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DOI: 10.1590/1413-81232015213.

08572015 843

Entre fluxos e projetos terapêuticos: revisitando as noções

temas livres free themes


de linha do cuidado em saúde e itinerários terapêuticos

Between flows and therapeutic projects: revisiting the notions


of lines of care in health and therapeutic itineraries

Neide Emy Kurokawa e Silva 1


Leyla Gomes Sancho 1
Wagner dos Santos Figueiredo 2

Abstract This essay discusses the possibilities Resumo Trata-se de ensaio que discute possibi-
of conceptual and practical connections between lidades de conexões conceituais e práticas entre as
the ideas of line of care and therapeutic itinerar- noções de linha do cuidado e de itinerários tera-
ies, beginning with the theoretical contributions pêuticos, a partir dos aportes teóricos que emba-
that lay the foundations for the Line of Integrated sam a Linha do Cuidado Integral em Saúde e das
Healthcare and the hermeneutic approaches to abordagens hermenêuticas sobre o Cuidado. Vis-
Care. The implementation of lines of care tuned lumbra-se a implementação de linhas do cuidado
to individual and collective health needs can be afinadas com as necessidades de saúde – individu-
glimpsed in the construction of therapeutic proj- ais e coletivas – a partir da construção de projetos
ects, inasmuch as they privilege the particulari- terapêuticos, na medida em que privilegiam as
ties of each situation in the agreement of flows of particularidades de cada situação na pactuação
appointments, exams, and other procedures. The de fluxos de consultas, exames e demais procedi-
therapeutic project – taken as an arrangement, mentos. O projeto terapêutico, tomado como ar-
strategy, device, or basic dimension of Care in the ranjo, estratégia, dispositivo ou dimensão basilar
work process in health - can be seen as an image do Cuidado no processo de trabalho em saúde,
that lays out a possibility of the future, which in pode ser concebido como imagem que desenha
turn is a projection conditioned by past experienc- uma possibilidade de futuro, este, por sua vez,
es of health, illness, and life. From the criticism of uma projeção condicionada por experiências pré-
explanatory models, preponderant in the studies vias – de saúde, de doença, de vida. Da crítica aos
of therapeutic itineraries, we defend the invest- modelos explicativos, pregnantes nos estudos sobre
ment in approaches that privilege interpretation itinerários terapêuticos, defende-se o investimento
and understanding, capable of recuperating, em abordagens que privilegiam a interpretação e
contextualizing, and reconstructing trajectories, a compreensão, capazes de recuperar, contextuali-
1
Instituto de Estudos beginning with the subjects involved in the care zar e reconstruir as trajetórias, a partir dos sujei-
em Saúde Coletiva, process. tos implicados no processo do cuidado.
Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Avenida
Key words Health, Line of care, Therapeutic itin- Palavras-chave Saúde, Linha do cuidado, Itine-
Horácio Macedo S/N, Ilha eraries, Therapeutic projects rários terapêuticos, Projetos terapêuticos
do Fundão. 21941-598 Rio
de Janeiro RJ Brasil. neks@
iesc.ufrj.br
2
Universidade Federal de
São Carlos.
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Silva NEK et al.

