Você está na página 1de 15

Cidadania, diversidade cultural e religião da Antiguidade até os dias atuais no

Brasil.

No latim “religare” significa religação com o divino, a religião é o conjunto de


sistemas culturais e crenças, estabelecidas com símbolos relacionados à humanidade, a
espiritualidade e seus valores morais. Podendo então ser entendida como crença na
existência da força; manifestações voltadas pela doutrina e seus rituais; devoção.

Segundo Durkheim, há características pertencentes a religião que permitem a


criação de certas regras comportamentais e normas que visam a harmonia entre pessoas.
Sendo assim, é a partir da religião que a sociedade se organiza e estruturam formando
uma imagem delas mesmas. “O ritual pode ser considerado um mecanismo para reforçar
a integração social. Durkheim conclui que a função substancial da religião é a criação, o
reforço e manutenção da solidariedade social. Enquanto persistir a sociedade, persistirá
a religião”.

Um dos fatores mais característicos de um povo é a religião, através dela é


possível estudar o modo que as pessoas se relacionam, como é o contato deles com a
natureza e o desconhecido. A formação dos elementos que compõe a religião, sendo
eles únicos e complexos, pois não há lugares com as mesmas condições no mundo.
Quando observamos a religião como componente da cultura das pessoas, somos capazes
de encontrar pistas na história. Visto que acontecimentos históricos, como catástrofes
naturais, invasões e guerras norteiam a sociedade. É provável a dedução de que esses
eventos históricos tenham influenciado de modo direto no desenvolvimento das crenças
religiosas.

A religiosidade e a religião manifestam, para além de crenças e práticas, um


entrelaçado de significados metafóricos que ajuda a interpretar a imensidão de
mentalidades e ideias, os costumes da dia a dia, as relações e convivências sociais e as
entidades políticas, em síntese, a religião possibilita compreender a alma e o
pensamento dos brasileiros.

Para o cotidiano e rotina dos primeiros povos a religiosidade era uma


particularidade essencial. Esses primeiros grupos consideravam os fenômenos como
mortes, nascimentos e alterações climáticas eram conduzidos por divindades
sobrenaturais, como espíritos e deuses. De acordo com essas superstições as divindades
poderiam morar em rios rochas e árvores e influenciavam a vida das pessoas. Existia
cultos e ritos para a natureza devido ao fato de a considerarem uma divindade. À
medida que os homens passaram a domesticas animais, trabalhar na agricultura,
apareceu outros cultos estes em agradecimento a fertilidade do solo envolvendo dança,
música e atividades vistas como mágicas.

O sincretismo religioso e a fusão de diferentes crenças e doutrinas, essa junção


pode ocorrer de forma natural, uma crença se misturando com a outra ou por
imposições, que e quando existe uma relação de domínio de uma das crenças. No Brasil
o sincretismo e bem marcante, e bastante abordado no âmbito do folclore e de suas
manifestações culturais, que se constituam com a história do próprio país e da formação
cultural desse povo.

Praticamente todas as sociedades, vivenciaram algum tipo de religião, pois desde


as primeiras civilizações aconteciam fatos que não era impossível a raça humana
explicar, sugerindo então que esses acontecimentos fossem algo sobrenatural. Essa
diversidade religiosa reforça cada vez mais a importância das crenças religiosas. As
religiões influenciam e orientam na formação e na cultura dos povos. Todas as religiões
devem ser respeitadas.

Os povos da Antiguidade acreditavam que os fenômenos da natureza eram


controlados por deuses. A maioria desses povos era politeísta, ou seja, acreditava na
existência de vários deuses. Os deuses eram considerados seres poderosos, responsáveis
pela criação do mundo, pela vida e pela morte de todos os seres e pelos fenômenos da
natureza.

Essas diversidades de religiões podem ser compreendidas por uma necessidade


de maior aproximação do ser humano para com uma figura sagrada, na busca de
encontrar respostas para os seus desejos emocionais, e também pela necessidade de
autoafirmação do sujeito dentro da sua cultura religiosa e diante do seu meio social.

Existem diversas religiões no mundo, cada uma delas com suas origens e
tradições. A maioria dos povos da Antiguidade era politeísta, acreditam em vários
deuses. Além dessas, ainda existem as religiões monoteístas, em que os fiéis acreditam
na existência de um único Deus. Apesar das diferenças, todas essas religiões têm vários
aspectos em comum, como a busca por explicações para a existência do mundo e da
vida, e compartilham valores como o amor ao próximo e a compaixão.

