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Vinícius Salgado
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A - Especialista em Dentística pela Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Mestre em Odontologia pela Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ;
Doutorando em Odontologia pela Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS
B - Mestre em Clínica Odontológica pela Universidade Estadual de Campinas, Piracicaba, SP, Doutora em Clínica Odontológica pela Universidade Estadual
de Campinas, Piracicaba, SP, Pós-Doutorado na área de Biomateriais pela Universidade de Manchester, Inglaterra, Professora Adjunta da Universidade
Federal Fluminense, Niterói, RJ, Professora da Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, RJ
C - Mestre em Materiais Dentários pela Universidade Estadual de Campinas, Piracicaba, SP; Doutor em Materiais Dentários pela Universidade Estadual de
Campinas, Piracicaba, SP; Pós-Doutorado na área de Biomateriais pela Universidade de Manchester, Inglaterra; Professor Adjunto da Universidade
Federal Fluminense, Niterói, RJ; Vice-coordenador do Mestrado Profissional em Odontologia da Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ
FIGURA 1 | Imagem em preto e branco ilustrando a composição visual realizada pelos bastonetes
FIGURA 2 | Mesma imagem da Figura 1, porém em cores, ilustrando a composição visual formada pelos bastonetes e cones
teriores, como por exemplo, Classe III ou Classe IV, é opaca, que varia em espessura, contorno e extensão
frequentemente observado um aspecto acinzentado das proximal de dente para dente. Este efeito é conhecido
restaurações quando esta camada é comparada com o como halo opaco e ocorre porque o ângulo de incidência
tecido dentário remanescente. Isso ocorre quando com- luminosa nessa área é maior do que o ângulo limite do
pósitos odontológicos translúcidos são afetados pelo esmalte, devido à sua inclinação, e como consequência
fundo escuro presente na cavidade oral,9 como ilustram ocorre a reflexão total da energia luminosa. Quando os
as Figuras 3 e 4. Sendo assim, o domínio do grau de prismas possuem um arranjo específico, algumas vezes
translucidez e opacidade é fundamental para obtenção a luz azulada ainda é transmitida na borda, resultando
de estética em restaurações, já que são indicadoras da num aspecto alaranjado deste halo.16
qualidade e da quantidade de reflexão de luz.10,11 Para
tornar uma restauração imperceptível, são necessários Fluorescência
materiais com níveis apropriados de translucidez,12 como Algumas substâncias têm a capacidade de absor-
ilustra a Figura 5. ver energia de uma luz não vísivel (Ultravioleta) e emitir
comprimentos de onda de luz visível, ou seja, com maior
Opalescência comprimento de onda que a radiação incidente.3 Este fe-
O esmalte dentário permite a passagem de luz até a nômeno, conhecido como fluorescência, é observado no
dentina, mas proporciona a dispersão da luz por seus dente natural que, quando exposto à radiação ultraviole-
cristais de hidroxiapatita. Com isso, possui a capacidade ta, apresenta uma coloração que varia do branco ao azul
de funcionar como um filtro e refletir a luz em comprimen- intenso.7 A dentina possui uma capacidade fluorescente
tos de onda curtos, associados à cor azul, e transmitir três vezes maios do que à do esmalte devido à presença
os comprimentos de onda longos, associados à cor ala- de maior quantidade de moléculas orgânicas fotossensí-
ranjada. Este fenômeno é descrito como opalescência e veis aos raios ultravioletas.15
é baseado no comportamento da translucidez do dente Tanto a opalescência quanto a fluorescência são res-
natural. Apesar do esmalte dentário ser opalescente em ponsáveis pelo brilho intrínseco dos dentes naturais que
toda sua extensão, este efeito é mais evidente na região os cirurgiões-dentistas e ceramistas devem mimetizar
do terço incisal, onde há máxima espessura desse te- quando realizam as restaurações.7 Uma aparência mais
cido.13,14 Outro efeito, chamado de contra-opalescência natural é obtida através da translucidez apropriada. Ex-
ocorre quando as ondas longas, transmitidas após a re- cesso de opacidade pode resultar em uma restauração
fração inicial, incidem sobre a dentina e são refletidas artificial, assim como o excesso de translucidez, uma
de volta, conferindo ao esmalte uma coloração alaran- restauração escurecida ou acinzentada.6
jada. Esse fenômeno é freqüentemente observado nas
pontas dos mamelos dentinários, que são brancas e re- Brilho e textura
fletem esta luz alaranjada,15 conforme ilustra a Figura 6. Além dos fenômenos já discutidos, aspectos rela-
Também pode ser observado no limite incisal, uma linha cionados à superfície também influenciam a aparência
A B C D
FIGURA 3 (A, B, C e D) | Discos de resina composta com 1 mm de espessura posicionados sobre fundo cinza 18% e sobre fundos branco e preto, onde é observado os
diferentes níveis de opacidade e translucidez. A - IPS Empress Direct Enamel A2 (direita) e Dentin A2 (esquerda). B - Estelite Sigma Quick A2 (direita) e OPA2(esquerda).
