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DE ATER
Revista da Superintendência Baiana de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Bahiater),unidade
da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR),
Governo do Estado da Bahia, 2018
Governador
Rui Costa
Vice-Governador
João Leão
Secretário de Desenvolvimento Rural
Jerônimo Rodrigues
Chefe de Gabinete Mulheres
Santanópo
de
lis Selo
Quilombol Sementes
Coordenadora de Comunicação
Caminhos de ATER
Sílvia Costa
Superintendente de Assistência Técnica
e Extensão Rural da Bahia
Célia Watanabe
Presidente da Fundação Luís Eduardo Magalhães
Francisco Américo Neves de Oliveira
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CAMINHOS DE ATER – 2018 é uma publicação da Superintendên-
cia Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (BAHIATER), ór- Mulheres de Santanópolis:
gão vinculado a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em
parceria com a Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM). enfrentando os desafios
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Equipe de Produção
com o apoio da ATER
Núcleo de Informação e Sistematização – NISB/BAHIATER
Fundação Luís Eduardo Magalhães – FLEM
Ana Cristina Souza dos Santos . . . . BAHIATER/SDR
André Frutuoso . . . . . . . . . . . . . Ascom/SDR
Luciano Barreto . . . . . . . . . . . . . FLEM
Anna Melyssa Batista Neves . . . . . . FLEM
Rosangela Machado . . . . . . . . . . BAHIATER/SDR
Rosemarie Freitas . . . . . . . . . . . . FLEM De geração em geração:
Taciana Teles . . . . . . . . . . . . . . . BAHIATER/SDR
Apoio: Elivan Santos Brito, Fábio Cunha, bons frutos para
Bianca Almeida, Itamar Pereira da Silva dos Santos.
Fotografias
agricultores familiares
André Frutuoso – Ascom/SDR
Luciano Barreto – FLEM
Produção Gráfica
Agapê Design Gráfico
Impressão: GRASB Tiragem: 4.000 exemplares
Endereços
Governo da Bahia
Selo Quilombola Brasileiro:
Superintendência Baiana de Assistência certificação que agrega valor
Técnica e Extensão Rural – BAHIATER
Avenida Dorival Caymmi, 15.649- Itapuã aos produtos de origem
CEP: 41.635-150 - Salvador - BA, Brasil
www.bahiater.sdr.ba.gov.br
Fundação Luís Eduardo Magalhães – FLEM
Rua Visconde de Itaborahy, 845 - Amaralina
CEP: 41.900-000 – Salvador – BA
http://www.flem.org.br
Agricultura familiar e a
produção orgânica: o papel da
ATER na mudança de paradigmas
SUMÁRIO
Convivência sustentável
4 como o semiárido: trajetórias
reveladas pela ATER
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Comunidade Tupinambá:
8 apicultura fortalece a
agricultura familiar
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Agricultura familiar e as
12 prcerias institucionais:
Experiências do MAIS ATER 32
em Teolândia
FORMATER: ação
20 de formação para
agentes de ATER
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Caminhos de ATER
CAMINHOS DE ATER
A Bahia concentra o maior número de agricul- Um rural dinâmico, com vida, pressupõe pro-
tores (as) familiares entre os estados brasileiros, cessos de articulação das políticas públicas
em torno de 700 mil, e o maior número de De- que combinem produção de alimentos saudá-
clarações de Aptidão ao Pronaf (DAP). veis com geração de trabalho e renda na base
da agricultura familiar. Essa concepção deter-
Dos 417 municípios baianos, 369 possuem mina o marco legal da agricultura familiar (Lei
menos de 50 mil habitantes, dos quais, 240 nº 11.326/2006) que delimita critérios de en-
municípios possuem menos de 20 mil ha- quadramento e especificidades de seus sujeitos.
bitantes. Considerando a configuração da Diversas políticas públicas e programas foram
economia local, é evidente tratar-se de uma criados, outras reformuladas para qualificação
Bahia Rural, cada vez mais demandante de do atendimento de agricultores e agricultoras
políticas públicas, em especial, de Assistên- familiares, a exemplo do Pronaf e da ATER, sen-
cia Técnica e Extensão Rural – ATER continua- do essa segunda instituída nacionalmente pela
da e qualificada. Lei nº 12.188/20101 e no estado da Bahia, atra-
vés da Lei n° 12.372/20112.
1 – PNATER – Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária e PRONATER – Programa Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária.
