AUTONOMIA MUNICIPAL

AUTONOMIA x SOBERANIA

SOBERANIA: É o primeiro fundamento da RFB. É atributo essencial do Estado que pode ser
enxergado sob dois planos:

1- Plano interno – Poder supremo: não está subordinado a nenhum outro poder no
ordem interna. Ideia de superioridade.

2- Plano externo – Poder independente: no plano internacional não há subordinação

entre as nações. Idéia de igualdade.

AUTONOMIA: Liberdade para gerenciar suas atividades obedecendo a parâmetros

constitucionais.

#QUEM TEM AUTONOMIA? UNIÃO, ESTADOS, DF, MUNICÍPIOS

#QUEM TEM SOBERANIA? REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

- Não há hierarquia entre os entes federativos.

Regra: Um ente federativo não pode determinar o que outro deve fazer.

Exceção: casos de intervenção federal ou estadual

TIPOS DE AUTONOMIA

1- AUTONOMIA ADMINISTRATIVA

- Compreende a liberdade para gerir os serviços públicos locais, bem como a estrutura
administrativa (órgãos públicos, servidores públicos...)

- Advém da descentralização administrativa. A CF/88 atribuiu aos municípios diversas

atribuições que anteriormente pertenciam a União.

DESCONCENTRAÇÃO = PARA OUTRO ÓRGÃO

DESCENTRALIZAÇÃO = PARA OUTRO ENTE

2- AUTONOMIA FINANCEIRA

- É imprescindível para o exercício da autonomia administrativa

- Art. 30, III, CF – é o poder para arrecadar os seus tributos e aplicar suas rendas de acordo com
os respectivos orçamentos.

- Receita

- Despesa
 - Orçamento

FISCALIZAÇÃO (ART. 31, CF)

Controle interno – realizado pelo Poder Executivo através de corregedorias, controladorias,

secretaria de finanças e etc...

Controle externo – realizado por qualquer órgão ou entidade alheio do poder executivo. Ex:
Ministério Público, polícia, povo, Camara Municipal.

Controle externo realizado pela Câmara Municipal

- É auxiliada pelos Tribunais de Contas:

- Tribunal de Contas do Estado (TCE): órgão estadual que analisa tecnicamente as

contas do estado e dos municípios.

- Tribunal de Contas dos Municípios (TCM): órgão estadual que aprecia tecnicamente
as contas dos municípios. É um órgão facultativo. No Ceará o TCM foi extinto.

- Tribunal de Contas do Município: órgão municipal que aprecias as contas somente do

seu município. Não é mais possível a criação de novos tribunais de contas municipais, mas a CF
permite a manutenção dos já existentes (Tribunal de Contas do Município de São Paulo e o
Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro)

- O tribunal de contas emite um parecer técnico sobre as finanças municipais e encaminha

para a Camara Municipal

- A Camara Municipal, no julgamento das contas do município, é obrigada a seguir o parecer

técnico do tribunal de contas?

- A Câmara não está vinculada ao parecer técnico, podendo desconsiderá-lo por decisão de 2/3
dos vereadores (doutrina: deve fundamentar)

3- AUTONOMIA POLITICA

- A qualidade para estruturar os poderes políticos locais, bem como para organizar e constituir
o próprio governo.

- Estruturar os Poderes Políticos (Executivo e Legislativo)

- Organizar o próprio governo

- Constituir o próprio governo

Exemplos/mecanismos de autonomia política previstos na CF

- Elaboração da Lei Orgânica Municipal

- Eleição dos cargos políticos municipais

- Foro por prerrogativa de função do prefeito (TJ)

- Inviolabilidade dos vereadores por palavras, votos e opiniões

4- AUTONOMIA LEGISLATIVA

- Diz respeito a elaboração de leis pelo município. O município tem o seu próprio ordenamento
jurídico (Leis ordinárias, leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos,
Lei Orgânica Municipal)

LEI ORGÂNICA MUNICIPAL

É a lei fundamental do município, responsável pela organização e estruturação dos

poderes políticos locais, bem como tem a função de traçar os valores e princípios que regem o
município. A Lei Orgânica está localidade acima de todas as demais leis municipais.

- A Lei Orgânica Municipal deve seguir as diretrizes da Constituição Federal e da

Constituição Estadual (princípio da simetria constitucional)

LEI ORGÂNICA É FRUTO DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE?

- PODER CONSTITUINTE – Poder para elaborar / modificar uma constituição

1 – Poder Constituinte Originário: cria uma nova constituição

2 – Poder Constituinte Derivado: revisa, altera ou especifica a CF já existente

2.1 – de reforma

2.2 – de revisão

2.3 – decorrente – atribuído aos estados para que cada um elabora sua própria constituição
estadual.

# LEI ORGÂNICA É FRUTO DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE?

Resposta: não! A Lei Orgânica Municipal não advém do Poder Constituinte Derivado
Decorrente, pelos seguintes motivos:

a) Municípios são regidos por Lei Orgânica e não por Constituição Municipal (art. 29, CF)

b) Norma municipal que violar a Lei Orgânica não é inconstitucional, mas sim ilegal.

c) Não há controle de constitucionalidade concentrado por meio de ADIn de norma municipal

em face da Constituição Federal.

Esse controle pode ser feito:

a) ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

b) Controle difuso – pode ser realizado por qualquer juiz ou tribunal

1- ASPECTOS FORMAIS – procedimento de elaboração / alteração (art. 29, CF)

- Aprovação em 2 turnos de votação na Câmara Municipal

- Interstício (prazo) mínimo de 10 dias entre os dois turnos

- Quórum de 2/3 dos membros (maioria qualificada)

Participação do Poder Executivo na elaboração/alteração das leis

1- Leis ordinárias e leis complementares

- Iniciativa de projeto de lei

- sancionar ou vetar o projeto aprovado

2- Emendas a Constituição Federal (PEC)

- Iniciativa de PEC

- Não há sanção ou veto

3- Emendas à Lei Orgânica Municipal

- Iniciativa? Depende. A Lei Orgânica de cada município irá estabelece o rol de

legitimados.

