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TRABALHO – INDICADORES SÓCIOECONÔMICOS NA GESTÃO PÚBLICA

AUTORA: Jaqueline Maria Cruz Barbosa

INTRODUÇÃO

Este trabalho da disciplina de Indicadores Socioeconômicos na Gestão Pública de Saúde tem


como objetivo coletar dados do município Loanda para serem analisados e propor indicadores
para avaliação de programas.
Os indicadores sociais na realidade brasileira configuram um tema bem recente, porém cada
vez mais podemos destacar a sua importância para o processo de gestão. Embora possam ser
também um instrumento de controle, os indicadores são elementos que contribuem para uma
gestão democrática. A classificação dos indicadores pode ser feitas segundo as diversas
aplicações que se destinam.
O Brasil, país que apresenta desigualdades extremas, assim como outros países, necessita dos
indicadores como ferramentas de gestão para elaborar políticas públicas, e assim implantar
programas, projetos e serviços sociais que beneficiem a sociedade.

IDENTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO:
Loanda- Estado: Paraná.
População: Estimativa da População (2010) – 21.211 Habitantes
IDH (2007):0, 771
Índice IPARDES de Desempenho Municipal – IPDM (2008): 0,6829
Eleitores (2010): 15.425 eleitores

Participação no PIB Municipal:

- Agropecuária: 16,46 %;
- Indústria: 8,94 %;
- Serviços: 74,60 %;
- Produto Interno Bruto: US$ 24.311.439,03;
- PIB per capita: US$ 1.352,06;
- População Economicamente Ativa: 8.979 habitantes; 
Principais Produtos Agrosilvopastoris:
- Bovinos;
- Mandioca;
- Laranja;

Indústria Dominante:
- Produtos Alimentares;
- Metalurgia;
- Mobiliário;

Pessoas em Situação de Pobreza (2000) – 4.331 pessoas


Famílias em Situação de Pobreza (2000) – 1.224 famílias

PROGRAMAS SOCIAIS DO MUNICÍPIO


Secretária Ação Social – Programas Municipais
• Cursos de capacitação profissional
• Distribuição de cesta básica mensal
• Distribuição de cesta básica de Natal
• Distribuição de remédios
• Cárie Zero

BOLSA FAMÍLIA
É um programa de transferência direta de renda com condicionalidade; destinado às famílias
em situação de pobreza que associa a transferência do benefício financeiro o acesso aos
direitos sociais básicos, como a saúde, a alimentação, a educação e assistência. O percentual
médio de cobertura deste programa no estado do Paraná é de 51,4%.
No município de Loanda o número de famílias beneficiadas é de 961, com uma cobertura de
30,91%.

CRAS
Os CRAS - Centro de Referencias da Assistência Social é organizado por região com o
objetivo de atender melhor toda a população da cidade e distritos.
O CRAS de Loanda trabalha visando o fortalecimento comunitário, estabelecendo metas para
a superação das desigualdades sociais, buscando garantir o funcionamento de um serviço
municipal de atendimento psicossocial às famílias socialmente vulneráveis. Essas famílias
podem se cadastrar na unidade básica de saúde mais próxima da suas residências e são
atendidas com ações que vão suprir as necessidades básicas na área social como: Atendimento
aos usuários nos bairros onde residem, garantindo fácil acesso aos serviços; acesso das
famílias aos programas de alfabetização de adultos ou ensino regular de geração de trabalho e
renda, de qualificação profissional e dos demais projetos sociais existentes no município,
informando para a população a respeito dos recursos públicos disponíveis no município.

TELECENTRO COMUNITÁRIO
O TELECENTRO faz parte do Programa de Inclusão Digital do Ministério das
Comunicações. Tem o objetivo de facilitar a participação de toda a comunidade, além do
acesso a internet, os moradores contam com cursos básicos de informática. Em Loanda 250
pessoas são assistidas por este programa.

TARIFA SOCIAL DA SANEPAR


O benefício Tarifa Social é destinado para as famílias de baixa renda, usuárias do serviço de
água e esgoto (DEC. ESTADUAL Nº 2.460). Os requisitos para ter direito a esse benefício
são: Renda por pessoa na família não superior a meio salário mínimo; área construída da
moradia não superior a 70m2 e consumo mensal até 10m3.

