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Gestos Articulatórios X Afasia de Bloca: Monografia
Gestos Articulatórios X Afasia de Bloca: Monografia
Gestos Articulatórios X Afasia de Bloca: Monografia
INTRODUÇÃO
musculatura foi posta sob controle operante. A partir daí a comunicação que antes
ambiente social.
fonoarticulatórios (OFA), que tenha por objetivo seja produzir um som modulado com ou
A articulação dos sons foi dando origem a palavras com significados, e essas
de língua, ou os movimentos do véu do palato para marcar a transição entre sons nasais e
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diferentes, perceptíveis subjetivamente por um ouvinte, ou avaliados objetivamente
Várias patologias podem alterar esse “processo fonológico”, estando entre elas a
afasia.
agramatismo, por ser este o sintoma mais comum desta síndrome. As características
dano no controle motor adjacente à área de Broca que controla a mandíbula, língua,
lábios etc.) e uma falta de uso de gramática em produção de fala e compreensão, porém
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DISCUSSÃO TEÓRICA
Neurolingüística para a execução deste estudo, sem os quais não seria possível, traduzem
Para iniciar esta discussão teórica, faz-se necessária uma descrição das diferentes
classificações de apraxia , uma vez que um dos objetivos deste estudo está em
interrelacionar a apraxia motora oral (de OFA), com o nosso caso de afasia de Broca, isto
ocorre em um sujeito cujos sistemas responsáveis pela execução do ato motor estão
participam os núcleos da base e cerebelo estão relativamente íntegros, como também que
o paciente tem plena consciência do ato a ser realizado, sem problemas gnósicos
integridade dos sistemas motores e da atividade intelectual não deve ser pensada de
maneira absoluta.
Hecaen (1964).
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Apraxia ideatória, onde as seqüências motoras individuais estão preservadas,
enquanto o sistema do ato como um todo está prejudicado. Por exemplo, a situação que
refere o paciente C., com uma xícara e um prato de sopa em sua frente, quando vai por
leite na xícara põe no prato de sopa. Este, no entanto, é um ato que pode ser realizado
simbólico (como dar tchau, fazer o sinal da cruz, etc.).No entanto, não tem relação com
paralisia de membros, uma vez que pode imitar perfeitamente estes atos, o que o paciente
não consegue fazer é levar a idéia para o movimento, daí o nome apraxia ideomotora.
Existem também, formas particulares , como apraxia para vestir-se, apraxia para
Luria (1981), propôs uma classificação das apraxias relacionada com o papel dos
diferentes lobos do córtex cerebral. Apraxia motora, decorrente de lesões nas áreas
secundárias dos lobos frontal e parietal, esta seria subdividida em apraxia motora
elemento motor para outro, resultando num quadro denominado afasia motora eferente,
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equivalente a afasia de Broca. A outra subdivisão; seria a apraxia motora aferente,
decorrente de lesões nas áreas terciárias do lobo frontal, áreas pré-frontais, que
Finalmente o terceiro tipo descrito pelo mesmo autor, designado como apraxia
quebra-cabeças.
atividade da mímica facial, por exemplo, a imitação de gestos de lábios e língua, podendo
algum em retirar migalhas de pão dos cantos da boca em condições usuais. Hecaen (1972
e 1981), classifica esta apraxia juntamente com as apraxias ideomotoras pela existência
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“automática”. Ajuriaguerra e Tissot (1969), entretanto, afirmam que “a apraxia
bucofacial é mais intimamente ligada com a apraxia melocinética (motora) do que com a
ideomotora”. Estes autores mostram dois grupos diferentes de pacientes com apraxia
Luria (1981), relaciona as apraxias motoras de OFA, com as duas formas clínicas
área secundária frontal, área 6 de Brodmann (Fig. 1.4), em regiões vizinhas àquelas em
que estão situadas as colunas motoras dos OFA em MI, correspondentes à área de Broca.
fundamental destas duas formas clínicas de afasia seria a apraxia motora de OFA.
