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SALVADOR
2017
DESIRRE DE ANDRADE CORREA
SALVADOR
2017
DESIRRE DE ANDRADE CORREA
Banca Examinadora
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Gilmaro Nogueira (Orientador)
Mestre em Cultura e Sociedade (UFBA / Pós-Graduado em Estudos Culturais
(UNIJORGE) / Pós-Graduado em Atenção a usuários de álcool e outras drogas
(UFBA)
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Jaqueline Vitoriano da Silva
Msc. Em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Faculdade Regional da Bahia - UNIRB
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Tais Abreu
Especialista em Terapia Analítico-comportamental pela Unijorge / Mestranda em
Educação pela UFBA
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Agradeço de forma especial à minha mãe Ednice, por não medir esforços para que
eu pudesse levar meus estudos adiante.
A Luã por me presentear com meu primeiro livro de psicologia e por sempre
estender a sua mão nos momentos mais difíceis
.
Ao meu irmão, que é meu companheiro de brincadeiras e durante este tempo me
incentivou e acreditou sempre em mim. Obrigado maninho.
Ao Davi Fagundes por estar sempre ao meu lado, me apoiando nas minhas
escolhas, e me acolhendo nos momentos de frustração
A minha preceptora de estágio Julie Cruz sempre disposta a ajudar e a ouvir minhas
queixas e me acalmar nos momentos de tensão.
A todas as professoras e professores que em algum momento da vida cruzaram o
meu caminho e fizeram parte da minha formação.
...Mulher, a culpa que tu carrega não é tua
Divide o fardo comigo dessa vez
Que eu quero fazer poesia pelo corpo
E afrontar as leis que o homem criou...
Essa pesquisa tem como objetivo discutir sobre a inserção das questões de gênero
e sexualidade no ensino fundamental, refletindo sobre a importância da inserção
dessas questões na educação, com base no levantamento de dados obtidos através
de pesquisa bibliográfica. Nesse sentido apresenta as diferenças conceituais de
sexo, gênero e orientação sexual, discutindo os limites e possibilidades da inserção
dessas questões no ensino fundamental. Faz necessário falar de gênero e
sexualidade nas escolas para que seja possível o exercício da cidadania e para o
reconhecimento da igualdade e equidade entre homens e mulheres. Dando
relevância para compreender o papel de a educação ensinar as diferentes formas de
se relacionar e a existência das diferenças para que previna a desigualdades, a
violência simbólica e física, do sexismo e dos preconceitos enraizados do senso
comum. Com esse estudo espera-se colaborar para os debates sobre gênero,
sexualidade e educação, e para a transformação das psicólogas e psicólogos de
como contribuir sobre a importância da inserção dessas questões no ensino
fundamental e da formação de profissionais capacitados para lidar com essa
temática.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
5 REFÊRENCIAS ..................................................................................................................... 42
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1 INTRODUÇÃO
ovários e tecidos testiculares, dentre outros (JESUS, 2012). Assim, vemos que a
compreensão de sexo varia desde o estritamente biológico a outras teorias que
apontam os significados atribuídos ao corpo e as normas que produzem o binarismo.
A autora Jesus (2012) vai dizer que o gênero se relaciona com as formas de
se identificar e ser identificada como masculino e feminino, e a partir dessa
classificação social e pessoal dos sujeitos como homem e mulher é que ira orientar
os papéis de gênero e a identidade de gênero.
O gênero está em constante construção e transformação, e através dos seus
meios sociais, dos múltiplos discursos, símbolos, das representações e práticas, é
que os indivíduos se constroem como femininos e masculinos. Há uma transição
nessa construção, pois existe uma transformação aos longos dos anos, como
também na articulação com as historias pessoais, as identidades sexuais, étnicas,
de raça, de classe etc (LOURO, 1997).
Com os estudos feministas, o gênero deixou de ser visto apenas como
diferença sexual e passou a ser considerada uma construção social, ou seja,
homens e mulheres assumem comportamentos e papéis culturalmente
estabelecidos. A escola, a igreja, a família, as mídias, as instituições legais e
médicas são importantes nesse processo de construção do gênero (LOURO, 2008).