Obs: em caso de omissão, ou seja, se a Lei Orgânica não apresentar o rol de legitimados para
propor emendas, serão competentes os mesmos legitimados das leis ordinárias.

- Não há sanção e nem veto (há divergências)

Prazo para criação das Constituições Estaduais e das Leis Orgânicas Municipais (Art. 11,
ADCT)

ESTADOS: prazo de 1 ano contado da promulgação da CF para elaborar a Constituição

Estadual.

MUNICÍPIOS: prazo de 6 meses contado a partir da promulgação da Constituição Estadual para

criação da Lei Orgânica Municipal

# prazo para elaboração das Leis Orgânicas Municipais nos municípios criados
posteriormente – prazo de seis meses após a efetiva criação do município (após a posse do
prefeito e vereadores) – analogia ao parágrafo único do art. 11 do ADCT.

2- ASPECTOS MATERIAIS – CONTEÚDO

a) Observância aos princípios estabelecidos na CF e na CE

- Em obediência ao princípio da simetria constitucional

- Há hierarquia entra a CF, a CE e a LOM

b) Observância aos preceitos expressos na Constituição Federal

- Esses preceitos estão expressos ao longo do texto constitucional

- Em especial, a Lei Orgânica deve observância aos preceitos expressos no art. 29, CF

1) Eleição do prefeito, vice-prefeitos e vereadores

Duração do mandato: 4 anos

- Pleito direito e simultâneo em todo pais.

1º turno: primeiro domingo de outubro do ultimo ano do mandato

2º turno: ultimo domingo de outubro (somente para prefeito e vice)

Obs: 2º turno é obrigatório para:

- Município com mais de 200.000 eleitores

- quando nenhum dos candidatos alcançar a maioria absoluta dos votos válidos (+50% dos
votos excluídos os brancos e os nulos)

2) Posse

Prefeito e vice: 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição

Vereadores: a critério de cada município

3) Quantidade de membros nas Câmaras Municipais

- Compete ao município definir o numero de vereadores observando os critérios previstos na

CF:

a) O número de vereadores deve ser proporcional ao número de habitantes de modo a

preservar a representatividade.

b) Limites máximos variam entre 9 e 55 vereadores

POPULAÇÃO NÚMERO MÁXIMO DE VEREADORES

Até 15.000 9
15.000 a 30.000 11
30.000 a 50.000 13
... ...
Acima de 8.000.000 55
Obs: O numero mínimo de vereadores deve ser estabelecido conforme a representatividade da
população

4) Subsídio do prefeito, vice-prefeito, secretários municipais e vereadores

- Fixado por lei municipal de iniciativa da Câmara Municipal

OBS: O subsídio do prefeito é fixado pela Câmara Municipal para vigorar na legislatura
subseqüente.

AI 843.758 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 28-2-2012, 2ª T, DJE de 13-3-2012

SUBSÍDIO DOS VEREADORES

- fixado em cada legislatura para ter vigência na legislatura seguinte

- total de gastos com subsídio dos vereadores não pode ultrapassar 5% da receita do
município.

- deve ser proporcional ao número de habitantes e ao subsídio dos deputados

estaduais.

POPULAÇÃO PERCENTUAL DO SUBSÍDIO DOS DEPUTADOS

ESTADUAIS
Até 10.000 20%
10.000 a 50.000 30%
50.000 a 100.000 40%
... ...
Acima de 500.000 75%

5- Prerrogativas

a- Inviolabilidade dos vereadores (imunidade material)

Irresponsabilidade penal e civil em relação a:

- palavras, votos, opiniões

- no exercício do mandato (deve existir correlação entre a conduta e o exercício da

função de vereador)

- na circunscrição do município (interlocutor deve estar no município e dirigir suas

declarações para receptores que estejam no município – controverso)

OBS: A imunidade material dos vereadores não é absoluta, assim como os critérios narrados
que devem ser interpretados à luz do caso concreto. Ex: crime de injúria racial em uma reunião
plenária.

b- foro por prerrogativa de função

É uma forma de garantir um julgamento mais justo, realizado por um órgão colegiado
formado por membros com mais experiência.

Prefeito: em regra no Tribunal de Justiça

 Vereadores: não tem foro por prerrogativa de função (devem ser julgados no juízo
singular)

CUIDADO: Há entendimento de que, havendo previsão na Constituição Estadual, os vereadores

teriam foro por prerrogativa de função no TJ. Há julgados declarante a inconstitucionalidade
dessa prerrogativa (RHC 181895)

6- Organização as funções típicas da Câmara Municipal

- Legislar

- Fiscalizar

7- Iniciativa popular de projeto de lei

Iniciativa popular de projeto de lei federal

- assinatura de 1% do eleitorado nacional

- com eleitores de pelo menos 5 estados

- cada um desses estados deve conter a assinatura de pelo menos 0,3% dos seus
eleitores

Iniciativa popular de projeto de lei municipal

- assinatura de pelo menos 5% do eleitorado municipal

Obs: É possível existir iniciativa popular de emenda a Lei Orgânica Municipal

8- Perda do mandato do prefeito

- Não é uma punição, mas sim uma regra de incompatibilidade.

- Assumir outra cargo ou função pública na administração direta ou indireta, ressalva a posse
em virtude de aprovação em concurso público.

Obs: Se a posse ocorrer em virtude de concurso público, o prefeito fica afastado do novo
cargo, sendo-lhe facultado optar pela remuneração.