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A OBRA DE JOÃO RIBEIRO ACERCA DE TAQUARANA (AL): SUBSÍDIO À

GEOGRAFIA HISTÓRICA URBANA DA CIDADE - 1962 A 1968?

Marcos Fernando da Silva


Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL)
marcos-fernando2025@hotmail.com

INTRODUÇÃO

A literatura não científica, abordando dados históricos e até geográficos de


determinada cidade é, praticamente, um instrumento que tem servido, unicamente, como
fonte de pesquisa para o conhecimento geral de simples fatos e de feitos de vários
indivíduos em diversas cidades brasileiras.
O desenvolvimento da pesquisa se apoia na seguinte questão: até que ponto a
literatura não-científica, em torno de dados geográficos e históricos de pequenas cidades
brasileiras pode contribuir para uma investigação à luz da Geografia Histórica Urbana?
Como hipótese, admite-se que, embora não possuindo caráter científico e até mesmo
sendo acrítica, tais escritos podem auxiliar no estabelecimento de um estudo da
Geografia Histórica Urbana, por apontar indivíduos que subsidiam no levantamento de
fontes históricas e modos de apropriação de espaços, por exemplo.
O objetivo geral deste trabalho é oportunizar, sob a investigação da Geografia
Histórica, o conhecimento de possibilidades, viabilizadas pela obra do ex-prefeito João
Ribeiro de Castro Neto, ao trazer informações sobre tempo e espaço da cidade de
Taquarana (AL), atentando-se, aí, à escala temporal de 1962 a 1968. Como objetivos
específicos, pretende-se: destacar dados da Geografia Histórica (Urbana); pontuar
contribuições de narrativas das cidades de Limoeiro de Anadia e Arapiraca como
apreciação de teores de literaturas não científicas; e analisar dados da cidade de
Taquarana (AL), na obra de João Ribeiro, entre 1962 e 1968, observando possibilidades
de contribuições à Geografia Histórica Urbana.
O estudo se refere a uma pesquisa em andamento, sendo desenvolvido no Grupo
de Pesquisas Urbanas-Grupo de Estudos em Geografia Histórica Urbana Professor
Pedro de Almeida Vasconcelos (GRUPURB-GEGHUPPAV), na Universidade Estadual
de Alagoas (UNEAL), sob a coordenação do Prof. Dr. Roberto Silva de Souza.
A referida investigação, com caráter inicial, pretende utilizar, como embasamento
teórico, referenciais da Geografia Histórica (Urbana). Enquanto procedimentos
metodológicos têm sido realizadas: pesquisa bibliográfica – com o intuito de realizar
leitura e fichamento de obras científicas; pesquisa documental – a fim de obtenção de
registros em fontes primárias como imagens fotográficas de períodos passados, visando
comparações entre elas; e pesquisa de campo para obtenção de imagens fotográficas
atuais e realização de entrevistas.
Inicialmente, são destacados alguns dados da Geografia Histórica (Urbana). Em
segundo lugar, pontua-se contribuição de narrativa da cidade de Arapiraca como
apreciação de teores de literatura não científica. Por fim, analisam-se dados da cidade de
Taquarana (AL), na obra de João Ribeiro, entre 1962 e 1968, observando-se
possibilidades de contribuições à Geografia Histórica Urbana.

