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CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

DESIRRE DE ANDRADE CORREA

A INSERÇÃO DAS QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NO


ENSINO FUNDAMENTAL

SALVADOR
2017
DESIRRE DE ANDRADE CORREA

A INSERÇÃO DAS QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NO


ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de conclusão de Curso apresentado


ao curso de Psicologia da Faculdade Regional
da Bahia (FARB/UNIRB), com requisito para
obtenção do Grau de Bacharel em Psicologia.

Professora de TCCII: Msc. Franciane


Professor Orientador: Gilmaro Nogueira

SALVADOR
2017
DESIRRE DE ANDRADE CORREA

INSERÇÃO DAS QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE


NO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito para a obtenção do


título de Bacharel em Psicologia, pela Faculdade Regional da Bahia.

Aprovado em ____ de __________________________ de 2017.

Banca Examinadora

__________________________________________
Gilmaro Nogueira (Orientador)
Mestre em Cultura e Sociedade (UFBA / Pós-Graduado em Estudos Culturais
(UNIJORGE) / Pós-Graduado em Atenção a usuários de álcool e outras drogas
(UFBA)

__________________________________________
Jaqueline Vitoriano da Silva
Msc. Em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Faculdade Regional da Bahia - UNIRB

__________________________________________
Tais Abreu
Especialista em Terapia Analítico-comportamental pela Unijorge / Mestranda em
Educação pela UFBA
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LGBT – Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais, transgêneros

PNE - Plano Nacional de Educação

ABA - Associação Brasileira de Antropologia


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Biscoito Sexual

FIGURA 2 – Quadro de violência contra a mulher


Dedico o presente trabalho ao meu filho Kauê que surgiu no momento em que
deveria surgir e me tornou uma mulher ainda mais determinada.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a coordenadora Jaqueline por toda orientação e ajuda que me foram


dados durante a graduação

A este meu orientador, Gilmario Nogueira, pela paciência, dedicação e


ensinamentos que possibilitaram que eu realizasse este trabalho, além das aulas
maravilhosas que me transmitiram muito conhecimento.

Aos meus pais, pelo amor, carinho e paciência.

Agradeço de forma especial à minha mãe Ednice, por não medir esforços para que
eu pudesse levar meus estudos adiante.

Agradeço as minhas amigas Psicolindas, por confiarem em mim e estarem do meu


lado em todos os momentos da vida.

Em especial meus agradecimentos a Mariângela Matos que está comigo durante


toda essa caminhada até aqui.

A Valesca minha irmã do coração por sempre apontar minhas qualidades e me


mostrar que sou capaz de alcançar meus objetivos

A Luã por me presentear com meu primeiro livro de psicologia e por sempre
estender a sua mão nos momentos mais difíceis
.
Ao meu irmão, que é meu companheiro de brincadeiras e durante este tempo me
incentivou e acreditou sempre em mim. Obrigado maninho.

Ao Davi Fagundes por estar sempre ao meu lado, me apoiando nas minhas
escolhas, e me acolhendo nos momentos de frustração

A minha preceptora de estágio Julie Cruz sempre disposta a ajudar e a ouvir minhas
queixas e me acalmar nos momentos de tensão.
A todas as professoras e professores que em algum momento da vida cruzaram o
meu caminho e fizeram parte da minha formação.
...Mulher, a culpa que tu carrega não é tua
Divide o fardo comigo dessa vez
Que eu quero fazer poesia pelo corpo
E afrontar as leis que o homem criou...

Todxs Putxs - Ekena


RESUMO

Essa pesquisa tem como objetivo discutir sobre a inserção das questões de gênero
e sexualidade no ensino fundamental, refletindo sobre a importância da inserção
dessas questões na educação, com base no levantamento de dados obtidos através
de pesquisa bibliográfica. Nesse sentido apresenta as diferenças conceituais de
sexo, gênero e orientação sexual, discutindo os limites e possibilidades da inserção
dessas questões no ensino fundamental. Faz necessário falar de gênero e
sexualidade nas escolas para que seja possível o exercício da cidadania e para o
reconhecimento da igualdade e equidade entre homens e mulheres. Dando
relevância para compreender o papel de a educação ensinar as diferentes formas de
se relacionar e a existência das diferenças para que previna a desigualdades, a
violência simbólica e física, do sexismo e dos preconceitos enraizados do senso
comum. Com esse estudo espera-se colaborar para os debates sobre gênero,
sexualidade e educação, e para a transformação das psicólogas e psicólogos de
como contribuir sobre a importância da inserção dessas questões no ensino
fundamental e da formação de profissionais capacitados para lidar com essa
temática.

Palavras-chaves: Sexualidade e gênero; Ensino Fundamental; Psicologia; Inclusão


ABSTRACT

This research aims at discussing the insertion of gender and non-elementary


sexuality issues, reflecting on the importance of insertion issues of these questions in
education, based on the collection of data obtained through bibliographic research. In
this sense it presents the conceptual differences betwen sex, gender and sexual
orientation, discussing the limits and possibilities of the insertion at fundamental
education. It is necessary to talk about gender and sexuality in schools so that it is
possible to exercise citizenship and to recognize equality and equity between men
and women. Giving relevance to understand the role of education to teach the
different ways of relating and the existence of differences to prevent inequalities,
symbolic and physical violence, sexism and entrenched prejudices of common
sense. This study hopes to contribute to the debates about gender, sexuality and
education, to the transformation of psychologists and to contribute with the
importance of insertion of these issues in primary education and the training of
specialized professionals to deal with this issue.

Keywords: Sexuality and gender; Elementary School; Psychology; Inclusion


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

2 DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE SEXO, GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL ..... 17


2.1 SEXO NEM TÃO BIOLÓGICO .................................................................................................. 19
2.2 UMA VISÃO PARA ALÉM DAS POLARIDADES DE GÊNERO .......................................... 20
2.3 ORIENTAÇÃO SEXUAL ............................................................................................................. 22
2.4 TEORIA QUEER E A SUBVERSÃO DAS IDENTIDADES ................................................... 23

3 LIMITES E POSSIBILIDADES DE INSERÇÃO DAS QUESTÕES DE GÊNERO E


SEXUALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL ..................................................................... 25
3.1 A ESCOLA E SEU POTENCIAL NA FORMAÇÃO................................................................. 28
3.2 A INVENÇÃO DA IDEOLOGIA DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO .......................................... 32
3.3 PSICOLOGIA E A SUBVERSÃO DOS DISCURSOS DOMINANTES ................................ 34
3.4 INCLUSÃO ESCOLAR................................................................................................................ 36

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 39

5 REFÊRENCIAS ..................................................................................................................... 42
13

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho trata-se de uma discussão de temas referentes ás questões de


gênero e sexualidade e a relevância da inserção desses conteúdos no ensino
fundamental.
Em épocas passadas era inaceitável que as mulheres estudassem,
trabalhassem fora do lar, votassem etc. Com o passar dos tempos elas tiveram
diferentes participações no trabalho. Á vista disso, as mulheres passaram a ocupar
mais espaços e estarem mais presentes em diversos setores (OLIVEIRA, 2011).
Na atualidade, apesar de conquistas das mulheres em diversos espaços
essas ainda enfrentam as desigualdades salariais, as violências e as discriminações.
Elas não dispõem de acesso igualitário no mercado de trabalho, na educação ainda
são marcadas as questões relacionadas ás mulheres no campo da reprodução do
machismo, onde os meninos tem mais liberdade que as meninas etc. (SANTOS e
OLIVEIRA, 2010).
Deste modo, existe uma diferença salarial entre mulheres e homens; as
mulheres sofrem violências físicas e simbólicas devido á ideia de que os homens
são superiores, não apenas em questão de força mas também economicamente; de
que mulheres são dependentes emocionalmente e financeiramente (SANTOS e
OLIVEIRA, 2010).
Nos dias atuais a comunidade LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais,
transsexuais, travestis, trangêneros) também enfrenta as desigualdades, as
travestis, por exemplo, não tem espaços em determinados campos de trabalho, a
não ser em salões de beleza ou com a prostituição, esses ficam então vulneráveis a
vários tipos de violência, além das que costumam sofrer diariamente (OLIVEIRA,
2011).
Por medo das violências alguns homossexuais evitam lugares abertos, evitam
andar de mãos dadas e mostrar afeto ao seu companheiro ou companheira, dentre
outras. Nos dias atuais esses sujeitos clamam por segurança, tendo em vista que há
um alto índice de crime contra essas pessoas (CASSEMIRO, 2015). Sendo assim,
por que não começar desde cedo a desconstruir padrões que geram violência e
exclusão?
Nessa perspectiva faz-se necessário definir gênero e sexualidade, pois esses
conceitos são diferentes, dessa forma entende-se que gênero é a diferença entre os
14