Introdução Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis9


e as Diretrizes para o Controle da Sífilis Congê-
O objetivo do presente ensaio é apresentar e dis- nita10. A maior parte dessas propostas de linhas
cutir possíveis conexões conceituais e práticas de cuidado destaca os fluxos visando organizar a
entre linha do cuidado e itinerários terapêuticos, rede de serviços e os procedimentos (consultas,
problematizando a ênfase das abordagens expli- exames, internações), majoritariamente com ên-
cativas que se expressam na relação instrumental fase na gestão da atenção à saúde e/ou nos proto-
entre o conhecimento dos itinerários terapêuti- colos clínicos para as DST mais comuns.
cos e a sua aplicação prática. A apreensão de linha do cuidado como mero
As reflexões, aqui expressas, visam subsidiar fluxo, que instrumentaliza a gestão e permite o
um estudo em desenvolvimento, intitulado “Es- estabelecimento de protocolos clínicos, pode ser
tudo sobre acesso de homens a diagnóstico e tra- ampliada e reconfigurada a partir da proposição
tamento de doenças sexualmente transmissíveis”, da Linha do Cuidado Integral em Saúde11-13, que
financiado pelo CNPQ Universal 14/2012. Proc. é a “imagem pensada para expressar os fluxos
476020/2012-3, e constituem esforço no sentido assistenciais seguros e garantidos ao usuário, no
de aprofundar o conhecimento acerca dos cons- sentido de atender às suas necessidades de saú-
trutos – linha do cuidado e itinerários terapêuti- de”11. Além de orientar o percurso dos usuários
cos –, explorando-os sob o eixo da integralidade pelo sistema, e dentro dos próprios serviços de
e do cuidado1-4. saúde, a Linha do Cuidado Integral em Saúde in-
Observa-se que tanto os conceitos de linha clui as relações oriundas desse percurso.
do cuidado quanto de itinerário terapêutico têm Afinando-se com os trabalhos de Malta e
sido explorados sob diferentes perspectivas, o Merhy13, Merhy e Franco14 e Merhy15, tal formula-
mais das vezes de modo fragmentado, circunscri- ção destaca a importância da dimensão micropo-
to à descrição de percursos ou fluxos, de busca lítica e relacional do trabalho em saúde, a partir
e/ou oferta de atenção à saúde, seja pelo sistema da construção de linhas do cuidado organizadas
formal, da rede de serviços de saúde, seja pelo sob o eixo da integralidade na assistência à saúde.
sistema informal, envolvendo outras referências, Embora a tônica possa recair na integralida-
como autocuidado, cuidados caseiros e práticas de, observa-se que tal formulação coaduna-se
religiosas. com o construto filosófico de cuidado, como de-
Parte-se do pressuposto de que, não obstan- senvolvido por Ayres3,4, que destaca a dimensão
te a existência de fluxos programáticos visando intersubjetiva do processo de trabalho em saúde.
orientar o percurso dos cidadãos pelo sistema de Ainda que no senso comum sobressaia o sentido
saúde, esses nem sempre correspondem àquele instrumental do cuidado em saúde, associado a
percorrido ou almejado pelas pessoas, resultan- “um conjunto de procedimentos tecnicamente
do em peregrinações malsucedidas por diferentes orientados para o bom êxito de um tratamento”3,
serviços de saúde. Do ponto de vista legal e nor- a proposta do autor abre-se a outras dimensões
mativo, conta-se com instrumentos, como o De- da atenção à saúde. São trazidos à cena os sujei-
creto 7.508/20115, que prevê o estabelecimento tos implicados no processo do cuidado, rompen-
de Redes de Atenção à Saúde (RAS), além de pre- do com os bem conhecidos desencontros entre
conizar o Protocolo Clínico e Diretriz Terapêu- fluxos preestabelecidos e possibilidades práticas
tica, cuja finalidade é estabelecer critérios para à sua concretização.
o diagnóstico, tratamento e demais produtos e Nesse sentido, apesar de considerar a impor-
procedimentos, a serem seguidos pelos gestores tância do papel dos fluxos de referência e con-
do Sistema Único de Saúde – SUS. trarreferência, destacam-se as possibilidades de
Alguns documentos normativos aproxi- pactuação desses fluxos, de forma a reorganizar
mam-se do disposto no referido decreto, a partir os processos de trabalho, lembrando que tal pac-
da proposição de linhas de cuidado específicas, tuação, sob a referência das Linhas de Cuidado
abrangendo doenças ou ciclos de vida (câncer de Integral em Saúde, implica a presença de presta-
mama6, hipertensão arterial e diabetes7, gestante e dores e destinatários da atenção. Com essa pre-
puérpera8), geralmente concebidos por órgãos go- ocupação, o momento assistencial privilegiado
vernamentais. No caso das Doenças Sexualmente para a compatibilização de diferentes interesses
Transmissíveis (DST), os principais documentos e realidades é o da construção dos projetos tera-
que sugerem linhas de cuidado são o Manual para pêuticos, como abordado a seguir.
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Linhas do Cuidado e Projetos terapêuticos alguma anormalidade morfofuncional tida como
