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Conhecimento Teosófico
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Introdução ao
Conhecimento
Teosófico
Aresentação................................................................................................................8
A Sociedade Teosófica - Três Objetivos da Sociedade Teosófica Breve Histórico da S.T.
Organização e atividades
A Sociedade Teosófica e seu Símbolo
A Teosofia e o propósito da Vida
Teosofia: Uma Sabedoria Viva
Três Verdades tão grandes quanto a própria vida
“A Doutrina Secreta” Como foi escrita
A importância do autoconhecimento - depoimento de Jiddu Krishnamurti
O estudante de Teosofia como um Jnãna Yogue
II – Cosmogênese.....................................................................................................14
2.1. A Criação
2.2. O Absoluto
2.3. A Unidade faz-se Trindade
2.4. Três Qualidades Divinas Fundamentais
2.5. O Pensamento Divino imprime-se na Matéria
2.6. O Logos
2.7. O Segundo Logos
2.8. O Terceiro Logos
2.9. Kaos, Theos, Kosmos
2.10. UM que é dois?
2.11. Nosso Logos Solar
2.12. As Hierarquias Criadoras
2.13. A Onda de Vida Através dos Planetas
2.14. As Raças Humanas
2.15. As Eras
2.16. Tópicos para reflexão
2.17. Frases para reflexão
2.18. Fohat
IV - A Individualização..............................................................................................43
4.1. Os Reinos de Vida
4.2. A Individualidade das Mônadas
Textos em Construção
4.3. Almas-Grupais, Minerais, Vegetais, Animais
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4.4. Individualização: seu Mecanismo e Finalidade
4.5. Métodos e graus de Individualização
IX – Manas: a Mente..................................................................................................78
Introdução
9.1. Qual é a fonte da mente?
9.2. A iluminação de manas
9.3. O que quer dizer “mente dual”?
9.4. Quais são os poderes da mente?
9.5. O que limita o nosso uso destes poderes superiores?
9.6. O que governa a mente?
9.7. O que constitui a evolução ou o crescimento da mente?
9.8. Qual é a fonte da mente na natureza?
9.9. Nós herdamos nossas mentes dos nossos pais?
9.10. Nós sabemos quão importantes são a lógica e o raciocínio em nosso pensar, e que a
capacidade de usar a razão nos eleva acima do reino animal. A razão é a mais elevada faculdade
da mente? 9.11. Se a mente humana é um aspecto da Mente Universal, quais os limites para
o uso desta sabedoria, a sabedoria acumulada das eras?
9.12. Os filósofos sugerem, e nós provavelmente temos consciência, que alguns
pensamentos são muito mais poderosos que outros. Você pode oferecer razões do
porque alguns têm este poder inerente de condução e outros não?
9.13. Filósofos, Psicólogos, Ecologistas e Educadores todos concordam que a
concentração é de grande valor em qualquer coisa que estejamos fazendo. Quem ou o
que produz esta concentração? O que é que se torna concentrado?
9.14. Se você, um estudante de Teosofia, fosse encarregado de uma escola, como
você treinaria e exercitaria as mentes dos seus estudantes?
9.15. Uma vez que tenhamos entrado em contato com a Teosofia, começamos a
perceber que temos várias ideias e sentimentos em nossas mentes com uma relativa
tenacidade, o que nos levou a aceitá-los sem questionamentos. Na tentativa de
expulsar estes inquilinos, quais permanecem mais profundos? Quais têm mais poder?
Quais são mais fundamentais?
9.16. A Filosofia indica que a Mente Superior, o Ego Reencarnante, é praticamente um
Deus.
Ainda assim, na maioria das vezes nós percebemos que somos mais escravos que mestres da
nossa mente inferior. Por que isso ocorre?
9.17. Na Notes on the Bhagavad-Gita, encontramos que a mente é “um número de
ideias mantidas por nós como uma base para o pensamento e a ação”. Se nós
decidirmos melhorar a qualidade da nossa mente, que tipo de ideias estaríamos em
busca?
Qual é constituição da mente ideal?
9.18. O que acontece com a mente na morte? Ela se desintegra como acontece com o
corpo?
XV - Estágios na Senda..........................................................................................131
15.1. No Hinduismo (Shankaracharya)
15.2. No Cristianismo (Jesus Cristo)
15.3. No Budismo (Gautama)
13.4. A Iniciação Asekha e as sete opções de serviço ao Logos
Organização e atividades
1. A alma do homem é imortal, e o seu futuro é o futuro de algo cujo progresso e esplendor
não têm limites.
2. O princípio que dá a vida está em nós e fora de nós, é imortal e eternamente benfazejo,
não é ouvido, nem visto, nem sentido, mas é percebido pelo homem que deseja a percepção.
3. Cada homem é seu próprio legislador, o dispensador de glória ou de sombra a si mesmo
- aquele que decreta sua vida, sua recompensa e seu castigo.
Estas Verdades são tão simples como a mente mais simples do homem.
“Não depositem fé em tradições, mesmo que tenham sido aceitas por longas gerações e em
muitos países. Não acreditem em algo só porque muitos o repetem. Não aceitem uma coisa
só por ter sido afirmada por algum dos Sábios antigos, nem com base numa declaração
encontrada nos livros. Jamais acreditem em alguma coisa porque as probabilidades lhes são
favoráveis. Não acreditem no que vocês mesmos imaginaram, pensando que foram inspirados
por um deus. Não acreditem em nada simplesmente por ter sido afirmado por mestres ou
sacerdotes. Após examinarem, acreditem naquilo que testaram pessoalmente e julgaram
razoável, que esteja em conformidade com seu bem-estar e o dos outros”.
Para Blavatsky o Verdadeiro estudante de Teosofia (o que inclui não apenas a Doutrina
Secreta, mas todos Livros Sagrados do oriente e do ocidente, os tratados de Alquimia, de
Yoga, de Cabala, de Hermetismo etc) é um Jnãna-yogue. Jnãna-yoga é a Senda (caminho)
daquele que obtém a união (Yoga) com a VERDADE, através do Conhecimento ou da
Compreensão (Jñana). Sem desmerecer outros caminhos de realização, Blavatsky estava
convencida que a Senda da Jnãna-yoga, era o caminho mais seguro e o mais adequado para
o estudante Ocidental. Ela mesma era uma Jnãna-yogue, e por isso nos deixou passo a
passo, como podemos trilhar e progredir em tal Senda:
“Existe um princípio, causa e origem de todo os seres. Ele se basta por si próprio, está isento
de toda composição; dele procede tudo, ele está em todas as coisas, sem confundir-se com
elas. É imutável e eterno”. Plotino
"Não importa a forma dada à argila moldada, a realidade do objeto permanece sempre sendo
a argila”.
Tudo é vida. O mais ínfimo átomo está vivo. Cada átomo é fundamentalmente por si
mesmo o Ser Absoluto. Não importa que forma ou plano do Universo possa estar sendo
analisado, a Vida estará presente nele. Vida, Absoluto e Universo são a mesma coisa. Não
existe um sem outro. Falar de um é estar se referindo ao outro, pensar em um é estar trazendo
para o nossa mente a lembrança do outro.A matéria é eterna. É o upãdhi ou base física, para
que nela a Mente Universal e Infinita construa suas ideações.
“Dentro de nós encontramos a origem e a fonte da Vida, não precisamos buscar fora”.
Em verdade não existe nem Macrocosmo nem Microcosmo, mas UMA EXISTÊNCIA. O
grande e o pequeno só existem como tais quando vistos por uma consciência limitada.
“Enquanto Tudo está n’O TODO, é também verdade que O TODO está em Tudo Aquele que
compreende realmente esta verdade alcançou o grande conhecimento”. O Caibalion
“O que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está
em cima”. O Caibalion
Segundo H.P.B., o que existe, na realidade, é Unidade de todas as coisas, nada é interno,
nada é externo, nada é grande, nada é pequeno, existe UMA VIDA e UMA LEI.
Ao compreendermos, após análise e investigação profunda, o funcionamento da natureza,
verificamos que não precisamos esperar nossa transformação em deuses para assimilarmos
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esta ideia. Compreendendo e aceitando a nós mesmos, a nossa condição comum de seres
humanos, já estaremos avançando em direção à Unidade. Termos essas proposições como
pano de fundo em nossas mentes e percebermos essa Unidade presente em todos os
momentos e em todas as coisas com as quais nos relacionamos é Sabedoria Divina. Para
atingirmos esta percepção é necessário nos abrirmos para a Vida, Vida esta que já está
contida em nosso pequeno Universo.
II - COSMOGÊNESE
Alguns ensinamentos contidos na Doutrina Secreta.
2.1. A Criação
Então há três Eternos? – Não, os três são um. – O que sempre é, é um; o que sempre foi, é
um; o que sempre está sendo e vindo a ser, é também um; e este é o Espaço.
“Dos Deuses aos homens, dos mundos aos átomos, do Sol ao coração vital do menor
organismo – o mundo da Forma e da Existência é uma imensa cadeia, cujo elos estão todos
ligados”.
"Há uma essência primal... toda inclusiva e não organizada... a qual existiu antes do céu e da
terra. Quão tranquilo e vazio ela é... todavia esta tranquila vacuidade torna-se a Mãe de tudo.."
"Tudo o que é, emana do Absoluto, que, por força mesmo desta qualidade, é a única
Realidade; e, assim, tudo aquilo que é estranho ao Absoluto, a esse Elemento causativo e
gerador, deve ser uma ilusão, sem nenhuma sombra de dúvida. Isto, porém, do ponto de
vista exclusivamente metafísico. (...) A impressão experimentada em qualquer dos Planos é
uma realidade para o ser que a experimenta e cuja consciência pertença ao mesmo Plano".
"Nada é permanente, a não ser a Existência Una, absoluta e oculta, que contém em si mesma
os númenos de todas as realidades (...) No entanto, todas as coisas são relativamente reais,
porque o conhecedor é também um reflexo, e por isso as coisas conhecidas lhe parecem tão
reais quanto ele próprio. (...) Seja qual for o Plano em que possa estar a atuar a nossa
consciência, tanto nós como as coisas pertencentes ao mesmo Plano somos as únicas
realidades do momento."
“Espírito e Matéria indiferenciada são eternamente Um; só durante o Pralaya eles são
despidos dos atributos e qualidades, pois estão além dos planos de consciência da
existência”.
"O Espírito, ou Consciência, e a Matéria devem ser, no entanto, considerados não como
realidades independentes, mas como duas facetas ou aspectos do Absoluto, Parabrahman,
que constituem a base do ser condicionado, seja subjetivo ou objetivo.”
"Se consideramos essa tríade metafísica como a raiz de que procede toda a manifestação, o
Grande Sopro assume caráter de Ideação pré-cósmica. É a fons et origo da força e de toda a
consciência individual; e de onde promana a inteligência que preside o vasto plano da
Evolução cósmica. Por outra parte, a Substância-Raiz pré-cósmica, Mulaprakriti, é o aspecto
do Absoluto que serve de substratum a todos os planos objetivos da natureza.
"Assim como a Ideação pré-cósmica é a raiz de toda Consciência individual, assim também a
Substância pré-cósmica é o 'substratum' da Matéria nos vários graus de sua diferenciação. "
(v. 1, p. 80-81)
"Pois há Um Deus somente... que governa todos os mundos por seus poderes. Ele permanece
atrás de todas as pessoas e após ter criado todos os mundos ele, o protetor, movimenta-o até
o fim do tempo".
Estas trindades, e tantas outras mencionadas pelas mais diversas filosofias religiosas,
aludem consubstanciam, afinal, as três qualidades fundamentais em que se desdobra o Deus
Uno, a Vida Divina, a Energia Universal, representando apenas formas diferentes de as
designar: Vontade ou Poder, Amor-Sabedoria ("Sabedoria" sem Amor é mero conhecimento;
"Amor" sem Sabedoria é mera emoção ou desejo pessoal) e Atividade Criadora Inteligente.
Estas três qualidades fundamentais da Vida Divina são habitualmente nomeadas por 1º
Logos, 2º Logos e 3º Logos ou por 1º Aspecto, 2º Aspecto e 3º Aspecto Divinos.
“No Princípio era o Verbo e o Verbo era Deus e o Verbo estava com Deus” (Jo 1:1).
“Palavra, vocábulo, tom de voz” podem ser vistos como significando “som”.
Para os hindús é o Shabda Brahman (Shabda significa Som.) Estes nos falam do “Som
Primordial” que antecede a criação do Universo”, o “Pranava” ou “AUM”, que se pronuncia
OM (com a letra “m” prolongada). AUM representa as três pessoas da Trimurti Bramânica:
Brahmâ, Vishnu e Shiva. Na mitologia Shiva aparece com um tambor chamado Damaru em
forma de ampulheta e representa o som da criação do universo. É com o som do Damaru que
Shiva marca o ritmo do universo e o compasso de sua dança. As vezes, ele deixa de tocar
por um instante, para ajustar o som do tambor ou para achar um ritmo melhor e, então, todo
o universo se desfaz e só reaparecendo novamente quando a música recomeça.
É por demais interessante pois cada plano do Universo pode ser visto como um
“estado” vibratório (“Na casa de meu Pai muitas moradas há”), cada plano pode ser visto como
uma morada.
Cosmogonia Escandinava:
“No princípio havia um grande Abismo (o Caos); nem o Dia nem a Noite existia; o Abismo era
Ginnungagap, o oceano hiante*, sem princípio nem fim. O Pai de Tudo, o Incriado, o Invisível,
morava nas profundezas do Abismo (o Espaço); ele manifestou a sua vontade, e tudo o que
ele quis veio à existência.”
* 1. Poét. Que tem a boca aberta. 2. Que tem grande fenda ou abertura.
“Da Realidade Última (Absoluto) emerge um Poder Divino, que por Sua própria Vontade
Independente, desenvolve o universo manifesto na tela da Sua própria Consciência.”
Upanishads / Taittirya
Hermes Trismegistos:
“O TODO é a Infinita Mente Vivente. O universo, e tudo o que ele contém, é uma Criação
Mental do TODO. Na sua Mente infinita, inumeráveis Universos, que existem por eons de
Tempo; e, contudo, para O TODO, a criação, o desenvolvimento, o declínio e a morte de um
milhão de Universos é como que o tempo do pestanejar dum olho”.
"É o primeiro Inata (não nascido), ou o Ego no Cosmo, e todos os demais Egos... são apenas
o seu reflexo e manifestação...”
“O Primeiro Logos como o Senhor de todos os Mistérios não pode manifestar-se, envia ao
mundo da manifestação o seu Coração, o "Coração de Diamante", Vajrasattva ou
Dorjesempa (Aqui vajra significa diamante, e sattva Natureza, Essência ou princípio, etc.).
Este é o Segundo Logos da Criação, do qual emanam os sete Dhyâni-Buddhas -
exotericamente cinco - chamado os Anupâdaka, os "Sem Pais". Esses Buddhas são as
Mônadas primordiais do Mundo do Ser Incorpóreo, o Mundo Arupa (Sem Forma), onde as
Inteligências (nesse plano somente) não tem forma nem nome” DS.
Um cabalista assim definiu o Espaço: É o que tudo contém sem ser contido, é a
primeira corporalidade da Unidade simples, a extensão sem limite, o desconhecido continente
de tudo, a Causa primeira desconhecida.
O Caos era chamado pelos gregos – sem sentido – porque continha em si mesmo
todos os elementos em seu estado rudimentar indiferenciado. Fazia do Éter o quinto elemento,
a síntese dos outros quatro.
O Éter dos gregos é o Âkasha dos Indos. As doutrinas cosmogônicas árias,
herméticas, órficas, pitagóricas, como as de Sanchoniaton e Berôso, estão baseadas numa
fórmula irrefutável, a saber: que o Éter e o Caos (mente e matéria) foram os dois princípios
primitivos e eternos do Universo, independentes por completo de tudo o mais.
O primeiro foi o princípio intelectual que tudo vivifica e o Caos um princípio fluídico,
informe, “Sem sentido”, e da união dos dois surgiu à existência, o Universo, a primeira Deidade
Andrógina, convertendo-se a Matéria caótica em seu corpo e o Éter em sua Alma.
Segundo um fragmento de Mermeias: “O Caos, obtendo o sentido dessa união com o
Espírito, resplendeu de prazer e assim foi produzida a Luz, o Protógonos ou Primogênito.
Esta é a Trindade universal, baseada nos conceitos metafísicos dos antigos.
Blavatsky: “Em metafísica oculta existem, a bem dizer, dois "UM": o Um no plano
inacessível do Absoluto e do Infinito, sobre o qual não é possível nenhuma especulação, e o
segundo "Um", no plano das Emanações. O Primeiro não produz emanação nem pode ser
dividido, pois é eterno, absoluto e imutável; mas o segundo, sendo por assim dizer, o reflexo
do primeiro Um (pois é o Logos, ou Isvara, no Universo de Ilusão), pode fazê-lo. Emite de si
mesmo os Sete Raios ou Dhyân Chohans; em outras palavras, o Homogêneo se converte no
Heterogêneo.”
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Podemos dizer que uma moeda tem dois lados (cara e coroa) mas ainda assim trata-
se de uma única moeda. Não é possível descrever melhor esse aspeto metafísico do que o
fez o Sr. T. Subba Row:
"Mûlaprakriti (o véu de Parabrahman) atua como energia una através do Logos (ou Ishvara).
Pois bem: Parabrahman... é a essência única, da qual emana um centro de energia, a que
darei por enquanto o nome de Logos... É chamado o Verbo... pelo cristãos, e é o Cristo divino
que está eternamente no sei do Pai. Os budistas o chamam Avalokiteshvara... Em quase
todas as doutrinas se formou a existência de uma centro de energia espiritual, inato e eterno,
que existe no seio de Parabrahman durante o Pralaya, que surge como centro de energia
consciente por ocasião da atividade cósmica..."
"Não é o Ego, não é o Não-Eu, nem tampouco a consciência... e não é Âtman sequer... mas,
não sendo em si mesmo um objeto de consciência, é, todavia capaz de dar lugar e apoio a
todas as coisas e a toda espécie de existência que possa ser objeto de conhecimento... | É |
a essência una, da qual vem à existência um centro de energia... | que ele chama Logos |".
Este Logos é o Shabda Brahman (Shabda significa Som.) dos hindus, a que o autor
não quer dar nem sequer o nome de Ishvara (o "Senhor" Deus), pelo receio de que o termo
possa criar confusão na mente do público. É o Avalokiteshvara dos Budistas, o Verbum dos
Cristãos em seu sentido esotérico verdadeiro, e não em sua alteração teológica.
"E o primeiro Inata, ou o Ego no Cosmo, e todos os demais Egos... são apenas o seu reflexo
e manifestação... Existe em estado latente no seio de Parabrahman durante o Pralaya.. |
Durante o Manvantara | possui uma consciência e uma individualidade próprias... | É um
centro de energia, mas | ... semelhantes centros de energia são quase inumeráveis no seio
de Parabrahman. Não se deve supor que | mesmo | este Logos seja | o Criador, ou que não
seja | mais que um centro único de energia... O número deles é quase infinito... | Este | é o
primeiro Ego que aparece no Cosmos, e é o fim de toda a evolução. | É o Ego abstrato | ...
Esta é a primeira manifestação | ou aspecto | de Parabrahman... Quando começa a ter
existência como ser consciente... Parabrahman lhe aparece, do ponto de vista objetivo, como
Mûlaprakriti. Tende isso em mente... porque aí está a origem de toda dificuldade em relação
a Purusha e Prakriti, com que tropeçam os vários escritores que se tem ocupado da filosofia
vedantina... Mûlaprakriti é material para ele | o Logos |, da mesma forma que um objeto é
material para nós. Este Mûlaprakriti não é Parabrahman, como os caracteres que ornam uma
coluna não são a própria coluna; Parabrahman é uma realidade incondicionada e absoluta, e
Mûlaprakriti é uma espécie de véu lançado sobre ela. Parabrahman não pode ser visto tal
como é em si mesmo. É visto pelo Logos com um véu que o encobre, e este véu é a poderosa
extensão da Matéria Cósmica... Parabrahman, após haver aparecido como o Ego, por um
lado, e como
Mûlaprakriti, por outro, atua como energia única por intermédio do Logos”.
E o orador, por meio de uma belíssima comparação, explica o que ele entende por
essa atividade de Algo que é Nada, e é TUDO ao mesmo tempo. Assemelha o Logos ao Sol,
que irradia a luz e o calor, mas cuja energia - a luz e o calor - existe sob uma forma
desconhecida no Espaço, e nele se difunde somente com luz e calor visíveis, não passando
o Sol de seu agente. Esta é a primeira hipótese triádica. Forma-se o Quaternário com a luz
vivificante, vertida pelo Logos.
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Síntese:
O Logos de nosso Sistema Solar criou todo o esquema em Sua mente e fê-lo existir
simultaneamente pelo Seu pensamento. Imaginou-o como foi no passado e como será em
cada momento futuro. Definiu uma vasta área cujos limites são muito maiores do que o mais
externo dos planetas. O Logos cumpre esta tarefa respondendo a um plano de ordem superior
ao qual se encontra inserido e ao qual se dedica devotadamente como um humilde servidor.
Através de processos de compressão e expansão em movimentos giratórios,
acompanhados de intensa ação elétrica, criou o material das nebulosas que estariam por vir
e sete tipos de matéria atômica. O Sol é Sua principal manifestação no plano físico, podendo
ser considerado como um centro de força d’Ele, e todo o sistema solar seria como o seu corpo
físico. Dele provém toda a vida seguindo suas três Emanações provindas de seus três
Aspectos – as trindades das religiões.
Ao atingir-se o momento em que os planetas deveriam surgir, o Logos solar cria vários
vórtices secundários, atraindo em seus movimentos giratórios grande quantidade de matéria
da nebulosa solar, e chama uma Entidade para se encarregar de cada Esquema evolutivo
planetário, como um departamento definido do sistema solar do qual Ele é o governante. O
Logos Planetário, é o responsável pela evolução de todas as sete Cadeias evolutivas de um
mesmo Esquema, sendo ao todo, no nosso sistema solar, sete Logos planetários para os sete
Esquemas existentes. Os Logos planetários são Seres Divinos, Grandes Consciências que
tomam um planeta como veículo de manifestação (uma forma de encarnação) e têm a missão
de continuar os processos meditativos criadores, sob a direção do Logos Solar. Todos os
Logos constroem os Seus sistemas a partir da matéria, usando a mesma “eletricidade
cósmica” (o Verbo) que foi a fonte dessa, tanto para criá-lo, ao sistema, como para mantê-lo.
“Se Deus parasse de pronunciar o Verbo, mesmo que por um momento, o Céu e a Terra
desapareceriam...”. Santo Agostinho (354-430)
O Logos possui sete centros de vida, representados pelos Sete Espíritos de Deus –
Ap 1:4, 4:5 e 5:6. Esses Sete Sublimes Senhores, os Poderosos Criadores, as Inteligências
Incorpóreas, os Dhyan Chohans, são os Anjos da Presença que permanecem sempre diante
do próprio Logos, representando ali os sete Raios de que são os chefes. São também
conhecidos como os Arcanjos Miguel, Jofiel, Samuel, Gabriel, Rafael, Uriel e Zaquiel (ou
Ezequiel) dos ensinamentos judeus. São Dionísio (258) os chama de Sete Espíritos
Construtores e Santo Agostinho (354-430) diz que possuem o pensamento Divino. São Tomás
de Aquino (1.225-1.274) afirma que Deus é a causa primeira e os Sete Espíritos a causa
secundária de todos os efeitos visíveis.
Os planetas são seres vivos, que nascem, vivem e morrem, pois a concepção oculta de
um planeta é diferente do que a ciência convencional consegue ver. É uma nova visão, que
requer redobrada atenção para o seu completo entendimento. Na verdade um planeta é o
corpo físico de uma entidade dinâmica (Logos Planetário ou Manu Planetário), onde as “ondas
de vida” evoluem. Essa evolução se faz pela passagem, no planeta, de uma forma cíclica,
ciclos esses que se repetem sete vezes, chamados de Rondas. Mas essas “ondas de vida”
passam, não apenas por um planeta, mas por sete planetas (globos) diferentes,
sucessivamente, e um ciclo, ou Ronda, é a passagem pelos sete globos individuais. Essa
passagem se repete, novamente, por mais seis vezes (as sete Rondas).
Então, ao conjunto formado por esses sete globos chamamos Cadeia planetária, à
passagem das “ondas de vida” pelos sete globos chamamos de uma Ronda e à passagem
por um globo individual chamamos Período Mundial. Dessa forma a “onda de vida” passa do
primeiro planeta da Cadeia ao sétimo, por sete vezes – sete Rondas, após o que mais sete
planetas, uma nova Cadeia planetária, se formam para dar continuidade à evolução das
“ondas de vida”. A evolução percorre, dessa forma, sete Cadeias planetárias, ou sete
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conjuntos de sete planetas, ao qual se dá o nome de um Esquema evolutivo, ou um Esquema.
Por fim, sabe-se que existem sete Esquemas no nosso sistema solar, logo conclui-se pela
existência de sete Logos planetários, um para cada Esquema evolutivo, centros de força do
corpo do Logos solar.
Diz-se que o Esquema evolutivo terrestre (que, como visto, é um dos sete do nosso
sistema solar) já passou por três Cadeias planetárias, cada qual composta de sete planetas
(já desintegrados), estando atualmente na quarta Cadeia de sete planetas (vide Alcorão
65:12), dos quais a Terra é o quarto planeta, físico ou material. Na Cadeia planetária passada,
a terceira, o planeta físico teria sido a Lua – hoje um planeta morto, em processo de
desintegração. Como em cada Cadeia planetária a “onda de vida” percorre os sete planetas
por sete vezes, as sete Rondas, diz-se que a “onda de vida” na Terra está na quarta Ronda.
Quando estiver na última Ronda, quando a “onda de vida” passar pala última vez em cada
planeta, deixando-o, ele inicia um processo de degradação e decomposição, sendo toda a
sua matéria devolvida ao estado original, onde será reaproveitada para a construção dos
novos planetas da Cadeia seguinte.
Assim vemos que um planeta, na realidade, também é um ser vivo que nasce, vive e
morre, desintegrando-se e doando sua matéria para a formação de outros. O nosso sistema
solar é considerado um sistema de quarta ordem e o nosso Esquema é o quarto mais
importante. A “onda de vida”, desse nosso Esquema, está na quarta Cadeia planetária e na
quarta Ronda, habitando o quarto globo, a Terra. Vemos formado um alinhamento excepcional
que oferece uma oportunidade ímpar para a humanidade evoluir e penetrar no reino divino
pela porta da Iniciação, à meta Crística da Perfeição. Agora vamos detalhar mais a vida nas
Cadeias.
A “onda de vida” entra na primeira Cadeia planetária habitando os sete reinos: três
reinos elementais (formas invisíveis, conhecidas como reino astral), o reino mineral, o vegetal,
o animal e o humano, e evolui de forma a ser capaz de passar para o reino imediatamente
superior na próxima Cadeia. Para o reino animal, a evolução se processa pela aquisição do
corpo causal, uma alma humana individual. Para o reino humano a evolução leva a um reino
super-humano, por onde se trilha a estrada final que leva à Perfeição, através das chamadas
Iniciações. Cada Cadeia tem um nível diferente a ser atingido pelo homem para se dizer que
atingiu o “êxito”. Dessa forma na nossa quarta Cadeia, a “onda de vida” que ora habita o reino
humano, na primeira Cadeia planetária do nosso Esquema terrestre habitava o reino mineral,
tendo habitado os reinos elementais, anteriores ao mineral, em um outro Esquema já extinto
e desconhecido e do qual nada se sabe.
Para essa evolução, de reino em reino, as vidas individuais passam por milhares de
encarnações, em cada um dos sete planetas, nas 49 vezes que isso ocorre em cada Cadeia.
Após a passagem em um planeta a “onda de vida” deixa “sementes”, dos vários reinos, que
servirão para uma retomada mais rápida da evolução quando ela retornar ao mesmo globo,
na próxima Ronda. Uma minoria das “centelhas” individuais não obtém “êxito” e passa à
próxima Cadeia, na metade de sua evolução, e no mesmo reino, embora mais “adiantados”
que os outros que foram “recém promovidos” de reino. De outra forma uma pequena parte
consegue evoluir de reino durante a mesma Cadeia. Assim se pode explicar as abismais
diferenças entre um homem evoluído e um selvagem (vide adiante), entre um golfinho e um
verme, entre uma majestosa árvore milenar e a gramínea rasteira, entre uma pedra preciosa
e uma inexpressiva, todos frutos da diferença evolutiva entre eles, mas todos necessários à
evolução de cada um, numa complexa rede de inter-relações (como na abordagem bootstrap,
aplicada à física das partículas).
2.15. As Eras
Para se ter uma ideia da duração, em anos terrestres, desses eventos acima citados,
temos que tentar compreender os períodos divinos, descritos nos Puranas hindus. O melhor
desses calendários, opinião de brâmanes ortodoxos, é o Tirukkanda Panchanga, escrito em
1.884 por dois sábios brâmanes a partir de fragmentos de obras imensamente antigas,
encontrados ao sul da Índia.
Ele afirma que a “onda de vida” chegou ao primeiro globo, na primeira Ronda da
nossa Cadeia atual, há 1.955.884.687 anos (a ciência dá à Terra, o quarto globo, cerca de
4,6 bilhões de anos). Os reinos necessitaram de 300 milhões de anos para o seu
surgimento, tendo o homem surgido, na nossa Cadeia, há 1.655.884.687 anos e no atual
Período Mundial, na forma física, há 18.618.728 anos (vide adiante).
O Tirukkanda Panchanga afirma que O TODO tem períodos de atividade e de sono que
duram como um piscar de olhos Dele, 100 anos divinos ou sete eternidades cada um –
trezentos e onze trilhões de anos (311.040.000.000.000 anos terrestres). Esse período
também é chamado um Período Divino ou Maha-kalpa. Cada ano divino é composto de “360
dias e 360 noites de Brahma”. Logo são 720 “turnos” (ou dias de Brahma) por ano, que no
total dos 100 anos dão 72.000 “turnos” ou Kalpas. Cada Kalpa corresponde a 4.320.000.000
(quatro bilhões, trezentos e vinte milhões) de anos terrestres.
Esse mesmo Kalpa compreende um período de 14 manvantaras mais 15 sandhi
(4.320.000.000 de anos). A propósito um manvantara corresponde a 306.720.000 anos
(trezentos e seis milhões e setecentos e vinte mil anos), um sandhi corresponde a 1.728.000
(um milhão e setecentos e vinte e oito mil) anos e um manvantara completo é a soma deles
dois (308.448.000 anos). Esse mesmo manvantara corresponde a 71 Maha-yuga mais um
sandhi. Um Maha-yuga, conhecido como uma Idade Divina compreende 4.320.000 (quatro
milhões e trezentos e vinte mil) anos e se divide em quatro períodos: um Satya-yuga
(1.728.000 anos), um Trêtya-yuga (1.296.000 anos), um Dvâpa-yuga (864.000 anos) e um
Kali-yuga (432.000 anos).
Parece que o tempo de uma Ronda não é fixo, e sim que no início de um Esquema um
tempo de evolução maior em cada Ronda é preciso, comparado com a aceleração que ocorre
posteriormente. Segundo Helena Blavatsky (1.831-1.891), em Ísis sem Véu, estamos no 7o
Manvantara de 308 milhões de anos, no Kali-yuga da 28a Maha-yuga, ou seja entre os anos
de 1.971.216.000 e 1.971.648.000 do atual Kalpa. Considerando que os cientistas aproximam
em 14 bilhões de anos atrás a data provável do Big-Bang e de 4 bilhões a idade da Terra, o
Universo deve estar no 4o Kalpa – de um total de 72.000, ou seja entre os anos
14.931.216.000 e 14.931.648.000, e a Terra teria se formado no 3o Kalpa, entre os anos
10.931.216.000 e 10.931.648.000 do atual Período Divino. Mas nesses números que foram
divulgados à humanidade falta o elo que os une à nossa atual cronologia e que dá a
quantidade de anos que duram os Esquemas, as Cadeias, as Rondas, os globos, etc.. Haveria
Obras Secretas que ampliariam a visão desses ciclos, explicandoos nos seus pormenores,
mas que nunca foram mencionados à humanidade comum.
28
Resumindo:
1. Toda existência é uma unidade. Todas as unidades aparentemente separadas são partes
de um único todo.
2. Toda a existência é governada por leis imutáveis, que se aplicam tanto aos aspectos visíveis
quanto aos invisíveis da natureza, do universo e do homem.
3. A evolução é um fato na natureza. Da correlação entre o espírito e a matéria, entre vida e
forma, as infinitas possibilidades da existência emergem gradualmente do estado latente
para a expressão ativa.
4. O homem é uma fase no processo evolutivo. A fase humana difere das primitivas,
principalmente pela autoconsciência que dá, unicamente ao homem, a responsabilidade
pelas suas ações e o poder de dirigir o curso de sua futura evolução.
5. Cada vida humana, do nascimento à morte, é parte de um padrão total de evolução
individual. Este padrão é determinado pela ação de leis, que são de extrema relevância para
a compreensão das condições do ser no dia-a-dia: a lei do ritmo, que faz a vida e a morte
serem sequência uma da outra, como o despertar segue ao sono no ciclo diário; a lei da
Ação ou Karma, que encadeia cada acontecimento ao que o sucede, como as causas estão
encadeadas aos efeitos.
6. O indivíduo, como parte da Existência Una e dotado de autoconsciência, tem o poder de
libertar-se de todas as limitações de uma condição meramente humana e,
experimentalmente, realizar sua identidade com Deus.
7. O caminho para o conhecimento da nossa própria divindade é, em si, obediência às leis da
natureza. Pode ser encontrado e palmilhado por aqueles que desejam estudar as leis da
natureza e sintonizar suas vidas com as únicas condições que tornam possível a descoberta
da Verdade.
HPB:
“...um dos polos é o Espírito puro, perdido no absoluto do Não-Ser, e o outro polo é a Matéria,
na qual ele se condensa, "cristalizando-se" em tipos cada vez mais grosseiros, à medida que
desce na manifestação.”
“Cada corpo celeste é o templo de um Deus e estes Deuses são por sua vez os templos de
Deus, o Desconhecido Não-Espírito”.
“O Espaço condicionado não possui existência real alguma além deste mundo de ilusão
(nossas faculdades perceptivas), e ensina que todos os mundos inferiores e superiores se
acham compenetrados com o nosso próprio mundo objetivo, que milhões de seres e coisas
se acham em volta de nós e em nós, assim como estamos em torno deles, com eles e neles;
isto é um fato real da Natureza, por incompreensível que pareça aos nossos sentidos”.
30
“Há milhões de firmamentos e mundos visíveis para nós, ainda que muito maior é o número
dos que estão fora do alcance de nosso telescópio, e grande parte destes últimos não
pertencem ao nosso plano objetivo. Estes mundos são tão objetivos para os seus próprios
habitantes como o é o nosso para nós”.
“Cada mundo está sujeito às suas próprias Leis e condições especiais sem ter relação direta
com nossa esfera. Seus habitantes podem estar passando através ou ao lado de nós sem
que nos apercebamos disto, como se fosse para eles um espaço vazio”.