comportamentos masculinos e femininos que são esperados de homens e mulheres


e por sexualidade compreende-se como a atração afetivo-sexual por algum
individuo. Gênero e sexualidade são aspectos distintos e que não devem ser
confundidos (JESUS, 2012).
Visto que as psicólogas e os psicólogos compõem uma categoria profissional,
que faz parte da equipe que integra o contexto escolar, desenvolvendo o interesse
em discutir as questões de gênero e sexualidade nesse âmbito, o estudo se faz
pertinente por que seus resultados visem conduzir esse profissional a construir
meios reflexivos sobre a importância da inserção dessas questões no ensino
fundamental, como uma das principais referencias na vida do ser humano, a escola
pode atuar como uma ferramenta de conscientização da sociedade contra praticas
de violência contra as mulheres e a comunidade LGBT.
Sendo a escola uma instituição importante, nessa perspectiva questiona-se:
Qual a importância da inserção das questões de gênero e sexualidade no ensino
fundamental?
A motivação para esse estudo partiu do meu interesse sobre as questões
sociais que abordam temas como as questões de gênero e sexualidade. Além disso,
o que impulsiona a realização dessa pesquisa é o fato de ser mulher e viver numa
sociedade machista e preconceituosa. É ver diariamente nos noticiários casos de
intolerância à diversidade sexual e a violência de gênero.
Para Silva (2014) é no ensino fundamental que as relações de gênero e
sexualidade entre os alunos são percebidas de forma nítida. Á vista disso, a autora
compreende que essas questões estão presentes através das distinções nas
brincadeiras, nas atividades escolares, nos sentimentos e emoções carregados de
energia sexual e no comportamento desigual de meninas e meninos.
Silva (2014) certifica que a escola é responsável por explicar sobre esses
temas. Sendo então papel da escola de contribuir com as informações sobre gênero
e sexualidade desta forma passar informações sobre a construção do gênero, sobre
o feminino e masculino e as concepções que se tem sobre o homem e a mulher.
De acordo com o Pereira e Bahia (2011, p. 52) “a escola precisa contribuir
com esse movimento de emancipação, de tornar a diversidade algo discutido para
que o ser humano possa relacionar-se melhor com ele próprio e com os outros.”
Neste sentido, este campo de aprendizado torna-se referência para o
reconhecimento e o contato com a singularidade.
15

A pesquisa desenvolvida é importante, pois conduz a reflexões sobre a


diversidade que nos constitui, a conscientização sobre a violência contra a mulher e
o preconceito em relação à sexualidade. Este trabalho faz-se necessário para
compreender o papel de a educação ensinar as diferentes formas de se relacionar e
a existência das diferenças para que previna a desigualdades, a violência simbólica
e física, do sexismo e dos preconceitos enraizados do senso comum.
Essa pesquisa tem como objetivo geral discutir sobre a inserção das questões
de gênero e sexualidade no ensino fundamental. Como objetivos específicos o
estudo irá descrever conforme a literatura as diferenças conceituais de sexo, gênero
e orientação sexual e discutir os limites e possibilidades da inserção dessas
questões no ensino fundamental.
Em decorrência da delimitação dos objetivos, optou-se pela pesquisa
qualitativa que é uma proposta definida como uma sequência de atividades que
envolvem uma seleção de observações, interpretações e reflexões; e bibliográfica
onde é realizada a partir de pesquisas já elaboradas, constituído principalmente de
livros e artigos científicos (GIL, 2002), na qual foram priorizados textos de autores
renomados na área tais como Louro, Preciado, Bento, e outros.
Com o propósito de construção do estudo, à coleta de dados teve inicio no
primeiro semestre do ano de 2017, sendo realizado em sites como o Scientific
Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino Americana do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), Google Acadêmico, Periódicos Eletrônicos em
Psicologia (PePSIC), além de livros e revistas publicados no período de 1997 à
2017, possibilitando o entendimento da inserção das questões de gênero e
sexualidade no ensino fundamental. A escolha desses textos se deu prioritariamente
em função da facilidade de acesso aos mesmos, que abordam de forma clara e
precisa, temas que dizem respeito aos objetivos do estudo. Para a pesquisa foi
utilizado os descritores gênero e sexualidade; gênero, sexualidade e educação;
psicologia, sexualidade e gênero.
O projeto do estudo não necessitou de avaliação e aprovação por um Comitê
de Ética em Pesquisa, por se tratar de estudo bibliográfico, que compreende a
pesquisa, através da revisão de artigos, com dados secundários, que discorriam
sobre essa temática. Assim, tivemos o cuidado de não se utilizar de plágio, nem
apropriação intelectual indevida, referendando todos os autores utilizados, estando
dispostos, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
16

O presente trabalho está dividido em dois capítulos, no capitulo I serão


apresentados ás diferenças conceituais entre sexo, gênero e orientação sexual, pois
ainda há muita confusão em relação a esses conceitos. Também será apresentado o
biscoito da sexualidade que tende a explicar essas questões de forma didática
apesar das suas limitações. Diante disso é possível perceber nesse capitulo que os
conceitos são inesgotáveis.
No capitulo II é exposto os limites e possibilidades de inserção das questões
de gênero e sexualidade, onde é mostrada a importância da escola para a formação
dos sujeitos e os impactos de uma educação que normatiza e, as violências de
gênero e sexual, além das desigualdades. Também serão discutidos os mecanismos
utilizados para o impedimento da inserção desses temas, além da contribuição da
psicologia na criação de políticas públicas para formação de pessoas capacitadas
para lidar com essa temática.
Optou-se por dois capítulos pois eles contemplam o tema em questão. Por se
tratar de uma pesquisa exploratória e de curto prazo não optou por ir a campo e
fazer entrevistas com as psicólogas e psicólogos nas escolas que demandariam a
aprovação do conselho de ética.
17

2 DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE SEXO, GÊNERO E ORIENTAÇÃO


SEXUAL

Antes de falar sobre a inserção das questões de gênero e sexualidade no


ensino fundamental se faz necessário dialogar sobre as diferenças entre sexo,
gênero e orientação sexual, pois as pessoas ainda se confundem em relação a
esses conceitos, de acordo com a autora Louro (1997, p.8) “na prática social tais
dimensões são, usualmente, articuladas e confundidas”.
Não há pretensão de se esgotar os conceitos, pois eles são complexos, visto
que segundo Oliveira (2017) há corpos que não se adéquam ou não condizem com
o que é imposto socialmente.
Para auxiliar na compreensão desses conceitos existe uma imagem chamada
de Biscoito Sexual que é um desenho onde se apresenta de forma didática a
questão do sexo biológico, da orientação sexual e das questões do gênero
(KILLERMANN, 2017). Porém, posteriormente farei uma critica à essa explicação
didática.
De acordo com o criador do biscoito, Killermann (2017) a identidade de
gênero, está relacionado a quem você pensa que é. Desta forma, como é mostrado
na Figura 1, do lado esquerdo está “mulher” e do direito está “homem” e no meio
encontra-se os “andrógenos”. Assim, quando nos referimos a nós mesmos como
homem ou mulher, estamos se referindo a identidade de gênero.
Já a expressão de gênero está relacionada á forma que você ira se
apresentar para a sociedade através da sua forma de agir, de se vestir, dentre
outros. Esta é identificada por feminino e masculino e no meio é a forma mista ou
ambígua de expressar o gênero (KILLERMANN, 2017). Enfatiza-se aqui o
comportamento, isto é, a compreensão que determinados comportamentos são
masculinos por pertencerem ao homem e vice-versa.
Em relação ao sexo biológico, do lado esquerdo temos “fêmea” e do direito
“macho”, no meio encontra-se um termo novo chamado “intersexo”. Aqui considera-
se primordial para a diferença a anatomia do corpo ou em último caso as genitálias.
Entende-se que ter um pênis significa ser homem e vice-versa. Sexo aqui é tratado
na dimensão biológica (KILLERMANN, 2017).
De acordo Killermann (2017) orientação sexual é por quem você sente
atração, desta forma encontra-se em um dos lados “heterossexuais” e do outro
“homossexuais”, no meio estará os “bissexuais”. Ou seja, a orientação sexual
18

diferente das outras dimensões, e refere-se a sentimentos e afetos por outros


sujeitos. É importante diferencia orientação sexual de identidade de gênero, uma vez
que são umas das confusões mais comuns.
Sendo assim, conforme mostra a imagem, a identidade de gênero, a
expressão de gênero, o sexo biológico e a orientação sexual são independentes um
do outro. Uma não determinar a outra (KILLERMANN, 2017).