patológica. Já a principal característica do cuida-
Partindo de considerações sobre as relações en- do, por seu turno, é justamente o fato de que a
tre saúde e sociedade e necessidades de saúde e atenção à saúde não estaria calcada em “a priori”
tendo como referência o trabalho de Merhy14,15, técnicos, como almejado pelo “tratar”, mas em
Oliveira16 aponta algumas abordagens sobre pro- sucessos práticos, ou seja, horizontes que permi-
jetos terapêuticos, sintetizando-as como arranjo, tem a permeabilidade do técnico ao não técnico
como estratégia ou como dispositivo na reorga- e a afluência de diferentes interesses e projetos,
nização do processo de trabalho de equipes de intersubjetivamente tratados entre os sujeitos.
saúde. Na abordagem de linha de cuidado que se
Desde uma perspectiva mais geral e comum pretende explorar no presente texto, a noção de
de apreensão, o referido autor aponta que o pro- projeto terapêutico, embora possa incorporar os
jeto terapêutico pode ser tomado como “expres- atos assistenciais em si, não se reduziria a estes,
são operacional dos modelos de atenção nas prá- na medida em que é vislumbrado como uma
ticas de saúde [...] equacionando a capacidade de imagem, um devir consensuado pelos diferentes
produzir certas práticas de saúde com o mundo atores e instâncias envolvidos. Assim, nessa pers-
das necessidades de saúde”16, ou seja, privilegian- pectiva, a definição de uma indicação médica
do a ação tecnológica propriamente dita. para uso de determinado medicamento ou mes-
Já nas reflexões sobre a dimensão cuidadora mo de um procedimento cirúrgico, por exemplo,
nas práticas de saúde, o projeto terapêutico se si- não é tomada como única e soberana: essa ava-
tuaria na intersecção entre a ação clínica e a ação liação é cotejada com a de outros profissionais da
gestora, configurando-se como Projeto Terapêu- equipe de saúde, incluindo ativamente a voz do
tico Individual, desta feita, com objetivos “usuá- paciente. Para as equipes de saúde, essa lógica su-
rios-centrados”. pera a reconhecida fragmentação dos processos
Na área da saúde mental, afinando-se com de trabalho nas equipes de saúde, permitindo a
o jargão da análise institucional, o projeto tera- aproximação à noção de equipe-integração17,18.
pêutico serviria como dispositivo de integração e A tipologia formulada por Peduzzi & Pal-
organização de equipes de profissionais de saúde ma17 e Peduzzi18, fundamentada nos estudos so-
e os usuários, possibilitando e fomentando a ci- bre processo de trabalho em saúde19 e na teoria
dadania desses últimos, além do restabelecimen- do agir comunicativo20, prevê duas modalidades
to de relações afetivas e sociais, expresso como de trabalho em equipe de saúde: equipe agru-
reabilitação psicossocial. pamento, expressa como a mera justaposição
Ainda no âmbito da análise institucional, de processos de trabalho, e a equipe integração,
outra ênfase no projeto terapêutico ressaltaria a quando há a integração das ações, a partir da in-
figura do profissional de referência, que funcio- teração dos agentes, com vistas a uma finalidade
naria como dispositivo de responsabilização e de negociada entre esses e o paciente. Com base nes-
reforço do vínculo com o paciente. sa tipologia, espera-se que o projeto terapêutico
Por fim, Oliveira16 destaca uma última ver- não se restrinja ao âmbito do serviço de saúde,
tente de exploração do projeto terapêutico, que no qual é originado, mas que envolva e incorpore
seria o denominado Projeto Terapêutico Singu- outras instâncias e atores, direta ou indiretamen-
lar, o qual, ao valorizar a singularidade de cada te ligados a ele.
“caso”, ressalta a dimensão social implícita nessa Seja sob a matriz da análise institucional,
singularidade, seja de ordem familiar, social, eco- seja sob a da ação comunicativa, os projetos te-
nômica etc., tendo como destinatários, portanto, rapêuticos, embora possam partir do momento
indivíduos e coletividades. assistencial, não se reduzem a ele: a lógica intera-
Somando-se às abordagens ancoradas na cional dos projetos terapêuticos considera todos
análise institucional, destaca-se outra, fundada os momentos e pontos da atenção à saúde, além
na matriz marxiana de trabalho, que, a exem- das diferentes racionalidades presentes, com os
plo do Projeto Terapêutico Singular, incorpora sujeitos, recursos e dinâmicas peculiares a cada
seus elementos dinâmicos e relacionais, tendo o um deles, o que pode ser fecundo para a constru-
cuidado3,4 como referência a partir da qual dis- ção de linhas do cuidado compromissadas com a
tingue-se o tratar do cuidar, no projeto terapêu- integralidade e o cuidado.
tico. O primeiro termo designa um conjunto de O empreendimento baseado na construção
procedimentos e finalidades definidos a priori, de projetos terapêuticos pode soar pertinente
geralmente visando corrigir, curar ou reabilitar para uns, nem tanto para outros, ou mesmo ser
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Silva NEK et al.