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2– PEATER – Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e PROATER – Programa Estadual de Assistência Técnica e
Extensão Rural na Agricultura Familiar
Caminhos de ATER
“Se muito vale o já feito, mais vale o que será. ¥¥ Parceria com as secretarias municipais de
E o que foi feito é preciso conhecer para agricultura, por meio da ação MAIS ATER,
melhor prosseguir”. 4 onde o Estado apoia a estruturação dos ser-
viços e o município se responsabiliza pela
Em sua origem, a BAHIATER/SDR inaugura um contratação da equipe técnica e custeio das
modelo inovador, combinando diferentes mo- ações. A BAHIATER acompanha o planeja-
dalidades de atendimento, a saber: mento das ações, monitoramento e avalia-
ção, além de contribuir com a formação da
¥¥ ATER direta, através das equipes técnicas equipe da Prefeitura.
sob a gestão BAHIATER que atuam na Supe-
rintendência e nos Serviços Territoriais de ¥¥ Articulação das ações de ATER no âmbito
Apoio à Agricultura Familiar – SETAF. Nes- dos programas Bahia Produtiva e Pró Semi-
se ambiente, além da oferta sistemática da árido da Companhia de Desenvolvimento e
ATER, são realizadas ações de formação, de Ação Regional – CAR, no âmbito da Secreta-
facilitação ao acesso a um conjunto de polí- ria de Desenvolvimento Rural.
3 – Até então, a ATER estatal vinha sendo ofertada pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, extinta em 2014 e que por sua vez, sucedeu a
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia – EMATERBA.
4 – Milton Nascimento 5
Caminhos de ATER
A conjugação desses esforços se expressa nos seguintes resultados entre os anos de 2015 a 2018:
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Caminhos de ATER
MULHERES DE SANTANÓPOLIS
ENFRENTANDO OS DESAFIOS COM APOIO DA ATER
Um olhar mais atento, um jeito que conversa com temperos prontos feitos com produtos que culti-
as plantas e chama pelo nome os animais que vam no quintal, investindo o lucro das vendas na
cria, aliados a uma delicadeza firme, resistente às própria produção.
adversidades de um semiárido que, de tempo em
tempo, coloca em prova a esperança de que em A expressão da agricultora em destaque permite
se plantando tudo dá. É compartilhando desta dimensionar a participação do serviço de assis-
esperança que mulheres da Associação Comu- tência técnica na região. Os agentes de ATER pro-
nitária dos Agricultores Familiares do Saco dos movem uma relação de parceria e troca de sabe-
Mulatos se reúnem, às quintas-feiras, para vender res com os agricultores assistidos, com resultados
seus produtos na Feira da Agricultura Familiar de amplamente positivos.
Santanópolis, município localizado no Território
Portal do Sertão. Com o incentivo da Associação, Desde 2015, a ATER em Santanópolis é presta-
por meio de palestras e cursos, e das orientações do de duas maneiras: direta, realizada por téc-
do serviço de Assistência Técnica e Extensão Ru- nicos extensionistas e engenheiros agrônomos
8 ral – ATER, as agricultoras podem comercializar os da Superintendência Baiana de Assistência
Caminhos de ATER
Dois fatores importantes para obter um serviço As peculiaridades do semiárido são desafios para
de ATER de qualidade são a disponibilidade e a o trabalho de ATER na região. O ambiente exige
confiança na relação do agricultor com a equipe uma assistência técnica continuada, que insista
da assistência técnica. “No início os agriculto- em soluções para a permanência do agricultor
res testam as orientações e comprovam o que no campo. Por isso, os agricultores são incentiva-
dá certo, são os agricultores experimentadores. dos a se reunirem em associações e cooperativas
Aos poucos, a relação de confiança se estabele- para o enfrentamento das dificuldades. Assim
ce e, mesmo com as dificuldades, percebem que surgiu a Associação Comunitária dos Agricultores
a lida no campo é capaz de proporcionar uma Familiares do Saco dos Mulatos em Santanópolis, 9
Caminhos de ATER
Rubens Guimarães
Engenheiro Agrônomo da Bahiater/SDR, lotado no Setaf Portal do Sertão;
rubens.ferreira@bahiater.ba.gov.br
Veruzia Cerqueira
Técnica Agropecuária da Comissão Ecumênica dos Direitos da Terra - CEDITER.