Figura 1: Biscoito da sexualidade

FONTE: KILLERMANN (2017)


19

2.1 SEXO NEM TÃO BIOLÓGICO

O sexo é entendido como biologicamente determinado - como fêmea e macho


e com alguns sujeitos sendo categorizados como intersexuais de acordo com seus
traços orgânicos como os órgãos reprodutivos e genitais, os cromossomos e os
níveis hormonais. Indo de encontro com o senso comum o sexo não se limita a uma
dualidade (binarismo ou dimorfismo sexual), mas como um contínuo complexo de
atributos sexuais (JESUS, 2012).
Souza e Meglhiorati (2017) apud Aran (2006) diz que em relação ao conceito
do sexo biológico, este é considerado como os órgãos reprodutivos dos quais são
programados e fixados ao corpo orgânico, intitulado por vagina, pênis ou ambos.
Essa característica biológica que constitui esse corpo orgânico não necessariamente
definirá a identidade de gênero, muito menos a orientação sexual.
O termo sexo é utilizado para diferenciar as anatomias externas e internas do
corpo humano. Essas diferenciações anatômicas, em geral, são dadas no momento
do nascimento, porém há atribuições de significados que a elas serão relacionadas e
que são fortemente históricos e sociais (WEEKS, 2000).
Segundo Sterlling (2001), a segunda onda do feminismo afirmava que o sexo
é diferente do gênero. Desta forma, ter pênis ou vagina diz respeito a uma diferença
de sexo, e esse termo passou a corresponder a anatomia e o desempenho
fisiológico do corpo.
Até o século XVIII o homem era o único modelo de sexo e este era tido como
perfeito. Em torno do século XVI e XVII a mulher era vista como um homem invertido
e quando o clitóris foi descoberto ele recebeu o nome de pênis de fêmea. Desta
forma a sociedade entendeu que a mulher era então um homem imperfeito devido a
sua anatomia que recordava o órgão masculino (SOUZA e CARRIERI, 2010).
As pessoas que nascem com os dois traços biológicos são conhecidas pela
medicina como hermafroditas e pelos estudiosos da sociologia como intersexo
(SOUZA e MEGLHIORATI, 2017) numa tentativa de abandonar o termo hermafrodita
– que é patologizante e medicalizante.
O intersexual é aquela pessoa em que o corpo diverge da categoria de macho
e fêmea, no que se diz aos aspectos dos cromossomos e aos órgãos genitais, onde
pode ocorrer, por exemplo, a ausência da vagina, um pênis excessivamente
pequeno ou um clitóris muito grande, testículos que não descem, coexistência de
20

ovários e tecidos testiculares, dentre outros (JESUS, 2012). Assim, vemos que a
compreensão de sexo varia desde o estritamente biológico a outras teorias que
apontam os significados atribuídos ao corpo e as normas que produzem o binarismo.

2.2 UMA VISÃO PARA ALÉM DAS POLARIDADES DE GÊNERO

A autora Jesus (2012) vai dizer que o gênero se relaciona com as formas de
se identificar e ser identificada como masculino e feminino, e a partir dessa
classificação social e pessoal dos sujeitos como homem e mulher é que ira orientar
os papéis de gênero e a identidade de gênero.
O gênero está em constante construção e transformação, e através dos seus
meios sociais, dos múltiplos discursos, símbolos, das representações e práticas, é
que os indivíduos se constroem como femininos e masculinos. Há uma transição
nessa construção, pois existe uma transformação aos longos dos anos, como
também na articulação com as historias pessoais, as identidades sexuais, étnicas,
de raça, de classe etc (LOURO, 1997).
Com os estudos feministas, o gênero deixou de ser visto apenas como
diferença sexual e passou a ser considerada uma construção social, ou seja,
homens e mulheres assumem comportamentos e papéis culturalmente
estabelecidos. A escola, a igreja, a família, as mídias, as instituições legais e
médicas são importantes nesse processo de construção do gênero (LOURO, 2008).
Ainda para a autora acreditamos que cor rosa é de menina, azul é de menino,
jogar bola é coisa para menino e brincar de boneca é coisa para menina; mulheres
são reprimidas sexualmente enquanto os homens são incentivados desde a infância.
Somos ensinados também a maneira adequada de nos vestir, nos sentar, o que
fazer para conquistar um parceiro(a) etc.
Bento (2006) afirma que se iniciou a observação de que feminino e masculino
é construído nas relações e na disputa de poder. A idéia de que existe apenas o
gênero masculino e feminino produz um pensamento universal, onde são atribuídas
certas características que são compartilhadas por todos os sujeitos. Desta forma
existe um corpo, sem conteúdos, a espera de um selo da cultura que através de
vários significados culturais atribuirá o gênero.

Discutir a aprendizagem de papéis masculinos e femininos parece remeter a


análise para os indivíduos e para as relações interpessoais. As
21

desigualdades entre os sujeitos tenderiam a ser consideradas no âmbito


das interações face a face. Ficariam sem exame não apenas as múltiplas
formas que podem assumir as masculinidades e as feminilidades, como
também as complexas redes de poder que (através das instituições, dos
discursos, dos códigos, das práticas e dos símbolos...) constituem
hierarquias entre os gêneros (LOURO, 1997, pg 8).

Bento (2016) parte do pressuposto de que a explicação para essa


constituição hierárquica e binária dos gêneros ocorre pelo fato dos homens sempre
terem habitado um espaço público enquanto as mulheres estariam voltadas para o
campo doméstico. Desta forma, “a mulher é tomada como sinônimo de família,
sendo que nesse ponto, não existe qualquer menção ao pai” (p 37). Sendo assim, o
feminino está sempre no âmbito da subordinação; o masculino naturalizado.
Já no final do século XX houve uma reformulação dos pressupostos teóricos
no âmbito dos conhecimentos acerca das “mulheres”, com isso fortificou-se os
estudos a respeito das relações de gênero. O objetivo era a desconstrução dessa
mulher universal e subordinada, mostrando que existem múltiplos fatores que se
articulavam para a construção das identidades de gêneros. Desta forma buscaram-
se nas classes sociais, nas etnias, nas nacionalidades, nas orientações sexuais os
subsídios fundamentais para “desnaturalizar e dessencializar a categoria mulher” (p,
38) que se fraciona em brancas e conservadoras, negras analfabetas e racistas,
dentre outras (BENTO, 2006).
Louro (1997) considera que conceber o gênero como gerado numa idéia de
masculinidade e feminilidade, pressupõe rejeitar e/ou desconsiderar todos os
indivíduos que não se encaixam em um desses modelos. As pessoas que formam a
dicotomia, não são somente homens e mulheres, mas são homens e mulheres de
diversas raças, religiões, idades, sexualidade, etc.
Para Jesus (2012) o termo transgênero compreende diferentes grupos de
pessoas que não se identificam com os papeis de gêneros que lhes foram atribuídos
ao seu nascimento.
Alguns sujeitos não se encaixam na identidade de gênero que a ela foi
determinada. Diante do exposto há uma multidão de possibilidades na identificação
dos indivíduos com algum gênero, pois existe uma variedade de experiências
humanas sobre essa identificação (JESUS, 2012).
22

Ainda de acordo com a autora Jesus (2012), uma pessoa pode ter um pênis e
ter uma identidade de gênero de mulher e vice-versa. Adotar um determinado
padrão ou papéis de gênero não está relacionado aos nossos genitais, aos níveis
hormonais ou aos cromossomos. Sendo assim. O pênis ou a vagina não é
determinante na identidade de gênero, uma vez que ela não é uma consequência do
corpo, mas de uma compreensão da subjetividade e interna.

