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“Cidade Velha, Património Mundial: ARQUEOLOGIA, MEMORIA E TERRITORIO

Hamilton Jair Fernandes

Resumo

A preservação e valorização do património tem tido um papel cada vez mais relevante
nas políticas de ordenamento do território, sejam elas local, regional, nacional e internacional.

Essa mudança de atitude é baseado no conceito de sustentabilidade, em que a


comunidade é convidado a assumir um papel preponderante e decisor nas medidas a serem
adotadas.

Arqueologia, Memoria e Território, não obstante de serem conceitos académicos, no


caso particular da presente reflexão tem por objetivo trazer a consideração, uma perspetiva
mais alargada do espaço físico e na sua interação com o homem, enquanto produto da história.

Analisar a Cidade Velha, Património Mundial, a partir desta abordagem permite uma
visão holística do que foi a história do arquipélago, desde ocupação do território, passando
pelo papel preponderante da vila da Ribeira Grande enquanto entreposto atlântico de escravo,
até a valorização de todo esse legado em prol do desenvolvimento local.

Palavra-chave: Arqueologia, Valorização do Património, Ordenamento do Território,


Património Mundial, UNESCO

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A identidade de um povo define-se por múltiplos aspetos da sua cultura, como sejam a
língua, os objetos e as relações sociais características do grupo humano socialmente
organizado.

A noção moderna de património cultural coloca ênfase em critérios objetivo e


científico na seleção desse legado, tendo em conta objetos e lugares portadores de memória,
independentemente da época e região de produção.

Como afirmam Tresserras e Hernández (2001), a noção de património surge “quando


um indivíduo ou um grupo de indivíduos identifica como seus um objeto ou um conjunto de
objetos”. Enfatizando o poeta inglês T.S Eloit (1948) “(...)inclusive os mais humilde dos
objetos materiais, que é produto e símbolo de uma particular civilização, é emissário de uma
cultura que é proveniente (...)”.

Mas existem certos componentes intrínsecos ao conceito cultura, que se repetem ao


longo dos tempos e de espaços, fazendo com que esses objetos sejam merecedores de uma
atenção especial e consequentemente conservados, por aglutinarem valores únicos e
insubstituíveis, considerando-os de Bens Patrimoniais.

Para reforçar o conceito supra citado, socorremo-nos da tese de João Miguel Martins
(2013), que “considera o Património a conjunto de bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referencia à identidade, à ação e à
memoria dos grupos sociais, e nos quais se incluem: (…) conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

Definindo de forma simplista a arqueologia, como a ciência que estuda as culturas e os


modos de vida do passado, a partir da análise de vestígios materiais, a disciplina ganhou uma
dinâmica científica a partir dos finais do século XIX, no quadro dos descobrimentos das
grandes civilizações desaparecidas, como o caso da Babilónia e da Mesopotâmia.
Segundo definiu Colin Renfrew (1991) “a história da arqueologia é a história das
grandes descobertas, é a evolução do modo de investigar, e uma mudança de atitude na forma
como que questiona, o que se questiona do passado (…).

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A ciência arqueológica, atualmente é encarada sob uma nova perspetiva,
desprendendo-se dos parâmetros tradicionais de trabalho, que se limitava a uma interpretação
descritiva das peças – tipológica e cronologicamente. Ela passou a preocupar-se mais com a
cultura material, as relações sociais (entre os indivíduos e os próprios objetos) e a
contextualização das estações, objetos de estudo, com o seu meio envolvente.

Aliás parafraseando Jorge de Alarcão (1996) “a arqueologia é política e socialmente


útil porque ajuda a descobrir que tudo no mundo afinal é relativo: verdade, justiça,
racionalidade, sistemas políticos e económicos. A arqueologia ajuda, assim, a construir o
pluralismo democrático que urge reforçar no plano político e instaurar no campo das
ciências humanas e sociais (…) ”.

O património arqueológico e todas as informações histórico-culturais, bem como o seu


aproveitamento social, surge assim difuso, extenso e não renovável, num mundo globalizado e
em permanente mudança, tornando-o cada vez mais ameaçado e suscetível de perda ou
destruição.

Essa perda é notória sobretudo nas áreas urbanas históricas, onde o conceito de
desenvolvimento pressupõe a utilização de meios e métodos pouco conservacionistas e, em
certa medida concorrencial á sustentabilidade do território.

Para se apreenderem as dinâmicas urbanas contemporâneas, os significados do


património face à urbanização avassaladora, tanto nas metrópoles quanto nas chamadas
cidades históricas ou cidades antigas, torna-se imperativo considerá-las em sua globalidade
dinâmicas e, em permanente mutação, social, económica e cultural.

