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20416-Texto Do Artigo-35431-1-10-20181212
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20416-Texto Do Artigo-35431-1-10-20181212
Estruturalismo ao Pós-Estruturalismo
Leonardo Masaro *
* Doutor em Filosofia pela USP. Mestre em Sociologia pela UNICAMP. E-mail: leonardomasaro@gmail.com
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, Brasília, v.6, n.1, jul. 2018, p. 379-400 379
ISSN: 2317-9570
LEONARDO MASARO
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RECONCILIAÇÃO COM A HISTÓRIA: FOUCAULT DO ESTRUTURALISMO AO
PÓS-ESTRUTURALISMO
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2 isto é, parte de um conceito em direção a uma imagem acústica. (SAUSSURE, 1999, p. 21)
3 isto é, determinadas imagens acústicas suscitam-lhe determinados conceitos (SAUSSURE, 1999, p. 21)
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RECONCILIAÇÃO COM A HISTÓRIA: FOUCAULT DO ESTRUTURALISMO AO
PÓS-ESTRUTURALISMO
vidades. Ora, toda lei so- 96). Os falantes não possuem di-
cial apresenta duas caracte- mensão da historicidade da língua:
rísticas fundamentais: é im-
perativa e é geral; impõe-se
para o indivíduo falante, a
e se estende a todos os ca-
sucessão dos fatos da lín-
sos, dentro de certos limites
gua no tempo não existe: ele
de tempo e lugar, bem enten-
se acha diante de um es-
dido (SAUSSURE, 1999, p.
tado. Também o lingüista
107).
que queira compreender esse
estado deve fazer tábula rasa
de tudo quanto produziu e
A questão da diacronia ignorar a diacronia. Ele só
pode penetrar na consciência
Se a língua é fato social, suas dos indivíduos que falam su-
mudanças no correr do tempo não primindo o passado. A in-
dependem dos que a praticam. De- tervenção da História apenas
certo que é através da fala que lhe falsearia o julgamento
a língua é modificada, porém os (SAUSSURE, 1999, p. 96).
falantes não possuem consciên-
cia de assim o fazerem. “Se, com Com isto uma questão se coloca:
relação à idéia que representa, o qual a relação a ser estabelecida
significante aparece como esco- entre o estudo sincrônico e o di-
lhido livremente, em compensa- acrônico da língua? Sabe-se que
ção, com relação à comunidade lin- o linguista deve partir expressa-
guística que o emprega, não é livre: mente do ponto de vista sincrônico
é imposto” (SAUSSURE, 1999, p. e, num primeiro momento, igno-
85). rar a diacronia. Isto significa que
Por causa disso, Saussure se virá estudar a língua será estudar seu
forçado a dividir a linguística em momento sincrônico. A questão é
duas: a linguística sincrônica, que saber o que ocorre numa mudança
estuda a língua enquanto sistema diacrônica, isto é, o que é modifi-
num determinado momento, e lin- cado na passagem de um momento
guística diacrônica, que estuda a sincrônico a outro – como na mo-
língua em suas transformações no dificação histórica por que passam
decorrer do tempo. “É sincrônico as línguas.
tudo quanto se relacione com o as- Ora, o que muda numa língua
pecto estático de nossa ciência, di- neste caso não é todo o seu sis-
acrônico tudo que diz respeito às tema de inter-relações, mas sim as
evoluções” (SAUSSURE, 1999, p. relações entre alguns elementos.
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RECONCILIAÇÃO COM A HISTÓRIA: FOUCAULT DO ESTRUTURALISMO AO
PÓS-ESTRUTURALISMO
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5 Este texto de Jakobson é citado por Lévi-Strauss a propósito da discussão sobre diacronia e sincronia na pes-
quisa antropológica em (LÉVI-STRAUSS, 1996, p. 109)
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PÓS-ESTRUTURALISMO
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A genealogia do poder
Se a irrupção de uma epistémê é
Resposta: com a elaboração um acontecimento aleatório, o des-
do que ficou conhecido como tino dado aos discursos elabora-
“genealogia do poder” , que vi- dos seguindo sua forma é determi-
sará explicar a historicidade dos nado por acontecimentos empíri-
saberes e seus discursos, enquanto cos, ou seja, históricos. Desta ma-
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PÓS-ESTRUTURALISMO
neira, se não faz sentido para Fou- (FOUCAULT, 1996, p. 69). Na me-
cault a busca de uma lógica his- dida em que um discurso é neces-
tórica na passagem de uma epis- sariamente produzido conforme o
témê a outra, deve-se pensar a rela- molde uma epistémê, seu estudo
ção do ser humano com os discur- toca no território da arqueologia
sos como eminentemente histórica. do saber – mas sem equivaler exa-
Os “procedimentos” utilizados por tamente a ela. A diferença está
agentes históricos para tentar con- no fato de que a arqueologia parte
trolar discursos cuja forma geral dos discursos em busca de sua
escapa ao controle humano, sendo forma a priori, ao passo que a crí-
determinada a priori por uma epis- tica foca na dimensão por assim
témê em geral inconsciente para su- dizer “empírica” do discurso, es-
jeitos discursivos, são obra da pura tudando seu aparecimento, orde-
empiria dos acontecimentos histó- nação, transformação, míngua, e
ricos: resultam da forma de reação assim por diante. Trata-se de um
de grupos sociais a esta produtivi- passo além da arqueologia, e que
dade da linguagem. Para dar conta revela uma nova dimensão, para
de estudar esta nova dimensão do além da transcendental, atuante
saber, Foucault precisará de novos no discurso: a dimensão do poder.
instrumentos de investigação. Pois, se não está em poder dos ho-
Logo, para estudar os discursos, mens fugir à forma a priori seguida
Foucault propõe, numa conferên- por um discurso, está sob seu al-
cia ministrada apenas quatro anos cance escolher produzir discursos
após a publicação de As palavras e ou buscar impedi-los de vir à luz;
as coisas (FOUCAULT, 1996), dois divulgá-los ou proibi-los; concor-
por assim dizer “métodos” : um dar ou discordar deles; e assim por
“conjunto crítico” e um “conjunto diante.
genealógico” . O conjunto crí- Logo, o se dá a conhecer, no pro-
tico compreende algo à primeira cedimento de crítica discursiva, é
vista parecido com a arqueologia a vinculação entre poder e saber.
do saber: “a crítica analisa os pro- Por exemplo, dentre os procedi-
cessos de rarefação, mas também mentos de exclusão do discurso, na
de reagrupamento e de unifica- interdição, na limitação de quem
ção dos discursos” (FOUCAULT, pode falar o que onde e quando,
1996, p. 65); ela “liga-se aos siste- descobre-se que o “discurso não é
mas de recobrimento do discurso; simplesmente aquilo que traduz as
procura detectar, destacar esses lutas ou os sistemas de dominação,
princípios de ordenamento, de ex- mas aquilo por que, aquilo pelo
clusão, de rarefação do discurso” que se luta, o poder do qual que-
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