2.3 ORIENTAÇÃO SEXUAL

A orientação sexual diz respeito à atração afetivossexual por uma pessoa de


algum gênero/s (JESUS, 2012). Diante do exposto, entende-se que uma pessoa se
sente atraída, seja romanticamente, fisicamente ou emocionalmente por outro/a.
De acordo com Weeks (2000) é possível entender que a sexualidade é
formada pela nossa subjetividade que dirá quem e o que nós somos e pela
sociedade, pois está se preocupa com a vida sexual dos sujeitos. Ambas estão
ligadas, pois no meio delas está o corpo e suas potencialidades.
A autora Jesus (2012) aponta que existem várias formas de expressar a
sexualidade, sendo: homossexualidade – caracterizada pela atração sexual e afetiva
entre pessoas do mesmo sexo; bissexualidade - caracterizada pela atração sexual e
afetiva entre pessoas tanto do mesmo sexo como do sexo oposto;
heterossexualidade - Caracterizada pela atração sexual e afetiva entre pessoas do
sexo oposto; assexualidade – Caracterizada por pessoas que não sentem atração
sexual por sujeitos de qualquer sexo. E Segundo Oliveira et al (2016) a
pansexualidade – Caracterizada pela atração afetiva e sexual por qualquer individuo
independente do seu sexo.
Em relação á construção de uma identidade sexual, antes dos anos de 1950,
Toledo e Pinafi (2012) apontam que apenas os homossexuais com comportamentos
femininos eram considerados e se consideravam homossexuais, e os outros com
comportamentos tidos como masculinos e com funções tidas como masculinas, ou
seja, ativos, não eram vistos e não se consideravam homossexuais. Com o
crescimento urbano, criou-se uma subcultura denominada liberação gay, com isso,
houve uma atribuição de que o homossexual era detentor de um desejo incontrolável
e as pessoas que se desviavam da norma heterossexual foram consideradas
doentes que deveriam ser curadas.
23

Podemos dizer que o desejo homoerótico existe em todas as sociedades em


todos os períodos, de várias formas, sendo aprovada ou desaprovada, já o
homossexual, não!. E é a partir do século XIX que é desenvolvida uma categoria
homossexual e uma identidade ligada a ela. Com a Industrialização na Europa e
America do Norte é que houve a oportunidade do crescimento das identidades
homossexuais tanto masculinas como lésbicas (WEEKS, 2000).
A produção da heterossexualidade como norma, faz com que haja uma
desaprovação da homossexualidade, deste modo as pessoas que sentem atração
ou desejo diferente da que é imposta, são silenciadas e/ou segregadas. A
demonstração de afeto entre homens são a todo tempo controladas e impedidas,
são evidentemente codificadas, porém, como em diversas práticas sociais, estão em
constante transformação (LOURO, 2000).
Para o autor Weeks (2000) a lógica de uma identidade sexual é ambígua, pois
no mundo contemporâneo, é um pensamento totalmente essencial em que é
ofertado um envolvimento de unidade individual, de posição pessoal, e até mesmo
de compromisso político. É incomum ver pessoas afirmando sua
heterossexualidade, pois essa é a maior suposição. Porém assumir sua
homossexualidade tem significado de pertencimento, é manifestar seu lugar em
relação ás normas dominantes.

2.4 TEORIA QUEER E A SUBVERSÃO DAS IDENTIDADES

Pode-se traduzir a palavra “queer” por aquilo que é estranho, incomum,


bizarro, peculiar, anormal, etc. Por muito tempo foi utilizada de forma pejorativa para
com homens gays e mulheres lésbicas, porém os movimentos assumiram esse
termo atribuindo o significado de oposição a normalização e consequentemente a
heteronormatividade imposta pela sociedade (LOURO, 2001).
Na visão da autora Preciado (2011), entende-se que os corpos não estão
mais docializados, considerando-se que os sujeitos passam por um processo de
desidentificação, ou seja, não se enquadram nos padrões que são produzidos pela
sociedade. Desse ponto de vista, essa não identificação aparece com as bichas que
não são considerados homens, com as trans que também não são homens nem
mulheres, e das sapatas que não são classificadas como mulheres.
24

Nomear um corpo em menina ou menino supõe que o sexo biológico é um


fato que irá determinar o gênero e a orientação sexual, a partir disso os corpos serão
masculinizados ou feminilizados. Esse sentido considera que o sexo é um dado que
antecede a cultura, desta forma é concedido um caráter inalterado, binário e a-
histórico. Porém há corpos que não se conformam e, desobedecem e subvertem
essa lógica (LOURO, 2004).
A política das pessoas queer foge da lógica de identificação homem/mulher e
das práticas heterossexuais/homossexuais. Entende-se que há uma pluralidade de
corpos que se opõem aos regulamentos que ditam o que é normal ou anormal.
Então se encontra uma multidão de diferenças que resistem as políticas do sexo
(PRECIADO, 2011).
Esse modelo baseado na diferença sexual nos faz pensar que há um acordo
entre sexualidade, gênero e corpo. Entende-se que por ter uma vagina você é
mulher, emotiva, materna, reprodutora e heterossexual, se você tem um pênis, você
é homem, racional, paterno, procriador e heterossexual (BENTO, 2006).
A população queer que é silenciada passa a se politizar e a partir disso
transforma o estigma voltado para essas pessoas em orgulho, seja orientação
sexual, de gênero, étnico, dentre outros. Desta forma, passam a ganhar visibilidade,
porém há controvérsias onde algumas áreas sócias passam a mostrar crescente
aceitação da multiplicidade sexual e, por outro lado, os campos tradicionais retomam
suas ofensas, criando campanhas para a volta de princípios tradicionais da família
até repulsa e violências físicas (LOURO, 2001).
Os sujeitos que ultrapassam a barreira do gênero ou da sexualidade são
vistos como desviantes. São considerados imigrantes e clandestinos que fogem do
lugar que deveriam estar e essas pessoas são concebidas como delituosos e devem
sofrer as penalidades. Desta forma, passam a ser corrigidos, rotulados e ignorados
como minorias (LOURO, 2004).
A sociedade normatiza, policia, vigia o que consideram como prováveis
descuidos e desvios. Esses deslocamentos se encontram em mulheres que gostam
de outras mulheres, com as que não querem ser mãe – mesmo que heterossexuais,
a partir de homens e mulheres que reorganizam seus corpos/gêneros e lutam para
ser reconhecidos pelas suas identidades, dentre outros. Percebe-se que há múltiplos
desejos que se afastam dessa condição biológica e hormonal (BENTO, 2006).
25

Há sujeitos que não condizem com o projeto social de gênero, ou de corpo,


ou os dois. Tendo em vista esse universo que é o gênero e as possibilidades de
transitar por esse mundo, pode-se então haver uma auto identificação como trans ou
não. Pois há uma pluralidade de alternativas onde umas são mais reconhecidas que
outras (OLIVEIRA, 2017).
O biscoito sexual utiliza três posições para cada dimensão de sexo, gênero e
orientação sexual. Os estudos queer apontam que não existem três ou quatro
lugares/possibilidades, mas que cada um de nós tem um gênero singular – e que as
identidades colocadas em letras podem ser interessantes para pensar uma luta
política, mas não como representação da realidade dos corpos.
Oliveira (20017) afirma que não existe uma definição de homens e mulheres
perfeitos nem de feminilidade ou masculinidade. Sendo assim, há mais gêneros e
orientações sexuais do que isso – uma proliferação sem fim.
26

3 LIMITES E POSSIBILIDADES DE INSERÇÃO DAS QUESTÕES DE GÊNERO E


SEXUALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL

Antes de refletir a importância da escola, é necessário contextualizar as


questões de sexualidade e gênero e como essas trazem implicações na vida dos
sujeitos.

• Violência contra a mulher

Conforme a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, uma pesquisa


do DataSenado em 2013 sobre violência contra a mulher estima que cerca de 13
milhões e 500 mil mulheres passaram por algum tipo de agressão. As vitimas de
violências se encontram em todas as partes da sociedade. E na maioria dos casos o
agressor é o próprio companheiro, desta forma, a violência domestica e familiar é a
que tem maior impacto nos índices de homicídios contra mulheres, intitulado como
feminicidio (BRASIL, 2015).
O DataSenado (2013) aponta através de um gráfico quantas pessoas
conhecem mulheres vitimas de violência seja física, psíquica, moral, patrimonial ou
sexual, e qual a idade e escolaridade dessas mulheres.

Figura 2: Quadro de violência doméstica ou familiar

FONTE: Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Secretária de Transparência, DataSenado


(2013).