A Carta de Atenas de 19311, cujo contributo ficou à partida marcada pela discussão em
torno do conceito de Cidade Funcional. Esta deveria atender a quatro necessidades do ser
humano− habitação, lazer, trabalho e circulação − o que representa o reconhecimento da
urgência de adoção de medidas socio-territoriais de planeamento significativas para a época,
na busca da cidadania.
1 Assembleia do CIAM – Congresso Internacional de Arquitetura Moderna – Atenas, 1931 e 1933

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Por outro lado a Carta de Veneza de 1964 2 inova ao esclarecer que os conjuntos
urbanos históricos podem ser adaptados às necessidades modernas, onde a revitalização do
monumento propícia seu uso a despeito de sua função original, ou seja, permite sua
revitalização.

Ela aponta para a lógica moderna das novas ações que remetem a formas de
manutenção da vida quotidiana nas cidades antigas que “sobrevivem” no território e seu
ordenamento presente, junto à revalorização da paisagem urbana histórica.

Elas contribuíram para a ampliação da noção de património e da sua preservação, ao


ser considerado o valor do conjunto como um todo, o que simboliza a valorização do espaço
urbano no qual se estabelecem os objetos a serem reconhecidos por seu valor histórico,
artístico e, sobretudo, cultural. Tais conceitos foram retomados e aprofundados na Carta de
Nairobi de 19763, sobre os Conjuntos Históricos.

Algumas cidades históricas mundiais passam a viver a nova lógica de urbanização


ligada à indústria cultural que, transforma o antigo em velho e o novo em modelo das virtudes
do progresso.

Cidade Velha, sendo a primeira cidade europeia eregida no continente africano a sul de
Sahara, torna-se num marco incortonavel na Historia da Humanidade, a partir do
descobrimento das ilhas de Cabo Verde, pelo navegador genoves Antonio de Noli ao serviço
da coroa portuguesa, por volta de 1460.
Cidade Velha é um marco incontornavel da Historia da Humanidade, desde o
descobrimento das Ilhas pelo navegador genoves Antonio de Noli ao serviço da coroa
portuguesa, por volta de 1460, tornou-se na primeira cidade europeia eregida no continente
africano a sul de Sahara.
Tendo nascido e crescido à conta do tráfico negreiro, a antiga cidade de Ribeira
Grande de Santiago de Cabo Verde, actual Cidade Velha teve um papel essencial no
desenvolvimento do comércio mundial e navegação de longo curso, entre os continentes

2 II Congresso Internacional dos Arquitectos e Tecnicos dos Monumentos Historicos – ICOMOS, Veneza, 1964
3Recomendação sobre a Salvaguarda dos Conjuntos Históricos e a sua Função na Vida Contemporânea, Narobi,
1976

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África-Europa-America, tornando-se num ponto de ligação entre estes três continentes e ainda
como um local de aprovisionamento de navios e comércio de escravos.

O vasto património edificado, numa área muito bem delimitada, conceptualmente


designado de acordo com a Lei 102/III/90 como Sitio Histórico, surgiu numa conjuntura
histórica especifica e é vista atualmente como um conjunto de edifícios e/ou ruínas com
“memoria”, que com o passar do tempo adquiriram um valor simbólico excecional,
pertencente a uma determinada conjuntura histórica. Desta forma é legítimo afirmar que, tanto
os vestígios arqueológicos como os traços da arquitetura colonial patentes no conjunto
patrimonial da Cidade Velha perfilamse como um valor de peso para o reconhecimento da
Ribeira Grande enquanto um dos mais importantes centros urbanos do período colonial, do
Atlântico em particular, emergida a partir do século XV. O Sitio Histórico da Cidade Velha,
Património da Humanidade Descoberto/achado pela armada portuguesa a 3 de Dezembro de
1460, na senda da conjuntura expansionista europeia do século XV, o arquipélago de Cabo
Verde situase a 500km do continente, ao largo do promontório africano com o mesmo nome.
Formado por dez ilhas e cinco ilhéus, numa superfície de apenas 4033km2, o seu clima árido
e semi – árido é explicado, pela sua localização na zona sub – saheliana do continente
africano, contando apenas com duas estações muito irregulares (chuva e de seca). Contudo,
desde muito cedo se percebeu que a localização privilegiada de Cabo Verde iria contribuir
muito com às pretensões da metrópole descobridora, que se consubstancia na tentativa de
conquistar toda a costa atlântica do continente africano e os 4 ”Sítios históricos – obra do
homem ou obra conjunta do homem e da natureza, espaços suficientemente característicos e
homogéneos, de maneira a poderem ser delimitados geograficamente, notáveis pelo seu
interesse histórico, arqueológico, artístico, científico ou etnológico” – Lei de Base do
Património Cultural Cabo-verdiano, nº102/III/90 de 29 de Dezembro de 1990 6 rios da Guiné,
prosseguindo rumo ao sul, com vista ao descobrimento do caminho marítimo para a Índia.
Após uma primeira tentativa infrutífera de povoar as ilhas em 1462, quatro anos mais tarde,
graças a uma intervenção régia, mediante a conceção de privilégios fiscais e comerciais,
criou-se o primeiro aglomerado populacional de Cabo Verde e o primeiro centro colonial nos
trópicos, Vila da Ribeira Grande, sede da donataria do sul, concedida a António de Nóli. O
início do povoamento pela ilha de Santiago obedeceu a vários fatores. Sendo de destacar o
facto de ser a maior ilha do arquipélago, mais fértil e que de uma forma geral oferecia

