Marcílio Rodrigues de OLIVEIRA

Augusto CésarISSN 1516-6503

Barreto ROCHA
eISSN 2316-3402

A EFICÁCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA NA REGIÃO

METROPOLITANA DA CIDADE DE MANAUS
THE EFFECTIVENESS OF PUBLIC SAFETY POLICY IN THE METROPOLITAN REGION OF MANAUS CITY

Marcílio Rodrigues de OLIVEIRA

Universidade Federal do Amazonas (UFA)
marcilio.uea@hotmail.com

Augusto César Barreto ROCHA

Universidade Federal do Amazonas (UFA)
augusto@ufam.edu.br

Recebido em 06/2014 – Aprovado em 11/2014

Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar se o aumento dos investimentos econômico-financeiros pela
Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas tornou a instituição Polícia Militar mais eficaz no
combate à criminalidade. Utilizando indicadores simples de coleta de dados para mensuração de políticas
públicas. A estratégia de desenvolvimento do trabalho caracteriza-se como uma pesquisa explicativa, de
análise documental e de campo. Onde se analisou os números de registros de ocorrências de crimes no
período de 2009 a 2012, na Região Metropolitana da cidade de Manaus. O resultado da pesquisa aponta
que nesse período há eficácia da Polícia Militar no combate à criminalidade na região metropolitana da
cidade de Manaus. O estudo observou que essa eficácia melhorou após a implantação do programa “Ronda
no Bairro”, devido o aumento do policiamento ostensivo na área da região metropolitana de Manaus.
Palavras-Chave: Gestão Pública, Políticas Públicas de Segurança, Região Metropolitana de Manaus.

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A EFICÁCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA NA REGIÃO
METROPOLITANA DA CIDADE DE MANAUS
Abstract
This article aims to examine whether increased
economic and financial investment by the
Department of Public Safety of the State of
Amazonas made the institution more effective
military police in fighting crime. Using simple
indicators to collect data to measure public
policies. The development strategy of the work is
characterized as an explanatory research,
document analysis and field. Which examined the
record numbers of occurrences of crimes in the
period 2009 the 2012, in the Metropolitan Region
of Manaus. The research result shows that in this
period there effectiveness of military police in
combating crime in the metropolitan area of the
city of Manaus. The study noted that efficacy
improved after the implementation of the "Round
the Neighborhood" program, due to the increased
patrolling in the area of the metropolitan region
of Manaus.
Keywords: Public Management, Public Security
Policies, Metropolitan Region of Manaus.
1 INTRODUÇÃO
O cenário de incerteza apresentado na última
década em todo o mundo, mormente no que
tange a economia dos países. Mostra a grande
dificuldade que os governantes têm em atender
as demandas interna com suas políticas públicas.
Esse problema traz a baila questionamentos
sobre a aplicação dos recursos públicos em
políticas públicas de atendimento às principais
demandas sociais, tais como educação, saúde e
segurança. Exigindo cada vez mais por parte dos
gestores o conhecimento de ferramentas, que
possam contribuir para uma tomada de decisão
mais eficaz.
Constitucionalmente a segurança pública, tem um
percentual mínimo no orçamento para o
atendimento de suas demandas, sendo um dos
mais importantes. Entretanto, é necessário
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analisarmos se: Esses investimentos são
realmente eficazes? Se atendem
verdadeiramente seus objetivos?
Para termos uma resposta para tal
questionamento, desenvolveu-se este estudo
com o objetivo de analisar se o aumento dos
investimentos econômico-financeiros pela
Secretaria de Segurança Pública do Estado do
Amazonas tornou a instituição Polícia Militar,
mais eficaz no combate a criminalidade.
Buscando comparar os dados apresentados nos
relatórios anuais de criminologia da instituição do
ano de 2009 a 2012.
Nesse período deu-se a criação da Região
Metropolitana da cidade de Manaus, ao mesmo
tempo em que houve um grande aumento
populacional, que contribuíram para o
crescimento significativo da criminalidade,
mormente nas áreas periféricas, fruto de um
crescimento desordenado das cidades, onde a
falta de um planejamento urbano, de
oportunidades de estudos, de emprego, de
moradia, deixaram os jovens ociosos, a mercê do
crime organizado que se instalou nesses locais,
ocupando muitas vezes o papel que deveria ser
exercido pelo Estado. (SOARES, 2007),
(BALLESTEROS, 2012).
ZALUAR (2007), em seus estudos, aponta que os
locais que mais ocorrem a violência no Brasil são
as periferias das grandes cidades, onde segundo a
autora o Estado está mais ausente.
E que somente uma política de integração com a
comunidade poderá dar início a esse processo de
integração e assistência por parte do Estado aos
menos favorecidos. Daí um dos fundamentos
para o Estado, criar políticas públicas para o
atendimento dessas necessidades.
Notícias são vinculadas constantemente sobre os
desafios que a gestão pública tem para resolver
os problemas da sociedade. Na cidade de Manaus