O quadro aponta que 88,8% das pessoas entrevistadas conhecem alguma


mulher que passou por algum tipo de violência doméstica e familiar. É possível
perceber que a violência simbólica ou física atinge as adolescentes, jovens, adultas,
idosas e também ocorre com mulheres de níveis de escolaridades diferentes.
27

A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres entende como violência


física qualquer ação que cause danos a saúde corporal e integridade da mulher. Já
a violência psicológica é compreendida como qualquer atitude que cause danos
emocionais, prejuízos á saúde mental, baixa auto-estima ou que controle seus atos,
comportamentos, convicções, que humilhe, ameacem, constranja, ridicularize,
dentre outros (BRASIL, 2015).
Em relação á violência sexual é considerada como a atitude que imponha a
estar presente, a manter, ou se envolver em relações sexuais não desejadas, além
de limitar e anular o exercício dos seus direitos sexuais e reprodutivos. A violência
patrimonial é qualquer ação que caracterize reter, subtrair, destruir parcialmente ou
totalmente os objetos, documentos, materiais de trabalho, dentre outros (BRASIL,
2015).
A violência moral está relacionada à atitude que represente injúria, difamação
ou calúnia. Assim sendo, é a violência contra mulheres é classificada na influencia
do gênero, ou seja, as construções sociais, culturais e políticas do feminino e
masculino, assim como a vinculação entre mulheres e homens. Desta forma, requer
mudanças em níveis culturais, sociais e educativas para o confronto desse
fenômeno (BRASIL, 2015).

• Violência contra LGBT

De acordo com o Grupo Gay da Bahia (2016), ocorreram no Brasil no ano de


2016, 343 mortes de LGBTs+ (lésbica, gays, bissexuais, transgênero, travestis,
transexual, dentre outros) e a cada 25 horas um LGBTs é brutalmente assassinado.
Segundo Junqueira (2009) diante do exposto, é possível perceber que a homofobia
é um caso que está ligado á discriminação, preconceitos e violência contra LGBT+.
A homofobia é uma trágica realidade que afeta a nossa sociedade brasileira,
geralmente ela aparece de forma mascarada, através de brincadeira e de forma
subliminar, mas não significa que seja menos grave e danosa. O combate a essa
mazela social pode fazer diferença entre a vida e a morte (SANTOS, 2013).
O machismo acredita que a norma do comportamento sexual humano é a
heterossexualidade, portanto é perfeita e auspiciosa. Qualquer outra prática sexual é
considerada como anormal, negativa e inferior e antinatural. A partir da perspectiva
reducionista, são consideradas lésbicas as mulheres que apresentam
28

comportamento masculino e são considerados gays aqueles homens que


expressam feminilidade. Neste caso, as ações violentas e desfavoráveis para com
os sujeitos que atravessam os limites dos gêneros são idéias desta forma de
sexismo1 (SANTOS, 2013).
Desta forma é preciso pensar em mecanismos para o combate desses dois
tipos de violência, de que forma é possível trabalhar para que haja menos machismo
e lgbtfobia e uma construção de sociedade mais igualitária.

3.1 A ESCOLA E SEU POTENCIAL NA FORMAÇÃO

Para compreender a escola como uma potencia na formação dos sujeitos


Paulo Freire (2001) reflete que:

Enquanto preparação do sujeito para aprender, estudar é, em


primeiro lugar, um que-fazer crítico, criador, recriador, não importa
que eu nele me engaje através da leitura de um texto que trata ou
discute um certo conteúdo que me foi proposto pela escola ou se o
realizo partindo de uma reflexão crítica sobre um certo
acontecimentos social ou natural e que, como necessidade da
própria reflexão, me conduz à leitura de textos que minha curiosidade
e minha experiência intelectual me sugerem ou que me são
sugeridos por outros (FREIRE, 2001, p. 260).

Desta forma, a escola é um lugar privilegiado de aquisição de conhecimentos,


onde crianças, jovens e adultos convivem, por isso é necessário ser um local que
possibilite a transmissão de informações atualizadas do ponto de vista cientifico,
onde se deve discutir tabus e preconceitos (MOURA, et al, 2011).
Percebe-se que há uma censura nas discussões das questões de gênero e
sexualidade em sala de aula, pois é tido como um assunto polêmico em vários
sentidos e que ainda gera muito desconhecimento e preconceito. Inclusive em
debates aleatórios com amigos é possível perceber atitudes e posturas
preconceituosas (SILVA, 2014). Tal como Silva, percebe-se que ao falar de gênero
e escola, há uma tensão, visto que é uma temática ainda pouco ou quase nada
discutida no contexto escolar.
Um dos propósitos do ensino é criar possibilidades para que as crianças e os
jovens se integrem na sociedade de forma independente e critica, obtendo

1
Sexismo é o preconceito ou discriminação baseada no sexo ou gênero de uma pessoa. O sexismo pode afetar
qualquer gênero, mas é particularmente documentado como afetando mulheres e meninas. .
29

condições para o exercício da cidadania. Sendo assim, a escola deve possibilitar


que os alunos e alunas estejam aptos de se indignar, de forma critica, com as
desigualdades sociais (PATARO e ALVES, 2011). Embora esse seja o papel da
escola, há uma rejeição social à esses temas, e espera-se que a escola apenas
prepare para o mercado de trabalho.
Em geral a preocupação no ambiente escolar está voltada para os
conhecimentos específicos e a formação para promoção da cidadania fica em
segundo plano. Contudo, entende-se que a escola vai além dos conteúdos
curriculares, pois ela também é responsável pelo desenvolvimento das condições
físicas, cognitivas, psíquicas e culturais para que as alunas e alunos tenham uma
vida benéfica (PATARO E ALVES, 2011).
Para Silva (2014), é no ensino fundamental que aparece de forma nítida a
relação de gênero e sexualidade entre os alunos. Elas são percebidas nas
brincadeiras que estão relacionadas aos sentimentos, as emoções e sensações que
envolvem a energia sexual, presente inclusive na forma de efetuar as atividades
escolares, na arrumação dos materiais de estudo e nos comportamentos diferentes
de meninas e meninos.
Para Nogueira (2010), o papel da mulher vem mudando no desenrolar dos
tempos em vários campos, no mercado de trabalho, na educação e na política. À
educação concerne deixar claro que tanto homens quanto mulheres tem os mesmos
direitos e deveres, sempre deixando o preconceito e a discriminação de lado ao
realizá-lo. Diante dessa observação se torna necessário que o educador tenha uma
prática pedagógica que realize contribuições para a promoção de uma educação
igualitária.
No ambiente escolar a todo o momento os corpos das meninas e dos
meninos estão sendo avaliados, medidos e classificados, desta forma são corrigidos
e moldados conforme as normas sociais. Sendo assim, esses corpos irão se tornar
aptos, lucrativos e dóceis. É um trabalho continuo onde se caracterizam e geram
divisões e distinções. Um procedimento que ao atribuir “traços” corpóreos, as
concebe, esculpindo e implantando diferenças (LOURO, 2000).
De acordo com Louro (2000) a produção das disciplinas é baseada numa
perspectiva masculina e heterossexual, sendo assim, as experiências e os
problemas das mulheres e dos homossexuais são ignorados. A partir dessa lógica
30

qualquer ato que indique a atração por uma pessoa do mesmo sexo é exorcizada. A
idéia de que existe esse desejo entre meninos é assustadora.
Louro (2000) diz que a masculinidade se forma em contraposto a
feminilidade e também aos outros modos de exercer a masculinidade. Os corpos
devem mostrar que rejeitam qualquer traço de homossexualidade e também não
podem sugerir nenhuma feminilidade.
Nesse entendimento, discutir nas escolas sobre gênero e sobre as suas
diferentes identidades é denunciar as violências que esses sujeitos sofrem devido
aos papéis sociais que são denotados aos sexos biológicos, alem de mostrar
cientificamente que as construções sociais que ditam o modo “natural” de agir, que
não é percebido pelos indivíduos (OLIVEIRA, 2011).
No cotidiano escolar é possível perceber as manifestações das questões do
gênero e sexualidade dentro da sala de aula e também nos ambientes não formais
como nos corredores, no banheiro, no recreio, dentre outros. Nesses espaços
ocorrem situações que são consideradas como sexualizadas, como preconceituosas
e exclusivas ou inclusivas, elas se materializam em brincadeiras ou até
silenciamento dessas questões, freqüentes em sala de aula (LIMA E SIQUEIRA,
2013).
Oliveira (2011) afirma que a escola tem como papel orientar sobre as
diferentes formas de relações, de ensinar o respeito e prevenir assim os pré-
conceitos estabelecidos pelo senso comum. Pois existem pessoas que estão em
sofrimentos seja por sua orientação sexual, por não se adequarem ao gênero
estabelecido ou que não se encaixam nos padrões determinados socialmente.
A educação tem como função lutar por uma sociedade onde as oportunidades
sejam igualitárias e amenizar as opressões através do diálogo com as vivencias de
meninos e meninas. Falar de gênero e sexualidade e as diversas violências que
acontecem devido à norma, onde é imposto a forma correta de se viver, é falar sobre
agressões físicas e simbólicas, sobre mortes, sobre problemas psíquicos de sujeitos
(OLIVEIRA, 2011).
Faz-se importante o debate de questões de gênero e sexualidade na
metodologia de ensino aprendizagem, “pois a escola não pode mais simplesmente
encaminhar ou marcar horário para tratar destas questões, cabe a ela se aprofundar
em conhecimentos científicos historicamente construídos” (p, 4). Porém é possível
perceber uma posição de fuga da responsabilidade desse educador. A educação
31