1 GEOGRAFIA HISTÓRICA (URBANA): ALGUNS DADOS

Um pequeno texto disponível na internet (GEOGRAFIA..., 2014) traz algumas


revelações acerca da Geografia Histórica. Por meio dele, o autor, não identificado, traz
expressões que a apontam como: “o campo de investigação geográfica de mais fácil
apreciação”; “um dos [campos] mais fascinantes”; “o estudo geográfico do passado”.
Além disso, evidencia-se certa dependência existente de uma exigência de estudos
históricos para se chegar a explicações satisfatórias a determinadas “características
geográficas”, que permitirão o entendimento dos aspectos atuais de tais atributos que
identificam o objeto geográfico.
Declara-se, conforme o mesmo texto, que “devido ao longo período de tempo
durante o qual actuaram forças que moldaram a geografia do presente, é muitas vezes
impossível não ter em conta o passado em geografia. ” (GEOGRAFIA..., 2014, [n.p.]).
Ao se dar continuidade ao desenvolvimento do pensamento, comenta-se que o “estudo
do passado” se revela como interesse que é próprio dos profissionais da ciência
geográfica. Por fim, admite-se que a Geografia Histórica elucida fenômenos atuais por
meio de estudos específicos do passado e compara-se o geógrafo histórico ao
historiador, devido a eles precisarem da disponibilidade das fontes.
Embora o texto seja pequeno e possa ser questionado em alguns pontos, pode-se
admitir que é, de certa forma, interessante para quem tem curiosidade em saber o que
fazem geógrafos históricos.
O Prof. Rui Erthal, ao trazer algumas considerações sobre a Geografia Histórica,
diz que a Geografia se preocupa com a dimensão espacial da sociedade e adverte que
não se deve esquecer da dimensão temporal que os fatos da sociedade abrigam. Deste
modo, ele vai expressar que o tempo e o espaço são fenômenos que se encontram em
relação mútua e enfatiza que à Geografia Histórica deve ser concedido um papel
fundamental, por “[...] recuperar as espacialidades pretéritas que marcam as
espacialidades atuais. ” (ERTHAL, 2003, p. 30).
O geógrafo histórico pode até recorrer ao passado para explicar o presente, mas,
não que, necessariamente, seja preciso utilizar esse modo porque ele pode se debruçar
apenas em certo período do passado. Essa questão foi colocada pelo Prof. Maurício
Abreu, quando estudou um lugar do passado, inexistente para o tempo atual,
representado pelo Rio de Janeiro (ABREU, 2010). O autor afirmou, na parte
introdutória de seu trabalho, que “a análise de lugares (assim como a das regiões) não
precisa, entretanto, estar informada pelo presente; pode-se muito bem centrar a
investigação em tempos pretéritos.” (ABREU, 2010, p. 17).
Ainda enfatizando essa mesma questão, observa-se em resumo de um artigo
(ABREU, 2000) que o autor enfatizara tal possibilidade ainda no final do século XX,
quando expressou, ao tratar acerca da construção de uma geografia do passado, imbuída
no contexto da cidade do Rio de Janeiro.
Dentre tantos temas que os pesquisadores podem abordar, sob a Geografia
Histórica, observa-se aquele pelo qual a cidade é estudada, atentando-se para seu
desenvolvimento territorial, os agentes envolvidos, por exemplo, tendo-se sempre em
mente a necessidade de se ir além da constatação das formas, mas perseguir as
formações que, pelas quais, estar-se-á evidenciando os processos sociais.
Mas, como realizar isso e trazer resultados substanciais às pesquisas sob a
Geografia Histórica Urbana? Essas dificuldades têm sido minimizadas por autores como
o Professor Pedro de Almeida Vasconcelos que se esforça para pensar a cidade à luz de
metodologias que estejam atreladas à Geografia Histórica (Urbana).
Em escrito do final do século XX, Vasconcelos (2009, p. 148) tratou de questões
que estão atreladas ao estudo da Geografia Histórica Urbana, enfatizando as
dificuldades encontradas pelos pesquisadores que trabalham com a disciplina, no que se
refere ao estudo das cidades, colocando dados acerca de uma abordagem na longa
duração.
Ainda segundo o professor, no mesmo trabalho, muitos desses períodos trazem
fatos de grande importância e riqueza nas documentações que são preservadas. No caso
da Geografia Histórica Urbana, os relatos e os mapas são documentos de grande valor
investigativo para se entender o que ocorreu em determinada cidade. Destaca outro
grande problema enfrentado pelo geógrafo histórico chamado por ele de “hiatos
temporais” que nada mais é do que a perda de material documentado ou a falta de
material referente ao período estudado que acaba por dificultar a investigação dos
processos de evolução das cidades.
Um pouco mais tarde, no contexto da longa duração, ele publicará sua obra acerca
da cidade do Salvador (VASCONCELOS, 2002), observando-a de 1549 a 1999, quando
o núcleo completou 450 anos. Mas, também não privou pesquisadores de terem acesso a
metodologias sobre o estudo de cidades no período colonial, destacando, aí, os agentes
que produziram esses espaços (VASCONCELOS, 1997).
O professor Mauricio de Almeida Abreu em seu texto sobre a evolução urbana do
Rio de Janeiro tratou também das dificuldades enfrentadas para se desenvolver estudos
de cidades à luz da Geografia Histórica Urbana (ABREU, 2008).

