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Conversor Estático de Frequência Controlado Por PWM
Conversor Estático de Frequência Controlado Por PWM
TOLEDO
2019
ESDRAS DO ESPIRITO SANTO
TOLEDO
2019
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Toledo
Coordenação do Curso de Engenharia Eletrônica
TERMO DE APROVAÇÃO
Título do Trabalho de Conclusão de Curso No 89
Esse Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado às 11h10 do dia 18 de Junho de 2019
como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Eletrônica.
Após deliberação da Banca Examinadora, composta pelos professores abaixo assinados, o
trabalho foi considerado APROVADO.
Agradeço especialmente aos meus pais, Amadeu e Lígia, pelo apoio e suporte proporci-
onado ao longo de todos estes anos de graduação, sem os quais esta não seria possível.
Ao meu irmão, Gabriel, pela amizade eterna e incondicional.
À minha namorada, Laísa, pela paciência e apoio nos momentos difíceis.
Ao professor Alberto Vinícius de Oliveira, pela orientação segura e perene.
As coisas têm sua forma no tempo, não apenas
no espaço. Alguns blocos de mármore têm es-
tátuas dentro deles, esculpidas em seu futuro.
(Alan Moore, Watchman, 1987).
RESUMO
Conversores de frequência são conversores de energia que possuem inúmeras aplicações, dentre
as quais se destacam aquelas em sistemas de: transporte, geração distribuída e automação indus-
trial. Nesta última, o conversor de frequência tem particular importância, pois permite o controle
de processos industriais que fazem amplo uso de máquinas de indução. Nos últimos anos este
tipo de conversor também tem sido largamente utilizados em aparelhos eletrodomésticos como
geladeiras e sistemas de refrigeração com vistas ao aumento da eficiência energética e da vida
útil do conjunto. Neste contexto, este trabalho abordou os principais conceitos envolvendo os
conversores de frequência, seus blocos constituintes e técnicas de modulação PWM (Pulse-Width
Modulation) senoidal para a produção do sinal de saída do inversor. Além disso, foi imple-
mentado um retificador com filtro capacitivo, a fim de atenuar a ondulação de tensão entregue
ao barramento CC (Corrente Contínua) do inversor, o qual apresenta uma topologia em ponte
completa. Seu controle é realizado por meio de uma técnica SPWM (Sinusoidal Pulse-Width
Modulation) codificada em um microcontrolador. O conversor foi capaz de fornecer uma potência
superior a 100 W e apresentou uma THD (Total Harmonic Distortion) de aproximadamente
16,8% sem a utilização de um filtro em sua saída.
Frequency converters are power converters that have numerous applications, such as: transport
systems, distribuited generation systems and industrial automation systems. In the latter, the
frequency converter has a particular importance, as it allows the control of industrial processes
that extensively use induction machines. In recent years this type of converter has also been
widely used in appliances, such as: refrigerators and refrigeration systems to increase the ener-
getic efficiency, and the lifespan of the system. In this context, this work addressed the main
concepts involving frequency converters, their constituint blocks and sinusoidal PWM (Pulse-
Width Modulation) techniques for producing the output signal from the inverter. Additionally,
a rectfier with capacitive filter was implemented in order to attenuate the voltage ripple delive-
red to the DC (Direct Current) bus of the inverter, which presented a full-bridge topology. Its
control was accomplished by means of SPWM (Sinusoidal Pulse-Width Modulation) technique
coded in a microcontroller. The converter was able to deliver a power greater than 100 W and
presented a THD (Total Harmonic Distortion) about 16,8 % without the use of a filter in its output.