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melhores condições para o assentamento de uma povoação. Esse aglomerado era formado de
população europeia em menor número, atraídos pelos benefícios então concedidos, e por uma
grande fração de escravos, oriundos dos rios da Guiné e de toda a costa ocidental da Africa
(muito embora a maioria se destinasse ás transações comerciais no famoso comercio
triangular – África, América, Europa). A Vila da Ribeira Grande, devido ao seu
posicionamento geoestratégico era o centro de passagem obrigatório de todo o fluxo marítimo
do atlântico, tornando-se num sítio cada vez mais atraente para os grandes navegadores da
altura (cita-se o exemplo, da passagem de Vasco da Gama, no seu caminho para a Índia, de
Cristóvão Colombo em 1498, na sua terceira viagem para as Américas), oferecendo boas
condições de defesa natural, possuindo uma ribeira navegável, um excelente ancoradouro, e
nascentes de água doce potável. A Igreja, ao longo de toda a epopeia expansionista do século
XV, exerceu um papel capital na cristianização e ladinização dos povos. Ombreando ao lado
do poder monárquico, a sua importância era bem visível pela construção na época de
inúmeras igrejas e capelas, pela edificação de seminários e escolas clericais. É neste contexto
sócio – religioso que, pela Bula Papal de 31 de Janeiro de 1533, Clemente VII a pedido do rei
de Portugal D. João III se cria a Diocese de Santiago de Cabo Verde e Guiné e a respetiva
sede do bispado, na pequena vila quinhentista que emergia. 7 Consequentemente estavam
reunidas as condições para a elevação da Vila de Ribeira Grande à categoria de cidade, o que
foi consumado no mesmo ano de 1533, dessa forma passou a referida cidade a possuir todo
um aparelho administrativo e judicial capaz de responder à demanda. Embora com uma
população bastante reduzida, até aos meados do século XVI com cerca de 500 habitações, a
cidade foi-se desenvolvendo em torno do seu ancoradouro, prolongando-se até ao interior do
vale, e pelas plataformas limítrofes que vieram a originar os três principais bairros da cidade,
S. Brás, S. Sebastião e S. Pedro. Todavia, a cidade teve um ciclo de vida relativamente curto,
pois a sua decadência, segundo reza a historia, processou-se a um ritmo bastante acelerado.
Foi provocada, principalmente pela perda definitiva da posição da cidade como entreposto do
comércio internacional e pelo clima de insegurança gerado pelos constantes ataques dos
navios piratas, que cobiçavam as riquezas que ali giravam. Assim sendo, a 13 de Dezembro de
1769 fica consumada a queda definitiva da cidade da Ribeira Grande. A sede do bispado é
transferida para a vila da Praia, seguindolhe o governo, e no ano de 1858 a vila de Praia de
Santa Maria é elevada à categoria de cidade. Ao longo de três séculos de história, o pequeno
burgo colonial ganhou uma grande importância enquanto primeiro centro administrativo,