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Caminhos de ATER
DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO
BONS FRUTOS PARA AGRICULTORES FAMILIARES
TRADIÇÃO FAMILIAR
“Com as orientações,
Seguindo os passos do pai Zeca da Horta, o jo-
aproveitamos de tudo que vem agricultor José Carlos dos Santos, 26 anos,
temos aqui, para fazer adubo abdicou do trabalho de ajudante de mecânico,
e outras coisas e parte melhor no Polo Petroquímico, na cidade de Camaçari,
é que trabalhamos juntos, em para se dedicar de maneira integral ao ofício
frente da nossa casa” do trabalho rural. Jó, como é popularmente
conhecido na comunidade, garante que sua
Maria da Luz, agricultora familiar. qualidade de vida hoje é outra, produzindo
Comunidade rural Caboatã, município de alimentos saudáveis, que garantem uma renda
Coração de Maria, Território Portal do Sertão de R$700,00 a R$800,00 por semana, como re-
velou. E, quando o assunto é ATER, afirma que
a orientação técnica agrega valor à produção,
time familiar que labutam no rural e mostram aumentando consideravelmente a renda. Sua
que é possível a permanência no campo com produção tem credibilidade e um lugar reco-
dignidade, renda e qualidade de vida. nhecido no mercado local, fruto de sua busca
constante por mais conhecimentos sobre pro-
Para os técnicos da BAHIATER esta proprie- dução orgânica e pela certificação participa-
dade funciona como uma vitrine que mostra tiva. Com produtos certificados pela ABC Or-
que é possível produzir agroecologicamente gânicos, Jó tem pontos garantidos de vendas
e que pode ser muito rentável. Esta experiên- nas feiras livres semanais de Coração de Maria
cia de horta se tornou uma unidade didática, e da Universidade Estadual de Feira de Santa-
servindo de exemplo para os técnicos e agri- na – UEFS, além do armazém local de produtos
cultores. agroecológicos. 13
Caminhos de ATER
TECNOLOGIA E COMÉRCIO
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Caminhos de ATER
De geração em geração “Já joguei 100 anos para trás. A pessoa quando
gosta de trabalhar ‘atura’ mais e eu trabalhei
A agricultora familiar Josefa Falcão, de 106 muito na roça e em casa”, lembra.
anos, tia de Zeca da Horta e tia avó de Jó, é a
inspiração para toda a família. Devota de Santo
Antônio, D. Josefa não não teve filhos bioló-
gicos, mas ajudou na criação dos sobrinhos e
acredite, teve 201 afilhados entre batismos e
casamentos. Hoje, mora no município de Cora-
ção de Maria, e conta que a convivência com
o rural sempre fez parte de sua vida, um fator
determinante para saúde e para não fazer uso
de nenhum medicamento.
INFORMAÇÃO
Certificação Participativa
O OPAC atua na regulação, avaliação, verificação e ateste dos produtos, estabelecimentos, pro-
dutores ou processadores, com autonomia para certificar os agricultores que estão em confor-
midade com a produção de orgânicos. Se, após a fiscalização feita pelo núcleo e aprovação da
auditoria externa anual, estiver tudo em conformidade com as práticas, os agricultores rece-
bem ou renovam o Selo do SisOrg nos rótulos de seus produtos, o que permite comercializá-
-los como orgânicos, em Mercados Institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com acréscimo de 30% no valor
dos produtos e, venda direta em feiras, indústrias, processadores, mercados, supermercados,
lanchonetes, restaurantes, internet e, até mesmo para exportação.
Atualmente, na Bahia existem dois OPAC: – Rede Povos da Mata, com núcleos de produtores
certificados nos territórios, Litoral Sul, Baixo Sul, Costa do Descobrimento e Irecê; – e ABC Or-
gânicos, nos territórios Piemonte da Diamantina, Portal do Sertão, Metropolitano de Salvador,
Piemonte Norte do Itapicuru, Sisal e Sertão do São Francisco.
Daniel Dourado
Engenheiro Agrônomo, especialista em Agroecologia,
Bahiater/SDR, Setaf Portal do Sertão;
daniel.dourado@bahiater.ba.gov.br
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Caminhos de ATER
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Caminhos de ATER
INFORMAÇÃO
A Bahia lidera o ranking dos Selos, o Estado ocupa o primeiro lugar com a entrega de 51 selos
para comunidades quilombolas. A SDR, por meio da SUAF e BAHIATER, desempenha um papel
estratégico, para que as comunidades quilombolas obtenham a certificação que também garan-
te acesso às políticas públicas direcionadas ao segmento.
Selo SIPAF
Edmilton Cerqueira
Coordenador de Povos e Comunidades Tradicionais da Bahiater
Luciano Lima
SASOP, coordenador da equipe técnicos de Ater no Baixo Sul
edmilton.cerqueira@bahiater.ba.gov.br
AGRICULTURA FAMILIAR
E A PRODUÇÃO ORGÂNICA:
O PAPEL DA ATER NA MUDANÇA DE PARADIGMAS
Se o campo não planta, a cidade não janta, conhecido dizer dos movi-
mentos sociais em forte alusão ao protagonismo que a agricultura familiar
exerce no cotidiano da população brasileira.