CC Corrente Contínua
DF Fator de Distorção
ω Frequência angular
T Período de um sinal
C Capacitância do barramento CC
f Frequência
D Diodo
ma Índice de modulação
Ac Amplitude da portadora
fc Frequência da portadora
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1 Problemas e Premissas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.2.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 Conversores Estáticos de Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 Retificador Monofásico e Barramento CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Voltage Source Inverter: Topologia em Ponte Simples . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Voltage Source Inverter: Topologia em Ponte Completa . . . . . . . . . . . . . 21
2.4.1 Estágios de Condução do VSI em Ponte Completa . . . . . . . . . . . . 22
2.5 Modulação por Largura de Pulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.5.1 Modulação por Largura de Pulso Único . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.5.2 Modulação por Largura de Pulsos Múltiplos . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.5.3 Modulação por Largura de Pulsos Senoidal - SPWM . . . . . . . . . . 25
2.6 Parâmetros de Performance do Inversor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.6.1 Fator Harmônico n-ésimo Harmônico - HFn . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.6.2 Distorção Harmônica Total - THD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.6.3 Fator de Distorção - DF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.6.4 Harmônico de Mais Baixa Ordem - LOH . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1 Retificador e Barramento CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Ponte Inversora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3 Driver para MOSFETs e IGBTs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Modulação PWM Senoidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.5 Microcontrolador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6 Testes e Medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.1 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
2 REVISÃO DA LITERATURA
Vs = Vp sen(ωt), (1)
onde ω representa a frequência angular do sinal em rad/s. Deste modo, a tensão de pico inversa
sobre cada diodo será aproximadamente –Vp . A Figura 3 apresenta em sequência as formas de
onda da tensão de entrada do retificador, da tensão de saída, da corrente de saída e das tensões
reversas sobre os diodos quando eles não estão conduzindo.
A tensão média da saída do retificador com filtro capacitivo é obtida integrando-se a
Equação 1 sobre o período T = π rad do sinal de saída do retificador VL , tem-se portanto que:
ZT /2
2 2Vp
VLmédio = Vp sen(ωt)d(ωt) = . (2)
T π
0
20
De maneira similar o valor RMS (Root Mean Square) da saída do retificador é obtido
de:
v
u T /2
u Z
u2 Vp
VLRM S =t [(Vp sen(ωt)]2 d(ωt) = √ . (3)
T 2
0
Figura 3 – Sinal de entrada, de saída, corrente de saída e tensões reversas sobre os diodos.
1 Vp − 2VD,on
Vr = , (4)
2 RL Cf
onde VD,on representa a queda de tensão no diodo quando ele está polarizado diretamente.
Pode-se interpretar (Vp - 2VD,on )/RL como a corrente IL na carga e aproximar a Equação
4 por
1 IL
Vr ≈ , (5)
2 Cf
21
Figura 4 – Estágios de condução do VSI em meia ponte: (a) condução pelo dispositivo Q1 ; (b)
condução pelo dispositivo Q2 .
Figura 6 – Estágios de Condução: (a) condução por Q1 e Q2 ; (b) condução por D3 e D4 ; (c)
condução por Q3 e Q4 ; (d) condução por D1 e D2 .
Figura 7b, observa-se uma portadora dente de serra. Neste caso, a borda de subida do sinal PWM
ocorre em instante fixos, enquanto a borda de descida é modulada em função da variação do sinal
modulante. Para a portadora dente de serra invertida, retratado na Figura 7c ocorre o contrário.
A borda de descida do sinal de saída PWM ocorre em instantes fixos, enquanto o instante da
borda de subida muda em função da variação do sinal de referência. Por último, para a portadora
triangular apresentada na Figura 7d, tanto a borda de subida quanto a borda de descida do sinal
PWM de saída são modulados em função do sinal de referência (VASCA; IANNELLI, 2012).
De acordo com Buso e Mattavelli (2006), a implementação analógica do PWM é extre-
mamente simples e requer apenas a geração de uma portadora adequada, tipicamente um sinal
dente de serra ou triangular e o uso de um comparador analógico. Este tipo de implementação é
conhecida como PWM naturalmente amostrado (naturally sampled PWM).
Quando realiza-se uma implementação digital, o sinal de referência é amostrado, o
gerador da portadora é substituído por um contador e a comparação é efetuada digitalmente.
Esta realização é conhecida como PWM regularmente ou uniformemente amostrado (regularly
sampled PWM).
Na implementação digital, um contador é incrementado a cada pulso de clock. Toda vez
que o valor do contador for igual ao valor do duty-cycle programado, o sinal de controle de porta
do dispositivo de chaveamento é colocado em zero. Este sinal é colocado em nível alto no início
de toda contagem (BUSO; MATTAVELLI, 2006). Uma interrupção também ocorre quando o
contador estoura seu valor final, isto resulta no reinício da contagem.