não se limita a conteúdos específicos de cada área do conhecimento (NOGUEIRA,


2010).
Sendo assim, faz-se necessário que os educadores reflitam a forma de
pensar, agir, dizer, produzir, a realidade que é diversa e complexa que envolvem os
sujeito da educação. É importante pensar na contribuição da educação na
construção de uma sociedade igualitária em todos os níveis das relações humanas,
e a sua função social no tratamento pedagógico das questões de gênero e
sexualidade (NOGUEIRA, 2010).
Em relação á atuação do professor ou professora, é importante que este
saiba manejar as informações recebidas para que seja almejada a produção do
respeito e a quebra dos estereótipos e dos preconceitos. Desta forma é necessário a
busca por novas posturas, além de estudos atualizados e um trabalho em sala de
aula que promova a construção da igualdade (SILVA et al, 2011).
O trabalho do docente em aula deve acontecer de maneira a desmistificar
posicionamentos preconceituosos, debater ideias, a produção conhecimentos a
partir do que as crianças já carregam consigo, para que seja possível a
compreender as múltiplas diversidades e que cada um tem suas características e
que não é por esses motivos que não devam ou merecem ser impedidos de assumir
e exercer as atividades da sua escolha (SILVA et al, 2011).
A utilização de uma linguagem unicamente masculina nos livros didáticos que
não evidencia a forma feminina acaba por não conceber as meninas e mulheres
como indivíduos próprios, elas são a todo o momento consideradas como parte de
uma classe masculina (BRASIL, 2009).
Em muitos momentos a escola não percebe que a linguagem adotada é
segregadora e ao ser questionado explica sobre as normas da língua portuguesa
que ao se relatar aos homens, pressupõe mulheres, e que a sociedade entende e
funciona da mesma maneira. Percebe-se que dessa forma há um domínio do
masculino sobre o feminino (BRASIL, 2009).
Patarro e Alves (2011) sugerem um olhar diferente em relação ao papel da
escola. Desta forma, a educação precisa preparar as crianças e jovens para a
construção de uma sociedade mais justa e solidária. Sendo assim, é necessário que
os meninos e meninas vivenciem a justiça, a cidadania, a igualdade e o
reconhecimento direitos humanos no âmbito escolar.
32

Silva (2014) defende que os alunos e alunas têm o direito a um ensino que
aborde as questões de gênero e sexualidade para que seja possível possibilitar a
consciência desses sujeitos que são livres para viver e avaliar sua sexualidade,
buscando o diálogo e a interação sobre a pluralidade de gêneros e sexualidades
existentes nas escolas e na sociedade
Junqueira (2009) acrescenta que as discussões para o enfrentamento das
descriminações por orientação sexual e gênero nas escolas devem ir além do
combate á violência. Se for limitado a ela, pouco haverá contribuição para a
construção de uma cultura envolvida com a democracia.

3.2 A INVENÇÃO DA IDEOLOGIA DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO

Em uma discussão em volta do Plano Nacional de Educação (PNE), a


expressão “ideologia de gênero” foi usada por pessoas que assumem posições
conservadoras, fundamentalista e reacionária relacionado ás identidades de gênero
e orientação sexual. Afirmando que a ideologia desconstrói as famílias que esses
consideram como tradicionais (REIS e EGGERT, 2017).
De acordo com Varela (2016) o Papa Francisco deu uma entrevista em um
vôo de volta a Roma, onde disse:

"O que eu falei foi sobre a maldade que hoje se faz com a doutrinação da
ideologia de gênero. Um pai francês me contava que, à mesa, ele estava
falando com os filhos (...) e perguntou ao menino de dez anos:'O que você
quer ser quando crescer?'. 'Uma menina!'. E o pai se deu conta de que, nos
livros da escola, ensinava-se a ideologia de gênero. E isso é contra as
coisas naturais. Uma coisa é que uma pessoa tenha essa tendência ou
essa opção, ou mesmo aqueles que mudam de sexo. Outra coisa é fazer o
ensino nas escolas nessa linha, para mudar a mentalidade [...] (VARELA,
2016 apud FRANCISCO, 2016).

É indispensável salientar que em nenhum dos documentos finais das


conferencias de educação e nem o PNE, faz referencia a expressão “ideologia de
gênero”. O objetivo da inserção das questões de gênero e sexualidade é promover a
equidade de gênero e o respeito á diversidade sexual (REIS e EGGERT, 2017).
Valera (2016) afirma que a “ideologia de gênero” quer ensinar para as
crianças que homossexualidade e troca de sexo são coisas normais e
consequentemente ensinará sobre poliamor e incesto. A autora incentiva que pais e
educadores cristãos não aceitem essa temática nas escolas.
33

Em relação á orientação sexual, é possível perceber no discurso dos


conservadores que a homossexualidade é apontada como responsável pela
perversão, pelo incesto e pela pedofilia, sendo assim é culpada pela destruição da
família (ALMEIDA e LUZ, 2014).
Há uma união formada por católicos e evangélicos que defendem o que
intitulam como família e costumes tradicionais, que acabam por distorcer
informações além de desvalorizar e desqualificar os estudos de gênero, isso trás
prejuízos no que diz respeito ao real objetivo da inserção dessas questões na escola
(REIS e EGGERT, 2017).
De acordo com a Associação Brasileira de Antropologia (ABA, 2015),
ideologias e/ou doutrinas são fundamentadas através das crenças e dogmas
religiosos, em contraposição, o conceito de gênero é sustentado por indicadores
científicos de elaboração de saberes a respeito do mundo.
Diante do exposto, a ABA (2015) certifica que o conceito de gênero evidencia
os desenvolvimentos históricos e culturais que classifica e posiciona os sujeitos com
base na relação sobre o que se entende como masculino e feminino. Portanto, se
trata de um agente que produz significado para as dessemelhanças concebidas nos
corpos e que articulam os sujeitos, as práticas, as emoções, no meio de uma
organização de poder.
Varela (2016) declara que a ideologia de gênero expõe crianças a assuntos
que normalizam o comportamento homossexual, desta forma fará com que as
meninas e meninos se envolvam nesse tipo de relacionamento por conta de
curiosidade e devido ao incitamento gerado pela orientação homossexual. E que os
pais que criam os filhos com gênero neutro acabam por esquecer a biologia.
A falsa alegação da ideologia de gênero tal como a desconstrução dos papeis
de gênero e da família no âmbito escolar estabeleceu um pavor em pessoas
conservadoras, a ponto de disseminar informações adulteradas. Quando o que se
planejava era a equidade de gênero e o respeito à diversidade sexual (REIS e
EGGERT, 2017). Pois através de muitas pesquisas foi possível reconhecer que
existem mecanismos que reproduzem as desigualdades no ambiente escolar
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 2015).
Circula pela internet uma cartilha sem autoria onde informam que caso seja
aprovado á ideologia de gênero nas escolas, as crianças vão aprender que não são
nem meninas nem meninos, e que é necessário inventar um gênero. E sendo assim
34

há um objetivo de destruição das famílias tradicionais (AUTOR DESCONHECIDO,


2015).
As pessoas utilizam a palavra família inúmeras vezes nos argumentos que
são contra a inserção das questões de gênero e sexualidade. É possível perceber
que essa família referenciada é constituída por um casal, homem e mulher,
heterossexual e com filhos. Deste modo é anunciado um modelo único de família, e
todos os outros modelos são segregados (ALMEIDA E LUZ, 2014).
As alegações usadas pelas pessoas que espalham a ideia de ideologia de
gênero fazem com que haja a manutenção das desigualdades de gênero, onde
mulheres são vistas como inferiores aos homens. Além da manipulação da
informação sem nenhum fundamento cientifico (REIS e EGGERT, 2017).
É de suma importância legitimar a igualdade e equidade de gêneros, pois a
diferença binária entre feminino e masculino determina papéis engessados de
gênero que apenas auxiliam para corroborar nas desigualdades, que em geral são
resultantes do patriarcado2 (REIS e EGGERT, 2017).
Nesta perspectiva, a solicitação de igualdade de gênero no âmbito escolar
está correlacionada a um sistema educacional inclusivo, que possibilite o combate
das discriminações e que não reproduza as desigualdades que existem na
sociedade. Quando se propõe igualdade não quer dizer invalidar as diferenças, mas
assegurar um local democrático em que as diferenças existentes não se
transformem em desigualdades (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA,
2015).