Ainda para a autora acreditamos que cor rosa é de menina, azul é de menino,
jogar bola é coisa para menino e brincar de boneca é coisa para menina; mulheres
são reprimidas sexualmente enquanto os homens são incentivados desde a infância.
Somos ensinados também a maneira adequada de nos vestir, nos sentar, o que
fazer para conquistar um parceiro(a) etc.
Bento (2006) afirma que se iniciou a observação de que feminino e masculino
é construído nas relações e na disputa de poder. A idéia de que existe apenas o
gênero masculino e feminino produz um pensamento universal, onde são atribuídas
certas características que são compartilhadas por todos os sujeitos. Desta forma
existe um corpo, sem conteúdos, a espera de um selo da cultura que através de
vários significados culturais atribuirá o gênero.
Ainda de acordo com a autora Jesus (2012), uma pessoa pode ter um pênis e
ter uma identidade de gênero de mulher e vice-versa. Adotar um determinado
padrão ou papéis de gênero não está relacionado aos nossos genitais, aos níveis
hormonais ou aos cromossomos. Sendo assim. O pênis ou a vagina não é
determinante na identidade de gênero, uma vez que ela não é uma consequência do
corpo, mas de uma compreensão da subjetividade e interna.
1
Sexismo é o preconceito ou discriminação baseada no sexo ou gênero de uma pessoa. O sexismo pode afetar
qualquer gênero, mas é particularmente documentado como afetando mulheres e meninas. .
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qualquer ato que indique a atração por uma pessoa do mesmo sexo é exorcizada. A
idéia de que existe esse desejo entre meninos é assustadora.
Louro (2000) diz que a masculinidade se forma em contraposto a
feminilidade e também aos outros modos de exercer a masculinidade. Os corpos
devem mostrar que rejeitam qualquer traço de homossexualidade e também não
podem sugerir nenhuma feminilidade.
Nesse entendimento, discutir nas escolas sobre gênero e sobre as suas
diferentes identidades é denunciar as violências que esses sujeitos sofrem devido
aos papéis sociais que são denotados aos sexos biológicos, alem de mostrar
cientificamente que as construções sociais que ditam o modo “natural” de agir, que
não é percebido pelos indivíduos (OLIVEIRA, 2011).
No cotidiano escolar é possível perceber as manifestações das questões do
gênero e sexualidade dentro da sala de aula e também nos ambientes não formais
como nos corredores, no banheiro, no recreio, dentre outros. Nesses espaços
ocorrem situações que são consideradas como sexualizadas, como preconceituosas
e exclusivas ou inclusivas, elas se materializam em brincadeiras ou até
silenciamento dessas questões, freqüentes em sala de aula (LIMA E SIQUEIRA,
2013).
Oliveira (2011) afirma que a escola tem como papel orientar sobre as
diferentes formas de relações, de ensinar o respeito e prevenir assim os pré-
conceitos estabelecidos pelo senso comum. Pois existem pessoas que estão em
sofrimentos seja por sua orientação sexual, por não se adequarem ao gênero
estabelecido ou que não se encaixam nos padrões determinados socialmente.
A educação tem como função lutar por uma sociedade onde as oportunidades
sejam igualitárias e amenizar as opressões através do diálogo com as vivencias de
meninos e meninas. Falar de gênero e sexualidade e as diversas violências que
acontecem devido à norma, onde é imposto a forma correta de se viver, é falar sobre
agressões físicas e simbólicas, sobre mortes, sobre problemas psíquicos de sujeitos
(OLIVEIRA, 2011).
