho Lutero, no centro, médica veterinária
responsável Camila Quiben.
Autora: Nossa! Não imaginava que eram tantos. Você tem uma média mais ou menos de
quantos cachorros são recolhidos por mês?
Juliana: Depende muito sabe, tem semana que a gente não pega nenhum, mas doa 3, e em
outras a gente recebe cachorros e não doa nenhum. Mas é muito relativo, as vezes passa um
mês sem doar e sem resgatar nenhum.
Autora: Entendi, os cachorros resgatados ficam no seu sitio até serem adotados?
Juliana: Sim.
Autora: Qual é a situação que mais ocorre, denuncia de maus tratos ou abandono?
Juliana: Os dois eu acho, acho que maus tratos é mais. A gente nem tem noção ainda de tudo,
toda semana recebemos muitas denúncias, mas somos em poucos tem lugares que não
conseguimos ir. Acho que maus tratos é mais, pois gastamos muito com animais machucados.
Autora: Quais são as doenças ou ferimentos que mais ocorrem nos animais resgatados?
Juliana: Cinomose43 é bem comum, bicheira44, tumores, ainda mais as fêmeas que não são
vacinadas ou castradas, elas criam tumor muito fácil, daí as pessoas vão deixando quando vê
tá num estado que não tem mais o que fazer. Também tem ferimento de brigas, ou
atropelamento.
Juliana: Semana passada recebemos uma ligação que tinha um cachorro se arrastando na rua,
fomos atrás e achamos o cachorro e ele não movimentava as patas de trás, e nesse mesmo dia
a gente foi atrás de uma casa de onde achávamos que era esse cachorro, as pessoas não tem
noção do que acontece na parte de trás de uma casa, tinha uma cachorra que nem levantava
de tanta bicheira que tinha no olho, um lugar imundo e eles ainda estavam querendo tirar cria
da cachorra, e ela nem era de raça, ela dormia na terra, estava acorrentada, e eles querendo
tirar cria pra vender, ganhar 20, 30 reais. Eu peguei a cachorra pra levar pro pet, mas ela
acabou morrendo pois estava com cinomose. Ela tinha tanta bicheira que não conseguia nem
comer. Pessoas sem estrutura nenhuma pra ter um animal, os cachorros vivendo no barro
assim, e eles ainda queriam mais.
Autora: Como vocês conseguem ver essas cenas e continuar com o profissionalismo?
Juliana: No dia dessa cachorra que te contei eu fui até no pet chorando, fiquei com muito dó
dela.
43
A Cinomose é uma doença infecciosa causada por um vírus da Família Paramyxoviridae, que ataca o trato
respiratório, digestivo e neurológico dos cães – na maioria ainda jovens ou idosos não vacinados. (PETZ, 2018)
44
Segundo amor aos pets (2019) é uma infestação na pele por larvas de mosca, mais precisamente, a mosca
varejeira. A infestação se dá pelo depósito de ovos por moscas em feridas expostas na pele do cachorro, que se
tornam o “habitat” perfeito para a reprodução das larvas desses parasitas.
Autora: Você acha que um abrigo faria diferença nessa realidade? Um abrigo com
consultório que seria a minha proposta nesse trabalho.
Juliana: Com certeza.
Autora: Você acha que falta auxilio da parte do município em relação ao abandono de
animais?
Juliana: Falta total apoio, na verdade a gente faz o papel de controle de zoonose, por conta
própria porque ninguém ajuda, é tudo por conta própria.
Autora: Você acha que se houvesse um abrigo o número de abandono de animais iria
aumentar ou diminuir?
Juliana: Olha eu acho que ia aumentar, as pessoas iam deixar lá porque iam saber que a gente
ia pegar, as pessoas deixam, já deixaram na frente da minha casa.
Autora: Você acha que as pessoas abandonam movidas mais pelo que?
Juliana: A porque elas não amam, ou o cachorro pega cria e eles abandonam os filhotes.
