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A Numerologia na Maçonaria I

Meus Amados Irmãos, de forma simplificada, Numerologia é: “O estudo do significado

oculto dos números e da sua influência no caráter e no destino dos homens”. Assim sendo,

gostaríamos de abordar a simbologia dos principais números maçônicos, de UM a DOZE,

contidos nas Instruções dos três Graus da Maçonaria Simbólica, cuidando de iniciar

destacando o ZERO. Dado, contudo, que pretendemos tratar esse assunto com alguma

profundidade, seria este um trabalho por demais extenso para ser proferido em uma única

palestra. Sendo assim, iremos segmentá-lo em partes, ficando as seguintes adiadas para

ocasião oportuna. Além disso, o estudo do SETE ao DOZE é restrito aos Mestres Maçons.

Nos limitaremos hoje então a:

Do ZERO ao QUATRO:

O NÚMERO ZERO

Do Gênesis (I, 2) advém: “A terra, porém, era sem forma e vazia: havia trevas sobre a

face do abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Compreende-se daí que o

NADA não era um vazio absoluto uma vez que nele já existia o Espírito de Deus que ainda

não se manifestara, concluindo-se que isso foi anterior a tudo e que daí partiram todas as

coisas. O NADA é simbolizado na escala numérica pelo ZERO que é, pois, a representação

simbólica do Espaço Absoluto, intangível e incompreensível para a mente humana, mas que

portava em si o Espírito de Deus. A figura mais apropriada para nos dar uma idéia de Deus é

o NADA, que nos sugere algo sem forma, sem consistência, sem limites e portanto, invisível,

intangível e infinito. Os ocultistas denominam isso o SER no NÃO SER, isto é, o ZERO.

A EXISTÊNCIA palpitava, pois, na NÃO EXISTÊNCIA, o SER no NÃO SER, enquanto

a CAUSA sem CAUSA (Deus) envolvia a EXISTÊNCIA e a Eternidade envolvia o Tempo!

A forma geométrica do círculo (ZERO) é a que mais se presta a nos dar a ideia do

infinito, por ser perfeitamente contínuo. Na maçonaria, entende-se a letra “G” como uma
modificação do círculo (ZERO), que representa o Grande Arquiteto do Universo.

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Em última palavra, o ZERO é o símbolo esotérico que representa Deus, Criador

incriado, a Causa sem Causa, de onde tudo se origina e que ainda é imanifestado,

“pairando” no Espaço ABSOLUTO!

O NÚMERO UM

A primeira manifestação desse Criador, segundo a Bíblia, a Criação em Si, é

simbolicamente representada por um “ponto” (IOD), situado no centro do círculo (ZERO).

Assim entende-se como o ZERO antecedeu ao UM: ambos são um só e mesmo Deus,

porém o primeiro em seu estado não manifestado, enquanto que o segundo apresenta-se

em plena manifestação da Vontade Divina. O UM é a UNIDADE em Sua atividade criadora

manifestada pelo número UM, Raio de Luz Cósmica emanado do ZERO para, com ele,

formarem todos os outros números!

É importante atentar-se aqui para a existência de duas situações perfeitamente

definidas: ANTES do PRINCÍPIO e NO PRINCÍPIO, criando a partir daí um marco inicial de

tempo que informa quando se iniciou a formação de todas as coisas. O desejo Divino de sair

da Abstração para o concreto, denominado de “Pathos”, se deu antes do PRINCÍPIO, após o

qual a UNIDADE então se manifestou. Essa manifestação do ABSOLUTO se deu como um

raio descido verticalmente no centro do círculo (ZERO) para formar o UM, do qual todas as

outras grandezas se originaram. Isto é o que se chama de Involução, quando o

transcendente desce do Plano Espiritual para tornar-se real no Plano Material. Atingida a

parte mais baixa desta Involução – o reino mineral – o Sopro Divino preside e conduz todas

as atividades da matéria que, a partir daí, começa a elevar-se para estágios menos

materializados – vegetal, animal, hominal – até voltar, sempre ascendendo, ao Plano

Espiritual, a fim de novamente integrar-se ao ABSOLUTO. A este movimento ascendente é

que se denomina de Evolução.

