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3º MÓDULO - EMERGÊNCIAS AMBULATORIAIS

No atendimento odontológico ambulatorial é relativamente frequente a


existência de episódios de emergência, onde é de suma importância que o cirurgião
dentista (CD) tenha consigo os conhecimentos e equipamentos básicos para a
realização do pronto atendimento.

Emergência é definida como uma situação ou condição com alta probabilidade


de desencadear risco de vida. É uma situação causada, na maioria das vezes, por
ansiedade, doenças e/ou complicações durante os atendimentos, etc. Em casos
emergenciais, há a necessidade de primeiros cuidados e/ou intervenções imediatas.
Urgência é definida por uma condição que deve ser tratada sem demora, de forma
eminente.

O aumento do número de idosos que procuram tratamento odontológico e a


tendência de se prolongar a duração das sessões de atendimento pode contribuir para
elevar à incidência dos episódios emergenciais. O aumento da expectativa de vida traz
ao consultório odontológico indivíduos diabéticos, hipertensos, cardiopatas, asmáticos
ou portadores de desordens renais e hepáticas, obrigando o profissional a adotar
certas precauções antes de iniciar o tratamento clínico propriamente dito. Entre estas
precauções inclui-se o estabelecimento de oportunidade operatória, estando o
indivíduo apto a receber o tratamento proposto.

Os procedimentos cirúrgicos ambulatoriais são os responsáveis pela maior


incidência de emergências médicas em nível odontológico. Neste tipo de
procedimento, comumente, os períodos são mais longos, causam maior nível de
ansiedade no paciente, além de requerer a administração de fármacos de forma mais
elevada. Deve-se adotar uma sequência básica de condutas para o atendimento das
emergências médicas odontológicas, visando à correção imediata do problema,
impedindo que o risco de vida se instaure e/ou se exacerbe.

Os CDs estão cientes da importância do tema e sentem-se despreparados para


solucionar uma emergência médica. Segundo as bases verificadas, as principais
situações de emergência, no consultório odontológico, são: quadro de desmaio,
hipertensão, hipoglicemia, crise de hiperventilação, convulsões. O desmaio é definido
como a perda súbita de consciência, resulta da redução transitória do fluxo sanguíneo
cerebral por queda da pressão arterial, ela se manifesta como dilatação das pupilas;
náusea, palidez, perda temporária da consciência, pés e mãos frios, pulso rápido,
queda da pressão sanguínea, respiração acelerada, sudorese.

Neste caso o cirurgião dentista deve proceder colocando o paciente deitado de


costas (posição supina), com os pés um pouco mais altos do que a cabeça com

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posterior administração de oxigênio sob pressão. A hipertensão é atualmente definida
como aquela quando a pressão sistólica é consistentemente maior que 140 mm Hg ou
quando a pressão diastólica é de 90 mm Hg ou superior, ela se manifesta como
taquicardia, dor de cabeça, dispneia, angina "pectoris”. Neste caso o CD deve proceder
colocando o paciente sentado, ligeiramente reclinado, repouso, tranquilização,
medicação.

Anafilaxia. Reação de hipersensibilidade aguda devido à exposição a um


antígeno previamente encontrado. A reação pode incluir urticária rapidamente
progressiva, sofrimento respiratório, colapso vascular, choque sistêmico e morte. Ela
se manifesta como, cianose, coceiras, perda da consciência, parada progressiva
respiratória e cardíaca, queda repentina da pressão sanguínea, respiração difícil e
barulhenta, tosse, vermelhidão na face, nesse caso devemos proceder colocando o
paciente deitado de costas (posição supina), manter livre as vias aéreas, monitorar os
sinais vitais, administrar oxigênio, epinefrina, aminofilina, corticosteróides injetáveis,
ex.: Metilpredinosolona (Solu-Medrol), Dexametasona (Decadron), Hidrocortisona
(Solu-Cortef), manter veia tomada com solução de cloreto de sódio a 0,9%.

Hipoglicemia. Uma síndrome do nível anormalmente baixo da glicemia.


Hipoglicemia clínica tem diversas etiologias. Hipoglicemia grave eventualmente leva à
privação do sistema nervoso central resultando em fome, sudorese, parestesia,
deficiência da função mental, ataques, coma e até morte, ela pode se manifesta como
coma, confusão mental, convulsões, descontrole dos esfíncteres, dilatação das pupilas,
irritabilidade, náuseas, nervosismo, queda da pressão sanguínea, sudorese abundante,
taquicardia. Nesse caso se o paciente estiver consciente, administrar água com açúcar,
se o paciente se apresentar inconsciente, administrar glicose intravenosa (solução a
50%).

Convulsão. Definida como estímulos desordenados dos neurônios cerebrais,


ela se manifesta como confusão mental, convulsões tônico-clônicas, excitação,
mordedura da língua, relaxamento dos esfíncteres, tremores. Nesse caso o cirurgião
dentista (CD) deve colocando o paciente deitado, aliviar as roupas, manter livres as
vias aéreas, administrar bezodiazepínicos injetáveis.