Um abrigo é importante porque ali eles tem comida, água, lugar pra dormir, se ficar
doente a gente fica sabendo e pode ajudar, é melhor do que estarem sendo mal tratados. Se
você ver as fotos do antes e depois desses cachorros, você já entende, eles estariam mortos se
não tivessem vindo pro nosso sítio, vou te mostrar as fotos45.
Autora: Como você acha que seria uma melhor distribuição de abrigo, com os cachorros
soltos, em canis..
Juliana: No nosso sítio a gente tem sete canis grandes, acho que tem que ter uma divisão, não
deixar eles soltos porque eles brigam entre eles, é melhor dividir por tamanhos, porte pequeno
não ficar junto com porte grande.
45
Fotos disponíveis no Anexo-A
Juliana: Acho super legal, fizemos uma vez já, só que exige muita coisa e muita gente, é muito
difícil de organizar um lugar pra fazer, e não temos quase voluntários. Mas é muito interessante
porque a pessoa quando vê o cachorro se interessa mais, do que por foto.
Perguntas feitas via WhatsApp no dia 24 de maio de 2019, com a Presidente da ONG
Voluntários amigos dos animais, Andrea Scherer Russowsky Nuernberg, respostas obtidas no
dia 31 de maio. Antes de ser anexado, esse apêndice foi lido pela presidente e da ONG para ser
aprovada para a publicação nesse estudo. Foram feitas as mesmas perguntas questionadas a
primeira ONG com a total liberdade de não responder caso não achasse necessário.
Autora: Quantos voluntários que ajudam a ONG? (Voluntários que fazem parte da
organização)
Andrea: Temos um setor com 4 voluntários para arrecadação de fundos, uma equipe que
verifica denúncias, temos as meninas que ajudam no brechó e nas promoções de venda, temos
as voluntárias iniciando o projeto de educação nas escolas, e temos uma voluntária na
contabilidade, que checa todas as entradas e saídas, para garantir a transparência. Temos
cerca de 25 voluntários.
Autora: A ONG recebe auxílio financeiro da população? Como?
Andrea: Arrecadarmos nosso dinheiro de várias formas: brechó, eventos como pizzas, buchada
e macarronada, venda de camisetas e artesanatos, venda de eventos em datas como dia das
mães, mensalistas. Os mensalistas tem uma conta separada, e estes pagam a alimentação de
1000 kg por mês de ração, única e exclusivamente. O projeto das tampinhas segue paralelo
para venda em dezembro, mês de muitos abandonos e pouca arrecadação. Almejamos recolher
uma tonelada (de tampinhas para venda).
Autora: Quantos reais em média são gastos por mês? (pela ong, veterinário, equipamentos,
etc.)
Andrea: Gastamos: cerca de 500 reais mês com melhorias de local: casinhas, brita, cordas de
correr, coleiras, anti pulgas e carrapatos, anti vermes. Potinhos e água limpa. Verificamos
periodicamente. Gastamos: 5000 reais em média, por mês, com castrações e tratamentos de
urgência. São cerca de 20 castrações mensais de bairros carentes. Prestamos contas entre nós
em reuniões mensais agendadas com antecedência. Depois prestando contas à comunidade.
Autora: Quais são as doenças ou ferimentos que mais ocorrem nos animais resgatados?
Andrea: Os ferimentos mais comuns são atropelados, miíases, pulga, sarna, bicho de pé,
ferimento por coleiras, agressão, queimaduras, cadelas prenhas que não conseguem sem
cesárea, otites, piometra e outras infecções.
Autora: Você acha que um abrigo faria diferença no município? Um abrigo com
consultório, equipamentos de exames (sangue, raio x) que seria a minha proposta nesse
trabalho. Você acha que falta auxilio da parte do município em relação ao abandono de
animais?
Andrea: Se a prefeitura disponibilizasse ambulatório com lar de passagem seria ótimo, mas
creio que se nós tivéssemos um abrigo seria um depósito de animais abandonados no local,
com dificuldades de adoção, altos custos e pouco apoio.
ANEXO A: FOTOS ANTES E DEPOIS, ONG “BOM PRA CACHORRO”