Estado do Amazonas, o problema da segurança
pública não diverge dos demais estados
brasileiros. Problemas estruturais, de pessoal,
materiais, são evidentes nesse contexto, para
uma cidade que tem uma população que cresce a
cada ano mais do que a maioria das cidades
brasileiras.
Isso exige maiores investimentos, e melhor
gestão dos recursos públicos, por parte dos
órgãos administrativos do Estado, sobre tudo, do
executivo, que é o principal responsável de
atender às demandas sociais, através das políticas
públicas de segurança (PEREIRA, 2009).
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do
Estado do Amazonas (SSP-AM). A partir do ano de
2011 foi implantado no Estado, através de uma
parceria com o Governo Federal, a Política de
Polícia Comunitária, com o objetivo de combater
a criminalidade e também aproximar a polícia do
cidadão.
Essa política recebeu o nome de “Ronda no
Bairro”, o qual demandou um investimento
significativo em estrutura física, construção de
novas Delegacias Integradas de Policias, (DIP)
material bélico, (armamentos, coletes balísticos,
etc.), viaturas de duas e quatro rodas, além de
uma seleção através de concursos públicos de
novos policiais militares, entre eles alunos
soldados e alunos oficiais, atendendo a política
nacional de segurança pública, com objetivo de
combater com mais eficácia a criminalidade no
Estado do Amazonas.
Nesse contexto analisou-se neste estudo, se os
aumentos dos investimentos econômico-
financeiros em segurança pública no estado do
Amazonas contribuíram para eficácia da Polícia
Militar e dessa política na região metropolitana
da cidade de Manaus, sendo que um dos
objetivos dessa política foi o da diminuição da
criminalidade.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A GESTÃO PÚBLICA GERENCIAL E A REFORMA
ADMINISTRATIVA
As características da nova administração pública
nos mostra as transformações e reformas que o
novo modelo gerencial conseguiu implantar a
partir do ano de 1995 no estado brasileiro.
Segundo Bresser Pereira (1996), esse novo
modelo gerencial implantado no Brasil, encontra
suas raízes no modelo gerencial dos anos 60, nos
países desenvolvidos como a Inglaterra e Estados
Unidos. E traz como referência a ideia de
transferir maior autonomia e responsabilidade
aos administradores públicos.
No Brasil ficou conhecida como a segunda
Reforma Administrativa, em substituição a
Reforma Burocrática. Sua principal ênfase foi
priorizar o atendimento ao cidadão, tendo como
base o uso de novas ferramentas administrativas,
mormente trazidas da administração privada,
com enfoque na busca dos resultados.
A partir de então vem crescendo dentro das
sociedades democráticas, avançadas e
emergentes as demandas por melhor uso do
dinheiro público arrecadado pelo governo, onde a
eficácia, eficiência e efetividade, devem nortear a
execução das políticas públicas.
Catelli e Santos (2004), Bresser Pereira, (1998) e
Pereira (2009), contribuem com seus estudos
afirmando que a postura do governo
empreendedor, voltado para o cidadão como
cliente, busca padrões otimizadores de eficiência
e eficácia numa gestão pública por resultados,
orientada por processos de avaliação contínua e
de legitimação pela sociedade.
Pereira, (2008), observa que o processo de
desenvolvimento da gestão pública brasileira,
tem seu divisor a partir da década de 1980, com a
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administração burocrática, clássica e tradicional, estabelecidos pelos gestores. É deixar explícitos