No Brasil 64,6%, de sua população e católica, 22,2%, são evangélicos, 1,3 %


espiritas e 0,3% praticantes da umbanda. (IBGE, 2017a)

A existência no Brasil de uma multiplicidade de traços culturais e


religiosos, num primeiro momento tido como incompatíveis e
diversificados, foram com o tempo se transformando numa forma
peculiar de prática religiosa: a união de elementos religiosos e
culturais diferentes e antagônicos num só elemento. (HISTÓRIA E
HISTÓRIA, 2012a).

O Catolicismo é marcado por uma consistente estrutura hierárquica que se


sustenta nas paróquias, dioceses e as arquidioceses. Todas essas três instituições são
submetidas a ensinamentos provenientes do Vaticano, órgão central da Igreja Católica
comandado pelo Papa. Abaixo de sua autoridade estão subordinados os cardeais,
arcebispos, bispos, padres e todo o restante da comunidade cristã. As principais crenças
do catolicismo estão baseadas na crença em um único Deus verdadeiro que integra a
Santíssima Trindade, que vincula a imagem divina de seu filho Jesus e ao Espírito
Santo. A liturgia católica refirma sua fé através dos sete sacramentos que representam a
comunhão espiritual do fiel junto a Deus. Entre esses sacramentos estão o batismo, a
eucaristia, a confissão, a crisma, a ordem, o matrimônio e a extrema-unção. A missa é o
principal culto dos fiéis do catolicismo.

No Brasil, o movimento protestante chegou à tentativa de reformar a Igreja


Católica, iniciada por Martinho Lutero, no século XVI. A partir do inicio do século
XIX, chegaram às igrejas Luteranas, Presbiteriana, Batista, Congregacional e Metodista.
As causas para esse rompimento incluíram especialmente as práticas ilegítimas da
Igreja, além da diferença em relação a outros conceitos católicos, como adoração de
símbolos, o celibato, as missas e autoridade do Papa. O termo ‘’protestante’’ provém
dos protestos cristãos contra as práticas da Igreja Católica. Esse termo foi substituído
por ‘’evangélico’’ dando uma característica mais positiva e universal. Acreditavam que
a salvação é conseguida por meio da graça e bondade de Deus, e que cada pessoa pode
se relacionar diretamente com seu criador, sem a necessidade de um intermediário,
diferente da religião católica, em que o único método para alcançar a salvação é a partir
dos sacramentos e rituais de purificação da alma realizados pelos santificados como
padres, bispos.
O espiritismo é uma doutrina surgida na França ao longo do século XIX revelada
pelos espíritos superiores, a Allan Kardec. Seus principais dogmas são: a imortalidade
da alma, a possibilidade de comunicar com os mortos e a reencarnação. Revela
conceitos novos e aprofundados a respeito de Deus, do universo, dos Espíritos e dos
princípios e das leis que regem a vida. Além de revelar o que somos de onde viemos,
para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do
sofrimento. É uma religião mediúnica, ou seja, o médium espírita é o canal de
comunicação entre vivos ou encarnados e falecidos ou desencarnados, para que esses
espíritos pudessem se expressar e atuar sobre a matéria, era necessário à presença de
certos indivíduos, que lhe serviam de intermediário. O médium se expressa de várias
formas: intuição, psicografia, vidência, materialização, transposição, psicofonia ou
incorporação. Com o grande sucesso do espiritismo no Brasil, a nova religião sofreu
contradição em um contexto histórico em que o catolicismo tinha grande presença.

No século XX, com crescimento da doutrina espírita no Brasil, poderosos


médiuns apareceram com uma figura simbólica dessa religião, o médium Francisco
Cândido Xavier (1910-2003) por meio de suas obras psicografadas, passou a
popularizar ainda mais o espiritismo. Destaca a obra ‘’Brasil, Coração do mundo Pátria
do Evangelho’’, narra a intervenção dos espíritos em diferentes acontecimentos da
história nacional. Os espíritas reúnem-se em centros e sua ação se faz em três vertentes:
assistência espiritual, social e ensino. Tendo autonomia, alguns se integram nas
federações estaduais e na federal, outros apresentam sua atuação isoladamente.

