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O CONCEITO DE FASCISMO

Pode-se dizer que o fascismo é um termo de difícil definição. Podendo apresentar


diversos significados dependendo do enfoque escolhido e das características acentuadas.
Assim, ainda não existe um conceito de fascismo universalmente aceito.
A palavra “fascismo” vem do italiano fascio, que significa “feixe”. Na Roma Antiga,
o fasce (versão em latim da palavra), era um machado revestido por varas de madeira.
George Orwell, no seu “O que é Fascismo?”, afirma que as definições populares do
termo vão de “democracia pura” a “demonismo puro”. Ele mesmo afirma que é uma palavra
“quase inteiramente sem sentido”....
Segundo o filósofo e historiador Norberto Bobbio, o termo fascismo se refere
principalmente à sua dimensão histórica. Esta, constituída pelo fascismo italiano e
posteriormente pelo fascismo alemão.
Embora o fascismo na Itália e na Alemanha sejam as experiências mais conhecidas, as
experiências fascistas não se restringiram a elas. Em Portugal, por exemplo, o regime fascista
foi comandado por Antônio de Oliveira Salazar entre 1932 e 1968. Já na Espanha, apareceu
durante o governo de Francisco Franco, de 1939 a 1976.
A influência dos regimes fascistas chegou até mesmo ao Brasil. Logo após a Revolução
de 1930 surge o integralismo, que influenciado pelo fascismo italiano combatia os defensores
do pensamento de esquerda. Sua principal liderança foi Plínio Salgado.
Ainda que tenha entrado em crise após a Segunda Guerra Mundial, o fascismo
continua a ganhar força em contextos de crise, seja ela econômica, política ou social. Alguns
aspectos da ideologia fascista aparecem até hoje em grupos e partidos políticos, como os na
Europa que defendem plataformas políticas baseadas na aversão a estrangeiros.
Há quatro elementos que definem uma forma de vida fascista. O primeiro deles é o
culto à violência. Trata-se de acreditar que a impotência da vida ordinária e da espoliação será
vencida através da força individual daqueles que enfim teriam o direito de sair armado, sair às
ruas de camisas negras, falar o quiser sem se preocupar com o que chamam de ditadura do
politicamente correto. O segundo traço do fascismo é o fato de não haver fascismo sem a
ressurreição do Estado Nação em sua versão paranoica. Porque alguém tem que cuidar das
nossas fronteiras completamente porosas. Alguém tem que ensinar educação moral e cívica
para as nossas crianças para que elas tenham orgulho dessa pátria construída através do
genocídio dos índios e da escravidão dos negros. Alguém tem que impedir que sejamos
invadidos por mais uma leva de refugiados. O terceiro elemento do fascismo é que ele será
sempre solidário à insensibilidade absoluta em relação à violência com classes vulneráveis e
historicamente marcadas pela opressão. E, por fim, o fascismo sempre será baseado na
deposição da força popular em prol de uma liderança fora da lei. Ele é a colonização do desejo
anti-institucional pela própria ordem. Esse desejo contra as instituições, quando é realmente
liberado, poderia criar poderes que voltam às mãos do povo, democracias que abandonam a
representação para transferir a deliberação e a gestão para a imanência do povo.

A BANALIDADE DO MAL

Segundo Hannah Arendt, a banalidade do mal é o fenômeno da recusa do caráter


humano do homem, alicerçado na negativa da reflexão e na tendência em não assumir a
iniciativa própria de seus atos. A violência e a dominação social e política são conceitos
relacionados ao processo descrito por Arendt, assim como o conceito de ética
(entendido como o estudo do comportamento moral).
Quando o individuo se afasta da responsabilidade e do domínio de suas atitudes,
pensamentos e comportamento, fatalmente, não realiza o exercício da reflexão,
desconectando-se do sentido do que é ser humano. O campo ético é “engolido” pela
visão limitada e empobrecida dessa relação, está, portanto, instalado o estado de
banalização do mal, no qual nem a violência ou a agressividade perturbam a ordem
social. Partindo desse pressuposto, é possível compreender como a sociedade consegue
se manter mesmo diante de situações caóticas, como foi o nazismo, as grandes guerras
e, atualmente, a desigualdade social e o levante fascista.
A banalidade do mal significa que o mal não é praticado como atitude
deliberadamente maligna. O praticante do mal banal é o ser humano comum, aquele que
ao receber ordens não se responsabiliza pelo que faz, não reflete, não pensa.
Sendo assim, a banalidade do mal, portanto, é uma característica de uma cultura
carente de pensamento crítico, em que qualquer um, pode exercer a negação do outro e
de si mesmo.
AINDA EXISTEM GOVERNOS FASCISTAS NO MUNDO?

O termo “fascista” passou a ser invocado com mais frequência nos últimos
tempos como sinônimo de algo ou alguém que achamos autoritário, violento e
desagregador. Sem uma definição clara de seu significado para as gerações mais novas,
que acabam relacionando ao populismo, a expressão tem sido usada como muleta nesses
tempos de polarização política, espécie de xingamento definitivo para encerrar qualquer
discussão.
A naturalização dos massacres dos mais pobres por agentes do Estado ou
milícias privadas; a convivência promíscua com a corrupção; o medo e o pânico como
alavancas da paz social; a valorização das pessoas pelo que são capazes de consumir; a
vida pública e a vida privada mercantilizada como espetáculo… A lista é infinita de
exemplos (o fascismo no nosso dia a dia).
Reportagens, documentários, e no contemporâneo vemos atitudes neonazistas
(normalmente com ênfase nas mensagens de ódio, na violência e na estética fascista). É
claro que não podemos afirmar tampouco temer que  o fascismo clássico (aquele dos
anos de 1930) exista nos dias atuais. Porém a cultura que lhe deu origem continua viva,
atuante e pode reaparecer seja em novos formatos, seja influenciando os que estão no
poder.  Esquecer de que seus remanescentes e elementos continuam vivos seria ainda
menos realista, e até perigoso. Em resumo, tais ideias podem ser influenciadas seja nos
que estão no poder, seja na sociedade em geral.
Segundo Emilio Gentile,  Devemos distinguir entre o fascismo histórico, que é o
regime que, a partir da Itália, marcou a história do século 20 e se estendeu à Alemanha e
a outros países europeus no período entre as duas guerras mundiais, e o que é
freqüentemente chamado de fascismo depois de 1945, que se refere a todos aqueles que
usam da violência em movimentos de extrema direita.
 O que existe hoje é o perigo de uma democracia, em nome da soberania
popular, assumir características racistas, antissemitas e xenófobas. Mas em nome da
vontade popular e da democracia soberana, que é absolutamente o oposto do fascismo,
porque o fascismo nega totalmente a soberania popular. Esses movimentos, no entanto,
se definem como uma expressão da vontade popular, mas negam que este direito possa
ser estendido a todos os cidadãos, sem discriminações entre os que pertencem à
comunidade nacional e aqueles que não.
CONCLUSÃO:

Sendo assim pode-se dizer que apesar de alguns governantes adotarem


características do Fascismo, o que vemos hoje

ARENDT H. Compreender: formação, exílio e totalitarismo. Belo Horizonte


(BH): Companhia das Letras/Editora UFMG; 2008.

BOBBIO, Norberto, MATTEUCCI, Nicola e PASQUINO,


Gianfranco. Dicionário de Política. São Paulo: Editora UnB. 2004.

LUISA, INGRID; GARATTONI, BRUNO. Você sabe o que é fascismo?


Entenda o termo. Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/voce-sabe-o-que-e-
fascismo-entenda-o-termo

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