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religioso e económico nos trópicos, o que justificou a construção de grandes edifícios, de
carácter religioso e militar a destacar: a Fortaleza Real de S. Felipe (1587), a Catedral (1556)
o Convento/Igreja de S. Francisco (1634), a Igreja Nossa senhora do Rosário (1495) e o
Pelourinho ou Picota (1512). A esses legados materiais construídos, podemos acrescentar
outras ruínas e/ou estruturas arqueológicas das quais os vestígios se encontram num estado
avançado de degradação e sob a qual urge uma intervenção, cita-se a titulo de exemplo das
ruínas da casa do Governador, do Hospital da Misericórdia, da casa da companhia Grão-Pará
e Maranhão, do colégio dos Jesuítas, da Igreja de Nossa Senhora de Conceição e de São
Pedro, e os pequenos fortes. 8 Da Urbe Quinhentista da Ribeira Grande à Cidade Velha
Património da Humanidade. A configuração do Espaço Urbano As políticas e ações relativas à
salvaguarda e valorização do património cultural apresentam-se como um paradigma
complexo. Não só pela maior amplitude que o referido conceito alcançou na
contemporaneidade, como pelos problemas concretos que hoje se colocam às sociedades que
o criam, em particular às cidades e o respetivo tecido urbano e ao território no seu todo. Aliás,
o investigador Luiz Oosterbeek (2013) afirma que, “A cultura é a forma específica de
satisfazer as necessidades de cada povo. A economia, a sociedade, o ambiente e as culturas
cruzam-se, fundem-se, no território. As palavras-chave para o crescimento sustentável são
território e cultura. A cultura isolada é uma curiosidade não sustentável. O território isolado é
uma massa informe e sem diferenciação”. O processo de salvaguarda patrimonial implica a
conjugação de elementos que passam pelo reconhecimento de que o património, nos dias de
hoje, é pertença das sociedades e dos cidadãos, que vêem nele a sua identidade e memórias.
Mas é também uma forma de contribuir para a melhoria do ordenamento do território, do
desenvolvimento económico-social, integrado nas políticas públicas de expressão territorial
que se consubstancia numa adequada ponderação de interesses públicos e privados. Como
refere a Carta de Cracóvia de 2000, “A conservação do património cultural deve constituir
uma parte integrante dos processos de planeamento económico e gestão das comunidades,
pois pode contribuir para o desenvolvimento sustentável, qualitativo, económico e social
dessas comunidades”. Na ótica de João Miguel Martins (2013), “a cultura por si pode gerar
desenvolvimento e deve, portanto, ser considerada uma dimensão do desenvolvimento”.
Reforça ainda a ideia de Jorge Custódio (2010) de que, “o património é utilizado e
compreendido com um valor social, integrador, agregador, com vista à construção de uma
sociedade cujo desenvolvimento seja mais equilibrado e orientado para a sustentabilidade, na

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qual o património, o ambiente e a cultura tenham o seu lugar 9 específico e possam ser fatores
de afirmação da cidadania e da participação representativa e coletiva”. A sincronia entre a
Cultura e a Cidade, apresenta-se como um problema de planificação urbana das cidades
históricas atuais. Neste sentido, é importante sublinhar que, qualquer intervenção sobre o
património localizado nos espaços urbanos terá que contemplar o problema de integração
entre o espaço urbano e paisagístico, o ordenamento do território, a evolução e o
desenvolvimento, a renovação e o crescimento urbano. O ordenamento do território, o
crescente desenvolvimento das cidades históricas, encaradas como uma realidade
sociocultural dinâmica, exige a adoção e conjugação de programas científicos de carácter
transdisciplinar. Neste sentido a arqueologia, a arquitetura e o urbanismo, têm uma
responsabilidade comum, que é de propiciar um projeto de cidade histórica. Não obstante o
facto das intervenções arqueológicas no território urbano, nem sempre tenham sido alheias às
discussões em torno do binómio Conservação do Património versus Desenvolvimento
Urbanístico, o que deu origem a certas interpretações mal-intencionadas, que olhavam o
escavar dos centros urbanos com traços histórico – arqueológicos, como sinonimo de
constrangimento de ordem social e económico. Sendo nosso espaço de estudo, Cidade Velha,
Património Mundial, importa trazer à colação conceitos que se interlaçam e permitam ter
assente os principais objetivos desta nossa reflexão, no caso História e Memória, Património
Arqueológico, e Território Sustentável. A configuração do aglomerado urbano, da antiga vila
da Ribeira Grande, atual Cidade Velha obedeceu a uma lógica de ocupação do território
dependente das características geomorfológicas oferecidas. Consta que até à metade da
centúria de dezasseis não se introduziram grandes alterações, sendo a instalação à volta do
ancoradouro. Segundo o Arquiteto Fernando Pires (2007), “após a consolidação do povoado
(…), este seguiu um percurso normal de crescimento, paralelamente à intensidade do
comércio desenvolvido pelos moradores com a costa da Guiné (…) ”. Na sua análise o 10
citado autor acrescenta que, “ (…) O núcleo que se tinha formado, junto ao porto, já se tinha
expandido mais para nascente e para a margem esquerda da Ribeira que atravessava a cidade
(…) ”. Esse panorama urbanístico muda drasticamente após a elevação da vila de Ribeira
Grande à categoria de cidade e diocese, o que obrigou a alguns investimentos por parte da
Coroa. Esses investimentos passaram por uma reconfiguração do espaço atendendo às novas
necessidades da cidade, que a partir de 1560 já contava com mais de 500 vizinhos. No ano de
1626 os oficiais do Rei Filipe II descreviam a cidade, frisando a existência de três grandes