Um desdobramento religioso do espiritismo é a umbanda, uma crença brasileira,


fundada por Zélio Fernandino de Morais em 1908. Mesmo não tendo os mesmos
referenciais e práticas do espiritismo kardecista, alguns documentos da Federação
Espírita de Umbanda figuram obras do líder francês. Cristo é sincretizado como o Orixá
Oxalá, os cultos são sessões abertas com Pai Nosso e Ave Maria. Essa prática religiosa
é voltada para caridade, não admite qualquer cobrança financeira, porém é permitido
que umbandistas contribuam para a manutenção dos terreiros e eventos de cunho
religioso.

No município de Contagem destaca os grandes movimentos sociais como a


Fraternidade Espírita Irmão Glacus, Jovens Com Uma Missão (JOCUM) e Guarda de
Congo dos Arturos.
A Fraternidade Espírita Irmão Glacus (FEIG), fundada em 1976, administra e
mantém a Fundação Espírita Irmão Glacus localizada na Avenida das Américas, 777, no
bairro Kennedy em Contagem e instituída em 1990, desenvolve atividades pautadas na
vivência e na divulgação do Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita. Uma
instituição espírita, apolítica, de utilidade pública reconhecida nos âmbitos federal,
estadual e municipal. Onde funcionam o Centro de Educação Infantil Irmão José Grosso
e o Colégio Espírita Professor Rubens Costa Romanelli.

“Joanna de Ângelis nos convida a florescer” é o tema do XXV Seminário da


Mocidade Espírita Joanna de Ângelis. 

Fraternidade Espírita Irmão Glacus

A Fraternidade se mantém de
doações e conta com a colaboração de pessoas que acreditam na filosofia do trabalho e
responsabilidade social. Tem registrado a trajetória de trabalho, de auxilio mútuo, de
crescimento espiritual e fraternidade legítima, construídas por pessoas com corações
abertos a aprender e trilhar novos caminhos rumo à vida plena. O Atendimento Fraterno
é pessoal, com finalidade de acolher, prestar esclarecimentos, orientação, ajuda e
consolação. O frequentador pode usufruir desse momento para sanar dúvidas, a fim de
que encontre as próprias soluções para seus problemas. Não se refere a atendimento
mediúnico ou psicológico, mas de um diálogo fraterno que propõe às pessoas os meios
eficazes para a própria recuperação, com base na Doutrina Espírita e no Evangelho, com
a identificação das possibilidades existes nelas mesmas para o saneamento de seus
problemas. Esse espaço dentro da casa espírita possibilita aos Espíritos Mentores
socorrer aquele que procura ajuda, atuando por meio de recursos fluídicos e inspiração,
que propiciam a mudança do clima mental e a rearmonização do indivíduo.

A entrevista com um membro da Fraternidade Espírita Irmão Glacus, relata


sobre a Mocidade Espírita Joanna de Angêlis (MEJA), é uma reunião de estudo, com
palestras sobre temas ligados à Doutrina Espírita e ao Evangelho de Jesus com os
jovens, buscando despertar o interesse para prática constante do evangelho e para o
trabalho voluntário por meio de atividades variadas durante os encontros, como músicas
e apresentações teatrais. E essas atividades desenvolvidas são feitas com muita alegria
pelos jovens e para os jovens, proporcionando embasamento espiritual, moral,
oportunidades de crescimento, com o intuito de auxiliá-los a vivenciar o cotidiano, que
apresenta os conflitos característicos da idade, e a construção diária da vida futura com
sabedoria e responsabilidade. ‘’ No começo, a sensação era um pouco estranha, o
ambiente era bastante diferente do que eu estava acostumado, mas resolvi continuar,
afinal, será que custaria muito dar uma chance para essa nova experiência? Essa foi
uma pergunta que eu fiz a mim mesmo há aproximadamente quatro anos, e eu não me
arrependo nem um pouco de ter continuado a frequentar a Mocidade. O estudo das
obras da Doutrina Espírita se tornou imprescindível e muito presente no meu dia a dia,
incentivado pelas palestras, seminários e peças teatrais. Participando semanalmente
das reuniões da Mocidade, conheci pessoas incríveis, que com o passar do tempo
foram ficando cada vez mais presentes em meu coração. Tenho absoluta certeza de que
fazer parte da Mocidade Espírita Joanna de Ângelis é fazer parte da família espiritual
na nossa querida Mentora, que nos ensina que Mocidade são amor e caridade,
companheirismo e família. É uma alegria e ao mesmo tempo uma grande
responsabilidade ser uma das muitas florzinhas de Joanna, pois podemos e devemos
espalhar todo o perfume de fraternidade que for possível onde quer que estejamos.
Orientemos a nossa força medianímica através da bondade, e do serviço constante no
bem e do estudo perseverante, visando nosso aprimoramento moral e intelectual’’ diz o
membro da Fraternidade. O membro ainda destaca: ‘’Estamos vivendo um momento
delicado no que diz respeito à intolerância religiosa. Estamos falando da intolerância
que sai de nós mesmos em direção aos nossos semelhantes, ao próximo, em todo e
qualquer momento, seja onde for que estejamos temos que respeitar a religião do
próximo. Não existe a ‘’melhor’’ religião, cada um tem sua doutrina, basta respeitá-la,
não podemos aplicar o conceito de etnocentrismo. ’’

