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2021
Índice

Introdução ........................................................................................................................3
Objetivo do Ritual ........................................................................................................... 5
Materiais Necessários .....................................................................................................6
A Abertura do Ponto Riscado ........................................................................................8
O Fetiche (amuleto) de Chaves....................................................................................10
Conclusão .......................................................................................................................12
Apêndice ......................................................................................................................... 12
Fazendo uma Tintura de Arruda ............................................................................. 12

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Introdução

No dia 29 de junho, segundo a Tradição Católica, celebra-se o dia de São Pedro e


São Paulo. Segundo a Tradição Católica, São Pedro após ser santificado recebeu
a incumbência de portar as chaves que ligam a Terra ao Céu. Trata-se do santo
que possui autoridade e influência na vida material e na jornada espiritual (chave
de bronze e chave de prata). A morte de São Pedro foi deveras controversa,
todavia, oficialmente foi morto em Roma crucificado de cabeça para baixo.
São Pedro é um santo católico, porém, em algumas Tradições de Bruxaria, é
considerado o Senhor das Encruzilhadas, portador dos mistérios de Deus e do
Diabo. Esse São Pedro Chifrudo é um marco de sabedoria, um santo que ensina-
nos renegar tudo que possa comprometer nossa evolução, nosso momento,
aproveitando as oportunidades criadas pelo desejo. Alguns feiticeiros enxergam-
no como o mediador dos caminhos, aquele que porta os mistérios da Mão Direita
e Esquerda, das alturas às profundezas. A cruz (marco expiatório) torna-se a
encruzilhada (cruz elemental), a “Vera Cruz” das feiticeiras e feiticeiros.
A Corrente 49 entende que a formação da Quimbanda Brasileira se baseou em
três troncos principais: ameríndio, europeu e africano. Isso não significa que
absorveu TODAS as facetas desses cultos, mas certamente apropriou-se de
diversos aspectos ocultos. Relatos bíblicos mostram-nos um Pedro obstinado,
teimoso, duro e ao mesmo tempo aponta-nos a fragilidade dessa fé ilusória e
petrificada. Pedro, assim como outros humanos, acreditava em uma fé-rocha
ilusória que ao ser testada falhou. O santo que renegou Jesus sob o canto do galo
nos ensina algo fundamental: quebrar um juramento não significa derrota, mas
uma nova oportunidade de forjarmos nossas concepções! Esotericamente seria o
mesmo que superarmos a barreira do autoengano para vivenciarmos a Luz, a
força que reside em nossos sonhos. São Pedro também pode ser considerado o
Santo da Alquimia Maldita, o garantidor do sincretismo diabólico.
Toda queda é um chamado! Se estamos vivenciando um momento de decisões
difíceis, onde palavras devem ser quebradas, onde aquilo que acreditávamos
parece ruir, certamente nos encontramos em uma encruzilhada (oritá) sagrada.
Nesse exato ponto deverá renascer o Filho (a) de Exu.
São Pedro não é cultuado diretamente na Quimbanda Brasileira, mas ao
observarmos atentamente o enredo do culto veremos semelhanças muito
alinhadas com a Legião do Exu Sete Chaves (7 Chaves). Essa Legião tem como
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característica principal a guarda, abertura e fechamento tanto dos caminhos
materiais, quanto dos espirituais. Não existe fluxo energético que esses Mestres
não possam interferir. O contato com essa força também nos ensinou que para
recebermos uma determinada ‘chave’ seremos submetidos a duras provas, ao
apodrecimento, morte conceitual, enfim, a luz de um caminho sempre é cercada
de trevas.
Exu 7 Chaves é um Mestre de Sabedoria riquíssima. Todo adepto do Culto tem
por obrigação comungar dessa energia se deseja obter gnoses verdadeiras.
Aprender o que é um caminho, quais são nossas limitações para alcançá-lo e o
que é necessário para superar as adversidades. Sete chaves abrem sete
portas/portais dimensionais e conectam todos os Reinos ao Trono de Vossa
Santidade Maioral, bem como à Primeira Encruzilhada de Fogo. Ao morrermos
teremos que adentrar em tais portais e cruzar o espesso véu noturno.
O dia 29 de junho foi escolhido para a prática da nossa egrégora justamente por
conter caminhos ocultos que favorecem as associações energéticas.
Aproveitaremos da energia vibrante (conectada a São Pedro) para carregar nossos
fetiches. O São Pedro Chifrudo, Senhor da Via Cruz, fornecerá a energia para o
Diabo das Chaves abençoar nossos pedidos, bem como solver nossos sentimentos
derrotistas fazendo-nos compreender a força das penas de consciência.

