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CASO CLINICO - FARMACOLOGIA

Giovanna Barbosa dos Santos - 21951884

Identificação:
E. M. S., 28 anos, feminino, branca, solteira, digitadora.

História Clínica:
Há dois meses, a paciente vinha sentindo progressivo cansaço, manifestou principalmente
pela incapacidade de manter seu ritmo habitual de digitação. Notara, também, certa
dificuldade para mastigar e deglutir. Na semana que precedeu a internação, tinha dificuldade
em manter as pálpebras abertas no fim do dia. O exame físico confirmou a fraqueza relatada.
Os demais dados clínicos subjetivos foram irrelevantes. A hipótese diagnóstica foi de
miastenia grave.

Conduta e evolução:
Para confirmar o diagnóstico, administraram-se 2 mg de edrofônio por via intravenosa.
Quarenta segundos após, a paciente já referia recuperação marcante da força muscular, o que
perdurou por quatro minutos. Não houve fasciculação lingual. O tratamento de manutenção
foi feito com piridostigmina. Passadas duas semanas, a paciente procurou atendimento,
queixando-se de salivação abundante, diarréia e cólicas abdominais. Para controle dessas
manifestações, optou-se pelo uso de atropina.

Perguntas:

1) Justifique a indicação de edrofônio para o diagnóstico.

A miastenia gravis trata-se de uma enfermidade onde o sistema imunológico do paciente


começa a produzir anticorpos contra os receptores de acetilcolina presentes nos músculos,
responsáveis pelas contrações musculares. A ação desses anticorpos pode levar a destruição
de boa parte desses receptores, dificultando na captação de acetilcolina e consequentemente
diminuindo a capacidade de se ter um esforço muscular muito grande, como no caso da moça
que digitava. O edrofônio é utilizado para o diagnóstico de Miastenia Gravis pois é um
fármaco com ação anticolinesterásica. Ou seja, ao ser administrado à paciente, este fármaco
irá inibir a degradação da acetilcolina presente na junção neuromuscular, aumentando o
tempo que os receptores de acetilcolina presentes no músculo têm para captar o
neurotransmissor. O aumento dessa viabilidade da acetilcolina ajuda o paciente a recuperar
transitoriamente a força muscular. A ação do edrofônio, que é administrado por via
intravenosa, inicia-se após alguns segundos e dura de 5 a 10 minutos.

2) Explique o uso de piridostigmina e esquematize sua administração.

Numa sinapse, os potenciais de ação são conduzidos ao longo de nervos motores para os seus
terminais, onde iniciam um influxo de Ca2+ e da libertação de acetilcolina (ACh). A ACh
difunde-se através da fenda sináptica e liga-se a receptores na membrana pós sináptica,
causando um influxo de Na+ e um efluxo de íons K+, resultando em despolarização. Se
grande o suficiente, esta despolarização resulta num potencial de ação. Para prevenir a
estimulação constante uma vez que a acetilcolina é liberada, uma enzima chamada
acetilcolinesterase está presente na membrana de placa terminal perto dos receptores na
membrana pós-sináptica e rapidamente hidrolisa ACh. A Piridostigmina inibe a
acetilcolinesterase na fenda sináptica, retardando assim a hidrólise da acetilcolina. Ele é
administrado por via oral, deglutindo os comprimidos com o auxílio de um pouco de água.

3) Quais são as alternativas de tratamento na miastenia?

Medicamentos Imunossupressores
Os imunossupressores ajudam a evitar que o corpo produza os anticorpos nocivos que atacam
a junção neuromuscular, causando fraqueza. O uso desses medicamentos deve ser monitorado
cuidadosamente por um médico, pois eles podem causar graves efeitos colaterais, já que
também reduzem a produção de bons anticorpos, o que o torna mais suscetível a infecções e
outras doenças. A prednisona é o medicamento imunossupressor mais comumente utilizado
no tratamento da MG. Esta substância alivia significativamente os sintomas para a grande
maioria dos pacientes e é relativamente barata. Mas como seu uso traz o risco de efeitos
colaterais graves, outros medicamentos imunossupressores podem ser usados para tratar MG.
Entre eles, estão a Azatioprina, o Metotrexato e a Ciclosporina.

4) Por que foi utilizada atropina no controle dos efeitos adversos? Interfere na
eficácia do tratamento?

A atropina age para suprimir os efeitos muscarínicos, ou seja, efeitos resultantes da


hiperatividade parassimpática como a salivação abundante, diarréia e cólicas abdominais
causados pelos anticolinesterásicos citados. Isto ocorre porque a Atropina é um antagonista
competitivo dos receptores de acetilcolina muscarínicos. Desta maneira haverá maior
quantidade de acetilcolina para se ligar aos receptores colinérgicos nicotínicos que é o
principal objetivo terapêutico nesse caso.

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