No controle por meio da modulação por largura de pulso único, um único pulso é
aplicado por semiciclo e a forma de onda da saída é quadrada. A largura desse pulso δ pode
variar a fim de controlar a tensão de saída do inversor (Vo ). Assim, (Vo ) pode ser ajustada
linearmente de zero até seu valor máximo E (Figura 5). Esta técnica é tipicamente realizada pela
comparação de um sinal de referência retangular com uma portadora triangular (AHMED, 2000;
RASHID, 1999).
Figura 7 – PWM implementado com comparador com diferentes sinais de portadora: (a) sinais
de referência r(t), portadora c(t) e comparador; (b) portadora dente de serra; (c)
portadora dente de serra invertida; (d) portadora triangular.
Na modulação por largura de pulsos senoidal (SPWM), a tensão de saída pode ser
controlada por meio da variação da largura dos pulsos (δ) proporcionalmente à amplitude de
uma onda senoidal de referência, ou seja, a largura dos pulsos (δ) é menor onde a onda senoidal
tem menor amplitude e atinge seu valor máximo no pico da onda senoidal de referência. Assim,
na saída do inversor, o valor médio do sinal de saída (Vo ) quando avaliado durante um dado
intervalo de tempo menor que um semiciclo será aproximadamente o valor de médio de uma
senoide avaliada no intervalo correspondente, como retrata a Figura 8.
Ar
ma = , (6)
Ac
onde Ar é a amplitude do sinal de referência e Ac é a amplitude da portadora. Ele determina
a largura dos pulsos. Assim, pode-se controlar a tensão eficaz de saída do inversor (RASHID,
1999; AHMED, 2000).
A razão de frequência de modulação mf é definida por
fc
mf = , (7)
fr
onde fc é a frequência da portadora e fr é a frequência do sinal senoidal de referência, ou seja,
a frequência fundamental que se deseja obter na saída do inversor (MOHAN; UNDELAND;
ROBBINS, 2003). A razão de frequência de modulação determina o número de pulsos em cada
semiciclo do sinal saída do inversor (AHMED, 2000). A medida que aumenta-se os valores de
mf , as amplitudes dos harmônicos de mais baixa ordem serão reduzidas, contudo, as amplitudes
de alguns dos harmônicos de mais alta ordem poderão aumentar. Entretanto, tais harmônicos de
ordem elevada são mais facilmente eliminados por filtros, além disso, esses harmônicos muitas
vezes são desprezíveis (RASHID, 1999).
Vn
HFn = , (8)
Vf und
onde Vn é o n-ésimo componente harmônico e Vfund é a componente fundamental (RASHID,
1999).
27
De acordo com Rashid (1999), a distorção harmônica total (THD) é uma medida da
proximidade entre uma forma de onda e sua componente fundamental e é descrita por
v
∞
u X
1 u
T HD = t Vn2 . (9)
Vf und n=2,3...
Vn
DFn = . (11)
Vf und n2
3 MATERIAIS E MÉTODOS
1 180 − 2 × 0,9
C= = 509,3 µF. (12)
2 324 × 9 × 60
Utilizou-se um autotransformador de secundário variável (Variac) entre a rede elétrica e
a entrada do retificador, de modo a permitir a diminuição da amplitude do sinal de entrada, a
fim de facilitar o desenvolvimento do projeto e prover mais segurança aos procedimentos de
trabalho. Para a medição do valor da tensão de ondulação no barramento CC foram utilizados
osciloscópios da marca Keysight modelo DSO1012A.
Devido ao fato de a topologia do inversor ser do tipo ponte completa, em cada braço da
ponte utilizou-se dois MOSFETs conectados entre a carga e a referência, chamados de chaves
inferiores (low side switches). Utilizou-se também dois MOSFETs conectados entre a carga e o
barramento CC, conhecidos como chaves superiores (high side switches) conforme a Figura 5.
A presença das chaves superiores requer a utilização de um driver capaz de operar na
configuração conhecida como bootstrap. A operação de bootstrap consiste em fornecer à porta
(gate) do MOSFET uma tensão igual a soma do VGS nominal do dispositivo e da tensão sobre a
carga.
