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A CERIMÔNIA DE INCENSAÇÃO NO RITO

ADONHIRAMITA
(Autor desconhecido)

Os produtos voláteis ou gases perfumados que se desprendem


das diversas substâncias, ao serem aspirados, entram nas fossas
nasais e se dissolvem - se é que não estão suficientemente
volatilizados - na mucosa. Desagregados nela excitam as
terminações ao centro olfativo do córtex cerebral, onde são
interpretados e nos produzem a sensação de cheiro ou odor. Ao
aspirar o aroma, desencadeiam-se processos físico-químicos,
causando sensações de bem ou mal estar, dependendo da nossa
integração com o odor.

Nada é mais marcante do que um aroma que, pode ser


inesperado, momentâneo e fugaz, e mesmo assim, marcar para sempre
um instante da nossa vida. Os odores explodem suavemente na
memória, como minas poderosas, escondidas sob a massa espessa de
muitos anos de experiências. Basta percebermos um aroma, as
lembranças afloram e sentimos emoções.

Há séculos, os místicos perceberam que a inalação de certas


substâncias combustíveis inofensivas, especialmente quando
aromáticas afetavam as glândulas, que também, têm funções
psíquicas, estimulando-as e acelerando-as. Quando essas
substâncias não podiam ser obtidas diretamente na natureza
(madeiras, flores e ervas), o homem passou a fabricar compostos a
partir das essências naturais e a propagá-las nos ambientes, por
entre perfumes e incensos.

A adoção místico-religiosa dos incensos partiu do seguinte


princípio: se as fragrâncias suaves eram agradáveis ao homem,
deveriam ser, também, igualmente bem recebidas pelos deuses.

A mais antiga referência ao uso de substâncias aromáticas


encontra-se em uma inscrição da 11ª Dinastia do Egito, quando o
rei Sankhara enviou uma expedição através do deserto à região de
Punt, hoje conhecida como Etiópia, na busca dessas substâncias.
No antigo Egito o corpo dos mortos era preparado para os ritos
funerários com o uso de incenso e óleos aromáticos, com o fim de
afastar os maus espíritos que seguiam somente os odores
nauseabundos.

Ainda no antigo Egito, entre algumas escolas de mistério -


presume-se estarem ali correntes formadoras da maçonaria - dizia-
se que o incenso tinha estranhas propriedades físicas, que
produziam diversos efeitos sobre os seres humanos. Acreditava-se
que a fumaça levava para o alto as preces dos homens,
estabelecendo uma perfeita harmonização com as divindades.

Determinando a construção do Tabernáculo, Deus disse a Moisés


que ele fizesse um Altar para queimar incenso, conforme registra
a Bíblia: “Farás também um Altar para queimar nele o incenso; de
madeira de acácia o farás” (Êxodo 30:1).

O incenso e sua fumaça possuem uma ação anti-séptica


comprovada e essa ação física é acompanhada de uma ação psíquica.
Ele, alterando as vibrações do ambiente, pela movimentação,
proporciona um estado de alma particular propício à elevação
espiritual. Veja-se o que disse Deus a Moisés: “Disse Deus a
Moisés: toma substâncias odoríferas, estoraque, onicha e gálbano:
estes aromatas com incenso puro, cada um de igual peso; e disto
farás incenso, perfume segundo a arte do perfumista, temperando
com sal, puro e santo ... Porém o incenso que fareis, segundo a
composição deste, não o fareis para vós mesmos; santo será para o
Senhor”. (Êxodo 30:34 / 38)

Os Reis Magos vindos do Oriente trouxeram, além de outras


oferendas, incenso. A perfumação da Loja Maçônica Adonhiramita
deve ser feita, como já vimos, com Rosa ou Benjoim. Os incensos
Adonhiramitas estão ligados à emoção, ao amor, conseqüentemente à
Beleza. A Rosa, a mais preferida das flores, é ligada ao amor. O
Benjoim é uma goma-resina usada para fixar o aroma, de essência
agradável, originário da Índia e utilizado como incenso pelos
budistas e hinduístas.

A CERIMÔNIA:
Após os anúncios ritualísticos de praxe, tendo ao fundo o
amado Ir.’. Mestr.’. de Harm.’. feito soar uma música própria, o
amado Ir.’. Mestr.’. de CCer.’., em seu posto, deve mentalizar o
recebimento das energias cósmicas vindas pelo centro do Pavimento
de Mosaico, dela se envolvendo. Dirige-se ao Alt.’. dos PPerf.’.,
recolhe o turíbulo que deve conter brasas bem ardentes, faz todo
o seu giro de Incensação da Loja. Iniciando-o ao posicionar-se à
direita do Ven.’.Mestr.’. para receber as três pitadas, em forma
triangular, magnetizadas pelo Ven.’.. Cada pitada,
respectivamente, pela Sabedoria, pela Força e pela Beleza.
Conforme o Ritual as três pitadas são de Rosa ou Benjoim em pó.