2.18. Fohat
Glossário Teosófico
"O Universo manifestado... é penetrado pela dualidade, que vem a ser a essência mesma de
sua Existência como manifestação. Mas, assim como os pólos opostos de Sujeito e Objeto,
de Espírito e Matéria, não são mais que aspectos da Unidade Única, que é a sua síntese,
assim também no Universo Manifestado existe "algo" que une o Espírito à Matéria, o Sujeito
e o Objeto."
"Assim, enquanto a Ciência fala de sua evolução através da matéria bruta, força cega, e
movimento intensivo, os Ocultistas apontam para a LEI Inteligente e a VIDA Senciente, e
adicionam que Fohat é o espírito condutor de tudo isto."
2 Anupadaka** Monádico 49 49
O plano Adi e o Anupadaka, são planos que podem ser concebidos como existentes
antes, da formação do Sistema Solar. Poderemos imaginar o Plano Adi composto de matéria
do espaço, simbolizado por Pontos, enquanto o Logos delimita a forma da base material do
sistema que Ele está para produzir.
O plano Anupadaka, simbolizado por linhas, pode ser imaginado como sendo
composto dessa mesma matéria, modificada ou colorida pela vida individual do Logos, ou
seja, sua consciência que penetra todas as coisas definindo este plano do correspondente em
outro sistema Solar. Podemos demonstrar a tríplice manifestação da consciência do Logos e
o outro a tríplice modificação da matéria, correspondente a tríplice modificação da
consciência.
Considerando de início a manifestação da consciência, uma vez que o lugar do
universo foi demarcado, 1) o Próprio Logos aparece como um Ponto dentro da Esfera; 2) o
Logos avança desse Ponto em três direções até a circunferência ou círculo de Matéria; 3) a
Consciência do Logos retorna a Si mesma manifestando, a cada Ponto de contato com o
Círculo, um dos três aspectos fundamentais da Consciência, conhecidos como Vontade,
Sabedoria e Atividade ou por outros termos. A união desses três aspectos ou fase de
manifestação, em seus pontos de contatos com o Círculo, resulta no Triângulo Básico de
contato com a Matéria. Esse Triângulo, junto com os três Triângulos formados pelas linhas
traçadas pelo Ponto, produz a "Tetrade Divina", às vezes chamada Quaternário Cósmico.
Observando agora as modificações havidas na matéria universal, correspondendo às
manifestações da Consciência, temos, na esfera da Substância Primordial, a matéria virgem
do Espaço. Diagrama II 1) o Logos o aparece como um Ponto irradiando a esfera da Matéria;
2) o ponto que vibra entre o centro e a circunferência, formando assim a linha que marca a
separação do Espírito e da Matéria; 3) o Ponto, com a linha que gira com Ele, vibrando em
ângulos retos com a vibração precedente, formando a Cruz primordial dentro do Círculo.
33
Diagrama II – A RESPOSTA DA MATÉRIA
Diz-se, assim que a Cruz "procede" do Pai (o Ponto) e do filho (o Diâmetro) e representa o
Terceiro Logos, a Mente Criadora, a Atividade divina, pronta a manifestar-se como Criador.
Todos nós, embora na maior parte não tenhamos consciência, vivemos no seio de um
vasto, invisível e populoso mundo.
Quando dormimos ou quando no estado de êxtase, os nossos sentidos físicos entram
momentaneamente num estado de inação, neste caso podemos até certo ponto ter a
consciência desse mundo e muitas vezes acontece de trazermos - ao despertar - recordações
mais ou menos vagas, do que lá vimos e ouvimos.
Quando, por ocasião dessa transição a que vulgarmente chamamos "morte", o homem
se despoja totalmente do corpo físico, é nesse mundo invisível que ele ingressa e lá fica
vivendo durante os longos séculos que medeiam entre as suas encarnações nesta existência
terrestre. A maior parte destes longos períodos, a sua quase totalidade mesmo, é passada no
mundo-céu, ou Devachan. O presente trabalho é dedicado à parte inferior desse mundo
invisível, ao estado em que o homem ingressa imediatamente após a morte, é o "Plano Astral".
A primeira ideia a fixar nessa descrição é a absoluta realidade do plano astral. O plano
astral existe. Mas, é claro, quando falo de realidade, não parto do ponto de vista metafísico
que diz nada haver de real, porque tudo é transitório, a não ser o Absoluto não manifestado.
A palavra é empregada no seu sentido vulgar, de todos os dias, e quer significar que os
objetos e habitantes do mundo astral são reais, precisamente como os nossos corpos, a nossa
mobília, casas e monumentos – tão reais como qualquer lugar que estamos habituados a ver
e a frequentar diariamente. Tudo o que existe nesse plano não dura, naturalmente, mais do
que os objetos do plano físico, mas, precisamente como estes, não deixa de ser uma realidade
cuja existência não temos o direito de ignorar, simplesmente pelo fato de a grande maioria da
humanidade não ter por enquanto consciência dela, ou, quando muito, apenas a pressentir
vagamente.
É importante ressaltar que no nosso sistema solar existem planos perfeitamente definidos,
cada um formado pela sua matéria de diferentes graus de densidade, e que alguns desses
planos estão abertos à visita e à observação dos que conseguiram obter os requisitos
necessários para isso, exatamente como qualquer país estrangeiro está ao alcance do turista.
Estes se chamam, por ordem decrescente de densidade da matéria que os forma,
respectivamente, Físico, Astral, Mental, Búdhico e Nirvânico. Acima destes há ainda dois, mas
tão além das nossas atuais faculdades de percepção que, por enquanto, não nos ocuparemos
deles. A matéria que forma estes planos é absolutamente a mesma; a sua densidade em cada
um deles é que difere: é como se houvesse um formato de água-gelo, outro de água-líquido,
outro de água-vapor, etc. É matéria ainda mais rarefeita a que forma os outros, mas na
essência, é a mesma matéria.
A região astral, forma o segundo destes grandes planos da natureza – o imediatamente
superior (ou interior) a este mundo físico, tão conhecido de nós todos, e onde vivemos.
39
O Plano Astral tem-se lhe chamado "o reino da ilusão", não porque em si seja mais
ilusório do que o mundo físico, mas porque as impressões que dele trazem os observadores
pouco treinados são extremamente vagas e impalpáveis, oferecendo, portanto pouco crédito,
fato devido a duas causas principais: em primeiro lugar, os seus habitantes tem o poder
maravilhoso de mudar constantemente de forma com uma enorme rapidez e de exercer, por
assim dizer, uma espécie de magia ocasional sobre aqueles à custa de quem se querem
divertir; e em segundo lugar, a faculdade de ver nesse plano é muito diferente da faculdade
visual que nos é dada no plano físico. É, além disso, extraordinariamente mais desenvolvida,
pois, um objeto é, por assim dizer, visto por todos os lados ao mesmo tempo. Olhando para
um sólido com a vista astral, o olhar abrange não só o exterior mas o interior do corpo
compreende-se, portanto, que seja extremamente difícil para um observador com pouca
prática ter compreensão nítida do que vê, extrair da imagem confusa, que pela primeira vez
se lhe apresenta à vista, a noção verdadeira do seu significado, e, acima de tudo, é-lhe quase
impossível traduzir o que realmente vê, servindo-se da pobre linguagem de que usa
diariamente.
A primeira introdução consciente nesta região notável vem aos homens por várias
maneiras, o caso mais vulgar é quando começamos a recordar-se, com uma nitidez
sucessivamente maior, do que viram e ouviram nesse plano, durante o sono.
Todavia, assim como o explorador no plano físico começaria provavelmente a
descrição de uma região por uma espécie de descrição geral do cenário e respectivas
características, também nós, ao empreendermos tornar conhecido o plano astral,
começaremos este ligeiro esboço por tentar dar uma ideia do cenário que forma o fundo das
suas atividades maravilhosas e sempre diferentes. Mas, logo no começo surge-nos uma
dificuldade quase insuperável, derivada da extrema complexidade do assunto. Todos aqueles
que admiram o poder de ver claramente no plano astral, são unânimes em reconhecer que a
tentativa de evocação de uma pintura cheia de vida desse cenário perante olhos
inexperientes, equivale a querer fazer admirar a um cego, por uma simples descrição oral, a
requintada variedade dos matizes de um pôr de sol; - por mais expressiva, mais detalhada e
mais fiel que seja a descrição, nunca se pode obter a certeza de que no espírito do cego se
represente com clareza a verdade.
Antes de mais nada, é preciso não esquecer que o plano astral tem sete subdivisões,
e cada uma destas tem um grau de materialidade que lhe é próprio e corresponde a um certo
estado de agregação de matéria. A matéria de todos os subplanos tem de encontrar-se aqui
na superfície da terra, porém o plano astral é muito maior do que o físico, estende-se alguns
milhares de quilômetros acima da sua superfície. Quanto mais alto nos elevamos, mais
rarefeito se torna o ar, e a mesma verdade se aplica à matéria astral. Nosso mundo astral toca
o da lua no perigeu, porém não no apogeu; mas naturalmente o contato se continua ao mais
elevado tipo de matéria astral. As sete subdivisões do plano astral entram, naturalmente, em
três grupos:
O subplano 7 tem o mundo físico como seu ambiente, embora apenas uma visão
parcial e distorcida dele possa ser vista, já que tudo quanto é luminoso, bom e belo parece
invisível. Os subplanos 6, 5 e 4 têm por ambiente o mundo físico com o qual estamos
familiarizados. A vida no número 6 é como a vida física habitual, com o corpo e suas
necessidades a menos. Os números 5 e 4 são menos materiais e mais afastados do mundo
inferior e seus interesses.
Os subplanos 3, 2 e 1, embora ocupando o mesmo espaço, dão a impressão de
estarem muito distantes do mundo físico e, por conseguinte, menos materiais. Nesses níveis
as entidades perdem de vista a terra e seus assuntos. Ficam, habitualmente, profundamente
absorvidas em si mesmas e criam, em grande parte, seu próprio ambiente, embora este seja
suficientemente objetivo para se percebido por outras entidades.
40
Com vista astral, todos os objetos, mesmo os pensamentos físicos, tomam um aspecto
diferente. Como já se disse, os olhos astrais vêem um objeto, não só sob um certo ponto de
vista, mas por todos os lados ao mesmo tempo – ideia, que em si é bastante confusa. Se
acrescentarmos, ainda, que todas as partículas existentes no interior de um corpo sólido se
apresentam tão nitidamente visíveis como as da superfície, compreenderemos facilmente que
mesmo os objetos que nos são mais familiares apresentem uma aparência que os torna
inteiramente irreconhecíveis.
Contudo, refletindo um momento, veremos que esta visão está mais próxima da
verdadeira percepção do que a vista física, o que evidentemente não passa de uma ilusão do
sentido visual. No entanto, ainda há mais causas de erro: assim, esta vista superior distingue
formas de matéria invisíveis em outras condições, como por exemplo, as partículas
constituintes da atmosfera, todas as variadíssimas emanações que os corpos, que tem vida,
constantemente libertam de si, e ainda mais quatro graus de uma ordem de matéria bem mais
rarefeita, a que, por falta de designação distintiva, chamaremos etéricas. Estas fornecem, por
si, uma espécie de sistema, que interpenetra livremente toda a outra matéria física.
Em primeiro lugar, cada objeto material, cada partícula mesmo, tem o seu duplicado
astral. Este duplicado, por vezes, não é um corpo simples; é um corpo extremamente
complexo, constituindo de várias espécies de matéria astral. Além disso todos os seres vivos
estão rodeados de uma atmosfera, que lhes é própria, vulgarmente chamada "aura", que no
caso do homem é um assunto de estudo extremamente fascinante.
Ainda a respeito da aparência tomada pela matéria física quando vista à luz astral,
outro ponto há que merece menção: é o fato de esta visão superior astral ter o poder de
aumentar os objetos, levando qualquer partícula, por minúscula que seja, à grandeza que se
deseje, tal qual um excelente microscópio, se nos é permitida tão grosseira comparação, pois
na realidade não há nem poderá haver nenhum desses instrumentos, capaz de possuir um
poder de aumento tão extraordinário. A molécula e o átomo, criações hipotéticas para o
homem de ciência, são para o ocultista realidades visíveis, e de uma complexidade intrínseca
muito maior do que para os físicos e químicos do nosso mundo.
Do que acabamos de dizer compreende-se que, embora sejam realmente os objetos
vulgares do mundo físico que formam o fundo do cenário do plano astral, aparecem, contudo,
com um aspecto tão diferente, pelo muito mais que deles se vê, que se nos tornam quase
irreconhecíveis e julgamos estar em presença de objetos novos, tanto e tão profundamente
modificados, na infinita variedade dos seus pormenores.
Esboçado assim, embora ligeiramente, o fundo do nosso quadro, devemos agora
colocar lhe as figuras, descrever os habitantes do plano astral. Não é fácil tarefa classificá-los
e ordená-los, tão complexa é a sua variedade. Parece-nos melhor começar por dividi-los em
três grandes categorias: os humanos, os não-humanos e os artificiais.
Os cidadãos humanos do mundo astral separam-se naturalmente em dois grupos: os vivos e
os mortos, ou, falando com mais precisão, aqueles que ainda tem corpo físico e aqueles que
já o abandonaram.
3.6. Os Humanos
A pessoa comum – isto é, sem nenhum desenvolvimento psíquico – que flutua no seu
corpo astral durante o sono, num estado mais ou menos inconsciente. No sono profundo do
corpo físico, os princípios superiores que se encontram no veículo astral desligam-se
invariavelmente dele e acolhem-se nas proximidades, apesar de, nas pessoas sem o mais
pequeno desenvolvimento, se encontrarem num estado de sono tão profundo como o do
corpo. Contudo, em alguns casos o veículo astral está num letargo menor e então flutua daqui
para ali, semi-adormecido, nas várias correntes astrais, reconhecendo por vezes outras
pessoas que se acham no mesmo estado, passando por toda espécie de aventuras, umas
agradáveis, outras desagradáveis, cuja lembrança, necessariamente confusa e por vezes
transformada numa grotesca caricatura do que realmente aconteceu, as fazem pensar, ao
despertar, nos disparates do sonho que tiveram.
Os mortos - em primeiro lugar, deve-se entender que a designação "mortos" é
absolutamente errônea, visto que as entidades nela englobadas estão tão vivas como nós –
41
a maior parte das vezes tem mesmo uma vitalidade muito maior. Quando dizemos mortos,
queremos apenas referir-nos aqueles indivíduos que momentaneamente se libertaram do
corpo físico.
Quando o homem, ao morrer, abandona o plano físico, a sua consciência vai focar-se
na camada imediatamente a seguir (plano astral) e lá fica até que todos os desejos do mundo
físico se acabem. Feito isto sua força de vontade foi dirigida para canais elevados e pouca
energia de desejos inferiores tem disponível para ser utilizada no planos astral, focando-se
sua consciência em planos ainda mais elevados de existência (plano mental).
Assim, vemos que a duração da permanência de um indivíduo em qualquer das
subdivisões do plano astral, é rigorosamente em função da quantidade de matéria dessa
subdivisão, subsistente no seu corpo astral, e por sua vez, depende do gênero de vida que
levou na terra, dos desejos que acalentou e da espécie de matéria que, com o seu
procedimento , atraiu para si.
As únicas pessoas que normalmente despertam no sétimo subplano do plano astral
(que é o mais denso), são as de aspirações grosseiras e brutais – os ébrios, os sensuais e
quejando. A sua permanência depende da intensidade dos seus desejos; geralmente o seu
sofrimento é horrível pelo fato de, conservando vivos os grosseiros apetites que os dominaram
na terra, lhes é impossível agora satisfazê-los, exceto, uma vez por outra, quando conseguem
apoderar-se de uma criatura viva, com vícios iguais aos seus, e obcecá-la completamente.
Seria de grande utilidade que aqueles cujos entes queridos a morte separou,
aprendessem nestes fatos indubitáveis a refrear, por amor dos seus mortos queridos, as suas
manifestações de um desgosto, que embora natural, é na sua essência um sinal de egoísmo.
Não que as doutrinas ocultas aconselhem o esquecimento dos mortos. Longe disso, o que
elas sustentam e defendem é que a recordação afetuosa de um amigo que a morte levou, é
uma força que devidamente canalizada por meio de convictos e sinceros votos pelo seu
progresso para o mundo-céu, e pela tranqüilidade da sua passagem pelo estado
intermediário, lhe pode ser de altíssima vantagem. Ao passo que essa recordação, tornada
pelo desgosto moralmente doentia, exagerada com lutos e lágrimas, pode impedir-lhe o
caminho, fazendo-o árduo e penoso.
Resumindo: em cada etapa do seu caminho da "Terra" ao "Céu", o homem arroja para
longe e abandona três cadáveres: o corpo físico, o duplo etérico e o veículo astral, que se
resolvem gradualmente nos seus elementos constituintes, e cuja matéria é utilizada de novo
nos planos respectivos pela admirável química da natureza.
Os suicidas e as vítimas de morte súbita – Compreende-se facilmente que um
indivíduo que foi arrancado à vida física repentinamente, em pleno gozo da sua saúde e
energias, se ache, no plano astral, em condições consideravelmente diferentes daquelas a
que estão sujeitos os que morrem com a idade ou por doença. Nestes casos, os laços de
desejos terrestres que ligavam o velho ou o doente à terra, estão naturalmente mais ou menos
enfraquecidos; as partículas mais grosseiras estão, com certeza, já libertas, de modo que é a
Sexta ou Quinta subdivisão, e talvez a uma mais elevada do plano astral, a que deve passar.
Os princípios foram, por um processo gradual, preparados para a separação e, portanto, o
choque é muito menos violento.
Mas no caso de suicídio ou de morte por desastre, não se realizaram estes preparativos
graduais. Grande quantidade de matéria astral, da categoria mais densa, está ainda suspensa
em volta da personalidade, que, por conseguinte, fica presa na sétima ou última subdivisão
do plano astral, esta subdivisão não é realmente uma estância muito agradável; mas ou seus
efeitos não são os mesmos para todos os que são obrigados a habitá-la. As vítimas de morte
súbita, cujas vidas na terra foram puras e nobres, não têm afinidade por esse subplano, de
modo que o tempo da sua permanência lá é passado.
Se, porém, a vida na terra foi baixa, brutal, egoísta, cheia de sensualismo, haverá da
parte dos que por qualquer meio foram violentamente arrebatados à vida, plena consciência
desta pouco hospitaleira região, e estarão sujeitos a transformar-se em entidade terrivelmente
malfazejas. Inflamados por apetites horríveis, de todas as espécies, que de modo nenhum
podem satisfazer diretamente, por não terem corpo físico, tentam aplacar suas revoltantes
paixões servindo-se de um médium ou de qualquer pessoa sensitiva que obsedam.
42
Aqueles que tem a vista psíquica desenvolvida, podem ver multidões destes
desgraçados junto de açougues, bares e outros lugares ainda mais vergonhosos, onde
encontram a atmosfera grosseira que lhes convém e os indivíduos de ambos os sexos, de
hábitos semelhantes aos seus.
3.7. Os Não-Humanos
3.8. Os Artificiais
IV - A Individualização
Quando está no reino mineral, a vida, às vezes, é chamada "Mônada mineral", tal como
em estágios posteriores será chamada "Mônada vegetal" e "Mônada animal. Contudo, esses
títulos são causadores de equívocos, porque parecem sugerir que uma grande Mônada anima
todo o reino, o que não é o caso, já que mesmo quando a essência monádica surge pela
primeira vez entre nós, como Primeiro Reino Elemental, não é uma só Mônada, mas
muitíssimas Mônadas: não é um grande fluxo de vida, mas muitos fluxos paralelos, cada qual
possuindo características próprias.
Quando a Emanação alcança o ponto central do reino mineral, a pressão descendente
cessa e é substituída por uma tendência ascendente. A "exalação" parou e a "Inalação" ou
absorção começou.
Todo o plano tende, cada vez mais, para a diferenciação e os fluxos, descendo de reino para
reino, vão se dividindo e subdividindo mais e mais. O processo de subdivisão continua até
que – ao fim do primeiro grande estágio de evolução – seja finalmente dividido em
individualidades, isto é, em homens, cada homem sendo uma alma distinta e separada,
embora tal alma seja, de início e como é natural, sem desenvolvimento.
As matérias preparadas pelo Terceiro Logos são compostas pelo Segundo Logos em
fios e tecidos com os quais serão feitas as futuras roupas, isto é, os corpos.
Assim o Segundo Logos "tece" vários tipos de pano, isto é, de matéria com a qual mais tarde
serão feitos os corpos caudal e mental dos homens. Do tecido de matéria astral, ou
substância de desejo, serão feitos posteriormente os corpos astrais dos homens. Toda essa
movimentação descende da Onda-de-vida através dos planos, dando qualidades aos vários
graus de matéria, é um preparativo para a evolução e é com frequência e mais
apropriadamente chamada Involução.
Depois de atingir o mais baixo estágio de imersão na matéria, tanto a Primeira como a
Segunda Emanação voltam-se para cima e começam sua longa ascensão através dos planos:
essa é a evolução propriamente dita.
O Diagrama IV é uma tentativa de ilustrar graficamente a Primeira Emanação
procedente do Terceiro Logos e que forma a matéria dos cinco planos inferiores, e a Segunda
Emanação, que ao tomar a matéria vivificada pelo Terceiro Logos, Modela e anima essa
matéria a fim de produzir os três Reinos Elementais e o Reino Mineral, assim como na devida
sucessão os reinos vegetal e animal. Está também indicada no diagrama a Terceira
45
Emanação, vinda do Primeiro Logos, Emanação da qual resulta a formação de entidades
individuais, ou seres humanos.
Observe o diagrama IV, ele representa a posição exata de cada reino. Assim, o
mineral, em toda a sua amplitude, apareceu na parte mais densa do plano físico, mostrando
que a vida ali, tal como existe, tem completo controle sobre a matéria física. Porém, ao subir
através dos Subplanos etéricos, a faixa torna-se cada vez mais estreita, indicando que o
controle sobre a matéria etérica ainda não está perfeitamente desenvolvido.
O pequeno ponto que penetra no plano astral indica que um pouco de consciência
trabalha através da matéria astral. Essa consciência é o inicio do desejo, expressa no reino
mineral como afinidade química, etc. A faixa que representa o reino vegetal tem toda a sua
amplitude no plano físico, tanto no denso como no etéreo. Naturalmente, a porção que
representa a consciência astral é muito maior, porque o desejo está mais desenvolvido no
reino vegetal do que no reino animal. No reino animal a faixa mostra que há completo
desenvolvimento no Subplano astral inferior, revelando que o animal é capaz de experimentar
plenamente os desejos mais baixos; mas o estreitamento da faixa através dos Subplanos
mais altos revela que sua capacidade para desejos superiores é muito limitada. Apesar disso,
em casos excepcionais, é possível que ele manifeste uma qualidade altíssima de afeição e
devoção.
A faixa que representa o animal mostra também a existência do desenvolvimento da
inteligência, que necessita de matéria mental para se expressar. De modo geral, admite-se
agora que alguns animais – tanto domésticos como selvagens – possuem, indubitavelmente,
o poder de raciocínio entre causa e efeito, embora as linhas sobre as quais sua razão possa
funcionar sejam, naturalmente, poucas e limitadas, não sendo ainda faculdade poderosa.
A faixa representando o reino humano atinge em toda a largura o nível mais baixo do
plano mental; isso indica que, até esse nível, sua faculdade de raciocínio está completamente
desenvolvida. Nas subdivisões mais altas do plano mental inferior, a faculdade da razão ainda
não se desenvolveu completamente, conforme indica o estreitamento da faixa.
Contudo, um fator inteiramente novo introduziu-se pelo ponto no plano mental, ou no
plano causal, porque o homem possui um corpo causal e um Ego permanente, que reencarna.
Na grande maioria dos homens a consciência não vai além do terceiro Subplano aos poucos,
à medida que seu desenvolvimento continua, o Ego é capaz de elevar sua consciência até o
segundo ou o primeiro dos Subplanos mentais. A faixa da extrema direita representa um
homem muito mais adiantado do que o homem comum. Aqui temos a consciência de um
homem altamente espiritualizado, cuja consciência evoluiu além da do corpo causal, de forma
que pode funcionar livremente no plano Búdhico, e também tem consciência – pelo menos
quando fora do corpo – no plano Átmco.
Podemos notar que o centro da sua consciência, indicado pela parte mais larga da
faixa, não está, como no caso da maioria dos homens, nos planos físico e astral, mas entre o
plano mental superior e o plano Búdhico. O mental superior e o astral superior são muito mais
desenvolvidos do que suas partes inferiores, e embora ainda retenha seu corpo físico, tal
corpo é indicado apenas por um ponto, explicando que o mantém somente por conveniência
de trabalhar nele, e de forma alguma porque seus pensamentos e desejos estejam ali fixados.
Tal homem transcendeu todo o carma que poderia vinculá-lo à encarnação, de forma que
aceita os veículos inferiores apenas para, através deles, poder trabalhar pelo bem da
humanidade e emitir, para esses níveis, forças que de outra maneira não poderiam descer até
ali.
É importante observar que o processo Evolutivo, que dá expressão à consciência Involutiva,
deve começar pelos contatos recebidos pelo seu veiculo mais externo, isto é, deve começar
pelo plano físico. A consciência só pode tomar conhecimento do exterior através de impactos
sobre seu próprio exterior. Até então ela sonha dentro de si mesma, pois os ligeiros frêmitos,
que estão constantemente manando da Mônada, causam leve pressão no Jivatma (Âtman-
Buddhi-Manas), tal como uma nascente de água, sob a terra, procurando uma saída.
46
Texto em construção:
Assim, por exemplo, o corpo físico, que é constituído de sólidos, líquidos e gases, teria
uma contraparte sutil que seria constituída pelos 4 estados de matéria seguintes, chamados
éteres pelos ocultistas. Por isso, essa contraparte é chamada, às vezes, de corpo etérico e,
em condições normais de vida, ela interpenetraria o corpo físico, que se constitui de matéria
mais densa. Por outro lado, por ela ser uma duplicata exata do corpo físico, célula por célula,
ela é mais frequentemente conhecida como duplo etérico.
47
Uma de suas principais funções é servir como matriz do corpo físico. Segundo a
tradição oculta as células físicas crescem de acordo com o molde das etéricas que, por sua
vez, constituem o duplo etérico, obrigando-as a trabalhar como um todo, ou seja, como um
organismo.
O trabalho da parapsicóloga Thelma Moss sobre o efeito fantasma é uma das mais recentes
evidências dessa função do duplo etérico. Em condições normais o duplo não pode ser
fotografado, devido à sutileza dos seus constituintes, porém um campo elétrico é influenciado
pela sua presença. Tal é o princípio da fotografia Kirlian, que embora não possa fotografar o
duplo etérico, fotografa o ar ionizado pelo efeito corona e influenciado pela integração do
duplo, e, dessa forma, consegue ao menos a definição do seu contorno. Por exemplo, uma
folha recém retirada da árvore, mas com parte de sua superfície cortada e destruída, tem o
seu contorno original nitidamente definido na fotografia Kirlian, como se ela ainda estivesse
inteira. Esse contorno, que continua aparecendo mesmo sem a parte física correspondente,
foi chamado de efeito fantasma e se deve à presença do duplo etérico da folha.
O duplo tende a exercer sua função moldante no sentido de orientar o crescimento das
células físicas, porém se a lesão é muito grande ela afeta o próprio duplo gerando uma
irregularidade no fluxo das energias deste que gerará, no devido tempo, a cicatriz física.
Isso nos leva à segunda função do duplo etérico que é a de absorção, especialização e
distribuição da energia vital proveniente do Sol, conhecida como prâna na tradição Hindu. Por
isso os hindus chamam o duplo etérico da 'pránamayakosha': veículo de prâna.
Os grandes centros de prâna são as glândulas e os centros nervosos do corpo físico,
bem como os respectivos centros de força do duplo etérico, conhecidos como 'chakras' na
tradição Hindu, ou dos outros corpos sutis. A palavra chakra provém do sânscrito e,
literalmente, significa roda. Os chakras são usualmente descritos como vórtices em forma de
sino ou flor situados na superfície do duplo etérico, com um diâmetro de aproximadamente 10
cm., com suas "hastes" conectando alguns deles à medula espinal e outros a algumas
glândulas do corpo físico. Os sete chakras tradicionais são situados na base da coluna, no
baço, no umbigo, no coração, na garganta, entre os olhos e no topo da cabeça. É comum às
diversas tradições religiosas considerar um ou mais desses pontos do corpo como sendo
sagrados, como é o caso do "terceiro olho" dos hindus e dos faraós, e da auréola no topo da
cabeça nas tradições Cristã e Budista, entre outras. As linhas de fluxo do Prâna no duplo
etérico formam um verdadeiro sistema de circulação e é nele que se baseiam as técnicas da
hatha-Yoga e da Acupuntura, por exemplo.
Existe ainda um terceira função do duplo etérico que é, ao que tudo indica ou parece
indicar, a mais significativa para nosso estudo. É aquela função de intermediário que o duplo
etérico exerce entre a nossa consciência e o corpo físico, visto que é através dos centros do
duplo que a nossa consciência passa ter relação com o sistema nervoso e algumas glândulas
do corpo físico. Com a ocorrência da morte essa função, bem como as outras, não é mais
exercida, pois o "cordão de prata", como é chamado o vínculo entre o físico e o duplo na Bíblia
em Eclesiastes 12:6, se rompe libertando a consciência do corpo. A partir desse momento as
funções censoras e motoras do sistema nervoso físico desvinculam-se completamente da
consciência. Fenômeno similar produz a ausência de dor durante o transe hipnótico, devido a
paralisação do fluxo de prâna em alguma parte do duplo. Esse é a arte que certos faquires e
hatha-yogues orientais dominam, possibilitando assim o controle da dor e mesmo de funções
mais complexas como a pulsação do coração, etc., a ponto de existir a referência oficial de
casos em que os mestres dessa arte tendo sido considerados clinicamente mortos terem
"repentinamente" voltado à vida.
É também essa função do duplo que produz a interação da mente com o corpo gerando
as doenças psicossomáticas, etc.
Outro ponto que merece destaque é que os chakras são a porta pela qual o cérebro
pode tomar contato com os "mundos" sutis, ou seja, são o instrumento da percepção extra-
sensorial. Por exemplo, a clarividência - o poder de ver a matéria sutil e, consequentemente,
o lado oculto da natureza - está relacionada com o chakra frontal ou "terceiro olho". Essa
48
relação está simbolizada, na tradição Egípcia, pela serpente que sai da fronte do faraó,
indicando que ele era possuidor desse poder e do conhecimento que dele decorre. Aliás, foi
através da clarividência que a maioria dos conhecimentos que a Tradição-Sabedoria nos
oferece foram adquiridos e ratificados, ao longo dos milênios, por uma linha ininterrupta de
ocultistas ocidentais e orientais, até os dias de hoje.
Aquela serpente é um símbolo comum à tradição Hindu, representando a Kundalini -
energia poderosíssima que, no homem comum, "dorme como uma serpente enrolada" no
chakra da base da coluna vertebral. Pelo uso de certas práticas de Yoga, o candidato
capacitado, e sob a orientação direta de um instrutor competente, desperta essa força e a põe
em ascensão através de 'sushumná' - como é chamada a passagem interna da espinha
dorsal. À medida que essa energia passa através dos chakras, eles vão sendo vivificados, um
a um, abrindo, assim, as portas da percepção do candidato às dimensões sutis, também
chamadas de planos. Nunca é demais alertar que essas práticas são empreendidas somente
nos últimos estágios do caminho do discipulado que leva à iluminação. Nenhum noviço pode
se aventurar nessas técnicas sem expor seu corpo físico a grande perigo, provocando,
eventualmente, a loucura ou a morte.
Caso nós quiséssemos levar mais a fundo essa investigação sobre a natureza real do
ser humano, nós nos depararíamos, segundo nos diria a Tradição-Sabedoria, com que os
ocultistas denominaram plano mental: o reino do pensamento. Ele seria constituído de matéria
mais sutil que a astral, na verdade pelos 7 estados de matéria seguintes. O veículo da
consciência que se constituiria dos primeiros quatro estados ou subplanos do mundo mental
seria, por analogia com os outros, chamado de corpo mental e estaria relacionado com os
pensamentos concretos. É importante que nós investiguemos mais detalhadamente o que são
esses pensamentos concretos, ao invés de apenas dizer que são aqueles não classificáveis
como abstratos.
Nós consideramos a pouco como os impactos da matéria física, atingindo os sentidos,
se transmitiam pelo sistema nervoso para se converterem em sensações no corpo astral. A
primeira função do corpo mental é a de transformar essas sensações em percepções mentais
de cor, forma, som, gosto cheiro e tato. Outra de suas funções é a de criar uma imagem
composta a partir da combinação das diferentes percepções mentais, ou imagens,
provenientes dos diferentes órgãos dos sentidos. Assim, por exemplo, a imagem mental que
nós temos de uma laranja é uma combinação de percepções de cor, forma, gosto etc.,
formando em nossa mente aquela imagem composta à qual, na língua portuguesa, associa-
se o nome de "laranja", que corresponde a certa grafia e som. Esse nome ou uma rápida
passagem de olhos por uma imensa série de imagens relacionadas. Dessa forma, o corpo
mental percebe muito mais que nossos limitados sentidos captam, de fato, do mundo que nos
cerca. Por exemplo, ao ver a laranja a mente pode lembrar-se de seu gosto, cheiro, etc.. Por
outro lado, nós nunca vimos os átomos de uma laranja a vibrar nem os fótons deles
provenientes que são percebidos, dentro da faixa do vermelho ao violeta a que somos
fisicamente sensíveis, como cor por nossa mente. Logo, nós não conhecemos em sua
totalidade nem sequer uma laranja! Os objetos do mundo que nos cerca só existem com cor,
forma, etc., em nossa mente; eles são, na verdade, uma manifestação de energia
condensada: átomos e moléculas a vibrar. Como nos disse Dr. I.K.Taimini:"O objeto é apenas
uma causa instrumental desconhecida para excitar a imagem mental que é formada em nossa
50
mente. Vivemos assim, realmente, num mundo para o exterior por um processo chamado
'Vikshepa', em sânscrito. Esse processo de projetar nosso mundo mental para fora de nós,
que deveria ser bastante óbvio para quem quer se dê ao trabalho de pensar sobre a natureza
da percepção sensorial, deve nos convencer de duas coisas. Uma é que o mundo em que
vivemos está realmente dentro de nós, em nossa mente, e a outra é que, na verdade, estamos
vivendo no meio de ilusões as mais grosseiras, sem mesmo atentarmos no fato".
Esse mecanismo "objetificante" do corpo mental, a alma irascível ou arrogante do
platonismo, é o causador da Grande Heresia: a ilusão de ser um eu separado. Ela gera o
egoísmo que separa os homens. Por isso, a Sr.a H.P. Blavatsky escreveu: "A mente é o
grande Assassino do Real" (4), ou seja, da Unidade de tudo que vive. Acrescente-se a isso
que os corpos astral e mental usualmente trabalham tão interligados que poderiam ser vistos
como sendo um único veículo, que já foi chamado de Kama-manas (desejo-mente) no
budismo esotérico e de Manomaykosha pelos vedantinos, uma verdadeira "máquina de
projetar ilusões". Poderíamos até imaginá-la como uma "película de filme" constantemente a
projetar imagens mentais emocionais na "tela" do cinema que seria, nessa visão alegórica, o
conjunto de átomos da matéria física que nos cerca.
