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Resultados e discussão

PRÁTICA 04 – Adsorção em Solução

Disciplina: Laboratório de Físico-química

Docente: Joelma Perez

André Molina Gregório - Nº USP: 11212974

OBJETIVO: Determinar a isoterma de adsorção de Langmuir para a adsorção do


ácido acético sobre o carvão ativo.

PROCEDIMENTOS E MÉTODOS

O procedimento consiste em levar a soluções de ácido acético em diferentes


concentrações ao equilíbrio com carvão ativado. Ao final do experimento os dados
gerados serão utilizados para calcular a quantidade de moléculas que ocupam uma
monocamada do sólido, assim como a sua área superficial.

Inicialmente, em 6 erlenmeyers limpos de 250 mL são adicionados 1,00g de


carvão ativado previamente condicionado. Nestes são adicionados 100 mL de soluções
de ácido acético nas concentrações de 0,2; 0,1; 0,06; 0,04; 0,02 e 0,01 mol/L. Em um
frasco de controle são reservados a mesma quantidade de ácido na concentração 0,02
mol/L.

Os recipientes são fechados, e levados a agitação por aproximadamente 30


minutos, e após isso são deixados em repouso num banho termostático por um período
de 3 horas a fim de se atingir o equilíbrio.

No próximo momento, o conteúdo dos frascos é filtrado e são realizadas titulações


para se determinar a concentração de ácido, depois de estabelecer-se o equilíbrio com a
fase adsorvida no sólido.

Tendo essa informação sobre a concentração em equilíbrio, será utilizado a


isoterma de Langmuir para se calcular a área do carvão ativo,
Eq (1)

onde C é a concentração de soluto em equilíbrio, N é a quantidade de moléculas


adsorvidas na superfície do sólido, Nm é a quantidade de moléculas necessárias para
formar uma monocamada de soluto, e K é uma constante de equilíbrio do sistema.

RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Primeiramente é feita a padronização da nossa solução, já que conhecer


precisamente a quantidade de soluto nela é de extrema importância para os nossos
cálculos. A seguir é apresentada uma tabela apresentando dos dados obtidos a partir da
titulação de padronização, assim como os dados dos cálculos.

Tabela 1. Dados obtidos da padronização de NaOH 0,1 mol L-1

Amostra 1 Amostra 2
mác oxálico (g) 0,115934 0,156898
Vtítulação (mL) 20,50 25,35
n (mols) 0,0018 0,0025
M (mol L-1) 0,0897 0,0982
Mmédia (mol L-1) 0,0940

Para que o resultado calculado se aproximasse do valor apresentado junto aos


dados experimentais (M = 0,09401 mol L-1), foi necessário assumido que o padrão
primário utilizado tem pureza de 98,0%. Assume-se este valor como verdadeiro já que os
autores do calculo tiveram contato direto com o reagente.

Com esse valor em mãos pode-se calcular as concentrações de ácido acético na


solução após o equilíbrio com a fase adsorvida. Se soubermos a quantidade de soluto na
solução podemos determinar a quantidade adsorvida no solido. Como algumas soluções
de ácido acético estão em concentrações bem mais baixas que a solução padrão de
hidróxido de sódio, foi necessário diluir esta em 10 vezes para facilitar o processo de
titulação.
Tabela 2. Valores da titulação de ácido acético com NaOH 0,0096 mol L-1 e 0,0959 mol
L-1.

NaOH 0,0096 mol L-1


Amostras (mol L-1) Vmédio titulação (mL) Mác acético final (mol L-1)
0,01 13,1 0,0049
0,02 28,55 0,0107
0,02 controle 48,8 0,0183
NaOH 0,0959 mol L-1
0,04 7,15 0,0269
0,06 11,7 0,0440
0,1 20,65 0,0776
0,2 43,6 0,1639

Pode-se verificar, pela solução controle, que existem um erro considerável na


medida e/ou no preparo da solução, já que a concentração calculada se difere
significativamente da concentração nominal (0,0017 mol L-1/ 8,30% de erro). Como a
origem desse erro pode vir de diversos fatores, e tem-se apenas uma única medida a ser
considerada nesse quesito, optou-se por considerar a concentração nominal de cada
solução como sendo a real concentração original de ác. acético no meio.

Com essas considerações, pode-se calcular a quantidade de substancia que se


adsorveu na superfície do carvão, considerando que toda a quantidade de substancia que
não está presente em solução está agora ligada ao sólido. Assim, foi calculado o valor de
N (quantidade de substancia adsorvida por grama de sólido) para cada uma das amostras:

Tabela 3. Relação entre concentração inicial e final de ác. acético na solução, e quantidade
de substancia adsorvida no carvão ativado.

Amostras (mol L-1) mcarvão ativado (g) Mác acético final (mol L-1) Soluto ads (mol) N (mol g-1)
0,01 1,0037 0,0049 0,0005077 0,0005058
0,02 1,0054 0,0107 0,0009271 0,0009221
0,04 1,0029 0,0269 0,0013130 0,0013092
0,06 1,0085 0,0440 0,0016030 0,0015895
0,1 1,0102 0,0776 0,0022395 0,0022169
0,2 1,0076 0,1639 0,0036147 0,0035874

Com esses valores adquiridos (agregados na tabela 4, abaixo) é possível plotar o


gráfico de C/N vs. C que nos permite calcular a reta da Isoterma de Langmuir e, a partir
dos coeficientes linear e angular dessa, determinar K (constante de Langmuir) e Nm
(valor que representa a quantidade de moléculas necessárias para preencher uma
monocamada de soluto sobre o sólido) para as circunstancias desse experimento.

Tabela 4. Valores de N, Concentração (em equilíbrio) e a fração C/N, para cada amostra.