O driver selecionado é o IR2110. Este circuito integrado, projetado para operação de
bootstrap, é um driver de alta tensão, operacional até 500 V, e de alta velocidade para MOSFETs
e IGBTs. Ele possui dois canais de saída independentes para chaves inferiores e chaves superiores
de um circuito inversor em meia ponte. Para o caso de uma topologia em ponte completa serão
necessários dois destes drivers. A Figura 9 retrata a conexão típica de um IR2110 a um circuito
em meia ponte, seus terminais são descritos a seguir (INTERNATIONAL RECTIFIER, 2005).
• VDD : tensão lógica de alimentação;
• VSO : offset da tensão de alimentação flutuante no lado superior;
• VB : alimentação flutuante para o lado superior;
• VSS : referência lógica;
• VCC : alimentação fixa para o lado inferior;
• SD: entrada lógica para desligamento (shutdown);
• COM: retorno do lado inferior;
• HIN: entrada lógica para do lado superior (HO);
• LIN: entrada lógica para do lado inferior (LO);
• HO: saída lógica para do lado superior;
• LO: saída lógica para do lado inferior.
ton
δ= . (13)
T
O duty-cycle determina o valor médio do sinal, se este sinal for filtrado por um filtro
passa baixa, pode-se obter um nível médio tão próximo de um nível CC constante quanto melhor
for o filtro em questão.
Figura 10 – PWM com índice de modulação ma = 0,3: (a) sinal da portadora dente de serra; (b)
sinal de referência; (c) sinal PWM.
Como já citado na seção 2.5, um sinal PWM pode ser gerado pela comparação entre
um sinal dente de serra e um sinal de referência constante. As Figuras 10 e 11 apresentam
dois sinais PWM gerados com índices de modulação diferentes, ou seja, amplitudes do sinal de
referência diferentes. Ressalta-se que nestas duas figuras, assim como nas Figuras 12, 14 e 15, as
amplitudes dos sinais são representadas de forma adimensional, pois no microcontrolador essas
31
Figura 11 – PWM com índice de modulação ma = 0,7: (a) sinal da portadora dente de serra; (b)
sinal de referência; (c) sinal PWM.
A partir dessas figuras é possível perceber que se o duty-cycle de um sinal PWM for
variado de forma sistemática, podem ser obtidos sinais PWM que apresentem diferentes formas
quando filtrados. Isso fica mais claro observando–se a Figura 12. O sinal de referência neste
caso é uma senoide, assim o duty-cycle do sinal PWM varia proporcionalmente à amplitude da
senoide ao longo do tempo. Quando o valor da amplitude da senoide é maior, a largura do pulso
correspondente no sinal PWM será maior. O contrário também é verdadeiro.
Uma abordagem tradicional para a implementação desta técnica de modulação em mi-
crocontroladores baseia-se na utilização de contadores/temporizadores e interrupções disparadas
por eventos de comparação. Nesta abordagem, retratada na Figura 13, o sinal de comutação do
dispositivo de chaveamento começa em nível alto. Este sinal somente é colocado em nível baixo
na ocorrência de um evento de comparação entre o sinal da portadora, representado por um
contador incremental, e uma amostra de um sinal de referência. Ou seja, a mudança de estado, de
nível alto para nível baixo, no sinal de comutação, só ocorre quando o valor do contador for igual
ao valor da amostra atual do sinal de referência. Quando o contador atinge seu valor máximo,
32
Figura 12 – SPWM com índice de modulação ma = 0,7: (a) sinal da portadora dente de serra; (b)
sinal de referência senoidal; (c) sinal SPWM.
ocorre uma interrupção que reinicia o contador e coloca o sinal de comutação novamente em
nível alto. O processo se repete, sendo a comparação seguinte, realizada com a próxima amostra
do sinal de referência.