LUZ FRATERNA
Este programa foi lançado através da Lei Estadual nº 14.087 de 11.09.03, e é desenvolvido em
parceria pelas Secretarias Estaduais do Planejamento de Coordenação Geral e do Trabalho,
Emprego e Promoção Social, e pelas concessionárias de energia elétrica que atendem o
Estado como a COPEL.
São beneficiárias as famílias inscritas no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo
Federal – CADÚNICO, que são beneficiárias do Programa Bolsa Família. A habilitação é
feita diretamente nas concessionárias e alguns critérios utilizados: (residencial), ter consumo
até 100kwh/mês, não possuir mais de uma conta cadastrada em seu nome; ser da subclasse
residencial baixa renda com atendimento monofásico etc.; (rural) ser monofásico ou bifásico
com disjuntor até 50 ampères, ter consumo até 100kwh/mês, não possuir mais de uma conta
cadastrada em seu nome.

LEITE DAS CRIANÇAS


O Programa “Leite das Crianças” é a união da sociedade civil organizada e o Governo do
Paraná. Ele é destinado à diminuição da desnutrição e a diminuição de casos de anemia
ferropriva (leite pasteurizado, com teor mínimo de gordura de 3% e enriquecido com ferro e
vitamina A e D), sendo prioritário o atendimento de crianças de 6 a 36 meses de idade
pertencentes a famílias com renda média per capita mensal inferior a meio salário mínimo.
Em Loanda o leite é distribuído de segunda a sexta-feira, exceto feriados, com o limite de dois
(dois) litros de leite por família. Verificou-se neste período uma acentuada melhora nas
condições de vida das crianças beneficiadas.

CARTÃO DO SUS
O Cartão Nacional de Saúde ou Cartão do SUS é um documento pessoal que identifica o
usuário do SUS, reunindo suas informações pessoais, procedimentos clínicos realizados, que
remédios faz uso, etc.•
Toda vez que acontece um atendimento em um estabelecimento público de saúde ele é
registrado por meio do cartão do paciente no banco de dados do SUS. Todos os prontuários de
pacientes ficam disponíveis na rede do sistema, desta forma, mesmo que o atendimento seja
feito em outros estabelecimentos e até mesmo em outros estados, o sistema é atualizado e é
possível que o médico saiba o que já foi feito.
A integração do Sistema de Saúde é muito importante por que possibilita a emissão de um
histórico confiável do paciente (fundamental para orientar o médico), bem como diminui a
possibilidade de fraudes, uma vez que quando é feito um atendimento ou um pedido de
medicamento, devem-se indicar para quem eles estão destinados.
Seguindo a proposta de municipalização dos serviços de Saúde, as prefeituras são
responsáveis por fazer o cadastro de todos os cidadãos no SUS.
No município de Loanda o cadastramento da população já se iniciou, mas ainda não
conseguiu abranger a sua totalidade.

PASTORAL DA CRIANÇA
A Pastoral da Criança tem por objetivo o desenvolvimento integral das crianças, promovendo,
em função delas, também suas famílias e comunidades, sem distinção de raça, cor, profissão,
nacionalidade, sexo, credo religioso ou político, através dos seguintes programas, entre outros
que sirvam a suas finalidades:
• Sobrevivência e desenvolvimento integral da criança, através de ações básicas
de saúde, nutrição, educação e comunicação, sobretudo nos bolsões de miséria;
• Formação humana e cristã das famílias e líderes comunitários, agentes
voluntários da Pastoral da Criança, e apoio especial às pessoas da terceira idade que
participam de suas atividades;
• Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente; redução da violência
familiar e comunitária;
• Geração de renda, para auto-sustentação das famílias acompanhadas; ajuda
mútua entre elas; capacitação da mulher em economia doméstica e nos cuidados com a
criança, com a família e consigo mesma;
• Alfabetização de jovens e adultos que participam da Pastoral da Criança;
• Documentação e informação sobre a situação da criança e da família no Brasil;
• Pesquisa nas áreas de referência programática.
A Pastoral da Criança de Loanda é uma organização comunitária, que tem seu trabalho
baseado na solidariedade humana e na partilha do saber. Seu objetivo é o desenvolvimento
integral das crianças, da concepção aos seis anos de idade, em seu contexto familiar e
comunitário, a partir de ações de caráter preventivo e que fortaleçam o tecido social e a
integração entre a família e a comunidade.

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

No município de Loanda, a proposta de reorganização do modelo assistencial, se consolida