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bairros, São Pedro, São Sebastião e São Brás. O primeiro, situando na margem esquerda da
ribeira era o maior, fazendo dele parte três ruas: a rua de S. Pedro ou rua da Direita, a rua da
Carreira e da Banana. Essas eram consideradas as ruas mais importantes da cidade, onde
viviam as pessoas mais abastadas do burgo, funcionários régios e comerciantes. O bairro de
São Brás, situado na zona noroeste da cidade, era constituído por uma única rua designada por
rua da Cidade ou rua de Direita de São Brás, que dividia o bairro em duas partes. Considerado
o bairro mais sadio da cidade e por se situar em frente ao mar. Era habitado pelos padres da
Companhia de Jesus, que nas primeiras décadas do século XVII compraram uma serie de lotes
para a construção das suas residências. Por último o bairro de São Sebastião situado entre os
30 e 40 metros acima do nível do mar a sudeste da cidade. O bairro foi erigido nos arredores
da Catedral, com uma única rua que ligava a Sé à Fortaleza Real de São Filipe. O Largo do
Pelourinho também se configurou como um espaço importante, onde se instalaram os
primeiros povoadores e onde foram construídas alguns “sobrados” e armazéns que
funcionavam como zona comercial ao pé do porto. Reza a historia que do espaço adjacente ao
Largo do Pelourinho, faziam parte três ruas, da Misericórdia, do Calhau e a do Porto. Durante
o século XVI adota-se então um “programa” de construção de edifícios de carácter religioso,
militar, administrativo e civil. A título de exemplo, cita-se que foi nesse período que se
procedeu a ampliação da igreja de Nossa Senhora de Rosário. A mais majestosa edificação foi
sem dúvida a Igreja da Misericórdia em 1556, ao mesmo 11 tempo que a Catedral. Também
no bairro de São Sebastião foi construído o palácio episcopal situado nas cercanias da Sé. No
que se refere aos edifícios de carácter administrativo, o engenheiro António Andreas ilustra na
sua planta, datada de 1769, o que supostamente poderia ser o edifício da câmara municipal
situado na margem esquerda da ribeira, no início da rua da Banana. Ainda parafraseando, o
Arquiteto Fernando Pires (2007) “ (…) um edifício separado para a prisão aparece na referida
planta (…) no Largo de Pelourinho, com a frente orientada para o terreiro da Misericórdia
(…) onde funcionava o hospital. Os mais significativos edifícios existentes no burgo eram
casas de alguns funcionários da Coroa ou alguns ricos comerciantes da cidade (…) ”.
Finalizando o presente apartado, podemos acrescentar que configuração urbana descrita
cumpria as necessidades da metrópole conquistadora, defesa e comercio, não obstante dos
condicionalismos geomorfológicas impostas pelo território. Assim como a posição
geoestratégica, acima mencionada e que serviu na íntegra os objetivos iniciais preconizados
com epopeia expansionista europeia, “domínio do atlântico”, incluindo Africa e Américas, e o