2 UM EXEMPLO DE NARRATIVA DE CIDADE ALAGOANA: ARAPIRACA

A obra de Zezito Guedes (1999), folclorista, escultor, cronista, poeta popular,


historiador, membro da Associação de Imprensa e diretor do Departamento de Cultura
da Secretaria de Educação de Arapiraca, narra a história da cidade de Arapiraca desde
sua origem com a chegada de Manoel André às terras que constituiriam o sítio urbano.
Ele começa a relatar em sua obra intitulada "Arapiraca através do tempo", o
processo de surgimento e evolução da cidade com a implantação de casas, que até o
início do século XX eram bem rudimentares, construídas em taipa e com apenas duas
construções em alvenaria: uma no Quadro de Arapiraca e a outra na Rua Nova, atual
Praça Deputado Marques da Silva. Esta última era um sobrado construído por Antônio
Apolinário e, depois, passou a ser usada como Paço Municipal, típico de cidades do
interior. Arapiraca tinha em suas ruas muitas árvores, relata o autor, que
proporcionavam grande área sombreada, sendo utilizada pelos moradores para a
realização da feira livre na via chamada Boca da Caixa que, posteriormente, veio a ser
denominada Rua 15 de Novembro.
Segundo o escritor, no ano em que Arapiraca foi elevada à categoria de cidade,
em 1924, contava apenas com cinco logradouros incompletos e alguns acessos, o
cotidiano da cidade era, segundo o autor, calmo e parado com movimento de carros de
boi e o conversar de seus moradores nas calçadas das casas singelas que davam
impressão de um povoado.
Zezito Guedes relata que, em 1926, os principais produtos produzidos na região
de Arapiraca era feijão, algodão e mandioca. Esta cultura proporcionaria o
enriquecimento de alguns moradores como João Bernardino, Major Crispiniano Firmino
Leite e Manoel Leão, revelando, assim, o motivo de existirem várias casas de farinha no
“centro” da cidade. O fumo, que mais tarde vem a se tornar o principal produto
cultivado na região, nesse período era cultivado em pequenas propriedades, e tinha
pequena expressão comercial, o comércio arapiraquense já adquiria certo dinamismo
com vários pontos comerciais: padarias, lojas de miudezas, cartório e bodegas, presentes
no chamado Quadro, com destaque para a comercialização de tecido que era mais
expressiva. Observa-se, ainda, um aumento na produção do fumo.
O autor também descreve histórias de vida de diversos indivíduos que
contribuíram, de "forma significativa", para o desenvolvimento de Arapiraca, como o
Major Esperidião Rodrigues da Silva. Este mereceu destaque, segundo Guedes, por seu
papel na luta emancipatória de Arapiraca, enfrentando inúmeros obstáculos para
conseguir aprovar o projeto de lei de nº 1.009 que garantiria liberdade político-
administrativa à Arapiraca, cuja luta foi travada juntamente com o deputado Odilon
Auto, ao se sensibilizar com os embates de Esperidião Rodrigues. Assim, o ajudou ao
articular, no Palácio dos Martírios, os trâmites para a aprovação do projeto.
A luta pela emancipação durou cerca de 10 anos, ocasionando o empobrecimento
de Esperidião Rodrigues que gastou tudo que tinha e abdicou de sua vida como
comerciante para se dedicar a tão importante causa que, enfim, conseguiu a
emancipação no dia 30 de maio de 1924 quando o então governador, Dr. Jose Fernandes
Lima, sancionou a lei que deu autonomia e “liberdade” à antiga vila de Arapiraca.
Após a emancipação, houve "surto de desenvolvimento", enquanto "tempos das
vacas gordas", denominação que diz respeito à evolução da cultura do fumo,
responsável por alavancar a economia, pois a partir dela, muitos camponeses foram
ascendendo economicamente e se tornando empresários que atuaram na compra e venda
de fumo como José Alexandre, Severino da Bananeira e outros barões do fumo. O fumo
incentivou, ainda, outros comércios como o de fertilizantes, empresas imobiliárias,
postos de gasolina, agências de automóveis, pecuária, construtoras e várias outras
atividades comerciais derivadas da influência do fumo sobre a economia de Arapiraca.
Mas o ciclo do fumo chega ao fim segundo o escritor no ano de 1975 que, para
ele, entra em declínio por alguns motivos. Uma saída apontada pelo autor para evitar o
que ele chama de "caos total" seria a instalação de indústrias para absorver a mão de
obra da população urbana e dar assistência ao menor abandonado presente nas ruas de
Arapiraca.
3 A CIDADE DE
TAQUARANA NA
OBRA DE JOÃO
RIBEIRO: UM
SUBSÍDIO À
GEOGRAFIA
HISTÓRICA
URBANA É
POSSÍVEL?

