A Psicologia Organizacional e do Trabalho -POT como área do
conhecimento, pesquisa e campo de aplicação passou por variadas transformações desde os anos finais do século XIX. Inicialmente limitava-se aos estudos voltados para o âmbito industrial da época e com a evolução nos campos de estudos atualmente produzindo conhecimentos e prática (PELLICIOLI, VASCONCELOS e VISC,2017). A transformação é inerente a produção do conhecimento científico assim:
A constância na transformação da ciência é uma idiossincrasia sustentada
pelo argumento do avanço contínuo da criação de novas tecnologias. Em função disso, a atuação em POT vem mais do que se expandindo, dessa forma transformando práticas tradicionais ao longo de seu desenvolvimento (PELLICIOLI, VASCONCELOS e VISC,2017, p. 92).
Para SILVA (2014) a conceituação da Psicologia Organizacional e do
Trabalho é o ramo da psicologia que trata dos processos de trabalho ou dos processos organizacionais, e o marco desenvolvimento é “o início do século passado, articulada aos pressupostos do Taylorismo, e ficou centrada [...]” tendo como ponto central o “[...] estudo da produtividade versus o esforço despendido[...]”. Desta forma caracteriza a uma psicologia industrial, tendo como pilares originários da psicologia as “[...] diferenças individuais do funcionalismo e do Behaviorismo”. Conforme ANDRADE, BASTOS e GONDIM (2010, p. 85) a Psicologia Organizacional e do Trabalho é uma subárea da Psicologia e com características inquietantes:
Ademais, a subárea de psicologia organizacional e do trabalho, ao pertencer
à área de conhecimento da psicologia, herda algumas tensões, como por exemplo, a de caracterizar-se como ciência e profissão, ao contrário de ciências como a física e a química, cuja aplicação se situa em outro campo, o das engenharias. Outra tensão herdada da psicologia se refere ao que ocorre no quadro geral da produção científica nas ciências humanas e sociais, em que se encontram diversos paradigmas em permanente conflito, que tentam impor padrões e normas de produção de conhecimento, decisões metodológicas e ferramentas técnicas diferenciadas. Nessa mesclagem de mercado de trabalho, profissão e ciência “a psicologia do trabalho está mais voltada para questões do mercado, do emprego, da 4
organização do trabalho, da ergonomia e da saúde no trabalho [...]”. Assim as
funções do psicólogo são voltadas para “[...]à gestão e ao comportamento estão mais direcionadas às atividades do administrador (SILVA ,2014, p. 20). Dentro deste ambiente de trabalho o psicólogo contribui:
[...] com conhecimento, métodos e com técnicas sobre como gerir as
pessoas e os processos organizacionais. A psicologia organizacional constitui o que usualmente definimos como comportamento humano nas organizações ou comportamento organizacional e cujos principais fenômenos (SILVA ,2014, p. 3).
Vale destacar que a principal tarefa da Psicologia Organizacional e do
Trabalho e destacando a sua finalidade:
A tarefa central ou a missão da Psicologia Organizacional e do Trabalho
pode ser resumida em explorar, analisar e compreender como interagem as múltiplas dimensões que caracterizam a vida das pessoas, dos grupos e das organizações, em um mundo crescentemente complexo e em transformação. Tem a finalidade de construir estratégias e procedimentos que possam promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e bem- estar das pessoas. (ZANELLI; BASTOS, 2004, p. 490 apud SILVA, 2014, p. 21 e 22).