O tempo que o contador leva para atingir seu valor máximo, partindo de seu valor
mínimo, definirá o período e a frequência de chaveamento do PWM. Por exemplo, para o caso
de uma contagem de 0 a 16000, em um microcontrolador trabalhando em uma frequência f de
16 MHz e o incremento sendo realizado a cada pulso de clock, a frequência de chaveamento fs
será dada por
16 M Hz
fs = = 1 kHz. (14)
16000
Neste cenário, os valores dos sinais de referência constantes das Figuras 10 e 11 são
os valores a ser comparados ao sinal da portadora dente de serra a cada incremento. A cada
início de contagem do contador o pino de saída do sinal PWM é colocado em nível alto e só é
colocado em nível baixo quando a operação de comparação resultar em valor lógico verdadeiro.
Variando-se a amplitude do sinal de referência em relação a amplitude do sinal da portadora
pode-se variar o ton do sinal PWM de saída e seu duty-cycle.
Se o sinal de referência for descrito por uma tabela ou vetor preenchido com valores de
33
Figura 14 – SPWM com índice de modulação ma = 0,7: (a) sinal da portadora dente de serra; (b)
primeira parte do sinal de referência; (c) primeira parte do sinal SPWM.
uma senoide, então o duty-cycle do PWM mudará de acordo com os valores desta senoide em
cada instante, como retratado na Figura 12. Neste caso, é dito que foi realizada uma modulação
SPWM e o sinal senoidal pode ser recuperado a partir do sinal modulado por meio de um filtro.
Na Figura 12, o sinal da portadora dente de serra tem uma frequência trinta vezes maior
34
que o sinal de referência. Nesta figura pode-se observar pulsos negativos, o que não é possível
de se realizar com o microcontrolador que será utilizado. Este problema é contornado com a
utilização de dois pinos de saída do microcontrolador. Para isto, é necessário que o sinal de
referência senoidal seja dividido em dois sinais separados, como retratado nas Figuras 14b e 15b.
Na Figura 14b, pode-se observar que o sinal de referência é uma senoide, no intervalo de 0 a 0,5,
e é igual a zero, no intervalo de 0,5 a 1. Na Figura 15b, por outro lado, o sinal de referência é
igual a zero, no intervalo de 0 a 0,5, e é uma senoide deslocada em π radianos no intervalo de
0,5 a 1.
Nesta abordagem, um pino de saída do microcontrolador fornecerá o sinal SPWM
durante o intervalo correspondente à sua primeira parcela, como retratado na Figura 14c, e outro
pino de saída fornecerá o sinal SPWM durante o intervalo correspondente à sua segunda parcela,
como retratado na Figura 15c.
Cada uma dessas parcelas do sinal SWPM é gerada por meio da comparação entre o
sinal da portadora, representada por um contador, e amostras dos sinais de referências retratados
nas Figuras 14b e 15b armazenadas na memória do microcontrolador.
Figura 15 – SPWM com índice de modulação ma = 0,7: (a) sinal da portadora dente de serra; (b)
sinais de referência; (c) saída em cada pino do microcontrolador.
3.5 MICROCONTROLADOR
Figura 17 – Valor médio na saída do retificador para uma potência de saída de 100 W.
A fim de assegurar que uma baixa tensão de ondulação seja fornecida ao inversor, foi
utilizada como filtro na saída do retificador, uma associação de capacitores cuja capacitância
equivalente atingiu um valor de 1020 µF, isso garantiu que mesmo no pior caso, a tensão de
ondulação nunca superasse o valor percentual máximo admitido de 5%.
A Figura 17 apresenta o valor médio de 171 V obtido no barramento CC para uma
potência de saída de 100 W. Por outro lado, a Figura 18, exibe a amplitude da ondulação no
barramento CC para esta mesma potência de saída. Pode-se constatar que para a potência de
saída de 100 W projetada para o conversor, o valor da ondulação máxima é de aproximadamente
4 V. Isso corresponde a uma ondulação de aproximadamente 2,36%, abaixo do valor máximo
estipulado para o projeto de 5%, garantido que a contribuição da ondulação no barramento CC
para o conteúdo harmônico do sinal de saída do inversor seja reduzida.