com a efetiva consolidação das quatro equipes de Saúde da Família logo no início de 2003,
ainda assim a cobertura populacional não alcança 70%.
Os Postos de Saúde passaram a ser chamados de Unidades Saúde da Família e passam a
trabalhar com uma agenda mínima, considerando como diretrizes imediatas o conhecimento
da situação: diabéticos, hipertensos, acamados, RN de risco, desnutridos, gestantes,
tuberculose, hanseníase, DST/AIDS e outros agravos da área; cobertura vacinal, mortalidade
geral, mortalidade infantil, mortalidade materna, cobertura CO.
O SIAB (Sistema de Informação de Atenção Básica), que é um sistema especial para
gerenciamento das Informações de Saúde obtidas nas visitas às comunidades e produz
relatórios que auxiliam às equipes de Saúde de Famílias e os gestores municipais a
acompanhar o trabalho que realizam e a avaliar a qualidade do mesmo, passa a ter papel
fundamental na formulação da política de saúde.
A ESF esta integrada com o Consórcio Intermunicipal de Saúde, Fisioterapia, Saúde Bucal,
Vigilância Epidemiológica e Sanitária, Assistência Social e outros serviços da rede municipal.
O Município de Loanda possui 04 (quatro) Unidades Básicas de Saúde, onde foi implantada a
Estratégia Saúde da Família desde setembro de 2003.
 Unidade ESF – Vila União
 Unidade ESF – Vila Nova
 Unidade ESF – Vila Vitória
 Unidade ESF – Vila Alto da Glória

Unidade ESF – Vila União


A Unidade Básica da Vila União localiza-se na Rua Horizonte, 2479, e seu horário de
atendimento é de segunda à sexta-feira das 07hs as 17hs, possui sua própria farmácia que
atende os cadastrados e atendidos.
Tipos de atendimentos médicos e de enfermagem realizados nesta Unidade Básica em 2006:
 Puericultura: 184
 Pré-Natal: 237
 Prevenção do Câncer Cérvico-Uterino: 189
 DST/AIDS: 389
 Diabetes: 322
 Hipertensão Arterial: 3.078
 Hanseníase: 10
 Tuberculose: 14
 Solicitação de Exames:
Patologia Clínica: 2.527
Radiodiagnóstico: 200
Ultrassonografia Obstétrica: 41
Outros: 82
 Encaminhamentos:
Atendimentos Especializados: 161
Internação Hospitalar: 15
Urgência/Emergência: 05

A equipe Saúde da Família desta Unidade é composta por:


 01 Médico Clínico Geral
 01 Enfermeira
 01 Auxiliar de Enfermagem
 05 Agentes Comunitários de Saúde

Relatório de Produção referente 4º Trimestre 2006


Proce

Atendimento Individual Enfermeiro (a) 1839


Curativos 393
Injeções 129
tos dimen

Retirada Pontos 80
Verificação PA 1.174
Atendimentos Grupos – Educação Saúde 06

Neste período a equipe da Estratégia Saúde da Família realizou visitas domiciliares: (01)
4.459 VD pelos Agentes Comunitários de Saúde; (02) 147 VD de Auxiliares de Enfermagem;
(03) 157 VD Enfermagem e (04) 25 VD Médicas.

Visitas Domiciliares
23 157 147

Médico
Enfermeiro (a)
Aux.Enfermagem
ACS

4450

Consultas Médicas: Residentes na área de abrangência da equipe ESF:


 Menores de 01 ano: 142
 1 – 4anos: 149
 5 – 9 anos: 205
 10 – 14 anos: 155
 15 – 19 anos: 340
 20 – 39 anos: 1.491
 40 – 49 anos: 1.108
 50 – 59 anos: 508
 60 e mais: 875

Unidade ESF – Vila Nova


A Unidade Básica de Saúde da Vila Nova esta localizada na Rua Camilo de Matos, 49. Seu
funcionamento é das 07h00min às 17h00min de segunda à sexta-feira.
O atendimento diário é de 40 consultas no período matutino (20 pelo médico da ESF e 20
pelo médico da Unidade), e 20 consultas no período vespertino. São cadastradas 1.290
famílias na Estratégia Saúde da Família, porém no momento a equipe não realiza visitas
domiciliares.
A equipe de saúde é formada por:
 01 Clínico geral do ESF
 01 Clínico da Unidade
 01 Enfermeira
 01 Auxiliar de Enfermagem
 06 Agentes Comunitários de Saúde
 01 Recepcionista
 01 Serviço geral

As atividades realizadas são:


 Consultas médicas
 Curativos
 Coleta de preventivo (Papanicolau) – 1 vez por semana
 Inalação
 Administração de medicamentos injetáveis
 Pesagem: Bolsa família, Programa leite
 Consulta pré-natal, com acompanhamento até o 8º mês
 Puericultura (0 a 1 ano)

As gestantes são cadastradas no Programa “SISPRENATAL” até o 4º mês e são


acompanhadas pela equipe da Unidade até o 8º mês. Participam de reuniões que é realizada 01
vez por mês. Após o 8º mês de gestação são atendidas pelo médico obstetra do Hospital e
Maternidade Municipal.
Famílias Cadastradas 1.290 Fonte: UBS Vila Nova