Outras funções do corpo mental são as de desenvolver os poderes da memória e
imaginação, servir oportunamente como veículo independente da consciência no plano
mental, servir à consciência como veículo do pensamento concreto bem como expressá-lo no
corpo físico através do corpo astral, cérebro etérico e sistema cérebro-espinal, coordenar
movimentos do corpo físico para a ação, etc..
5.6. Corpo Causal - Manas, o Homem Real, o Pensador, o Ego Imortal etc
Os outros dois componentes da Tríade Superior são de natureza ainda mais sutil.
O veículo búdico é aquele responsável pela compreensão que ilumina o pensamento, dele
provém a luz de Buddhi ou intuição que dissolve as dúvidas e desperta a compaixão por todos
os seres, visto que no plano búdico já se pode sentir como absolutamente real a unidade de
tudo que vive. Esse veículo, comparado frequentemente a uma estrela de luz cujos raios tudo
penetram e tudo abrangem, tem se identificado com o Cristo Interno, referido diversas vezes
na tradição Cristã. Talvez o apóstolo Paulo tenha legado a nós a mais bela dessas
referências: "Cristo em vós, a esperança de glória." (7) Por sua vez, entre os vedantinos o
veículo búdico era chamado de 'ãnandamayakosha', ou seja, veículo ou envoltura de bem-
aventurança. Aquele que consegue focar sua consciência nele atinge um êxtase elevadíssimo,
somente inferior ao do veículo átimco.
O veículo átmico, centro da vontade espiritual que nos conduz inexoravelmente pela
eternidade através de todas as limitações, constituindo-se da ainda mais sutil matéria do plano
nirvânico. Foi comparado com "um círculo com sua circunferência em nenhum lugar e seu
centro em toda a parte".
Como facilmente se nota esses conceitos são demasiados abstratos para que as
palavras possam expressá-los de fato. Tentaremos fazê-lo através de uma alegoria. Como já
vimos, a mente do indivíduo poderia ser comparada a uma película de filme constantemente
a projetar imagens mentais-emocionais sobre os átomos do mundo físico. Se levássemos
essa alegoria sobre os átomos do mundo físico. Se levássemos essa alegoria mais adiante,
teríamos a luz de Buddhi, proveniente do veículo búdico, representada pela luz que anima o
filme projetando-o na tela, ou seja, a luz que anima as imagens mentais. A lâmpada que
projeta essa luz seria o veículo átmco. Seguindo o conceito básico da Tradição-Sabedoria
que é o da unidade da vida, diríamos que embora existam diversas mentes projetando
diferentes películas existe uma lâmpada que projeta a luz que as anima. Logo, aquele que
penetrasse no centro de sua consciência "sintonizaria-se" com a energia que está
condensada em toda a matéria do Universo e, conseqüentemente, se sentiria "dentro" de
todos os seres. Amaria aos outros como a si mesmo, de fato ! A energia elétrica que anima a
lâmpada seria a Mônada (proveniente do grego "monos": um), da qual Pitágoras tratou, centro
último de nossa consciência que é também conhecido como a "centelha divina". A Mônada é
o centro eterno de nosso Ser, mas ela não é humana porque é pré-existente a tal condição.
Sobre essa "alma" foi dito. "A alma do homem é imortal, e o seu futuro é o de algo cujo
crescimento e esplendor não tem limites" (8). Ou, se preferirmos o profético símile da tradição
Cristã, nas palavras de Paulo, sobre o futuro do ser humano: "Até que todos nós cheguemos
à unidade da fé, e do conhecimento do Filho de Deus, o homem perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo" (9).
Talvez agora nós possamos compreender melhor a profundidade existente na
inscrição do pórtico de Delfos que, como dissemos no início da lição, Sócrates tomou por
divisa. Gostaríamos de encerrar essa lição com a própria versão socrática daquela inscrição
que merece nossa reflexão e que é a seguinte: "Homem: conhece-te a ti mesmo. Assim
conhecerás o Universo e os deuses."
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
(1) BLAVATSKY, H.P, A Doutrina Secreta. São Paulo, Pensamento, 1980. v. 2 p.191.
(2) THE HOLY Bible. King James Version, 1611. New York, American Bible Society, 1980. Luke 17:21. (Lucas
17:21)
(3) TAIMNI, I.K. Autocultura; À luz do Ocultismo. Rio de Janeiro, Grupo Annie Besant, 1980, p. 98.
(4) BLAVATSKY, H.P. A voz do Silêncio. São Paulo, Pensamento. p. 45 aforismo 4.
(5) THE HOLY, op. cit, acima nota (2), (Mateus 6:20)
(6) Ibidem, (Colossenses 1:27)
(7) BLAVATSKY, op. cit. acima nota (4), p. 61 aforismo 116.
(8) COLLINS, Mabel. O Idílio do Lótus Branco. São Paulo, Pensamento. p. 83.
52
(9) THE HOLY, op. cit. acima nota (2), ,(Efésios 4:13)
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
BESANT, Annie. O Homem e seus Corpos. São Paulo, Pensamento, 1976.
TAIMNI, op. cit. acima nota (3)
LEADBEATER, C.W. O Homem Visível e Invisível. Sâo Paulo, Pensamento, 1969. "A Mônada” Pensamento. p.
87
1° - Que no nascimento de uma criança, Deus não cria uma alma para ela; desde muito
tempo, esta alma existe como indivíduo, num certo estado espiritual. Por ocasião do
nascimento, esta alma toma uma forma humana pela primeira e última vez. Esta é a doutrina
da Preexistência.
3° - Que a alma humana, antes de nascer como criança, já viveu na terra como homem
ou mulher, mas não como animal ou planta, a não ser antes do que se chama a
individualização (isto é, antes que a alma se tornasse uma entidade individual permanente e
consciente de si). E semelhantemente à nascença, depois de um intervalo de vida passado
numa condição espiritual, a alma volverá à terra como homem ou mulher, não renascerá mais
como planta ou animal. É esta á doutrina da Reencarnação.
A Teosofia ensina que uma alma, uma vez que se individualizou e se tornou humana,
não pode reencarnar-se numa forma animal ou vegetal; e os teósofos atuais limitam o
emprego do termo Reencarnação à terceira das acepções acima. Na literatura teosófica
moderna, reencarnação não significa renascimento como planta ou animal, porque se uma tal
coisa fosse possível, a evolução da alma nada ganharia com tal recuo.
53
A alma humana é uma Consciência individual permanente, que vive numa forma ou
num corpo de matéria invisível. Este corpo da alma, composto de um tipo de matéria chamada
matéria mental superior, é conhecido pelo nome de Corpo causal nos estudos teosóficos
modernos. Tem a forma humana, não é do sexo masculino nem do feminino, mas se parece
antes com o anjo das tradições; é rodeado por um ovoide de matéria chamejante; luminosa e
no entanto delicada como os matizes fugitivos de um pôr-do-sol. Esta forma chamada
Augoeides e o ovoide de matéria luminosa que a envolve constituem a morada permanente
da alma, o corpo causal.
Chama-se causal, por serem causados ou criados nesta residência permanente da
alma os melhores impulsos para o pensamento, o sentimento e a ação, em todos os planos
de operações da alma. É neste corpo causal que a alma vive, imortal e eterna. Para a alma,
não há nascimento, infância, velhice nem morte; é uma alma imortal, crescendo no poder de
amar, pensar e agir, à proporção que os séculos se escoam. Vive a sua vida eterna somente
para tomar-se conhecedora de qualquer dependência de vida, por meio das experiências que
adquire, e encontra a máxima felicidade em cooperar no Plano que seu Pai Divino traçou para
a evolução.
O crescimento da alma começa primeiro pela experiência de vida, nos reinos inferiores
àqueles em que se acha a sua verdadeira morada. Para isso se reencarna, isto é :
1° - Ela reúne matéria pertencente ao plano mental inferior e a modela num corpo
mental por meio do qual poderá pensar, isto é, traduzir o mundo exterior dos fenômenos em
termos de pensamentos e leis.
2° - Congrega matéria astral e a modela num corpo astral, pelo qual poderá sentir, isto
é, traduzir o mundo fenomenal em termos de emoções e desejos pessoais.
3° - É-lhe fornecido um corpo físico apropriado, pelo qual poderá agir; usando-o, traduz
o mundo em termos de propriedades físicas: pesado ou leve, quente ou frio, móvel ou imóvel
e outros. O processo de revestimento destes três corpos pela alma é que se chama
Reencarnação. No decurso da vida do corpo físico, cada uma das vibrações às quais os
nervos respondem ocasiona a princípio, no cérebro, uma reação sensorial; esta reação é
então notada pelo corpo astral como agradável ou desagradável; o corpo mental nota em
seguida a impressão do corpo astral e a traduz em pensamento; este pensamento é
finalmente percebido pela alma no corpo causal. A alma envia então através do corpo mental
ao corpo astral, e deste ao cérebro físico, sua resposta ao fenômeno do mundo físico. Em
todo momento em que funciona a consciência, há esta intercomunicação telegráfica com o
corpo causal. Depois que um grande número de ideias foi assim adquirido, a alma as analisa,
coordena e, por generalizações, tira das experiências de vida ideais de pensamento e de
ação. Transmuta assim o mundo fenomenal em conceitos e temos que então se tomam parte
dela.
O processo inverso da Reencarnação, chamado Morte, não origina nenhuma
modificação no corpo causal. Em primeiro lugar, o corpo físico é posto de lado e os fenômenos
físicos não dão mais ensejo a nenhuma resposta, porém a alma está ainda de posse do corpo
mental e do corpo astral. O corpo astral é em seguida posto de parte, os fenômenos astrais
não solicitam mais a atenção e a alma só observa o mundo, do plano mental inferior. Por
último, o corpo mental é rejeitado, a alma está inteiramente no corpo causal e não possui mais
veículos inferiores. Por assim dizer, retomou outra vez à sua morada, se bem que, em
realidade, nunca a haja deixado totalmente ; apenas focalizou uma fração de consciência e
de vontade através de veículos de matéria inferior, e a isso denominam os homens
Reencarnação. Serviu-se de diversos veículos durante um certo tempo e quando não teve
mais necessidade deles colocou-os novamente de lado.
O que denominamos vida e morte é para a alma apenas a emissão de algo de sua
consciência para os planos inferiores, e depois a sua recondução, de novo, ao plano superior.
O método de estudar as leis da Reencarnação consiste em observar como as almas nascem
em corpos físicos, como neles vivem, como os deixam com a morte, corno posteriormente se
libertara de seus corpos astral e mental e, finalmente, como se encontrara na plenitude de
54
seu ser, no corpo causal. Todas as particularidades deste processo são registradas na
Memória do Logos e o investigador que estiver em condições de pôr-se em contato com esta
Memória pode examinar as sucessivas reencarnações de qualquer alma.
É por este método que se fizeram certas investigações e se coligiram fatos já
suficientes para a dedução de leis. O fato mais importante da Reencarnação é que as suas
leis diferem para os diversos tipos de almas.
As almas, numa dada época, não são todas dotadas da mesma capacidade, pois umas
são mais velhas que as outras. O fim da reencarnação é permitir a uma alma tornar-se mais
sábia e melhor após as experiências de cada encarnação; mas se observa que, enquanto
uma alma é capaz de aprender rapidamente, de uma experiência, outra aprenderá muito
lentamente e repetirá muitas e muitas vezes a mesma experiência. Tal diferença na
capacidade de assimilar experiências é devida à desigualdade de idade das duas almas.
As almas mais jovens são incapazes de dominar a impetuosa e rude natureza do
desejo, e desprovidas de capacidades mentais. Na época presente estas almas aparecem
nas raças selvagens e semicivilizadas e também nas comunidades civilizadas, nos indivíduos
atrasados e criminosos natos. Como almas um pouco mais evoluídas, e por conseguinte mais
velhas, encontram-se as que ultrapassaram o período selvagem, porém são ainda pouco
inteligentes, carecem de imaginação e de iniciativa. Estas duas classes compreendem mais
de nove décimos da humanidade.
Vêm em seguida as almas mais avançadas e mais civilizadas de todas as raças. São
aquelas cujo horizonte intelectual não é limitado pela família ou pela nação, que anelam uma
perfeição ideal e se esforçam conscientemente por consegui-la. Menos numerosas ainda são
as almas que descobriram que a significação da vida é o sacrifício de si mesmas e a
consagração ao serviço; as almas que estão e amoldam conscientemente o seu futuro. E
como flores raras de nossa árvore humana, encontramos os Adeptos, os Mestres da
Sabedoria, estes poderosos Irmãos mais velhos da Humanidade que são os Reflexos de Deus
na terra e permanecem guiando a evolução segundo o Plano da Divindade.
A Lei geral quer que, depois da morte do corpo físico, a alma passe por um breve
período de vida no plano astral; em seguida, após ter abandonado o corpo astral, permanece
vários séculos no mundo mental inferior. Este mundo mental inferior é o Céu inferior (chamado
muitas vezes Devachãn na literatura teosófica), e nele a alma revive as aspirações da vida
terrestre, mas agora na plenitude de toda a felicidade almejada. Passam-se séculos assim,
numa feliz atividade, até que as forças das aspirações espirituais se esgotam e a alma despe
o seu corpo mental. Terminou então esta encarnação e está em seu corpo causal com todas
as experiências transmutadas em ideais e capacidades. Mas, como tem ainda muito que fazer
para atingir a perfeição, mais uma vez se reencarna, revestindo-se de três novos corpos: o
mental, o astral e o físico.
À luz da Reencarnação, a Morte perde o aspecto doloroso e o sepulcro é a vitória; os
homens caminham incessantemente para a deificação, de mãos dados com os que amam,
sem temor de separação. A moralidade é apenas um papel que a alma desempenha durante
certo tempo; terminado o papel, depois de vividas todas as vidas e de mortas todas as mortes,
a alma começa a sua carreira como Mestre de Sabedoria, como Reflexo de Deus na Terra,
como o Verbo feito come. Tal é para nós todos, selvagens e civilizados de hoje, o futuro que
nos espera, a glória que nos será revelada.
55
VII - A Doutrina da Reencarnação (2)
Introdução
7.5. POR QUE NÓS NÃO UTILIZAMOS TODA ESTA SABEDORIA INTERIOR?
A resposta a esta questão tem que sem tanto "sim" como "não", se nós considerarmos
o homem em sua natureza dual, um Ego Reencarnado e seu veículo pessoal e transitório. A
questão deve ser refeita: pode esta personalidade e cérebro atuais relembrar atividades e
pensamentos da personalidade que estava no comando em uma encarnação precedente, e,
se não, existe algum outro aspecto da memória que pode fazer a ponte entre esta e outra
encarnação?
Falando da memória física ou pessoal, H.P.Blavatsky apresenta um argumento muito
sólido contra a possibilidade de sermos capazes de lembrar eventos de nossas vidas
passadas.
A doutrina da reencarnação nos ensina que tudo reencarna. É uma lei universal, e
consequentemente deve incluir nossas associações e nossos relacionamentos. Como
resultado das causas mutuamente produzidas, assim como das situações deixadas não
resolvidas, nós voltamos em cada nova vida em companhia daqueles os quais vivemos e
trabalhamos no passado. Isto inclui aqueles que amamos e nos amam, assim como com
aqueles os quais nossas associações no passado deixaram situações que devem ser
trabalhadas e resolvidas. Seria ótimo ter apenas aqueles que amamos ao nosso redor, em
nossas vidas, mas a justiça demanda que nós não possamos nem devemos fugir das
situações discordantes --- e a reencarnação nos oferece a oportunidade de transmutar
inimizades e discórdias dos passado em harmonia e cooperação no presente. No seu artigo
"Friends or Enemies in the Future", o Sr. Judge escreveu:
Nossos amigos ou inimigos futuros, deste modo, são aqueles que estão conosco e
permanecem conosco no presente. Se eles são aqueles que hoje parecem inimigos, nós
estamos cometendo um grande erro e apenas estamos adiando o momento da reconciliação
por mais três vidas, se nos permitimos ser deficientes na caridade por eles...Pudéssemos ver
um pouco adiante em nossas vidas, e veríamos aqueles pelos quais sentimos pouco carinho
cruzando o plano daquela vida conosco e sempre no nosso caminho, sempre nos escondendo
da luz. Mas, se mudarmos nossa atitude atual, aquela nova vida virá a ser tal que essas
pessoas incômodas, parcialmente inimigas e obstrutivas estarão nos ajudando, nos apoiando
em cada esforço que fizermos.
Talvez seja por isso que São Paulo nos lembra da repreensão de Jesus ao "Não deixe
o sol se pôr sobre sua ira,".
Talvez a primeira coisa a se ter em mente seja que mesmo na hora da morte e nos
estados pós morte a consciência não é nunca interrompida. O Ego é o Perceptor e nunca
cessa de perceber, seja neste plano ou em outro. Em segundo lugar, é importante entender
que à morte nós não vamos a "lugar" algum tipo Céu ou Inferno, mas apenas mudamos nosso
estado de consciência. Mas isto não ocorre de uma vez só. Na hora da morte o Ego tem
trabalho a fazer extraindo e retendo o significado da vida recém terminada. A Teosofia ensina
que existem várias "mortes" conforme cada camada ou veículo cessa de armazenar
experiências. O Sr. Judge tem essa colocação a respeito do processo: (Ocean, p.99)
Quando o conjunto está frio e os olhos fechados, todas as forças do corpo e da mente
se dirigem ao cérebro, e através de uma série de imagens a vida inteira recém terminada é
registrada de maneira indelével no homem interior, não apenas como um quadro geral, mas
também através de cada pequeno detalhe e até mesmo cada expressão minúscula. Neste
momento, embora todas as indicações conduzam os cientistas afirmarem a morte, e embora
para todos os efeitos a pessoa está morta para esta vida, o verdadeiro homem está
trabalhando arduamente no seu cérebro, e não antes desse trabalho terminar a pessoa se
vai.
Em outra parte desta Série os estados pós morte serão explicados em maiores
detalhes, mas por agora é suficiente dizer que o Ego está fazendo o mesmo que as árvores
fazem durante o inverno. As folhas caem e as flores morrem, mas a essência daquele ano de
crescimento é retornada e armazenada na semente. Este é um período no qual o Ego revê a
última vida vivida e se prepara para deixar a semente para a próxima vida. É um período
necessário a alma, para o seu descanso e compreensão da peregrinação e do processo
completo.
61
O Sr. Judge descreve o que ocorre quando é chegado o momento do Ego entrar
novamente em outra encarnação: (Ocean, p.116)
Com o término do período completo estabelecido para as forças da alma no Devachan
[um dos estados pós morte], as correntes magnéticas que a conectam com a terra começam
a exercer seu poder. O Eu acorda do seu sonho, é nascido rapidamente em um novo corpo,
e então, logo antes do nascimento, ele vê por um momento todas as causas que o conduziram
ao Devachan e de volta a vida por começar, e reconhecendo-as todas justas, como resultado
de sua própria existência passada, ele não lamenta, apenas toma a estrada novamente --- e
outra alma está retornando à terra.
7.9. Algumas pessoas pensam que a reencarnação não é justa porque nós
sofremos por erros cometidos por outra pessoa em outra vida. O que você
pensa sobre isto?
Inicialmente podemos considerar que seria injusto se os erros cometidos por qualquer
pessoa, em qualquer lugar, ficassem sem correção. Instintivamente nós sentimos que alguma
coisa está errada se a justiça não é feita, e, se em algum lugar, de algum modo, não houver
recompensa por atos de bondade, assim como por atos de natureza oposta à bondade.
Além disso, nós devemos lembrar que desde que nossos atos são cometidos aqui
durante a encarnação, com e sobre outros seres ao nosso redor, é lógico que o efeito ou a
conseqüência destes atos deve estar aqui, e com os mesmos seres, e não em algum Paraíso
ou Inferno distantes. Afortunadamente, a reencarnação nos conduz à situação, às condições
e à companhia daqueles seres mais prováveis de nos oferecer a oportunidade de
compreender o caráter e o significado daqueles atos e pensamentos que enviamos --- e, se
possível, aprender a partir da experiência. Nenhuma outra pessoa gerou as causas, e
ninguém deveria ser chamado a experimentar os seus efeitos.
Desde que não temos nenhuma dificuldade em aceitar as coisas boas que nos ocorrem
como algo que nós justamente merecemos, por justiça nós deveríamos também aceitar as
coisas "não tão boas" como nossas. Se tomarmos a posição do eterno Ego Reencarnado,
poderemos aprender e tirar vantagem de ambas as situações.
Mas para explicar de maneira mais detalhada, deve ser lembrado que a pessoa ou a
personalidade em qualquer vida é apenas um instrumento, um veículo, montado e utilizado
pelo Ego para o contato com a vida neste plano --- para adquirir experiência, aprender e ajudar
as vidas, aquelas inteligências que constituem as formas que nós utilizamos. Durante a
encarnação, no entanto, um processo interessante ocorre. O Ego delega não apenas
responsabilidade mas também autoridade a este "eu" inferior, como o dono de uma empresa
iria delegar responsabilidade e autoridade ao seu gerente com o objetivo de treiná-lo; mas em
todos os casos a responsabilidade final permanece com o Ego. O que quer que o "trainee"
faça, com sabedoria ou estupidez, voltará em última instância ao responsável, o Ser
Reencarnado. É nesta Consciência do Ego que todas as percepções e aprendizados reais
ocorrem, e é nesta mesma Consciência do Ego na qual o retorno das experiências, não
importa de qual encarnação elas venham, deverá ficar registrada e sofrer seus efeitos.
Seria muito ruim para nós se pudéssemos lembrar os detalhes de nossas vidas
passadas, das vidas que causaram as circunstâncias que estamos vivendo agora. Grande
parte da nossa atenção iria ser gasta revivendo os problemas e vivenciando sensações boas
ou más a respeito deles. É suficiente para nós conhecer a essência ou as imposições do
retorno do Carma, reconhecendo-o como algo que colocamos em movimento, algo que nos
pertence. E isto se torna uma parte do padrão de nosso viver, uma vez que nós
compreendemos as razões por trás dos efeitos retornantes, e o trabalho por trás da Lei.
É esta permanência, o "Eu" real que nunca morre que conduz as experiências e a
memória essencial de uma vida a outra. Uma vez que possamos nos colocar na posição desta
individualidade interna que periodicamente ocupa e utiliza as personalidades para ganhar
experiência e aprendizado, então nós seremos aptos a ver e apreciar que esse é o único meio
através do qual a justiça eterna pode ser conduzida.
62
7.10. Nós podemos, e realizamos as escolhas de nossa próxima vida?
De um certo modo nós escolhemos a nossa próxima encarnação, por outro lado não.
O senso comum nos diz que a lei da justiça não nos permite escolher qualquer vida prazerosa
que desejemos. Por outro lado, ninguém mais escolhe a próxima experiência para nós.
O Sr. Crosbie acrescenta, "A entrada no nascimento para um ego, em conjunto com
as condições conectadas com aquele nascimento, são predeterminadas pelos méritos ou
deméritos do indivíduo nas suas vidas passadas. O ego não pode entrar na nova vida até que
certas condições que encontrem suas necessidades seja estabelecidas." O Carma individual
determina que em cada nova vida certas experiências necessitem ser vividas e certas lições
aprendidas. Quando estas condições de raça, família, circunstância e período estão prontas,
o Ego "mergulha" na encarnação e uma nova vida se inicia.
Para algumas pessoas seria bastante atraente encarnar no mesmo tipo de corpo em
que estão agora, mas para muitos uma mudança de alguma tipo seria bem-vinda.
Infelizmente, ou talvez felizmente, isto é governado por uma lei, e não pelo desejo. Nós
encarnamos em uma raça ou sexo em particular porque ajustamos as causas para tal
experiência, porque ela nos dará a melhor oportunidade para ver a partir do ponto de vista de
um receptor, e para aprender as lições envolvidas. Aparentemente, nós precisamos
experimentar algo para verdadeiramente entendê-lo.
O atual ciclo de evolução é chamado Idade de Ferro, e é caracterizado por uma
extrema diversidade e individualismo. Nós podemos observar grandes diferenças não apenas
de raças, cor e sexo, mas de inteligência, capacidade, percepção moral, riqueza, saúde, etc.
O objetivo disto é nos proporcionar a maior amplitude possível de experiências e desafios, no
esforço contínuo da alma em trazer a harmonia a partir da desunião, ou pelo menos ver a
unidade fundamental por trás das aparências. E a menos que exista um reconhecimento da
realidade e supremacia da Alma, isto não pode ser alcançado. A Alma por si mesmo não tem
raça, cor ou sexo.
Cada raça, cor e sexo é usualmente caracterizada por tendências dominantes, modos
de pensar predominantes e pontos de vista individuais. Coletivamente nós chamamos isso de
cultura, e enquanto a cultura trabalha em harmonia com outras culturas, o objetivo da evolução
está sendo alcançado. Somente quando estas culturas começam a operar com uma atitude
de superioridade é que o propósito desta manifestação de variedade é retido em sua evolução.
Cada Ego é atraído a uma raça, cor, sexo, família e situações de acordo com os seus
atos, pensamentos e tendências nas suas vidas anteriores. Estas condições o trazem à
situação a qual ele pode melhor aprender as lições que estão no seu caminho para o seu
progresso. É aqui que ele pode melhor resolver as diferenças de longa data e formar amizades
de longa duração. Estas tendências podem exercer influência durante várias vidas ou podem
ser exauridas mais rapidamente. Depende de quão disposto está o indivíduo em trabalhar
sobre si mesmo. Novamente, a Alma não tem raça, cor, sexo, e nenhuma destas
características é melhor que qualquer outra. As que temos agora são as melhores no
momento para nós, ou não estaríamos aqui. Nós todos encarnamos em todos os tipos de raça
e cor, e fomos homens e mulheres, ao longo dos tempos. De qualquer modo, nós podemos
viver como intolerantes ou como Deuses que realmente somos.
7.13. Você deve ter ouvido falar que o homem pode reencarnar em formas
animais ou insetos como resultado de certas ações. Isto é realmente possível?
É verdade que alguns dos escritos ancestrais parecem ensinar que a encarnação de
um homem em um animal ou formas de insetos é possível, como forma de punição por certos
atos. Mas a Teosofia, e os verdadeiros ensinamentos Orientais mostram claramente a
impossibilidade de isso ocorrer. Quando nós iniciamos o estudo da evolução humana
podemos ver e compreender que o homem é, foi, e sempre será homem, o "Peregrino" divino
e autoconsciente que tem vivido e trabalhado através de muitas formas. Estas formas,
contudo, são sempre as melhores, mais elevadas que a Natureza pode produzir. Nós as
chamamos formas humanas, e embora o homem possa degenerar de várias maneiras, ele é
impedido de entrar em formas que são domínios de outros reinos.
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Há, entretanto, bases naturais para este mal entendido, um erro que tem sido mantido
por feiticeiros e falsos pastores, para propósitos egoístas. A substância dos nossos
instrumentos físicos periodicamente passa pelo ciclo de regeneração, indo pelos reinos
inferiores. Nós temos consciência da reciclagem de toda a natureza, e, neste processo, uma
grande parte da natureza física ou animal que utilizamos se vai com as partículas físicas para
outros reinos, influenciando poderosamente a sua evolução para o bem ou para o mal --- e
finalmente retornando a nós com todo o treinamento e as tendências que demos a elas. Neste
sentido, nossa influência, nossos pensamentos, sentimentos e ações vão para o reino animal
--- e em todos os reinos da natureza -- e através da lei do Carma, voltam a nós na forma de
um novo veículo, um novo corpo "animal", uma nova "natureza" pessoal.
Uma vez que o homem tenha "espiritualizado" completamente seus veículos inferiores
e não é mais como o resto de nós, metade humano e metade divino, mas totalmente divino,
então ele se torna um salvador e um professor dos homens, alguém cujas memórias
permanecem ininterruptas e impassíveis de escurecimento pelas descidas periódicas dos
seus princípios aos reinos inferiores. Eles se tornaram purificados e permanecem no nível
humano.
7.15. Do que você aprendeu sobre o processo de reencarnação, você diria que a
reencarnação dos Grandes Mestres e Salvadores da história difere da referente
a uma pessoa normal?
Ao longo das descobertas arqueológicas, torna-se cada vez mais duvidoso que a
população da Terra na verdade cresça a longo prazo. As estatísticas não alcançam longe o
suficiente na história para nos dar um quadro adequado da população em tempos remotos,
nem em áreas remotas.
A Teosofia afirma, com evidências, a existência de vastas populações em partes do
mundo que agora são desertos ou, por outras razões, desabitadas. Partes da Ásia Central,
África, Austrália, Oriente Médio, América do Norte e do Sul oferecem evidências de
populações abundantes e civilizações evoluídas, muito antes dos nossos registros históricos.
Mas aqui há um ponto colocado pela Teosofia que é mais significativo que isso. Existe um
número padrão de Almas conectadas com esta Terra, mas apenas uma certa proporção delas
está encarnada em um determinado momento. Em algumas eras o número de encarnações
pode aumentar, em outras diminuir.
O Sr. Crosbie acrescenta esta interessante nota, "Tem sido afirmado que enquanto o
número de egos reencarnados conectados com a Terra é bastante grande, na verdade este
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número é limitado, e assim não havendo aumento do número de egos desde o ponto médio
dos sete círculos. Ademais, como aqueles egos tem um papel importante na formação da
terra, não deve haver dúvida que ela irá acomodar em períodos adequados todos os egos
conectados a ela." Answers to Questions, p. 126
7.17. Por que a reencarnação tem sido chamada "uma das chaves perdidas do
Cristianismo" e por que o Sr. Judge diz que a reencarnação e o Carma são as
principais características de um homem altamente evoluído?" Por que o
conhecimento da reencarnação é tão importante neste momento?
Conforme nós iniciamos o estudo de nossas vidas e do mundo ao nosso redor a partir
do vantajoso ponto de vista da Reencarnação, podemos ver que pela lógica, consistência,
profundidade filosófica, compaixão divina e equidade, esta doutrina não tem igual na história
do pensamento humano.
Procurando responder porque tanta ênfase é colocada nas doutrinas da Reencarnação
e do Carma, o Sr. Judge afirma:
Não é à toa que estas doutrinas são facilmente compreendidas e trazem benefícios
para os indivíduos, não apenas porque elas dão guarnecimento, e elas necessariamente dão,
e uma sólida base ética para toda a conduta humana, mas também porque elas são as linhas
mestras da alta evolução do homem. Sem o Carma e a Reencarnação a evolução é apenas
um fragmento, um processo cujo início é desconhecido, e cujo resultado não pode ser
discernido. É um relance do que poderia ter sido, uma esperança do que poderia ser. Mas à
luz do Carma e da Reencarnação a evolução se torna a lógica do que deve ser. As ligações
na cadeia da existência são todas preenchidas, e os círculos da razão e da vida são
completados. O Carma nos dá a eterna lei da ação e a Reencarnação oferece o campo infinito
para a sua aplicação. Milhares de pessoas podem entender estes dois princípios, aplicá-los
como base de conduta, e tecê-los para formar o tecido das suas vidas, as quais podem não
ser capazes de compreender a síntese completa da evolução sem fim, a qual estas doutrinas
formam uma parte tão importante. (Artigo, Synthesis of Occult Science)
Introdução
Sob a lei do Carma não pode haver injustiça. O que vemos como injustiça assim nos
parece porque somos incapazes de ver o quadro todo, as causas que produziram os efeitos
que vemos, ou os efeitos que ainda estão por vir das causas que agora observamos. No seu
livro The Epitome of Theosophy, o Sr. Judge afirma na página 30:
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A existência do mal, do sofrimento e da tristeza é um quebra cabeça sem esperança
para os filantropos e teologistas superficiais.
As desigualdades nas condições sociais e nos privilégios, em inteligência e estupidez,
cultura e ignorância, virtude e maldade; o surgimento dos gênios em famílias destituídas
deles, assim como outros fatos em conflito com a lei da hereditariedade; ... todos esses
problemas solúveis apenas ou pela teoria do capricho Divino ou pelas doutrinas do Carma e
da Reencarnação.
Quando vemos, e com frequência isso ocorre, um bom homem sofrendo uma grande
provação na vida, isso se deve a uma vida prévia na qual este homem fez coisas que agora
requerem ajustamentos. Citando o Sr. Judge de novo, "E similarmente, o homem mal que é
livre de sofrimentos, feliz e próspero, assim o é porque em uma existência prévia ele foi
maltratado pelos seus companheiros ou teve experiências de grande sofrimento."
Mas cometeríamos um grande erro se olhássemos o Carma apenas como recompensa ou
punição.
O trabalho da lei é da mais perfeita justiça, uma vez que nos traz, cedo ou tarde,
exatamente o que merecemos, exatamente o que enviamos durante nossa vida. Mas vai além
disso, no sentido em que nos traz aquelas experiências, situações e encontros que são os
melhores para nosso aprendizado e nosso avanço Espiritual contínuo em direção à evolução.
Se pudermos ver o Carma sob essa luz, ele será uma lei muito benéfica, nosso melhor amigo.
Tem sido mencionado que os Mestres da Sabedoria são o Carma, uma vez que Eles atingiram
a condição na qual manifestam esta harmonia e justiça interior em tudo o que fazem. E ainda,
Eles não apenas permanecem sentados e deixam a lei fazer o seu trabalho de retribuição e
recompensa. Suas vidas inteiras são dedicadas a ajudar a humanidade, ainda que não
interferindo com a lei (Há uma verdade divina aqui que será mais debatida adiante.) No
Bhagavad-Gita, Krishna, o Grande Mestre, afirma, "Eu produzo a mim mesmo entre as
criaturas, Ó filho de Bharata, quando quer que haja um declínio da virtude e uma insurreição
do vício e da injustiça no mundo; E assim eu encarno, de era em era, para a preservação dos
justos, a destruição do mal, e o estabelecimento do equilíbrio."
Isto, sem dúvida, traz a questão do homem realmente ter ou não vontade própria. Mas
para encontrar uma resposta a esta questão ancestral, nós temos em primeiro lugar que
descartar a ideia de que ela deve ser "sim" ou "não", isto é, que deve ser apenas uma ou outra
opção. A Teosofia diz que na verdade a resposta deve ser sim e não. Sob a lei do Carma, nós
estamos sujeitos tanto ao destino quanto à vontade própria. Cada ato que fizemos no passado
nos "destinou" a receber seus efeitos em algum momento. Isto é de fato destino; mas é um
destino que nós mesmos fizemos e foi nossa livre escolha. Nós estamos constantemente
realizando escolhas, uma vez que o homem é basicamente um "escolhedor". E assim nós
estamos constantemente "destinando" nós mesmos a sentir os efeitos dessas escolhas.
No outro lado do quadro, nós temos sempre a escolha de como iremos encontrar nosso
Carma. Nós podemos reenviá-lo e culpar outra pessoa ou outra coisa por isso, podemos tentar
evitá-lo na tentativa que ele passe, ou podemos aceitá-lo como algo que nós criamos e assim
aprendermos a mais valiosa lição. Em todo momento nós estamos em posição de escolher,
mesmo que seja uma pequena escolha, de como recebê-lo e o que fazer depois.
Estejamos ou não conscientes do Carma, nós temos uma interdependência com todos
os outros seres, ou "vidas" que nos oferecem os instrumentos; corpos, cérebros, etc. Nós
dependemos deles para todos os nossos contatos com a vida neste plano;
consequentemente, eles dependem de nós para a sua evolução adiante. O modo como nós
os tratamos cria nossas próprias limitações ou constrói valiosos aliados para o avanço mútuo.