N (mol g-1) Cequilírio (mol L-1) C/N


0,0005 0,0049 9,7330
0,0009 0,0107 11,6360
0,0013 0,0269 20,5249
0,0016 0,0440 27,6624
0,0022 0,0776 35,0058
0,0036 0,1639 45,6743

Imagem 1. Gráfico da Isoterma de Langmuir (C/N vs. C) para a adsorção de ác. acético,
mostrando a equação da reta (aproximação da Eq 1) e o valor do coeficiente de
determinação (R2) da reta.

Isoterma de Langmuir (C/N vs. C)


60,00

50,00 y = 221,5x + 12,932


R² = 0,9007
40,00
C/N - g/L

30,00

20,00

10,00

0,00
0,0000 0,0200 0,0400 0,0600 0,0800 0,1000 0,1200 0,1400 0,1600 0,1800
C - mol L-1 (Concentração de equilíbrio)

A equação apresentada (y = 221,5x + 12,932) representa a Isoterma de Langmuir,


onde os valores 221,5 e 12,932 (coeficiente angular e linear da equação, respectivamente)
representam os termos 1⁄𝑁 e 1⁄𝐾𝑁 da equação de Langmuir, respectivamente.
𝑚 𝑚

Assim, é calculado, para essas condições experimentais, os valores de K e Nm:

Nm = 0,00451
K = 17,1281
O valor de Nm pode ser entendido como a capacidade máxima que o sólido tem
de acomodar as moléculas presentes em solução e, considerando que é formada apenas
uma monocamada (suposição que é feita pela Isoterma de Langmuir) podemos inferir o
valor da área superficial do carbono, se soubermos o a área superficial da molécula
adsorvida. Neste caso, assumimos a área superficial da molécula de ácido acético como
sendo de 21Å2 ou 21 10-20 m2, estimando-se que a área superficial do carbono testado é
de aproximadamente 570,74 m2.

𝑋𝐴𝑆
A constante K pode ser definida como 𝐾 = ⁄𝑋 𝑃 onde XAS E XS são a fração
𝑆

das posições na superfície que estão ocupadas e a fração das posições livres,
respectivamente, e P é a pressão. Portanto, um valor de K elevado (maior que zero)
representa o sentido favorável de reação de adsorção.

Por fim, utilizando esses valores, será calculado o valor de  (fração da superfície
que está coberta) para cada amostra, e plotado o gráfico de  vs. C, sendo essa outra forma
de representação da isoterma de Langmuir.

Tabela 5. Valores de N, Concentração (em equilíbrio) e a proporção , para cada amostra.

N (mol g-1) Cequilírio (mol L-1) 


0,0005 0,0049 0,1120
0,0009 0,0107 0,2042
0,0013 0,0269 0,2900
0,0016 0,0440 0,3521
0,0022 0,0776 0,4910
0,0036 0,1639 0,7946
Nm = 0,00451
Cada valor de  foi calculado considerando  = 𝑁⁄𝑁 .
𝑚

Imagem 2. Gráfico da Isoterma de Langmuir ( vs. C) para a adsorção de ác. acético,


mostrando a equação da reta e o valor do coeficiente de determinação (R2) da reta.

Isoterma de Langmuir ( vs. C)


0,9000
0,8000
y = 4,0401x + 0,1532
0,7000
R² = 0,9795
0,6000
0,5000

0,4000
0,3000
0,2000
0,1000
0,0000
0,0000 0,0200 0,0400 0,0600 0,0800 0,1000 0,1200 0,1400 0,1600 0,1800
C - mol L-1 (Concentração de Eq)
CONCLUSÕES
Nesse experimento simples foi possível verificar e, a partir de uma aproximação
matemática (isoterma de Langmuir) pode-se retirar uma grande quantidade de informação
do sistema. Primeiramente, verificou-se a relação entre a concentração e quantidade de
soluto adsorvido. Percebe-se pelo crescimento de N, conforme aumenta a concentração,
que esse seguiria a tendencia de atingir um platô, ao invés de crescer linearmente com C.
Isso revela a natureza da monocamada formada e a quantidade limitada de posições que
as moléculas podem ocupar na superfície do solido, conforme N se aproxima de Nm ( se
aproxima de 1) os espaços que uma molécula pode ocupar se tornam mais escassos,
dificultando a entrada de novas moléculas.

Desse mesmo conjunto de dados, foi obtido o valor de K, que é a constante de


Langmuir, uma constante de equilíbrio que descreve a extensão da reação química. Foi
calculado, para este sistema, um valor de K = 17,13 o que indica um equilíbrio levemente
deslocado para o lado dos produtos na reação de adsorção. Esse numero reflete o que foi
visto nos resultados das amostras em concentrações mais baixas (situação que terá menos
sítios ocupados no solido) em que um pouco mais da metade do soluto estava ligado ao
solido.

Com o valor calculado de Nm, foi estimado a área superficial por grama de carvão
ativado, A = 570,74 m2, valor que difere bastante da literatura, que estima uma área
superficial na faixa de 800 a 1500 m2. Esse resultado pode ter decorrido de diversos erros
experimentais, mais provavelmente, erros analíticos ao medir as concentrações das
soluções e/ou falta de tempo suficiente para que o meio atingisse equilíbrio.

BIBLIOGRAFIA
Material didático fornecido pela professora (Apostila de roteiros LABORATÓRIO DE
FÍSICO QUÍMICA 2021)

Benderdouche, N. et al. (2003) “Enhancement of the adsorptive properties of a desert


Salsola vermiculata species,” Adsorption science & technology: interface science for
advanced materials & technologies, 21(8), pp. 739–750.

Pego, M. F. F. (2016) Modificação superficial de carvão ativado utilizando tratamento


corona. Universidade Federal de Lavras.

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