Nº Hipertenso 358

Nº Diabético 88
UBS e ESF – Vila Vitória e Alto da Glória
Nº gestante 32 No local funciona a Unidade Básica de Saúde e 02
equipes da Estratégia Saúde da Família, sendo uma
da Vila Vitória e uma do Alto da Glória. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira
das 07hs às 17hs.
O Cartão Cidadão esta sendo implantado, mas por enquanto estão sendo cadastrados somente
os usuários que procuram os serviços de saúde.
As equipes da Estratégia Saúde da Família possuem local próprio doado pela Prefeitura
Municipal, ao lado da Unidade onde são realizadas reuniões, consultas com o clínico geral,
palestras para gestantes, hipertensos e diabéticos. São 20 consultas/dia. Em caso de
emergência pediátrica, as crianças são encaminhadas para o Pronto Atendimento local. As
gestantes de risco ou no final da gestação são encaminhadas para o obstetra do Hospital
Municipal.
Procedimentos realizados:
 Consultas
 Preventivo do Câncer uterino (Papanicolau)
 Curativos
 Inalação
 Serviços odontológicos
 Visitas domiciliares

O médico atende na UBS e realiza visitas domiciliares. Nestas visitas atende pós-operatório,
hipertensos, curativos, pacientes acamados, diabéticos e gestantes. Estas visitas ocorrem uma
vez por mês, ou quando há casos de urgência.
A Unidade da cobertura a 100% das gestantes de sua micro-área e a cada 03 (três) meses
realiza palestras, além de outras atividades como imunização, controle da tuberculose e
hanseníase.
Como no local funcionam duas equipes do ESF, o quadro de funcionários é assim distribuído:
 Clínico geral (02) ESF I e ESF II
 Odontólogo (01) atende as duas equipes
 Auxiliar de Odontólogo (01)
 Enfermeiros (as) (02) ESF I e ESF II
 Auxiliar Enfermagem (02) ESF I e ESF II
 Agentes Comunitários de Saúde (10) ESF I (5) e ESF II (5)
 Serviço Geral (01)

Produtividade referente ao mês julho-2007.

Procedimentos Faixa etária Total


Visitas
Domiciliares 22
Consulta: Pré-
Natal 16-21 anos 13

22-25 anos 08

26-30 anos 06

31-35 anos 05

36-40 anos 02

Consulta: ESF 0-05 anos 125

06-12 anos 90

13-15 anos 21

16-21 anos 77

22-25 anos 55

26-30 anos 42

31-35 anos 63

36-40 anos 42

41-45 anos 40
46-50 anos 40
Fonte: UBS

INDICADORES NO CICLO DE FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS

O ciclo de formulação, execução, acompanhamento e avaliação de programas públicos pode


ser considerado nas etapas de Diagnóstico, Formulação, Implementação e Avaliação. Cada
uma dessas etapas envolve o uso de um conjunto de indicadores de diferentes naturezas e
propriedades, em função das necessidades intrínsecas das atividades aí envolvidas. Os
indicadores constituem-se em insumos básicos e indispensáveis em todas as fases desse
processo, trazendo elementos e subsídios distintos. Cada fase requer o emprego de
indicadores específicos, ou seja, cada aspecto deve ser avaliado por meio de indicadores
adequados.
Na etapa de elaboração do diagnóstico, são necessários indicadores de boa confiabilidade,
validade e desagregabilidade, que cubram as diversas temáticas da realidade social. Esses
indicadores viabilizam a caracterização empírica do contexto socioeconômico e espacial, e
evidenciam a gravidade dos problemas, carências e demandas. É preciso construir um retrato
amplo e detalhado sobre a situação social vivenciada pela população, para orientar a definição
das questões prioritárias a atender, os formatos dos programas a implementar, as estratégias e
ações a desenvolver. Constitui-se no ponto a partir do qual se poderá avaliar se o programa
está provocando as mudanças e os objetivos previstos.
Na etapa de Formulação (e também seleção de programas), pode-se atuar com um conjunto
mais reduzido de indicadores, selecionados a partir dos objetivos norteadores definidos como
prioritários pela agenda político-social vigente. Os indicadores do tipo insumo traduzem em
termos quantitativos a magnitude dos recursos exigidos pelos diferentes programas sugeridos.
Na etapa de Implementação e execução dos programas, são necessários indicadores de
monitoramento, que devem possuir, principalmente, sensibilidade, especificidade e
periodicidade. Os indicadores de processo permitem monitorar a alocação operacional de
recursos humanos, físicos e financeiros planejados. Em geral, as informações produzidas
pelas agências estatísticas não são suficientemente específicas para os propósitos de
monitoramento de programas.
A principal característica de um indicador de monitoramento reside na sua disponibilização
em tempo eficaz para permitir a tomada de decisão gerencial.
Na Avaliação dos programas implementados, indicadores de diferentes tipos podem ser
usados para medir a eficiência, eficácia e efetividade social das soluções sugeridas.
O acompanhamento de programas e projetos requer a estruturação de um sistema de
indicadores que, além de específicos, sensíveis e periódicos, permitam monitorar sua
implementação na lógica do ciclo de formulação, execução e avaliação. São necessários
indicadores que permitam monitorar o dispêndio realizado por algum tipo de unidade
operacional prestadora de serviços ou subprojeto; o uso dos recursos humanos, financeiros e
físicos; a geração de produtos e a percepção dos efeitos sociais mais amplos dos programas.
Monitoramento e avaliação de programas são termos cunhados para designar procedimentos
de acompanhamento, focados na análise da eficiência, eficácia e efetividade desses
programas. São processos analíticos organicamente articulados, sucedendo-se no tempo, com
o propósito de subsidiar o gestor público com informações acerca dos recursos empregados,
especificações e quantidade dos produtos, do ritmo e forma de implementação dos programas
(indicadores de monitoramento) e dos resultados e efeitos almejados (indicadores de
avaliação).