É necessário ficar bem claro que o ZERO simboliza o Pai imanifestado e que gera o

UM, o Filho, aspecto manifestado do mesmo Pai. O número simbólico desta geração é

complexo porque exige uma interpolação e valores entre o ZERO e o UM, cuja compreensão

está ainda fora do alcance do Aprendiz.

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A UNIDADE é o Reino de Deus dentro de nós mesmos, ou seja, a Sua Lei que é

interiormente pressentida por nós e que atua manifestando-se naquilo a que costumamos

chamar de CONSCIÊNCIA. Por isso não há que se “aprender” a unidade, mas antes senti-la.

O NÚMERO DOIS

Conforme prega o nosso Ritual: “A unidade só é compreendida por efeito do número

DOIS, sem este, ela torna-se idêntica ao Todo, isto é, identifica-se com o próprio número”.

Isto nos conduz ao raciocínio de que a UNIDADE, compreendendo os dois aspectos do

Criador – não manifestado e manifestado –, só se torna compreensível quando o segundo

aspecto se realiza. Esta realização dá lugar ao aparecimento da matéria, que é presidida

pelo número DOIS. Sem tal manifestação, a UNIDADE “torna-se idêntica ao Todo”. Com o

DOIS, portanto, tudo se torna real e inteligível. Ainda segundo o Ritual do Aprendiz, esse
número é também considerado “um número terrível” ou “um número fatídico” porque é o

símbolo dos contrários, do desequilíbrio e da contradição. Com efeito, até na Aritmética e na

Matemática o DOIS produz confusão pois, ao olharmos o número 4, não sabemos se é

resultado de 2 + 2 ou de 2 x 2, o que não ocorre, em absoluto, com qualquer outro número.

Ele representa o Bem e o Mal; a Verdade e a Falsidade; a Luz e as Trevas; a Inércia e o

Movimento, enfim, todos os princípios antagônicos, adversos. Ainda segundo nosso Ritual, o

Aprendiz não deve se aprofundar no estudo desse número porque, fraco ainda no cabedal

científico de nossas tradições, pode enveredar pelo caminho oposto ao que deveria seguir.

Esse estudo, contudo, orientado e guiado pelo Mestre, deveria existir, pois não saberíamos

o que é o Bem se não conhecêssemos o Mal; o Justo se desconhecêssemos o Injusto e

assim por diante. O número DOIS nada mais é do que a dissociação do raio que parte do

círculo (o UM partindo do ZERO) em sentido angular, em contraposição ao seu ângulo

oposto. É, pois, a DUALIDADE afastando-se da UNIDADE, para finalmente se reunir

novamente a ela. Resumindo em uma simples frase: “O homem vem de Deus e volta

novamente para Ele”.

Vemos então que o Aprendiz deve, muito embora assim não aconselhe o Ritual,

estudar e aprofundar-se nos mistérios do número DOIS, a fim de que possa conquistar o
discernimento e se afastar das influências negativas, cumprindo aos Mestres assisti-lo,

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encaminhá-lo e assegurar-lhe confiança em seus estudos a fim de que ele possa vencer

todas as dificuldades.

O NÚMERO TRÊS

Para que a Vontade Suprema se materialize, provocando o aparecimento da “forma”,

há que se juntar um terceiro elemento aos dois primeiros. Eis que o ponto (IOD) dentro do

círculo (ZERO), ou a linha que parte desse ponto (UM) e se divide nos contrários (DOIS) não

constituem um sólido com forma definida. A adição do terceiro elemento, originada pela

firmeza do pensamento, cria a forma original, ligando aqueles dois raios e formando o

Triângulo, que é a forma primitiva e perfeita, geradora de muitas outras formas poligonais. É

o TRÊS. Número considerado perfeito porque resulta da soma da UNIDADE com a

DUALIDADE, conduzindo ao equilíbrio dos contrários e realizando os propósitos de Deus,


que é a elevação do homem. No estudo desse número, vê-se porque o Triângulo é o mais

importante símbolo maçônico. A propósito, outras religiões e culturas também cultuam o

simbolismo dessa figura, representação simbólica perfeita dos TRÊS aspectos do

ABSOLUTO. Nas religiões cristãs ele representa a Divina Trindade – Pai, Filho e Espírito

Santo –; as religiões orientalistas vêem nele os três aspectos do Logos. Em qualquer delas

se vê a Unidade do Todo, a Dualidade da Manifestação e a Trindade Perfeita.

