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“Venerando os
Poderosos Mortos”
Parte II
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sobrevivendo em outros locais. A Quimbanda Brasileira, em especial a praticada
dentro do T.Q.M.B.E.P.N, tem o intuito de mostrar, através de rituais e textos
que o conceito de continuidade é um processo construído historicamente, porém,
a forma ao qual conectamos a mente consciente à inconsciente, o corpo denso
ao espírito e os vivos aos mortos nos diferencia. Nós não tememos a Morte, nós
a vivemos compartilhando sua Sabedoria infinita! Por isso, mostramos o quão
precioso é ter uma conexão com o além-mundo e celebrarmos esse presente
‘divino’ como uma dádiva aos escolhidos.
A Ritualística Final
Após os treze dias de oração, o adepto estará apto para continuar e finalizar o
projeto. No primeiro momento enfrentou sua sombra negra e comungou com a
voracidade da Morte, recebeu as benesses desse ato e está pronto para visualizar a
Luz dos Mortos.
Essa prática será mais simples do que a feita no primeiro momento, entretanto,
trará a Luz Luciférica que conduz os Poderosos Mortos para a vida daqueles que
enfrentaram os obstáculos. Entendemos que essa Luz age de diversas formas:
• Consumindo as fobias;
• Destrancando as “Portas Corta-Fogo” (entraves mentais);
• Trazendo a Gnose Obscura;
• Derrotando a inércia do ‘Falso-Deus’.
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Materiais Necessários:
Informações complementares:
Todas as informações sobre a data do ritual, bem como as condições para a prática
estão descritas na primeira parte do projeto.
O pedaço de carne bovina deverá ser assado com temperos e especiarias que
agradem os sentidos do adepto. Não precisa ser grande, apenas se o adepto desejar
compartilhar com alguma pessoa relevante. Lembramos que essa carne simbolizará
a ancestralidade que praticava o canibalismo e absorvia os poderes de seus
inimigos através do consumo da carne de seus corpos. A Quimbanda Brasileira,
como expressão da evolução das práticas antigas, entende que algumas pessoas
não consomem carne de espécie alguma, assim deixamos aberta a possibilidade de
substituir a carne por um prato de frutas.
Grande Ritual
Pedimos que o rito se inicie ao anoitecer, pois os Espíritos da Quimbanda são
noturnos e respondem melhor sob a emissão lunar. A música ritualística indicada
já deve estar sendo reproduzida antes do início do ritual.
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3- O adepto preparará as velas ungindo-as com tintura ou óleo de arruda e as
acendendo sequencialmente formando um semicírculo que acompanhará a
corrente.
4- Para cada vela acesa o adepto exclama:
“Salve Nosso Mestre, Pai da Luz Ctônica, Senhor do Fogo Ascendente! Laroyê
Senhor Lúcifer! Salve os Reinos da Morte! Salve a onipotência do Imperador
Maioral! Salve o Povo de Exu! Oferto o fogo para que Exu me conduza para
as fontes de Luz emanadas pelos Poderosos Mestres. Que o lado sombrio desse
elemento destrua minhas limitações e que Verdade Suprema se manifeste
dentro de mim!”.
5- Após acender as velas o adepto colocará o prato com a carne assada a sua
direita, o prato com a carne crua a sua esquerda, o espelho e o Ponto impresso
(ou desenhado) a sua frente. Também organizará a garrafa de vinho, a taça e os
incensos conforme mostra a imagem.
Espelho
Taça
Garrafa Incenso
Carne Carne
Ponto Riscado Assada
Crua
Adepto
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6- Confortavelmente o adepto se senta diante às velas. Respira profundamente e
deixa o corpo e a mente entrarem em sintonia com as energias de Exu. Com as
palmas das mãos no chão exclama:
“Essas correntes não me prendem. Essas correntes me protegem enquanto minha
consciência vaga entre o mundo dos vivos e dos mortos. Ativo a incandescência
do aço para que repila toda forma nociva e prejudicial ao meu desligamento.
Evoco nesses elos a força repulsiva e ígnea de Exu e Pombagira! Com o Cadeado
do Senhor Exu Tranca Tudo fechado inicio meus rituais!”.
7- O adepto deverá iniciar a queima do incenso de Sândalo. Enquanto a fumaça
se propaga no ambiente, inicia a seguinte evocação:
“Eu (dizer nome completo) evoco minha ancestralidade espiritual e me
energizo com a queima do Sândalo, cuja força estimula meus sentidos. Deixo
meu corpo aberto para receber a Luz que cega os amaldiçoados e incinera as
linhas que costuram meus olhos. Ó Sagrados e Poderosos Mortos, em nome de
Lúcifer, abençoem minha ressurreição e amparem-me enquanto meu corpo é
cremado nas piras de Exu! Peço que me consagrem através dos Necro Mistérios
e que ao término desse ritual eu exale força e poder com a Luz de Exu entre
meus olhos!”
8- Descanse os sentidos, sinta o poder de Exu e a Luz de Lúcifer cada vez mais
próxima. Suavemente pegue o “Ponto Luz dos Mortos” e visualize-o durante
certo tempo. Procure deixar a mente absorver cada traço e forma geométrica.
Quando se sentir apto, coloque o Ponto a sua frente, fure o dedo anelar da mão
esquerda e derrame treze gotas de sangue sobre o mesmo. Exclame:
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“Lúcifer, invoco Vossa Luz, Vosso Fogo e Vossa Sabedoria Libertadora!! Mestre
Exu, Mestra Pombagira, clamo pelas Vossas presenças! Que os Poderosos
Mortos peguem minhas mãos e me guiem às Fontes da Gnose Primordial e
consumam minhas limitações mundanas!”.
