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Projeto

“Venerando os
Poderosos Mortos”
Parte II

O T.Q.M.B.E.P.N, Edgar Kerval, Néstor Avalos e Pharzhuph N.


Azoth apresentam a Segunda Parte desse pioneiro projeto em
nome de seus idealizadores, esperando que a Gnose de Lúcifer,
vinda através do Culto de Exu, possa engrandecer cada adepto
que mergulhou nas profundezas de seus abismos.
Introdução

Dentre os relatos que os adeptos nos enviaram ao longo do período da ‘trezena’,


nos deparamos com inúmeros pontos em comum. Isso mostra que a força evocada
para o ritual, apesar de haver se manifestado de maneira individual, deixou marcas
coletivas que possibilitaram a identificação da mesma fonte emanadora, ou seja,
atestou a veracidade e a força.

O processo de evocação da Morte e dos Poderosos Mortos despertaram poderes


internos atávicos ou latentes que adormeciam nos abismos individuais. Foi um
rito iniciático onde a coragem e a determinação fizeram que dentro da escuridão
individual, Lúcifer trouxesse a Luz e a compreensão suprema ao abrir a ‘tampa do
caixão’ que nos prendia de forma esmagadora e sufocante.

A criação de um ambiente ritualístico adequado facilitou aos nossos sentidos


captar as energias que estávamos necessitando. Um turbilhão de sentimentos
e sensações, mesclado às visões e posteriormente aos sonhos, deram aos nossos
espíritos as ‘chaves’ necessárias para continuarem buscando a libertação. Por tal
motivo, dividimos o projeto em duas partes, afinal, só receberá a conclusão aqueles
que se dispuseram compartilhar conosco suas experiências pessoais.

A certeza que temos é de que os adeptos puderam desmistificar o conceito de que


a Morte gera a incapacidade evolutiva aos Mortos. Esse pensamento retrógrado
e ultrapassado está fortemente associado ao poder de trabalho do homem vivo
(produção) X a inércia do homem morto. Também era nossa intensão iniciar
uma alquimia interna que expurga as heranças ancestrais repletas de medo e
desconhecimento da Morte.

Historicamente, existem relatos que desde a época do homem Neandertal ocorria


uma preocupação no zelar dos Mortos. Os mortos eram enterrados e cobertos
com pedras ou reunidos e cavernas. Dentro desses ritos também foi constatado
que ocorria o oferecimento de comidas e armas para garantir que continuassem

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sobrevivendo em outros locais. A Quimbanda Brasileira, em especial a praticada
dentro do T.Q.M.B.E.P.N, tem o intuito de mostrar, através de rituais e textos
que o conceito de continuidade é um processo construído historicamente, porém,
a forma ao qual conectamos a mente consciente à inconsciente, o corpo denso
ao espírito e os vivos aos mortos nos diferencia. Nós não tememos a Morte, nós
a vivemos compartilhando sua Sabedoria infinita! Por isso, mostramos o quão
precioso é ter uma conexão com o além-mundo e celebrarmos esse presente
‘divino’ como uma dádiva aos escolhidos.

Finalizamos dizendo que a Morte, através de inúmeras “máscaras”, é a condutora


de angústia para os profanos e de gnose aos adeptos. Cada um recebe aquilo
que planta nas Terras Negras da Kalunga. O mundo é uma “Grande Kalunga”,
pois em todos os lugares existe a morte e, mesmo que imperceptível aos nossos
grosseiros sentidos existem cadáveres de todas as espécies se decompondo. Exu
Rei e Pombagira Rainha da Kalunga não ostentam o número ‘sete’ em seus
nomes porque já expandiram seus domínios em todos os lugares. A Morte não é
sete; a Morte é tudo!

A Ritualística Final
Após os treze dias de oração, o adepto estará apto para continuar e finalizar o
projeto. No primeiro momento enfrentou sua sombra negra e comungou com a
voracidade da Morte, recebeu as benesses desse ato e está pronto para visualizar a
Luz dos Mortos.

Essa prática será mais simples do que a feita no primeiro momento, entretanto,
trará a Luz Luciférica que conduz os Poderosos Mortos para a vida daqueles que
enfrentaram os obstáculos. Entendemos que essa Luz age de diversas formas:

• Consumindo as fobias;
• Destrancando as “Portas Corta-Fogo” (entraves mentais);
• Trazendo a Gnose Obscura;
• Derrotando a inércia do ‘Falso-Deus’.

O alfanje da Morte brilhará ao longo do Ritual e proporcionará sensações e


percepções que preencherão as fendas existentes no corpo astral que certamente
transformarão a jornada dos adeptos.

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Materiais Necessários:

• A corrente e o cadeado usados no primeiro ritual;


• Treze velas pretas finas;
• Um espelho redondo de no mínimo 20 cm de diâmetro;
• Uma taça negra (pode ser pintada);
• Uma garrafa de vinho branco (pode ser adocicado);
• Defumadores ou incensos de sândalo;
• Dois pequenos pratos sem uso (preferencialmente de barro);
• Um pedaço de carne de porco;
• Um pedaço de carne bovina (que será consumida após o ritual);
• O “Ponto Luz dos Mortos” impresso ou desenhado.