C - IPS Empress Direct Enamel A2 (direita) e Estelite Sigma Quick A2 (esquerda). D - IPS Empress Direct Dentin A2 (direita) e Estelite Sigma Quick OPA2 (esquerda)
FIGURA 5 (A e B) | Restauração com resina composta nos elementos 11 e 21 com níveis apropriados de opacidade e translucidez
FIGURA 6 | Ilustração dos efeitos opalescente, contra-opalescente e halo opaco, FIGURA 7 | Ilustração sobre a interação da luz com a superfície dentária. Observe
no bordo incisal dos elementos 11 e 21 a textura e a distribuição do brilho
nenhum método eficaz para diferenciar o valor. Em 1998 te tanto pelo clínico quanto pelo ceramista.26
foi inserida no mercado pelo mesmo fabricante, uma Entre os diversos fatores críticos para uma adequa-
escala de cor chamada Vita 3D-Master, que segmenta da seleção da cor, a distância de observação influencia
as dimensões da cor e possui uma sequencia lógica de na percepção visual. Deve-se primeiramente realizar a
avaliação iniciada pela seleção do valor, seguido pela observação à nível dental, com o posicionamento da
seleção do croma e a do matiz respectivamente.21 As es- paleta da escala de cor sobre o fundo da cavidade oral,
calas de cor Vita Cassical, Ivoclar Chromascop, Vita 3D- de forma espelhada ao do dente em questão. Um car-
-Master e Vita Linearguide 3D-Master são atualmente as tão cinza 18%, disponível em lojas de materiais fotográ-
escalas mais comuns e populares.22 ficos, ou afastador específico de cor cinza neutro, deve
Atualmente, as escalas de cor utilizam uma varie- ser utilizado como fundo para evitar a influência da cor
dade de métodos para quantificar a cor. Independente escura (Della Bona, 2009), conforme ilustra a Figura
do tipo da escala e organização das paletas de acordo 11. Em relação ao posicionamento, deve-se visualizar
com o matiz, valor e croma, o sistema de visão humano os dentes e paleta com pelo menos duas incidências. A
não consegue visualizar estes parâmetros isoladamen- primeira a 0 grau e a segunda em 45 graus ou difuso,7
te, mas sim as diferenças resultantes da união dessas como ilustrado na Figura 12. A posição mais comum
três dimensões de cor. Por exemplo, um aumento no cro- para a seleção da cor dentária é manter o paciente sen-
ma pode ser confundido com uma diminuição no valor. tado verticalmente para que a observação possa ser
Desse ponto de vista, a melhor abordagem é selecionar feita diretamente a nível dental. Se a iluminação está
a cor mais próxima da parte dentária em questão,23 ou vindo do teto, a sombra que vem do nariz não deve
o emprego de escalas que segmentam as dimensões interferir na área da seleção. As paletas de cor devem
como a escala Vita 3D-Master.6 ser posicionadas próximas ao dente a ser observado
A anatomia e polimorfismo dental influenciam dire- e alinhadas de modo que a luz possa ser refletida na
tamente as propriedades ópticas, aumentando a com- paleta de forma similar ao dente natural.23
plexidade da seleção da cor. Os elementos dentários A seleção de cor deve ser iniciada no início do proce-
apresentam transições coloridas das faces cervical para dimento, com o objetivo de evitar a fadiga visual. Além
incisal/oclusal, mesial para distal e vestibular para lin- disso, a desidratação dentária leva a um aumento do
gual.7 Essas transições se originam das diferenças nas valor. Os dentes tornam-se mais claros e precisam de