O município de
Taquarana envolve,
além de sua sede, mais
de setenta povoados,
estando entre eles 06
comunidades
quilombolas do período
da origem do núcleo
urbano, sendo, por isso, o território municipal que mais apresenta povos remanescentes
de quilombos. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, a população total foi de
19.020 habitantes, distribuídos na cidade e no campo, cuja área total é de 153,29 km²
(IBGE, 2010). Sua localização se encontra na Microrregião Geográfica de Arapiraca e
na Mesorregião Agreste de Alagoas. Dista cerca de 111 km de Maceió (Capital de
Alagoas). A Figura 1, acima, localiza o município no estado de Alagoas e a cidade no
território municipal:
Anterior ao período que corresponde à escala temporal da pesquisa, observa-se
que Castro Neto - em uma obra que não dispõe de ano de publicação, mas que foi
lançado em 2007 - colocou que o topônimo “Cana Brava” foi aquele com o qual,
anteriormente, ficou conhecida a atual cidade de Taquarana, bem como seu distrito.
Na constituição do espaço e tempo do atual sítio urbano de Taquarana,
originalmente é constatado que houve processos de compra e venda de terras sendo
repassadas a “herdeiros”. O processo de crescimento foi lento até que no período da
Independência do Brasil, entre 1821-22 foi iniciada a construção de uma capela, além
de abertura de novos caminhos que demandava a passagem constante de comerciantes
pela povoação, rumo a outras localidades.
Na década de 1830 a 1840, novo processo foi originado quando a família Correia
Paes adquiriu fazenda de grande porte. A casa principal do estabelecimento é indicada
como aquela que., nos dias atuais se encontra a casa paroquial e o Centro Comunitário.
A original capela que se arrasara pelo tempo de arrefecimento de certa importância do
povoado, foi restaurada por meio da iniciativa do capelão de Limoeiro de Anadia, frei
Caetano, e, a partir desse momento, começa a se constituir o atual núcleo central da
cidade. A feira livre foi instituída por volta de 1860.
No ano de 1870, o nome foi alterado para "Cana Brava dos Paes" em homenagem
à família Correia Paes. Este integrava o território municipal de Anadia, chegando a ser o
6° Distrito de Paz, em 1871, sendo por ela administrada.
O Censo de 1872, destacou, sempre segundo Castro Neto, que a povoação de
Cana Brava contava com 60 casas, uma escola com ensino primário para o sexo
masculino. O estabelecimento de ensino chegou a ser extinto por conta do lento
crescimento da povoação, mas, no ano de 1880, foi restaurado agregando ambos os
sexos. Canabrava contava, ainda, com uma subdelegacia de polícia.
Com a emancipação política de Limoeiro de Anadia, em 1882, ficou sua
administração subordinada a esse novo município (CASTRO NETO, [n.d.]).
Em 1900, a família Correia Paes vendeu a fazenda que adquirira, desaparecendo, a
partir daí, da referência histórica da cidade. O povoado foi crescendo e passou a distrito
civil, em 1911 e surge a inserção de novas técnicas para a questão de abastecimento de
água e iluminação pública. Esta passou a estar presente com os lampiões a carbureto
que funcionavam apenas das 18h às 22h.
Em 1913, com o algodão, a povoação cresceu atingindo o auge entre as décadas
de 1920 e a seguinte, quando foram inseridas no núcleo algumas tipologias residenciais
conhecidas como "grandes sobrados de Cana Brava". Também surgiram lojas de
tecidos, agência dos Correios e os primeiros veículos.
Um desses foi o construído em 1929, pelo coronel Paulino da Silva, integrante da
Guarda Nacional. Ali se hospedariam pessoas ilustres e autoridades que visitariam a
antiga Cana Brava, como Don Jonas Batinga, primeiro bispo da diocese de Penedo.
Assim, seria atribuída, mais tarde, a função de hospedaria para autoridades que se
dirigiam aos festejos que ocorriam na futura cidade.
Na década de 1930, mais precisamente em 1932, a técnica utilizada para
iluminação pública avançou um pouco e passou a ser gerada através de equipamento a
óleo diesel que funcionava no mesmo horário que os lampiões.
Em 1938, recebeu o status de vila, sede de distrito. A oferta de serviços e
comércio contribuiu para que outros indivíduos se instalassem na vila canabravense ou
próximo a ela. Esse evento exigiu abertura de vias por intermédio do surgimento de
novas moradias, indicando certo desenvolvimento territorial do núcleo e outros
estabelecimentos comerciais despontaram.