Nós criamos aquelas condições as quais estamos destinados a encarnar --- os lugares, as
associações, assim como as várias capacidades. Um hábito nos pré-destina até que tomemos
o controle e re-destinemos o hábito.
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Mesmo quando parecemos estar desesperadamente ligados a algum destino, nós
ainda podemos exercer nosso poder de escolha e iniciar um curso que irá nos tirar desta
situação insolúvel. Sobre isto, o Sr. Crosbie afirma: (Friendly Philosopher, p.227)
Se não gostamos do "destino" que recai sobre nós, os efeitos que nos rodeiam, as
condições que nos atingem, tudo o que devemos fazer é colocar em movimento as causas
que produzirão os efeitos mais desejáveis. Mas nós devemos fazê-lo; ninguém mais pode
fazer isso por nós. Ninguém nos prende. Ninguém nos propele à frente... Cada um de nós
possui dentro de si as mesmas possibilidades que existem em qualquer lugar, a qualquer
momento no universo. Nós devemos ver que mesmo agora, por mais atrapalhados que
possamos estar pelas nossas ações do passado, nós não perdemos e nunca iremos perder
nossos poderes em ajustar outras causas melhores em movimento.
O Carma de qualquer raça ou nação é o resultado direto dos pensamentos e atos dos
Egos que as formam. Observadas a partir do ponto de vista da interdependência humana, nós
devemos ver que a soma do Carma individual se torna o Carma da nação a qual aqueles
indivíduos pertencem, e, ademais, a soma do Carma das nações se torna o Carma do mundo.
As características que sobrevivem formam a "personalidade" de uma raça ou nação, e podem
ser rastreadas às ideias e ideologias que formam a base do pensamento e da ação --- ideias
frequentemente não questionadas e "patrioticamente" defendidas.
O aforismo 29 afirma, "O Carma da raça influencia cada unidade dentro da raça através
da lei da Distribuição. O Carma nacional opera sobre os membros de uma nação pela mesma
lei, mais concentrada."
O Sr. Judge explica além em seu artigo, "Carma."
É realmente a lei da economia a qual é a verdade fundamental destes termos e a qual
os explica. Tome como exemplo uma nação com certas características especiais. Estas são
o plano de expansão para qualquer entidade cujo grande número de afinidades estão em
harmonia com aquelas características. A entidade que chega, seguindo a lei da menor
resistência, se torna encarnada naquela nação, e todos os efeitos Cármicos seguindo tais
características irão crescer no indivíduo.
No Ocean of Theosophy, o Sr. Judge afirma que a massa total de Egos irá encarnar e
reencarnar junta em uma nação ou raça em particular até que tenham sido trabalhadas as
causas que tenham sido colocadas em movimento. A raça ou nação em particular pode, por
si só, encarnar sob diferentes nomes e em diferentes localidades, mas a lei dita que os Egos
devem trabalhar em conjunto para esclarecer as suas obrigações mútuas, ou melhor, as
incompreensões mútuas.
H.P. Blavatsky nos oferece outro insight sobre o tema (Theos. Magazine, Vol 62, p.244)
É uma lei do ocultismo, além disso, que nenhum homem possa ser superior às suas falhas
individuais, sem elevar, por menor que seja o grau, o corpo completo do qual ele é parte
integral. Do mesmo modo, ninguém pode pecar ou sofrer os efeitos de ter pecado sozinho.
Na realidade, não existe tal coisa chamada "individualidade"; a mais próxima abordagem
deste estado egoísta, a qual a lei da vida permite, é a intenção ou o movimento.
O Sr. Judge introduz o ponto que, "...Carma é a continuação de um ato, e para qualquer
linha particular do Carma possa ser exercida, é necessário que haja a base do ato originando
aquele Carma, no qual ele possa transmitir-se e operar." Os aforismos 14 e 15 afirmam, "Na
vida dos mundos, raças, nações e indivíduos, o Carma não pode agir a menos que um
instrumento apropriado seja fornecido para a sua ação. E até que esse instrumento apropriado
seja encontrado, aquele Carma relacionado a ele permanece não despendido."
O aforismo 16 afirma, "Enquanto um homem está vivendo o Carma no instrumento
oferecido, um outro Carma não despendido permanece não exaurido por outros meios ou
seres, mas é guardado para operação futura; e o lapso de tempo no qual a operação daquele
Carma não é sentida não causa deteriorações na sua força e natureza." O Carma pode ter
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sido criado, no sentido que a sua causa ter ido embora e seu efeito sentido por outros, mas
em um momento em particular nós podemos não estar em posição de lidar adequadamente
com ele. Uma razão para isso é que um outro Carma pode estar operando tão fortemente que
o aquele Carma segurará a sua ação no aguardo para ser ativado em um outro momento. A
Lei não é apenas justa, mas é benéfica no sentido que ela oferece a reação Cármica quando
o Ego está na melhor posição possível para aprender sobre o retorno das suas ações.
Os aforismos 17 e 18 afirmam, "A adequação de um instrumento para a operação do
Carma consiste na conexão e relação exata com o corpo, mente, natureza física e intelectual
adquiridos para o uso pelo Ego em qualquer vida. Cada instrumento utilizado por cada Ego
em qualquer vida é apropriado para o Carma operando sobre ele."
O aforismo 22 afirma, "O Carma pode ser de três tipos: (a) Presentemente operante
nesta vida através dos instrumentos apropriados; (b) aquele que está se constituindo ou
armazenado para ser exaurido no futuro; (c) Carma armado em vidas passadas e não
operante porque está inibido pela inadequação do instrumento em uso pelo Ego, ou por força
do Carma atualmente em operação."
No aforismo 19 nós podemos ver, "Mudanças podem ocorrer no instrumento durante
uma vida, de modo a torná-lo apropriado a uma nova classe da Carma, e isto pode ocorrer de
duas maneiras: (a) através da intensidade de pensamento e pelo poder do voto, e (b) por
alterações naturais devidas a exaustão completa das causas antigas." Isto pode explicar
casos nos quais indivíduos têm reversões repentinas da sorte ou mudanças para melhor em
circunstâncias internas ou externas. Apesar do antigo Carma precisar ser trabalhado e não
ser passível de interrupção até que siga seu curso normal, é inteligente de nossa parte pensar
e agir nas condições presentes, não importa quais sejam, de modo a produzir causas boas
ou não prejudiciais para nosso próximo renascimento ou até mesmo para os anos que virão
nesta vida.
Nós provavelmente iremos concordar que faz sentido que o Carma, bom ou não tão
bom, deveria nos afetar naquela parte de nossa natureza a qual gastamos a maior parte do
nosso tempo. O Carma não pode nos afetar onde nós não estamos. Ele permanece suspenso
até que estejamos em posição compatível com a natureza da causa. O Carma não muda ---
nós somos variáveis. O Sr. Judge explica:
A ação tem muitos planos os quais ela pode ser inerente. Há o plano físico, o corpo
com os sentidos e os órgãos; ainda há o plano intelectual, a memória, a qual ata as
impressões dos sentidos em um todo consecutivo e o raciocínio faz o arranjo ordenado dos
fatos armazenados. Além do plano intelectual, há o plano das emoções, o plano da preferência
por um objeto em detrimento a outro: o quarto princípio do homem. Estes três, físico,
intelectual e emocional, lidam exclusivamente com o objeto do sentido da percepção e podem
ser chamados os grandes campos de batalha do Carma. Há também o plano da ética, o plano
da discriminação do ‘eu devo fazer isso, eu não devo fazer aquilo’. Este plano harmoniza o
intelecto e as emoções. Todos esses são planos do Carma ou da ação: o que fazer, e o que
não fazer. É a mente como base dos desejos que inicia as ações nos vários planos, e é apenas
através da mente que os efeitos do descanso e da ação podem ser recebidos. (Artigo,
"Karma")
Dependendo da nossa compreensão da natureza completa do homem e do objetivo
da vida, nós gastamos a maior porção da nossa energia de uma vida em um ou mais dos
planos citados acima --- físico, mental, emocional ou ético --- e assim armamos o centro de
atração que irá trazer o Carma à sua realização neste nível. O Carma deve retornar a nós
onde a nossa atenção e a nossa devoção estão. Se não fosse assim, ele seria de pouco valor
para a nossa evolução. Em todos os momentos da nossa vida, o Carma irá trazer os
resultados desejáveis, e outros nem tanto, das nossas ações passadas, onde nós estivermos
mentalmente em um dado momento.
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8.6. NÓS PODEMOS FAZER ALGO PARA MUDAR NOSSO CARMA?
Nós não podemos mudar nosso Carma. É uma lei absoluta. Mas realizando mudanças
em nós mesmos, nós podemos alterar os seus efeitos. O homem sempre tem escolha, e se
ele não puder fazer alguma coisa a respeito da sua situação, este seria um mundo sem
esperança. Nós sabemos pela nossa experiência que quando os tempos difíceis vêm, nós
sempre temos uma escolha em como recebê-los, como reagir a eles. Nós podemos chorar e
reclamar ou podemos tirar vantagem da situação e aprender a lição envolvida. No caso de
decidirmos sofrer, nós perderemos uma oportunidade de ouro para desenvolver nossa força,
e provavelmente enviamos de volta nosso Carma, para que ele venha nos visitar em outro
momento. Por outro lado, se conseguirmos nos afastar dos eventos até a extensão em que
nós podemos aprender com o que está acontecendo, estaremos vendo este Carma como a
consequência lógica e de direito da ação que nós mesmos colocamos em movimento.
Estar preso a um plano ou a outro é a raiz do nosso sofrimento. Nós nos permitimos
estar presos às coisas da vida que são transitórias e fugazes, e sofremos quando a lei as
toma de nós. E voltamos ao aspecto da mente. Nós não podemos nos prender às coisas que
não pensamos. Assim, para amenizar a dor daquilo que denominamos um Carma ruim, nós
deveríamos ajustar nossos pensamentos naquilo que está por detrás dos efeitos, as causas,
os princípios e as lições envolvidas e o trabalho da Lei por si mesma.
Outra resposta a essa questão é oferecida pelo aforismo 27, no qual há a afirmação,
"As medidas tomadas por um Ego para reprimir as tendências, eliminar efeitos e neutralizar
através do estabelecimento de causas diferentes irão alterar a influência da tendência
Cármica e diminuir seu efeito de acordo com a força ou a fraqueza do esforço despendido na
condução das medidas adotadas."
Robert Crosbie, em Answers to Questions, p. 157 afirma: O único modo que podemos
diminuir os efeitos de uma Carma negativo é tomar a atitude correta frente a ele. Quando os
bons tempos vêm, nós podemos semear boas causas; quando os tempos difíceis vêm, nós
ainda podemos semear boas causas, utilizando a oportunidade para ganhar força, coragem
e compreensão sobre a vida. Nós aparentemente estamos sempre tentando evitar um mau
Carma, e trazer o bom Carma para nós, sendo que o que deveríamos fazer é tirar proveito de
tudo o que vier. Nós não devemos colocar esforço em evitar nada, mas ir direto ao trabalho
sobre o que está à nossa frente. Então a alma começa a agir, a vontade começa a agir, e o
poder da vontade aumenta.
Esta não é apenas a única maneira inteligente de agir, mas o modo mais prático de
lidar com o que pensamos ser um Carma ruim.
A partir do que aprendemos da seção anterior podemos ver que na realidade não existe
tal coisa como um Carma ruim ou bom. Tudo o que volta para nós deve ser aquela situação,
aquela lição que, para nós, é a situação mais vantajosa em um dado momento. Devido a ele
ser uma ação da nossa própria escolha e invenção retornando a nós e nos encarando, ele
sempre nos apresenta um problema que gostaríamos de empurrar adiante; mas também ele
sempre apresenta uma grande oportunidade e o desafio que melhor se encaixa para nos
revelar a vontade e a sabedoria que será necessária para superar este obstáculo "pessoal",
que permanece no caminho do nosso progresso. Se não fosse por estas "barreiras" nós nunca
teríamos motivo para buscar a força interior que está na raiz do nosso ser.
O Sr. Crosbie afirma no Friend Philosopher, p.232: Não é verdade que agora olhamos
para trás e sorrimos para todas as coisas "ruins" que já ocorreram em nossa vida? Elas
pareciam horríveis naquele momento, mas passaram, e nós podemos perceber que daquelas
coisas, alguma coisa boa veio junto, em força e sabedoria. A lei diz que ninguém pode
encontrar um obstáculo maior que a sua capacidade de superá-lo; o obstáculo é apenas uma
oportunidade para essa pessoa se livrar de algum defeito que agora possui. Frequentemente
as coisas que pior parecem a nós provam ser as mais benéficas.
Nós criamos as situações que nos retornam como os chamados Carmas
desagradáveis porque nós nos esquecemos das leis da vida, e das leis da nossa Natureza
72
Interior. Quando nós tomarmos a posição da Alma, o Ego Reencarnado, seremos capazes de
tomar uma atitude diferente e mais construtiva em direção a cada evento que nos ocorre;
vendo-o não como um obstáculo, mas como um passo, uma escalada daquilo que nos
colocará em uma posição mais elevada, com uma visão mais clara e um sentimento de
realização interior.
O aforismo 12 afirma, "As causas Cármicas que já estão em movimento devem ter livre
fluxo até que sejam exauridas, mas isto não permite que nenhum homem se recuse a ajudar
seus companheiros e qualquer ser." Isto nos convida a ter um ponto de vista diferente na
questão. Nós devemos ver que ajudar e ser ajudado não é uma interferência, mas, ao
contrário, significa na verdade a realização da lei. Este é o modo como o homem é esperado
a agir, o modo como a evolução Espiritual ocorre. Além disso há a questão de termos ou não
o poder de interferir com o Carma. É uma lei universal e imutável.
Na vida nós não estamos nunca inativos, nem estamos verdadeiramente sozinhos.
Nós estamos constantemente agindo em algum plano, mesmo que seja apenas no
pensamento; e nossas ações são com, através ou sobre os outros seres, de alguma forma.
Isto nos coloca com uma sempre presente escolha --- nós ajudamos ou nós atrapalhamos?
Nós não podemos agir, não podemos fazer nada na vida sem afetar os outros seres de algum
modo pelas nossas ações. A crescente consciência da interdependência de todas as vidas
está finalmente trazendo a humanidade a uma consciência da nossa responsabilidade em
tratar nosso companheiros como irmãos no mesmo caminho. A "roda da Vida" pode
permanecer girando de duas maneiras, para frente pelas ações que ajudam, ou para trás
pelas ações que atrapalham. A Lei nos dá a escolha.
O problema é como nós podemos verdadeiramente ajudar outra pessoa?
Frequentemente nós queremos ajudar e tentamos ajudar, mas descobrimos que fizemos mais
mal que bem. Aparentemente, precisamos de grande sabedoria para saber como ajudar outra
pessoa, e por causa disso somos tentados a desistir do esforço. Mas uma vez que
compreendamos um pouco sobre a verdadeira natureza do homem, nós podemos construir
algumas regras para orientar nossas ações. Talvez elas pareçam com algo assim: nosso
objetivo deve sempre ser ajudar alguém a se ajudar. Nós sempre devemos ajudar aquelas
pessoas que não podem se ajudar. E nós nunca devemos fazer o trabalho de alguém, e assim
privá-los da experiência que necessitam.
Se nós procurarmos avaliar a ajuda que é oferecida pelos Grandes Mestres, os Mestres da
Sabedoria, nós encontraremos que em todos os casos Eles seguem essas diretrizes. Eles
nos trazem as Leis fundamentais da vida e nos lembram do fato da nossa eterna e onipotente
natureza, assim nos oferecendo os meios e a coragem para ajudar uns aos outros. E além
disso Eles nos oferecem sempre a mão estendida, para nos ajudar quando quer que dermos
o menor passo em Sua direção, em direção à Fraternidade Universal.
8.10. É o nosso Carma que nos faz agir e pensar do modo como fazemos?
De acordo com a Doutrina Secreta II, 305 "O Carma não cria nem planeja nada. É o
homem que planeja e cria causas, e a Lei Cármica ajusta os efeitos; este ajustamento não é
um ato, mas uma harmonia universal tendendo sempre a restaurar a posição original, como
um galho o qual, forçado para baixo, retorna com o correspondente vigor."
Nosso Carma nos oferece um instrumento e nos impõe certas limitações que nós
construímos em nossas vidas passadas; mas ele não escolhe nem pode escolher o que nós
iremos fazer com esse instrumento e com essas limitações. O homem é um escolhedor, está
eternamente escolhendo e é o resultado das suas escolhas. O poder de escolher é
característica central da vida em si mesma e é limitado apenas pelas nossas escolhas
errôneas.
O Sr. Crosby afirma, "Nós cometemos um erro ao pensar que ‘forças’ fazem qualquer
coisa por si mesmas. A inteligência, movida de maneira correta ou incorreta é a grande atriz
e nós somos a nossa inteligência." Se a nossa inteligência não é utilizada maneira correta nós
construímos limitações e tendências habituais que parecem nos forçar nesta ou naquela
direção, mas a qualquer momento nós temos o poder de escolher e a sabedoria interior, que
nos ajuda a encontrar nosso caminho fora da teia de acasos que criamos para nós mesmos.
Por sorte, nós temos a lei do Carma a qual nos assegura que, não importa quais são
as circunstâncias presentes, nós podemos, com certeza e precisão, construir o futuro de
nossa escolha. Se olharmos pelo lado positivo, nada poderia ser mais encorajador do que
saber que os nossos desejos estão todos dentro dos nossos poderes, e tudo aquilo que
plantarmos estará lá para ser colhido. Com este conhecimento, o homem pode ousar viver
uma vida de benefício para todos os seres.
74
8.11. Acidentes e milagres são possíveis sob a lei do Carma, ou eles funcionam
à margem da lei?
Muitas vezes nos acontecem coisas que parecem não ter explicação lógica, mas isto
não interrompe nosso trabalho rotineiro de buscar uma causa. Nós instintivamente sabemos
que não pode haver um efeito sem uma causa. Este é modo como as coisas são na vida e
em algum lugar deve haver uma resposta. E além disso, nós nos sentimos que deve haver
uma razão pela qual as coisas acontecem, e por que elas acontecem para nós? Nosso instinto
nos diz que há uma questão de justiça ou injustiça envolvida.
A religião ocidental, após destruir a crença na preexistência da alma, impedindo assim
uma compreensão lógica é completa da lei do Carma, ofereceu como resposta substituta para
as ações que parecem ocorrer fora dessa lei, as ideias do milagre e da intervenção divina,
apoiadas com a dispensa e absolvição especial. A ciência por outro lado, mostrou alguma
indiferença na existência da lei do Carma, através da aceitação do acaso e do acidente como
causas para o que não pode ser explicado. E quando pressionada por alguma resposta justa
ou ética, sempre colocou a culpa na "vontade de Deus".
A Teosofia, ao despertar nosso conhecimento interior sobre a reencarnação e o carma,
oferece não apenas uma resposta lógica, mas justa e ética à questão. Nada pode existir fora
da Lei. O universo é infinito e nada pode existir "fora" ou separado dele. Mesmo quando nós
não vemos imediatamente a causa de um acontecimento, a lei universal nos assegura que
não apenas existe uma causa em um determinado tempo, mas a causa é conectada a aquele
que está sentindo seus efeitos. Na porção mais interior do homem existe um senso de justiça
e isso explica por que esta lei do Carma tem encontrado aceitação ampla e imediata no
ocidente.
Nas tradições de cada civilização existem grandes professores e líderes que
desempenharam o que foram chamados "milagres" mas eles não se atribuíram poderes
miraculosos ou além da lei. Jesus prometeu aos seus discípulos o conhecimento o qual
confere ao homem o poder de produzir maravilhas muito maiores do que ele jamais foi capaz
de fazer; isso implica que existem leis e poderes profundo e ainda não descobertos que irão
explicar os milagres. Uma das etapas do nosso progresso interior deve ser o conhecimento e
a compreensão deste milagre, acaso e lei não podem operar no mesmo universo. O acaso e
elimina lei, e a lei elimina tanto o acaso quanto milagre. Por sorte nós não estamos à mercê
dessas duas forças imprevisíveis, as quais são ditas fora do nosso controle. A lei do Carma
nos assegura que estamos no controle de nosso destino.
8.13. Pode haver qualquer injustiça no Carma, desde que nós não lembramos
ter realizado as ações que agora estão retornando à nós? Por que, ou por que
não?
O Sr. Judge repete a questão e sugere um ponto na resposta. Ele afirma no Ocean, p.
75: Mas é perguntado, se nós reencarnamos, e além disso, não podemos relembrar as ações
pelas quais sofremos, isso não é injusto? Aqueles que perguntam isso sempre ignoram o fato
de que sempre tiveram prazer e recompensa na vida, e aceitaram isso sem questionar. Se é
injusto ser punido por ações as quais não nos lembramos, também é injusto ser
recompensado por atos dos quais esquecemos. A mera entrada na vida não traz consigo
qualquer recompensa ou punição. Recompensa e punição devem ser o justo merecimento
para uma conduta anterior.
Entretanto, se nós não estamos seguros na nossa compreensão do fato de que
vivemos muitas vidas antes dessa, é fácil ver como poderíamos encontrar a injustiça em
algumas situações indesejáveis. Porque o que nos impede de ver a justiça em uma situação
é o fato de que perdemos nosso senso de identidade, nós não sabemos quem ou o que
realmente somos. Nós não temos em mente que somos almas, Egos reencarnados os quais
viveram, pensaram e agiram em personalidades de todos os tipos. Nós vemos os outros
melhores do que somos, e a ciência ou a religião não podem nos responder satisfatoriamente
porque isso ocorre. Mas se pudermos chegar à compreensão de que tomamos
temporariamente esta personalidade com o propósito de trabalhar alguns defeitos, alguns mal
entendidos, e que no passado nós criamos essas condições e trazemos algumas delas
conosco em cada nova encarnação, começaremos a ver que este é o único modo possível da
perfeita justiça ser trazida, a justiça com compreensão.
É o Ego que toma as decisões definitivas e sente os efeitos delas. O Ego sabe e lembra
seus erros e atos errôneos, assim como nós nos lembramos do que fizemos ontem. É o Ego
que aprende ou não aprende com as lições de cada vida. Devido ao cérebro e à personalidade
presente não lembrarem o que não tomaram parte, nós terminamos por pensar que não há
uma parte de nós que retém essa memória. Mas não é verdade que sempre sentimos,
intuímos que existe justiça mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras que nos ocorrem? A
linguagem da alma é frequentemente a do sentimento.
Conforme aumentamos a nossa capacidade ver a vida e os acontecimentos do ponto
de vista do Ego imortal, o ressentimento e a inveja que algumas vezes sentimos irão nos
deixar, e nossas mentes serão livres para receber a luz clara da intuição interior. Estes e
76
outros sentimentos igualmente adversos formam uma nuvem entre nós e as nossas
percepções superiores, e elas são dissipadas apenas pelo conhecimento adequado. O Sr.
Judge fez a afirmação "se você for bem sucedido em olhar o Ego como apenas o que você
de fato desejou, então ele irá agir não apenas como um fortalecedor dos seus bons
pensamentos, mas agirá reflexivamente no seu corpo e o tornará mais forte." (Letters that
have Helped Me, p.36).
8.14. De acordo com lei do Carma você pensa que nós seremos punidos ou
recompensados em algum Céu ou Inferno após a morte? Como você chegou à
sua conclusão? Qual é a fonte das suas ideias?
Uma vez que a Lei do Carma afeta a todos o seres vivos, e desde que o homem não
age sozinho, a lógica é que o pagamento pelos seus atos bons ou ruins, irá vir a partir, através,
e com aqueles seres que formaram seu campo de operação nas encarnações passadas. As
entidades que foram ajudadas ou impedidas devem, de acordo com qualquer planejamento
justo, serem levadas em consideração no ajuste subsequente.
Esteja o homem sujeito experimentar o Céu ou o Inferno, este deve ser aqui na Terra com os
amigos e inimigos que ele tomou parte na criação. H.P. Blavatsky, ao fornecer algumas
indicações sobre a natureza dos estados pós morte, fez a seguinte afirmação: "crimes e
pecados cometidos em um plano de objetividade e um mundo material não podem receber
punição em um mundo de pura subjetividade." E a mesma lei deve ser aplicada aos atos de
bondade e de caridade.
Conforme nós trazemos a matéria e as vidas que influenciamos no passado, nós
também somos levados aos indivíduos que fizeram parte de nossa vida no passado.
Tendências não resolvidas não podem ser deixadas para a solução no Céu ou no Inferno.
Elas devem ser resolvidas aqui, com as partes que estiveram e ainda estão envolvidas.
Não é incomum que uma pessoa simpatize ou antipatize, confie ou desconfie de outra
pessoa no primeiro encontro. A amizade e o medo frequentemente surgem sem qualquer
razão aparente ou racionalidade. Embora as faces sejam diferentes e os tempos outros, nós
vamos através da vida encontrando amigos e inimigos, frequentemente, de vidas passadas.
E nós iremos encontrá-los sempre, mas, tomara, todos como amigos.
Os estados pós morte, aqueles estados entre as encarnações, nunca têm o objetivo
de infligir punição ou recompensa, mas existem para o propósito de fornecer ao Ego um
período de descanso e assimilação, antes da próxima tarefa que o Carma e as leis da
afinidade selecionaram para ele. O assunto completo dos estados pós morte será colocado
mais adiante em uma lição posterior. Nós todos passamos por eles inúmeras vezes.
8.15. O Carma tem alguma coisa a ver com a moral? Ele pode ser considerado
uma lei moral, ou é puramente mecânico em sua ação? Por favor explique sua
resposta.
Para responder esta questão, devemos primeiro ter em mente alguns fatos e
implicações básicas da Lei do Carma. É uma lei universal, devido a ser um aspecto da Vida
Única. Toda vida é essencialmente ÚNICA, e, devido a isso, podemos concluir que o que quer
que aconteça em qualquer lugar do universo irá, em alguma medida, afetar todo o resto.
Devido à universalidade do Espírito (Vida), cada indivíduo tem dentro de si uma consciência
contínua ou eterna, o Verdadeiro Eu, o criador e recebedor de toda ação, o criador e recebedor
do Carma. Isto significa que mesmo que cada um seja individualmente responsável, ninguém
pode agir sozinho. Ninguém pode agir sem afetar os outros seres, para o bem ou para o mal.
Qual é, então, a base para a moral? O que é o bem e o que é o mal? H.P.Blavatsky
responde da seguinte maneira: (Key, p.206)
Os europeus ficaram muito presos ao hábito de considerar certo e errado, bem e mal,
como matéria de um código arbitrário de leis imposto a eles pelos homens ou por um Deus
Particular. Nós, teosofistas, entretanto, dizemos que "Bem" e "Harmonia", e "Mal" e
"Desarmonia" são sinônimos. Além disso, sustentamos que toda dor e sofrimento resultam do
77
desejo de Harmonia, e a única e terrível causa do distúrbio da Harmonia é o egoísmo em suas
várias formas. O Sr. Crosbie ainda acrescenta na p. 336 do Friendly Philosopher:
A verdadeira moral não depende de palavras, frases ou convenções, mas sim de uma
percepção universal das coisas, segundo à qual tudo é feito visando o bem, cada pensamento
e sentimento é expendido em benefício dos outros, não de si próprio. A percepção clara da
natureza espiritual de cada um, e o impulso de beneficiar a humanidade em todas as direções
e em todos os casos, sem interesse pessoal, são dois princípios da verdadeira moral. A
verdadeira moral é, na verdade, a existência universal, e o seu início encontra-se no desejo
de viver para ajudar a humanidade sem interesse Egoístico ou esperança de qualquer
recompensa; assim, ensinar e ajudar aqueles que ainda sabem menos que nós mesmos.
Certamente é natural que desejemos saúde e felicidade, mas há uma felicidade mais
satisfatória e duradoura, que irá constituir nosso Carma retornante quando incorporarmos a
verdadeira moral em nossas vidas, quando começarmos a agir a partir dela, a partir do que a
consciência diz ao invés de seguir os impulsos vindos de fora, impulsos que são produtos dos
nossos sentidos físicos, ou da personalidade que é tão frequentemente motivada
Egoisticamente.
O aforismo no. 5 afirma "O Carma opera sobre todas as coisas e seres desde o menor
nível atômico concebível até Brahma. Prosseguindo nos três mundos do homem, dos deuses
e dos elementais, nenhum ponto do universo manifestado é isento da sua influência." Ainda
assim, encontramos afirmações dizendo que existem seres no universo que alcançaram um
estado no qual eles não têm Carma. Qual é a explicação para isso?
Nosso Carma é o resultado do pensar e agir de um ponto de vista separatista, pessoal
e de certa forma egoísta, motivado por causas igualmente pessoais e separatistas. Isto
mantém a ação e reação atuantes pelos tempos. Quando nós cessamos de atuar em busca
do benefício pessoal, quando as causas que estabelecemos são sempre para o benefício do
todo, então os efeitos que retornarão serão de natureza universal, nada pessoal, e em um
sentido que poderemos nos dizer "livres do Carma." Nós seremos então agentes da Lei,
seremos um com a Lei, e embora retenhamos nossa individualidade, nossos pensamentos,
intenções e atos serão de caráter universal.
Esta é a condição dos Grandes Mestres, os Mestres da Sabedoria os quais, ao longo
de incontáveis encarnações, dominaram Sua natureza completamente ao ponto em que são
constitucionalmente incapazes de agir de outra forma. Eles se tornaram unos com a Lei. Na
nossa próxima lição, iremos falar mais sobre estes Grandes Mestres a partir dos quais a
Teosofia vem, quem Eles são, Seu lugar no fluxo da evolução e o que Eles podem tencionar
para nossas presentes vidas.
IX – Manas: a Mente
Textos Mr. Judge - Tradução: Marcelo Pagliarussi
Introdução
H.P.Blavatsky nos diz que Mahat, ou a Mente Universal, é a fonte de Manas, a mente
no homem. Colocado em outras palavras na Doutrina Secreta, ela afirma, "A Concepção
Cósmica focalizada em um princípio ou upadhi (base) resulta na consciência do Ego
individual. Sua manifestação varia com o grau de upadhi, por exemplo, através do chamado
Manas se origina a Mente-Consciência." (S.D. I, 329fn)
Uma vez que as nossas crenças materialistas atuais e nosso estado de consciência
impõem as restrições de tempo e espaço em nossas mentes, segue que, quando pudermos
passar além destas limitações, a mente estará livre para operar e perceber a grandes
distâncias tanto no tempo como no espaço. E quando a ilusão da realidade da matéria for
superada, a mente será capaz de ver além da superfície, para o lado causal da vida, para o
lado Espiritual daquilo que nós vemos agora como formas. Os poderes da mente são limitados
apenas pelas ideias que nós aceitamos como verdade. A Voice of the Silence diz, “A Mente
é como um espelho; ela acumula poeira enquanto reflete. Ela necessita da brisa suave da
Sabedoria da Alma para retirar a poeira das nossas ilusões. Busque, Ó iniciante, unir a Mente
à Alma.”
Ela interfere com a ação de Manas Superior porque neste exato ponto da evolução, o
Desejo e todos os poderes correspondentes, faculdades e sentidos são os mais altamente
desenvolvidos, e assim obscurecem, aparentemente, a luz branca do lado espiritual de
Manas. Ela é colorida por cada objeto apresentado a ela, seja um objeto pensamento ou
material. Isto quer dizer que Manas Inferior, operando através do cérebro, é imediatamente
alterada para a forma e outras características de cada objeto, mental ou material. Isto faz com
que ela apresente quatro peculiaridades: primeiro, mover-se rapidamente de qualquer ponto,
mental ou material; segundo, mover-se para algum pensamento ou ideia prazerosa; terceiro,
mover-se para uma ideia ou pensamento desagradável; quarto, permanecer passiva e
considerar o fracasso. O primeiro é devido à memória e ao movimento natural de Manas; o
segundo e o terceiro são devidos apenas à memória; o quarto significa o adormecimento
83
quando não anormal, e a tendência à insanidade quando a anormalidade está presente. Estas
características mentais, todas pertencentes à Manas Inferior, são aquelas que, com a ajuda
de Buddhi e Âtmâ, Manas Superior deve lutar e conquistar. Manas Superior, se capaz de
atuar, se torna o que algumas vezes são chamados Gênios; se completamente dominada,
então a pessoa pode se tornar um deus. (Ocean, p.56)
No Bhagavad-Gita, Krishna, o Professor Espiritual, expressa a mesma ideia ao dizer,
“Aquele que serve às inclinações dos sentidos, neles coloca a sua preocupação; desta
preocupação é criada a paixão, da paixão a raiva, da raiva é produzida a desilusão, a
desilusão produz a perda da memória, depois a perda da discriminação, e então se perdeu
tudo! (p.19)
O apego às coisas do mundo material é produzido pela memória, através dos
sentimentos (medos, preconceitos, desejos, etc.) e também através do nosso pensamento. O
Sr. Crosbie afirma, “A barreira para cada homem não está na memória, mas nas falsas ideias
sobre a vida, de acordo com as quais ele age.” E na sua obra Notes on the Bhagavad-Gita,
ele afirma, “O homem, feito de pensamento, apenas ocupante de muitos corpos ao longo do
tempo, está eternamente pensando.
Suas correntes estão no pensamento, e sua liberdade em nenhum outro lugar além deste.”
(p. 141)
As ideias são coisas vivas, usualmente alimentadas e mantidas vivas pelos nossos
sentimentos. Elas carregam visão clara ou erros. E desde que nós não podemos manter duas
ideias opostas sobre o mesmo assunto ao mesmo tempo, segue que um conceito errôneo
pode agir como um muro de pedra, mantendo a sempre pronta ajuda longe de nós.
Um Mestre certa vez escreveu, “Platão estava certo: as ideias regem o mundo.” E a
Teosofia adiciona que as ideias também governam a mente, o plano de ação real. As ideias
controlam a nossa mente e a mente coletiva das raças, nações e culturas. Buda abre o
Dhammapada com a afirmação, “Tudo o que somos é o resultado do que pensamos: tudo o
que somos está fundamentado e é formado em nossos pensamentos.” O Sr. Crosbie, em sua
seção da Notes on the Bhagavad-Gita (p. 161), expressa a ideia da seguinte forma:
Nós não podemos deixar de perceber que agimos de acordo com as ideias que
mantemos sobre a vida; que o que nós chamamos “nossa mente” é um número de ideias
mantidas por nós como a base para o pensamento e a ação; que nós mudamos as ideias de
tempo em tempo, quando identificamos ocasião para tal; mas a todo o momento nós agimos
com base nas ideias presentemente mantidas. As diferenças entre os seres humanos são
devidas às ideias, falsas, imperfeitas ou verdadeiras, que formam a base do pensamento e
da ação.
Além disso, muitos de nós abrigamos ideias e pensamentos os quais estamos muito
pouco conscientes --- ideias que aceitamos dos nossos pais, professores, autoridades de um
tipo ou de outro --- ideias que nós nunca cogitamos ser necessário examinar criticamente.
Consequentemente, essas ideias ou conceitos continuam a exercer uma influência insidiosa
e poderosa em cada escolha que fazemos. Frequentemente, são os importantes conceitos de
Divindade, Lei, da natureza do homem e seu destino que se mantém não questionados; e
como estas são ideias fundamentais, elas afetam e dão cor à nossa percepção em todas as
direções. As ideias fundamentais são, é claro, aquelas que permanecem como base,
fundação para todas as outras ideias, todo o pensar.