3.3 PSICOLOGIA E A SUBVERSÃO DOS DISCURSOS DOMINANTES

A responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe


coloca o dever de se preparar, de se capacitar, de se formar antes
mesmo de iniciar sua atividade docente. Esta atividade exige que sua
preparação, sua capacitação, sua formação se tornem processos
permanentes. Sua experiência docente, se bem percebida e bem
vivida, vai deixando claro que ela requer uma formação permanente
do ensinante (FREIRE, 2001 p. 259).

Pesquisas feitas em Psicologia escolar apontam que ainda é visível a


desqualificação de professores e professoras. Este acontecimento pede um novo

2
Patriarcado – é um sistema social que continuamente beneficia o homem em detrimento a mulher (Oliveira
2017).
35

local institucional para o docente, com a finalidade de se construir um plano político


pedagógico global, da qual os objetivos sejam claros e delimitados (SOUZA, 2010).
Desta forma, cabe a Psicologia escolar no processo de formação de
professoras e professores a construção de espaços reflexivos para que seja possível
pensar nas dificuldades que interferem no aprendizado e quais as possibilidades de
resolver essas questões. Além de auxiliar na subversão dos discursos dominantes
que ditam uma norma de aluno perfeito (GESSER e NUERNBERG, 2011).
Uma das possibilidades de contribuições da Psicologia no campo educativo
pode se dá na colaboração das implementações das políticas públicas. Tendo em
vista que os métodos educacionais ocorrem em múltiplos ambiente e níveis, essa
junção de psicologia e educação pode assumir diversas e inúmeras formas
(MARTINEZ, 2010).
Em relação á formação de professores e professoras Souza (2010) considera
que há uma necessidade de acompanhamento das pesquisas em Psicologia. Pois é
considerável saber quais são as influencias e os impactos das modificações na
formação dos docentes.
Os sujeitos da escolarização passaram a ganhar visibilidade e devido á
imagem passada de modelo a serem praticados e seguidos, os comportamentos, as
linguagens, os desejos e pensamentos foram disciplinado, ou seja, além das
disciplinas das meninas e meninos há um olhar voltado para a disciplina dos corpos
dos professores (LOURO, 2000).
Segundo afirma a autora Louro (2000) os costumes, as rotinas, as falas
necessitam ser objetos de precaução e desconfiança, isto é, se atentar para o que é
dito como natural. Diante do exposto, é preciso questionar os assuntos que são
ensinados, a forma como é ensinada e o uso da linguagem, pois essas podem estar
carregadas de racismo, sexismo e etnocentrismo.
Tendo em vista a dificuldades dos docentes em lidar com certas questões, é
fundamental o norteamento desses sujeitos para o entendimento do campo da
sexualidade, do gênero, de raça, classe social, dentre outros. Portanto, a Psicologia
Escolar pode e deve participar da formação desses professores e professoras com
base em um posicionamento político e ético (GRESSE ET AL, 2012).
É possível considerar que o trabalho da psicóloga e psicólogo diante das
questões de gênero e sexualidade dentro do contexto escolar, devem se orientar por
um compromisso com uma escola democrática e com qualidade social. Desta forma,
36

deve está pautada no direito e exercício da cidadania. Esse comprometimento é


político, pois circunda a estruturação de uma escola participativa (SOUZA, 2010).
A Psicologia escolar pode contribuir com projetos de formação de professores
e professoras no que diz respeito à sexualidade, criando oportunidades de
processos reflexivos sobre esse tema para que haja uma verificação das próprias
crenças, valores, preconceitos referentes a esse assunto (GRESSE ET AL, 2012).
A partir do momento que se exerce uma visão mais extensa da vida escolar,
não centralizada unicamente no aspecto da psicoeducação, mas também no seu
enfoque psicossocial; o valor do trabalho da psicóloga e psicólogo em ligação à
implementação das políticas públicas no âmbito educacional fica mais claro e
evidente (MARTINEZ, 2010).
Assim como é indispensável que a psicóloga e o psicólogo, durante a
formação de professores e professoras em uma óptica ético-política, faça-se
intercessor nos procedimentos de “apropriação e reflexão crítica sobre os discursos
constituintes da sexualidade na contemporaneidade” (GRESSE et al, 2012, p. 6),
fazendo com que seja possível perceber as conseqüências destes na maneira que
os docentes enfrentam as expressões da sexualidade no dia a dia.
Por fim, é importante destacar que também faz parte do trabalho dos
psicólogos e psicólogas a humanização tanto dos alunos quanto das professoras e
professores. Quando há o cumprimento social da garantia de cidadania e do
desenvolvimento do pensamento critico, essa humanização se torna capaz
(GESSER e NUERNBERG, 2011).

3.4 INCLUSÃO ESCOLAR

O funcionamento escolar é formado através de alguns procedimentos como


obrigações, códigos de direitos e deveres, rituais, rotinas, que são construídos a
partir de uma visão de exclusão e segregação de meninos e meninas de alguns
grupos. Pode-se entender como a ideia de que um aluno ou aluna que apresenta
rendimento abaixo do esperado deve ser retirado de um grupo e colocado em outro,
os alunos mais novos devem ser afastados dos mais velhos, meninas e meninos
brincam e estudam separadamente, dentre outras (SEFFNER, 2009).
O ambiente escolar ainda tem muitos obstáculos em tratar sobre a orientação
sexual e as identidades de gênero, ela se mostra insegura e confusa na presença de
comportamentos que não estão no roteiro. Desta forma, se instalam os padrões
37

sociais de exclusão através de atitudes de violência ou de menosprezo, onde se faz


de conta que não existe nada acontecendo, ou seja, não há escuta das denuncias
do sofrimento pela discriminação (PERES, 2009).
Na atualidade, os docentes precisam ser sensíveis para a questão da
inclusão, pois ainda é complexo para a sociedade entender que gays, deficientes,
lésbicas, deficientes mentais, travestis, transgêneros, gente mais velha,
comportados e bagunceiros, espíritas e católicos, sejam capazes de estudar em
equipe, num clima de respeito, aceitação e harmonia (SEFFNER, 2009).
Quando o tema inclusão escolar é discutido, os professores e professoras
mostram que são favoráveis, mas posteriormente apontam dificuldades para tal
proposta. Os problemas existem como em qualquer processo, mas não devem ser o
pretexto para que retorne ao sistema arcaico de exclusão dos diferentes (SEFFNER,
2009).
Focar nas dificuldades faz com que se afastem de uma das finalidades
educacional que é fazer com que as pessoas estejam preparadas para conviver com
as diferenças através da promoção de sentimentos e ações de benevolência,
irmandade, igualdade e equidade de direitos, pelo reconhecimento do coletivo e pela
garantia do acesso ao conhecimento. Peres (2009) conclui seu pensamento ao dizer
que não existe roupa correta para exercer a cidadania.
A escola é um espaço público, onde todos e todas merecem estar e estudar
sendo um local de aprendizado e de conciliação das diferenças. Os motivos
apontados pelas escolas para “impedir” o acesso de pessoas LGBTs estão
relacionados a pensamentos arcaicos (SEFFNER, 2009).
As pessoas que romperam os padrões morais e estéticos são sujeitadas as
crueldades dos preconceitos. Portanto quando há valores enrijecidos e sólidos no
ensino, quanto mais regedora forem os exercícios que orientam, maior será a
desigualdade, a hostilidade e o afastamento social (PERES, 2009).
Vale lembrar que os professores e professoras são de gerações diferentes
dos alunos e alunas. Tento em vista as múltiplas gerações e valores, o ideal é um
dialogo produtivo onde eles possam debater mesmo que não disponham da mesma
opinião. Sendo a escola um local de aprendizado, o/a professor/a deve dirigir seu
vinculo com as crianças e os jovens na direção de investigar as possíveis formas de
aprendizagem (SEFFNER, 2009).
38

