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Gabinete da Ve
ereadora Lívia Duarte – PSOL
PROJETO DE LEI Nº
O PREFEITO MUNICIPAL DE BELÉM, faço saber que a CÂMARA MUNICIPAL DE BELÉM, estatui
e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1°. Fica instituída a criação, na estrutura da Secretaria Municipal da Saúde, dos cargos
efetivos de Agente Comunitário de Saúde e de Agente de Combate às Endemias, todos sob
Regime Jurídico Administrativo.
§ 1º Os atuais ocupantes dos empregos públicos de Agente Comunitário de Saúde e de Agente
de Combate às Endemias que tenham ingressado no emprego mediante processo seletivo
público ou na forma da Emenda Constitucional nº 51/2006, têm assegurado o direito a optarem
pela mudança de seu regime jurídico laboral, hipótese em que serão providos nos cargos
criados, observada a correlação de atribuições do seu emprego extinto e dos cargos criados
por esta Lei.
§ 2º A opção a que se refere o parágrafo anterior deverá ser manifestada no prazo de 120 (cento
e vinte) dias a partir da promulgação da presente Lei, conforme assinatura de Termo de Opção.
Art. 2°. Ficam extintos os atuais empregos públicos de Agentes Comunitários de Saúde e
Agentes de Combate às Endemias constantes da Lei nº 9.218/2016 daqueles que fizerem a
opção na forma do art.1º e seus parágrafos, desta Lei.
Parágrafo Único - Os ocupantes dos empregos públicos de Agente Comunitário de Saúde e de
Agente de Combate às Endemias que tenham ingress
ingressado
ado no emprego mediante processo
seletivo público ou na forma da Emenda Constitucional nº 51/2006, que não optarem pela
mudança de seu regime jurídico laboral constituirão Quadro de Empregos em Extinção e
continuarão regidos pelo regime contratual e pelo disposto na Lei nº 9.218/2016.
Art. 4º. O Subgrupo I do Grupo de Nível Médio do Quadro de Cargos de Provimento Efetivo da
Lei Municipal nº 7.507/1991 passa a contar com as alterações constantes no presente projeto
de lei, com a criação dos cargos efetivos de Agente Comunitário de Saúde (ACS) e de Agente
de Combate às Endemias (ACE).
Art. 6º. A presente alteração do Regime Jurídico dos servidores que ocupam o cargo de Agente
Comunitário de Saúde (ACS) e de Agente de Combate às Endemias (ACE), tem os seguintes
objetivos:
I. Valorização dos agentes e a garantia de prestação de serviços de qualidade aos
cidadãos do município;
II. Assegurar a continuidade da ação administrativa e a eficiência no serviço público;
III. Estabelecer padrões e critérios para reconhecimento dos agentes com melhor nível
de desempenho e qualificação profissional para desenvolvimento na carreira;
IV. Manter a administração dos vencimentos dentro dos padrões estabelecidos por lei,
considerando as características do mercado e os critérios de evolução profissional.
Art. 7º. São requisitos básicos para investidura em cargo de Agente Comunitário de Saúde -
ACS e de Agente de Combate às Endemias – ACE:
I. ter sido aprovado e classificado dentro das vagas do concurso público, conforme
estipular o edital;
II. ter nacionalidade brasileira ou, no caso de nacionalidade Portuguesa, estar
amparado pelo estatuto de igualdade entre brasileiros e portugueses, com
reconhecimento
cimento do gozo dos direitos políticos, na forma da Constituição da
República;
III. ter idade mínima de 18 (dezoito) anos completos na data de efetivo início do
exercício no cargo de ACS ou de ACE;
IV. estar em dia com as obrigações eleitorais;
V. estar em dia com as obrigações militares, para os candidatos do sexo masculino;
VI. estar regularmente inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas;
VII. ter concluído o ensino médio e realizado em instituição reconhecida pelo MEC;
VIII. ser considerado apto física e mentalmente para o exercício das atribuições do cargo
através de exame médico admissional e entregar os documentos que se fizerem
necessários por ocasião da contratação;
IX. ter disponibilidade de tempo conforme a carga horária estabelecida para o cargo;
X. concluir, com aproveitamento, o curso introdutório de formação inicial e continuada,
sendo essas etapas eliminatórias do concurso público e de realização obrigatória
pelos candidatos convocados.
§ 1° A investidura e permanência no cargo de Agente comunitário de Saúde – ACS exige
residência na área da comunidade em que o candidato pretende atuar desde a data da
publicação do edital de abertura do concurso público;
§ 2° À Secretaria Municipal de Saúde compete a definição da área geográfica a que se refere o
inciso VIII desta lei, observados os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde e demais
normas, devendo ser publicado periodicamente, inclusive antes da publicação do edital do
concurso público;
Art. 8º. O Agente Comunitário de Saúde tem como atribuição o exercício de aatividades de
prevenção e promoção da saúde, a partir dos referenciais da educação popular em saúde,
Art. 9°. O Agente Comunitário de Saúde tem como atribuição o exercício de atividades de
prevenção de doenças e promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou comunitárias,
individuais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo
Ministério da Saúde e pelo Sistema Único de Saúde – SUS e sob supervisão do Gestor
Municipal, e em especial:
I. a utilização de instrumentos para diagnóstico demográf
demográfico
ico e sócio-cultural
sócio da
comunidade;
II. a promoção de ações de educação para saúde individual e coletiva;
III. o registro para fins exclusivos de controle e planejamento das ações de saúde, de
nascimento, óbitos, doenças e outros agravos à saúde;
IV. o estímulo à participação da comunidade nas políticas públicas para a área de saúde;
V. a realização de visitas domiciliares periódicas para o monitoramento de situações
de risco à saúde da família;
VI. participar de capacitação, treinamento e aprimoramento da função proposto pela
Administração Pública Municipal, Estadual, Federal ou Secretaria Municipal de
Saúde;
VII. a participação em ações que fortaleçam os elos entre o setor saúde e outras
políticas que pr
promovam a qualidade de vida.