O Sr. Judge uma vez afirmou, “Cada pensamento deixa uma semente na mente ou
manas do pensador, não importa quão fugaz o pensamento foi. A soma completa destas
pequenas sementes irá formar uma semente maior de pensamento, e assim constituir o
homem com este, aquele ou outro caráter geral.”
Nós devemos adicionar aqui que o desejo desempenha um grande papel na formação
de nossa base de ideias, nossa “Instituição” mental, aquelas ideias que formam a nossa mente
atuante. Nós nos apegamos a essas ideias através do medo e do desejo, assim como pela
ignorância e preguiça. Essas ideias precisam ser avaliadas e testadas, testadas quanto à sua
veracidade, sua origem, e pelo seu verdadeiro senso comum. As ideias governam a nossa
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mente, mas nós podemos e devemos decidir quais ideias vamos instalar na nossa “máquina
de pensar”. Não é difícil aceitar a ideia de que se nós não governarmos nossas mentes,
alguém ou alguma outra coisa o fará.
É através do esforço deliberado da vontade que nós iremos testar e extirpar algumas
daquelas ideias cultivadas, ideias que nós nunca realmente encaramos, e começaremos a
nossa busca pelas ideias verdadeiras nos campos da justiça e da harmonia. Nós não somos
aquelas ideias, e temos o poder de escolher, de fazer mudanças; e nós temos a percepção
interna para conhecer a verdade quando a ouvimos e estamos desejosos de encontrá-la. Esta
é certamente a nossa responsabilidade.
Falando a respeito do poder das ideias, tanto H. P. Blavatsky quanto o Sr. Judge
ofereceram algumas ideias provocativas ao pensamento. Blavatsky afirma na Key:
O ponto chave é arrancar pela raiz aquela mais fértil fonte de todo o crime e imoralidade ???
a crença de que é possível a eles (as massas) escapar das consequências das suas próprias
atitudes. Uma vez ensinado a eles as maiores de todas as leis, Carma e Reencarnação, e,
além de sentirem neles mesmos a verdadeira dignidade da natureza humana, eles sairão da
maldade e a evitarão como se sentissem uma dor física. (p. 248). O Sr. Judge coloca o
seguinte sobre o poder das ideias Fundamentais:
Com o grande número de livros e programas sobre Natureza que temos hoje em dia,
é fácil perceber que existe uma vasta e quase mágica inteligência na Natureza. Mas qual é a
fonte desta inteligência, e quais são as leis que a orientam e distribuem? Esta inteligência é a
mesma do homem? A abelha treina e melhora a sua mente como nós o fazemos? E a folha,
o cristal, a pele ou o olho? Qual é a fonte da quase inacreditável inteligência aqui? Todas
essas são partes da Natureza, e todas exibem os poderes da mente em suas ações e reações.
Por que uma folha tem praticamente a mesma inteligência da outra folha, e ainda assim tão
diversa daquela que existe no pássaro que pousa no galho?
A Teosofia oferece várias ideias interessantes sobre este assunto --- ideias que ajudam
a explicar muitos dos mistérios que nos rodeiam na Grande Natureza. Como base, ela afirma
que todas as formas, não importa onde, são materializações de algum aspecto da Mente
Universal. Ela afirma que a soma total da inteligência em qualquer período de manifestação
é o desdobramento ou o re-aparecimento daquilo que foi criado em períodos anteriores de
manifestação, mais tudo o que o homem adicionou no presente período. Ela ainda coloca que
os vários reinos e espécies dentro dos reinos são guiados e regidos pelas inteligências
hierárquicas que realizam e cumprem as leis da evolução --- sempre dentro da Lei do Carma.
Na Doutrina Secreta encontramos a colocação: (I, 277) A ordem total da natureza revela uma
marcha progressiva em direção à vida superior. Há planejamento na ação das aparentemente
ocultas forças. O processo global de evolução, que é a adaptação contínua, representa uma
prova disso. As leis imutáveis que eliminam as espécies mais fracas e frágeis, para dar espaço
aos mais fortes, e que asseguram a sobrevivência do “mais forte”, embora cruel em sua ação
mais imediata, estão todas trabalhando para o grande fim. O próprio fato que as adaptações
realmente ocorrem, que o mais adaptado realmente sobrevive na luta pela existência, mostra
que o que é chamado de “Natureza inconsciente” é, na verdade, uma agregação de forças
manipuladas por seres semi-inteligentes (Elementais), orientados pelos Altos Espíritos
Planetários, (Dhyan Chohans), cujo agregado coletivo forma o verbo manifestado do LOGOS
imanifestado, e constitui, ao mesmo tempo, a MENTE do Universo e sua LEI imutável.
No início de cada período de manifestação, a onda-vida desce a escada da
condensação, vestindo a si mesma com as formas compatíveis com os estados de
consciência progressivos, e forma-se com o material dos planos associados. É através da
operação em uma forma que expressa algum aspecto da Mente Universal que as vidas
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inferiores realizam a sua evolução. Conforme nós aprendemos nas páginas anteriores, toda
a inteligência que nós vemos exibida em manifestação deve ser o resultado do esforço
realizado por seres autoconscientes, escolhedores, enquanto agindo dentro e com aquilo que
nós chamamos Natureza. Esta inteligência não ocorre simplesmente, nem é enviada por
algum Ser supremo. Nos foi ensinado que todos os processos da Grande Natureza podem
ser encontrados no corpo humano, e, como as “vidas” da Natureza passam por nossos corpos,
realizando estas funções, elas são afetadas por nossos pensamentos e ações. Na Doutrina
Secreta, H. P. Blavatsky afirma que, “O homem era o depósito, aparentemente, de todas as
sementes da vida neste Ciclo, tanto vegetal como animal. Seu embrião, Ela afirma, contém
em si a totalidade dos reinos da natureza.
O que vemos externamente é um panorama estendido de cada função, e consolida
que nós temos as “sementes” disso em nosso instrumento. O que nós fazemos com este
instrumento, como nós o tratamos ou treinamos, irá determinar o que receberemos de volta
para trabalhar com e para em alguma era ou sistema futuro. A Grande Natureza é um espelho
vivo no qual nós podemos ver a nós mesmos e nossos trabalhos. Os ecologistas nos dizem
que somos responsáveis por todos os desertos do mundo. A cada ano surgem novas doenças.
A Natureza está nos dizendo algo, se formos capazes de ouvir.
A Teosofia oferece a tão necessária explicação do porque cada pássaro de uma
espécie sabe o que todos os outros sabem, e porque a formiga, e a folha e a borboleta nascem
com toda a inteligência necessária à sua sobrevivência. Em Isis Unveiled, H. P. Blavatsky
coloca, “Este instinto dos animais, que agem do momento de seu nascimento, cada um nos
limites prescritos a ele pela natureza, e que sabem como...cuidar de si mesmo precisamente
--- este instinto pode, em uma definição mais exata, ser chamado automático; mas é preciso
haver, ou dentro do animal que o possui, ou fora, a inteligência de alguém ou alguma coisa
que o guia.” Cada reino, assim como cada espécie, é “preenchido” pelo que tem sido chamado
de consciência do reino, uma inteligência hierárquica que fornece o instinto que orienta o
grupo todo, e gradualmente conduz a força da vida nele para a sua ascensão evolutiva.
A força ou onda de vida passa de um reino a outro, expressando mais e mais a
inteligência que foi ganha da Mente Universal, até que mostre a forma que é apropriada à
encarnação do homem (a maior em qualquer período de manifestação), o Ego Reencarnante.
Neste ponto, o homem assume o comando o ou abuso da Natureza, e monta o palco para o
próximo grande período de manifestação. Mas é um engano pensar que estamos sozinhos
nesta tarefa. E imaginamos como poderíamos fazer isso se não fosse pela ajuda dos Irmãos
Mais Velhos, que ainda são uma parte da humanidade, e que estão sempre prontos a nos
ajudar a sair dos buracos que cavamos para nós mesmos.
O que aprendemos nos tópicos anteriores poderia nos dizer que não herdamos de
nossos pais, mas herdamos, através deles, de nós mesmos. Eles oferecem nosso corpo e
cérebro, e algum treinamento no uso e cuidado destes; eles nos fornecem ideias, conceitos,
preconceitos e ideais, mas em tudo isso eles são apenas agentes do nosso próprio Carma, o
Carma do nosso pensar e agir em vidas passadas. A Teosofia nos ensina que nós merecemos
nossos pais, as circunstâncias sob as quais nascemos, e o começo de vida que temos que
lidar.
Nós chegamos a uma determinada família porque ela pode nos oferecer a melhor
oportunidade para trabalhar algumas de nossas lições Cármicas. Ela nos dá o cérebro e a
mente pessoal que merecemos, e que são, de fato, o melhor desafio para testar e desenvolver
a força necessária à eliminação das fraquezas inerentes à nossa encarnação.
Mas esta é apenas a mente inferior, o instrumento. O que nós fazemos com ela é
responsabilidade da nossa Mente Superior. Nós podemos deixar as situações dominarem as
nossas vidas, ou podemos assumir a responsabilidade e modificar as circunstâncias a nosso
favor. A vida dos grandes homens nos ensina que cada mente e cada circunstância
87
apresentam grande potencial para o desenvolvimento da força e da compreensão. O Ego tem
a força de superar qualquer obstáculo e utilizá-lo para seu benefício.
Com a apresentação do “Método Socrático”, Platão nos deu um meio de experimentar
em profundidade as “condições-mentais” que herdamos através de nossos pais. O seu
método de questionar as nossas “posições” sobre certos temas, e assim questionarmos as
razões que sustentam estas posições, e assim por diante, é um dos processos mais eficientes
para conhecer a constituição das nossas mentes. Ele demonstrou o valor que pode ser
adquirido ao trazer estas ideias profundas e não questionadas à superfície, e checá-las quanto
à sua validade, lógica e simples bom senso. Nós poderemos então fazer correções sempre
que for necessário.
Se nós herdamos um corpo fraco, podemos fortalecê-lo com o alimento e exercícios
adequados. Do mesmo modo, se herdamos uma mente que não está funcionando da maneira
que achamos que deveria ser, nós podemos corrigi-la e dar-lhe força, através da nutrição com
o alimento saudável (ideias verdadeiras) e exercícios do tipo correto (pensar com estas ideias
e utilizá-las em nossas atividades diárias). Estudantes sérios dos textos Teosóficos podem
testemunhar que tal programa de estudo é de valor mais duradouro que uma educação
universitária. Ele ensina uma pessoa a como pensar, e não o que pensar.
A “Idade da Razão”, conforme tem sido chamado o período entre os séculos 17 e 18,
ofereceu grande estímulo ao progresso da humanidade. Ela libertou o homem dos dogmas
da Igreja, dogmas que, no mínimo, desencorajavam o homem do pensamento e do raciocínio
a respeito do universo e das leis naturais, e a respeito de Deus e das potencialidades do ser
humano. Ela cultivou o solo e plantou as sementes que germinaram na Revolução Científica.
A Razão, reencarnada dos tempos de Platão, novamente se tornou dominante.
É a razão que nos permite unir as percepções do passado e do presente e projetá-las no
futuro. Écom a razão que podemos julgar o valor de muitas observações e experiências e
assim avaliar uma situação completa. É a razão que torna possível a nós relacionar,
extrapolar, inferir e fazer todas as coisas que agrupamos sobre o chamado “pensamento”,
coisas que fazemos o tempo todo de maneira natural.
H. P. Blavatsky na p. 70 do Key to Theosophy afirma, “As crianças deveriam antes de
qualquer coisa receber os ensinamentos da autoconfiança, do amor por todas as pessoas, do
altruísmo, caridade mútua, e mais que tudo, a pensar e raciocinar por si mesmas”. E no Ocean
of Theosophy (p. 54) o Sr. Judge coloca, “Pois o cérebro humano é um organismo superior e
Manas o utiliza para raciocinar das premissas às conclusões. Isto também diferencia o homem
do animal, pois o animal age a partir dos impulsos automáticos e instintivos, enquanto o
homem pode usar a razão.”
Tudo isto mostra a importância da razão, uma etapa muito importante e necessária à
nossa evolução. Mas o sr. Judge coloca outra questão, conforme ele avança no mesmo
parágrafo. Ele afirma, “Este é o aspecto inferior do Pensador ou da Mente, e não, como se
supõe, o maior e mais elevado bem pertencente ao homem. Esse é outro aspecto, e a
Teosofia o considera superior, o intuitivo, o qual sabe e não depende da razão.”
H. P. Blavatsky explica mais em Isis Unveiled, Vol. I, página 433:
A razão, o resultado natural do cérebro físico, se desenvolve as expensas do instinto,
a reminiscência fugaz de uma onisciência anteriormente divina, o espírito. A Razão, o
distintivo da soberania do homem físico sobre todos os outros organismos animais, é
frequentemente sobrepujada pelo instinto de um animal. Como o cérebro humano é mais
perfeito que o de qualquer outra criatura, suas emanações podem naturalmente produzir os
maiores resultados da ação mental; mas a razão ajuda apenas as considerações das coisas
materiais; ela é incapaz de ajudar quem a possui a conhecer o espírito. Ao perder seus
instintos, o homem perdeu suas capacidades intuitivas, as quais são o reino do instinto. A
razão é a arma desajeitada do cientista, e a intuição é o guia preciso do profeta. E novamente
em Isis, página 434:
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Plotinus, o pupilo do grande Ammonius Saccas, o principal fundador da escola
Neoplatônica, ensinou que o conhecimento humano tem três etapas ascendentes: opinião,
ciência e iluminação. Ele explicou isso ao dizer que “os meios ou instrumentos da opinião
são os sentidos; da ciência, a dialética; da iluminação, a intuição (ou o instinto divino). A este
a razão é subordinada; é o conhecimento absoluto fundamentado na identificação da mente
com o objeto conhecido...”
Cada ser humano é nascido com o embrião do sentido interior chamado intuição, o
qual pode ser desenvolvido naquilo que o Escocês conhece como “segunda visão”. Todos os
grandes filósofos, os quais, como Plotinus, Porfírio e Iamblichus empregaram esta faculdade,
ensinaram esta doutrina. “Há uma faculdade da mente humana”, escreveu Iamblichus, “que é
superior a todas aquelas que nasceram ou foram produzidas. Através dela nos é permitido
chegar à união com inteligências superiores, sermos transportados além dos acontecimentos
deste mundo, e participar da vida superior e dos poderes peculiares aos seres celestiais.”
H.P. Blavatsky afirma que a humanidade está atualmente passando por um estágio de
transição mental. Ela ainda coloca que por maiores que os nossos poderes intuitivos sejam,
não existe uma intuição infalível neste estágio, e esta deve ser checada por uma de duas
maneiras indicadas. A primeira é talvez o uso mais legítimo de nossos poderes de raciocínio.
Nossos repentes intuitivos devem ser checados se são razoáveis pelo senso comum. A
segunda maneira, a mais confiável para avaliar nossas visões internas, é com os
“ensinamentos orais, revelados pelos homens divinos que viveram durante a infância da
humanidade, para alguns eleitos entre os homens, e que permaneceram inalterados”. Tais
ensinamentos, ela diz, são aqueles oferecidos pelos Mestres, conhecidos hoje como Teosofia.
O Sr. Judge combina duas ideias em seu artigo Conversations on Occultims, no qual
ele afirma, “Para saber quando se está recebendo informações verdadeiras do Eu interno,...
A intuição deve ser desenvolvida, e o assunto julgado a partir da base filosófica verdadeira,
porque se ele for contrário às regras gerais, está errado...O poder de conhecer não vem do
estudo de livros ou da filosofia, mas principalmente da prática real do altruísmo em ações,
palavras e pensamentos; pois esta prática purifica as vestes da alma, e permite que a luz
brilhe na direção da mente cerebral.”
Há alguns anos atrás, a Revista Teosófica avançou na ideia de que a bomba de
Hiroshima significou a morte da Idade da Razão. A ciência havia chegado ao ponto no qual a
tecnologia sozinha não podia oferecer respostas aos problemas do mundo, e alguns cientistas
líderes aparentemente começaram a ouvir a voz interior, a voz da contra-ciência, a voz do
Espírito.
Um Mestre certa vez escreveu, “O ser menos egoísta trabalha para seus companheiros
humanos, e retira as vestes do sentido ilusório do isolamento pessoal; quanto mais ele for
livre de Maya, mais próximo estará da Divindade”.
Uma vez que as nossas mentes pessoais são constituídas de ideias, é lógico que todas
as limitações são inerentes às ideias que são limitadas, parciais, superficiais e separatórias.
Algumas destas ideias podem ser: que nós não somos nada além desta personalidade, que
vivemos apenas uma vez, que a nossa mente pessoal é a nossa faculdade mais elevada, que
não há nada real nos sonhos, que nós nascemos pecadores, que a Divindade é um ser
separado de nós e que governa nosso destino, que o acaso e o milagre podem existir no
mesmo universo com Justiça. Qualquer destas ideias, em conjunto com muitas outras, pode
limitar severamente a capacidade da mente diária em aceitar e compreender as mensagens
da Mente Universal. Elas na verdade bloqueiam a passagem entre as duas.
Para compreender a razão disto é necessário adquirir algumas ideias da natureza do
conteúdo da Mente Universal. Ela não é uma enciclopédia gigante. Ela é constituída de
conceitos de uma natureza Universal que tem se mantido, ao longo de eons de tempo, através
de incontáveis gerações de esforço, e elas são ideias básicas, eternas e raízes. Elas são os
Princípios Fundamentais e devido a isso elas são aplicáveis em todos os momentos e
situações; e elas carregam consigo um modo de pensar que é novo (e ao mesmo tempo
89
antigo) e diferente daquele que no presente momento nós estamos acostumados. Ela sugere
que o caminho verdadeiro para alcançar e usar esta visão é começar com os princípios
fundamentais, os conceitos mais universais que podemos encontrar, e aplicá-los em qualquer
situação que queiramos compreender. O princípio dos ciclos ou da reencarnação pode ser
aplicado com utilidade a qualquer coisa em manifestação. A antiga máxima “Tal em cima, tal
em baixo” indica que tudo que conhecemos em manifestação é uma derivação, uma
emanação ou um aspecto de alguma coisa mais geral em um plano superior, e que as
mesmas leis se aplicam em escalas menores de manifestação.
Na Doutrina Secreta (I-75) H. P. Blavatsky fala do mesmo princípio quando ela aborda
a Cosmologia. Ela diz, “Se o estudante considerar que existe apenas Um Elemento Universal,
o qual é o infinito, não nascido e imortal, e que todo o resto, assim como no mundo dos
fenômenos, representa apenas os muitos aspectos diferenciados e transformações
(correlações, como são agora chamadas) daquele Um, do Cósmico descendo aos efeitos
microcósmicos, do super-humano descendo aos seres humanos e sub-humanos, a totalidade,
em resumo, da existência objetiva, então e primeira e maior dificuldade irá desaparecer, e a
Cosmologia Oculta será dominada”.
A mesma regra se aplica às ideias, e é por esta razão que a Teosofia recomenda que
o estudante olhe primeiro para as ideias fundamentais presentes no Prólogo da Doutrina
Secreta, e, com elas em mente como uma base ou lente constante, examine as
particularidades da vida e de nós mesmos; na Natureza e em nossas próprias naturezas. Com
esta prática nós começaremos a clarificar o caminho para a luz da Mente Universal, e a
dissipar as sombras que tão frequentemente anuviam a nossa compreensão. Estes princípios
podem ser encontrados também em um panfleto da United Lodge of Theosophists chamado
Fudamentals of Theosophy.
Existem muitas razoes pelas quais algumas ideias parecem “decolar” e ter grandes
efeitos. Nós iremos abordar apenas algumas, mas deve haver outras que você pode ter
pensado. Nós sabemos que existiram algumas ideias (pensamentos) poderosas o suficiente
para mover nações inteiras, como aquelas que iniciaram a República Americana, enquanto
muitas outras são, como diz o Sr. Crosbie, “como bolhas de sabão e não viajam muito longe”.
Existiram pensamentos que causaram grandes mudanças no modo de pensar do mundo
inteiro, para o bem ou para o mal, e nós sempre experimentamos mudanças em nossas vidas
que foram trazidas por alguma ideia, algum conceito que chegou a nós. A percepção destes
fatos nos dá uma pista sobre como nós podemos usar as “ideias” para mudar as nossas vidas
e a vida daqueles que nós queremos ajudar.
Como o rádio, não é necessário haver apenas um emissor, mas deve haver um
receptor que esteja sintonizado no comprimento de onda do emissor. Existem muitas grandes
ideias no mundo, mas a menos que existam aqueles que estejam prontos a recebê-las, elas
permanecerão dormentes até que sejam colhidas por um receptor. Uma ideia normalmente
não fica registrada a menos que alguém se interesse ou precise dela. Victor Hugo disse, “Mais
forte que todos os exércitos do mundo é uma ideia cujo momento tenha chegado”. Os Grandes
Mestres da história sempre apresentaram seus ensinamentos quando o momento e a
necessidade eram corretos.
Krishna, no capítulo 4 do Bhagavad-Gita, afirma, “Eu produzo a mim mesmo entre as
criaturas, Ó filho de Bharata, quando quer que haja um declínio da virtude e uma insurreição
do vício e da injustiça no mundo; E assim eu encarno, de era em era, para a preservação dos
justos, a destruição do mal, e o estabelecimento do equilíbrio”.
Mas o poder de um pensamento demanda mais que isso. Ele deve ter integridade, isto
é, não deve apresentar contradições que diminuam seu poder. Ele deve ser claro e bem
definido, e deve ser compreensível a todos aqueles que seja sua intenção alcançar. Além
disso há o poder que é colocado por trás do pensamento, poder que vem de outra parte da
90
nossa natureza. Este poder pode vir de duas direções: um forte desejo ou a aversão pode
transformar um pensamento em um agente ativo e poderoso; por outro lado, o poder pode vir
de uma vontade controlada e concentrada. A ideia dá forma e direção, e vontade fornece o
poder de mantê-lo vivo e confere-lhe força efetiva.
Algumas vezes nós desejamos que uma boa ideia que encontramos pudesse ser mais
efetiva sobre a nossa própria personalidade, e pudesse realizar mais mudanças em nossa
natureza. Para isso, a repetição é uma das práticas mais efetivas. Se atribuirmos tempo para
retornar a esses pensamentos, e periodicamente executá-los em nossa mente, eles adquirem
o poder necessário para realizar os resultados que nós esperamos. Utilizando a “Lei dos
Ciclos” nós podemos realizar as mudanças para melhor de maneira indolor.
Há mais um fato que precisa ser mencionado. A Teosofia sustenta que, devido à
unidade básica em toda a vida, as ideias têm mais poder quando estão em consonância com
as Leis da Vida Una, quando elas estão alinhadas com a tendência geral em direção à
iluminação Espiritual. As ideias que vão contra essas leis frequentemente prosperam por
algum momento, mas têm um obstáculo extra a superar, e finalmente perdem a batalha contra
a lei básica e universal da Irmandade.
Certamente a hipótese básica deveria ser a de sempre reconhecer que existe em cada
criança um Ser imortal, um Ego buscando exercer controle sobre o seu novo corpo, cérebro
e natureza emocional visando personificar-se de modo cada vez mais desenvolvido, e assim
construir a personalidade em um instrumento eficiente e confiável. Uma vez que tenhamos
essa posição resoluta, poderemos fazer aquilo que é necessário para ajudar nesta tarefa, sem
tentar fazer a tarefa pela criança. Nós estaríamos aptos a reconhecer que cada criança é
única, e tem diferentes talentos, diferentes iniciativas, e diferentes obstáculos a superar. Nós
ouviríamos, observaríamos e ajudaríamos a criança a encontrar o seu próprio caminho. Assim
como um técnico de esportes oferece uma série de desafios ao atleta, do mesmo modo o
educador deve fornecer desafios que conduzam ao desenvolvimento da inteligência,
mostrando confiança, encorajamento e interesse genuíno.
O educador não deve oferecer respostas às crianças, mas os meios para que elas as
construam. Ele certamente deve ajudar a criança a desenvolver algumas ideias fundamentais,
comparáveis aos fundamentos da matemática ou geometria, ideias que possam ser aplicadas
em qualquer direção. Uma grande distinção é que o educador com uma postura Teosófica
deveria ajudar a criança a estabelecer sua própria base ética, não-sectária e universal em
suas raízes, assim como em suas aplicações. Educar significa levar a diante, e Platão sugeriu
que a verdadeira educação é recuperar a memória das experiências passadas. Se nós
buscarmos e ouvirmos com atenção cuidadosa, perceberemos que a criança tem uma
compreensão natural da justiça e da ética. A Alma, se não for vendada com opiniões e
dogmas, sabe o que é certo e o que é errado. Na Revista de Bronson Alcott encontra-se:
9.15. Uma vez que tenhamos entrado em contato com a Teosofia, começamos a
perceber que temos várias ideias e sentimentos em nossas mentes com uma
relativa tenacidade, o que nos levou a aceitá-los sem questionamentos. Na
tentativa de expulsar estes inquilinos, quais permanecem mais profundos?
Quais têm mais poder? Quais são mais fundamentais?
Nós sustentamos que a centelha divina presente no homem sendo una e idêntica em
sua essência ao Espírito Universal, o nosso “ego espiritual”, é praticamente onisciente, mas
não pode manifestar seu conhecimento devido aos impedimentos da matéria. Quanto mais
esses impedimentos são removidos, mas completamente o Eu superior pode se manifestar
neste plano. E também na p. 181:
...a menos que um Deus desça como um Avatar, nenhum princípio divino pode ser de
outra forma se não limitado e paralisado pela matéria animal e turbulenta. A heterogeneidade
sempre terá domínio sobre a homogeneidade neste plano de ilusões, e quanto mais próxima
uma essência está da seu princípio raiz, a Homogeneidade Primordial, mais difícil é para ela
se expressar na terra. Os poderes divinos e espirituais permanecem dormentes em cada Ser
humano; e quanto mais amplo o alcance da sua visão espiritual, mais poderoso será o Deus
dentro dele. Mas como poucos homens podem sentir este Deus, e assim, como regra geral,
a divindade está sempre presa e limitada em nosso pensamento pelas percepções precoces,
estas ideias que são colocadas em nós na infância, é tão difícil para você entender a nossa
filosofia.
Não são apenas estes conceitos primitivos e frequentemente errôneos que limitam os
esforços do Ego encarnado, mas, como aponta o Sr. Crosbie, as ações da Mente Superior
são obscurecidas também pela memória da vida presente e as imagens de cenas,
pensamentos e sentimentos passados apresentados pelo cérebro astral. A mente inferior não
controlada está constantemente sendo atraída por um desses pensamentos, sentimentos ou
memórias. Enquanto nós não a controlarmos, alguma outra coisa o fará.
Por que nós permitimos que isto aconteça? Por que nós nos isolamos de nossa
verdadeira natureza. Por que permitimos que esse nosso instrumento roube o lugar e o poder
que são nossos por direito?
A resposta dada por todos os Grandes Mestres ao longo da história é a mesma, nós
esquecemos quem somos. Nós esquecemos que somos este Ser Superior, este Ego
Reencarnado que viveu, experimentou e aprendeu ao longo de incontáveis vidas. É o trabalho
constante deles vir e nos lembrar quem somos, e qual é a nossa responsabilidade. É a história
de Krishna no Bhagavad-Gita, que chega a Arjuna, o discípulo, para lembrá-lo de sua herança
espiritual e da responsabilidade que ele tem em guiar o seu reino --- todas as entidades que
formam a sua natureza inferior.
A filosofia que constitui os argumentos apresentados por Krishna nos dezoito capítulos
forma um clássico do pensamento mundial, chamada como o “estudo dos adeptos”, e nós
recomendamos para os estudantes sérios que vale a pena investir tempo e atenção no estudo
deste pequeno porém poderoso livro. E podemos ainda ir adiante em nossas sugestões ao
dizer que a tradução feita pelo Sr. Judge que consta na nossa lista de livros será a melhor
para esclarecer os significados sutis, porque o poema foi traduzido muitas vezes, e muitas
vezes a tradução foi feita a parir do ponto de vista estritamente materialista, deste modo
perdendo o propósito da psicologia que é baseada na primazia do espírito. O estudo deste
texto em conjunto com o Notes on the Bhagavad-Gita tem sido para muitos de nós uma
educação inestimável tanto na filosofia quanto na psicologia. Estes livros são regularmente
utilizados nas sessões de estudo de quarta-feira à noite.
Uma vez que tenhamos a percepção de quem somos e o que estamos fazendo aqui,
nos tornamos conscientes da importância de tomar o controle da mente e nos colocarmos na
posição de tomada de decisão sobre quais ideias iremos utilizar como base de trabalho para
o nosso pensar e perceber. Nós temos esta capacidade de reter, refinar ou substituir ideias,
e temos a responsabilidade de fazer isso, uma vez que esta é uma das principais razões do
porque estamos aqui encarnados. Afirma-se que a mente é uma ótima serva mas uma terrível
mestra. E nós não devemos fazer vistas grossas ao fato de que, na ciência oculta, o modo
mais eficiente para clarificar a mente inferior de modo a permitir que a mente superior possa
brilhar é através das ações em benefício dos outros. Isto é o altruísmo prático.
94
9.17. Na Notes on the Bhagavad-Gita, encontramos que a mente é “um número
de ideias mantidas por nós como uma base para o pensamento e a ação”. Se
nós decidirmos melhorar a qualidade da nossa mente, que tipo de ideias
estaríamos em busca? Qual é constituição da mente ideal?
9.18. O que acontece com a mente na morte? Ela se desintegra como acontece
com o corpo?
Nós sabemos que na morte o cérebro se desintegra junto com o corpo, mas a Teosofia
coloca adicionalmente que existe dentro de nós aquilo que não se desintegra, a Mente
Superior, ou nossa verdadeira Identidade, que retém a essência de todas as nossas
experiências passadas, adicionando estas à soma total do nosso caráter.
O Ego interior, que reencarna indo de corpo a corpo, armazenando as impressões vida
após vida, ganhando experiência e adicionando-a ao Ego divino, sofrendo e regozijando
através dos imensos períodos de anos, é o quinto princípio, Manas, não unido a Buddhi. Esta
é a individualidade permanente que dá a cada homem o sentimento de ser ele mesmo e não
95
outra pessoa, ... ela preenche o vazio produzido pelo sono; do mesmo modo, ela preenche o
vazio produzido pelo sono da morte.
Embora a consciência disso possa ainda estar escondida de nós no presente estágio, há
dentro de nós aquilo que une todas as nossas vidas e experiências formando o que chamamos
a identidade Egóica. No Key to Theosophy, p. 179, H. P. Blavatsky afirma:
Existe uma consciência espiritual, a mente Manásica iluminada pela luz de Buddhi,
que com a subjetividade percebe as abstrações; é a consciência dos sentidos (a luz Manásica
inferior), inseparável do nosso cérebro físico e de nossos sentimentos. Esta última consciência
é mantida sujeita ao cérebro e aos sentidos físicos, e sendo igualmente dependente deles,
deve, é claro, se desvanecer e finalmente morrer com o desaparecimento do corpo e dos
sentidos físicos. Apenas o primeiro tipo de consciência, cujas raízes repousam na
imortalidade, que sobrevive e vive eternamente, e pode, assim, ser considerada imortal.
À morte do corpo, o Ego precisa extrair os valores essenciais da mente inferior. Isto
ocorre nos primeiros estágios do estado de pós-morte, com os últimos estágios sendo
coloridos pelo que
H. P. Blavatsky chama, “a memória espiritualizada... da ex-personalidade”, Sr. A ou Sr. B, com
as quais o ego se age.
Introdução
No Ocean p. 36, o Sr. Judge afirma que o corpo físico é “a mais transitória, provisória,
e ilusória de toda a série de constituintes do homem... Sempre em mutação, em movimento
em cada parte, ele nunca está completo ou acabado de fato, embora tangível. Apesar disso,
nós sabemos que o corpo é de grande importância para nós no presente estágio de evolução.
Ele é o nosso meio de contato com a vida, e de adquirir experiências neste plano, assim como
nosso meio de ajudar as vidas que o constituem.
Nós pensamos no corpo como sendo feito de carne, ossos, músculos, sangue, matéria
cerebral, etc., enquanto que na verdade ele é feito de inúmeras “vidas” ou inteligências que
realizam estas funções por um período de tempo e passam a outros aspectos em seu ciclo
de evolução. É bem sabido que a matéria que forma o nosso corpo atualmente será
completamente substituída por uma nova matéria dentro de um período de sete anos. Estas
vidas passaram por eras e eras de treinamento e experiências em diversas formas da
natureza, e agora estão preparadas para operar na forma humana. Elas são uma parte do
registro de nossa história passada, uma inteligência acumulada de elevado grau, e é devido
a esta inteligência que elas são capazes de responder às demandas extremamente
complexas que recebem do cérebro.
Podemos dizer, então, que o material que forma o nosso corpo é nosso? Não, mas
durante o período em que ele está sob nossos cuidados nós somos responsáveis por ele,
pelas inclinações e disposições que nós o submetemos. Quando estas vidas deixam o nosso
corpo, elas retornam a alguma das muitas formas na Grande Natureza, levando consigo as
tendências que nós lhes demos. Nós iremos vê-las novamente? Provavelmente sim, devido à
atração magnética que estabelecemos. Este é um dos processos universais de evolução.
No Ocean p. 35, o Sr. Judge tem isso a dizer a respeito dessas vidas:
Um dos mistérios da vida física está escondido entre estas “vidas”. A sua ação compelida
adiante pela energia da Vida, chamada Prâna, ou Jiva, explica a existência ativa e a morte
física. Elas estão divididas em duas classes, os destruidores e os preservadores, e estas duas
duelam contra a outra desde o nascimento, até que os destruidores vençam.
Ele continua a explicar que quando estamos adormecidos, nós estamos absorvendo a
Energia da Vida, mas para estarmos despertos e ativos nós temos que resistir ao fluxo da
vida do mesmo modo que o filamento em um bulbo de luz elétrica resiste contra o fluxo de
eletricidade para produzir a luz. Como o filamento termina por não resistir à passagem da
eletricidade, as vidas no corpo finalmente perdem a capacidade de resistir à Força da Vida, e
a Vida mata o corpo.
“Vida”, diz o Sr. Judge, (Ocean, p. 37), “é um princípio universalmente impregnante.
Ela é o princípio no qual a terra flutua; ela permeia o globo e cada ser e objeto nele”. Quando
nós encarnamos em um corpo, precisamos de um instrumento ou veículo especial para
transformar esta força universal de vida em uma energia particularizada que sustente o nosso
corpo. Em Sânscrito esta vida universal é chamada Jiva. A vida particularizada é chamada
Prâna. Na morte, a energia da vida não desaparece; ela retorna à sua forma universal para
ser utilizada por outro veículo especializado.
O Corpo Astral precede o físico e serve como um padrão pelo qual o corpo físico é
construído. De maneira semelhante, o ser interior, a mente, projeta o astral como uma ligação
entre o seu mundo e este. A formação deste corpo é, claro, orientada pelo Carma individual
do ego, o Carma que traz as condições corretas para a próxima encarnação. Ele também é
afetado pelos skandhas, os traços de caráter formados pelo ser enquanto num corpo anterior.
Estes skandhas poderiam ser ditos como sendo as memórias das lições passadas ou lições
não aprendidas que nos deixaram na morte mas nos encontram novamente na próxima
encarnação.