Faz-se importante o debate de questões de gênero e sexualidade na
metodologia de ensino aprendizagem, “pois a escola não pode mais simplesmente
encaminhar ou marcar horário para tratar destas questões, cabe a ela se aprofundar
em conhecimentos científicos historicamente construídos” (p, 4). Porém é possível
perceber uma posição de fuga da responsabilidade desse educador. A educação
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Silva (2014) defende que os alunos e alunas têm o direito a um ensino que
aborde as questões de gênero e sexualidade para que seja possível possibilitar a
consciência desses sujeitos que são livres para viver e avaliar sua sexualidade,
buscando o diálogo e a interação sobre a pluralidade de gêneros e sexualidades
existentes nas escolas e na sociedade
Junqueira (2009) acrescenta que as discussões para o enfrentamento das
descriminações por orientação sexual e gênero nas escolas devem ir além do
combate á violência. Se for limitado a ela, pouco haverá contribuição para a
construção de uma cultura envolvida com a democracia.
"O que eu falei foi sobre a maldade que hoje se faz com a doutrinação da
ideologia de gênero. Um pai francês me contava que, à mesa, ele estava
falando com os filhos (...) e perguntou ao menino de dez anos:'O que você
quer ser quando crescer?'. 'Uma menina!'. E o pai se deu conta de que, nos
livros da escola, ensinava-se a ideologia de gênero. E isso é contra as
coisas naturais. Uma coisa é que uma pessoa tenha essa tendência ou
essa opção, ou mesmo aqueles que mudam de sexo. Outra coisa é fazer o
ensino nas escolas nessa linha, para mudar a mentalidade [...] (VARELA,
2016 apud FRANCISCO, 2016).
2
Patriarcado – é um sistema social que continuamente beneficia o homem em detrimento a mulher (Oliveira
2017).
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
equidade. Pois nenhuma pessoa deve ser agredida ou violentada pelo fato de ser
mulher ou LGBT.
Foi exposto a importância da inserção das questões de gênero e sexualidade
no ensino fundamental, pois, compreende-se que o espaço escolar é um lugar
privilegiado de troca de conhecimentos onde circulam crianças e adultos, tendo
assim mais facilidade para se discutir temas tidos como tabus. No entanto, nem
todas as escolas não aderem as suas discussões dos assuntos relacionados ás
questões de gênero e sexualidade, não contribuem para que as suas alunas e
alunos estejam aptos a refletirem de maneira crítica as desigualdades sociais.
Entende-se que a escola é um local onde devem ser discutidos diversos
saberes, privilegiando os conhecimentos científicos. Sendo assim, não se deve
permitir falácias criadas com o intuito de desvalorizar os estudos de raça, classe e
gênero, sendo esse último tema sobre o qual me debrucei.
Nesse contexto, as psicólogas e psicólogos podem contribuir no que diz
respeito á criação de políticas públicas que possibilitem uma educação de fato
inclusiva. A psicologia escolar, dentro do processo de formação de professores pode
auxiliar nesse exercício, trazendo reflexões a partir de um olhar crítico diante da
exclusão de questões tão importantes no espaço em que se produz conhecimento,
onde se produz subjetividades.
Por ser um espaço onde o sujeito se constitui esse precisa ser um espaço de
reflexão, acolhimento e inclusão de crianças e adolescente e a conseqüência disso
é menos homofobia, menos machismo, menos feminicídio, menos sofrimentos
psíquicos, dentre outros, isso não é uma regra ou uma exatidão. Mas partindo desse
pressuposto, é uma possibilidade.
Levando em consideração as reflexões anteriores, nota-se que se faz
necessário falar de gênero e sexualidade nas escolas para que seja possível o
exercício da cidadania e para o reconhecimento da equidade entre mulheres e
homens. Pois acredita-se que todos e todas tenham o direito de habitar seus corpos
como desejam sem o receio da violência e da discriminação.
Não falar sobre gênero e sexualidade nas escolas é silenciar, é violentar e
acorrentar os sujeitos que não se encaixam no que é socialmente imposto. Tendo
em vista que os sujeitos têm diversas maneiras de expressar o seu gênero e a sua
sexualidade.
Abordar esse tema foi satisfatório e enriquecedor, pois foi possível para a
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5 REFÊRENCIAS
ALMEIDA, Kaciane Daniela, LUZ, Nanci Stancki. Ideologia de Gênero no PNE: uma
discussão a partir de sítios. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2014.
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