Ainda com a doutrina Espírita um seguidor da Umbanda Beneficente O Além dos


Orixás foi entrevistado e relatou a seguinte intolerância religiosa, ‘’Eu trabalhava em
um consultório odontológico, como secretário. Necessariamente eu tenho que usar o
branco na sexta-feira, em respeito a minha doutrina, e Oxalá. Meu patrão começou a
observar que eu andava de branco somente nesse dia, e meus colegas não, pois não era
obrigatório o uso do uniforme. Ele foi me perguntar o por que, eu explique que eu era
umbandista, e ele simplesmente reagiu de uma forma estranha, como se fosse algo
assustador, mas em seguida ele me demitiu dizendo que precisava reduzir alguns
gastos. ’’

O grupo social Jovens Com Uma Missão (JOCUM) fundada em 1960, por Loren
e Darlene Cunningham, iniciaram as atividades em 1975, através do casal Jim e Pamela
Stier em Granja Vista Alegre em Contagem-MG, tem visto milhares de pessoas ao redor
do mundo envolvendo-se no cumprimento da ordem de Jesus. É um movimento
internacional de cristãos de várias denominações dedicadas a apresentar Jesus
pessoalmente, a esta geração, utilizando todas as formas possíveis para cumprir essa
tarefa, treinando e equipando jovens para realizarem a Grande Comissão. Como
cidadãos do Reino de Deus, é chamado para amar, adorar, e obedecer ao Senhor Jesus
Cristo, amando e servindo Seu Corpo – a Igreja – e levando Seus ensinos a todos da
Terra. Reúne pessoas para trabalhar nas mais diferentes atividades evangelísticas. Entre
os missionários, podem ser encontradas jovens, famílias, aposentados, universitários
recém-formados e pós-graduados, pessoas vindas de mais de cem países e
denominações evangélicas diferentes, novos crentes, pastores e líderes de igrejas com
anos de experiências. Reconhecem a Bíblia como a palavra de Deus e, com a inspiração
do Espírito Santo, como o ponto central e autoridade suprema para todos os aspectos de
vidas e ministérios. JOCUM CONTAGEM é uma comunidade que conduz pessoas a ter
uma profunda intimidade com Deus e as ensina a cumprir a Sua vontade. Lutando
sempre juntos, colocando equipes nas nações e na sociedade, as quais, pelo poder do
Espírito Santo e da verdade, mudarão os destinos de indivíduos, povos e nações.

Entre suas atividades destaca três áreas principais: o Treinamento tem como
objetivo equipar cristãos para melhor servir ao próximo nas mais diversas áreas, desde
agricultura e saúde até reabilitação de dependentes químicos e ministérios
transculturais. Reflete o propósito de Jovens Com Uma Missão: Conhecer a Deus e
fazê-lo conhecido. O Evangelismo é um estilo de vida, onde a pregação do evangelho
precisa ser refletida em atos e palavras. As equipes entram-nos mais diversos lugares
como instituições de ensino, presídios, praças públicas realizando o que é conhecido
como impactos em festas populares e lugares de concentração público usando das mais
diversas estratégias, como artes, música e mídia. Em cada um destes esforços
evangelísticos, pessoas que aceitam a Jesus Cristo como Salvador são, sempre que
possível, encaminhados a uma igreja para acompanhamento e discipulado. Justiça e
Transformação, parte do princípio de que todos os programas e ministério devem seguir
o modelo de compaixão de Jesus Cristo pelo perdido, o pobre e o indefeso. Trabalhando
ao redor do mundo em projetos de desenvolvimento, envolvendo áreas como
agricultura, combate ao tráfico e exploração de pessoas, proteção a vulnerável em
situação de risco, cuidados de saúde, apoio aos refugiados, entre outros.