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Objetivo do Ritual

Esse trabalho em egrégora tem como objetivo proteger caminhos espirituais e


materiais através da confecção de um fetiche de poder consagrado com a força de
Exu 7 Chaves.
Todos podem participar desse projeto, mesmo os que não possuem experiências
prévias em práticas espirituais.
Mágoas, arrependimentos e culpas por fracassos serão dissolvidos nessa prática
e transmutadas em força para renovação e empoderamento. O objeto que será
construído através dessa ritualística é simples, porém extremamente poderoso.

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Materiais Necessários

 02 chaves de ferro antigas;


 ½ m de fita colorida;
 07 velas finas vermelha e preta;
 01 garrafa de aguardente;
 01 copo;
 01 caixa de fósforos;
 01 charuto;
 01 lajota de ardósia;
 Lápis carvão ou pedaço de carvão;
 Pó de chave (obtido em qualquer chaveiro, mais ou menos um punhado);
 Tintura de arruda.
Preparativo e observações sobre os materiais
1- Recomendamos que pelo menos 48 horas antes do ritual adote-se uma
alimentação leve, preferencialmente de vegetais e frutas em quantidades
reduzidas, sem cafés e outros estimulantes (refrigerantes e açúcar em
geral). Deve-se também previamente abster-se de drogas, álcool e
atividades sexuais. Isso ajudará a manter seu corpo físico e astral
equilibrados, com a concentração mais aguçada. Não são interdições a
“pecados” – algo completamente inexistente em nossa Corrente e nas
práticas da Quimbanda – mas recomendações para que o buscador tenha
o máximo de concentração em aspectos espirituais e livre de
contaminações de ordem mundana.

2- As chaves deverão ser limpas astralmente com uma mistura de sal com
cachaça. Após secas devem ser levemente besuntadas com óleo/azeite-de-
dendê;

3- As fitas coloridas devem ser finas e de cetim. Suas cores seguem um padrão
de pedidos:

a. Vermelhas: amor e sexo;


b. Pretas: proteção;
c. Verde: saúde;

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d. Amarela ou dourada: dinheiro e prosperidade.

4- É possível criar fetiches com duas ou três cores (no máximo). Se optar por
criar fetiches com mais de uma intenção, deve ser feita uma trança bem
apertada;

5- Lave a lajota de ardósia e o copo com água e sabão, normalmente. Depois


de secos, lavá-los com uma mistura de sal e cachaça para limpá-la
energicamente, jogando mais cachaça para retirar o sal. Secar na sombra;

6- As velas devem ser previamente limpas com uma tintura de arruda. Veja
no Apêndice instruções de como produzir uma tintura;

7- Na lajota de ardósia desenhamos (com carvão) o Ponto-Riscado do Exu 07


Chaves.

Ponto Riscado do Exu Sete Chaves usado para evocar


e invocar a plenitude de seus poderes.

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A Abertura do Ponto Riscado

Esse ritual inicia-se exatamente às 23:00h da terça-feira (dia 29 de junho). Em seu


local ritualístico (no caso das pessoas que não o possuem, escolha um ambiente
silencioso onde não será incomodado), deverá ser colocada no chão a pedra de
ardósia com o ponto de Exu Sete Chaves previamente desenhado com carvão.
ativando-o energeticamente (sopro, bebida, charuto, sementes de ataré ou outra
forma de ativação).
Depois de ativado o ponto, acender as 07 velas em torno desse ponto. Para cada
vela acesa proferirá:

“Salve o Diabo das 07 Chaves! Salve o Guardião das Encruzilhadas da


Sabedoria! Receba a chama da vela e ilumine meus caminhos!”

Acenderá o charuto e baforará sete vezes seguidas em cima do Ponto. Exclamará:

“Tabaco do Diabo, abra as encruzilhadas e traga a presença do Exu 07 Chaves!


Meu sopro, um grão de minha vida pela suprema sabedoria!”

O charuto deve ser aceso com fósforos. Após aceso, colocamos o mesmo em cima
da caixa de fósforos posicionando a brasa em nossa direção. A caixa deve ser
colocada dentro do espiral do tridente receptivo.