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C- “Perda de Função” X “ Redução de Eficiência”
Considerando o prejuízo fonêmico dentro do campo das afasias pode-se dizer que
há dois pontos de vista básicos. Um deles, considera que tais prejuízos decorrem de
da habilidade para seqüenciá-los. O outro ponto de vista, considera que tais prejuízos
decorrem, não da perda de uma dada função, mas de uma redução de eficiência de todo o
sistema.
uma entidade clínica, “a apraxia de fala”, que definiu como uma “desordem articulatória
complexos e variáveis não têm sua origem em prejuízo perceptual (afasia)” e “ocorrem na
Darley, 1970).
objeções ao conceito de apraxia de fala, e argumenta que tal entidade clínica decorre de
As evidências que comprovam essa posição são de dois tipos: a regularidade dos
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alvo fonético. Entretanto, alguns estudos mostram o contrário. Trost e Canter (1974) e
Para tais autores, isso significa que, apesar das diferenças propostas entre o
pacientes com diagnóstico de apraxia para fala uma correlação positiva entre o número de
erros articulatórios cometidos e o grau de abstração das palavras em questão, o que para
semântico das palavras é importante na produção fonêmica, o que indica não haver uma
modernizado como apraxia de fala, preocupou diversos autores, que, ao criar a vasta
sinonímia citada, mostram sua concordância, ou pelo menos sua preocupação com a
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em fatores periféricos e processos não lingüísticos, como nos casos de apraxia de fala.
Em relação à redução de eficiência, está a idéia de que tais distúrbios refletem sempre
A segunda parte dessa discussão teórica, irá centrar-se nos processos lingüísticos
que estão alterados na síndrome estudada aqui, afasia de Broca, e como a linguagem do
multimodais que simbolizam estes estados, de acordo com uma convenção inerente a uma
comunidade Lingüística”.
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A afasia sobre a qual iremos nos aprofundar e relacionar ao nosso paciente (aqui
É importante salientar que na literatura pode ser também encontrada como agramatismo,
decorrentes.
Coudry (1988), faz então sua reflexão teórica, considerando uma prática que se
desse sujeito, e rejeita concepções teóricas que, por razões metodológicas excluam, sejam
efetiva da fala. É necessário, portanto, superar dicotomias como língua e fala, sistema e
ela, atuam sobre os outros, na dimensão subjetiva em que eles se constituem como
sujeitos, na dimensão cognitiva em que, por ela, os homens atuam sobre o mundo
estruturando a realidade.
como código acabado (como em Saussure e Yakobson) e abarca uma linguagem sob a
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B- A caracterização do agramatismo
compreende as sentenças. O que pode ocorrer é que uma apraxia oral grave ou moderada,
associada ao quadro afásico dificulta, a produção verbal. Além disso, é preciso considerar
respeito do agramatismo
1. o agramatismo existe;
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10. a produção está mais afetada que a compreensão;
ANÁLISE DE DADOS
Um Estudo de Caso
setembro de 1998.
(inglês, português e grego), atualmente com 63 anos de idade, portador de lesão cerebral
C., tem boa compreensão dos fatos do mundo e lê, porém com dificuldade.
narrativas, etc. )
Para o levantamento dos dados, foi utilizado gravador, vídeo e filmadora. Entre as
fitas gravadas, foram selecionadas algumas passagens de C., para iniciar-se a elucidação
sobre o caso.
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Esta análise, primeiramente tratará dos dados levantados quanto a integridade de
alterações. A maior queixa de C., era que não conseguia fazer a barba sem cortar-se, o
elevar e abaixar a língua, levar a língua até as comissuras labiais, protruir e retrair os
e estourá-las sem a ajuda das mãos, entre outros). O resultado obtido foi: o paciente é
demonstrando claramente já haver uma atrofia muscular como seqüela em OFA , assim
vezes).