Treinamento da JOCUM oferecidos pela Universidade das Nações, em


Contagem-MG, 2018.

Livro Pode falar, Senhor... Estou ouvindo, ministrado no treinamento da


JOCUM.

O ministério Evangelismo Street Life Ministries Ny comprometido com o


discipulado pessoal, o ministério de compaixão e o evangelismo dos
pobres e moradores de ruas, em Contagem, 2017.

Reunião sobre a Justiça e Transformação, Contagem, 2018.


A Escola de Treinamento e Discipulado (ETED), como relata o instrutor
entrevistado: ‘’ É uma busca por Deus e seu coração pelas Nações, acredita que com
os alunos ingressantes no curso poderá se juntar a indivíduos de diversas partes do
planeta e diferentes estilos de vida. Em que juntos, serão imersos a uma comunidade
dedicada a alcançar efetivamente o mundo com o Evangelho. ‘’ A ETED se propõe a
uma construção em conjunto com o aluno, onde fé e caráter, segundo Jesus, são
fundamentos de um edifício sólido da vida cristã. O instrutor aborda que a Igreja é
construída nos fundamentos dos apóstolos e profetas, sendo Jesus Cristo a pedra
fundamental. Além da entrevista com o instrutor, buscamos outras informações com
alunos que participam deste treinamento, o membro disse: Meus amigos diziam: ‘’Você
tem que ir pra JOCUM, você precisa ir pra lá, mas eu sabia que era resistente, mas eu
já sirvo aqui fora, eu já sou envolvido com as coisas do Reino, eu já consigo me
expressar no meu corpo, mas aconteceram muitas coisas na minha vida e de alguma
maneira eu vim parar aqui, eu queria dizer pra você que foi uma das melhores coisas
que aconteceram na minha vida, eu agradeço muito ao Senhor por tem vindo pra cá,
conheci pessoas incríveis, apaixonadas pelo Senhor. Lá fora quando temos uma
amizade que ama o Senhor de alguma maneira a gente aproxima mais, quando
chegamos à JOCUM está todo mundo envolvido nas coisas do Reino, todo mundo
amando o Senhor, buscando conhecer mais o Senhor, a ETED pra mim foi um divisor
de águas, eu tenho certeza que nunca mais vou ser o mesmo, qualquer pessoa que veio
pra cá e passa por esse tempo não será mais o mesmo. Comecei a olhar pra mim e
encontrar coisas que nem imaginava que existiam em mim, que me barrava no
relacionamento com o Senhor. Chegou as aulas, achei que não tinha mais coisas para
aprender, foi algo muito profundo desde a primeira semana, aqui a gente tem um tempo
muito grande de meditação, nas escrituras, de oração, de busca individual e coletiva,
isso tem enriquecido muito meu relacionamento com o Senhor, e não vou sair a mesma
pessoa daqui, é impossível alguém entrar aqui e fazer ETED e sair a mesma pessoa.
Temos contato com diversas pessoas que estão envolvidas em trabalhos realizados no
Oriente Médio, na África, na Índia, que vivem sonhando para levar o Evangelho para
esses povos e esses sonhos acabam tocando muito nossos corações, nos envolvendo,
fazendo a gente sonhar com o Senhor, eu começo a sonhar junto com o Senhor,
alcançar todos os lugares proclamando o Evangelho, o ETED é um relacionamento
intenso com Deus e com as pessoas, se descobrir realmente e olhar para Jesus como
estilo de vida, um caminho para a felicidade, é um tempo que transforma qualquer ser
humano. A respeito do termo intolerância religiosa estava comentando com uma colega
de trabalho sobre a questão racial e um pastor começou a aumentar o tom de voz
dizendo que eu estava cheio de demônios, tentando dividir a igreja, que eu não tinha
espirito santo em mim, e que eu não era evangélico e nem cristão. Acredito que neste
caso que presenciei a intolerância é a dificuldade de conviver com a diversidade’’.