9- Certamente o ambiente será modificado com a presença dos grandiosos espíritos
evocados e a Luz invocada permitirá ao adepto sentir determinados efeitos em seu
corpo físico e astral. Nesse momento deverá pegar o Ponto com sangue e incinerá-
lo nas velas.
10- Após a queima, o adepto deverá colocar sua mão esquerda em cima da carne
crua e exclamar:
“Esse é meu corpo morto que levará consigo minhas fraquezas, medos e
limitações. Novos tempos hão de vir onde a Luz que ilumina os Poderosos
Mortos me guiará! Laroyê Exu!”.
11- O adepto em seguida, estende sua mão direita acima da carne bovina assada
e exclama:
“Esse é o corpo dos meus inimigos que compartilharei com meus Mestres
recebendo coragem, força, poder e glória! Laroyê Exu!”
12- O adepto encherá a taça negra com o vinho e a erguerá acima dos olhos
enquanto exclama:
“Eu consagro esse vinho, fruto da morte e ressurreição da Terra, através da
Luz de Lúcifer, aos meus Mestres Ancestrais para que purifiquem meu corpo
astral e material preparando-me para comungar dos Grandes Mistérios!”
13- Após, despejará um pouco desse líquido em ambas as mãos e passará pelo corpo
todo enquanto sente a purificação e a bênção percorrer interna e externamente.
14- O adepto deverá iniciar uma meditação deixando seus olhos fixos nas chamas
das velas. Por algum tempo, ‘esvaziará’ a mente e deixará a música tomar conta e
conduzir as visualizações. O mais importante não é visualizar, mas sentir a luz e
o fogo adentrarem na mente queimando velhas e amargas lembranças. O adepto
saberá o exato momento de sair desse estado e continuar sua jornada.
15- Após a meditação, o adepto pegará o espelho e o posicionará defronte a
face. Olhará fixamente até que a imagem começará turvar. Iniciará a seguinte
conjuração:
“Lúcifer, Pai e Mestre de Todos os Vivos e Mortos que se consagram à Sabedoria,
olho minha face nesse espelho e vejo Vosso reflexo. Desperto a sagrada linhagem
e rompo todos os laços com meu antigo “Eu”. Invoco a força e a vitória, blindo
meu corpo contra todos os oponentes, transformo meus olhos limitados em
dois diamantes negros, cujo alcance é maior do que os carregados pelas aves
de rapina. Comungo Exu, vivo Exu e a Exu, mensageiro das Vossas Gnoses,
presto minhas reverências. Derrame Vossa Luz em meu Ser e permita que
Exu transforme minha jornada, abrindo meus caminhos para conquistas e
vitórias em todos os aspectos! Laroyê Exu! Laroyê Pombagira! Salve minha
ressurreição!”.
16- Novamente o adepto se olhará no espelho. Estimulará seus sentidos para
visualizar olhos negros e ígneos. Assim como antes, saberá o exato momento de
sair desse estado.
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17- Com o corpo relaxado, as mãos deverão se unir e ser iniciado um
agradecimentos pelos dias de transformação e apoderamento. Não existe uma
forma correta de fazer, pois essas palavras deverão vir da Alma. Acreditamos que
o Exu e a Pombagira Reis da Kalunga devem ser lembrados, bem como nossos
Mestres Ancestrais e obviamente o Senhor Lúcifer. O adepto poderá estender
esse agradecimento a todos os espíritos que o ampararam ao longo da jornada.
18- Feito os agradecimentos, o primeiro ato é abrir o cadeado da corrente.
Devemos saudar o Senhor Exu Tranca Tudo:
“Laroyê Exu Tranca Tudo, cujo cadeado garantiu a minha proteção! Agradeço
e o honrarei com palavras e através do contínuo uso de Vosso Cadeado!
Alupandê Exu Tranca Tudo e Vossas Legiões!”.
19- Pegamos a corrente e visualizamos o fogo abrandando até estar completamente
neutra. A enrolamos (junto ao cadeado) no pano preto e guardamos em local
seguro para ser usada em outros rituais.
20- O líquido da taça deverá ser consumido junto com a carne (ou frutas) assadas.
Deveremos vibrar internamente a nossa vitória e todos os poderes que iremos
receber.
21- O vinho que sobrou na garrafa deverá ser consumido. O adepto determinará
a quantidade que desejará beber.
22- A taça, os pratos e o espelho poderão ser guardados para outros rituais e
exercícios de visualização.
23- A carne crua deverá ser levada no dia seguinte até um terreno vazio e deixada,
junto com três moedas de pequeno valor, em algum lugar escondido a fim de que
seja consumida pelos animais decompositores.
24- Não há necessidade do adepto se banhar com ervas após o ritual.
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Considerações finais
“Exu é Vitória! Exu é Transformação! Exu são os olhos abertos que olham
nossos inimigos dormirem! Exu é o Caminho do Dragão-Homem! É aquele
cuja eternidade pode ser apenas um segundo! Exu é o Agente do Caos! Salve
todos os filhos do Dragão que romperam suas amarras e visualizaram os Olhos
do Imperador!
Exu é a semente que no fundo da Terra estoura o corpo denso e renasce apto
ao crescimento!“ (Exu Pantera Negra – Julho de 2015)
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