rechaçado por aqueles que acreditam em uma Em um hospital público, referência nacional
supremacia do critério “técnico” em relação a para dada especialidade, em um município de
outras racionalidades, nas decisões sobre a saúde. grande porte, a fila de espera para cirurgia abri-
Ainda que respeitadas todas as posições, há ga centenas de pacientes, que chegam a aguardar
que se concordar que a apreensão da concepção até quatro anos para a sua realização. Antes de
de linha do cuidado como sinônimo de fluxo- chegar a essa fila de espera, essas pessoas já pere-
grama envolvendo exclusivamente os serviços de grinaram em outros serviços de saúde, não raro,
saúde parece nem corresponder e nem atender às por igual período de tempo, entre agendamen-
demandas e expectativas das pessoas, diante de tos, consultas e exames. Soma-se a esse contex-
suas necessidades de saúde e contextos de vida. to o fato de que ao dar entrada nesse hospital,
A incorporação da construção de projetos te- o paciente reinicia todo o processo diagnóstico,
rapêuticos, nos processos de trabalho em saúde, refazendo exames e avaliações médicas, desconsi-
parece ser uma fecunda proposta que permite derando-se tudo o que foi realizado “lá fora”. Não
incorporar e valorizar as particularidades dos obstante a demora, muitas pessoas preferem pas-
sujeitos no modo como lidam com as diferentes sar por todo esse processo e serem operadas nesse
situações envolvendo sua saúde e a doença, e não hospital de referência do que em qualquer outro,
apenas atuar sob a forma de prescrições protoco- no mesmo município e com maior brevidade.
ladas e pouco sensíveis a essas particularidades. Em outro hospital público, no mesmo mu-
Tanto os fluxogramas quanto os protocolos nicípio, outrora referência para determinada
de atenção à saúde têm sua função e importância, patologia, a situação atual é de franca e visível es-
mas tornam-se obstáculos a essa atenção quando cassez de recursos humanos e materiais, além do
não são suficientemente claros ou permeáveis às sucateamento de suas instalações físicas. Aliado
diferentes lógicas que perpassam o processo de a esse quadro, o hospital fica localizado em lugar
cuidado à saúde. Não se quer com isso, como isolado, de difícil acesso por transporte público.
equivocadamente costumam ser interpretadas Outros hospitais do município também prestam
as proposições dessa natureza, instaurar uma o mesmo atendimento, talvez com melhores con-
ditadura de atendimento a singularidades, que dições em relação às instalações físicas e aos re-
inviabilizaria o trabalho institucional e coletivo. cursos disponíveis, inclusive quanto ao número
O que se pretende ao enfatizar a importância da de profissionais. Não obstante tal panorama, os
dinâmica do projeto terapêutico é não fazer dos pacientes não abrem mão do vínculo com esse
fluxos e protocolos um escudo contra as possibi- serviço, recusando-se a serem atendidos em ou-
lidades de diálogo e de responsabilização das di- tro local.
ferentes instâncias e profissionais do setor saúde. Exemplos semelhantes a esses, que serão re-
Seja concebida como tecnologia leve14,15 ou tomados adiante, podem ser encontrados em
como sabedoria prática21, um dos grandes desa- todos os níveis de atenção à saúde, sugerindo a
fios da assistência à saúde é justamente essa di- complexidade do processo envolvendo a deman-
mensão “não padronizável” da atenção, que re- da e a oferta de serviços de saúde. Ainda que, em
quer a presença e interação efetiva dos sujeitos um primeiro momento, possa se suspeitar que o
envolvidos no ato assistencial, criando proposi- principal critério utilizado pelas pessoas na esco-
ções que ultrapassem as finalidades estritamente lha de um serviço de saúde seja a confiança no
técnicas – estandardizadas e reproduzíveis – do corpo técnico do hospital ou o renome da ins-
trabalho em saúde. tituição, nem sempre essa é tônica que mobiliza
Paralelamente ao caminho traçado no siste- suas decisões.
ma de saúde ou mesmo em cada um dos pontos No primeiro caso, poderia se inferir a disse-
de atenção à saúde, convivem pessoas e contex- minação e consideração de experiências bem-su-
tos, mutuamente implicados, que conformam di- cedidas nesse hospital e/ou de experiências mal-
ferentes expectativas, recursos, redes sociais e fa- sucedidas em outros e/ou a “fama” da instituição
miliares, valores e decisões que nem sempre cor- diante da opinião pública. No outro exemplo, a
respondem à lógica desenhada pelo sistema de rede de solidariedade e os vínculos afetivos entre
saúde. Tomemos como exemplo duas situações os próprios pacientes, e desses com os profissio-
concretas, em dois serviços de saúde, captadas a nais, poderia justificar a escolha por aquele servi-
partir da observação e de depoimentos apreendi- ço, que, contrastando com o caso anterior, dispõe
dos no desenvolvimento de uma disciplina teóri- de escassos recursos tecnológicos e infraestru-
co-prática, de um curso de graduação na área da tura para o atendimento. Entretanto, apegar-se