Para que isso aconteça, é necessário estudos, debates, reflexões a respeito


da política e da educação, e paciência para que dessa forma os docentes
identifiquem a riqueza que é a diversidade dentro da sala de aula, em todos os
aspectos. Desta forma se faz importante a ruptura de preconceitos que são
mantidos pelo senso comum (SEFFNER, 2009).
As pessoas que não se encaixam nos padrões estabelecidos, como
consequência, muitas vezes abandonam os estudos ou são expulsas das escolas.
O ambiente que deveria ser de inclusão da diversidade acaba por não desempenhar
este papel. Configura-se então em escola-polícia, escola-tribunal, escola-igreja, são
desta forma “orientadas por tecnologias sofisticadas de poder centradas na
disciplina dos corpos e na regulação dos prazeres” (PERES, 2009 p. 239)
A inserção de alunos e alunas gays, lésbicas, travestis, transgêneros, dentre
outras requer uma mudança na organização da escola. Inicialmente a abolição de
piadas e das manifestações sexistas, a respeito dos sujeitos que fogem os padrões
proferidos como “normais” (SEFFNER, 2009).
Não há possibilidades de educação em um local que não tenha respeito, pois
as agressões sejam verbais e física é uma arma que expulsa esses indivíduos que
não se enquadram nos padrões estabelecidos pela sociedade. Em relação á
diversidade sexual as regras para relacionamento entre homens e mulheres
precisam ser as mesmas para todos os tipos de casais (SEFFNER, 2009).
Ainda de acordo com o pensamento do autor Seffner (2009), uma educação
de qualidade só pode acontecer quando houver de fato uma atenção para a inclusão
escolar. E preocupação para inclusão deve ser feita a partir da valorização e do
respeito pela diversidade sexual, pela diversidade de gênero, pelas mulheres, dentre
outros. Sem isto não há uma preparação adequada de meninos e meninas para um
mundo melhor.
Então é de caráter urgente incluir nas mesas-redondas, nas palestras e nas
discussões no que diz respeito ás identidades de gênero e sexuais. Pois é
necessário que se crie espaços de respeito e harmonia no que se trata de pessoas
que fazem parte da rede de ensino e socialização. Faz-se importante que a escola
ofereça um local de escuta e acolhimento e que inclua na diretriz curricular e nas
propostas pedagógicas a promoção do combate eficaz da LGBTfobia, do machismo
e dos métodos de estigmatização (PERES, 2009).
39

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa sofreu, no decorrer de seu progresso, várias alterações,


surgiram questionamentos e inquietações até que chegasse a seu término.
Demandou também ampla dedicação na busca de referencial teórico que
contemplasse a proposta. No entanto foi um trabalho enriquecedor e incentivador
tanto de um ponto de vista acadêmico como do pessoal. A construção e o
desenvolvimento oportunizaram a reflexão das implicações do machismo e dos
preconceitos na vida de determinados sujeitos, contribuiu para o entendimento dos
padrões sociais referentes às masculinidades, às feminilidades e às distintas
manifestações das sexualidades e das relações de gênero.
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise sobre as
diferenças entre sexo, gênero e orientação sexual, sendo que esses conceitos ainda
são confundidos pela maioria das pessoas. Diante disso foi possível perceber que
diversos sujeitos não se enquadram nos padrões estabelecidos socialmente e que
há mais diferenças de sexo e gênero do que possamos imaginar.
Durante o texto foi ressaltado as diferenças entre os conceitos onde o sexo é
definido biologicamente, nascemos machos ou fêmeas, em relação á sexualidade
essa está ligada às pessoas por quem nos sentimos atraídos. E o gênero está ligado
á construção social de homens e mulheres.
Diante disso, foram discutidas as violências contra LGBT e as violências
contra a mulher, seja ela a física, psicológica, moral, patrimonial e sexual que está
no cotidiano de todas as classes sociais e afetam mulheres de qualquer nível
escolar. A taxa de violência contra essas pessoas é altíssima e o principal
mecanismo para combater esse fenômeno é a educação. Onde os meninos
precisam respeitar o corpo da mulher e que todos e todas precisam ser tratados com
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equidade. Pois nenhuma pessoa deve ser agredida ou violentada pelo fato de ser
mulher ou LGBT.
Foi exposto a importância da inserção das questões de gênero e sexualidade
no ensino fundamental, pois, compreende-se que o espaço escolar é um lugar
privilegiado de troca de conhecimentos onde circulam crianças e adultos, tendo
assim mais facilidade para se discutir temas tidos como tabus. No entanto, nem
todas as escolas não aderem as suas discussões dos assuntos relacionados ás
questões de gênero e sexualidade, não contribuem para que as suas alunas e
alunos estejam aptos a refletirem de maneira crítica as desigualdades sociais.
Entende-se que a escola é um local onde devem ser discutidos diversos
saberes, privilegiando os conhecimentos científicos. Sendo assim, não se deve
permitir falácias criadas com o intuito de desvalorizar os estudos de raça, classe e
gênero, sendo esse último tema sobre o qual me debrucei.
Nesse contexto, as psicólogas e psicólogos podem contribuir no que diz
respeito á criação de políticas públicas que possibilitem uma educação de fato
inclusiva. A psicologia escolar, dentro do processo de formação de professores pode
auxiliar nesse exercício, trazendo reflexões a partir de um olhar crítico diante da
exclusão de questões tão importantes no espaço em que se produz conhecimento,
onde se produz subjetividades.
Por ser um espaço onde o sujeito se constitui esse precisa ser um espaço de
reflexão, acolhimento e inclusão de crianças e adolescente e a conseqüência disso
é menos homofobia, menos machismo, menos feminicídio, menos sofrimentos
psíquicos, dentre outros, isso não é uma regra ou uma exatidão. Mas partindo desse
pressuposto, é uma possibilidade.
Levando em consideração as reflexões anteriores, nota-se que se faz
necessário falar de gênero e sexualidade nas escolas para que seja possível o
exercício da cidadania e para o reconhecimento da equidade entre mulheres e
homens. Pois acredita-se que todos e todas tenham o direito de habitar seus corpos
como desejam sem o receio da violência e da discriminação.
Não falar sobre gênero e sexualidade nas escolas é silenciar, é violentar e
acorrentar os sujeitos que não se encaixam no que é socialmente imposto. Tendo
em vista que os sujeitos têm diversas maneiras de expressar o seu gênero e a sua
sexualidade.
Abordar esse tema foi satisfatório e enriquecedor, pois foi possível para a
41

pesquisadora ampliar o seu olhar acerca das questões de gênero e sexualidade,


perpassando por fatores sociais e políticos, possibilitando uma reflexão sobre como
o machismo tem imperado e apesar de atualmente se falar mais sobre essas
questões, as escolas ainda reproduzem discursos que oprimem as pessoas que não
fazem parte desse padrão tido como ideal. Nesse sentido, entende-se que abordar
tais temas nos espaços escolares é produzir um sistema educacional inclusivo, que
não corrobora com desigualdades sociais.
Compreende-se então que as discussões apresentadas nos dois capítulos
representam a vontade de que este trabalho possa de alguma forma colaborar para
os debates sobre gênero, sexualidade e educação, e para a transformação das
psicólogas e psicólogos de como contribuir sobre a importância da inserção dessas
questões no ensino fundamental e da formação de profissionais capacitados para
lidar com essa temática.
Supõe-se que, no decorrer deste trabalho, foram alcançados os três objetivos
propostos, vale ressaltar que o propósito dessa pesquisa foi discutir sobre as
questões de gênero e sexualidade com a finalidade de ampliar as possibilidades de
discussão dessas questões. Diante disso, foi possível constatar que esse é um tema
recente e que requer uma analise muito mais investigada, além de uma maior
participação da Psicologia de modo a manejar e facilitar esse processo.
Dada à importância do assunto, torna-se necessário o desenvolvimento de
mais pesquisas sobre a temática e de uma maior participação da Psicologia nesse
processo, pois há uma escassez de referencias bibliográfica sobre as contribuições
da Psicologia no processo da inserção das questões de gênero e sexualidade no
ensino fundamental.
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