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Parte I
Nota introdutórias
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Apontamentos de Direito Constitucional e Ciência Política – DC e CP
Ciência Política
Como fizemos referência ao “Poder Político” e à “Ciência Política” comecemos por
esclarecer os conceitos de “Poder”, de “Político”, Política, “Facto Político” e de “Poder
Político”.
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POLÍTICO
Para certos autores, Político é sinónimo de Estado, de estadual. Mas nem toda a
actividade desenvolvida no âmbito do estado tem carácter político. Por exemplo, a
actividade jurisdicional – função judicial e mesmo a actividade administrativa não
reconhecida como actividade política. Para outros, o político circunscreve – se ao
domínio da superestrutura jurídico – político do Estado, às relações de poder existentes
numa sociedade, sobretudo ao nível do Parlamento e do Governo – Poder Legislativo e
Poder Executivo, órgãos com poderes de legislar – função legislativa.
É verdade que o Político tende para o estadual, o Estado, mas é mais amplo do que este.
Por exemplo, a actividade dos Partidos Políticos, dos Sindicatos, dos Grupos de
Pressão, etc., são do âmbito político.
Política
Acepções ou sentidos do vocábulo Política:
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Poder Político
O poder político é “uma autoridade de domínio, uma autoridade que impõe obediência a
quantos pertencem à sociedade política, constrangendo – os à observância de normas
jurídicas e quebrando resistências eventuais” ou mais resumidamente, é uma autoridade
de domínio que impõe obediência a todos quantos pertençam à sociedade política.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o Poder Político é um “poder de injunção dotado de
coercibilidade material” ou seja, “um poder de natureza vinculativa marcado pela
susceptibilidade, quer do uso da força física quer da supressão, não resistível, de
recursos vitais” – pressão material.
O poder político é, normalmente, exercido por entidades que são criadas no âmbito do
Estado ou com a sua participação (Autarquias Locais, Organizações Internacionais, etc.)
O poder político poder ser exercido a três níveis:
a) O Poder político estadual: exercido pelo Estado;
b) O Poder político infra – estadual: exercido pelas autarquias Locais;
c) O Poder político supra – estadual – exercida pelas Organizações Internacionais.
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Ciência Política é a ciência do poder, não de todas as formas de poder, apenas do poder
político, mas de todo o poder político em todas as suas formas. É a disciplina que “
estuda os problemas do estado e do poder político na actualidade através da observação
dos factos e da sua explicação racional mediante conceitos.” [CITATION Dio10 \p 33 \l 2070
]. É a disciplina que “estuda o facto político na actualidade através da sua observação e
subsequente conceptualização”[ CITATION Mar78 \l 2070 ] . É a disciplina que estuda,
ordena, sistematiza e dá a conhecer a realidade Política, os fenómenos políticos (aqueles
que propõem uma relação de poder, uma relação entre governante e governados)
Objecto de estudo
A Ciência Política tem por objecto “o estudo do facto político, isto é, todo o facto
social relacionando com o acesso, a titularidade, o exercício e o controlo do poder
político”[CITATION Sou84 \p 1188 \l 2070 ] . A Ciência Política estuda o fenómeno político
em si, as estruturas governativas e as estruturas de participação política, os sistemas de
poder. O objecto da Ciência Política é o poder político, são o Estado e as relações
políticas de poder, é o facto político. O Estado é o objecto de estudo mais importante do
poder político mas não o único. Existe também Poder político em sociedades pré –
estaduais e infra – estaduais, bem como na comunidade Internacional.
a) UNESCO
Teoria Política; Instituições Políticas; Partidos; Grupos e Associação; Opinião
Pública e Relações Internacionais.
b) APSA (American Political Science Association)
Teoria e Filosofia Políticas; Partidos Políticos; Opinião Pública; Grupos de
Pressão; Poder Legislativo; Direito Constitucional; Direito Administrativo;
Administração Pública; Economia Política; Direito e Relações Internacionais e
Instituições Políticas Comparadas.
c) Universidade Portuguesas
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Direito Constitucional
Definição, objecto e características
Objecto
O Direito Constitucional tem por objecto o “ estatuto jurídico do político” , ou seja, o
estudo das normas (regras e princípios) patentes nas Constituições (estudo da ordem
jurídica estadual), do Estado enquanto poder) mas também do Estado – Comunidade
(Direitos dos cidadãos perante o poder/Direitos Fundamentais e Direitos económicos,
sociais e culturais).
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Apontamentos de Direito Constitucional e Ciência Política – DC e CP
Direito Político
As normas constitucionais incidem com destaque sobre o Estado, o político. O Direito
Constitucional é o estatuto do político, o seu estatuto jurídico: estabelece
nomeadamente:
a) Os princípios constitucionais estruturantes (Princípio do estado de Direito,
Princípio Democrático, etc.)
b) A forma e a estrutura do Estado e do Governo;
c) A competência constitucional dos órgãos do poder político e
d) As formas e processos fundamentais da formação da vontade política.
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O Direito Constitucional
Direito Constitucional – é o conjunto de normas jurídicas que regulam a estrutura do
estado, que designam as suas funções e definem as atribuições e os limites dos órgãos
do poder político. O direito público é o que disciplina e tutela directamente o interesse
púbico, embora indirectamente e, em segundo plano, possa titular interesses
particulares. O direito privado é o que disciplina e tutela fundamentalmente interesses
particulares, embora, em segundo plano, possa igualmente condicionar o interesse
público.