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Baforará (hálito) dentro do copo enquanto visualiza dores, angústias, limitações
e arrependimentos. Esse é um momento importante no ritual, afinal, o fogo
líquido trará limpeza. Após um tempo de meditação, servirá a bebida. Exclamará:

“Sete Chaves, Exu Poderoso, nesse momento na encruzilhada da minha vida


rogo para que minhas fraquezas sejam dizimadas, consumidas e diluídas pelo
fogo líquido!
Sete são os portais, sete são as chaves, sete são os caminhos, sete são as
encruzilhadas, sete são os destinos e sete são as decisões!
Contra meus opressores ergo minha voz, meus punhos cerrados (feche as mãos),
chamo-os para a batalha final, pois, se um dia eu retrocedi, hoje os enfrentarei!
Se meus caminhos fechados estão, abro-os com os poderes de 07 Chaves!”

Coloque o pó de chave na mão direita – símbolo de autoridade:

“Ó pó feito de limalhas de chave, pó que abre e fecha portas desse e de outros


mundos, pó que esconde segredos e revela mentiras, pó do Sagrado Diabo
Chaveiro, ativo-o com meu sopro e destravo minhas encruzilhadas!”

Sopre o pó em cima do ponto riscado:

“Assim como Exu gargalha da desgraça eu gargalharei e


ainda gargalhando vencerei tudo e todos!”

(Solte uma gargalhada)

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O Fetiche (amuleto) de Chaves

Com o ponto ativado e o trabalho evocatório concluído, iniciamos a confecção do


fetiche das chaves. A escolha da cor da fita é importante, afinal, determinará
(como um código) qual é a finalidade dele.
As chaves cruzadas simbolizam a encruzilhada. Ao mesmo tempo, são como
ossos de caveira cruzados - símbolo de Gólgota. Segundo os códigos espirituais,
objetos cruzados representam o fim de algo ou um sinal de anulação mágica. Sob
um olhar mais atento, cruzar não é apenas findar, mas bloquear algo. Dentro da
magia da Quimbanda existem elementos que fazem o mesmo papel, como nós-
de-cana, cruzes de arruda e as próprias favas de aridã.
O fetiche que será construído é composto por duas chaves e uma fita cuja cor
simbolizará algo que deve ser protegido. A fita amarrará as chaves na posição
cruzada, porém, quando voltadas para dentro agem protegendo segredos e
voltadas para fora protegem algo da influência externa.

Ilustração de Chaves Cruzadas para Dentro e Fora

O adepto deverá saber exatamente o que deseja proteger através desse fetiche
(amuleto), afinal, este objeto será carregado com o poder do Exu 7 Chaves em
uma data propícia e forte.
Com a fita na mão o adepto fechará os olhos e visualizará exatamente o que deseja
proteger. Lembremos que nesse momento devemos estar equilibrados para que a
mente consiga se focar. Uniremos as chaves e exclamamos:

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“Pelo poder das Chaves Cruzadas, dos ossos de Gólgota, pelo sangue do gato e
da coruja, pela raiz e pela folha e pela lenha de sabugueiro queimada eu evoco a
proteção de Exu 7 Chaves nesse amuleto/fetiche, para que resguarde (faça o
pedido). Assim como as chaves abrem os portais do inferno e concedem a
passagem ao Reino de Fogo, fecham tudo que possa prejudicar meus caminhos,
fecham meus inimigos, fecham as armadilhas e fecham minhas próprias fendas!
Exu 7 Chaves eu te chamo nessa hora, carregue teus instrumentos com a força
da feitiçaria arcana e conceda-me o poder! Laroyê Exu! Exu é Mojubá!”
Após a reza, comece a amarrar as chaves visualizando o que necessita. Feche com
três nós. Durante esse ato de dar o nó, determine a ação desejada exclamando em
voz alta o seu intento com o fetiche, dizendo:
“Eu determino que...”
(diga aqui o objetivo principal que deseja consagrar no fetiche,
com força e convicção)
Coloque o fetiche/amuleto no centro do Ponto-Riscado do Exu 7 Chaves. Deixe
carregar naturalmente até o término das velas.

