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São Paulo, sábado, 26 de março de 2011

China condena ativista a 10 anos de prisão


Liu Xianbin foi condenado por ter escrito artigos defendendo a democracia no país

FABIANO MAISONNAVE

DE PEQUIM

O ativista chinês Liu Xianbin foi condenado ontem a dez anos de prisão por escrever artigos
defendendo reformas democráticas e criticando o Partido Comunista.

A pena, alta em comparação a casos semelhantes, ocorre em meio a uma onda de prisões de
ativistas e é mais uma evidência da preocupação oficial em evitar na China protestos
semelhantes ao do mundo árabe.

Liu, 43, participou dos protestos de 1989, encerrados com o massacre da praça da Paz
Celestial. Depois, ajudou a fundar o Partido da Democracia da China, organização considerada
ilegal.

Ele já havia sido condenado duas vezes antes e acumulou nove anos na prisão, o que pode ter
contribuído para receber uma pena tão alta.

Preso desde junho, o ativista foi condenado por "incitar a subversão do poder do Estado" por
meio de seus vários escritos.

Liu é ainda um dos signatários da Carta 08, documento pró-democracia encabeçado por Liu
Xiaobo, condenado a 11 anos pela iniciativa -pena recorde para um dissidente- e ganhador do
Nobel da Paz do ano passado.

Presente no julgamento, a mulher de Liu, Chen Mingxian, disse à rede britânica BBC que a
sessão durou apenas algumas horas e que seu marido gritou "não sou culpado" durante a
audiência.

"Vi hoje [ontem] como instrumentos legais foram usados para condenar alguém que não é
culpado", afirmou.

Nas últimas semanas, o governo chinês vem aumentando a repressão contra dissidentes
políticos. Dezenas sofreram prisões temporárias e domiciliares, e ao menos cinco advogados
ligados a causas de direitos humanos estão desaparecidos há mais de um mês.

A pressão chegou até correspondentes estrangeiros, proibidos de cobrir uma convocação


anônima para protestos pró-democracia.
Apesar do comparecimento mínimo, um cinegrafista da TV Bloomberg chegou a ser espancado
em Pequim por agentes de segurança à paisana por estar no local marcado para o protesto.
Outros jornalistas foram ameaçados de expulsão caso insistissem em cobrir a iniciativa.

XIAOBO

O porta-voz do comitê norueguês que escolhe o Nobel da Paz, Geir Lundestad, se disse
preocupado pela falta de informações sobre Liu Xiaobo. Ele classificou o caso de "sem
precedentes".

Segundo Lundestad, as últimas informações são de outubro, quando a mulher do dissidente,


Liu Xia, o visitou na cadeia.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2603201112.htm

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