A Figura 19 exibe o gráfico da ondulação no barramento CC em função da potência
de saída drenada do circuito retificador. É possível observar que com o aumento da potência
de saída, a amplitude da ondulação no barramento aumenta de forma proporcional. Isso ocorre
devido ao fato de que quando essa potência aumenta, a corrente drenada do barramento CC
também aumenta, causando a descarga dos capacitores, que são em seguida recarregados pela
38
7
Tensão de Ondulação (V)
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Potência Ativa de Saída (W)
corrente fornecida pela rede elétrica através da ponte retificadora. Esse processo cíclico de carga
e descarga origina a ondulação no barramento CC.
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Potência Ativa de Entrada (W)
O tempo morto foi implementado no código de forma que possa ser facilmente alterado.
A Figura 22 apresenta uma medida para o caso de um tempo morto configurado para 25 µs. Para
realizar a medição foi utilizada uma saída digital do microcontrolador, que ao início da contagem
do tempo foi colocada em nível alto e ao final da contagem colocada novamente em nível baixo,
permitido a aferição do tempo morto por meio de um osciloscópio.
40
4.3 INVERSOR
Figura 23 – Saída do inversor com barramento CC alimentado com 180 V e controlador ajustado
para frequência fundamental de 60 Hz.
A Figura 24 exibe o espectro do sinal de saída do inversor. Nesta figura fica evidenciada
a componente fundamental do sinal de saída, em 60 Hz, e a frequência de chaveamento, em
torno de 4 kHz. Desta figura pode-se inferir que para recuperar o sinal senoidal cuja frequência
é a frequência fundamental do sinal de saída, basta um filtro passa-baixas cuja frequência de
corte seja muito menor que a frequência de chaveamento e cuja banda passante compreenda
em seu intervalo a frequência fundamental do sinal de saída. A a Figura 25 exibe o espectro do
sinal de saída do inversor com a escala de frequência ajustada para uma melhor visualização da
componente fundamental.
Figura 24 – Espectro do sinal de saída do inversor com escala de frequência em 500 Hz/div.
Para estimar a distorção harmônica total (THD) do sinal de saída do inversor, foram
realizadas medidas das 6 harmônicas de mais baixa ordem desse sinal, além de sua componente
fundamental. Duas razões levaram à escolha destas harmônicas para a realização desta estimativa.
A primeira, consiste no fato de que estas seriam as harmônicas mais relevantes remanescentes
43
após a aplicação, na saída do inversor, de um filtro passa baixas com frequência de corte
menor que a frequência de chaveamento. E a segunda, em razão destas serem harmônicas mais
indesejáveis na maioria das aplicações, como o acionamento de motores de indução, por exemplo.
O resultado obtido mostra que a THD deste sinal é aproximadamente 16,8%. Este
resultado é considerado razoavelmente bom, visto que, para efeitos de comparação, a THD obtida
analiticamente para uma forma de onda quadrada, muito comum em inversores comerciais, é de
aproximadamente 48,3% (BLAGOUCHINE; MOREAU, 2011).
Adicionalmente, a distorção harmônica total poderia ser ainda mais reduzida com a
utilização de um filtro na saída do inversor. Tipicamente, utilizam-se filtros passa-baixas do tipo
LC para este propósito.
140
Potência RMS de Saída (W)
120
100
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Potência RMS de Entrada (W)
5 CONCLUSÃO
A partir do exposto nos parágrafos anteriores, acredita-se que esse trabalho pode ser
estendido e aprimorado de diversos formas sendo utilizado como ponto de partida para diversos
outros trabalhos, dentre os quais elencam-se:
• aplicação de filtros na saída do inversor obtendo-se um inversor de onda senoidal pura;
• substituição do conjunto retificador e filtro por um conversor buck-boost e realização do
controle em malha fechada do nível de tensão de saída;
• controle em malha fechada da frequência do sinal de saída do inversor;
• implementação de circuitos de proteção contra sobrecorrentes, sobretensões, temperatura
e curto-circuito.
REFERÊNCIAS
BLAGOUCHINE, I. V.; MOREAU, E. Analytic method for the computation of the total harmonic
distortion by the cauchy method of residues. IEEE Transactions on Communications, p. 2478–
2491, 2011.
BUSO, S.; MATTAVELLI, P. Digital Control in Power Electroncs. first. [S.l.]: Morgan Clay-
pool, 2006.