Nós realmente criamos nosso próprio corpo astral, ainda que nossas capacidades de
alterar a forma deste corpo sejam limitadas às mudanças periféricas e não àquelas da forma
geral. A forma humana que conhecemos foi estabelecida para esta era, e o efeito dos nossos
pensamentos e ações está limitado ao refinamento ou à corrupção desta forma básica. H. P.
Blavatsky diz, na Secret Doctrine: (Vol I, p. 282 e fn.)
Então nossas formas humanas têm existido na Eternidade como protótipos astrais ou
etéreos,...O ocultismo ensina que nenhuma forma pode ser dada a nenhuma coisa, seja pela
natureza ou pelo homem, cujo tipo ideal já não seja existente no plano subjetivo. Mais que
isso; que tal forma não é possível de entrar na consciência do homem, ou evoluir em sua
imaginação, se não existir em protótipo, ou pelo menos em aproximação.
É ensinado que o Corpo Astral muda muito pouco durante o período da vida, e que
mesmo o ácido ou o aço cortante não o afetam. Mas ele é afetado em algum grau pelos
nossos pensamentos e emoções. Nos estágios iniciais de desenvolvimento do feto, a
imaginação da mãe, se forte o bastante, e apoiada em alguma emoção forte, pode afetar o
astral da criança, deixando marcas ou possíveis deformidades, mas isto é raro. O
conhecimento deste fato é a razão pela qual os Gregos colocavam belas estátuas perto do
leito das gestantes.
Mas este não é o único modo pelo qual o Corpo Astral, ou na verdade o funcionamento
do Corpo Astral, é afetado pelo nosso pensar. Em seu artigo Mesmerism, o Sr. Judge explica
que
98
“Todos os sentidos têm o seu lugar nesta pessoa (o corpo astral), e cada um deles é milhares
de vezes mais forte no alcance dos seus desdobramentos que os representantes externos.”
Ele continua ao dizer, “Em uma pessoa normalmente saudável, estes sentidos astrais são
inextricavelmente unidos ao corpo, e limitados pelo aparato que ele fornece durante o estado
acordado.” Apenas quando estes órgãos externos são paralisados pelo sono ou outro
processo de mesmerizacão que os sentidos interiores podem operar livremente e dar ao
homem a visão relativamente ilimitada que eles oferecem.
Há, entretanto, outro meio pelo qual estes sentidos astrais podem ser trazidos ao uso
pelo próprio indivíduo, um modo que nós todos iremos seguir no decurso do tempo, um modo
que é parte da nossa evolução futura. No seu fascinante artigo The Culture of Concentration,
o Sr. Judge explica que, com o cultivo da concentração da mente, nós podemos gradualmente
liberar estes sentidos interiores de suas contrapartes externas, e assim liberá-los para agirem
ao seu modo.
Ele tem essas dicas sobre o desenvolvimento dos nossos poderes interiores:
Deve existir em nós o poder do discernimento, o cultivo do qual irá nos libertar para conhecer
tudo que desejarmos saber. A existência destes poderes é afirmada pelos mestres do
ocultismo, e o modo de adquiri-los é através do cultivo da concentração.
Geralmente é negligenciado, ou não se acredita que o homem interior, que é aquele
que tem estes poderes, deve crescer à maturidade, assim como o corpo tem que amadurecer
até que os seus órgãos realizem suas plenas funções. Por homem interior eu não quero dizer
eu superior, o Ishvara anteriormente mencionado, mas aquela parte de nós que é chamada
de alma, ou homem astral, ou veículo, e assim por diante...
Enquanto é verdade que o segundo, ou homem interior, tem latentes todos os poderes
e peculiaridades atribuídas ao corpo astral, é igualmente verdade que estes poderes estão,
na maioria das pessoas, ainda latentes ou apenas muito parcialmente desenvolvidos.
Este ser interior é, por assim dizer, inextricavelmente embaraçado no corpo, célula por célula
e fibra por fibra.
De forma geral não há demarcação que seja observada entre estes órgãos interiores
e os exteriores; o ouvido interno está muito entrelaçado com o externo para poder ser
percebido à parte. Conforme mencionado, o corpo astral tem um conjunto completo de
sentidos e órgãos que são os
“originais” daqueles do corpo físico. Mas sendo formado de uma matéria muito mais refinada
e desenvolvida, estes poderes não são apenas muito mais elevados, mas eles abrangem um
número maior e diferente de funções.
É o nosso mundo “material” que impõe as restrições do tempo e espaço sobre as
nossas percepções. Quando os sentidos internos são libertados destas restrições, os
obstáculos do tempo e do espaço não existem mais para eles. As funções de telepatia,
clariaudiência e clarividência se tornam operações naturais a eles. E como eles podem
perceber as causas que já foram estabelecidas, e os resultados que deverão ocorrer, eles
podem oferecer, em certo grau, uma visão do futuro. E já que eles podem apresentar
percepções mais abrangentes e profundas, eles oferecem avenidas para o poder de
discernimento do Ego.
É no plano astral que as imagens e memórias de todos os eventos da vida são
capturados e armazenados. O Corpo Astral, sendo da mesma substância, é capaz de contatar
estas imagens, sons, emoções, etc. Para o Adepto treinado isto pode ser de grande valor.
Para o psíquico não treinamento que não sabe como interpretar estes sinais, eles podem
oferecer fascinação, mas, com frequência, confusão.
Existem muitos outros poderes atribuídos ao Corpo Astral tais como a capacidade de
expulsar uma parte do corpo, até realmente deixar o corpo e viajar a grandes distâncias,
tornar-se visível e realizar muitos outros feitos. Estes serão abordados em maior profundidade
em um tópico posterior, mas no momento é suficiente dizer que sem o conhecimento completo
das leis que governam estes fenômenos, em conjunto como intenções e caráter puros,
quaisquer excursões nessas atividades podem ser extremamente perigosas.
No seu artigo Sheats of the Soul, o Sr. Judge apresenta uma descrição do lugar e da operação
normal do Corpo Astral como uma dessas “roupas”. Ele afirma:
99
Então durante as longas eras que passaram desde que a presente evolução teve início
neste sistema solar, a Alma construiu para o seu uso próprio várias vestes, variando desde
as mais finas, próximas à sua própria essência, àquelas mais remotas, terminando com a
veste física externa, e esta é a mais ilusória de todas, embora pareça, do lado externo,
verdadeiramente real. Estas vestes são necessárias se a Alma precisar conhecer ou agir. Pois
ela não pode por si mesma compreender a Natureza de modo algum, mas transforma
instantaneamente todas as sensações e ideias por meio das diferentes vestes, até que neste
processo ela tenha orientado o corpo abaixo, e obtido por si mesma a experiência acima.
O Corpo Astral é uma dessas vestes e tem a função de relatar ou traduzir qualquer
sensação à próxima veste superior, e de maneira semelhante ele traduz os comandos do
Homem Interior aos nervos, músculos, etc., do homem físico. E, embora o Corpo Astral
contenha todos os órgãos e sentidos, o corpo físico rudimentar é necessário ao Ego para o
contato com a vida neste plano físico.
Sim, houve um tempo em que o astral era o veículo mais externo que nós
precisávamos, uma vez que a matéria por si mesma estava no estado astral. Virá o tempo no
qual a humanidade coletivamente irá enxergar através da ilusão da matéria e nós iremos
novamente operar nestes corpos refinados. Existem aqueles que atualmente já avançaram a
esse estado em que vivem e agem neste plano interior nos seus corpos astrais. Estes são os
Adeptos, Mestres, etc., que não têm necessidade atual de veículos físicos, e todavia
continuam o seu trabalho nos planos interiores. Existem aqueles entre esses Seres,
entretanto, que empregam corpos físicos de modo que possam comunicar-se diretamente
com os seres no nosso plano. Nestes casos é ensinado que Eles podem deixar o corpo
sempre que necessário e podem operar igualmente em ambos os planos.
Uma vez que o Corpo Astral esteja em operação é extremamente difícil alterá-lo em
qualquer grau. Entretanto, como este corpo é o corpo físico real, e está sujeito às atividades
tanto de natureza Cármica como da mente inferior, é possível poluir o Corpo Astral com a
maldade e os pensamentos e sentimentos horríveis.
É possível também, obstruir o uso daqueles sentidos astrais interiores. E isto é feito
principalmente pelo descrédito na sua existência, na existência de um Ser interior. Tanto pela
falta de conhecimento como pelo preconceito materialista, nós desenvolvemos um apego às
coisas que são objeto dos sentidos físicos. Este apego tem o efeito de travar os sentidos
interiores aos externos ou físicos, e assim limitar a sua completa efetividade. No Bhagavad-
Gita Krishna fala do valor do desapego aos resultados das nossas ações como a chave para
a obtenção da percepção do Supremo.
Olhando o lado mais positivo da situação, a Filosofia fala de um modo pelo qual o
Corpo Astral pode ser alterado ou purificado; é o processo de construção de um Corpo Astral
permanente através do controle (concentração), ao qual ela dá grande atenção, já que este é
um procedimento que nós todos teremos que começar em algum momento. É através deste
esforço que um indivíduo cria um Corpo Astral que possa ser mantido, juntamente com as
suas memórias, e poderes, vida após vida. O Sr. Crosbie diz no Friendly Philosopher: p. 292.
Quanto mais cedo nós iniciarmos o esforço de controlar a mente, e desejarmos
conhecer e assumir a posição do homem interior, este esforço e a compreensão trarão o
acesso ao poder e à estabilidade. Nós iniciamos algo indo à direção ao corpo astral. O que
antes eram apenas centros de forca ao redor dos quais os órgãos foram construídos, agora
tendem a se tornar órgãos astrais separados. Um crescimento gradual destes órgãos ocorre
junto conosco, até que nosso esforço termina por construir um corpo astral, com todos os
órgãos do físico completamente sintetizados, e nós estaremos além das vicissitudes da
existência física; nós temos então o poder da ação do corpo astral. O corpo astral é ainda
mais completo e efetivo em seu próprio plano que o nosso instrumento corpóreo aqui no plano
100
físico, pois ele tem uma maior abrangência de ações nos seus sete supersentidos, enquanto
que fisicamente nós usamos apenas cinco sentidos.
Corpo astral é apenas um nome genérico. O termo “astral” é utilizado para tudo que
está além do físico. Mas deve ser compreendido que no físico nós temos terra, água, ar e fogo
como divisões deste plano, e do mesmo modo existem divisões no astral. A forma astral que
corresponde a terra permanece com o corpo físico e se dissipa com ele. A que corresponde
à água é aquele estado da substância astral que forma o Kâma-rûpa; a que corresponde ao
fogo é o local da consciência, o corpo do pensador.
Existem outros modos de categorizar os vários aspectos deste corpo, mas é suficiente
dizer que “Corpo Astral” é o nome dado a um princípio interior, mais sutil, que, devido à sua
natureza inteligente e plástica, é capaz de desempenhar um número de papéis como
transmissor e tradutor entre o lado espiritual do homem e seu invólucro físico.
A história mostra que a ciência, sendo uma instituição, tem dificuldade em aceitar
qualquer ideia nova que imponha uma mudança radical na estrutura de sua disciplina. Esta
aceitação irá provavelmente ocorrer apenas quando uma outra disciplina, como a psicologia,
a medicina, etc., venha a enxergar este corpo como algo que possa trazer luz às suas próprias
pesquisas. Entretanto, existem alguns cientistas chegaram perto, e ainda estão se
aproximando da posição Teosófica. Os mais destacados dentre estes foram o Dr. H. S. Burr
e o Dr. F. S. C. Northrop da Universidade de
Yale, os quais, em 1939, apresentaram os resultados de experimentos baseados em uma
“Teoria Eletrodinâmica da Vida”. Nós relatamos estas afirmações retiradas de um relatório
feito pelo Editor de Ciência do New York Times em 25 de Abril de 1939:
Existe nos corpos dos seres vivos um arquiteto elétrico o qual molda e cria o indivíduo
conforme um padrão específico, e permanece dentro do corpo desde os estágios
embrionários até a morte. Tudo o mais no corpo está sob constante mudança; a miríade de
células individuais que forma o corpo, excetuando-se as células cerebrais, cresce e morre,
sendo substituídas por outras células, mas o arquiteto elétrico permanece como o único
constante ao longo da vida, construindo novas células e organizando-as seguindo o mesmo
padrão das células originais, e assim, no sentido literal, constantemente recriando o corpo. A
morte vem quando o arquiteto elétrico dentro dele para de operar.
O arquiteto elétrico promete ser uma nova abordagem à compreensão da natureza da
vida e dos processos vitais. Ele indica que cada organismo possui um campo eletrodinâmico,
assim como o magneto emana para todos os lados o seu campo de força magnético.
Similarmente, as evidências experimentais mostram, de acordo com o Dr. Burr, que cada
espécie de animal e muito provavelmente também os indivíduos dentro de cada espécie, têm
seu campo elétrico característico, de modo análogo às linhas de força de um magneto.
101
Outros cientistas que admitiram claramente a existência de um padrão eletromagnético
corpóreo interpenetrando o corpo físico são aqueles que, na União Soviética, foram capazes
de fotografar, como a fotografia de Kirlian, o corpo astral de vegetais.
Uma outra descoberta foi realizada em 1981 por Rupert Sheldrake em “A New Science
of Life”, o qual, estando insatisfeito com a abordagem ortodoxa atual da biologia, apresentou
o que poderia ser chamada de uma teoria revolucionaria para explicar o mistério da criação.
Ele afirmou que os campos morfogenéticos têm de fato efeitos físicos mensuráveis, e que
estes campos são responsáveis pelas características de forma e organização dos sistemas
em todos os níveis de complexidade,...que eles impõem “restrições padronizadas aos
resultados energeticamente possíveis do processo físico.”
Na morte do corpo, o aspecto inferior do Corpo Astral se desintegra junto com o físico.
Este é o “campo” que forma o molde para as moléculas físicas, e é devido à quebra da força
coesiva no astral que a morte ocorre. Este é o fantasma que frequentemente é visto sobre os
túmulos nos períodos logo após os funerais.
Outro aspecto deste “corpo” é o Kamas rupa, que significa corpo de desejo, assim
chamado porque ele é um corpo formado na morte como um veículo temporário para as
Paixões e Desejos que partem. Este tem uma vida mais longa que o primeiro mencionado,
mas também estará sujeito à desintegração tão logo o Homem real, a Tríade Superior, tenha
se destacado inteiramente desta natureza, este quarto princípio do homem. No Glossary, p.
72, H. P. Blavatsky afirma “Aqui, a pálida cópia do homem que se foi vegeta por um período
de tempo, a duração do qual varia conforme o elemento de materialismo que resta, e que é
determinado pela vida passada do morto. Como está despojado da sua mente superior,
espírito e sentidos físicos, se deixado sozinho com os seus próprios aparatos sem sentidos,
irá gradualmente se desvanecer e se desintegrar”. Isto tem sido chamado de fantasma e é
frequentemente o operador em sessões espiritualistas, uma vez que pode ser revitalizado
pelo médium e forçado a abrir mão das memórias que estão residentes no seu banco de
memórias. Ele não é o Espírito do homem morto.
O Espírito já partiu e não pode ser alcançado por quaisquer práticas neste plano. Serão
oferecidas mais informações sobre este assunto, e sobre as inúmeras maravilhas psíquicas
que são explicadas pelo mundo astral em um dos módulos posteriores.
A Teosofia é rigorosa com o fato de que Kama (Paixões e Desejos) não é causado
pelo corpo, “a carne”, mas é um princípio por si mesmo, e existe antes do corpo físico ser
trazido à existência. É o quarto princípio da constituição sétupla do homem, e, como dito antes,
é o princípio do equilíbrio a partir do qual os caminhos vão acima ou abaixo. O Sr. Judge o
chama de base das ações, e o movimentador da vontade. Ele ainda adiciona “Se desejamos
fazer o bem ou o mal, nós precisamos primeiro acordar o desejo para ambos os caminhos. O
homem bom, que ao final se torna até mesmo um sábio, teve que em algum momento da sua
vida acordar o desejo pela companhia dos homens sagrados, e teve que manter este desejo
para se manter ativo de modo a continuar.” Kama tem sido chamado desejo pessoal e também
diabo, já que é o apego aos desejos que se sobrepõe ao caminho do nosso progresso
espiritual. Mas há um outro lado de Kama que não deve ser menosprezado. Novamente no
Glossary, “Kama é a primeira consciência, o desejo amplo do bem universal, amor, e por que
vive e sente, precisa de ajuda e bondade, o primeiro sentimento de compaixão infinita e
misericórdia que nasce na consciência da Força Una criadora, assim que ela chega à vida e
existe como um raio do Absoluto...Kama é predominantemente o desejo divino de criação da
felicidade e do amor; e apenas muitas eras mais tarde, quando a humanidade começou a
materializar, pela antropomorfização, os seus grandes ideais em dogmas parciais e
incompletos, que Kama se tornou o poder que gratifica o desejo no plano animal.”
102
Nós podemos ver que Kama tem dois aspectos, um inferior e outro superior. Quando
a nossa consciência é colocada inteiramente abaixo no corpo e nas coisas materiais, a
tendência é o estímulo a nossa natureza animal, e o seu fortalecimento sob nós. Quando, por
outro lado, a nossa consciência está centrada nas nossas nobres aspirações, desejos
altruístas, então Kama se transforma e a força do Espírito vem da nossa natureza Búddhica.
O apego aos desejos egoístas diminui a amplitude das nossas percepções apenas ao mundo
e sentidos físicos. A liberdade deste apego abre a nós a amplitude maior dos nossos sentidos
interiores, e o discernimento da nossa natureza Búddhica, o julgamento composto das nossas
o ele é chamado rajas, ou a qualidade ativa e má, conforme distinto de tamas, ou a qualidade
da escuridão e da indiferença. O crescimento não é possível a menos que rajas esteja
presente para dar o impulso, e pelo uso deste princípio da paixão todas as qualidades
superiores são trazidas a refinar e elevar os nossos desejos pelo menos até o ponto em que
eles possam ser continuamente colocados sob a verdade e o espírito. Nisto a Teosofia não
ensina que as paixões devem ser estimuladas ou saciadas, pois uma doutrina tão perniciosa
não foi jamais ensinada, mas a ordem é fazer uso da atividade fornecida pelo quarto princípio
de modo à sempre crescer, e não cair sob domínio da qualidade sombria que termina com a
aniquilação, tendo se iniciado com o egoísmo e a indiferença.
A Teosofia nos diz que se nós desejarmos colocar em movimento e direcionar a
vontade, devemos primeiro despertar o desejo; não o desejo de natureza inferior, mas desejo
por uma vida de serviço à humanidade. Mesmo um Buda ou Jesus, tiveram, em um passado
longínquo, que despertar em Si mesmos o desejo de ajudar o mundo, e tiveram que manter
este desejo vivo ao longo de muitas vidas de esforço.
Nós ouvimos muito a respeito do valor e do poder de um juramento. Muito disso
repousa na clara formulação da intenção, a rejeição de objetivos conflitantes. Mas além disso
deve haver a disposição voluntária em fazer o esforço necessário para realizar as implicações
que seguem. Esta é a regeneração ou a espiritualização do princípio Kámico ou do desejo.
Sem dúvidas nós estamos familiarizados com o fato de que algumas indisposições
como náusea, úlceras, embaraços, problemas de pele e até mesmo pressão alta podem ter
suas causas nos planos interiores ou “psíquicos”. O funcionamento do detector de mentiras e
a crescente atenção à medicina psicossomática contribuíram para a aceitação do fato que
nossos pensamentos e sentimentos (medo, preocupações, imaginação, etc.) podem causar
efeitos previsíveis no corpo físico.
Dando apoio à crescente aceitação de que o corpo físico não pode ser tratado como
um sistema isolado, muitos médicos estão desenvolvendo o que tem sido chamada de
medicina “Holística”. O médico Grego Hipócrates escreveu, “é necessário possuir um
conhecimento de grande abrangência para curar o corpo humano”. E no seu artigo
“Hypnotism”, H. P. Blavatsky afirma, “Metade, se não dois terços das nossas enfermidades e
doenças são frutos da nossa imaginação ou dos nossos desejos. Destrua os últimos e dê
outra tendência aos primeiros, e a natureza fará o resto.”
O progresso na compreensão do ser humano é um sinal promissor, mas falta ainda a
explicação de como o processo funciona, o que conduz os comandos vindos dos planos
psíquicos às várias funções do corpo físico. O Corpo Astral faz isso, um corpo feito de material
“sensível ao pensamento”, que pode tanto conduzir e traduzir os impulsos vindos da mente
ao corpo e, vice-versa, do corpo à mente. Com algum conhecimento sobre este veículo
eletromagnético, que está presente e ativo em qualquer forma física, a ciência da medicina
poderia dar um grande salto adiante. No seu fascinante artigo “Replanting Diseases for Future
Use”, o Sr. Judge avança com a ideia de que em muitos casos, quando a doença alcança o
corpo, ela está já de saída, e que medidas para ajudar neste caminho são as melhores.
Entretanto, se algumas drogas ou práticas “mentais” são utilizadas para impedir esta saída
103
natural, a doença é enviada de volta ao mundo Astral para reaparecer em algum outro
momento. Um conhecimento do Corpo Astral iria certamente ajudar a compreensão disto.
Considerando a esfera da psicologia, temos que lidar com as relações entre a mente,
a natureza do desejo, os sentidos e as ações corpóreas. O Corpo Astral, sendo o condutor de
vários sinais, o meio conector entre estes planos, é o campo de estudo que seria de maior
benefício para a ciência. A Teosofia coloca que o Ego nunca é insano, que a insanidade ocorre
quando há uma quebra na cadeia de comando de cima para baixo, e vice-versa. Ela também
sugere que a maioria, se não todos os extraordinários poderes psíquicos que nós ouvimos
falar a respeito, assim como os fenômenos das sessões espíritas, podem ser explicados pelos
poderes presentes no Corpo Astral. Muitos dos mistérios não explicados da psique humana
irão desaparecer quando a existência deste princípio Astral for reconhecida e entendida.
10.12. O que você acha que ocorre ao corpo astral nos casos de suicídio,
punição capital, ou morte acidental?
Em seu artigo "Suicide Is Not Death," o Sr. Judge aponta que quem comete suicídio
encontra-se em uma situação pior do que a que deseja escapar. Essa pessoa destruiu o seu
instrumento físico, mas não está realmente morta, e tem que viver em algum outro lugar onde
a lei a compele a viver para esperar que realmente morra. Ela pode viver no corpo astral,
semimorta, pelos meses ou anos que antecedem à sua morte natural. No mesmo artigo, o Sr.
Judge pinta um quadro vívido da posição do suicida:
Ele se torna uma sombra; vive no purgatório, por assim dizer, chamado pela Teosofia
de “lugar dos desejos e paixões”, ou Kama Loka. Ele existe no plano astral inteiramente,
devorado pelos seus próprios pensamentos. Continuamente repetindo em seus pensamentos
vívidos o ato pelo qual ele tentou parar a peregrinação da sua vida, ele ao mesmo tempo vê
as pessoas e o lugar que deixou, mas não é capaz de se comunicar com ninguém, a não ser,
de vez em quando, com algum pobre sensitivo, o qual frequentemente se assusta com a sua
visita. E frequentemente ele preenche a mente das pessoas vivas que podem ser sensitivas
aos seus pensamentos com a imagem da sua própria partida, ocasionalmente levando-as a
cometer o mesmo ato que ele cometeu e se sente culpado...Ele é composto agora de um
corpo astral,...formado e inflamado pelas suas paixões e desejos...Ele pode pensar e
perceber, mas sendo ignorante de como utilizar as forças deste plano, ele é levado para lá e
para cá, incapaz de orientar a si mesmo.
Os ensinamentos nos passam, entretanto, que no caso daquele que sacrifica a sua
vida para a proteção de outros, ou por alguma causa claramente humanitária, este terá que
esperar o tempo mencionado, mas o fará em um estado semelhante ao sono sem sonhos.
O caso da punição capital é tão feio e proibido como o suicídio. As vítimas não estão
mortas e de acordo com o Sr. Judge em seu artigo Kama-Loka---- Suicides----Accidental
Deaths: Eles vivem novamente o seu crime e a sua punição naquele plano da luz astral no
qual estão, e dali eles afetam todas as pessoas de algum modo sensitivas que possam
alcançar. Especialmente em sessões espíritas eles rodeiam o médium. E qualquer um que
seja naturalmente dotado com o poder de enxergar o seu plano de luz astral, ou obtenha o
poder através de treinamento, pode ver e ouvir, repetidamente, as cenas de sangue e punição
continuamente nas proximidades destes desafortunados.
É dito que muitos crimes cometidos no plano físico por pessoas passivas ou sensitivas
foram sugeridos por essas entidades astrais, em busca de um desabafo para os sentimentos
presos de raiva e vingança. Muitos criminosos confessaram que “alguma coisa me levou a
fazer aquilo”. Os casos de morte acidental são similares em muitos pontos, mas certamente
não tão feios. O corpo se vai e o ser está ainda vivo no corpo astral, mas não consciente
disso. É dito que ele passa o tempo até a sua morte natural em um repouso profundo. Em
alguns casos, entretanto, o “acidente” coincide com o momento da morte natural, o Carma do
indivíduo. Em todos os casos mencionados acima a intenção é o fator decisivo.
104
10.13. O corpo astral determina a forma que as partículas físicas irão manter no
corpo físico. O que determina a forma do corpo astral? O que você pensa que
seja?
É compreensível que a forma e as características do Corpo Astral sejam ditadas pela Lei do
Carma e pela necessidade particular àquela encarnação. O Sr. Judge diz no “Forum”
Answers, p. 47, que “No momento da concepção o corpo astral, ou forma modelo, é feito, e a
potencialidade de um Ego sendo capturado pela pessoa é criada”. Em vários lugares salienta-
se que este corpo se modifica muito pouco durante a encarnação e existe em uma forma
rudimentar antes do nascimento. O Sr. Crosbie cita o fato que o modelo do carvalho é sua
fruta. O Sr. Judge expande estas ideias em seu artigo “Mesmerism” no qual ele diz:
Ela (a forma interior) se altera apenas no período entre vidas, sendo construída no
momento da reencarnação para durar o período completo da existência. Pois ele é o modelo
aperfeiçoado pela dimensão evolutiva atual para o corpo externo... Então ao nascimento ele
é potencialmente de um determinado tamanho, e quando este limite é alcançado ele cessa o
aumento do corpo, tornando possível o que conhecemos hoje como tamanhos e pesos
médios. Ao mesmo tempo o corpo externo é mantido em forma pelo interno até o período da
decadência. E esta decadência, seguida pela luta de funcionamento no corpo físico. Essas
camadas inferiores da Luz Astral são, conforme ensinado, preenchidas com imagens das mais
nocivas e corruptas, e pensamentos e ações viciosas do homem. Uma vez que abrirmos essa
porta é praticamente impossível fechá-la novamente. Falando a respeito da mediunidade, o
Sr. Judge traz alguns pontos interessantes sobre a “projeção astral” no Ocean, p. 151:
O corpo astral do médium, partilhando da natureza da substância astral, pode ser
estendido do corpo físico, agir fora dele, e pode até expulsar de vez em quando qualquer
porção de si mesmo como um braço, uma mão, ou perna, e assim mover objetos, escrever
cartas, produzir toques no corpo e assim em diante ad infinitum... A mediunidade é cheia de
riscos porque a parte Astral do homem atual é apenas normal em ação quando unida ao
corpo; em um futuro distante ele irá agir normalmente sem o corpo físico, assim como foi no
passado longínquo. Tornar-se um médium significa que você deve tornar-se desorganizado
fisiologicamente e no sistema nervoso, porque através do último se dá a conexão entre os
dois mundos. No momento em que se dá a abertura da porta, todas as forças desconhecidas
se precipitam, e como a parte mais bruta da natureza está mais próxima de nós, é esta parte
que nos afeta mais; a natureza inferior também é afetada e inflamada primeiro porque as
forças utilizadas são desta parte nossas. Nós estaremos então a mercê dos pensamentos vis
de todos os homens, e sujeitos à influência das camadas de Kama Loka.
A maior parte, se não tudo o que foi mencionado nesta passagem pode ser aplicado à
projeção ou viagem astral. Há um duplo perigo adicional aos que tentam deixar o corpo
completamente. Os ensinamentos previnem que se uma pessoa não estiver completamente
familiarizada com as leis pertencentes ao mundo astral, não é seguro tentar deixar o corpo e
“viajar” a qualquer distância; que alguém que não saiba como reentrar pode terminar em
insanidade ou possessão por outra entidade do plano astral. H. P. Blavatsky fala de casos
nos quais a morte foi o resultado da incapacidade de voltar à atividade normal. Nenhuma
destas eventualidades parecem valer a novidade destas práticas.
Em um módulo posterior serão abordados os fenômenos psíquicos, seu lugar,
desenvolvimento e riscos. É suficiente dizer por agora que uma vez que tenhamos entendido
as leis envolvidas, controlado a nossa natureza inferior, purificado nossas intenções e
livrando-nos qualquer mancha egoísta, então o próximo e natural passo em nossa evolução
será iniciar o processo de “extrair” o nosso corpo astral do físico e dar um passo adiante na
emancipação dos poderes da Alma.
105
10.14. Nós cuidamos do corpo físico com alimentação adequada,
exercícios e higiene. Existem procedimentos análogos que poderiam ser
tomados para os cuidados com corpo astral?
10.15. Muito tem sido falado sobre intenção, que na maioria dos casos ela faz a
diferença entre o que está alinhado com nosso desenvolvimento espiritual e o
que não está. A difícil questão é como nós podemos modificar ou purificar as
nossas intenções atuais? Você tem alguma sugestão?
No Key to Theosophy, p. 203, H. P. Blavatsky afirma, “Na realidade não existe tal coisa
como a ‘separatividade’; a abordagem mais próxima a esse estado egoísta, o qual a lei
permite, é a intenção ou o motivo.” E em muitas circunstâncias a intenção parece ser o fator
que determina se uma ação ou pensamento é uma ajuda ou um dissuasor da Alma em
evolução. Nós percebemos que a intenção altruísta é aquela que deveríamos ter, e assim
pensamos como alguém pode criar tal intenção, ou modificar uma intenção de egoísta à
altruísta. É difícil chegar a uma resposta imediata.
O passo seguinte, conforme esperado, é a prática. As ideias devem ser construídas
em nossa natureza e em nossas ações diárias. Por isso tanto H. P. Blavatsky quanto o Sr.
Judge reforçaram a importância de realmente entender as duas leis do Carma e da
Reencarnação. Estas leis têm o poder de mover as pessoas à ação correta, à compreensão
do fato da Irmandade Universal, das verdades a respeito do nosso verdadeiro ser. Esta é
106
causa do principal trabalho do atual Movimento Teosófico ser a promulgação e a explicação
destes dois princípios básicos.
Na primeira mensagem de H. P. Blavatsky aos Teosofistas Americanos ela expressou
a sua esperança e sua fé na possibilidade de elevação das intenções da nossa era em um
nível mais verdadeiro. Ela afirmou nas First Messages to the American Theosophists 1888:
A função dos Teosofistas é abrir o coração e a compreensão dos homens à caridade,
à justiça e à generosidade, atributos que pertencem especificamente ao reino humano e são
naturais do homem quando ele desenvolve as qualidades de ser humano. A Teosofia ensina
o homem-animal a ser homem-humano; e quando as pessoas tiverem aprendido a pensar e
sentir como verdadeiros seres humanos devem pensar e agir, elas irão agir humanamente, e
os trabalhos de caridade, justiça, e generosidade serão realizados espontaneamente por
todos.
Introdução
Eu mesmo nunca deixei de existir, nem vós, nem todos os príncipes da terra; nem
iremos, futuramente, cessar de existir. (Krishna no Bhagavad-Gita)
Para apreciar e se beneficiar da luz que a Teosofia lançou sobre a passagem tão
incompreendida que nós chamamos de morte, é necessário que tenhamos em mente alguns
enunciados axiomáticos, os detalhes que serão apresentados conforme iremos prosseguindo.
O primeiro é o fato de que o Ego, o homem real, a consciência, nunca morre. Segundo, ele
não vai a lugar algum, mas experimenta mudanças de estado, diferentes estados de
consciência. Terceiro, a natureza e o caráter destes estados são em grande medida o
resultado do seu próprio pensar e agir enquanto no corpo. E quarto, a morte não representa
nada a ser temido, mas sim um interlúdio necessário, benéfico, e, com poucas exceções,
delicioso e revigorante.
A vida do Kâma-rûpa depende da intensidade dos desejos que o constitui. Se eles são
fortes, ele durará como uma entidade por um longo período no plano astral; se não, irá flutuar
sem objetivo ao redor e logo se desintegrará. Sendo formado a partir do Plano Astral, ele tem
a facilidade de reter as memórias da última vida. Em seu artigo A Student's Notes and
Guesses, o Sr. Judge salienta que “O plano astral é o solvente e o armazém das formas,
ideias e memórias do homem e da natureza, e de todos os hábitos e da hereditariedade”.
Então, se a tendência em direção às práticas psíquicas foi estabelecida durante a vida, este
corpo pode ser atraído às salas de sessões espíritas e forçado a expelir suas memórias. Os
psíquicos frequentemente enganam este “banco de memórias” astral das almas que partiram,
uma vez que sob certas circunstâncias este Kâmarûpa pode ser forçado a repetir o que possui
nos seus registros como um gravador pode extrair pode que está gravado na fita. Mas a Alma,
o Ego, não está ali. Ele partiu para um estado no qual não pode ser contatado ou perturbado.
Estes Kâma-rûpas nos afetam? Não a menos que permitamos. Não a menos que
deixemos a porta aberta a eles. Eles são massas coerentes de desejo, inveja, luxúria, etc.,
que não têm vontade ou direção. Eles estão dentro da atmosfera psíquica da terra e irão, se
deixados sozinhos, morrer de inanição. Entretanto, para aqueles que são passivos, que não
mantém o controle das suas mentes, e para aqueles que se “interessam” por práticas
psíquicas, eles são uma ameaça constante. Eles são uma fonte constante dos piores tipos de
pensamentos. É dito que nós atraímos estes pensamentos quando temos fortes sentimentos
de ódio, inveja, luxúria, etc. Aparentemente este é o modo que alimentamos e sustentamos
estas entidades sem consciência.
Uma última palavra: em Kama-Loka nós não produzimos Carma, nem pagamos Carma
negativo ali. No senso estrito ele é um estado de consequência, e nós não realizamos
qualquer progresso ali; e virá o tempo em que nós não precisaremos passar por tal estado. É
um processo de separação, separação de todo o egoísmo e dos aspectos ruins última vida,
de modo que o Ego possa desfrutar do necessário descanso no Devachan. E quando esta
separação tiver ocorrido, os seres caem em um estado de inconsciência logo antes da
mudança para o próximo estado, e então acordam para os “Prazeres do Devachan”.
108
11.3. O QUE É O DEVACHAN?
Embora a palavra signifique a “morada dos deuses”, o Devachan não é um lugar e não
pode ser limitado a nenhuma localização. Similar ao sonho, ele é um estado de consciência,
um estado puramente pessoal e subjetivo que não está sujeito a nenhuma interferência
externa. E desde que cada indivíduo cria o seu próprio Devachan, estes são de infinita
variedade e descrição, cada um se encaixando nas necessidades do indivíduo envolvido.
