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O QUE É EMBOLIA? (CAUSAS E


TIPOS)
Introdução

Chamamos de embolia ou embolismo o evento no qual um corpo


estranho anormalmente presente na corrente sanguínea viaja pelo
organismo e acaba ficando impactado em uma artéria, geralmente de
pequeno calibre, provocando obstrução da passagem de sangue e
consequente isquemia dos tecidos nutridos pelo vaso obstruído.

O corpo estranho que provoca a embolia é chamado de êmbolo.

O tipo de embolia mais comum é aquela provocada por coágulos


sanguíneos, também chamados de trombos. Essa forma de embolia é
chamada de tromboembolismo.

Contudo, conforme veremos mais à frente, o tromboembolismo não é


a única forma de embolia conhecida, existindo também as embolias
por gás, gordura, colesterol, líquido amniótico, infecção e corpo
estranho.

A embolia é quase sempre um evento patológico, ou seja, é


provocada por uma doença ou lesão que deu origem ao êmbolo. Em
alguns casos, porém, o êmbolo pode ser criado intencionalmente pela
equipe médica para realizar algum tratamento, como interromper o
sangramento vindo de uma artéria no interior de algum órgão ou para
cortar o suprimento de sangue de algum tumor maligno. Essa terapia
é chamada de embolização.

Por que a embolia é um evento perigoso?

Quando há um corpo estranho na corrente sanguínea, como um


coágulo ou um fragmento de gordura, ele será carregado pela
circulação sanguínea até encontrar uma artéria cujo calibre seja
menor que o seu diâmetro.

Essa viagem geralmente é bem curta; a partir do momento em que o


êmbolo entra na circulação sanguínea em poucos minutos ou até
segundos ele encontra um vaso sanguíneo que seja pequeno demais
para ultrapassar.

No momento em que o êmbolo encontra uma artéria pequena demais


para o seu tamanho, ele age como uma rolha, provocando obstrução
e impedindo a passagem do sangue adiante. Desta forma, todo o
tecido que era nutrido pela artéria obstruída passa a receber menos
sangue.

Se a artéria obstruída pelo êmbolo for a principal fonte de suprimento


sanguíneo para determinado tecido, este sofrerá isquemia, que é
como chamamos o processo de sofrimento tecidual por falta de
sangue. Se a isquemia não for corrigida a tempo, o tecido sofre
necrose, o que chamamos de infarto.

Quanto maior for o tamanho do êmbolo, maiores serão o diâmetro da


artéria afetada, a interrupção do suprimento sanguíneo e,
consequentemente, o tamanho do tecido que sofrerá necrose.

A embolia, portanto, pode provocar necrose em diversos órgãos,


incluindo cérebro, pulmões, membros inferiores, rins, retina, etc.
Grandes êmbolos provocam o que chamamos de embolia maciça e
costumam ser um quadro catastrófico com elevada mortalidade.

Tipos de embolia

Várias substâncias podem agir como êmbolo. Coágulos e fragmentos


de placas de colesterol são os dois mais comuns.

Vamos falar rapidamente sobre os tipos mais frequentes.

Coágulos

O sangue contém agentes coagulantes naturais que ajudam a


prevenir hemorragias excessivas quando nos ferimos. Sem a
formação de coágulos, qualquer corte nos levaria à morte por perda
sanguínea ininterrupta.

Certas condições de saúde, porém, como doenças do sistema da


coagulação, obesidade, doenças cardíacas, câncer, gravidez,
infecções e alguns fármacos, como os anticoncepcionais hormonais,
podem causar a formação de coágulos sanguíneos (trombos) dentro
das veias, mesmo quando não há sangramento.

Esses trombos formados dentro das veias podem se soltar da parede


do vaso e viajar pela corrente sanguínea até ficarem presos e
começarem a bloquear o fluxo sanguíneo para um órgão ou membro.

A formação de coágulos é bastante comum nas veias das pernas, um


quadro chamado de trombose venosa profunda dos membros
inferiores. A trombose venosa dos membros inferiores é o principal
fator de risco para o tromboembolismo pulmonar.

Outro quadro comum de tromboembolismo é a embolia cerebral, que


surge quando um coágulo de sangue, geralmente originado do
coração ou da artéria carótida, viaja até o cérebro e oclui a passagem
de sangue de uma artéria cerebral, provocando acidente vascular
cerebral (AVC).

Colesterol

Aterosclerose é o nome que damos ao estreitamento das artérias


provocado pela formação de placas colesterol na parede dos vasos.
Pessoas com aterosclerose grave podem sofrer embolias de
colesterol quando pequenos fragmentos dessas placas se
desprendem da parede dos vasos e viajam pela circulação
sanguínea.

Placas ateroscleróticas são fonte importante de êmbolos, podendo


provocar embolização cerebral, que se traduzem por quadros de
ataque isquêmico transitório ou acidente vascular cerebral (AVC).
Também são comuns embolizações para extremidades dos membros
ou órgãos, como rins, intestinos, pele ou olhos.

Os eventos embólicos por colesterol podem ocorrer


espontaneamente ou podem ser induzidos por intervenções médicas,
incluindo cateterismo cardíaco, arteriografia, intervenções vasculares
periféricas, balão intra-aórtico ou cirurgia cardíacas e vasculares.

Ar

A embolia gasosa é um evento incomum, mas potencialmente


catastrófico, que ocorre como consequência da entrada de ar dentro
da circulação sanguínea.