VASCA, F.; IANNELLI, L. Dynamics and Control of Switched Electronic Systems. first.
[S.l.]: Springer, 2012.
A A
F1
Fusivel 3A 250VAC
B D1 D2 B
P1 6A10 6A10
Borne 2 polos 10 A
1
2 D3 D4
6A10 6A10
P2
C2 C4 C6 Borne 2 polos 10 A
680uF 680uF 680uF
1
2
C1 C3 C5
680uF 680uF 680uF
D D
TITLE:
Retificador e Filtro REV:
Company:
Figura 27 – Circuito retificador e filtro para alimentação do barramento CC.
Sheet:
Date: Drawn By: Esdras do E. Santo
1 2 3 4 5
46
1 2 3 4 5
+5V ASP
+5V Gravador_USBasp
+5V VCC MISO MISO
GND SCK SCK
GND RST RESET
R1 GND NC
10k GND MOSI MOSI
A A
RESET R2 ADC0
10k
3
4
SW2
SWITCH-6X6X5_TH
1
2
+5V
U1
ATMEGA328P-PU
1 PC6 RESET PC0 ADC0 23
RESET ADC0
PC1 ADC1 24
2 PD0 RXD PC2 ADC2 25
3 PD1 TXD PC3 ADC3 26
SAIDAS_DIGITAIS_AUXILIARES
PC4 ADC4 27 WJ2EDGVC-5.08-3P
X1 +5V 9 PB6 XTAL1 PC5 ADC5 28
16MHZ
XTAL1 10
B XTAL2 PB7 XTAL2 PD2 1 B
XTAL1 XTAL2 DIG2 PD2 4 PD2 PD3 2
7 VCC PWM DIG3 PD3 5 PD3 PD4 3
20 AVCC DIG4 PD4 6
C1 C2 21 PD4
22pF 22pF AREF PWM DIG5 PD5 11
PWM DIG6 PD6 12
C3 DIG7 PD7 13
100nF C4
100nF DIG 8 PB0 14
PWM DIG9 PB1 15
PB1 SPWM
8 GND PWM DIG10 PB2 16 WJ2EDGVC-5.08-2P
17 PB2
PWM DIG11 PB3 MOSI
22 GND DIG12 PB4 18 PB1 1
19 MISO PB2 2
DIG13 PB5 SCK
7 V - 25 V
7 V - 25 V U2 +5V
D1 LM7805EE ALIMENTACAO
Figura 28 – Diagrama do controlador SPWM.
1N4007
APÊNDICE B – CONTROLADOR SPWM
+5V WJ2EDGVC-5.08-3P
IN OUT
1
GND
2
C5 C7 C6 3
47u 47u 100n
D D
TITLE:
Controlador SPWM REV:
Company: Sheet:
Date: Drawn By: Esdras do E. Santo
1 2 3 4 5
47
1 2 3 4 5
C9
+12V +12V C10
A D3 D6 A
33u 1N4937 1N4937 33u
+5V Barramento CC +5V
U1 C1 C2 C4 C3 U2
33u 100n R2 R5 100n 33u
IR2110 IR2110
10 10
9 VDD HO 7 Q1 Q3 7 HO VDD 9
10 HIN VB 6 D1 IRF840 IRF840 D4 6 VB HIN 10
PB1 11 PB2
SD VS 5 1N4148 1N4148 5 VS SD 11
12 R3 CARGA R7
PB2 LIN 1k 1k LIN 12 PB1
NC 14 14 NC
1
2
13 VSS VCC 3 3 VCC VSS 13
4 NC COM 2 2 COM NC 4
8 NC LO 1 1 LO NC 8
R1 R6
10 10
Q2 Q4
D2 IRF840 IRF840 D5
B 1N4148 1N4148 B
R4 R8
1k 1k
GND
BARRAMENTO_CC 1
C8 C5 C7 C6 PB1 1 1 2
1
100n 47u 47u 100n PB2 2 2 3
2
APÊNDICE C – PONTE INVERSORA
D D
TITLE:
Ponte Inversora REV:
Company: Sheet:
Date: Drawn By: Esdras do E. Santo
1 2 3 4 5
48
49