Fruto do sincretismo e da mestiçagem, o Congado apresenta elementos da


espiritualidade e ancestralidade africana, conjugados com o catolicismo europeu. A
natureza da religiosidade vivenciada no Congado em Contagem e o processo histórico
de sua formação evidenciam a reverência a Nossa Senhora do Rosário, aos antepassados
escravos, a São Benedito e a Santa Efigênia. Os tambores, os estandartes das guardas, os
mastros, o cruzeiro no adro, as capelas e igrejas, dentre outros, são elementos sagrados
no código ritual, investidos da força e energia que asseguram o cumprimento dos ritos.
As festas são manifestações públicas, com cortejo pelas ruas de Contagem, que sempre
culmina em uma Missa Conga, celebrada na Igreja do bairro.

O ciclo de devoção a Nossa Senhora do Rosário vai de agosto a novembro,


sendo comemorado pelos Arturos no último sábado do mês de outubro. A festa é um
auto de devoção à santa, marcando o auge da tradição cuja origem se perde em meados
da colonização brasileira. A congada é um rito dramático, no qual os participantes
dançam em louvor da padroeira ou na coroação da rainha e do rei congos . No cotidiano
do grupo, são mantidas diversas expressões culturais, como tambores, batuques, Folia
de Reis, Candombe, Reinaldo de Nossa Senhora do Rosário, Festa da Abolição e Festa
do João do Mato.

Comunidade dos Arturos promove mais uma festa de Nossa


Senhora do Rosário. Aberta à comunidade, que participa e promove,
juntamente com a guarda do bairro, festas juninas, missas quinzenais,
celebrações, terços, novenas, etc.

No passado, a presença de expressivo número


de escravos na área de Contagem possibilitou a sobrevivência de diversos cultos de
origem africana, destacando-se o Congado, a Capoeira e as religiões de matriz africana,
como o Candomblé. A natureza de religiosidade no Congado e o processo histórico de
sua formação evidenciam a Nossa Senhora do Rosário, aos antepassados escravos e a
São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora das Mercês. O início da devoção dos
negros africanos a Senhora do Rosário foi atribuído à aparição e resgate de uma imagem
da santa em Argel. A lenda, reelaborada e transmitida de geração a geração, da África
para o Brasil, assume hoje várias versões regionais, tendo, entretanto, como ponto
convergente a identificação de Nossa Senhora do Rosário com o sofrimento dos negros,
com quem ela opta ficar.

Atualmente, a cidade conta com um calendário rico em festas e manifestações de


origem africana. Existem expressivos grupos de Congado na cidade, destacando-se o
Congado da Comunidade dos Arturos na sede, o Congado do bairro Retiro, os Ciriacos,
no bairro Novo Progresso e o Congado do bairro Industrial, que, a seu tempo, festejam
o Rosário de Nossa Senhora pelas ruas e igrejas da cidade. A Irmandade de Nossa
Senhora do Rosário de Contagem, integrada predominantemente pela comunidade
Negra dos Arturos, é considerada uma das mais importantes e tradicionais de Minas
Gerais e do País. Seu primeiro estatuto data de 1868.

A origem da Comunidade dos Arturos é o negro Arthur Camilo Silvério e sua


esposa, Carmelinda Maria Silva, elos primeiros da família. É por intermédio de Arthur
Camilo que se formam os Arturos (seus descendentes). A marca do nome atesta a força
da ancestralidade: os filhos, netos, bisnetos e tetranetos de Arthur formam hoje os
ARTUROS, que moram na propriedade herdada de Arthur Camilo, no bairro Jardim
Vera Cruz, município de Contagem. Os Arturos permanecem unidos em torno da
herança familiar, mantida nas tradições religiosas, nos mitos e nas práticas coletivas.

Os estilos congos e Moçambique, dançados com chocalhos amarrados nas


canelas, são praticados desde a infância. As irmandades desse culto, passado de pai para
filho há várias gerações, sobrevivem em muitas regiões de
Minas Gerais, estado que mais recebeu cativos da África
para trabalhar na mineração.

Tradicional comemoração contagense, que celebra libertação


dos escravos, chega à 45ª edição. Ao longo dos anos a comunidade
busca promover a igualdade e festejar a libertação dos escravos.