Exemplo de chave amarrada

No dia seguinte, recolha as chaves e guarde-as em local oculto. Lembre-se que se


trata de um pedido de proteção, portanto, não pode estar disponível a outras
pessoas em hipótese alguma. Ser tocado por outras pessoas que não seja você
implica no descarregamento de toda a energia nele consagrada.
A bebida servida ao Exu deverá ser jogada na porta de casa (ou emprego/negócio
quando envolver um fetiche de prosperidade, por exemplo). O charuto deve ser
triturado e misturado com o pó de chave. Esse pó será soprado em uma
encruzilhada com muito movimento onde será solicitado ao Exu Sete Chaves o
auxílio na abertura dos caminhos no que foi consagrado no fetiche.
A lajota de ardósia deve ser lavada unicamente com cachaça, secada na sombra e
guardada para outras operações mágicas. O copo será lavado, desmagnetizado
com sal e água e pode ser reutilizado em outros rituais.

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Conclusão

Queremos agora saber como esse projeto foi para você. Compartilhe conosco sua
experiência, detalhando-a o máximo possível. Estamos abertos para receber suas
impressões e, quem sabe, auxiliar em seus próximos passos nessa busca. Para isso,
envie seu relato pós-ritual para o e-mail 49corrente@gmail.com ou através de
nossa página no Facebook.
***

Apêndice

Fazendo uma Tintura de Arruda

A arruda é uma planta muito utilizada por diversas religiões de matriz africana,
especialmente em trabalhos de limpeza e batimento de folhas. Age de modo
poderoso retirando impurezas astrais e espirituais, como um natural combatente
de cargas energéticas nocivas. Para a limpeza dos itens ritualísticos dos mais
variados, bem como na limpeza dos próprios praticantes, a tintura de arruda é
bastante eficiente. Ensinamos a seguir uma forma simples de fazê-la.
Se você tiver a oportunidade de colher a arruda de um vaso cuidado por você,
faça isso. Quando mais pessoal for a conexão com a planta, tanto melhor, mas
excelentes resultados também podem ser obtidos com a compra da erva.
Obviamente que se for uma arruda colhida de um vaso cuidado por você ela já
estará naturalmente mais preparada, mas mesmo assim recomendamos realizar
uma limpeza astral na erva antes de preparar a tintura.
O processo é bastante simples: em uma fonte de água corrente, molha-se os galhos
de arruda que foram colhidos para fazer a tintura. Depois de umedecidos, jogar
sobre eles uma pequena quantidade de sal, massageando suavemente por sobre
as folhas, dizendo:
“Sal e água, água e sal – purifica a forma física, purifica a forma astral!”

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Enxaguar abundantemente para retirar qualquer resquício de sal da planta.
Deixar secar à sombra, naturalmente.
Com as folhas secas, pode iniciar-se o processo de feitura da tintura. Para fazê-la,
o ideal é ter um pequeno pilão de madeira (facilmente encontrável em lojas de
artigos religiosos). Na falta do mesmo, qualquer outro utensílio limpo onde você
possa macerar apropriadamente as ervas. Esse processo deve ser feito mantendo
seus pensamentos limpos de preocupações mundanas, em ambiente o mais calmo
e reservado possível. Se você tem um espaço ritual em sua casa, é o lugar ideal.
Mentalize uma conversa com a planta, pedindo que ela solte o sumo de suas veias
verdes para a tintura que será preparada. O mental é onde projetamos as formas
para o plano astral, e quanto mais intenso for esse processo, tanto mais os
sumos sagrados da arruda serão liberados.
Após bem maceradas, colocar as plantas e o sumo desprendido em um recipiente
de vidro previamente limpo (tanto com sabão como astralmente, como indicado
mais acima), seco e previamente defumado com mirra (acenda a mirra e deixe a
fumaça entrar dentro do pote algumas vezes). Preencher o conteúdo do vidro com
álcool, cobrindo totalmente as partes da planta. Deixar o vidro em local escuro,
longe da luz solar, por sete dias. Passado esse período, coar a mistura e guardar
a tintura em um recipiente próprio para aplicação (formatos spray são os mais
adequados). As plantas devem ser descartadas na natureza (mata, jardins,
parques, etc.). Para fazer isso, basta colocar uma moeda de pequeno valor antes
de colocar as plantas no local, agradecendo a Exu Curador pelas energias
recebidas das plantas ali depositadas. Esse agradecimento é feito com suas
próprias palavras, de forma simples e respeitosa.
Laroyê Exu! Laroyê Pombagira!

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