O ato que nos envia ao Devachan é a nossa saída do Kâma-rûpa e a sua natureza
inteiramente desejosa. Isto nos deixa apenas com o bem, o altruísmo, o espiritual. Nós somos
então constituídos da tríade superior e todo o bem que trouxemos conosco da nossa última
vida. Nós não temos natureza “Inferior” e consequentemente nem mesmo as memórias de
qualquer sentimento egoísta. Estando desimpedidos da vida terrena, estamos livres para
desenvolver e expandir as nossas elevadas aspirações, e para construir a essência delas em
nossa natureza Búddhica. Estas afirmações da Doutrina Secreta (Vol. I, p. 243-4) devem
lançar uma luz adicional ao processo:
1 Manas é imortal, porque após cada encarnação ela adiciona a Âtmâ-Buddhi algo de si
mesma, e assim, assimilando-se à Mônada, compartilha da sua imortalidade.
2 Buddhi se torna consciente pelos acréscimos que recebe de Manas após cada nova
encarnação e morte do homem.
3 Âtmâ não progride, esquece ou se lembra. Âtmâ não pertence a este plano: é apenas o raio
da luz eterna que brilha sobre e através da matéria, quando esta assim anseia.
No mesmo artigo H. P. Blavatsky afirma, “De modo a viver uma vida consciente do
outro lado da sepultura, o homem deve ter adquirido a fé neste mundo, durante a vida
terrestre”. Isto não significa que uma pessoa que não acredita não irá ter uma experiência
pós-vida. Significa que ela não a experimentará conscientemente. No Mysteries of the After
Life ela continua ao dizer, “O Ego recebe sempre de acordo com o seu merecimento. Após a
dissolução do corpo, se inicia para ele um período de total clareza de consciência, ou um
estado de sonhos caóticos, ou ainda um sono absolutamente sem sonhos, indistinguível da
aniquilação; e estes são os três estados de consciência”.
A imortalidade consciente é uma condição que deve ser construída por cada indivíduo,
e ela deve ser construída enquanto no corpo físico. Uma pessoa pode professar a crença no
“paraíso” e ainda assim não acreditar nele. Outra pode ser completamente materialista no
exterior e ainda assim ter um sentimento prolongado de que a consciência simplesmente não
se apaga como uma luz. Em ambos os casos, é o sentimento interior que irá determinar e dar
cor à condição do Devachan. Nossos estados pós-morte estão em nossas mãos, e embora
nós não devêssemos gastar nosso tempo imersos neles, seria sábio para nós entender o seu
propósito, quais leis operam e quais os efeitos do nosso pensar e agir aqui na vida diária
sobre eles.
Pela mesma razão que a Filosofia não pode oferecer uma descrição que se encaixe
em cada estado Devachânico, ela não pode afirmar o tempo exato de duração da
permanência neste estado. O tempo é dependente das causas estabelecidas ao longo da vida
do Ego envolvido. Para alguns o tempo pode ser bastante curto, alguns poucos anos ou até
meses. Para outros, pode ser de milhares de anos. Na página 145 do Key, H. P. Blavatsky
responde a esta questão afirmando,
“Isto, nos foi ensinado, depende do grau de espiritualidade e mérito ou demérito da última
encarnação. O tempo médio vai de 10 a 15 séculos”. O Sr. Judge enfatiza o fato de que este
é um valor médio, e não um número definido.
Também é explicado que o tempo não tem a mesma conotação naquele estado como
o que temos aqui. Para o Devachan não existe a percepção do que nós conhecemos como
tempo. Ele é consciente apenas da passagem dos eventos, a sequência de experiências. Não
possuindo conceito de tempo, o Devachan não tem sentimentos de ansiedade, impaciência
ou tédio, já que ele está completamente absorto no desfrute das suas próprias criações.
A extensão do tempo no Devachan depende de quanto se leva para trabalhar ou
expender os impulsos psíquicos que foram gerados durante a vida. Como explicado
anteriormente, os impulsos gerados no plano subjetivo devem ser trabalhados naquele plano.
Se nos envolvemos em muitos sonhos, sonhos a respeito do que gostaríamos de ser e fazer,
se pensamos muito sobre tirar um longo período de descanso ou férias, e se fazemos pouco
para transformar estes sonhos em realidade, então nós provavelmente iremos permanecer
um longo tempo nesse estado subjetivo, trabalhando e desfrutando essa deliciosa ilusão. É
dito que no Oriente existem práticas especiais designadas a dar aos indivíduos uma longa
estada longe dos rigores da vida terrena.
Entretanto existe o outro lado da situação. Para aqueles que encontram prazer no seu
trabalho, que colocam seus sonhos em prática ou se desfazem deles, e que estão sempre
desejosos de voltar ao trabalho, o seu Devachan, embora adequado ao descanso da Alma,
será relativamente curto. No Answers to Questions, p. 171, o Sr. Crosbie salienta um ponto
adicional. Ele afirma:
As entidades são mantidas no Devachan pela própria força do seu estado de
felicidade; elas não têm qualquer incentivo para sair dali; apenas quando a força das suas
aspirações de vida é exaurida elas emergem dali. Este é o caso da maioria dos seres, mas
se uma entidade de natureza forte e limpa entra neste estado com o desejo de ser útil na
terra em forma corpórea, ela pode ser despertada do seu sono para assumir um corpo por
aqueles Adeptos cuja função é desempenhar tais serviços. Estes Adeptos são seres livres
que qualquer ilusão e não entram no estado Devachanico, mas são capazes de agir
conscientemente em todos os planos da existência. Assim, eles, e somente eles, podem
entrar em contato real com os seres no Devachan.
Esta citação enfatiza a afirmação de que, uma vez que uma entidade esteja no Devachan ela
não pode, por si mesma, voltar ou se comunicar com qualquer um ou qualquer coisa neste
plano objetivo de existência. Isto iria contra o inteiro propósito do Devachan. Uma aparente
exceção a isto é o caso da pessoa moribunda que aparece a alguém próximo ou amado no
momento da sua morte. Em Dialogues Between the two Editors H. P. Blavatsky explica deste
modo. “Se ela pensa muito intensamente, no momento da sua morte, na pessoa que ela está
muito ansiosa para ver, ou ama muito, ela pode aparecer para esta pessoa. O pensamento
se torna objetivo; o duplo, ou a sombra de um homem, sendo apenas a representação fiel
deste, como o seu reflexo em um espelho, repete o que a pessoa faz, mesmo em
pensamento.” Ela vai além ao explicar que também é possível a um “sensitivo”, pela simpatia
ou pelo ódio, evocar esta aparição através da intensidade de pensamento. Mas novamente,
o Ego, o ser real, se foi e não pode ser contatado. E quem iria querer incomodar uma alma
que partiu?
111
11.7. QUANDO NÓS PRECISAMOS MORRER?
Nos tempos que virão, quando tivermos superado nossa crença na realidade da
matéria e nosso apego às formas que constituem esta existência, e quando tivermos
produzido o hábito de colocar nossas boas intenções em prática imediatamente, então não
haverá necessidade de Devachan. Mas nesta era de ferro a Alma precisa de um descanso
das batalhas desta vida. Manas, uma vez que as limitações colocadas nela pelas prisões
físicas e astrais sejam liberadas, expande-se e sente-se livre para operar em um modo
próximo à sua verdadeira natureza. Durante a vida nós não podemos, não transformamos em
ação nem uma fração dos pensamentos que temos; nem podemos exaurir as energias
psíquicas que produzimos. No Echoes from the Orient p. 55 o Sr.Judge afirma, “Nenhuma
energia pode ser aniquilada, menos ainda as energias psíquicas; estas devem em algum lugar
encontrar o um ponto de escape. Ele se encontra no Devachan; esta realização é o descanso
da alma.”
Outra razão pela qual a morte é um processo necessário e que este é o único modo
pelo qual podemos progredir a uma nova e melhor forma e situação. Nós certamente não
gostaríamos de permanecer eternamente nos corpos e condições atuais, e é apenas pela
compreensão de que todas as formas morrem, que a morte está ocorrendo o tempo todo, que
nós podemos começar a viver no mundo do Espírito.
No sentido Cármico, não há progresso após a morte. O Carma não é produzido nem
saldado nestes estados, uma vez que o Ego não está realizando escolhas nestes períodos.
Entretanto, há progresso em outro sentido. O fato de que o Ego está assimilando o melhor da
sua última vida é um modo de progresso. Este é um passo muito importante no progresso
Espiritual do indivíduo, e, embora um efeito, é muito necessário. As formas devem ser
destruídas, mas a inteligência, as ideias, o despertar deve ser retido na natureza Búddhica.
Uma ideia correspondente para ser compreendida é a de que os eventos no Devachan
não estabelecem o aspecto ou o caráter da próxima vida. É o nosso Carma e a lei da economia
que estabelecem estas condições. Entretanto, existem aqueles que, no final do período no
Devachan, têm alguma influência na próxima vida.
A Teosofia ensina que quando as forças psíquicas foram exauridas, gastas no seu
limite, as forças de Tanha, a sede pela vida, empurram o Ego de volta à encarnação. Mas
antes da encarnação real há um breve período quando o Ego, livre de todas as
personalidades, consciente no seu mais elevado grau, recebe uma visão de todas as causas
que o conduziram à presente condição, assim como as circunstâncias resultantes que irão
constituir a próxima encarnação. Neste breve momento o Ego vê a justiça do que está diante
dele e, nos foi ensinado, entra de boa vontade no caminho do trabalho pela humanidade.
Em resposta a essa questão nós não podemos fazer melhor que citar uma carta escrita
por um dos Mestres, impressa por H. P. Blavatsky em Seu artigo Memory in the Dyind. Ela
afirma:
Observando estas afirmações feitas pelo Sr. Judge no Echoes from the Orient, p. 56,
nós sentimos que elas deveriam ser incluídas como uma nota a respeito do que a é vida afinal.
Ele diz Quando um homem morre, o cérebro morre por último. A vida ainda está ocupada ali
após a morte ser anunciada. A alma organiza todos os eventos passados, alcança o resumo
total, a tendência média se sobressai, a esperança dominante é vista. O seu aroma final forma
a linha central da existência Devachânica. O homem morno não vai nem ao céu nem ao
inferno. A natureza o expele para fora da sua boca. A distribuição Devachânica é governada
pela intenção determinante da Alma. Aquele que odeia pode, por reação se tornar aquele que
ama, mas o indiferente não tem propulsão, nenhum crescimento.
Após pensar muito a respeito da morte, estas afirmações e outros escritos nos levam
a pensar a respeito da vida e a tolice de levar uma vida inútil. Nós gostaríamos de citar Henry
David Thoreau sobre o que ele pensava ser a vida:
Introdução
Um dos princípios básicos da filosofia é que hajam aqueles que, devido ao tempo e
através da observação e da experiência, adquiriram e preservaram este conhecimento para
o benefício da humanidade. Sem a presença desses Seres, que no curso natural da evolução
foram muito além de nós, não poderia haver tal conhecimento como a Filosofia da Teosofia.
Eles têm sido chamados de vários nomes, alguns dos quais como Irmãos Mais Velhos,
Mestres da Sabedoria, Adeptos, Hierofantes e Mahatmas, os últimos sendo, talvez, os mais
adequados, uma vez que significam "Grandes Almas.”
No seu artigo, Mahatmas and Chelas, H.P.Blavatsky afirma que "Um MAHATMA é uma
grande personagem a qual, pelo treinamento e educação especiais, desenvolveu altas
faculdades e alcançou um conhecimento espiritual que a humanidade normal irá adquirir após
passar por uma incontável série de reencarnações durante o processo de evolução cósmica,
desde que, claro, ela não vá contra os propósitos da Natureza neste período..." Se nós
aplicarmos a onisciência e a onipotência do Eu superior, e as leis do Carma e da
Reencarnação, podemos ver claramente que uma cadeia completa e ordenada de evolução
demanda a existência de tais Seres. Em um Universo infinito e eterno deve haver aqueles
Seres que estão tão além de nós na evolução, como nós estamos à frente das formas mais
baixas de inteligência. E como estas formas mais baixas fazem parte das nossas vidas e
experiências, assim devemos fazer parte da vida e das experiências dos nossos Irmãos Mais
Velhos.
O termo "Mestre da Sabedoria" é utilizado devido a esses Seres terem não apenas
dominado todas as diversas áreas e poderes da Sua própria natureza, mas por haverem
dominado completamente o conhecimento das Leis da Vida. Novamente no Ocean, (p. 11.) o
Sr. Judge tem a dizer:
Um Mahatma favorecido com poder sobre o espaço, tempo, mente e matéria tem
esses dons apenas porque é um homem perfeito. Cada ser humano tem as sementes de
todos os poderes atribuídos a esses grandes Iniciados, sendo que a diferença entre eles
permanece apenas no fato de que, em geral, nós não desenvolvemos essas qualidades,
enquanto que o Mahatma passou pelo treinamento e pela experiência que fizeram com que
os seus poderes invisíveis fossem desenvolvidos, e que o conferiram dons que parecem
divinos aos seus irmãos lutadores abaixo dele.
Eles podem ser chamados de portadores da tocha da verdade através das eras; eles
estudam todos os seres e coisas; eles sabem o que o homem é na sua natureza mais interior,
quais seus poderes e destino, seu estado antes do nascimento e os estados que ele passará
após a morte do seu corpo; Eles permaneceram ao lado do berço das nações e viram as
grandes realizações dos antigos; viram tristemente a decadência daqueles que não tiveram
forças para resistir às leis cíclicas da ascensão e queda; e enquanto os cataclismas pareciam
mostrar a destruição universal das artes, arquiteturas, religiões e filosofias, eles preservaram
todos esses registros em lugares seguros da destruição, tanto do tempo quando dos homens;
eles tomaram observações minuciosas, através de treinamentos psíquicos dentro da sua
114
própria ordem, em direção às realidades interiores invisíveis da natureza e da mente,
registraram as observações e preservaram os registros. (p. 4)
De um outro ponto de vista, Robert Crosbie fala do caminho que os levou à condição
de prestar este grande serviço à humanidade. Ele afirma: (Universal Theosophy, p. 3.)
Estes seres acima de nós na escala da evolução, que são tão grandes quanto quaisquer
"Deuses" que possamos conceber, passaram pelas mesmas provas e sofrimentos que nós
estamos passando, até que vieram a conhecer sua natureza mais íntima e passaram a agir
em consonância com ela. Eles descobriram que a verdadeira religião é o conhecimento do
interior de si mesmo e a ação em concordância com esse interior. Reproduzindo dentro de si
mesmos a verdadeira Fonte da sua existência, eles encontraram a origem para todos os
outros seres chegarem ao mesmo ponto – apenas o conhecimento adquirido e o uso de tal
conhecimento fazem a diferença entre todas as coisas. A sua sabedoria é um conhecimento
preciso da essência de tudo na natureza, o que por si só é a fundação de qualquer religião
verdadeira.
O seu trabalho é um esforço incessante em chamar a nossa atenção para as grandes
verdades que concernem nosso verdadeiro Eu interior, as Leis da Natureza e da evolução, o
destino do homem e a unidade básica de toda a vida. O Sr. Judge coloca desta maneira:
O ser mais inteligente no universo, o homem, nunca esteve sem um grande amigo, e
tem uma linha de irmãos mais velhos que continuamente olham pelo progresso dos menos
evoluídos, preservam o conhecimento adquirido através dos eons de provação e experiência,
e continuamente procuram por oportunidades de atrair o desenvolvimento da inteligência da
raça, nesta e em outras esferas, à consideração das grandes verdades que concernem o
destino da alma. (Ocean, p. 3.)
Ao longo das eras, a ajuda destes Grandes Seres tem sido reconhecida como parte
integrante da vida. Sinésio, o Bispo iniciado de Cyrene, expressou a mesma verdade quando
afirmou::
Existe de fato nesta morada terrena uma tribo de heróis sagrados que prestam atenção na
humanidade, e que são capazes de nos prestar assistência mesmo nas menores
preocupações. Esta tribo heroica é, como sempre foi, uma colônia dos deuses estabelecida
aqui de modo que esta morada não seja destituída da sua natureza superior.
Estes heróis não são outros que aqueles que foram chamados Nirmanakayas –
Mestres destes ou prévios ciclos, que permanecem aqui em várias formas ou condições com
o propósito único de ajudar a humanidade. O Sr. Judge nos diz:
Uma parte da história das nações muito maior do que qualquer um pode supor foi
determinada pelos Nirmanakayas. Alguns deles têm sob seus cuidados certos homens de
cada nação os quais, desde o nascimento, são destinados a serem grandes expoentes no
futuro. Estes Eles os guardam e os guiam até a hora marcada. E estes protegidos apenas
raramente percebem que tal influência está acima deles. O reconhecimento e a apreciação
desta grande assistência não são requeridos pelos Nirmanakayas, os quais trabalham por trás
do véu e preparam o material para o fim verdadeiro. Echoes from the Orient, p. 34.
Os Seres Perfeitos que vêm como encarnações divinas nos vários períodos da história
do mundo não têm a obrigação de vir. Eles são livres para escolher. Mas podemos perceber
que existem momentos especiais na Terra que favorecem a sua aparição. É a condição moral
e espiritual dos Egos de uma raça ou nação que determina quando estes Grandes Seres
escolherão vir. O Sr. Crosbie afirma, "A Lei Universal mostra que períodos de não
manifestação são seguidos de períodos de manifestação; períodos de Luz por períodos de
Trevas. Assim, há períodos quando a espiritualidade se torna mais e mais eclipsada, e o
intelecto e o materialismo reinam; e estes por sua vez são seguidos por um amanhecer e
crescimento da espiritualidade." É neste acordar da memória espiritual, mesmo que em
algumas poucas almas, que essas Encarnações Divinas podem ser de grande benefício para
a humanidade. Não é o número de anos que os traz de volta, mas a condição dos Egos aos
115
quais eles estão vindo. É dito que a sua vinda é necessária apenas quando há um completo
desaparecimento da harmonia, que pode levar à destruição, se não for restaurada.
Não é inadequado repetir a afirmação feita por Krishna no Bhagavad - Gita. Ele coloca
"Eu produzo a mim mesmo entre as criaturas, ó filho de Bharata, onde quer que haja um
desvio da virtude e uma insurreição do vício e da injustiça no mundo; e assim Eu encarno de
era em era para a preservação dos justos, a destruição dos mal-intencionados e o
estabelecimento da retidão.”
Considerando a questão a partir de um outro ponto de vista, o Sr. Crosbie diz, no
Answers to Questions, p. 190:
Então, tais Seres também surgem nas intersecções dos grandes ciclos, como ocorreu
entre 1875 e 1898, quando três grandes ciclos se interpenetraram. O primeiro período de 5
mil anos do Kaliyuga, o qual começou na ocasião da morte de Krishna, o Mestre do
"Bhagavad-Gita," estava se encerrando naquele tempo. O ciclo de 100 anos, quando nos
últimos 25 anos de cada século um especial esforço é feito pelo Grande Lodge, através dos
Professores ou dos seus discípulos, para colocar melhores ideias para a humanidade,
também estava em operação. O sol, durante este período, passava de Peixes para Aquário,
e este, também, era um sinal. A intersecção dos três ciclos, então, significava vários aspectos,
mas um significado era o que naquele momento, ou logo a seguir, uma Grande Personagem
iria aparecer na terra, com o conhecimento que a civilização e a mente daquele tempo
permitia. Se quisermos saber quem era esse Ser, temos que pensar apenas nas linhas do
nosso estudo. O ser conhecido pelo mundo como H. P. Blavatsky era reconhecido pelos
Mestres por outro nome, como Eles afirmaram, e o conhecimento colocado adiante por Ela,
ou Ele, é o que conhecemos agora por Teosofia.
Desde que toda ação começa nos planos interiores, não apenas no plano mental,
porém mais profundamente no plano moral, os Mestres estão primariamente interessados em
reviver e replantar ideias que irão re-despertar a natureza moral do homem. Após eras de
trabalho com e para a humanidade, eles sabem que a futilidade das reformas superficiais não
alcançam o coração dos problemas.
Assim afirma H.P.Blavatsky na sua obra Key to Theosophy, p. 231:
A busca das reformas políticas antes da reforma da natureza humana é como colocar vinho
novo em velhas garrafas. Fazer os homens reconhecerem no interior de seus corações o que
é a real, verdadeira responsabilidade perante todos homens irá cessar todos os antigos
abusos de poder e as leis injustas baseadas no Egoísmo humano, social ou político. Tolo é o
jardineiro que procura eliminar as ervas daninhas de seu canteiro cortando-as da superfície
do solo, ao invés de retirá-las pela raiz.
Uma vez que os ensinamentos dizem que a natureza inferior da personalidade é
basicamente Egoísta, e a natureza interior ou superior, o Ego Reencarnado, é
fundamentalmente impessoal e não Egoísta, os Professores vêm sempre com uma versão da
mesma mensagem, uma recordação do que realmente somos, Seres Divinos em uma missão,
e nosso eu interior é uno com toda vida. E da experiência eles têm a confiança que quando
estivermos conscientes da nossa íntima conexão com todos os seres, nós seremos
compelidos a partir daí a agir de acordo com este conhecimento. Apesar de ter sido
apresentada de maneira diferente, por diferentes pessoas, a mensagem tem sido sempre a
mesma.
O primeiro ensinamento básico tem sido a colocação correta da ideia de Divindade, a
reafirmação do fato que a única verdadeira Divindade é o Princípio Infinito e Universal, a causa
sem causa de tudo, passado, presente e futuro. E desde que este Princípio não está ausente
em nenhum ponto do espaço, segue que nós devemos estar dentro e fazer parte Dele, e não
podemos nos separar Dele. E ainda, desde que este Ser Único é a moradia de todo o poder,
o poder de perceber, de aprender, de crescer etc., é lógico que na raiz de nosso ser nós todos
tenhamos este poder e esta possibilidade infinita. O fato de esta Fonte e Sustentação ser
Única é a base para a afirmação na Teosofia que a Irmandade é um fato na Natureza.
116
Outro aspecto da mensagem tem sido a reafirmação e/ou esclarecimento das ideias
resultantes da lei universal da periodicidade, isto é, os ciclos, reencarnação e carma. São
estas as leis que mais diretamente afetam as intenções e motivações do homem. É importante
repetir a afirmação de H.P. Blavatsky sobre a importância dessas ideias. Ela afirma:
O ponto chave para a humanidade é se desgarrar da mais fértil fonte de todo crime e
imoralidade – a crença que é possível escapar das consequências dos próprios atos. Uma
vez ensinada a ela a grandeza de tais leis, Carma e Reencarnação, além de sentir dentro de
si a verdadeira dignidade da natureza humana, a humanidade irá sair da maldade e evitá-la
como se ela fosse um perigo físico (Key, p. 248)
A terceira ideia que foi apresentada é na verdade uma aplicação das duas primeiras
ao homem. De um modo ou outro os Mestres nos lembram que todas as Almas são
fundamentalmente idênticas em relação à Alma Universal, e esta é uma condição que não
apenas lhes dá o potencial para a infinita sabedoria e poder, mas igualmente lhe confere a
responsabilidade pelo todo, pela vida una à qual fazemos parte. Nós somos um com o todo,
a fonte, ainda que retenhamos o livre arbítrio da individualidade. A vida é estendida a nós em
uma série infinita de encarnações durante as quais nós temos o poder de escolher o que
faremos delas e de nós mesmos, sempre controlados pelo Carma. Poder-se-ia se dizer que
estamos em uma peregrinação em busca do "Santo Gral", a Verdadeira Sabedoria Espiritual.
Eles também nos dizem que estas mesmas verdades se aplicam aqueles que estão muito
antes de nós na escala evolutiva, assim como aos que estão muito adiante, e que parte da lei
Espiritual é ajudar e receber ajuda. Colocando em outras palavras, o Destino está em nossas
mãos, e a Divindade em nossos corações.
A benção desta era em particular é que os conhecimentos originais estão em nossas
mãos, impressos, como uma constante orientação e ajuda em cada ramificação da atividade
humana, se quisermos tirar proveito dela.
Enquanto Seus corpos são formados como os nossos, a substância física a qual eles
são compostos é de um grau muito elevado de matéria física; ela se assemelha à matéria
radiante, fortemente elétrica e magnética, pois se Eles possuem os elevados poderes já
mencionados, Seus corpos devem necessariamente ser do tipo que pode aguentar o seu
impacto e transmiti-los adequadamente. Os Mestres não poderiam visitar um homem comum
sem criar um distúrbio tal no seu corpo físico que iria impedir a sua percepção e ação normal.
Quando Eles vêm entre os humanos, tomam as precauções necessárias tanto para ocultar-
se como para isolar seus poderes, assumindo um corpo normal de matéria física. Assim, Eles
são capazes de evitar os distúrbios externos e prevenir os traumas. Como o seu trabalho
envolve a natureza interior do Homem através da personalidade dos homens, este corpo, por
assim dizer emprestado, serve para todos os propósitos. Se, por outro lado, Eles devem
suportar dores extraordinárias para evitar qualquer ferimento ou perturbação aos corpos
normais e assim aparecer em seus corpos naturais, Seus poderes sobre a natureza e a sua
aparência seriam tais que causariam adoração em alguns, e antagonismo supersticioso em
outros, e ambos os casos seriam subversivos ao fim que Eles se propõem, o qual é o estímulo
à atividade divina do Homem.
É afirmado que os Mestres estão preparando as mentes dos homens, através da Sua
Mensagem da Teosofia, através da sua presença real entre nós; quando isso ocorrerá
depende da humanidade como um todo e de nós em particular.
Certamente nós temos o poder dentro de nós para reconhecer a grandeza quando ela
suporta a prova do tempo. Do mesmo modo, nós podemos reconhecer os grandes trabalhos
das artes, literatura e filosofia. E a intuição, se não estiver coberta pelo falso conhecimento,
nos oferece um reconhecimento em termos de sentir a grandeza ao redor de uma pessoa.
Mas é ensinado que para reconhecer um Mahatma nós deveríamos estar muito próximos de
ser um Deles. H.P. Blasvatsky responde a essa questão da seguinte maneira:
O verdadeiro MAHATMA então não é seu corpo físico, mas o Manas superior que está
inseparavelmente ligado a Âtmâ e seu veículo (o sexto princípio) – uma união realizada por
ele em um período de tempo comparativamente muito curto, através da passagem no
118
processo de auto-evolução oferecido pela Filosofia Oculta. Quando, entretanto, as pessoas
expressam o desejo de "ver um MAHATMA", elas parecem realmente não entender o que
estão pedindo. Como elas poderiam, com os seus olhos físicos, esperar ver o que transcende
a visão? E supondo que elas vejam o corpo de um MAHATMA, como elas poderiam saber
que por trás da máscara está escondida uma entidade elevada? Por quais padrões elas
poderiam julgar quando a Maya diante delas reflete a imagem de um verdadeiro MAHATMA
ou não? Aspectos elevados podem apenas ser percebidos por sentidos pertencentes a esses
aspectos. Elas devem então elevar o seu Manas de modo que a sua percepção seja clara e
todas as brumas criadas por Maya possam ser dispersas. A sua visão então será clara, e ela
poderá ver um MAHATMA onde quer que ele possa estar, pois, estando unidos ao sexto e
sétimo princípios, os quais são onipresentes, os MAHATMAS são ditos presentes em todos
os lugares. (Artigo, "Mahatmas and Chelas")
Para responder a esta questão, o Sr. Judge afirmou no Echoes From The Orient, p.
31:
Há alguns anos atrás um bem conhecido anglo-indiano, escrevendo para Adeptos da
Teosofia, questionou se eles já haviam deixado qualquer marca na teia da história, duvidando
que sim. A resposta foi que ele não tinha nenhum foro para julgá-los, e que eles haviam escrito
linhas importantes sobre a página da vida humana, não apenas naquele momento, presentes
na forma visível, mas também nos tempos mais longínquos, como há pelo menos 100 anos
antes daquele tempo, quando eles trabalhavam invisíveis, nos bastidores. Para ser mais
explícito, estes homens maravilhosos influenciaram o destino das nações e estão
desenvolvendo eventos atualmente. Pilares da paz e fazedores da guerra como Bismark, ou
redentores de nações como Washington, Lincoln e Grant, devem a sua elevação, seus
poderes singulares, e seu impressionante alcance sobre os homens certos para os seus
propósitos não ao intelecto treinado ou à longa preparação nas escolas da sua época, mas a
esses Adeptos invisíveis, que não desejam honras, publicidade ou clamam por
reconhecimento. Cada um dos grandes líderes mencionados teve, nos momentos obscuros,
o que eles chamaram premonições de um futuro grandioso, ou da conexão com eventos
fundamentais da sua terra natal.
Lincoln sempre sentiu que de alguma maneira ele deveria ser um instrumento de um
grande trabalho, e os discurso errantes de Bismark apontando para momentos de silêncio,
nunca abertamente mencionados, indicavam quando ele sentia o impulso de fazer o que quer
de bem que tenha feito. Uma longa série de exemplos poderia ser trazida para mostrar que
os Adeptos realizaram "um trabalho indelével em diversas eras."
Em seu artigo intitulado "The Adepts in America in 1776" o Sr. Judge oferece uma
interessante visão sobre o trabalho de Thomas Paine:
12.8. OS MESTRES PODEM FAZER POR NÓS O QUE NÓS MESMOS NÃO
PODEMOS?
E dentre esta "tribo sagrada de heróis" deve haver outras almas filiadas. São aqueles
que, embora habitando agora corpos e movimentando-se entre os homens, já passaram por
muitas iniciações ocultas em vidas passadas, mas estão agora condenados, supostamente,
à penitência de viver em circunstâncias e em corpos que os limitam e assim, por um tempo,
os fazem esquecer do seu passado glorioso. Mas a sua influência é sempre sentida, mesmo
quando eles mesmos não estão conscientes disso. Pela sua natureza interior ser de fato mais
desenvolvida que a dos outros homens, eles influenciam outras natureza à noite ou nas horas
do dia em que tudo é favorável. O fato de que esses adeptos escondidos não são conscientes
agora do que realmente são tem a ver apenas com a sua memória do passado. Apesar de um
homem não lembrar as suas iniciações, isso não significa que ele não as teve. Há inúmeros
120
homens e mulheres vivendo agora que já passaram por certas iniciações nas suas vidas
passadas sobre a terra, e que produzem efeitos em muitas direções desconhecidas para eles
mesmos. Eles são, na verdade, velhos amigos da
"tribo sagrada de heróis", e podem assim ser mais facilmente utilizados para espalhar as
influências e a realizar os efeitos necessários à preservação da espiritualidade nesta era de
trevas. (Artigo, "Cycles")
Algumas das interessantes citações que fizemos aqui são do panfleto do Sr. Judge
chamado Echoes from the Orient. Qualquer pessoa que queira saber mais o que a Teosofia
tem a dizer sobre os Adeptos, Mestres, Mahatmas ou Nirmanakayas irá achar este panfleto
não apenas altamente informativo, mas uma leitura verdadeiramente fascinante e inspiradora.
Nós nunca estivemos sozinhos, e é sábio conhecer um pouco dos nossos "Irmãos mais
Velhos.”
Outras fontes excelentes são o Ocean of Theosophy de William Q. Judge, Answers to
Questions on the Ocean of Theosophy, de Robert Crosbie, o panfleto de H.P.Blavatsky,
"Teachers and Disciples" e o panfleto de Judge, "Theosophical Adepts."
Seria um erro pensar em um Mestre como um substituto para o Deus das religiões
Ocidentais. Desde que o verdadeiro Mestre da Sabedoria é uno com a Lei do Carma, Ele age
como um “agente” da Lei, e com essa capacidade pode recompensar os estudantes pelo
esforço e devoção, mas estando sob a Lei, Ele não poderia nunca se estabelecer como um
juiz, júri e executor sobre outrem. Nem iria um Mestre permitir-se ser capaz de perdoar os
pecados de alguém. Isto iria contra todos os ensinamentos que ele apoiou.
Nos primórdios do Movimento Teosófico Moderno, quando H. P. Blavatsky
primeiramente introduziu ao Ocidente a ideia da existência dos seres Perfeitos, houve aqueles
que pediram a ela para solicitar aos Mestres favores especiais para eles mesmos, assumindo
que estes Grandes Seres tinham o poder e a inclinação a ir contra a Lei e a conceder favores
especiais. Ao custo de algumas amizades, isso foi, claro, negado. E pelos anos subseqüentes,
a verdadeira natureza e posição dos Mestres têm sido sujeita a intermináveis interpretações
errôneas, uma circunstância que tem levado muitos estudantes a interpretações erradas da
própria Filosofia. Tem sido sugerido que uma das melhores orientações a este respeito é
pensar Neles como nossos Irmãos Mais Velhos, homens como nós, que, pelo seu próprio
esforço ao longo de muitas encarnações, Se elevaram à altura da sabedoria e da compaixão
muito além da nossa compreensão, mas não além das nossas possibilidades.
Mas Eles esperam obediência cega dos Seus pupilos? Certamente se alguém
esperasse se tornar pupilo de um dos Mestres, isto seria resultado de uma fé profunda nesse
Professor, mas certamente não uma fé cega. A verdadeira fé deve ser o produto do
conhecimento, do conhecimento baseado na experiência, no esforço pessoal e nas
determinações da nossa própria consciência e percepção. Esta fé e confiança constituiriam
uma ligação, do mesmo tipo de ligação que une um aprendiz com o mestre artesão. Sem essa
ligação interior não pode haver progresso Espiritual, nem a abertura do canal que leva ao Eu
Superior.
122
Como qualquer outro grande professor, o Mestre sabe que não pode forçar o
conhecimento sobre ninguém. Ele deve ser obtido através do esforço auto-induzido e
autodesenvolvido, checado pelo Carma; mas isto não impede os Mestres de oferecer toda
ajuda possível quando o discípulo percorreu as etapas necessárias. É dito que o Seu trabalho
é inspirar através das Suas vidas e de seus Ensinamentos, e sugerir, quando cada esforço
tiver sido feito, e ajustar, quando o Carma permitir.
12.13. Se Eles têm tanto poder ou sabedoria, por que não fazem algo a respeito
das condições do mundo?
Nós podemos ter ouvido a expressão “Deve haver alguém olhando por nós ou teríamos
matado uns aos outros há muito tempo”. E com algumas das forças malignas e
verdadeiramente não inteligentes que trabalham no mundo atualmente, nós temos a
curiosidade de saber como é que podemos evitar de destruir a nós mesmos. Devem existir no
mundo forças para equilibrar, forças que estão do lado da paz e da harmonia, e que trabalham
tão diligentemente como aquelas que querem apenas separar e destruir.
Sem a doutrina da Reencarnação nós poderíamos ser completamente inconscientes
do fato que existem incontáveis indivíduos que, ao longo de muitas vidas, desenvolveram-se
em Adeptos e Mestres do “Caminho Direito”, e que não estão mortos. Eles estão vivos e
trabalhando no mundo ou nos bastidores pelo benefício da humanidade. Eles ainda são uma
parte da humanidade e uma parte do nosso fluxo de evolução, e o Seu constante esforço
123
deve contar como parte do esforço total. Eles não podem e nem iriam contra a Lei do Carma
para nos “salvar”, mas não podemos esquecer que Eles são uma parte do nosso Carma e da
nossa Evolução. Em Echoes from the Orient, p. 22, o Sr. Judge cita um Mestre ao dizer:
"Nós nunca tencionamos ser capazes de retirar as nações do meio de qualquer crise,
apesar da tendência geral das relações cósmicas do mundo. Os ciclos devem completar suas
voltas. Períodos de luz e escuridão mental ou moral sucedem-se como o dia à noite. As Yugas
principais e secundárias devem ser consumadas de acordo com a ordem estabelecida das
coisas. E nós, nascidos em conjunto com a maré poderosa, podemos modificar e direcionar
apenas as suas correntes menores. Se nós tivéssemos os poderes do Deus pessoal
imaginário, e as leis imutáveis fossem apenas brinquedos para diversão, então, de fato, nós
poderíamos ter criado condições que teriam transformado esta terra em um lugar tranquilo
para almas sublimes."
