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A NECESSIDADE DA PERSISTÊNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO

DE FORMAÇÃO DOS ALUNOS NA EDUCAÇÃO PÓS PANDEMIA

Vítor de Alcântara Bueno1

Conquanto seja o direito à educação elevado ao patamar de direito fundamental de


natureza social - art.6º da Constituição Federal - , e, portanto, indissociável do indivíduo em
formação, percebe-se que no período atual – e com certeza - no pós-pandêmico, tal garantia
mostra-se e se mostrará, mais do que nunca, com algumas dificuldades a serem enfrentadas,
além das já existentes.

Como sabido, a implementação de uma educação de qualidade, seja qual for o nível
(primeira infância – Lei n. 13.257, de 8 de março de 2016 - ao ensino superior e graus de
especialização) só se faz possível com o envidamento de esforços coletivos, assim entendidos
os do poder público – aqui abrangidos os profissionais da educação -, dos próprios alunos e
dos pais. Estes últimos, no contexto atual, adquirem especial destaque.

Apesar de todos os malefícios que a pandemia impingiu à toda população mundial, em


certo aspecto, pode-se afirmar que fomentou a proximidade da família e corroborou no
processo de educação e formação dos jovens. Isto porque, como sabido – e trazendo os fatos
para o contexto brasileiro -, os estudantes dos diversos níveis de ensino foram encaminhados
ao estudo virtual, valendo-se dos recursos tecnológicos disponíveis para o implemento da
formação acadêmica.

Este processo quebrou paradigmas, na media em que mostrou ser possível o


desempenho do ensino remotamente, e ainda que em diversos casos o aprendizado tenha sido
ou seja deficitário – o que demanda um maior aprimoramento das políticas públicas de
educação – trouxe os pais – e a família, considerada num contexto amplo – como
protagonistas da educação dos filhos, e não apenas meros coadjuvantes, como outrora ocorria.
A figura do professor, que muitas vezes detinha as atribuições de educar e ensinar, pode,
finalmente, dedicar-se com maior afinco à última função, qual seja, lecionar, haja vista que os
pais, ao estarem ao lado dos filhos por um maior período devido a estes estarem estudando em
seus lares, conseguem acompanhá-los de forma mais eficaz e suprir deficiências ocasionadas

1
Assessor Jurídico do Ministério Público Federal. Especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil pelo
Centro Universitário Toledo (Araçatuba/SP). Pesquisador na área jurídica.
por sua ausência na vida escolar dos estudantes. Além disso, outros benefícios são oferecidos
aos mestres, na medida em que o envolvimento da família gera grande valorização do trabalho
dos docentes, pois sentem a apreciação do seu mister, conforme apontado pelas autoras
Rocha   &  Machado  (2002, p.18).

O papel da família é de especial relevo, pois os pais, ao encorajarem os atos positivos


das crianças, praticarem elogios de suas condutas e fomentarem as tarefas que não excedem
suas capacidades, sendo coerentes com seus acertos e fracassos, fomentam a autoconfiança
dos filhos/alunos (Coria-Sabini , 1998, p. 65).

Dado esse papel fundamental da família/pais na educação dos filhos, sua persistência
ao lado dos estudantes se mostra de primordial importância mesmo após o decurso do atual
cenário pandêmico. A presença da família é de crucial relevo não apenas na seara escolar,
participando de reuniões que demandam seu comparecimento pessoal, mas ao longo de todo
processo de desenvolvimento acadêmico.

Assim, mister que tal acompanhamento não se restrinja ao atual período, mas se
elasteça quando os estudantes retomarem o ensino presencial, havendo permanência nas
relações e conjugações de esforços entre pais, alunos, profissionais, sociedade e Estado como
um todo na formação dos filhos e futuros cidadãos.

Só assim, com a presença da unidade familiar na educação dos filhos ainda no lar,
mesmo após passado o atual momento, acompanhando as rotinas dos estudantes, orientando e
incentivando, é que a sociedade conseguirá amenizar os efeitos deletérios ocasionados pelo
atual momento e superando os desafios da nova era da educação pós-pandemia, consolidando
o direito à educação como direito fundamental que é.

Palavras – Chaves: Educação. Família. Presença.

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