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descobrimento do caminho marítimo para a India. A gestão do património arqueológico;
Historia das intervenções Numa altura em que muito se tem debatido, sobre uma possível
chegada ao arquipélago de Cabo Verde, de povos da costa ocidental africana e Árabes, antes
da segunda metade do século XV, é cada vez mais notória a importância que a arqueologia
vem adquirindo, na ultima década do século XX, a titulo de exemplo, o realce vai para a
segunda fase das escavações no Concheiro de Salamansa. 5 Pese embora os esforços
empreendidos, citando José Évora (2015) …”a arqueologia cabo-verdiana apresenta-se ainda
como uma disciplina desprovida de um suporte teórico sólido, que lhe permita qualificar e
avaliar a relevância dos distintos 5 O Conheiro de Salamansa, situado na localidade martima
de Salamansa, ilha de São Vicente de Cabo Verde, foi alvo de duas intervenções arqueologicas
(1998 e 2005), ambas coordenadas pelo arqueologo portugues Luis Cardoso. 12 vestígios
arqueológicos, possibilitando-lhe uma melhor inserção na problemática da história e da
cultura cabo-verdianas.” Numa manifesta irreverencia cientifica, o autor supra citado
acrescenta “Parece existir uma tendência para considerar o salvamento de objetos em si como
uma finalidade do trabalho do arqueólogo, imagem apoiada, em parte, pela incapacidade deste
em demonstrar que faz história, não para um grupo pequeno mas sim para a sociedade”. As
primeiras intervenções arqueológicas e de restauração arquitetónica, que se conhecem na
Cidade Velha datam do ano 1960, realizadas pelo governo colonial português, da qual não há
registos científicos. Desde a década de 80 do século passado, que a cidade berço de Cabo
Verde tem sido palco de inúmeras intervenções arqueológicas pontuais, sobretudo nalguns
edifícios testemunhos da inquestionável importância da antiga vila da Ribeira Grande, na
Historia da Humanidade entre os séculos XV a XVIII. Caso de exemplo é a Catedral em 1986
e 1989, em que as escavações arqueológicas foram levadas a cabo por uma equipa de
arqueólogos portuguesas liderados pelo arqueólogo Clementino Amaro. Posteriormente,
sobretudo a partir dos finais da década de 90 sucederam-se várias outras intervenções
arqueológicas e arquitetónicas, centrando-se na consolidação das ruínas a partir do processo
de anastilosis6 , com o objetivo de garantir a autenticidade arquitetónica do edifício em causa.
Todos esses trabalhos foram coordenados pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira e sua equipa, ao
serviço do extinto Instituto Português do Património Arquitetónico. A referida missão tinha
como principal objetivo, a reabilitação arquitetónica daquele monumento seiscentista, e a
recuperação de alguns espólios e túmulos da época, a partir de escavações arqueológicas. 6 A
anastilosis é um termo grego, que designa a técnica de reconstrução de um monumento em

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ruinas, graças ao estudo detalhado dos diferentes elementos que constituem a sua arquitectura.
13 Os resultados desta intervenção foram importantes para o conhecimento de toda a extensão
do edifício. No seu interior foram descobertos alguns enterramentos de membros do clero, e
outros notáveis da ilha. Em 1999, com a colaboração da Agencia Espanhola de Cooperação
Internacional e Desenvolvimento (AECID), começaram as intervenções arqueológicas e
arquitetónicas no quadro do Plano de Salvaguarda do Património Histórico e Arquitetónico de
Cidade Velha (PLADESVELHA), financiada pelo governo espanhol. Este projeto abarcou
alguns edifícios imponentes dentro do contexto monumental da cidade, como são o caso da
Fortaleza Real de São Filipe, Pelourinho, Igreja Nossa Senhora do Rosário e Convento/Igreja
de São Francisco. Citam-se ainda, as intervenções arqueológicas noutros edifícios, como a
Fortaleza Real de S. Felipe, e Convento/Igreja de São Francisco. A estas pode acrescentar-se
as escavações arqueológicas realizadas a partir do ano 2002, com a segunda fase das
intervenções na Fortaleza Real, Convento São Francisco, Igreja Nossa Senhora do Rosário,
Igreja Nossa Senhora de Conceição, Colégio dos Jesuítas, e Hospital/Igreja da Misericórdia.
No ano de 2005, procedeu-se à primeira fase do projeto de escavação arqueológica na antiga
capela de Nossa Sra. de Conceição, Convento dos Jesuítas e Hospital/Igreja da Misericórdia,
sob a coordenação do IIPC, em colaboração com a Universidade de Cambridge (Inglaterra) e
Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Às intervenções acima exemplificadas, podemos
acrescentar os trabalhos de salvamento arqueológico realizados no âmbito de
acompanhamento das obras de colocação/canalização da rede de água percurso Santa Clara –
Cidade Velha/Praia, no ano de 1986, promovida pelo então governo de Cabo Verde, sob a
égide construtiva de uma empresa italiana e acompanhadas pelos técnicos do Ministério da
Cultura. Na sequência das obras de saneamento da cidade, levadas a cabo pela Câmara
Municipal da Ribeira Grande de Santiago no final do ano 2009, foram descobertas algumas
evidências materiais móveis e imóveis, que de acordo com algumas conclusões prematuras,
tratam-se vestígios do período áureo da cidade da Ribeira Grande (Sec. XVIXVII). 14 O seu
seguimento foi feito pelos arqueólogos cabo-verdianos afetos ao quadro do Instituto de
Investigação e do Património Culturais, em parceria com a Unidade Arqueológica da
Universidade britânica de Cambridge, aplicaram todo o seu know-how. Um dos grandes
problemas desses trabalhos prende-se com o facto de se tratar de uma intervenção de
emergência, muito embora tenha um carácter preventivo e de salvamento. Isso implica trazer
à baila uma questão atualmente debatida nos meios académicos e sociopolítico em Cabo