Guarda de Congo dos Arturos, 2018.


A entrevista realizada com a Rainha da Irmandade relata a história dos Arturos,
onde têm orgulho de sua religiosidade e tradições. Seus moradores têm completa
liberdade religiosa e podem frequentar outros credos, o marido da Rainha é
candomblecista e dois dos três filhos são evangélicos. E todos convivem em harmonia
um pelos outros. As crianças não são obrigadas a participarem de nenhum ritual. Mas,
implicitamente estão sendo moldadas para absorverem os valores e símbolos da
comunidade e para perpetuá-los para as futuras gerações. A estrutura dos valores e
crenças religiosas é transmitida com convicção de pai para filho desde a concepção,
passando pelo nascimento e durante toda a vida da criança. Segundo a Irmandade, o
racismo ainda não acabou, e que a luta do preconceito é ‘’nossa’’. “Nós negros que
sentimos o racismo não é “mimimi” ou coitadíssimo precisamos criar mecanismos
constantes de enfrentamento, políticas públicas, solicitar a prisão dos racistas, se
necessário. O racismo está presente na Igreja porque ela é uma instituição formada
por pessoas. Há racismo por falta de compreensão do texto bíblico. Muitos acreditam
que aproximar da negritude é se aproximar do diabo, e isso constrange muitas pessoas
negras. ’’ Ela conta que ainda vive em uma sociedade extremamente racista, e acredita
que a Comunidade dos Arturos é um excelente lugar para debater o racismo, sendo
abertos à visitação de escolas, grupos de pesquisa entre outros. ‘’Sofremos com a
intolerância religiosa, com a simbologia do católico, aos sinais, aos sacramentos, a
igrejas que são invadidas, imagens são quebradas, e outros momentos que são
lamentáveis, temos que respeitar em todas as circunstâncias a doutrina de nossos
irmãos’’ diz a Rainha.
A intolerância Religiosa é descrita como a atitude mental que caracteriza a falta
de habilidade e vontade de respeitar e reconhecer diferenças e crenças religiosas de todo
o povo. A disciplina de história contribui para o reconhecimento da diversidade étnica e
cultural dos povos e a formação de diferentes identidades ao longo do tempo. Fazer
parte de grupos religiosos minoritários é um grande desafio na capital mineira, ainda
mais se a religião tiver matrizes africanas.

Darcy Ribeiro destaca em sua obra ‘’O povo Brasileiro’’ 1995, que o povo negro
foi de grande força para a construção do nosso país. De acordo com ele a população
africana que construiu tudo que conhecemos até hoje em nosso país. Recentemente a
população demostra a falta de conhecimento com as culturas dos negros e a grande
importância que tem para nossa história. “Eu acredito que para a sociedade respeitar as
diferenças é preciso dar a oportunidade de conhecer julgamentos. Ignorante é aquele
que não se permite conhecer”, destaca Cerqueira.

No Brasil, assim como em diversos países, a sociedade é constituída por povos


com diferentes vertentes religiosas. Algumas dessas religiões têm crenças, regras de
conduta e até mesmo ritos em comum, e outras têm credos e costumes totalmente
diferentes. Desde a Antiguidade, povos com diferentes religiões conviveram e
mantiveram relações. Porém, apesar de muitas religiões terem como fundamento o
respeito, a relação entre os grupos religiosos nem sempre é pacífica. Alguns grupos
religiosos acreditam que a sua crença é única verdadeira e não aceitam ou não respeitam
a fé, os cultos, as cerimônias e as liturgias de outras religiões. Esse comportamento é
chamado de intolerância religiosa. Um exemplo são os conflitos entre muçulmanos e
judeus na Palestina.

Uma educação voltada para a convivência na diversidade deve considerar todos


os âmbitos em que esta se manifesta no cotidiano dos alunos. A religião é um dos mais
importantes deles, uma vez que pode condensar em si influências familiares, aspectos
comunitários, práticas cotidianas, visões de mundo e crenças pessoais. A discriminação
religiosa é, assim, também uma discriminação da identidade do outro e de sua fé,
podendo atingir sua autoestima e convicções. Sob certo nível, pode, ainda, inviabilizar a
prática de uma religião sob ameaça de segurança.

