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Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande – FESCG

Curso: Direito
Disciplina: Execução, Processo Coletivo e Juizados Especiais

RESPONSABILIDADE PATROMINIAL

SUPERIOR Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1929230 MT


2020/0165756-0 ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE. FASE
DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. REQUERIMENTO DE MEDIDAS
COERCITIVAS. SUSPENSÃO DE CNH E APREENSÃO DE
PASSAPORTE. POSSIBILIDADE. ART. 139, IV, DO CPC/2015. MEDIDAS
EXECUTIVAS ATÍPICAS. APLICAÇÃO EM PROCESSOS DE IMPROBIDADE,
Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 04/05/2021, T2 - SEGUNDA
TURMA, Data de Publicação: DJe 01/07/2021.

O texto refere-se ao acórdão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, na origem,


de cumprimento da sentença condenou o executado, na conduta da prática de improbidade
administrativa oriunda da não realização do processo de licitação na contratação de serviços
gráficos para a confecção de sessenta mil cartilhas informativas do SUS.
Conforme o acórdão recorrido, o executado foi condenado em sentença transitada
em julgado, ao pagamento de multa, porém no lapso temporal de cinco anos, após várias
tentativas de recebimento, aplicando todos os meios executivos típicos cabíveis, não houve o
pagamento do montante da referida sanção pecuniária. Diante de tal situação o Ministério
Público solicitou a retenção do passaporte e da carteira de habilitação do executado, com o
intuito de forçá-lo a quitar o débito.
O Tribunal de origem entendeu que a medida requerida pelo MP fere o princípio da
proporcionalidade e da razoabilidade e não encontra respaldo no princípio da responsabilidade
patrimonial, que tem por objetivo garantir que o cumprimento da obrigação não recaia sobre
outros bens que não seja o patrimônio do devedor.
Destaca ainda, de que a apreensão do passaporte e a suspensão da carteira nacional
de habilitação do devedor, são meios executivos não amparado pelo art. 139, IV, do CPC/2015,
alegando que de acordo com a doutrina especializada, são as chamadas medidas executivas
atípicas, ao estabelecer que o juízo poderá aplicar as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessária para garantir o cumprimento da sentença judicial,
inclusive nas ações cujo objeto seja a prestação pecuniária.
Ademais, para este Tribunal, a retenção dos documentos não garante a quitação do
débito, visto que irá apenas punir a pessoa do executado, limitando a sua locomoção,
infringindo o direito fundamental assegurado pela Constituição Federal de 1988, no seu art. 5º,
XV, sendo notadamente ineficaz no tocante ao cumprimento da sentença.
Entretanto, há no STJ julgados favoráveis a adoção de medidas atípicas no âmbito
da execução desde que preencham certos requisitos e que caibam a sua aplicação ao fato da
causa. Entendeu que é passível de aplicação de medidas executivas atípicas ao caso de
cumprimento de sentença proferida em ação por improbidade, e que possuem amparo
doutrinário. Visando coibir o enriquecimento ilícito, lesão ao erário público e ofensa ao
princípio da Administração Pública.
A decisão dos Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça foi por
unanimidade, dando provimento parcial ao recurso, determinando que seja devolvido ao
Tribunal de origem para que a solicitação de adoção de medidas atípicas fundamentado no art.
139, IV, do CPC/2015, seja analisado de acordo com o caso concreto.
Conclui-se, desde que haja indícios de que o executado possua bens expropriáveis,
é cabível a aplicação de medidas executivas atípicas de modo subsidiário.

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