3- Franzir o nariz, fazendo cara de cheiro ruim, contar até 5 e relaxar (10 vezes)
facilitadores ( guia de língua, espelho, vela para sopro), a fim de se conseguir o gesto
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articulatório voluntário sem a necessidade de apoio contextua. Esta ginástica articulatória
orientações eram feitas, assim como massagens orofaciais executadas pela terapeuta, para
quanto a motricidade oral, referiu que não cortava-se mais ao fazer a barba. Esta melhora
era nitidamente visível e, com uma nova avaliação da tonicidade e das praxias orais,
rítmo da fala de C.
Apesar dos resultados positivos citados acima, estes são aspectos ainda
estabelecido entre terapeuta e paciente, fator este determinante no sucesso deste trabalho.
acompanhamento.
(10/1998)
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C., tenta ler orações escritas no quadro, como por exemplo: “Faço omeletes com
ovos”.
INV.: Com?
C.: Ovo...ovo!
“ Faz cinco anos que não fumo um cigarro”. (exatamente o tempo que o paciente
INV.: Cigarro... tá... agora o senhor percebeu que alguma coisa está errada, não é?
INV.: Um cigarro!
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Notamos no dado acima que o paciente não fala QUE, conforme aponta Gregolin-
nessa síndrome.
Num outro episódio em que foi dado ao paciente um livro cujo título era Um
padre e um rapaz viajavam pelo mundo, foi pedido ao paciente que lesse o título na
capa.
C.: Mundo.
questiona este fato quando canta o hino nacional ou faz uma oração. Como nos exemplos
abaixo:
(01/1999)
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(A) C.: “Ouviram do Ipiranga margens plácidas... heróico brado
(B) C.: “Pai nosso que estais no céu, de...nificado seja vosso nome, vem a nós o
vosso reino, seja feita a nossa vontade, assim na terra como no céu... o ...pão
nosso de cada dia dos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós
perdoamos os ofendidos. *Seja feita... não nos deixai cair em tentação, mas
precisa expressar-se oralmente e tem dificuldade em estruturar a fala, então C., utiliza um
bloquinho que leva no bolso e escreve ou tenta escrever a palavra que não está
conseguindo dizer.
3- Outro dado interessante e que vem a questionar se C., é um paciente com afasia
de Broca pura, ou se possui outro tipo de afasia envolvido. C., apresenta anomia em
Com uma série de figuras sobre a mesa, o investigador solicita que C. emita o
nome das figuras, o paciente porém precisa sempre do ”prompiting”, para a emissão das
palavras.
(02/1999)
C.: (olha para a figura, não consegue falar o nome, já pega o bloquinho do bolso
INV.: Assim não, quero que o senhor diga a palavra. Mã... (prompiting para mão)
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C.: Mão
C.: Avião
C.: Banheira.
resgate da sentença.
ligação e predicativo.
(03/1999)
INV.: padre
INV.: Isso!
um lado, importa interpretar seus “erros” e “faltas” como uma ruptura do componente
interacional e social onde as “formas” se constituem; por outro lado, importar em mais
reconstituir no sujeito afásico uma face interpessoal pela qual ele possa voltar a jogar o
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que lhe permitam desempenhar seus múltiplos papéis. No caso C., são problemas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de expressão nos pacientes acometidos pela síndrome citada acima, apesar da integridade
dos órgãos fonoarticulatórios do mesmo? Esta questão levou ao estudo das apraxias
expressão, provocada pela afasia de Broca, decorrente de uma apraxia motora de OFA,
na área secundária frontal , em regiões vizinhas aquelas em que estão situadas as colunas
uma nova área de pesquisa: O que acontece com a linguagem de um indivíduo afásico e
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Depois de mais ou menos cinco meses com o paciente C., percebeu-se uma
de que é portador. Não que me desinteresse pela teoria da afasia. Mas não se pode
escamotear o sujeito, fonte de origem dos dados, com quem vou construir o modo de
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