Informações complementares:

Todas as informações sobre a data do ritual, bem como as condições para a prática
estão descritas na primeira parte do projeto.

A limpeza, preparação e banimento do ambiente no anoitecer do dia 15 de


Novembro segue a mesma ritualística do ritual praticado no dia 02 do mesmo
mês. A única modificação a ser acrescentada é a substituição do incenso de mirra
pelo de sândalo.

O pedaço de carne bovina deverá ser assado com temperos e especiarias que
agradem os sentidos do adepto. Não precisa ser grande, apenas se o adepto desejar
compartilhar com alguma pessoa relevante. Lembramos que essa carne simbolizará
a ancestralidade que praticava o canibalismo e absorvia os poderes de seus
inimigos através do consumo da carne de seus corpos. A Quimbanda Brasileira,
como expressão da evolução das práticas antigas, entende que algumas pessoas
não consomem carne de espécie alguma, assim deixamos aberta a possibilidade de
substituir a carne por um prato de frutas.

Grande Ritual
Pedimos que o rito se inicie ao anoitecer, pois os Espíritos da Quimbanda são
noturnos e respondem melhor sob a emissão lunar. A música ritualística indicada
já deve estar sendo reproduzida antes do início do ritual.

1- O adepto deverá dispor a corrente usada no ritual anterior circularmente


mantendo o cadeado que a tranca do seu lado esquerdo.
2- Colocará todos os materiais a sua frente para que se torne fácil o manuseio.

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3- O adepto preparará as velas ungindo-as com tintura ou óleo de arruda e as
acendendo sequencialmente formando um semicírculo que acompanhará a
corrente.
4- Para cada vela acesa o adepto exclama:
“Salve Nosso Mestre, Pai da Luz Ctônica, Senhor do Fogo Ascendente! Laroyê
Senhor Lúcifer! Salve os Reinos da Morte! Salve a onipotência do Imperador
Maioral! Salve o Povo de Exu! Oferto o fogo para que Exu me conduza para
as fontes de Luz emanadas pelos Poderosos Mestres. Que o lado sombrio desse
elemento destrua minhas limitações e que Verdade Suprema se manifeste
dentro de mim!”.
5- Após acender as velas o adepto colocará o prato com a carne assada a sua
direita, o prato com a carne crua a sua esquerda, o espelho e o Ponto impresso
(ou desenhado) a sua frente. Também organizará a garrafa de vinho, a taça e os
incensos conforme mostra a imagem.

Espelho

Taça
Garrafa Incenso

Carne Carne
Ponto Riscado Assada
Crua

Adepto

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6- Confortavelmente o adepto se senta diante às velas. Respira profundamente e
deixa o corpo e a mente entrarem em sintonia com as energias de Exu. Com as
palmas das mãos no chão exclama:
“Essas correntes não me prendem. Essas correntes me protegem enquanto minha
consciência vaga entre o mundo dos vivos e dos mortos. Ativo a incandescência
do aço para que repila toda forma nociva e prejudicial ao meu desligamento.
Evoco nesses elos a força repulsiva e ígnea de Exu e Pombagira! Com o Cadeado
do Senhor Exu Tranca Tudo fechado inicio meus rituais!”.
7- O adepto deverá iniciar a queima do incenso de Sândalo. Enquanto a fumaça
se propaga no ambiente, inicia a seguinte evocação:
“Eu (dizer nome completo) evoco minha ancestralidade espiritual e me
energizo com a queima do Sândalo, cuja força estimula meus sentidos. Deixo
meu corpo aberto para receber a Luz que cega os amaldiçoados e incinera as
linhas que costuram meus olhos. Ó Sagrados e Poderosos Mortos, em nome de
Lúcifer, abençoem minha ressurreição e amparem-me enquanto meu corpo é
cremado nas piras de Exu! Peço que me consagrem através dos Necro Mistérios
e que ao término desse ritual eu exale força e poder com a Luz de Exu entre
meus olhos!”
8- Descanse os sentidos, sinta o poder de Exu e a Luz de Lúcifer cada vez mais
próxima. Suavemente pegue o “Ponto Luz dos Mortos” e visualize-o durante
certo tempo. Procure deixar a mente absorver cada traço e forma geométrica.
Quando se sentir apto, coloque o Ponto a sua frente, fure o dedo anelar da mão
esquerda e derrame treze gotas de sangue sobre o mesmo. Exclame:

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“Lúcifer, invoco Vossa Luz, Vosso Fogo e Vossa Sabedoria Libertadora!! Mestre
Exu, Mestra Pombagira, clamo pelas Vossas presenças! Que os Poderosos
Mortos peguem minhas mãos e me guiem às Fontes da Gnose Primordial e
consumam minhas limitações mundanas!”.
9- Certamente o ambiente será modificado com a presença dos grandiosos espíritos
evocados e a Luz invocada permitirá ao adepto sentir determinados efeitos em seu
corpo físico e astral. Nesse momento deverá pegar o Ponto com sangue e incinerá-
lo nas velas.
10- Após a queima, o adepto deverá colocar sua mão esquerda em cima da carne
crua e exclamar:
“Esse é meu corpo morto que levará consigo minhas fraquezas, medos e
limitações. Novos tempos hão de vir onde a Luz que ilumina os Poderosos
Mortos me guiará! Laroyê Exu!”.
11- O adepto em seguida, estende sua mão direita acima da carne bovina assada
e exclama:
“Esse é o corpo dos meus inimigos que compartilharei com meus Mestres
recebendo coragem, força, poder e glória! Laroyê Exu!”
12- O adepto encherá a taça negra com o vinho e a erguerá acima dos olhos
enquanto exclama:
“Eu consagro esse vinho, fruto da morte e ressurreição da Terra, através da
Luz de Lúcifer, aos meus Mestres Ancestrais para que purifiquem meu corpo
astral e material preparando-me para comungar dos Grandes Mistérios!”
13- Após, despejará um pouco desse líquido em ambas as mãos e passará pelo corpo
todo enquanto sente a purificação e a bênção percorrer interna e externamente.
14- O adepto deverá iniciar uma meditação deixando seus olhos fixos nas chamas
das velas. Por algum tempo, ‘esvaziará’ a mente e deixará a música tomar conta e
conduzir as visualizações. O mais importante não é visualizar, mas sentir a luz e
o fogo adentrarem na mente queimando velhas e amargas lembranças. O adepto
saberá o exato momento de sair desse estado e continuar sua jornada.
15- Após a meditação, o adepto pegará o espelho e o posicionará defronte a
face. Olhará fixamente até que a imagem começará turvar. Iniciará a seguinte
conjuração:
“Lúcifer, Pai e Mestre de Todos os Vivos e Mortos que se consagram à Sabedoria,
olho minha face nesse espelho e vejo Vosso reflexo. Desperto a sagrada linhagem
e rompo todos os laços com meu antigo “Eu”. Invoco a força e a vitória, blindo
meu corpo contra todos os oponentes, transformo meus olhos limitados em
dois diamantes negros, cujo alcance é maior do que os carregados pelas aves
de rapina. Comungo Exu, vivo Exu e a Exu, mensageiro das Vossas Gnoses,
presto minhas reverências. Derrame Vossa Luz em meu Ser e permita que
Exu transforme minha jornada, abrindo meus caminhos para conquistas e
vitórias em todos os aspectos! Laroyê Exu! Laroyê Pombagira! Salve minha
ressurreição!”.
16- Novamente o adepto se olhará no espelho. Estimulará seus sentidos para
visualizar olhos negros e ígneos. Assim como antes, saberá o exato momento de
sair desse estado.
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17- Com o corpo relaxado, as mãos deverão se unir e ser iniciado um
agradecimentos pelos dias de transformação e apoderamento. Não existe uma
forma correta de fazer, pois essas palavras deverão vir da Alma. Acreditamos que
o Exu e a Pombagira Reis da Kalunga devem ser lembrados, bem como nossos
Mestres Ancestrais e obviamente o Senhor Lúcifer. O adepto poderá estender
esse agradecimento a todos os espíritos que o ampararam ao longo da jornada.
18- Feito os agradecimentos, o primeiro ato é abrir o cadeado da corrente.
Devemos saudar o Senhor Exu Tranca Tudo:
“Laroyê Exu Tranca Tudo, cujo cadeado garantiu a minha proteção! Agradeço
e o honrarei com palavras e através do contínuo uso de Vosso Cadeado!
Alupandê Exu Tranca Tudo e Vossas Legiões!”.
19- Pegamos a corrente e visualizamos o fogo abrandando até estar completamente
neutra. A enrolamos (junto ao cadeado) no pano preto e guardamos em local
seguro para ser usada em outros rituais.
20- O líquido da taça deverá ser consumido junto com a carne (ou frutas) assadas.
Deveremos vibrar internamente a nossa vitória e todos os poderes que iremos
receber.
21- O vinho que sobrou na garrafa deverá ser consumido. O adepto determinará
a quantidade que desejará beber.
22- A taça, os pratos e o espelho poderão ser guardados para outros rituais e
exercícios de visualização.
23- A carne crua deverá ser levada no dia seguinte até um terreno vazio e deixada,
junto com três moedas de pequeno valor, em algum lugar escondido a fim de que
seja consumida pelos animais decompositores.
24- Não há necessidade do adepto se banhar com ervas após o ritual.

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Considerações finais

“Exu é Vitória! Exu é Transformação! Exu são os olhos abertos que olham
nossos inimigos dormirem! Exu é o Caminho do Dragão-Homem! É aquele
cuja eternidade pode ser apenas um segundo! Exu é o Agente do Caos! Salve
todos os filhos do Dragão que romperam suas amarras e visualizaram os Olhos
do Imperador!
Exu é a semente que no fundo da Terra estoura o corpo denso e renasce apto
ao crescimento!“ (Exu Pantera Negra – Julho de 2015)

Dúvidas serão respondidas pelo corpo do Templo de Quimbanda Maioral


Beelzebuth e Exu Pantera Negra pelo email: quimbandabrasileira@gmail.com

Ad Majorem Lucifer Gloriam!

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