INDICADORES DE SAÚDE NA GESTÃO PÚBLICA

Os indicadores sociais apontam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões


sociais de um interesse. Os indicadores possuem várias taxonomias e são utilizados de acordo
com a necessidade quanto ao objeto de estudo.
Eles são fundamentais na avaliação de programas, pois possibilitam compreender sua
dinâmica, que por sua vez, desencadeiam mudanças, tanto na rede local, como em rede
federal.
As informações estatísticas produzidas por agencias especializadas possibilitam a
disseminação do uso dos indicadores, viabilizado pelas novas tecnologias de informação e
comunicação.
Para formulação e avaliação de programas sociais algumas etapas devem ser seguidas:
a) Diagnóstico: Indicadores que permitam retratar a realidade local (Indicadores de boa
confiabilidade e desagregabilidade).
b) Formulação: Indicadores que orientam objetivamente a tomada de decisão.
c) Execução/Implementação: Indicadores que permitam “filmar” o processo de
implementação dos programas formulados e sua eficiência (Indicadores de
monitoramento – sensibilidade e especificidade).
d) Avaliação: Indicadores que permitam “revelar” a eficácia e efetividade social dos
programas.

Os indicadores de interesse para o presente trabalho são os de avaliação dos programas. Neste
sentido avaliar significa estimar o quanto um programa logrou alcançar os objetivos que se
propunha, além de ser um instrumento para subsidiar a implementação de medidas que visem
melhorar a qualidade das atividades atuais do programa e ainda o futuro planejamento e
tomada de decisão.
Antes de planejar uma avaliação algumas perguntas precisam ser respondidas.
Ex. Qual o objetivo da avaliação? ; A avaliação pretende demonstrar que o programa esta
atingindo seus objetivos ou que esta funcionando conforme planejado?; Quem solicitou a
avaliação e para tomar qual tipo de decisão? etc.
A decisão do que medir vai depender de quem utilizara o resultado. A avaliação deve
fornecer as respostas que os tomadores de decisões necessitam e em tempo para que possam
levar esses resultados em conta em suas decisões. O custo da avaliação aumenta com a
complexidade da avaliação. É preciso, porém avaliar a eficiência dos programas em razão não
apenas do resultado obtido e da qualidade de recursos alocados, mas também considerando as
dificuldades ou potencialidades existentes na região da operação.
Finalmente, convém dizer que nenhuma avaliação é perfeita. Todas têm alguma limitação,
mas o ato de avaliar traz vantagens que extrapolam o conhecimento dos resultados
propriamente ditos.
Alguns passos devem ser observados para avaliação de programas de saúde em geral:
a) Definir que decisões serão tomadas em decorrência da avaliação e quem serão os
tomadores de decisão.
b) Definir quem vai fazer a avaliação
c) Definir quais os indicadores será medido.
d) Escrever o protocolo de avaliação
e) Preparar os instrumentos de pesquisa, coleta e análise.
f) Escrever o relatório final.