As diferenças culturais existentes entre as pessoas são caracterizadas e


englobadas na diversidade cultural, através das linguagens, danças, vestimentas,
heranças físicas e biológicas, bem como as tradições, da forma que a sociedade se
organiza, por meio de sua concepção mora e de religião, por sua interação com o
ambiente que se caracteriza uma identidade próprio de um grupo em um território em
certo tempo. Para a convivência em comunidade, são necessária regras ou leis. Elas
garantem o funcionamento de diversos setores, como educação, saúde, transporte,
religião, entre outros. De acordo com a Constituição Federal de 1988 o Brasil é um país
laico, permitindo assim a liberdade para a escolha da religião, culto e expressão.

A Cidadania é o exercício consciente dos direitos civis, sociais e políticos de


todas as pessoas, assim como o cumprimento de seus deveres perante toda a sociedade.
Ser cidadão significa participar ativamente das decisões da sociedade com o objetivo de
melhorar a vida de todos. Entender e vivenciar princípios de cidadania, através do
respeito à pluralidade e diversidade. Também faz parte da ideia de cidadania a
consciência de que injustiças como a fome, à pobreza e a impunidade não podem ser
aceitas e devem ser eliminadas. São exemplos de atitudes cidadãs: respeitar as
diferentes opiniões, respeitar os assentos e as filas preferenciais, obedecer às leis de
trânsito, entre outras. É muito importante lembrar que ser cidadão é ter deveres e
direitos. Por isso, para fortalecer a cidadania, é necessário cumprir com nossos deveres
de cidadão e lutar para que nossos direitos sejam respeitados.

Em muitas sociedades antigas, a desigualdade era o fundamento da organização


social. Porém, a concepção de cidadania sofreu muitas transformações ao longo do
tempo, pois nas cidadãs antigas nem todas as pessoas tinham os mesmos direitos ou
podiam participar da vida política. As mulheres, por exemplo, não tinham os mesmos
direitos que os homens. As ideias de cidadania e igualdade desenvolveram-se ao longo
dos séculos, muito tempo depois da criação das primeiras cidades. Compreender a
cidadania como uma conquista histórica é valorizar a luta de muitos povos ao longo do
tempo pela sua efetivação. Nesse sentido, a escola e o professor são vetores essenciais à
educação e à prática cidadã, bem como à valorização da cidadania. A formação cidadã é
trabalhada por meio do debate a respeito de direitos, princípios e valores referentes à
cidadania, enfatizando o respeito às diferenças entre os diversos grupos que compõem a
população brasileira.

O conceito de cultura tem muitas interpretações. Intelectuais de diversas áreas


do conhecimento, principalmente da Antropologia, dedicam-se a estudar a cultura e suas
variadas manifestações. Isso ocorre porque a cultura pode ser considerada como todo
tipo de manifestação e produção humana, tornando-a um conceito bastante abrangente.

Além da fala, temos as crenças, as artes, que são criações culturais,


porque inventadas pelos homens e transmitidas uns aos outros através
de gerações. Elas se tornam visíveis, se manifestam através de
criações artísticas, ou de ritos e práticas [...], em que a gente vê os
conceitos e as ideias religiosas ou artísticas se realizarem. (RIBEIRO,
1995)

As civilizações antigas apresentavam uma grande diversidade cultural. Um dos


principais traços que essas civilizações tinham em comum era a importância atribuída à
oralidade. Na verdade, a oralidade continua fazendo parte da cultura de muitas
sociedades atuais. Para essas sociedades, sejam elas antigas ou atuais, a memória é o
principal recurso das pessoas para preservar e transmitir o conhecimento para as
gerações futuras. Assim, por meio de contos, cantigas, poesias e lendas, por exemplo, a
história e as tradições de diferentes povos são transmitidas oralmente de geração para
geração. O tema diversidade cultural compreende o reconhecimento da diversidade
étnica e cultural sensibilizando os alunos para a importância do respeito a essa
diversidade. Nesse aspecto, abordagens que embasem a valorização da diversidade
cultural são propícias para superar e combater qualquer situação de discriminação. A
reação mais frequente de cada grupo humano em sociedade tem sido a de valorizar ao
máximo suas formas de pensar e agir coletivamente e, ao mesmo tempo, desvalorizar as
do outro. A esse comportamento damos o nome de etnocentrismo.

Destacam-se algumas intolerâncias religiosas ocorridas no Brasil:

Você também pode gostar