saúde, coordenada por um dos autores. apenas a essas hipóteses seria um modo muito
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reduzido de apreender a complexidade de rela- determinavam o volume de utilização de serviços
ções e contextos envolvidos no processo de busca médicos profissionais.
por cuidado, nesses exemplos, dentro do sistema Mesmo considerando as críticas oriundas das
formal de saúde. premissas utilitaristas e racionalistas e da ênfase
Não sendo necessariamente convergentes as no cuidado médico, os estudos sobre illness beha-
expectativas que levam as pessoas a buscarem viour evidenciaram a importância de fatores ex-
cuidado para a sua saúde e aquilo que os serviços trabiológicos na definição popular sobre doença
de saúde efetivamente oferecem, a compreensão e sobre os modos de fazer face à mesma. Nessa
da trajetória e dos significados presentes nos ca- perspectiva, a partir de 1970, são registradas in-
minhos traçados para fazer face às suas deman- vestigações que privilegiavam os aspectos cog-
das pode enriquecer a compreensão e construção nitivos e interativos envolvidos no processo de
dos projetos terapêuticos. escolha e tratamento de saúde, como a percepção
Uma referência que parece contribuir para acerca da doença e as interpretações sobre nor-
essa compreensão é a noção de itinerário tera- malidade ou ainda versando sobre as redes so-
pêutico: ainda que com enfoques diversos, ela ciais, envolvendo parentes e amigos e o seu papel
permite a incorporação e ampliação de signifi- na busca pela resolução de problemas de saúde.
cados presentes na trajetória das pessoas quando Relacionando as diferentes interpretações so-
buscam a solução de alguma questão relacionada bre doenças e o modo como se escolhe dentre vá-
à saúde e que não se restringem a um fluxo pre- rias alternativas terapêuticas possíveis, o modelo
determinado e rígido, envolvendo tão somente as idealizado por Kleinman em 197823, propõe anali-
instituições de saúde, o diagnóstico e tratamento sar os itinerários tomando três subsistemas sociais,
de doenças ou os médicos e suas prescrições. a partir dos quais a enfermidade é vivenciada: pro-
Se o projeto terapêutico pode ser tomado fissional (medicina científica), folk (especialistas
como uma imagem que desenha uma possibi- “não oficiais”, como curandeiros e rezadores) e po-
lidade de futuro e se esse futuro for entendido pular (automedicação, redes sociais e familiares).
como uma projeção marcada ou condicionada A partir desse modelo, Kleinman desenvolveu o
por experiências prévias – de saúde, de doen- conceito de modelo explicativo, que consiste em:
ça, de vida –, vislumbra-se que o conhecimento [...] um conjunto articulado de explicações so-
acerca dos itinerários terapêuticos pode trazer bre doença e tratamento, que determina o que se
ricas contribuições ao planejamento e para o pode considerar como evidência clínica relevante e
desenvolvimento de linhas de cuidado que se como se organiza e interpreta esta evidência com
aproximem da proposta de Linhas do Cuidado base em racionalizações construídas por perspecti-
Integral em Saúde. vas terapêuticas distintas” (Kleinman apud Cabral
et al.23, grifo nosso).
A preocupação com a busca de elementos que
Itinerários Terapêuticos: enfoques amparem o trabalho médico é o solo no qual a
e contribuições noção de itinerários terapêuticos tem suas raízes,
noção essa desenvolvida predominantemente
Para situar o conceito de itinerário terapêutico, a partir da Antropologia Médica, privilegiando
recorrer-se-á à reconhecida publicação de Alves o binômio doença-tratamento/cura e como os
e Souza22, que é incorporada nas referências de “doentes” apreendem e reagem à doença23, ou
praticamente todos os estudos brasileiros sobre seja, tendo como aspecto central o ponto de vista
itinerários terapêuticos. dos atores sobre a maneira como se dá sua expe-
Afinada com a literatura sobre illness beha- riência de doença e cura.
vior (comportamento do enfermo), os primór- Oscilando entre modelos explicativos e abor-
dios dos estudos sobre itinerários terapêuticos dagens fenomenológicas ou, mais especifica-
são atribuídos aos trabalhos que postulavam mente, entre entender como as estruturas sociais
que as escolhas dos indivíduos para resolver suas modelam o percurso das pessoas na busca de so-
questões de saúde eram orientadas por um pro- lução de um problema de saúde – ou como os
cesso de avaliação racional baseada na lógica do indivíduos percebem e reagem, subjetivamente, à
custo-benefício. doença –, a noção de itinerário terapêutico não é
Contrastando a racionalidade biomédica uníssona quanto às matrizes teóricas que o infor-
com os processos lógicos do conhecimento leigo, mam: via de regra, às menções ao sentido prático
os estudos sobre illness behaviour, de um modo dos estudos subjazem certa pretensão de “aplica-
geral, buscavam explicar como valores culturais ção” desse conhecimento.
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Silva NEK et al.