Há ainda que se fazer uma observação para que, apesar do formato, não se confunda

o Triângulo Maçônico com o DELTA SAGRADO, cujo estudo não deve ser realizado pelo

Aprendiz e no qual não nos deteremos nessa oportunidade.

Na maçonaria, o Triângulo assume um simbolismo de capital e transcendental

importância. Pode-se dizer que é o fulcro em torno do qual gira toda a simbologia maçônica.

Toda a Perfeição, em seu mais alto grau está simbolicamente representada na figura ímpar

do triângulo equilátero, com seus TRÊS lados e TRÊS ângulos matemática e absolutamente

iguais.

Não detalharemos também o simbolismo egípcio, baseado no triângulo isósceles e na

posterior confirmação de Pitágoras, demonstrada em seu famoso Teorema. Na antiga

Maçonaria egípcia, a que hoje denominamos de Pitagórica, os elementos vitais: matéria,

meio e germe, reunidos, formariam a germinação da própria vida.

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O Mestre Jesus também tentava explicar o tríplice aspecto – o Pai, Ele e eles – da

Universidade da UNIDADE! Em seus ensinamentos, o Pai e Ele já formavam o UM e pedia

ao Pai que concedesse a união do terceiro aspecto, ou da terceira linha – Eles – para que o

Triângulo se completasse, a fim de que todos sejam UM. Dessa forma, Eles seriam

“aperfeiçoados na UNIDADE”.

Este aperfeiçoamento do Ternário na UNIDADE é justamente o Ideal Maçônico. É a

Perfeição Maçônica. É, enfim, o perfeito Mestre Maçon.

O NÚMERO QUATRO

Para que o trabalho da Criação passasse do terreno da manifestação metafísica para

o terreno físico da materialidade, a TRINDADE emanou de SI, através de diferentes

vibrações, QUATRO elementos básicos para a formação do mundo material. Estes


QUATRO elementos que a Bíblia se refere como ELOHIN, foram emanados pela TRINDADE

e são: a Água, o Fogo, a Terra e o Ar. Sob o ponto de vista filosófico, as Forças da

Natureza, entidades imateriais que governam os quatros elementos, exercem grande

influência nos homens, que descrevemos a seguir.

Quando a entidade de FOGO domina o homem ele se torna violento e irascível, seu

temperamento é conhecido na Psicologia como sendo “bilioso”. Sendo as entidades do AR

que o comanda, ele se mostra com atributos de inteligência e reflexão, apresentando um

temperamento dito “sanguíneo”. Já as entidades da ÁGUA influem no sentido de torná-lo

sensitivo e impressionável, com um temperamento tipicamente “linfático”. Finalmente, as

entidades da TERRA outorgam-lhe características de grande atividade e constância em suas

determinações, e seu temperamento é, então, “nervoso”.

A luta do homem consigo mesmo deve ser no sentido de dominar os QUATRO

elementos inferiores, a fim de poder usufruir os benefícios das entidades puras que os

governam e transformá-los em princípios superiores, de vibrações benéficas e harmoniosas

que o elevarão, espiritualmente, até aos páramos da UNIDADE.

Simbolicamente temos o TRIÂNGULO como a representação do MUNDO DIVINO e o

QUADRADO como a representação do TEMPLO de DEUS no homem.

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Conforme já dito de início, concluiremos por aqui, deixando o estudo do CINCO ao

DOZE para trabalhos futuros.

Obrigado.

Trabalho "A Numerologia na Maçonaria I" - Sessão Ord Rit 16 de novembro de 2.021

MICésar Augusto S. de M. Franco - Nome Histórico: Joaquim Marcelino de Brito

AugRespLojSimbDamasco n.1475 - Oriente: Santos

Bibliografia: - O Simbolismo dos Números na Maçonaria – Boanerges B. Castro – Editora Aurora – 3a Edição

- Rituais dos Graus 1, 2 e 3

- Instruções dos Graus 1, 2 e 3

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