Art. 10°. O Agente de Combate às Endemias (ACE) tem como atribuição o exercício de
atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da saúde, mediante ações
Art. 11º. O período anterior ao ingresso dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de
Combate às Endemias no quadro de pessoal do Município, na forma da Emenda Constitucional
nº 51/2006 não será computado para fins de aquisição de quaisquer dos direitos previstos na
Lei Ordinária nº 7502/1990 e na Lei nº 9.218/2016, ressalvados aqueles concernentes aos
direitos previdenciários.
Art. 12º. Além das hipóteses de demissão constantes na Lei Ordinária nº 7502/1990, aplica
aplica-se
ao ocupante do cargo de Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias o
disposto no art.10 da Lei Federal nº 11.350/2006.
Art. 14º. Os servidores investidos nos cargos de Agente Comunitário de Saúde e Agente de
Combate às Endemias, tanto em decorrência da opção pela mudança no regime laboral quando
de investidura originária pela aprovação em processo seletivo público, somente farão jus à
percepção de quaisquer vantagens remuneratórias advindas da presente alteração do regime
jurídico, a partir de junho de 2022, desde que respeitados os limites da Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Parágrafo Único – Até que sejam implementadas as condições referidas no caput, os servidores
ocupantes dos cargos criados pela presente Lei serão remunerados unicamente com o
vencimento básico, em valor correspondente ao salário base atual, e desde que preenchidos os
pressupostos legais, ao adicional de insalubridade, com auxílio
auxílio-refeição
refeição e com auxílio-
auxílio
transporte.
Art. 15º. Fica revogada, a partir da extinção de todos os empregos públicos de Agente
Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias, a Lei nº 9.218/2016
9.218/ e suas alterações
posteriores.
Art. 16º. As despesas decorrentes da presente lei, estarão contempladas na lei Orçamentária
anual, bem como serão compatíveis com a lei de Diretrizes Orçamentárias e o plano Plurianual.
JUSTIFICATIVA
O presente Projeto de Lei visa alterar o regime jurídico dos Agentes Comunitários
de Saúde e Agentes de Combate às Endemias no município de Belém, altera e acrescenta
dispositivos à Lei Municipal nº 7.502 de 20 de dezembro de 1990.
O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o profissional responsável por realizar
visitas domiciliares, ouvir os relatos da comunidade, identificar os problemas e agravos de
saúde e informar a demanda da população à equipe do programa Estratégia de Saúde da Família.
Ele se destaca pela capacidade de se comunicar com as pessoas e pela liderança natural que
exerce.
Já o Agente de Controle de Endemias (ACE) é o profissional responsável por
identificar as condições favoráveis à existência de focos para a proliferação de enfermidades.
Além de promover ações de educação em saúde junto à comunidade e de informar à população
sobre os riscos das doenças, o ACE também realiza visita aos imóveis e outras localidades com
o objetivo de prevenir e controlar doenças como dengue, malária, leishmaniose e doença de
Chagas. Ele também atua no controle de roedores e na prevenção de acidentes por cobras,
escorpiões e aranhas e participa das ações de vacinação de cães e gatos para prevenção e
controle da raiva.
O histórico de luta dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate
às Endemias de Belém começa antes mesmo de seu ingresso no Serviço Público Municipal.
Iniciou com a luta para a convocação dos aprovados no processo seletivo, com manifestações
que tomaram as ruas da cidade por inúmeras vezes pelos então candidatos, que reivi
reivindicavam
o direito de serem convocados após sua regular aprovação no Processo Seletivo Público de
2011. O movimento continua até hoje, tendo em vista a falta de reconhecimento e a
desvalorização profissional, sobretudo pela falta do reconhecimento de direitos básicos que
poderiam trazer mais de respeito e dignidade a esses trabalhadores e trabalhadoras tão
importantes para o bem estar de nossa população.
Para entender melhor o histórico de luta dessa categoria, é necessário compreender
quais são e quaiss foram os elementos principais que contribuíram para esse enredo. Para isso,
é muito importante analisar dois aspectos fundamentais: o primeiro trata da complexidade das
questões legais que envolvem essa categoria profissional, sobretudo pela ausência de um
entendimento consolidado nos Tribunais Superiores, principalmente no que tange à natureza
jurídica da relação de trabalho e à forma de admissão/contratação desses trabalhadores e
trabalhadoras.
Outro ponto essencial para que se possa entender melhor o histórico de lutas dos
ACS e ACE de Belém diz respeito ao tratamento que essas questões tiveram nos últimos anos
pela gestão anterior. A categoria foi negligenciada no que se refere a uma resolutivi
resolutividade das
problemáticas decorrentes dos conflitos jurídicos, gerados principalmente pela falta de uma
análise mais aprofundada sobre as leis e normas que regem as atividades dos ACS/ACE, pela