dando vez para uma nova forma de
administração, a gestão pública gerencial. Está
apoiada na denominada (middle-range theory), e
foi estimulada pela necessidade de encontrar
respostas para problemas como: eficiência,
eficácia, efetividade, legitimidade democrática,
impacto das tecnologias da informação na
administração, entre outros e por avanços em
uma série de disciplinas ligadas à teoria
organizacional, como a ciência política e
economia (neo-institucionalismo e public choice),
buscando segundo o autor abarcar todas as
informações sobre o modelo de administração
pública dos mais diferentes países do mundo.
Para Catelli e Santos (2004), esse novo modelo de
gestão pública, busca padrões de governo
empreendedor, voltado para o cidadão como
cliente, além de buscar otimizar a eficiência e
eficácia e sobretudo a ética e transparência na
gestão dos recursos públicos com
Responsabilidade Fiscal.
Castro (2006), em seu estudo, faz uma breve
comparação entre eficiência e eficácia. Para o
autor há duas formas de conceituar as palavras, a
primeira pode ser analisada com enfoque
gerencial empresarial onde a eficiência é uma
medida normativa da utilização dos recursos
nesse processo.
Segundo Castro (2006). A eficiência é uma relação
entre custos e benefícios. Assim, a eficiência está
voltada para a melhor maneira pela qual as coisas
devem ser feitas ou executadas (métodos), a fim
de que os recursos sejam aplicados da forma mais
racional possível. Já a eficácia seria uma medida
normativa de alcance dos resultados. (CASTRO,
2006).
Já na segunda análise, com uma visão voltada a
gestão pública. O autor descreve a eficiência no
serviço público como sendo mais importante do
que, o simples alcance dos objetivos
como esses objetivos foram alcançados. Isso
significa que o gestor deverá fazer uma análise
sobre o bom uso dos recursos públicos e a relação
custo benefício.
Existe claramente a preocupação com os
mecanismos utilizados para obtenção do êxito da
ação estatal. É preciso buscar os meios mais
econômicos e viáveis, utilizando a racionalidade
econômica que busca maximizar os resultados e
minimizar os custos, ou seja, fazer o melhor com
menores custos, gastando com inteligência os
recursos pagos pelo contribuinte.
Já a Eficácia é basicamente, o atingimento dos
objetivos desejados por determinada ação
estatal, pouco se importando com os meios e
mecanismos utilizados para atingir tais objetivos.
(CASTRO, 2006).
Nota-se, no entanto, que cabe aos gestores de
cada órgão público, o papel de dirigir a execução
das políticas públicas, de maneira que estas
possam atingir seus objetivos propostos, mas
para isso, é preciso que se faça uso de mecanismo
de avaliação e controle, para se verificar se aquilo
que foi planejado está sendo alcançado, ou não,
isso fará com que o gestor analise melhor o
contexto e tome decisões mais acertadas.
2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA NO
BRASIL
A partir da década de 1990 no Brasil, passaram a
se desenvolver políticas públicas que buscavam
sistematizar a segurança pública no estado
brasileiro. Com objetivo de combater de maneira
eficaz a criminalidade em todo território nacional.
Segundo Moraes (2013), nessa década os índices
de criminalidade no Brasil, começaram a atingir
índices alarmantes, sobretudo nas regiões
metropolitanas.