O oxigênio que circula normalmente no sangue não se encontra na


forma gasosa que respiramos no ar. As moléculas de oxigênio (O2)
viajam ligadas à hemoglobina, que é uma proteína transportadora de
oxigênio presente em nossas hemácias (glóbulos vermelhos). Não há
gás livre dentro dos vasos sanguíneos.

Embolia gasosa pode ocorrer através de diversas formas:


● Entrada de ar durante a administração de soro ou
medicamentos intravenosos (geralmente mais que 50 ml
de ar são necessários para embolização).
● Cirurgias, principalmente na cabeça (neurológica ou
otorrinolaringológica).
● Biópsia pulmonar por agulha broncoscópica e percutânea.
● Trauma pulmonar.
● Lesão provocada por ventilação mecânica.
● Fístulas entre os brônquios e os vasos sanguíneos do
pulmão.
● Mergulhadores que sobem muito rapidamente à superfície.

Gordura

A embolia gordurosa é uma forma rara de embolia que pode ocorrer


após fratura de um osso longo, como o fêmur. Como a medula óssea
possui um alto teor de gordura, quando um osso se parte, partículas
dessa gordura podem ser liberadas na corrente sanguínea.

Fraturas múltiplas, incluindo fêmur e ossos da pelve, são as mais


associadas a esse evento.

Embora raro, procedimentos médicos, principalmente ortopédicos,


também podem provocar embolia gordurosa, incluindo a artroplastia
total de quadril ou joelho, infusões intraósseas ou transplante de
medula óssea.

Líquido amniótico

Outra forma rara de embolia é a provocada por líquido amniótico.

O líquido amniótico, que é o líquido que envolve e protege o bebê


dentro do útero, pode vazar para os vasos sanguíneos da mãe na
hora do parto.
Durante o trabalho de parto, se as membranas placentárias se
romperem ao mesmo tempo que as veias uterinas, o líquido
amniótico pode entrar na corrente sanguínea e chegar aos pulmões
da mãe.

Séptico

A embolia séptica também é uma forma rara. Ela ocorre quando as


partículas criadas por alguma infecção no corpo atingem a corrente
sanguínea.

Um exemplo comum é a endocardite, uma infecção das válvulas do


coração. Parte da vegetação formada nas válvulas pelas bactérias
pode se soltar e viajar em direção ao cérebro, rins, pulmões ou
extremidades dos membros.

Corpo estranho

Essa forma de embolia costuma ocorrer quando alguém injeta um


corpo estranho diretamente nas veias, como talco, silicone ou drogas
não diluídas.

Outra causa possível, porém muito rara, é entrada de corpo estranho,


como fragmentos de cateteres ou próteses, na circulação durante
cirurgias que mexem em grandes vasos.

Por que os pulmões são os órgãos mais


afetados?

Por conta da anatomia da nossa circulação sanguínea, a maioria dos


êmbolos, seja qual for sua origem, acaba ficando impactada na
circulação sanguínea de um dos pulmões, provocando infarto
pulmonar ou tromboembolismo pulmonar.
A embolia pulmonar é a forma de embolia mais comum porque a
maior parte dos êmbolos surgem nas veias e quase todas elas
drenam o sangue em direção ao coração e depois aos pulmões.

Êmbolo com origem nas veias dos membros inferiores provocando embolia pulmonar
O calibre das veias vai crescendo conforme elas se aproximam do
coração. Por isso, o êmbolo consegue viajar livremente até lá. Ao
chegar ao coração, o êmbolo passa por dentro do átrio, do ventrículo
direito e é lançado em direção à artéria pulmonar. Até a sua chegada
na artéria pulmonar esquerda ou direita, o êmbolo só terá passado
por vasos sanguíneos grandes, não havendo possibilidade de ficar
preso.

Após passar pela artéria pulmonar, o calibre dos vasos sanguíneos à


frente volta a reduzir de tamanho progressivamente. Quando o
êmbolo se deparar com um artéria pequena demais, ele provocará a
embolia pulmonar. A imagem acima ilustra um episódio de embolia
pulmonar provocada por um trombo formado nas veias de uma das
pernas, que se soltou e viajou até o pulmão.

Explicamos a embolia pulmonar com detalhes no artigo:


Tromboembolismo pulmonar: causas e tratamento.

Tratamento

O tratamento da varia de acordo com três dados:

● Causa da embolia.
● Tamanho do êmbolo.
● Local acometido pelo êmbolo.

No caso da embolia provocada por trombos, o tratamento pode ser


feito com medicamentos ou cirurgia.

Nos pacientes estáveis e com êmbolos pequenos, o tratamento


costuma ser feito apenas com medicamentos anticoagulantes, como
varfarina e heparina. Os anticoagulantes não tratam diretamente o
trombo, eles apenas diminuem o risco de novos êmbolos.

Trombolíticos são medicamentos capazes de dissolver trombos. Os


trombolíticos apresentam muitos efeitos colaterais e risco de causar
hemorragias graves, inclusive sangramentos cerebrais. Por isso, seu
uso só está indicado em casos graves, com grandes êmbolos,
quando o benefício supera os riscos.

Nos casos graves também é possível o tratamento cirúrgico,


denominado embolectomia. Durante a procedimento, o cirurgião faz
um corte na artéria afetada para que o corpo estranho causador do
bloqueio possa ser removido, restaurando o fluxo sanguíneo.
As outras formas de embolia não costumam apresentar tratamento
específico.

As embolias causadas por bolhas de ar nos mergulhadores podem


ser tratadas em uma câmara hiperbárica. A pressão do ar dentro da
câmara é maior do que a pressão normal do ar externo, o que ajuda a
reduzir o tamanho das bolhas de ar dentro do corpo do mergulhador.

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