Em 1962, se emancipou politicamente, tornando-se sede do município de
Taquarana, participando, assim, da divisão administrativa do estado. O município foi
criado pela lei estadual n° 2.465, de 24/08/1962 e, desse modo, foi dotado de
personalidade jurídica de direito público interno, de autonomia política, administrativa,
financeira e legislativa, nos termos assegurados pela Constituição da República, pela
Constituição de Alagoas e por sua Lei Orgânica (CASTRO NETO, [n.d.]).
No mesmo ano da emancipação, foi instalada no município, a rede de
abastecimento de água, proveniente do riacho Cana Brava, pelo então governador Luiz
Cavalcante. Também em 22 de dezembro do mesmo ano, a sede da prefeitura foi
provisoriamente instalada no prédio número 34, localizado à Praça do Comércio,
mudando a função residencial para aquela de serviço administrativo do poder público
local. O Sr. Pedro Cícero Neto foi empossado como prefeito provisório enquanto não
ocorria o processo eleitoral. Sua nomeação foi confirmada pelo governador em
14/12/1962, publicando-a no Diário Oficial, do dia seguinte. Seu mandato interino
perduraria até o dia 21/09/1963, quando tomou posse o novo prefeito, o Sr. João Ribeiro
de Castro Neto, tendo como vice-prefeito, o Sr. Floriano de Souza Castro.
Por esse período, o antigo sobrado do coronel Paulino da Silva, citado
anteriormente, foi a sede da prefeitura municipal, a partir de 21 de setembro de 1963.
No mesmo prédio também funcionou a Câmara dos Vereadores, localizada no térreo,
em salão reservado para reuniões, durante o mesmo período da prefeitura. As
dependências ocupadas pelos poderes executivos e legislativo foram cedidas por seus
herdeiros - Floriano de Souza Castro e Silva, respectivamente vice-prefeito e vereador,
presidente da Câmara Municipal, eleitos, então, em 07 de setembro de 1963.
No ano de 1965, a cidade de Taquarana recebe energia da usina hidrelétrica de
Paulo Afonso, por meio da Companhia Elétrica de Alagoas (CEAL), no período do
governador Lamenha Filho, que inaugurou o novo modo de fornecimento, programando
a visita ao município.
Aquele sobrado do coronel sediou a prefeitura até o dia 31 de dezembro de 1968,
quando foi construído o atual prédio da prefeitura, situado à Praça Antônio Paulino,
atual Praça João Paulo II, onde se acha localizado o sobrado.
Enfim, o mandato do prefeito João Ribeiro de Castro Neto compreendeu o
período de 21 de setembro de 1963 até 01 de janeiro de 1969.
Mesmo que o autor da obra, o primeiro prefeito, não tenha divulgado dados em
torno de inserções de outras novas formas, a fim de incorporarem funções que exigiam
funcionamento da administração municipal (escola, posto médico etc.), ou mudança de
função de formas pré-existentes à emancipação, acredita-se que isso ocorreu na escala
temporal e foi além da questão da administração, ou seja, residências que podem ter se
transformado em bodegas ou outros estabelecimento de comércio e serviços.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que se tratou aqui, pode-se perceber o quanto se tem a percorrer com a
pesquisa que, primeiramente, deverá atender à conclusão da graduação, enquanto
Trabalho de conclusão de Curso (TCC).
A obra de João Ribeiro, mesmo sendo descritiva e, no que revela uma primeira
leitura, não foi suficiente para destacar processos sociais ocorridos no período da escala
temporal adotada, a fim de se apreender com aprofundamentos, dados sobre o tempo e o
espaço, no momento da primeira gestão municipal.
Contudo, foi possível constatar a informação da mudança de conteúdos de formas
"antigas", bem como a inserção de outras novas, mantendo ou inserindo novos
conteúdos, à atual área central da cidade de Taquarana - respeitando sua situação de
pequena cidade -, que foram aí agregados, na década de 196, nos primeiros anos da
emancipação.
Assim, infere-se que a obra de João Ribeiro de Castro Neto se revela como uma
narrativa sucinta dos aspectos da cidade sem se atentar em ater um embasamento que se
aproxime de análises científicas, servindo como apoio para a preservação da memória
de certos fatos ocorridos na cidade e no município.
Mesmo assim, considera-se aqui que sua publicação possui um caráter descritivo
que pode dar certas pistas ao pesquisador que pretende desenvolver investigação em
História, Geografia ou Geografia Histórica.
REFERÊNCIAS

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