espessuras de esmalte e dentina, que além da cor, in- tempo para retornar à sua coloração normal. Caso ne-
fluenciam outras propriedades como translucidez e opa- cessário, os dentes devem ser limpos para remover a
lescência. Determinar uma cor para toda dimensão den- placa e pigmentos e mantidos úmidos durante a seleção
tária não é suficiente para um sucesso clínico. Deve ser de cor. A retina exibe uma adaptação se o objeto é vi-
observada cada terço dentário, cervial, médio e incisal. sualizado continuamente por um período maior que 15
O primeiro passo deve ser a determinação do nível de segundos, levando o observador a enxergar cores dife-
opacidade e translucidez. Em seguida, o valor de cada rentes quando olha para uma mesma região. Para evitar
terço. Após, a determinação do matiz e croma.24,25 este fato, períodos de observação por 5 segundos pro-
Para alcaçar bons resultados, a seleção de cor deve longados são recomendados.7 A visualização do cartão
ser feita sob luz natural ou com o auxílio de luz correti- cinza neutro para períodos de descanso é recomendada
va com temperatura entre 5.500K a 6.500K, e com uma entre uma tomada de cor e outra.
boa intensidade luminosa. Uma iluminação com 1000lux
é considerada ótima para avaliarmos visualmente a Método baseado na espectrofotometria
cor.26 Em muitos consultórios odontológicos são utiliza- A cor dentária pode ser mensurada também por ins-
das lâmpadas fluorescentes. É importante substituí-las trumentos específicos como espectofotômetros. Embora a
por lâmpadas fluorescentes corretivas, também conhe- mensuração instrumental forneca valores quantitativos da
cidas como “lâmpadas solares”. Dispositivos portáteis cor, eles variam de acordo com o método de medição em-
com emissão de luz ideal também podem ser aplicados, pregado, tipo e configuração do aparelho, superfície dental,
e reduzem a influência da iluminação inapropriada do condições do fundo.28 Os espectofotômetros devem ser utili-
ambiente, conforme ilustra a Figura 10. zados como complemento das escalas de cor atuais. Forne-
Em restaurações indiretas, na comunicação com os téc- cem informações precisas sobre a cor dental, sendo possí-
nicos de laboratório, fotografias de referência são neces- vel enviar os resultados para o ceramista, conforme ilustra a
sárias. É importante regular a temperatura do flash entre Figura 13. Alguns tipos de espectrofotômetros são: Easysha-
5.500K e 6.500K para evitarmos distorções.7 A comunica- de Compact (Vita Zahnfabrik, Alemanha); Shade-X (X-Rite,
ção de cor detalhada é essencial para um sucesso clínico. EUA); SpectroShade Micro (MHT Optic Research, Suíça).
Na seleção convencional, a escolha é realizada visualmen- Os espectrofotômetros estão entre os instrumentos de
FIGURA 8 | Ilustração da comparação visual pelo método convencional utilizando uma escala de cor
FIGURA 9 | Ilustração da comparação visual pelo método convencional utilizando incrementos de material
A A
B B
FIGURA 10 (A, B e C) | Ilustração do uso de lâmpada portátil FIGURA 11 (A e B) | Ilustração do uso de afastador na cor cinza 18% para utilização na seleção de
com emissão de luz ideal para seleção de cor cor. Observe a eliminação da influência do fundo escuro da cavidade oral sobre a cor dentária
A A
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