Ainda que não se vislumbre questionar ou gerir o olhar ampliado por parte dos profissionais
fazer objeções à expectativa de aplicação do co- de saúde sobre o universo cultural dos usuários
nhecimento sobre os itinerários terapêuticos, de forma a adequar práticas e a atingir resultados
problematiza-se as apreensões fragmentadas, que terapêuticos mais efetivos”23. (grifo nosso)
tomam conhecimento e aplicação como ações Se, por um lado, a ampliação de uma lógica
distintas do processo. estritamente biomédica das práticas de saúde
abre-se a outras perspectivas de cunho socio-
Itinerários terapêuticos: entre a aplicação cultural, por outro, é notória a relação instru-
e a compreensão. De volta aos projetos mental que se estabelece entre o conhecimento
terapêuticos e sua aplicação prática. Em outras palavras, essa
apreensão de que diferentes concepções sobre a
Em 2008, na revisão de produção científica23 doença e/ou diferentes contextos sociais levam
versando sobre itinerário terapêutico, por insufi- as pessoas a construírem diferentes percursos na
ciência de referências literais com essa designa- busca de cuidados e que essas informações po-
ção, a busca foi ampliada para termos correlatos dem subsidiar a ação dos profissionais perpassam
que remetessem ao seu significado. Após a apli- duas ações distintas e não necessariamente inter-
cação de filtros que excluíram, por exemplo, os cambiáveis: 1) conhecer os itinerários e 2) subsi-
estudos que abordavam exclusivamente a percep- diar e traçar ações baseadas nesse conhecimento.
ção dos pacientes sobre suas doenças, tal revisão Ao postular possibilidades de articulação en-
resultou em 11 referências. tre linhas do cuidado e itinerários terapêuticos,
Os autores do referido estudo indicaram que pode-se inferir mera sequência de acontecimen-
o núcleo de interesse dos trabalhos sobre itinerá- tos, interligados por relação de causalidade, ou
rios terapêuticos no Brasil tem sido o compor- seja, a explicação dos itinerários teria a capacida-
tamento/percepção dos pacientes ou familiares de de levar os profissionais de saúde a reagirem,
sobre sua doença ou tratamento, buscando con- seja acomodando-se às necessidades dos pacien-
siderar a multiplicidade de práticas implicadas tes, seja identificando a necessidade de fomentar
nesse processo. Foram também resgatadas as o uso correto ou desejável da rede de serviços e
possibilidades de articulação entre o conheci- de atenção à saúde.
mento acerca dos itinerários terapêuticos e a Defende-se que é possível explorar a fecun-
gestão do cuidado em saúde, seja na organização didade do conhecimento dos itinerários tera-
dos serviços, nas interações entre profissionais e pêuticos, qualificando a construção de linhas do
pacientes ou mesmo no acesso à atenção à saúde. cuidado, sem necessariamente estabelecer essa
Em busca recente, de maio de 2014, recor- relação de causalidade. Para tanto, é preciso, ini-
rendo diretamente aos descritores itinerários cialmente, perscrutar como se constrói o conhe-
and terapêuticos and saúde, na base da Biblioteca cimento sobre os itinerários terapêuticos para,
Virtual em Saúde, foram encontrados 60 títulos, então, indagar sobre o seu sentido prático.
indicando um significativo incremento na uti- O resgate do trabalho de Alves e Souza22
lização desse termo como referência para os es- ainda nos situa em relação a essa tarefa de apro-
tudos sobre percurso dos usuários na busca de fundamento do conhecimento sobre itinerários
solução para os seus problemas de saúde seja, ou terapêuticos, a partir da literatura socioantro-
não, pelo sistema formal de saúde. pológica, perpassando abordagens sistêmicas e
A partir da ênfase na percepção dos doentes fenomenológicas. Os mesmos autores discorrem
sobre suas doenças e quais dispositivos acionam sobre o processo de interpretação que permeia os
para seu enfrentamento, os estudos sobre itine- estudos sobre itinerários terapêuticos, marcada-
rários terapêuticos têm buscado propiciar uma mente de cunho explicativo, cujo campo para-
apreensão ampliada acerca de condicionantes digmático é proveniente das ciências naturais e
culturais nas práticas de saúde. Destaca-se que a matemáticas:
essa apreensão segue-se a expectativa de que esse A lógica explicativa baseia-se na busca de uma
conhecimento possa instrumentalizar a ação dos regularidade, de uma suposta ordem. É por inter-
profissionais, como se depreende na frase dos ci- médio de enunciados, tomados como universais,
tados autores: que o investigador estrutura o seu argumento lógico
“[os estudos sobre itinerários terapêuticos] para entender a multiplicidade das ações sociais22.
têm como objetivos, entre outros, conhecer os Ao alertarem para a lógica presente no pro-
dispositivos de cuidados acionados pelo paciente cesso de explicação, chamam a atenção para a
e pela família no enfrentamento da doença e su- inconsistência epistemológica de se reduzir a
