Ou isto ou aquilo Ou eu me esforço para me conhecer
O poema de Cecília Meirelles foi escrito
em 1964, mas poderia ter sido escrito
hoje, pois as dúvidas continuam a fazer
parte do nosso dia a dia e a necessidade
de fazermos escolhas estará sempre
presente, como nestas estrofes do poema
“Ou isto ou aquilo”:
“Quem sobe nos ares não fica no
chão,
quem fica no chão não sobe nos
ares.
É uma grande pena que não se
possa
estar ao mesmo tempo em dois
lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o
doce, ou compro o doce e gasto o
dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!”
Tem um momento na vida da gente que
não há como prosseguir sem deixar algo
para trás, não há como crescer sem
deixar de ser criança (não estou falando
aqui da ‘criança interior’ e sim da criança
imatura), não há como amadurecer sem
assumir responsabilidades, não há como
caminhar com as próprias pernas e
continuar sendo ‘carregado pelos pais’ ao
mesmo tempo.
Ou isto ou aquilo...
Ou eu faço minhas escolhas e vou à luta
para atingir meus objetivos ou deixo que
escolham por mim e vou fazendo o que
me dizem para ser feito, sem pensar no
que é que, de verdade, me importa, vou
vivendo a vida dos outros, o desejo e os
sonhos dos outros. Ou eu presto atenção
nas aulas, estudo, me concentro, me
esforço e vou, pouco a pouco, crescendo,
amadurecendo e me tornando uma
pessoa melhor ou eu faço bagunça na
sala de aula, conto piadas, interrompo e
distraio os colegas e professores, não
estudo, não aprendo e vou, pouco a
pouco, deixando a vida passar por mim
sem que eu saia do lugar.
melhor, descobrir minhas características
principais, minhas habilidades e aptidões,
meus interesses e vou, pouco a pouco,
crescendo e entrando na vida adulta,
querendo mais e evoluindo ou eu não ligo
para nada que exija esforço, raciocínio,
pensamento e vou, pouco a pouco, me
tornando um ‘adultescente’, quer dizer,
tenho idade suficiente para ter e fazer
muita coisa, mas não faço nada, continuo
na minha ‘zona de conforto’, dependendo
emocional e financeiramente dos meus
pais.
Ou isto ou aquilo...
Ou eu vou traçando meu caminho,
descobrindo o que gosto e não gosto de
fazer, estudando, errando e acertando,
me aperfeiçoando e especializando,
fazendo estágios, trabalhando, vou
fazendo minha rede de contatos,
conhecendo pessoas e me fazendo
conhecer e vou, pouco a pouco, me
tornando um profissional competente e
realizado ou a única rede que me
interessa é aquela onde posso passar o
dia todo deitado sem fazer nada e vou,
pouco a pouco, me tornando um
especialista em reclamar das matérias
que são dificílimas de entender, dos
professores que são todos - sem exceção
- péssimos, da dificuldade em entrar no
mercado de trabalho, mercado este que,
na verdade, nunca conheci, até me
transformar em uma pessoa vazia.
Ou eu batalho para trabalhar em algo
que me interessa, algo que eu gosto de
verdade, que me estimula, que faz
sentido para mim, supero limitações e
dificuldades para alcançar minhas metas,
realizar meus sonhos, construir minha
carreira e vou, pouco a pouco, me
tornando uma pessoa realizada
profissionalmente ou eu vou pelo
caminho que estiver mais fácil, visando
somente o retorno financeiro, passo anos
fazendo algo que não tem nada a ver
comigo e vou, pouco a pouco, me
tornando um profissional frustrado,
estressado, uma pessoa cansada e,
muitas vezes, sem forças para identificar
a causa desta frustração.

Ou isto ou aquilo...

Questione-se!
Qual caminho você escolheria, ou melhor,
pra qual caminho você está indo neste
momento de sua vida?
Será que às vezes não ficamos muito
tempo estacionados na zona de conforto?