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ANÁLISE HISTÓRICO-LITERÁRIA
CAJAZEIRAS-PB
2021
Eric Arthur Blair, conhecido por George Orwell, foi crítico, jornalista e
romancista. Nasceu em Motihari, norte da Índia, em 1903, época na qual a Índia era
colônia da Inglaterra, e seu pai era um burocrata do império britânico. Com quatro
anos de idade ele voltou para a Inglaterra com sua família. Desde criança, Orwell
não tinha o sentimento de pertencimento ao ambiente destinado a elite intelectual na
qual tentavam encaixa-lo. A ausência desse sentimento de pertencimento a esse
ambiente acabou acompanhando-o durante toda sua vida, e isso pode explicar o
abandono de sua carreira como burocrata para investir em sua carreira de escritor.
Em 1936, ele se casa com Eileen O’Shaughnessy, nesse mesmo ano ele
parte para lutar na Guerra Civil Espanhola com o objetivo de defender a democracia
da ameaça fascista. A grande ironia é que ele acaba levando um tiro na garganta
que deteriora suas cordas vocais obrigando-o a falar com voz baixa durante o resto
da sua vida, ironia porque Orwell se negava ao silêncio. Nessa época, ele foi
internado em um sanatório, e quando saiu, passou a trabalhar em jornais,
principalmente em jornais de esquerda.
Orwell tinha a crença de que os livros podiam mudar a ideia das pessoas, e
mediante isso podiam mudar sua realidade e lutar pelo tipo de sociedade que
gostariam de estar, portanto havia em seus escritos muito desse propósito político.
A obra 1984, foi seu último livro e sua única distopia. Escrita em 1948, seu
título talvez tenha sido uma inversão dos dois últimos dígitos do ano em que foi
escrita, atitude que Orwell tomou mais por pressão, pois a obra já possuía um título:
O último homem da Europa. O livro é publicado em 1949, sete meses antes de sua
morte por tuberculose. A mudança do título acabou somando ao caráter distópico da
obra, permitindo correlacioná-la como uma predição, nada agradável, dirigida para o
ano de 1984.
Alguns críticos de George Orwell veem 1984 como uma crítica ao regime
soviético, outros como uma crítica as ditaduras nazifascistas da Europa. Vou trazer
uma análise sobre a segunda interpretação. Como foi colocado, o Partido do Grande
Irmão usa a mídia como arma política. Então, a cultura é no contexto da narrativa,
uma arma. No que se refere a Alemanha Nazista, ela também utilizava a cultura
como arma, suas propagandas eram famosas por difundir suas pretensões
ideológicas. Filmes, teatros, escolas, imprensa eram usadas para esse fim. Mas,
antes, foi criada uma imagem de que o país enfrentava uma guerra interna, e iria ser
derrotado e controlado pelos judeus e pelos comunistas (CARVALHO, 2020). Nesse
ponto, vale trazer a imagem descrita do Goldstein, o homem que foi direcionado
como inimigo: “era um rosto judaico chupado, envolto por uma vasta lanugem de
cabelo branco e munido...” (ORWELL, 2009, p. 22). Descrever o inimigo do Partido
como um judeu não seria mera coincidência.
ASH, Timothy Garton. Orwell’s List. The New York Review, 2003. Disponível em:
https://www.nybooks.com/articles/2003/09/25/orwells-list/?pagination=false. Acesso
em: 01 mai. 2021.
ORWELL, George. 1984. Companhia das Letras; 1ª edição (21 julho 2009).
SILVA, Matheus Cardoso da. O último homem da Europa: a luta pela memória no
universo não ficcional da obra de George Orwell, 1937-1949. São Paulo, 2010.
Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-26112010-
125409/publico/2010_MatheusCardosodaSilva.pdf. Acesso em: 01 mai. 2021.