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interpretação a um ato explicativo: “a atitude mentais entre explicações sobre itinerários te-
explicativa não leva em devida conta o contexto rapêuticos e a construção de linhas do cuidado,
intencional, circunstancial e dialógico em que os como se o conhecimento sobre itinerários pu-
indivíduos desenvolvem suas ações”22. desse ser meramente aplicado na formulação das
Tanto o conhecimento dos itinerários quanto linhas de cuidado.
a sua apreensão prática passam por esse processo
de interpretação que ressalta a dimensão dialó- Itinerários, projetos, encontros
gica, intersubjetiva, da construção tanto dos iti- terapêuticos
nerários quanto das linhas do cuidado e proje-
tos terapêuticos. O caráter intersubjetivo, que a Da crítica à apreensão da aplicação como
cada encontro delineia contextos e decisões e que mera identificação de um método que permitiria
envolve outros agentes, além de pacientes e mé- “transpor” unidirecionalmente os conhecimen-
dicos, define a dinamicidade do processo e nos tos, sejam biomédicos ou socioantropológicos,
desafia no agir profissional. no equacionamento das linhas do cuidado, tem-
Diante dos imponderáveis desses encontros, se como horizonte os trabalhos que resgatam as
como compreender os exemplos acima mencio- potencialidades da hermenêutica nos estudos em
nados e como agir diante dessas situações? Nos saúde. Em seu sentido lato, a hermenêutica re-
exemplos acima citados, o que levaria o hospital mete à interpretação e compreensão24,25, valendo
a ignorar todo o percurso do paciente pelo siste- destacar nesse processo a implicação dos sujeitos,
ma formal de saúde, incluindo os exames e diag- temporalidades e abertura à construção de novos
nóstico? Por que o paciente prefere aguardar por sentidos, expressos como fusão de horizontes26.
anos na fila de espera, a ser atendido em outro Não caberia recuperar a densidade da discus-
hospital? Ou por que persistir em ser internado são sobre hermenêutica e a filosofia gadameriana,
em um serviço em condições tão precárias? como exemplarmente o fizeram os autores acima
A simples formulação dessas questões pode mencionados, valendo aqui reter a centralidade
levar à expectativa de determinado tipo de res- da íntima relação envolvendo desde estruturas
posta. Ao perguntar o porquê de algo, é possível sociais mais amplas até as experiências singulares
deduzir a expectativa de uma explicação peremp- dos indivíduos.
tória, do tipo: “o nível de confiança nos médicos Para que as linhas do cuidado não se reduzam
do hospital de referência é de 90%, ao passo que a meros fluxos assistenciais e técnicos, fundados
para outros hospitais essa proporção oscila entre em protocolos clínicos, e para que os itinerários
20 e 40%”. Já ao indagar sobre o “como” ou “o não sejam meros termômetros para guiar previa-
que levaria”, espera-se resposta contextualizada, mente as linhas do cuidado na atenção a patolo-
envolvendo temporalidades, lugares e/ou pes- gias, o conhecimento sobre itinerários terapêuti-
soas, tais como: o hospital que hoje se encontra cos pressupõe a sensibilidade para captar essa rela-
em precárias condições foi o pioneiro em acolher ção, intimamente relacionada a concepções sobre
pacientes com essa patologia; os pacientes co- saúde, doença e o bem viver. Se essa sensibilidade
nhecem todos os profissionais, estabelecendo-se também permear as práticas de saúde e a constru-
vínculos recíprocos de afetividade; as experiên- ção dos projetos terapêuticos, pode-se, então, falar
cias dos pacientes em outros serviços não foram em possibilidades de articulação entre conheci-
avaliadas como bem-sucedidas etc. mento sobre itinerários terapêuticos e construção
Note-se a distinção entre um caminho que de Linhas do Cuidado Integral em Saúde.
opera uma simplificação analítica, com preten- Tão caros às Linhas do Cuidado Integral em
sões universalizantes, e outro que indaga pela Saúde, os projetos terapêuticos serão tão fecun-
trama de construção dessas escolhas e sobre os dos quanto seja possível apreender os itinerários
elementos em disputa na (re)construção dessas dos usuários, para além do sentido estrito e ime-
tramas que envolve uma miríade de atores – pes- diato das finalidades técnicas que mobilizam as
quisadores, “sujeitos da pesquisa”, profissionais trajetórias. Ainda que a correção de um distúrbio
de saúde e pacientes. morfofuncional faça parte do projeto terapêuti-
Questiona-se, aqui, o alcance das propostas co, a sua principal característica reside na abertu-
de estudos sobre itinerários que se subsomem à ra ao devir e compartilhamento de valores éticos,
mera descrição do percurso dos usuários pelos morais e políticos no seu processo de construção,
sistemas formais ou não de saúde ou a tentativas expressa como sucesso prático3,21.
de investigar “causas” para esses percursos. Em Nos exemplos citados acima, a tônica no êxito
outro nível, a crítica recai sobre relações instru- técnico ou sucesso prático podem ser identifica-
850
Silva NEK et al.