Nas andanças pelo nosso rural, encontramos a A produção rural e a comercialização dos ali-
agricultora familiar Maria Leandra Conceição, mentos da agricultura familiar, transformou a
da comunidade rural Maria de Bié, município de vida da agricultora que tira por mês em torno
Valença, que registra os avanços alcançados na de dois salários mínimos. D. Liu, como Maria Le-
produção, nos últimos quatro anos (2015-2018), andra é conhecida na comunidade, comercializa
com as orientações da assistência técnica, que seus produtos no Programa de Aquisição de Ali-
promoveu mudanças na forma de trabalhar em mentos (PAA) municipal, na Feira da Agricultura
seu quintal produtivo, colhendo bons resulta- Familiar, que acontece semanalmente no Setaf
20 dos na comercialização. Valença, e também abastece uma loja de pro-
Caminhos de ATER
TECNOLOGIA CRIATIVA
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Caminhos de ATER
Antônia Germana
Coordenadora de ATER da ASCOOB;
antonia.santos@sistemaascoob.com.br
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Caminhos de ATER
CONVIVÊNCIA SUSTENTÁVEL
COM O SEMIÁRIDO:
TRAJETÓRIAS REVELADAS PELA ATER
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Caminhos de ATER
produzir de 5 a 7 litros por dia. O volume des- conseguimos transformar a forma de ver as
sa produção garante ao produtor rural mais coisas, agora estamos com uma vida mais dig-
de R$2.000,00 por mês, afinal “leite é igual a na e confortável”, afirma Cleidiane Alves, filha
pão, tem venda de domingo a domingo”, com- de Dona Irene da Silva, que juntas cuidam do
para. O serviço de ATER orientou e estimulou galinheiro no quintal produtivo, que fica na La-
o processo produtivo, principalmente em re- goa do Jacaré, comunidade rural de Juazeiro.
lação ao manejo sustentável para garantir a No local, o foco maior é a de postura, que de
segurança alimentar do rebanho em tempos acordo com a alimentação, pode produzir um
de estiagem. ovo por dia. A ATER orienta sobre os cuidados
com o manejo sanitário, as adaptações para ga-
Outra atividade da região, é a criação de aves, linheiros e sobre organizar os custos.
em especial galinhas caipiras de corte ou de
postura, um dos horizontes produtivos para De olho no hábito sertanejo e nas tendências
agricultores familiares que vivem no semiárido de alimentações saudáveis, a Cooperativa de
e com retorno financeiro rápido e garantido. Agropecuária Familiar de Massaroca e Região
“Antes a gente criava galinha só para consumo, – COOFAMA observou um nicho de mercado
depois despertamos que poderíamos ganhar que gera emprego e renda para os agriculto-
dinheiro também. Com a assessoria técnica res que possuem galinheiros, surgiu então o
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Caminhos de ATER
INFORMAÇÃO
O IRPAA atua junto aos agricultores familiares de maneira didática e pedagógica. Para os pro-
cessos interativos com as comunidades utilizam uma metodologia de imagens, práticas e dis-
cussões em plenárias. Os conteúdos que dialogam com a convivência sustentável com o semi-
árido foram sistematizados e transformados em cartilhas ilustrativas e criativas que registram
o passo a passo do processo produtivo e as formas de sobrevivências das produções no semiá-
rido, tais como: a) A busca da água no sertão; b) Cabras e ovelhas: a criação no sertão; c) A roça
no semiárido.
Jamile Rocha
Técnica em Zootecnia e técnica de campo pelo IRPAA
Gilmar Nogueira
Tesoureiro da Cooperativa de Agropecuária Familiar de Massaroca e Região – COOFAMA 27
Caminhos de ATER
COMUNIDADE TUPINAMBÁ:
APICULTURA FORTALECE A AGRICULTURA FAMILIAR
Levanta essa aldeia,
levanta com a força de Deus,
levanta essa aldeia,
levanta olha eu sou filho seu!
Levanta sem demorar,
levanta a Aldeia Tupinambá
Vamos trabalhar, vamos trabalhar
com a força de Deus, vamos trabalhar...