Um programa de saúde deve ser avaliado pelos diversos resultados que produz. Seguindo os
passos sugeridos para avaliação de programas, vamos analisar cada item.
a) Avaliação de processo e de resultados tem o objetivo de responder perguntas
importantes a respeito da implementação e, posteriormente, do impacto alcançado sobre a
saúde da população alvo. No caso da ESF que perguntas poderiam ser feitas e que decisões
poderiam ser tomadas por diferentes atores?
Se o tomador de decisão for o Secretário municipal de Saúde poderá perguntar – A maioria da
população recebe atendimento pelo programa? Então poderá decidir a expandir o programa ou
não.
Se o tomador de decisão for o Ministério da Saúde, poderá querer saber se o investimento no
programa esta reduzindo a mortalidade infantil ou materna no município e decidir se continua
ou interrompe o programa ou ainda se o expande para outros estados/regiões.
b) A escolha de avaliadores inapropriados pode ser frustrante. Competência técnica é
essencial, mas outras características também devem ser consideradas como: Ser teoricamente
competente; desejar trabalhar junto com as pessoas do programa; ser sensível às preocupações
dos tomadores de decisão; ser capaz de cumprir cronogramas de tempo.

Os avaliadores podem ser internos (envolvidos no programa) e externos. Há vantagens e


desvantagens para cada tipo de avaliador.

c) Muitas avaliações tentam medir resultados complexos, de longo prazo, como o


impacto do programa, sem antes avaliar se o programa alcançou seus objetivos mais
imediatos. Isso resulta em um grande desperdício de recursos.
Um bom indicador deve ser:

Quantitativo: Mensurável (percentagem, razão, número)

Factual: Ter o mesmo significado para diferentes pessoas

Confiável: Pode ser checado

Válido: Mede o que se propõe a medir

Sensível: Reflete as mudanças na situação.

Os indicadores devem ser construídos a partir dos objetivos, estrutura e funcionamento do


programa.

O tipo de indicador vai definir onde se deseja ir à avaliação: Indicadores de oferta (input), de
utilização (output), de cobertura (outcome) e de impacto (impacto)
d) Um protocolo de avaliação deve ser detalhado, buscando antever todas as necessidades
que poderão surgir. Rever literaturas de avaliações anteriores de programas pode antecipar
problemas encontrados por outros avaliadores. Os avaliadores devem estudar o programa a ser
avaliado, conhecer seus objetivos, métodos, recursos, etc. A ação seguinte será construir a
cadeia causal, para auxiliar na criação dos indicadores de avaliação. Outros itens deverão ser
observados: Equipe bem treinada; mensagens claras e objetivas, material audiovisual de boa
qualidade, etc.
e) A redação do relatório final deve ser clara e objetiva. Deve ser útil e auxiliar os
tomadores de decisões. Deve conter um resumo executivo. Deve ser de fácil compreensão e
com recomendações em ordem de prioridades.

Para avaliar o Programa Nutricional conduzidos em escolas do município de Loanda com o


objetivo de prevenir a obesidade infantil nas escolas, podem-se utilizar os seguintes
indicadores, pois a mesma já esta implantado há alguns anos.
INDICADOR: Oferta
Numero de escolas oferecendo merenda escolar nutricionalmente balanceada para crianças de
6-10 anos de idade.
Características nutricionais da merenda (quantidade de fibras, gordura, açúcar, etc, por
porção).
INDICADOR: Utilização
Número de escolas oferecendo merenda
Número de crianças participando do programa
INDICADOR: Cobertura
Percentual de escolas oferecendo merenda do programa para 90% ou mais das crianças.
Percentual de crianças que receberam pelo menos 80% das merendas oferecidas pelo
programa.
INDICADOR: Impacto
Redução da prevalência de obesidade infantil entre escolares.

AVALIAÇÃO SOBRE ALGUNS ASPECTOS DA ESF NO MUNICÍPIO DE LOANDA

Um dos motivos que levaram à implantação da ESF no município de Loanda foi à ênfase na
prevenção. O município investia em saúde, mas não sabia como fazer a saúde preventiva.
Através da ESF acredita que este objetivo pode ser atingido. A ESF é tida como uma proposta
bem elaborada, que coloca à disposição dos munícipes “um modelo de saúde”.
Tem apoio da comunidade, do prefeito, dos profissionais de saúde, entidades, igrejas, pastoral
da criança, sindicato dos trabalhadores rurais, dentre outros.

INDICADORES QUE PODEM SER UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO:

1. Indicadores de Desempenho: Entre eles podemos citar:


A. Disponibilidade
B. Acessibilidade
C. Produtividade
D. Qualidade técnico-científica
E. Satisfação

2. Indicadores de Resultado (responde se os objetivos e metas foram alcançados no


tempo e custo previstos – EFICÁCIA – produzindo os resultados desejados –
EFETIVIDADE – em termos de bem-estar). Permitem verificar os resultados imediatos,
tais como: crianças vacinadas, grupos constituídos e funcionando, etc.