De acordo com o Sr. Judge, os Mestres vêm diretamente ao encontro das relações
terrenas quando há esta necessidade, em certos períodos ordenados de tempo, “quando o
completo desaparecimento da harmonia será seguido da destruição completa caso não seja
restaurada.” Isto parece implicar que Eles nos impedem de destruirmos a nós mesmos. Em
outros momentos, como agora, Eles fazem os Seus trabalhos nos bastidores, através de
agentes que desenvolveram a capacidade de realizar o trabalho. Ele explica que Jacob
Boehme era um desses agentes. Na página 110 do Fórum, ele afirma:
Ele agia de acordo com isso e escreveu bastante na mesma linha, apesar de com um
certo preconceito e tendência cristã e antropomórfica. Ele foi seguido por muitos, e até hoje
exerce influência através dos seus livros. Ele era bem ignorante a respeito do caminho do
mundo, mas mostrou um grande aprendizado interior. Ele era um sapateiro pobre. Uma vez
ele foi entrevistado por um total estranho que disse que ele estava destinado a exercer grande
influência, e nunca mais tornou a ver essa pessoa. O Conde St. Martin na França foi outro,
assim como o Conde St. Germain, ambos tendo, conforme apresentado em seus escritos, um
conhecimento da fonte de suas inspirações, conhecimento este ausente em Boehme...na
mesma época havia Swedenborgh, o qual foi um instrumento inconsciente, mas que exerceu
grande influência em todas as direções até os dias de hoje. As suas teorias estavam muito
avançadas no tempo.
Evidentemente existiram, e ainda existem, muitos destes agentes, alguns conscientes
da sua missão, outros sem consciência da fonte da sua inspiração, trabalhando no mundo
para se contrapor às atividades destrutivas que agora prevalecem. É certamente evidente que
Thomas Paine era um dos agentes Deles que podia ver a possibilidade da abertura de uma
“Nova Ordem dos Tempos” se iniciando nos Estados Unidos.
12.14. Se Eles trazem as grandes verdades sobre o mundo por tantas eras, por
que existem tantas religiões?
A filosofia nos explica que no período inicial do grande ciclo, a Era Dourada, os Deuses
(Grandes Professores) vieram e ensinaram à humanidade em sua infância as artes, as
ciências e a Irmandade dos homens. Enquanto eles permaneceram como pais e professores
a Era Dourada durou e todos os homens sabiam as mesmas verdades e falavam a mesma
língua. H. P. Blavatsky diz na Doutrina Secreta I, 341, “...e então havia, durante a juventude
da humanidade, uma língua, um conhecimento, uma religião universal, quando não havia
igrejas, credos ou seitas, mas cada homem era o pastor de si mesmo.” Mas veio o tempo no
qual os homens colocaram seu conhecimento em teste, quando os Deuses partiram e
deixaram os homens trabalhar o seu destino, como fazem os pais quando os filhos atingem
certa idade. Foi então que alguns começaram a esquecer e a tomar erroneamente formas e
aparências por realidade. A superfície aparente começou a moldar as ações dos homens.
Raças e religiões se formaram, e o resto é história.
A história também nos mostra que esta tendência a romper a verdade ocorreu por
diversas vezes após o trabalho de cada Grande Mestre que veio ajudar a humanidade. Em
cada caso, estes Adeptos vieram como reformadores e nunca com a intenção de formar uma
“nova religião”. O seu trabalho sempre foi o de desvelar e demonstrar a unidade fundamental
124
de uma e de todas as seitas, e promulgar a verdade de que a Alma não tem raça, casta ou
cor, e que todos os homens são irmãos. Mas ainda assim, após a sua partida, a mesma coisa
aconteceu. Os ensinamentos foram apenas parcialmente entendidos, as ideias se distorceram
em muitas direções, de acordo com as convicções e desejos pessoais, e nós temos o que
temos hoje, centenas de religiões e seitas. Os ensinamentos originais frequentemente se
tornam irreconhecíveis após uma centena de anos, e outro Mestre precisa vir e nos lembrar
a nossa Verdadeira Natureza, nosso Destino e a nossa Unidade com toda a vida.
Como é usual, a natureza tem um símbolo que nos ajuda a entender este processo.
Na primavera o Sol traz todas as forças da Natureza para formar as folhas que fazem o
crescimento e a evolução possíveis. Mas quando o Sol começa a partir e o Inverno chega, a
força unificadora na folha é retirada e o processo de desintegração começa. A folha um dia
unificada é dividida em centenas de memórias parciais, esperando por outra visita do Sol para
acordá-las e uni-las em outra maravilha da vida – a folha.
Mas a natureza tem um outro símbolo que nos parece encaixar ao Movimento
Teosófico Moderno. É a árvore perene. Esta árvore não passa pelo ciclo periódico de
Primavera e Outono que passam as outras árvores. Ela se renova constantemente, e é por
este motivo que ao longo da história esta árvore tem sido o símbolo dos Grandes Seres e da
Verdade que Eles trazem.
É interessante notar aqui que pela primeira vez na história registrada os ensinamentos
de um dos Mensageiros foram mantidos intactos, exatamente como foram apresentados. E o
crédito por isso é especificamente de Robert Crosbie, que, vendo o mesmo processo de má
interpretação e adulteração ocorrendo com a Sociedade original após as mortes de H. P.
Blavatsky e do Sr. Judge, iniciou a United Lodge of Theosophists e reproduziu em edições de
fac-símile fotográfico todos os escritos originais dos dois Mestres, assim permitindo ao
movimento a constante renovação da vida das obras com a luz dos impulsos iniciais. E
mantém-se a esperança e a possibilidade de que, com um número crescente de estudantes
sérios, este impulso se estenda através dos séculos que virão.
12.15. Nós podemos contar com um Mestre para vir ajeitar as coisas para nós?
Seria errado pensar que os Mestres partiram para algum retiro na montanha e
cessaram Seus esforços em benefício da humanidade. Seus esforços são cíclicos apenas
com respeito à forma e ao foco deste esforço. Conforme já mencionado, Eles são parte de
nossa família humana e estão aqui em todos os momentos trabalhando nos planos interiores
e mais causais, onde Seu trabalho pode ser mais efetivo e duradouro. Mas novamente Eles
não podem e não farão o que, em nosso curso de evolução individual, devemos fazer por nós
mesmos. O Sr. Crosbie respondeu a essa questão da seguinte maneira:
Os Mestres que expressam e cumprem a Lei, não seriam Mestres se pudessem
interferir com o crescimento que pode apenas vir das experiências variadas e acumuladas da
parte dos indivíduos; mas Eles podem, devido ao seu conhecimento de onde, quando e como
agir, permitir que a humanidade se desvie de desastres, se isto for servir para o melhor
progresso de todos, e as condições permitirem. Também, tendo o conhecimento e o controle
das forças invisíveis da natureza, Eles podem usar este poder para obstruir o curso errado
por parte de qualquer pessoa, ou ajudar o progresso na direção certa.(Answers, p. 25)
Há muito que podemos e devemos fazer por nós mesmos, e é preferível que nós
façamos as correções às situações difíceis que criamos. Nosso sentido interno de justiça nos
diz que somos nós que podemos e devemos eliminar as guerras, crimes e doenças. Ninguém
deveria fazê-lo por nós.
E para o nosso trabalho sobre o bem geral o Sr. Judge diz, em Ocean of Theosophy, p. 6:
...alguns trabalhos são apenas desempenhados pelos Mestres, enquanto outros requerem a
assistência de companheiros. É o trabalho do Mestre preservar a verdadeira filosofia, mas a
ajuda dos companheiros é necessária para redescobri-la e divulgá-la. Mais uma vez os Irmãos
Mais Velhos indicaram onde a verdade --- a Teosofia --- pode ser encontrada, e os
companheiros por todo o mundo estão engajados em trazê-la à tona e propagá-la.
125
Dentro de nós existe o poder infinito do Princípio Universal Divino. Nosso próximo
passo é corrigir e clarificar as nossas ideias a respeito da nossa verdadeira natureza e da
natureza do universo, de modo que este poder possa fluir nos nossos atos e escolhas diárias.
Os Professores nos deram os meios e as orientações, e estão prontos e desejosos em mostrar
ainda mais, conforme nós demonstrarmos querer ajudar. Falando sobre nossa ajuda no
trabalho Deles, nunca é demais repetir que um Deles disse “Oh! para os homens nobres e
altruístas homens que nos ajudam a fazer efetivamente o nosso trabalho! Todo o nosso
conhecimento, passado e presente, não seria suficiente para recompensá-los.”
12.16. Pode uma pessoa comum, não um discípulo aceito, receber alguma
ajuda do Grupo de Mestres?
Foi dito que se nós dermos um passo em direção aos Mestres, eles darão dois em
nossa direção. É compreensível que Eles não possam fazer mais que nos avisar se
estivermos indo em direção oposta ao Seu trabalho. H.P. Blavatsky afirma em seu artigo
"Mahatmas and Chelas", "...embora a totalidade da humanidade está dentro da visão mental
dos MAHATMAS, não se pode esperar que eles prestem atenção especial a cada ser humano,
a menos que um determinado ser chame a atenção deles pelas suas ações especiais. O maior
interesse na humanidade, como um todo, é a sua preocupação especial, para a qual eles se
identificaram com aquela Alma Universal que toca a humanidade, e aquele que chamar a
atenção deles deve fazê-lo através desta Alma que impregna tudo." Os Professores indicaram
também que é necessário não apenas conhecimentos, mas uma fé e certeza tanto nos
Mestres quanto em nosso Eu Superior, o qual é uma derivação da Alma Universal.
Qual é a forma dessa ajuda? Ela vem na forma de inspiração em novas ideias,
relacionamentos que ainda não tínhamos reparado, e soluções a problemas estão
atrapalhando o nosso progresso. Vem também na forma de sugestões e encorajamentos, e
às vezes avisos. Se nós rejeitarmos o acaso ou a coincidência como a causa destes visitantes
inesperados, e se estivermos livres dos caprichos do nosso Deus pessoal, então nós
chegaremos à conclusão que eles vieram dos Mestres ou de nosso Eu Superior.
Mas como podemos saber se essas ideias inspiradoras vieram realmente dos Mestres
ou Adeptos? Uma questão oposta seria, faz alguma diferença se elas vieram de um Mestre
ou de nosso Eu Superior? A Teosofia nos ensina que o Eu e os Mestres estão no mesmo
plano de consciência, que ambos têm a mesma filosofia, os mesmos propósitos e objetivos.
E desde que a maior parte da ajuda está nos planos interiores, seria virtualmente impossível
determinar a sua exata fonte.
Além do mais, o conhecimento possuído pelos Mestres, devido à sua própria
natureza, não pode ser entregue a um estudante não iniciado, mas o Mestre pode apontar o
caminho e o método de modo que ele possa adquiri-lo por si mesmo no curso do tempo.
William Quan Judge nasceu em Dublin, Irlanda, em 13 de abril de 1851. Sua família emigrou
em 1864 para Nova Iorque, onde ele especializou-se em direito administrativo (New York Sate
Bar, 1872). Co-fundador com H.P. Blavatsky e Henry S. Olcott da Sociedade Teosófica, em
1875, tornouse mais tarde Secretário Geral de sua Seção Americana e Vice-Presidente da
Sociedade Internacional. Nessa condição, organizou e presidiu o Congresso Teosófico no
Parlamento Mundial das Religiões, realizado em Chicago durante a Exposição Columbiana
de 1893. Por meio de seus escritos e intensas palestras por todos os Estados Unidos, ajudou
a tornar a Teosofia conhecida e respeitada. Morreu em 21 de março de 1896, aos 44 anos de
idade.
Iniciação
9o grau Senhor
do
Mundo
8o grau Buda pratieka Buda
1o grau
Atrás dos três Grandes Seres - O Rei que governa, o Primeiro Ministro que planeja e
o General que executa - há um Quarto, O Vigilante Silencioso, que na última ronda foi o
Senhor do Mundo de nosso globo e agora "vigia e espera" atrás dos Três, porém de cuja
portentosa atuação para com o homem e para com Deus quase nada podemos conceber. Os
graus da Hierarquia que governa o mundo são mencionados resumidamente na Fig. 2
O Chefe da Hierarquia é esse elevado ser, o Senhor do Mundo, que rege e ordena em
nosso globo todos os acontecimentos relativos aos anjos e aos homens. Em Sua consciência
registra-se tudo o que se passa nos sete planos de nosso globo. Como sua aura interpenetra
toda a Terra, sabe de tudo quanto acontece dentro dessa aura e não há ato tão secreto que
Ele não conheça e nem injustiça por leve que seja que Ele não registre.
128
Com Ele permanecem três Discípulos e Assistentes, que vieram também de Vênus. A
tradição hindu os chama Sanadana, Sanaka e Sanatana. Quando a onda da vida passar da
Terra para Mercúrio, esses Três se tornarão, por sua vez, os Senhores de Mercúrio e guiarão
toda a evolução naquele globo. São conhecidos no budismo como "Pratyeka Buddhas" ou
"Budas Solitários", porque não ensinam nem fundam religiões no mundo. Estão no Primeiro
Raio, ou o Raio
Governante, enquanto que os Budas estão no Segundo Raio, ou Raio da Instrução. Embora
se achem no nível de Budas, sua função não é a de Instrutores do Mundo. Daí a descrição
curiosamente desviada que d’Eles faz o Budismo popular, como sendo Budas "Solitários" ou
"egoístas". Seu amor é tão grande como o dos Budas, porém dão aos homens Poder em vez
de Sabedoria.
13.9. O Bodhisattwa
A iniciação de Buda é a mais alta que na Terra se pode alcançar no Segundo Raio e
recebea um Bodhisattva ou Instrutor do Mundo, como coroamento de Sua obra durante idades
pela Humanidade. Depois de fundar uma religião após outra, reúne, na última de Suas vidas
reúne todos os Seus Discípulos que se acham preparados para entrar nos diversos graus da
Iniciação e se reencarna com eles na Terra. Estabelece então uma grande religião mundial e
concluída sua obra nesse corpo físico passa a uma obra mais elevada nos outros planos. Ao
deixar a Humanidade passa a seu sucessor as funções de Instrutor do Mundo.
129
O último dos Budas foi Gautama Buda, que teve como seu sucessor nas funções de
Instrutor do Mundo o Bodhisattva Maitreya, já chamado pela tradição budista de "Maitreya
Buddha", em antecipação ao Seu futuro cargo.
13.11. O Manu
A Sua tarefa já começou com a lenta reagrupação dos egos que hão de trabalhar sob
Suas ordens no início de uma nova Raça Raiz, e em todas as sucessivas sub-raças segundo
vão aparecendo uma a uma. O Adepto do Primeiro Raio, que recebe a Quinta Iniciação,
assume depois, geralmente, os árduos deveres de Manu de uma Raça Raiz de um globo.
Durante as centenas de milhares de anos da história de uma raça raiz, Ele dirige como seu
Manu a formação de sucessivas variantes de sub-raças, encarna-se em cada uma delas para
fixar-lhe a forma. Depois de terminado o seu trabalho como Manu, recebe a Oitava Iniciação
como "Pratyeka Buddha" e idades depois a Nona Iniciação como Senhor do Mundo.
Presentemente apenas dois Manus permanecem com a Humanidade: o Manu
Châkshusha “, que fundou a Quarta Raça raiz, a dos Atlantes e o Manu Vaivasatha, que
fundou a Quinta Raça Raiz, a Ariana, há uns sessenta mil anos”.
4o - Filho do Mestre – Este é o estágio que se estabelecer um laço interno com o Mestre que,
ainda que por ventura se rompa temporariamente pelo discípulo, por uma queda. Nas vidas
futuras será sentido sob forma de atração por seu Mestre.
5o - Iniciação – O discípulo é apresentado por seu Mestre à Grande Fraternidade Branca para
a Iniciação. Primeiro ele é apresentado ao Maha-Chohan (o Arquivista da Hierarquia, que
inscreve o seu nome e grau em Seu Imperecível Registro) que designa um dos Adeptos para
servir de Hierofante Iniciador. A Iniciação é um rito propiciatório que permite á Mônada, uma
aproximação maior com o Corpo Causal e este para com a personalidade. A expansão da
consciência é a nota característica da iniciação que dá ao discípulo “a chave do
conhecimento”, abrindo-lhe novos horizontes de saber e poder.
* O Mestre de Sabedoria é o centro de grande número de atividades, que Ele empreendeu como
Sua contribuição ao Plano do Logos.
14.2. Os Mestres
"Os mestres e a senda", por C.W.Leadbeater; Ed. Pensamento.
XV – Estágios na Senda
1o Parivrajaka (errante, sem lugar). Isto não significa que ele seja um vagabundo sem casa,
nem sem lugar. Apenas não tem predileção por nenhum lugar em especial. Cortou todas as
ligações com nacionalidade e por isso é chamado o “errante” já que se encontra a disposição
do Mestre para toda e qualquer tarefa onde quer que lhe seja solicitada. Na Índia é conhecido
como o Sannyasi; aquele que cumpre a ação pela ação em si mesma, sem se apegar aos
seus resultados seja de fracasso ou glória. Não vive mais para si, mas por sua melhor
participação e contribuição ao todo que o rodeia. Na China se diz que o indivíduo “passou a
seguir o Tao”.
Eu”. O estado de Hansa permite ao homem permanecer completamente livre dos desejos,
apegos e ilusões do mundo. É um estado de percepção “in loco” (experiência mística) da
Unidade fundamental de toda a vida. Esta etapa corresponde a da morre e dissolução de
Avidya (ignorância básica de nossos sentidos e de nosso eu pessoal, que nos fazem ver
separados da Realidade). A parte identifica-se com o Todo Supremo (Brahman, Isvhara,
Logos). O Todo e a parte torna-se Um e passam a operar em uníssono.
2o Batismo pelo Fogo (poder do Espírito Santo a Terceira Pessoa da Trindade). O fogo de
da energia de Kundalini ascende pela shushunâ (coluna). O iniciado deve neste estágio
desenvolve um controle absoluto sob a sua natureza mental-emocional (Kamas-manas).
5o Ascensão e Descida do Espírito Santo (Retorno à Casa do Pai). O homem pela força do
Cristo, diviniza-se. O homem Jesus de Nazaré, agora Mestre Ascensionado, trabalha hoje em
dia, junto a
Hierarquia Branca no cargo de “Choham do Sexto Raio” ou seja “Senhor do Raio da Fé e da
Devoção”.
3o Anâgâmi – É o homem (yogue) que não mais nascerá no mundo do desejo. Um grau antes
de chegar ao Arhat e estar pronto para o Nirvana.
4o Arhat – Conhecido como “o digno”, “o capaz”, “o venerável”, “o perfeito”, aquele que saiu
vitorioso da provação no Avichi* que significa o “sem ondulação”, aquele que está sem
vibração. O homem fica absolutamente sozinho no espaço, e sente-se secionado da vida,
mesmo da vida do Logos. A sensação de solidão e de vazio talvez seja, para o homem
comum, a mais terrível experiências. Para o Arhat, o “homem desperto”, solidão, vazio e
separatividade não passam de uma ilusão causada pelos nossos limitados e enganosos
sentidos. * Avichi é o inferno (abismo) do vulgo e o Nirvana do Adepto.
Um estudo atento da Fig. 02 mostrará que nos sete Raios há adeptos até a o nível da
Iniciação Asekha. Nesse estágio, o Adepto pode fazer uma das sete opções quanto ao seu
futuro trabalho:
Rita Padula
Na religião cristã fala-se de nove Ordens Angélicas e cada uma destas Ordens tem
uma função na economia natural do Universo. São elas: Arcanjos, Anjos, Tronos;
Dominações, Principados, Potestades, Virtudes, Querubins e Serafins.
Os Serafins inspiram à humanidade o Amor a Deus e o amor Universal, são
considerados os servidores imediatos de Deus, e na Cabala eles constituem um grupo de
poderes angélicos atribuídos ao Sephira Geburah, que é interpretado por Poder; os Querubins
representam o conhecimento e ensinam à humanidade a Sabedoria Divina, e constituem uma
ordem de Anjos “Vigilantes” guardiões da glória divina. No Antigo Testamento eles são
mencionados como tendo sido os guardiões do Éden perdido; para os cabalistas estão ligados
ao Sephira Yesod, Fundamento; As Potestades entravam e procuram afastar os espíritos
malignos; as Virtudes operam os chamados milagres; os Principados servem como “Anjos
das Nações”, protegendo, orientando e ajudando os povos em suas necessidades; as
Dominações são os reguladores das atividades e deveres dos Anjos; os Tronos compartilham
e ensinam a Justiça Divina; os Anjos e Arcanjos são enviados como mensageiros para
assuntos de grande importância, como é o caso do Anjo Gabriel, que veio avisar a Zacarias
que sua mulher, Isabel, mesmo idosa daria à luz a um menino que deveria receber o nome
de João, ou ainda o caso de Myriam ou Maria, onde um Anjo do Senhor avisou seu esposo,
José, que Maria daria à luz a um filho, mesmo sem “ esta ter conhecido homem”, pois este
seria o Filho do Espírito Santo, e que a criança deveria chamar-se Jesus.
As ordens Angélicas são hierárquicas, e a sua mais elevada manifestação encontra-
se nos Arcanjos Solares, ou Dhyan-Chohans, ou ainda os Sete Poderosos Espíritos Diante
do Trono, ou nos Sephira. Já nos graus inferiores encontram-se os Elementais, os Espíritos
da Natureza: os gnomos associados com o elemento terra; as nereidas e ondinas associadas
à água; as salamandras, ligadas ao fogo; e os silfos elfos ligados ao elemento ar. Os
Elementais são pura energia criadora, e fazem seu trabalho de construção dos Reinos da
natureza inconscientemente, seguindo as “orientações” de uma consciência maior que a
deles. Ao contrário do que se pensa, eles não têm uma forma definida. As formas com que
são descritos os Elementais nos diversos livros sobre o assunto, são formas que estes
minúsculos Seres tomam “emprestadas” da mente humana: como a matéria em que eles
vivem é muito plástica (mental concreto, astral e etérico), é fácil para eles “perceberem” o
pensamento humano e se moldarem segundo o feitio que a imaginação humana lhes
empresta. Estes Seres estão na mais ínfima etapa da escala evolutiva, são totalmente
inconsciente ou semi-inconscientes, e em etapas futuras da evolução irão animar a matéria
corresponde ao atual Reino Mineral, para depois evoluir, em outras etapas evolutivas para os
Reinos Vegetal, depois Animal, depois Hominal, que é quando a Mônada(o Espírito)
desenvolve como princípio interior o chamado Mental Concreto. Como nos escreveu HPB:
“Cada um dos chamados “Espíritos” (Anjos) é ou um homem desencarnado ou um homem
futuro. Porque desde o mais elevado Arcanjo (Dhyan-Chohan) até o último Construtor
consciente (a classe inferior de Entidades Espirituais), todos estes são homens que viveram
136
em outros Manvantaras [em outros períodos evolutivos], em evos passados, nesta ou em
outras Esferas; e os Elementais inferiores, semi-inteligentes ou não-inteligentes, são todos
homens futuros”. HPB acrescenta ainda que os Anjos, do mesmo modo que os homens estão
sujeitos à imutável Lei do Karma.
Cada fase da escala evolutiva (sete: Atmã, Budi, Manas Superior, Manas Inferior,
Astral, Etérico e Físico) está diretamente presidida por uma Hoste de Anjos ligada a esta
escala, que possui um “Dirigente” maior em evolução que seus “subordinados”. Entretanto,
todos agem de acordo com a Ideação Cósmica, e trabalham em seus planos “imprimindo” em
cada átomo o Pensamento e a Vontade do Logos Criador. Destarte, se considerarmos os 7
planos da Natureza, podemos dizer que existem os Anjos de Atmã, os Anjos de Budi, os Anjos
de Manas Superior, etc.; ou seja, cada um dos 7 Princípios tem os seus Anjos Construtores,
que adaptam os corpos entre si e ao karma vigente daquele ser. Os Anjos que atuam
diretamente na matéria física têm por objeto dar a esta maior beleza, já que a perfeição da
forma física é expressa através do belo.
Segundo G. Hodson “Um Arcanjo superintende cada etapa da projeção do Arquétipo
[da Ideação Cósmica]. A cada grau de densificação, em cada plano sucessivamente mais
denso da Natureza, Anjos de Ordem apropriada incorporam o poder e o intento do
Pensamento- Vontade – Criador, e o assistem em sua expressão como formas
evolucionantes. Este sistema hierárquico opera em todos os níveis, sendo cada um dos
grupos inferiores uma expressão de uma só Inteligência Superior”. [O Reino dos Deuses]
Cada planeta tem um Arcanjo que o rege, e podemos dizer, por exemplo, que o planeta
Terra é a expressão física de um Arcanjo. O Arcanjo do planeta Terra é seu dirigente da forma
física e espiritual. Tem sob sua jurisdição incontáveis hostes Angélicas para trabalhar pela
evolução do Espírito e da matéria (da forma) de todo o conjunto de coisas que representa o
planeta, em cada um dos 7 planos de evolução. O Arcanjo de um planeta pode ser
considerado a síntese de todos os outros Arcanjos, Anjos, e Espíritos da Natureza que
trabalham, que agem dentro daquele campo planetário. Segundo Sebastião Vieira Vidal, os
Arcanjos dos 7 Planetas são os seguintes:
Para São Tomás de Aquino: “Não me recordo de já ter encontrado nas obras dos
santos e dos filósofos alguma palavra que neguem serem os planetas guiados por seres
espirituais... Pareceme que é possível demonstrar que os corpos celestes estão regidos por
uma inteligência, seja diretamente por Deus, seja por intermédio dos anjos. Mas creio que
esta última forma seja mais consentânea à ordem de coisas estabelecida, que São Dionísio
afirma não comportar exceção, sendo tudo no mundo governado por Deus através de agentes
intermediários”.
O que difere os Devas dos homens é que nos primeiros, sua Vontade é Una com a do
Logos Criador; os Devas não estão “individualizados”, não têm o princípio da personalidade
como os homens. Sua Vontade, seu Pensamento, são unos e inseparáveis da Vontade e do
Pensamento Divinos, não havendo nestes Seres o sentimento de separatividade do Logos.
No caso dos Elementais sua cooperação com o Logos Criador é apenas instintiva, entretanto,
137
quando chegamos às Hostes Angélicas mais elevadas, sua cooperação com o Logos Criador
para a evolução é voluntária, é autoconsciente. Destarte, as consciências manifestadas num
sistema Planetário evoluem da cooperação instintiva com o Logos Criador (Elementais),
passando por um sentimento de separatividade do Logos (homens) e depois atingindo uma
escala evolutiva onde a cooperação com o Plano Arquetipal é consciente (Anjos e Arcanjos).
Como já foi dito anteriormente, cada Ordem de Deuses preside um determinado
trabalho no processo evolucional de um Sistema de Evolução. A Ordem de Anjos que preside
a evolução da forma é geralmente conhecida como Construtores. Os membros das categorias
superiores dessa Ordem conhecem o Plano Arquetipal a ser imprimido no plano evolutivo e o
transmitem aos outros membros inferiores a eles ligados de tal maneira que ao chegar nos
Elementais, estes inconscientes seres trabalharão segundo o plano preestabelecido para
aquela forma. Na construção seja de um mineral, seja de um ser humano, os Devas
Construtores transmitirão o Plano Arquetipal para aquela forma segundo a Lei Kármica
Universal, de tal modo que será determinada em todos os planos a constituição material
(atômica e molecular) sob a qual aquela forma deverá passar um determinado período
evolutivo. No caso de um minério de carbono, por exemplo, seguindo o Plano arquetipal, os
Anjos Construtores irão determinar, através de sua repercussão na matéria ainda “virgem” se
aquele elemento irá se abrigar na forma de carvão ou se na forma de diamante. Os Anjos
Construtores guiam o crescimento em todos os mundos, e moldando-os à Lei esforçam-se
por melhorar e aperfeiçoá-los. Segundo Hodson: “Toda chispa imortal que nasce no mundo
do pensamento, do sentimento e da carne e, crescendo chega a ser homem, deve todos os
seus veículos ou corpos aos Anjos Construtores; e o mesmo acontece com toda gema, planta,
todo animal, todo globo, todo universo. Classificados em graduação, estes Construtores
trabalham cada um em seu nível construindo: os inferiores as gemas, e os superiores, os
mundos. Há os que constroem as formas externas de Anjos e de homens”.
16.6. Os Gandharvas
Hodson nos descreve os “Anjos Guardiões do Lar” como Seres que “cuidam de
proteger os lares humanos, mantendo-os livres do perigo, de contendas, da ignorância e da
enfermidade. Ouvem as orações das crianças todas as noites e as levam ao Senhor”.
O “Anjo Nacional” ou “Anjo Potentado” trata de proteger os povos, muito embora sua
ação seja limitada ao Karma coletivo daquela nação. Ele procura dirigir e inspirar corretamente
os dirigentes daquela nação para que esta se desenvolva sob um reinado de paz e de justiça.
O Anjo Nacional pode ser considerado também como a soma da consciência nacional.
Existem outras inumeráveis categorias de Anjos, tais como os Anjos da Beleza e da Arte, os
Anjos do Poder, Anjos das Paisagens, Elementais dos mais diversos tipos (tais como Silfos
do Mar ou da Montanha, Gnomos da floresta ou de um jardim, ou ainda um Deus de uma
jazida de diamante, etc.) que foge ao objetivo deste trabalho enumerá-las todas aqui.
Vale a pena lembrar que todos podemos evocar a ajuda dos Anjos, que nos auxiliam
com muita alegria, desde que os evoquemos para ajudar-nos em obras justas e para o
engrandecimento da Vontade Divina. Por isso, sempre que vamos fazer um pedido aos Anjos,
devemos nos lembrar de ressaltar que nosso pedido só deve ser atendido se por “Lei” (a Lei
Divina) for permitido.
O homem, por ter sido criado à imagem e semelhança de Deus é uma instância
criadora, e que seu pensamento pode criar tanto anjos quanto monstros terríveis. Os insetos
como as baratas e as formigas são criações mentais inferiores das Raças anteriores à nossa.
O homem tanto pode criar seres superiores como inferiores à sua categoria, embora que
inconscientemente. Conscientemente, ou faria como um Adepto (Homem Perfeito) seres
divinizados, devas, etc. ou como um mago negro, toda espécie de seres inferiores que se
possa imaginar.
BIBLIOGRAFIA
1) Blavatsky, Helena P., “A Doutrina Secreta”, vols. 1 e 5, Ed. Pensamento;
2) Hodson, Geoffrey, “O Reino dos Deuses”, Ed. Pensamento;
3) Hodson, Geoffrey, “O Reino dos Devas e dos Espíritos da Natureza”, Ed. Pensamento; 4) Hodson, Geoffrey,
“A Fraternidade de Anjos e de Homens”, Ed. Pensamento;
139
Literalmente "Yoga Real". Uma das quatro principais yogas ou caminhos para a união com
Deus, sistematizada nos Yoga Sutras de Patânjali. Ela ocupa-se diretamente com a mente.
Neste Yoga não há luta com o Prâna, ou o corpo físico. Nela não há Kriyas Hatha yóguicos.
O Yogi sentase descansadamente, vigia a sua mente e silencia o borbulhar da mente. Ele
tranqüiliza a mente, moderando as ondas mentais, e entra dentro no estado impensado, ou
no Asamprajñata Samadhi. Aí está o nome Raja-Yoga. A Raja-Yoga impulsiona o estudante
para o mais alto degrau na escada espiritual da realização Advaitica de Brahman. O Raja-
Yoga de Patañjali é geralmente chamado de Ashtanga-Yoga, ou o Yoga de oito partes; por
intermédio de sua prática alcança-se a liberdade. Os oito mandamentos do yoga são:
1. Yama ou os cinco preceitos: não usar nenhum tipo de violência (ahimsa); falar a verdade
(satya); não roubar (asteya); não desvirtuar a sexualidade (brahmacharya); e não apegar-se
(aparigraha). Esses refreamentos pretendem purificar o yogin, aniquilar a subjetividade
advinda do egocentrismo e prepará-lo para os estágios seguintes. Desempenham o controle
dos impulsos naturais, que se manifestam através dos cinco órgãos de ação (karmendriyas):
braços, pernas, boca, órgãos sexuais e excretores.
3. Ásana – é o terceiro estágio, são as posições físicas, firmes e confortáveis: "o ásana torna-
se perfeito quando desaparece o esforço por realizá-lo, de forma que não haja mais
movimentos no corpo." O Yoga Sútra de Pátañjali não é para iniciantes. É para mestres. Daí
a importância do estilo dos sútras. Cada palavra é significativa. Por exemplo, a definição de
ásana: sthirasukham. Ele não diz sukhamsthira. Porque primeiro, o corpo precisa ficar imóvel.
Depois, vem sukham, o conforto. Su significa prazer. Kha refere-se aos indriyas, órgãos dos
sentidos. O que significa que os sentidos ficarão automaticamente sob controle. A posição
sentada correta permite a prática de pránáyáma e pratyáhára, os próximos passos. Mas isso
só é possível quando há força, firmeza e flexibilidade no corpo. Para o yogi, o processo do
ásana passa necessariamente pela construção de um corpo novo. Um corpo onde a energia
não mais tem obstáculos para circular.
17.2. O Samadhi
A Tradição Sabedoria – Uma Introdução à Filosofia Estotérica / Ricardo Lindemann & Pedro
Oliveira. Editora Teosófica.
Kharma e Dharma – A Lei de Ação e Reação e a Lei de Evolução / Annie Besant. Editora
Teosófica.
142
Os Sete Temperamentos Humanos / Geoffrey Hodson. Editora Teosófica.
Os volumes da Editora Teosófica podem ser encontrados à venda nas Lojas Teosóficas ou
Grupos de Estudos Teosóficos, ou ainda através do site: http://www.editorateosofica.com.br
http://staguaverde.blogspot.com.br
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Revista Sophia
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leitores a refletirem sobre temas relacionados com a vida espiritual, sustentabilidade, ética e
valores humanos. Está implícita a ideia que um mundo melhor e mais fraterno só será possível
na medida em que as pessoas modifiquem seus hábitos de consumo e seus paradigmas,
desenvolvendo uma nova consciência de união e uma cultura de cooperação. Para tal, ela
publica artigos e entrevistas preparados por uma equipe multidisciplinar de articulistas
brasileiros e estrangeiros, levando a seus leitores conceitos, opiniões e práticas do que há de
mais inovador e inspirador nas áreas científica, religiosa, filosófica, cultural e ambiental.
A Revista Sophia foi criada para levar ao grande público de uma forma ao mesmo tempo
acessível e profunda uma visão de mundo baseada na cultura da paz, na fraternidade
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