dos em cada uma das posições dos usuários dos Certamente, esse não é o caminho mais fácil
hospitais, e a partir desse mote é possível contex- para se conhecer os fluxos dos usuários na busca
tualizar e compreender as motivações e aspira- de cuidado à saúde e de construir propostas de
ções não apenas dos usuários, mas dos sujeitos e cuidado à população. É um desafio permanente
instituições envolvidos, em interação. à Saúde Coletiva, de um fazer que não deve ser
A articulação entre itinerários terapêuticos moldado apenas segundo normatizações ou pro-
e linhas do cuidado não se dará iminentemente tocolos genéricos e verticalizados nem tampouco
pela via técnica ou instrumental, mas na medida se submeter arbitrariamente aos apelos “emocio-
em que as dimensões discursivas, ético-políticas, nais” de cada caso, ou seja, é um convite a todos
forem ativamente incorporadas tanto na inter- nós, usuários, profissionais de saúde, gestores
pretação dos itinerários quanto no modo como para a inovação e valorização das experiências
são apreendidos na construção dos projetos tera- que tenham o Cuidado como fim; e como ponto
pêuticos, promovendo encontros entre indivídu- de partida.
os – usuários dos serviços, profissionais de saúde
e gestores.

Colaboradores

NEK Silva trabalhou na concepção e construção


do artigo. WS Figueiredo trabalhou na revisão
crítica do artigo. LG Sancho trabalhou na revisão
de bibliografia.
851

Ciência & Saúde Coletiva, 21(3):843-851, 2016


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pdf Versão final apresentada em 29/06/2015

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