Sendo assim em um contexto histórico a psicologia organizacional é
constituída “[...] como uma ampliação do objeto de estudo da psicologia industrial”. Nesse sentindo a psicologia organizacional e sua instrumentalidade contribuíram para a extrema valorização das teorias comportamentais tais como o behaviorismo que na psicologia “[...] que maximizavam a influência do ambiente no comportamento humano e minimizavam as influências intrapsíquicas. Estas últimas eram abordadas como relativas à satisfação “[...]”. Tais temas são inseridos e recebem destaques na psicologia através de estudos tendo como referência à motivação especificamente a partir de 1950 (SILVA ,2014, p. 20). Em meados do século XX as atividades do psicólogo organizacional brasileiro são:
[...] de recrutamento, seleção, treinamento, análise ocupacional e avaliação
de desempenho. Na década de 1980ainda predominavam as atividades clássicas na atuação dos profissionais, embora existissem outras atividades que ampliavam o escopo em decorrência das transformações no contexto do trabalho com novas demandas profissionais em planejamento e execução de projetos, diagnósticos situacionais, assessoria e consultoria (ZANELLI; BASTOS, 2004 apud SILVA, 2014, p. 21). 5
Neste contexto a origem da psicologia organizacional no Brasil está
rigorosamente ligada ao crescimento da industrialização no fim do século XIX e início do século XX, objetivando apenas selecionar e avaliar os empregados para trabalharem nas indústrias e militares para ingressarem nos quadros do exército (ZANELLI; BASTOS, 2004 apud SILVA, 2014, p. 03). De maneira generalizada a Psicologia Organizacional e do Trabalho tem seu desenvolvimento dividindo em três etapas. A fase inicial é marcada por uma Psicologia Industrial “[...] onde a função primordial do psicólogo era a psicotécnica, trazida na época por León Walther, no início do século XX, o que pode corroborar as proposições tayloristas[...]”. Onde a função do psicólogo era voltada para o processo de seleção e destinação dos trabalhadores em seus locais de trabalho voltados prioritariamente para as indústrias ferroviárias (PELLICIOLI, VASCONCELOS e VISC,2017). Na segunda fase para PELLICIOLI, VASCONCELOS e VISC (2017) o destaque é “[...] a Psicologia Organizacional, que ainda se permanece o tema da produtividade na empresa, sem romper com o ideal da fase anterior. Assim as atividades com grupos foram se fortificando devido a dinâmica dos sindicatos e grupos de trabalho. Na terceira fase observa-se uma Psicologia do Trabalho verdadeiramente constituída e crítica:
[...]mais propriamente dito, fundamentada principalmente pela Psicologia
Social Crítica, preocupada com a noção de trabalho como uma ação histórico e socialmente construído e que influi na saúde e questões subjetivas do trabalhador (PELLICIOLI, VASCONCELOS e VISC,2017, p.93).
Neste sentido uma vertente desdobramento de uma análise crítica em
relação a todos os aspectos da Psicologia do Trabalho iniciou no século XXI e passando por variadas mudanças consolidando esta ramificação da Psicologia. Consequentemente a conceituação da Psicologia do Trabalho é complexa e exige do psicólogo extrema precaução no desenvolvimento de suas atividades. Sendo necessário destacadamente examinar a interatividade humana e a esfera organizacional e do trabalho observando os possíveis desenrolamentos dos fenômenos relacionados. Portanto se faz necessário que o psicólogo vá além do domínio técnico, e desprenda esforços no conhecimento do seu campo de atuação e impulsione todas 6
as habilidades necessárias na execução do seu plano. Principalmente em
organizações com cenários de turbulências que exigiram uma atuação diversificada do psicólogo. 7
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Jairo Eduardo Borges; BASTOS, Antônio Virgílio Bittencourt e GONDIM,
Sonia Maria Guedes. Psicologia do Trabalho e das Organizações: Produção Científica e Desafios Metodológicos: Psicologia em Pesquisa, v.4,n.2, p.84-99 2010.Minas Gerais. Disponível em < https://periodicos.ufjf.br/index.php/psicologiaempesquisa/article/view/23616 t> Acesso em 01 mai. 2021.
PELLICIOLI, Eduardo; VASCONCELOS, Eveli F.e VISC,Bruno. O psicólogo
organizacional e do trabalho na gestão de pessoas: perspectiva ética como competência primordial. Revista Foco n.03, p90-105, 2017. Rio Grande do Sul .Disponivel em:< https://revistafoco.emnuvens.com.br/foco/article/view/165>. Acesso em 01 mai. 2021.
SILVA, Narbal. Psicologia organizacional / Narbal Silva e Suzana da Rosa Tolfo.
– 3. ed. – Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/ UFSC, 2014. 110p