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Verde, conservar e preservar o legado patrimonial encontrado e pertencente a um dos períodos
mais marcantes da história da Humanidade – tráfico de escravos e comércio triangular
atlântico – ou destrui-la afim de não travarem a normal dinâmica de desenvolvimento daquela
cidade histórico-patrimonial? Embora a arqueologia seja notoriamente conhecida como uma
ciência destrutiva na medida em que para se fazer uma escavação arqueológica é necessário
alterar o contexto original dos achados, para uma cidade Património da Humanidade é
fundamental mitigar os impactos dessa destruição, ou pelo menos torná-la aos olhos dos
visitantes como algo atrativo desde ponto de vista turístico. Em jeito de resumo podemos
realçar que todas essas intervenções contribuíram para o aumento e conhecimento desse
legado histórico, bem como a comprovação das cronologias absolutas:  No plano
urbanístico, as intervenções levadas a cabo na Rua de Banana e Rua Carreira possibilitaram o
conhecimento do traçado original destas duas ruas localizadas na plataforma adjacente ao
nível do mar, bem como comprovar a disposição original da praça central situada na rua de
Calhau, apesar de carecer de uma escavação mais exaustiva;  A nível arquitetónico, foi
possível trazer à luz, as verdadeiras dimensões de edifícios como o Convento/Igreja de São
Francisco, e da divisão interna da Catedral, da Fortaleza Real de São Felipe e da Igreja do
Nossa Senhora de Rosário, que também foram alvos de intervenções restauro e conservação.
Ainda neste apartado urge realçar a importante faina para o conhecimento integral de toda a
área da antiga capela de Nossa Senhora de Conceição, bem como do Seminário dos Jesuítas;
15  Os restos móveis – moedas, crucifixos, manilhas, correntes, peças cerâmicas – foram
importantes veículos de transmissão de informações de índole, económica, social, politica,
religiosa e cultural dos povos que pela Cidade Velha passaram;  O estudo da flora e da
fauna teve o seu papel destacado a partir dos testemunhos encontrados como ossos de
animais, e pólen das plantas. Permitindo ter uma clara ideia da proveniência das plantas e
animais que foram paulatinamente introduzidas no arquipélago. Contudo, existem alguns
edifícios de carácter civil, militar e religioso que também carecem de um estudo exaustivo
nesse domínio, como é o caso da antiga Igreja/Hospital da Misericórdia, dos fortes de Santo
António, São Veríssimo e São Braz, assim como as demais capelas erguidas por toda a cidade,
segundo fontes escritas. 16 Cidade Velha, Património Mundial. Em prol da valorização da
Declaração de Valor Universal Excecional Com o crescente fenómeno da globalização, é cada
vez mais imperativo a construção de referentes patrimoniais que se alicercem em identidades
e memórias coletivas, constituindo recursos indispensáveis ao desenvolvimento económico e