3. Indicadores de Impacto (Mensuram a qualidade e quantidade dos resultados alcançados


através do fornecimento e uso dos bens e serviços, tais como: mudanças na qualidade de
vida, redução da incidência de doenças, incremento de renda, redução da mortalidade
infantil, etc. Indica os efeitos de um programa sobre uma população-alvo além dos
participantes diretos do programa ou projeto), e ainda os desdobramentos futuros.

EXEMPLO DE INDICADORES A SER UTILIZADOS: REFERENTE A


INFORMAÇÕES SOBRE ESFS
1. Número de equipes de saúde da família (ESF) e de saúde bucal (ESB)
2. Área de atuação das equipes de saúde da família (ESF) e saúde bucal (ESB)
3. Existência de área de abrangência definida para a equipe de saúde da família e de
saúde bucal
4. Proporção de unidades de saúde com apenas 01 equipe de SF.
5. Proporção de agrupamento de equipamentos disponíveis por ESF.
6. Proporção de ESF em relação à dependência da unidade
7. Proporção de materiais e insumos disponíveis por equipe de saúde da família.

INDICADORES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA REFERENTE AO


PROCESSO DE TRABALHO DAS EQUIPES, ACESSO AOS SERVIÇOS E
PROCEDIMENTOS, E RECURSOS HUMANOS.
1. Realização de visita domiciliar.
2. Participação de atividade educativa em grupo.
3. Realização de reunião com a comunidade.
4. Realização de atendimento clínico em clínica médica, pediatria e gineco-obstetrícia.
5. Realização de ações em tuberculose e hanseníase.
6. Realização de ações em vigilância epidemiológica
7. Realização de vacinação de rotina pela ESF.
8. Utilização de prontuário individual ou familiar pela ESF.
9. Participação regular de algum membro da equipe nas reuniões do conselho municipal
ou local de saúde.

ACESSO AOS SERVIÇOS E PROCEDIMENTOS


1. Disponibilidade de exames complementares.
2. Disponibilidade de serviços de referência.

RECURSOS HUMANOS
1. Carga horária contratada e cumprida do médico e enfermeiro.
2. Participação em capacitação dos membros da equipe de saúde da família, entre outros.

Após uma avaliação e a utilização de indicadores na ESF no município de Loanda


apresentamos alguns pontos fortes, dificuldades e pontos e melhorar.
a) Qualidade da atenção
O programa é valorizado pelo seu aspecto preventivo, exemplificado pelas ações: vacinação,
teste do pezinho, prevenção do câncer de colo uterino. Pelo acesso do cidadão a todos os
recursos do serviço de saúde e pela realização das visitas domiciliares. Observa-se uma
compreensão ainda restrita do próprio conceito preventivo.
A base territorial a população adstrita a equipe da saúde da família foi considerada
importante, por ser uma maneira de controlar o atendimento da comunidade. Se não houvesse
esta divisão, o programa ficaria inviabilizado devido ao aumento da demanda espontânea,
impedindo que o profissional fizesse boas consultas, bem como, saísse da unidade para
realizar atendimento domiciliar.

b) Capacitação das equipes


O processo de capacitação das equipes foi considerado importante porque os profissionais que
atuam, nessa área, não recebem a formação necessária nas universidades para executar
programas do tipo ESF.
A capacitação foi dirigida a todos os profissionais da secretaria de saúde, em todos os níveis
e não apenas aos de nível superior.
Quanto às visitas domiciliares não há disposição dos médicos para sair da unidade. “Eles
preferem que a gente pegue o paciente na casa, ponha no carro e traga-o até o posto para ser
atendido”, portanto devem ser mais trabalhadas. Há necessidade de maior sensibilização para
esta atividade, pois é ela que dá credibilidade junto à comunidade.
Como pontos negativos da realização dos cursos de capacitação está a ausência dos
profissionais ao trabalho, comprometendo o andamento das atividades e a centralização dos
cursos no município sede Regional. As sugestões são que os treinamentos sejam realizados
nos finais de semana, que não se concentrem em dois ou três meses, e sejam programados
ao longo do ano.
Os treinamentos preferencialmente devem ser realizados no próprio município visto que
possibilitaria a participação de todos os profissionais.
Os profissionais gostam de participar dos cursos, “de sair da rotina”, mas nem todos colocam
em prática o aprendizado, o que é, ao mesmo tempo, um desestimulo a SMS mandá-los
para a capacitação. Deve ser discutida uma forma de cobrança para os profissionais que
participaram dos cursos pela SES.

c) Desempenho das equipes


O desempenho das equipes é avaliado pela satisfação quanto ao trabalho que executam, pelo
controle das visitas domiciliares e pela pesquisa sobre a satisfação da comunidade
realizadas pela coordenadora da Estratégia da Saúde da Família.
A participação no curso introdutório de saúde da família melhorou a visão do secretário em
relação ao programa. Passou a entender algumas situações de outra forma e sugere que, para
um melhor aprendizado, os profissionais sejam separados por escolaridade.