Diante do Alt.’. do Ven.’., no centro do Or.


.’., em frente ao
Alt.’. dos JJur.’., na “linha imaginária” que divide o Sul do
Norte, incensa o Ven.’. Mestr.’. com três dutos. Dirige o
primeiro para o lado direito do Ven.’., o segundo para o lado
esquerdo e o terceiro à cabeça daquele Oficial, pronunciando após
o último duto, “Sabedoria
Sabedoria”.
Sabedoria Após, dirige-se ao Alt.’. do amado
Ir.’. Prim.’. Vigil.’. e procede da mesma forma, pronunciando
após o terceiro duto central, “Força
Força”;
Força progredindo em seguida até
o Alt.’. do amado Ir.’. Seg.’. Vigil.’.trabalha de idêntico modo,
pronunciando ao final do último duto, “Beleza
Beleza”.
Beleza

Em seguida dirigir-se-á ao Alt.’. do amado Ir.’. Orad.’. e de


frente a ele, procede a um único duto, em direção à cabeça do
amado Ir.’. Orad.’., mentalizando, ato contínuo, “Justiça
Justiça”.
Justiça
Prosseguindo, passa por trás do Ven.’. Mestr.’., indo para frente
do Alt.’. do amado Ir.’. Secr.’., procede a um único duto,
mentalizando agora, “Memória
Memória”.
Memória

Posta-se no centro da balaustrada que separa o Or.’. do Oc.’.


e na “linha imaginária” que divide a Col.’. do N.’. da Col.’. do
S.’., de frente para o Oc.’., incensa a Loja por três vezes,
sendo o primeiro duto dirigido a Col. .’.do S.
.’., mentalizando
“Liberdade
Liberdade”; o segundo, dirigido a Col.’. do N.’., mentalizando
Liberdade
“Igualdade
Igualdade” e o terceiro duto, dirigido ao centro, mentalizando
Igualdade
“Fraternidade
Fraternidade”.
Fraternidade

Finalmente, entre CCol.’., voltar-se-á para o Or.’. e


balançando o turíbulo na altura do coração, lançará o primeiro
duto ao N.’., o segundo ao S.’. e o terceiro ao centro da Loja,
dizendo em seguida, “Que
Que a Paz Reine em Nossas CCol.’.”.
CCol
Voltando-se para o amado Ir.’. Cobr.’. Inter.’. incensa-o
por um só duto, na altura da cabeça, mentalizando “Diligência
Diligência”
Diligência ou
“Vigilância
Vigilância”. Entrega o turíbulo ao amado Ir.’. Cobr.’. Inter.’.,
Vigilância
recebendo dele a espada pelo seguinte procedimento: com a mão
direita, em que segura o turíbulo, encosta na mão direita do
amado Ir.’. Cobr.’. Inter.’. que está segurando a espada. Com a
mão esquerda, que segura a corrente, segura a mão esquerda do
amado Ir.’. Cobr.’. Inter.’.. No sentido horário, sem soltar as
mãos, dá um passo para o S.’. enquanto o amado Ir.’. Cobr.’.
Inter.’. simultaneamente, dá um passo para o N.’.. O segundo
passo do amado Ir.’. Mestr.’. de CCer.’. do S.’. para o Oc.’.,
enquanto o amado Ir.’. Cobr.’. Inter.’. do N.’. para o Or.’.,
isto faz com que troquem momentaneamente de função.

De acordo com o Manual do Mestr.’. de CCer.’. da Maçonaria


Adonhiramita, o amado Ir.’. Cobr.’. Inter.’. incensa primeiro o
amado Ir.’. Mestr.’. de CCer.’. por um duto à altura da cabeça,
mentalizando “Harmonia
Harmonia”.
Harmonia Tal procedimento difere do determinado
pelo Ritual de Aprendiz Adonhiramita. Neste não há determinação
de incensar ao amado Ir.’. Mestr.’. de CCer.’. pela simples razão
que este é permanentemente incensado em toda a sua circulação. É
ele que estabelece o equilíbrio da Loja. A razão que os IIr.’.
tiveram ao introduzir essa prática foi a necessidade de totalizar
vinte e um dutos, e também, alegaram que o amado Ir.’. Mestr.’.
de CCer.’. tendo trocado de função momentaneamente com o amado
Ir.’. Cobr.’. Inter.’., passou a ser o Cobr.’. Inter.’., e como
tal deve ser o último a ser incensado.

Em seguida, o amado Ir.’. Mestr.’. de CCer.’. abre a porta


para que o amado Ir.’. Cobr.’. Inter.’., da soleira do Templo
(sem sair), incensa por duas vezes o exterior da Loja, dirigindo
um duto para o N.’. e outro para o S.’. mentalizando,
respectivamente, Paz e Amor ou Concórdia
Concórdia, correspondendo a
incensação do Amado Irm .’. Cobr.’. Exter.’., o Amado Irm .’.
Prim.’. Exp.’..