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social de uma determinada comunidade. É inquestionável que uma das formas de disseminar e
valorizar essa memória coletiva, passa não só pelo estudo das fontes históricas escritas, mas
sobretudo pela salvaguarda do legado imaterial e das fontes arqueológicas, isto com maior
relevância nas ditas “sociedades sem escrita”. Parafraseando Joseph Ki-Zerbo (1997) “ Em
África, mais do que em qualquer outra parte, caminhamos sobre o nosso passado. A maior
parte da história africana está enterrada e, para interrogar seriamente o passado deste
continente, é preciso procurar abaixo da terra. Mas não se deve ir lá sem guia nem
desordenadamente, porque, quando não se sabe o que se procura, não se compreende o que se
encontra.” Reforçando o acima mencionado, José Évora (2015) afirma que “é ponto assente
que, para que a arqueologia participe da construção da contemporaneidade, é preciso que o
saber que ela cria seja disponibilizado à coletividade, e é indispensável que a disciplina
dialogue em equipa com outros autores dos programas de alteração do território”. Sendo esta
na nossa perspetiva, a “fórmula” para a assumpção da história e memoria coletiva e afirmação
das identidades locais. O arquipélago de Cabo Verde, situado na encruzilhada do Atlântico,
como referencia na navegação e no comércio a partir do século XV a XVIII, desde sempre
esteve “condenado” a desempenhar um papel preponderante na construção da ponte étnico-
cultural entre os continentes, Africano, Europeu e Americano. José Évora (2015) é categórico
em afirmar que “(…) Cabo Verde, …, esteve sempre destinado a construir uma ponte para o
encontro de povos provenientes … designadamente da Costa Ocidental africana e da
Europa… que … não só exerceram uma influência decisiva no emergir de um novo “
produto” – o homem Cabo-verdiano, 17 como também e, sobretudo, deixaram vestígios
materiais ao longo de séculos, que, hoje, quando exumados e devidamente estudados
permitem-nos melhor compreender o sistema da convivência operado nas ilhas de Cabo Verde
ao longo do seu itinerário histórico”. Desta forma diferentes raças e culturas que, ao cruzarem
nas ilhas de Cabo Verde não só exerceram uma influência decisiva no emergir de uma nova
cultura, produto da mestiçagem, mas acima de tudo, deixaram vestígios materiais, que
devidamente estudados permitem melhor compreender a primeira sociedade da época
moderna, que teve a sua origem no comércio escravocrata. Nas últimas duas décadas, temos
vindo a assistir em Cabo Verde a uma grande dinâmica à volta da preservação do património
cultural. Mas o maior realce vai sem dúvida para a criação da Lei de Base do Património
Cultural7 , ao inventário e classificação dos monumentos e centros históricos, tendo o seu
exponente máximo ocorrido através da elevação da Cidade Velha a Património Mundial da

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UNESCO, em Junho de 2009. Ora, quem se debruça sobre o estudo da História de Cabo
Verde, tem a plena consciência da limitação documental para o efeito. Isto atendendo ao facto
das fontes documentais serem bastante limitadas, enfocando apenas as crónicas das épicas
viagens marítimas, nos documentos da administração civil e judicial produzidos, nos registos
das trocas comercias, onde o principal produto era o escravo, e por fim nos feitos dos grandes
armadores e morgados locais ou que aportavam a antiga vila da Ribeira Grande, assim como
dos administradores/governadores e do clero secular. Assim, para que possamos reconstituir e
reassumir a nossa história em toda a sua plenitude teremos de começar pela preservação e
subsequente divulgação dos valores patrimoniais, nomeadamente os arqueológicos, que
encerram a memória histórica de todas as categorias sociais que ao longo dos sucessivos
séculos viveram ou passaram por essas ilhas, bem como da sua relação com o território e de
toda a produção material associada. 7 Lei nº102/III/90 de 29 de Dezembro de 1990 18
Embora longe do desejado, a arqueologia vem ganhando o seu espaço no panorama científico
nacional, com especial destaque para os trabalhos desenvolvidos na Cidade Velha, mas
também pelos contributos prestado pelas universidades nacionais. Criaram-se convénios
cooperação a partir de projetos de investigação arqueológica, onde o destaque recai sobre as
intervenções levadas a cabo num primeiro momento pelo extinto Instituto Português do
Património Arquitetónico (IPPAR), passando pelas diferentes equipa de arqueólogos
espanhóis, finalizando no brilhante trabalhando que vem sendo desenvolvido pela Unidade de
Arqueologia da Universidade de Cambridge, e pela Universidade Jean Piaget de Cabo Verde,
sob a coordenação do Instituto do Património Cultural (IPC). Todos os esforços empreendidos
até então, para a valorização do “território cultural” deverão passar pela afirmação das mais-
valias da Cidade Velha, posicionandoa como um claro chamariz de valor acrescentado para
um turismo que se quer sustentável, evitando desta forma a sua descaracterização, afastando
das uniformizações massivas e globais dos espaços. Isto num momento em que Cabo Verde
aposta no turismo como principal motor de desenvolvimento do arquipélago. Finalmente, para
que seja efetivado é importante que haja uma estratégia intersectorial que priorize a
comunicação, o planeamento e politicas comuns entres todos os intervenientes no território:
autoridade local e central, privados e associações, e toda a comunidade. 19 BIBLIOGRAFIA
ALARCÃO, JORGE; (1996). “Para uma Conciliação das Arqueologias”. Ed. Afrontamento
ALBUQUERQUE, L. DOS SANTOS, MEIDEROS, M. EMILIA SANTOS; (2001) “Historia
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