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“É o que tem por objecto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição
concreta, de um Estado determinado… ex.: Direito Constitucional angolano, brasileiro,
francês, inglês, mexicano, etc. de acordo com as respectivas Constituições)” [CITATION Sil
\p 35 \l 2070 ]. Hoje, fala – se também no Direito Constitucional Comunitário Interno ou
de Integração como o conjunto das normas constitucionais que recebem na ordem
interna de um Estado ou estabelecem regras relacionadas com uma organização supra-
estadual regional (ex.: União Africana, SADC, União Europeia, etc.), a par do Direito
Constitucional Comunitário Institucional. Este último consistiria no conjunto de normas
reguladoras da organização, da competência e do funcionamento dos órgãos e das
instituições de determinada organização supra – estadual regional (ex.: o tratado
constitutivo da SADC ou da União Europeia, os correspondentes Estatutos ou
Constituições, a regulamentação sobre a Presidência, o Parlamento, o Conselho de
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Apontamentos de Direito Constitucional e Ciência Política – DC e CP
Ministro, Tribunal, os parceiros não – estatais, etc.). Num sentido mais alargado, poder
– se – á fixar a distinção ou a dicotomia paralela entre Direito Constitucional Interno e
Direito Constitucional Internacional na perspectiva e hipótese de aceitação da
emergência de um Constitucionalismo Internacional ou Global a par de um
Constitucionalismo Interno ou Nacional.[ CITATION Adé \l 2070 ]
O Direito Constitucional determina o rumo a ser seguido pelo Direito Administrativo,
sendo este um ramo do Direito Público que rege a estrutura e a acção da Administração
Pública (o Poder Executivo). É hoje por vezes difícil traçar com nitidez as fronteiras
entre ambas as disciplinas.
O Direito estatal, o Direito do Estado e o Direito Político são expressões e conceitos
muitas vezes utilizadas como sinónimo.[CITATION Mir \p 14 \l 2070 ] Ao Direito
Constitucional “ chama – se também Direito Político por essas serem normas que
reportam, específica e directamente ao Estado e que constituem o estatuto jurídico do
estado ou do político, que exprimem um particular relacionamento entre e instância
política e instância jurídica das relações humanas”[CITATION Mir \p 14 \l 2070 ] Outras
vezes, visa – se com esse conceito referir o direito do Estado – poder por oposição ao
Estado – comunidade.
Fala – se em Direito Estatal ou Direito do Estado, essencialmente, a propósito do ensino
do Direito constitucional na Alemanha. O Direito do Estado “… estuda o complexo de
normas de direito público respeitante os princípios estruturantes do Estado, à sua
organização e funcionamento e às relações fundamentais entre o Estado e os
Cidadãos”[CITATION Can03 \p 163 \l 2070 ] Estuda igualmente questões de política,
sociologia, história, etc., incluindo normas constantes de diplomas legais como a Lei
eleitoral, a Lei da Nacionalidade, os regimentos parlamentares e Leis sobre a
organização do Governo. O Direito do estado estuda pois as normas materialmente
constitucionais (Direito Constitucional material) e não apenas as normas constitucionais
em sentido formal (Direito constitucional Formal). De igual modo, é sobretudo na
Alemanha que a Teoria do Estado ou Teoria Geral do Estado é ensinada como disciplina
autónoma. A Teoria Geral do estado é uma ciência que tem por objecto “ a unificação do
conhecimento sobre o Estado…” e que fornece ao Direito Constitucional dados sobre
problemas capitais como o do reflexo das ideias políticos sobre o funcionamento dos
sistemas do Governo.[CITATION Fil \p 19 \l 2070 ]
É a disciplina que estuda (cientificamente) o estado numa perspectiva próxima da do
Direito mas não normativas e se ocupa de definir o conceito de Estado, seus elementos,
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formas, fins, funções, órgãos e poderes, bem como a tipologia dos regimes políticos e os
sistemas de governo.[CITATION Mar \p 189 \l 2070 ] Visa o Estado em si, a sua realidade
política e social ou apenas a sua construção jurídica, mas de certo tipo de Estado e não
um Estado, em concreto, para uns autores[CITATION Mir \p 24 \l 2070 ] ou exactamente a “
exposição sistemática de uma ordem jurídica – estatal concreta, a interpretação
ordenada de uma determinada realidade política”, para outros. [ CITATION Adé \l 2070 ]
Mas não é tudo. É comum, por exemplo, fazer – se alusão à distinção entre Direito
Constitucional Material e Direito Constitucional Formal, a qual corresponde a distinção
entre Constituição Material e Constituição Formal a respeito das Constituições Escritas
e, sobretudo rígidas, como já se referiu atrás. Por outro lado, e para além das já
referidas, deve – se assinalar que o Direito Constitucional tem relações com outras
ciências sociais do Direito Constitucional, a Ciência Política, a Sociologia do Direito
Constitucional, a Ciência Política Comparada e História Política Comparada, a História
Constitucional Comparada ou ainda a Economia e a Filosofia.
Destas, importa destacar a Ciência Política cujo estudo se remete para a matéria
correspondente constante da parte inicial dos presentes Apontamentos. Mas não sem
antes se clarificar que a Sociologia Política[CITATION Mar \p 189 \l 2070 ]. É a ciência
social que resulta da aplicação dos métodos próprios da Sociologia ao estudo dos
fenómenos políticos e que a par da Teoria Geral do Estado, constituem a ossatura da
Ciência Política.
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