Atualmente dificilmente é encontrado no mercado um cirurgião dentista (CD)


que se sinta capacitado pra atender corretamente essas emergências em nível
ambulatorial, pois essa questão é aborda de forma muito superficial nos cursos de
graduação, sendo discutida às vezes como conteúdo de outras matérias.

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URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS

É importante que o cirurgião dentista (CD), mantenha-se atualizado e bem


equipado para poder realizar um atendimento de qualidade e segurança para a
população.

Organizamos os tópicos de acordo com cada problema, considerando aqueles


que são mais comuns no dia a dia.

PRÓTESE PROVISÓRIA OU DEFINITIVA SOLTA

Pode ser apenas um problema estético, se for um dente anterior e não houver
dor. Basta agendar um atendimento para recolocar a prótese ou fazer uma nova. Mas
a exposição do dente tratado pode levar à dor indicando uma consulta de urgência
para recolocar a prótese perdida.

DENTE ANTERIOR QUEBRADO SEM DOR

Um dente anterior pode sofrer uma fratura por uma queda, um esbarrão
enquanto se tem um copo na boca, esportes de contato, etc.

Normalmente, se não há dor é por que a fratura foi pequena. Nesse caso você
tem apenas um problema estético. Será necessário restaurar esse dente. Esse é um
procedimento bastante simples.

Se for um dente com canal tratado, mesmo uma fratura grande não vai doer,
mas o procedimento para recuperar a estética provavelmente será mais complexo.

Mesmo que o dente não esteja doendo, o dente fraturado pode estar ferindo
os lábios ou bochechas. Então é importante eliminar esse trauma nos tecidos bucais.

DENTE ANTERIOR QUEBRADO COM DOR

Se a fratura for muito extensa pode haver sensibilidade pela proximidade do


nervo (canal) ou mesmo uma dor aguda muito forte se o nervo chegar a ficar exposto.
Nesse caso será necessário fazer uma consulta de emergência odontológica para
cessar a dor, depois tratar o canal do dente fraturado e restaurá-lo.

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DENTE POSTERIOR QUEBRADO

Sendo um dente posterior, não há implicação estética, então o que vai fazer
diferença é a presença de dor ou não. Caso haja dor, segue-se a mesma orientação do
dente anterior: Consulta de emergência, tratamento do canal e restauração do dente.

DENTE ANTERIOR QUEBRADO COM LÁBIO CORTADO

É possível que o mesmo trauma que quebra o dente (uma queda ou pancada)
produza um corte no lábio. Dependendo do tamanho do corte pode ser necessário
suturar o lábio além de cuidar do dente. Esses procedimentos podem ser realizados
em consultório dentário na maioria das vezes. Se houver sangramento use uma
compressa de gaze estéril para controlar até chegar ao local do atendimento.

DENTE AVULSIONADO (PERDA DO DENTE POR TRAUMA)

Outra situação que pode ocorrer em caso de trauma por queda ou pancada é a
avulsão do dente, ou seja, o dente ser completamente expulso do seu alvéolo.

É mais comum acontecer com dentes anteriores e em crianças.

A primeira coisa a fazer é controlar o sangramento com gaze estéril. Depois,


recolher o dente, limpá-lo com jato de soro fisiológico (não esfregá-lo), guardá-lo em
um recipiente com soro fisiológico e procurar atendimento especializado o mais rápido
possível. Se não houver soro, usar água filtrada.

Em muitos casos é possível reimplantar o dente, mas esses cuidados são


importantíssimos para o sucesso do reimplante.

LÍNGUA CORTADA POR TRAUMA

Um tombo ou pancada no queixo podem levar os próprios dentes a morderem


a língua. Esse tipo de corte pode sangrar bastante e é comum ocorrer em crianças.
Controlar o sangramento com gaze estéril e buscar atendimento para suturar a língua.

DOR DE DENTE AGUDA AO COMER ALIMENTOS DOCES, FRIOS E QUENTES

Pode estar relacionada à uma cárie profunda ou à uma restauração deficiente


(quebrada ou infiltrada). Será necessário recorrer a um dentista para tratar o dente.

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Pode ser necessário tratar o canal posteriormente. Mas alguns casos podem ser
resolvidos apenas com uma restauração simples.

A sensibilidade dentinária também pode provocar esse tipo de dor. Nesses


casos, o uso de pastas de dentes para dentes sensíveis pode ajudar bastante.

DOR DE DENTE AGUDA PERSISTENTE

Provavelmente há envolvimento do canal. Pode ser uma cárie profunda que


alcançou o canal do dente, uma restauração infiltrada ou até mesmo uma fratura da
raiz. Será preciso fazer a consulta de emergência odontológica e tratar o canal depois.

DOR PULSANTE MUITO FORTE REPENTINA

Pode ser um abcesso que passou de uma evolução crônica (lenta e sem dor)
para uma fase aguda (muita dor). Entrar em contato para atendimento emergencial. O
gelo pode ajudar a reduzir a dor. Pode haver inchaço na face. Pode haver uma fístula,
ou seja, pus drenando pela gengiva.

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