Após isso, com os mesmos procedimentos, o amado Ir.’. Cobr.’.


Inter.’. e o amado Ir.’. Mestr.’. de CCer.’. trocam seus
materiais litúrgicos e completam o giro, no sentido horário,
voltando os dois Amados IIr.’. às suas funções de ofício. O amado
Ir.’. Mestr.’. de CCer.’. retorna ao Or.’. e deposita o turíbulo
no Alt.’. dos PPerf.’., que sempre estará ao pé dos degraus do
Alt.’. da Sabed.’., do mesmo lado do Alt.’. do Amado Iir .’.
Orad.’..

Nesse ponto cessa a mentalização da captação da energia, que


terá sido distribuída por toda a Loja, pela evolação da fumaça do
incenso que esparge os elétrons da energia gerada pela
mentalização do amado Ir.’. Mestr.’. de CCer.’., que deve ser
acompanhada por todos os Amados Ir.’. presentes.

Conclusão:

A cerimônia de Incensação é uma alegoria esotérica que


concentra todas as energias do Universo a uma força única. O
simbolismo do incenso está, ao mesmo tempo, na dependência do
simbolismo da fumaça e do perfume, como também, das resinas
inalteráveis que servem para prepará-los.

As árvores produtoras dessas resinas tem sido tomadas, por


vezes, como símbolos do Cristo. O incenso tem a incumbência,
pois, de elevar a prece para o céu, e nesse sentido, é um emblema
da função do Amado Ir .’. Mestr.’. de CCer.’.: esta é a razão
pela qual um dos Reis Magos ofereceu o incenso ao Menino Jesus.
O uso do incensamento, que é universal, tem em toda parte o mesmo
valor simbólico: associa o homem à divindade, o finito ao
infinito, o mortal ao imortal.

O incenso tem um duplo significado. Ele sobe para o G.’. A.’.


D.’. U.’. como um símbolo das orações dos irmãos; mas também se
espalha pelo Templo como um símbolo do suave perfume da bênção
divina, e assim o Amado Ir .’. Mestr.’. de CCer.’. o impregna de
uma influência sagrada, com a idéia de que, onde quer que o aroma
possa penetrar, por onde quer que a menor de suas partículas
possa passar, levará consigo um sentimento de paz e de pureza,
expulsando todos os pensamentos não-harmoniosos.

Com o ofício da incensação , obtêm-se quatro objetivos


distintos:
Primeiro: Seja qual for o escopo da parte invocatória do
serviço, numerosas pessoas se reúnem para orar ou meditar,
criando assim uma forma-pensamento de grandes proporções;

Segundo: Uma boa soma de força flui em conseqüência, e ativa


as faculdades espirituais dos participantes;

Terceiro: O esforço simultâneo sincroniza as vibrações de


seus corpos, tornando-os com isso, mais receptivos;

Quarto: Sendo sua atenção concentrada no mesmo objetivo,


cooperam eles entre si, e há, portanto, estímulos recíprocos.

Durante nossas seções maçônicas, e mesmo nos períodos de


meditação, quando isoladamente nos preparamos para comungar com o
G.’. A.’. D.’. U.’. no nosso templo interior, devemos buscar
meios que facilitem a ligação espiritual do homem com o seu
criador.

Estando a Loja purificada com a Incensação, que propicia a


união fraternal de todos os Obr.’. presentes, torna os mesmos
aptos a merecer a presença de SUA LUZ (do G.’. A.’. D.’. U.’.),
que os protegerá, libertando-os das trevas.

Os meios e os recursos de estabelecer comunhão com Deus são


tão numerosos quanto às religiões que os homens criaram e a
flexibilidade que sua imaginação permitiu. O fato é que mesmo
hoje em dia, nas igrejas de seitas cristãs tradicionais e
respeitadas, nas lojas maçônicas de todo o mundo ou em qualquer
lugar onde se deseje a ligação entre os planos material e
espiritual, o incenso está presente e auxiliando no
desenvolvimento espiritual.
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TRABALHO BASEADO NO RITO ADONHIRAMITA
BIBLIOGRAFIA:
M.’.I.’. COSTA, Orlando Soares da – 31.’. - F.R.C.-S\I\.Metástase
Maçônica. Editora Europa, Rio de Janeiro, 1999. 325p.
M.’.M.’. MARCHIORO, Nilson de Paula Xavier. Considerações
associativas entre a construção do Templo Interior, o Binário e o
Ternário, o uso do Incenso e a Intuição. Trabalho Grau I
apresentado em Loja. Curitiba, 1999. 6p.
LEADBEATER, C. W. O Lado Secreto das Coisas. Editora Pensamento.
CHEVALIER, Jean, CHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos.
Editora Pensamento.

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