d) Tomada de decisões no município


As ações de saúde no município são decididas com base na opinião dos profissionais e da
coordenadora. O diálogo é importante na tomada de certas decisões, em especial, quando
depende do conhecimento de quem lida com o cotidiano e as situações específicas de saúde e
doença.
O planejamento das ações de saúde no programa se dá entre enfermeira, agentes e
coordenadoras, que seguem o modelo preconizado pelo Ministério. Não há a participação do
médico, nem do odontólogo. O Ministério não preconiza para o dentista as mesmas
atribuições da equipe.

e) Dificuldades encontradas após a implantação da ESF.


1- A resistência da população em trocar de médico;
2- A cultura de descrédito do funcionário público;
3- A contratação de profissionais qualificados, em todos os níveis. Quanto aos profissionais
de nível superior, principalmente o médico, não tem formação adequada que deveria
trazer da universidade, pois o profissional é formado para sentar atrás de uma mesa,
prescrever medicamentos e pedir exames;
4- A rotatividade dos profissionais devido a questões financeiras;
5- A formação de equipes coesas, profissionais com perfil adequado e portadores dos
conhecimentos necessários;
6- Necessidade de orientações específicas para edificações e equipamentos para as unidades
de saúde.

A avaliação de resultados e de impacto social e econômico é fundamental para toda e


qualquer política pública, ainda mais se esta se reveste do objetivo de equiparar oportunidades
e reparar situações históricas de discriminação e marginalização social.
O retorno econômico com a redução dos casos de doenças, melhoria das condições
ambientais, aumento da escolaridade (produtividade), melhoria da qualidade de vida e do
índice de desenvolvimento humano já justifica o investimento social.
Não há como criar um índice único de monitoramento e avaliação para o levantamento de
uma razão benefício-custo dos investimentos sociais. Cada plano de investimento deve se
apropriar de uma lógica própria para definir quais são os custos e benefícios econômicos a
serem gerados a partir de uma nova intervenção social

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As necessidades de saúde são dinâmicas e para supri-las torna-se fundamental ter um
conhecimento da realidade, conhecer os saberes locais da comunidade, compreender a
organização dos serviços e das práticas de saúde existentes.
Os indicadores de saúde fornecem diagnósticos e servem de suporte para uma articulação
efetiva entre as ações programáticas na gestão e as reais necessidades populacionais. Um dos
grandes desafios no acompanhamento de programas públicos é dispor de informações
periódicas e específicas. O gestor de programas sociais defronta-se com a dificuldade de obter
dados validos, específicos e regulares. As informações produzidas por agencias estatísticas se
prestam a elaborar diagnósticos bastante detalhados para produção de indicadores de
monitoramento de programas, mas dificilmente atenderão a todas as necessidades.
Somente com a utilização dessas informações poderemos reorganizar os serviços e obter
resultados que produzem justiça social.

REFERÊNCIAS
JANNUZI, PAULO DE MARTINO; Indicadores socioeconômicos na gestão pública;
Florianópolis: Departamento de Ciências de Administração/UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB,
2009.
CANO, I; Avaliação de programas sociais, Rio de Janeiro: FGV, 2002.
BODSTEIN, R. C. et al., 2001a. Desafios no Monitoramento e na Avaliação de Programas de
DLIS: o caso de Manguinhos no Rio de Janeiro. Oficina Social. Centro de Tecnologia,
Trabalho e Cidadania. Rio de Janeiro.
Indicadores de Programa: Guia Metodológico/Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos – Brasília: MP, 2010.
NARDELLI, A; BARBOSA, J.M.C; Levantamento de Saúde do Município de Loanda, 1ª
edição, Paranavaí, 2007, pag.15-18, 48-54.
www.ibge.gov.br/cidadesat/topwuindow.htm? – Acesso 29/11/2010.
www.ipardes.gov.br > Acesso em 29/11/2010.
www.loanda.pr.gov. > Acesso em 06/12/2010.
www.abcd.gov.br> Acesso em 08/12/2010.
www.muninet.org.br > Acesso em 08/12/2010.
www.cepam.sp.gov.br/arquivos/diagnostico_municipal > Acesso em 10/12/2010.
www.mds.gov.br > Acesso em 10/12/2010.
www.saude.gov.br/indicadores > Acesso em 13/12/2010.
www.datasus.gov.br> Acesso 13/12/2010.
www.planejamento.gov.br > Acesso em 14/12/2010.
www.portaldasaude.gov.br/portal/aplicacoes > Acesso em 14.12.2010.

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