HISTÓRIA E CONTEMPORANEIDADE
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Caminhos de ATER
AGRICULTURA FAMILIAR E AS
PRCERIAS INSTITUCIONAIS:
EXPERIÊNCIAS DO MAIS ATER EM TEOLÂNDIA
Um complemento que reforça o serviço de Assis- para o investimento na agricultura familiar. São
tência Técnica e Extensão Rural – ATER no Estado da equipamentos que auxiliam e facilitam atividades
Bahia. Esta é a ação do MAIS ATER, modalidade ofer- de assistência técnica. Além do suporte tecnológi-
tada pela Superintendência Baiana de Assistência co, são oferecidas capacitações específicas, como
Técnica e Extensão Rural – BAHIATER, órgão vincu- as voltadas para o plantio da banana-da-terra e do
lado à Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR. cacau, que beneficiam os agricultores do povoado
do Km 85. Teolândia, Território Baixo Sul foi o pri-
Com mais de 300 famílias cadastradas, o MAIS meiro município beneficiário do MAIS ATER.
ATER trabalha em parceria com a prefeitura mu-
nicipal de Teolândia, através da secretaria de
agricultura. BANANA-DA-TERRA
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Caminhos de ATER
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Caminhos de ATER
Abílio Cardoso
Técnico Agropecuário, MAIS ATER da BAHIATER/SDR.
SEMENTES CRIOULAS:
ALIADAS DA AGRICULTURA FAMILIAR POR GERAÇÕES
porco na recuperação, a forma de plantio direto, melhor no campo relata que “hoje está melhor,
direcionando para um plantio mais consciente plantamos manga, mamão, maracujina e vamos
de base agroecológica e um manejo mais sus- vendendo a produção, o que lucra a gente utili-
tentável da unidade produtiva. za para o nosso sustento”. Junto ao plantio, seu
João também foi beneficiado com alguns alevi-
GUARDIÕES E GUARDIÃS nos o que tem motivado ele investir no ramo da
piscicultura com boas perspectivas. •
Dona Léa Maria da Silva, é uma guardiã. Mulher
polivalente, de sorriso largo e muita disposi-
ção, atua com muita dedicação na preservação “Viver da agricultura é bom
de sementes crioulas, pois acredita que é um porque ficamos perto da
importante passo para produção de alimentos
família. Com a ATER aprendi
saudáveis. Ela cuida de sua horta de acordo com
as orientações recebidas e comercializa tem-
as técnicas de produção
peros processados por ela mesma. Nas horas de horta, o sistema de
vagas, ainda arruma tempo para fazer crochê gotejamento para irrigar e
e transformar o colorido do seu artesanato em não usar veneno.”
mais uma possibilidade de renda.
Léa Maria da Silva, agricultora familiar,
João de Jesus Silva, conhecido popularmente guardiã do Banco de Semente da
como João Manteiga, é também um dos guar- Comunidade de Olaria, Campo Formoso,
diões do banco de sementes. Antes das tecno- Território Piemonte Norte do Itapicuru.
logias sociais e orientações de como conviver
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Caminhos de ATER
INFORMAÇÃO
INTERAÇÃO E CONHECIMENTO
Com o intuito de incentivar a leitura e a promoção do conhecimento no meio rural, além de ser
uma ocupação para as crianças, enquanto os pais estão nos cuidados com a produção, o projeto
itinerante Arca das Letras, criado pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, e
implantado em Campo Formoso com o apoio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Fa-
miliar do estado da Bahia – Fetraf, funciona na Associação Comunitária de Olaria, e realiza ações
educativas itinerantes, atividades práticas de leitura e escrita que empolgam toda comunidade.
FORMATER:
AÇÃO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES DE ATER
A formação se constitui em importante base para diálogo com organizações da sociedade civil re-
a Assistência Técnica e Extensão Rural, ATER. É a presentativas da agricultura familiar, elaboraram
partir desses processos sistemáticos ou daqueles em 2016, o Plano Estadual de Formação de Agen-
na lida prática do dia a dia que as equipes técni- tes de Assistência Técnica e Extensão Rural da
cas contribuem com a autonomia de agricultores Bahia – FORMATER, com o intuito de orientar os
e agricultoras familiares para o desenvolvimento processos de formação, qualificação e capacitação
de suas atividades em suas unidades produtivas. dos (as) Agentes de ATER no Estado da Bahia e de
São espaços de encontro entre saberes preexis- agricultores multiplicadores dos 27 territórios de
tentes e de conhecimentos já sistematizados, identidade, servindo como aporte teórico, meto-
para ampliação das possibilidades de trabalho e dológico e orientador para fortalecer a efetivação
renda para a agricultura familiar combinado com da Política Estadual de ATER (Lei nº 12.188/10).
a interação entre seres humanos e a natureza.
O FORMATER define um conjunto de diretrizes,
Por essa razão, a Superintendência Baiana de As- ações estratégicas, orientações e procedimen-
sistência Técnica e Extensão Rural – BAHIATER/ tos metodológicos para serem utilizados como
Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR, em referencial no planejamento e execução de pro-
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