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As questões de violência, sempre foram capas de
jornais, de programas televisivos e noticiários.
Logo, portanto, começou a ocupar lugar de
destaque nas agendas políticas de governos tanto
na esfera federal, estadual e municipal. Com isso
a segurança pública converte-se em questão
prioritária assumida nos últimos anos pela
segurança pública na agenda política.
O problema de criminalidade envolvem todos os
entes federativos, na busca de garantir controle e
a paz social. Moraes (2013) comenta que “os
eleitores não querem mais saber se o problema é
federal, estadual ou municipal. Querem soluções.
Desejam respostas e propostas viáveis, práticas e
urgentes”.
Observa-se que a desconstitucionalização das
polícias a partir da Constituição Federal de 1988,
coube aos Estados Federados, ao Distrito Federal
e até mesmo aos Municípios, (que podem criar
suas guardas municipais), instituírem suas forças
policiais. Mas a resposta ao problema da
criminalidade crescente ainda tem sido
exclusivamente dos estados, através das suas
policias civil e militar (MORAES, 2013; LYRA,
2009).
Quanto ao combate a criminalidade existe
diversas formas de o estado exercer seu poder de
polícia. Uma delas é através das políticas públicas,
no atendimento a segurança aos seus cidadãos.
Sabe-se que é praticamente impossível, se
combater a violência e a criminalidade sozinha
sem parceria ou sem um conjunto de políticas
sociais que busquem integrar e sistematizar o
combate a esse grande mal social, que assola a
sociedade.
Foi no governo de Fernando Henrique Cardoso
(FHC), na década de 90, que surgiu o primeiro
Plano Nacional de Segurança Pública, que buscava
integrar as ações de segurança dos governos
estaduais sistematicamente, essa política
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nacional, passou a ser desenvolvida pelo novo
órgão criado para a pasta, denominado de
Secretaria Nacional de Segurança Pública,
(SENASP). Porém, por motivos políticos, como
afirma Soares (2007), não atingiu seus objetivos.
Soares (2007) destaca ainda, que foi à criação de
uma política pontual de repasses de verbas aos
estados da federação, porém, suas ações
redundou em dificuldade de foco e ausência de
coordenação, o que dificultou a eficácia da
implementação do plano.
Assim, as expectativas da comunidade epistêmica
de Segurança Pública com o sucesso do plano,
contrastaram com problemas como
“desentendimentos políticos-institucionais e
pressão econômica e eleitoral”, que colocaram o
plano em nível de baixa prioridade, (SOARES,
2007).
Já em 2002 no primeiro governo de Luiz Inácio
Lula da Silva, procurou-se dar continuidade a uma
política nacional de segurança pública. Agora com
Sistema Único de Segurança Pública, (SUSP).
O SUSP apresentou avanços no sentido da
modernização do combate ao crime, da maior
participação da sociedade na discussão das
questões concernentes à segurança, por meio da
realização de Conferências, além da criação da
Força Nacional de Segurança, com a seleção de
policiais de todos os estados federados para
integra-lo, dentre diversas outras ações.
Segundo Lima (2013), a proposta do sistema era
articular as ações federais, estaduais e municipais
na área da Segurança Pública e da Justiça
Criminal, associando integração federativa com
autonomia dos órgãos de Segurança Pública. Em
consonância com essa ideia foram propostos aos
Gabinetes de Gestão Integrada (GGI), que em
cada Estado trabalhariam a integração das
diferentes polícias e apoiariam o planejamento e
monitoramento de projetos.
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METROPOLITANA DA CIDADE DE MANAUS
A partir de então, todos os estados da federação
passaram a desenvolver, políticas públicas
sistêmicas, onde o governo federal traça as metas
e as polícias militares estaduais, executam as
ações.
Cria-se o Sistema de Segurança Pública do Brasil,
financiado pelo governo federal em parceria com
os estados, que entram com uma contra partida
financeira, para o desenvolvimento de políticas
públicas de combate a criminalidade.
No Estado do Amazonas, no ano de 2007 houve
um ensaio de implantação da política pública de
segurança desenvolvida em parceria com o
Governo Federal, foi criada a Polícia Comunitária,
que tinha como proposta desenvolver uma
política de aproximação com a comunidade e
integração entre as polícias Civil e Militar para o
seu desenvolvimento, fato que de início acabou
não dando certo.
Pelos mesmos motivos, já apresentados que
ocorreram no governo de FHC e sua política para
a segurança pública.
Grandes investimentos foram feito
principalmente na construção das Delegacias
Integradas de Policias, os DIP, onde ficariam
trabalhando, dentro da mesma estrutura polícia
civil e militar.
O objetivo do programa era dar mais eficiência
aos atendimentos das ocorrências, tornando
assim, a polícia mais presente e próxima da
comunidade.
Como essa política tinha como as demais políticas
públicas desenvolvidas uma proposta de governo
e não de estado, não demorou muito para ter seu
fim, como política pública. Passando a ser
novamente retomada no ano de 2011, guiada
pela Política Nacional de Segurança Pública, com
objetivo de integrar a polícia com a comunidade.
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2.3 O PROGRAMA RONDA NOS BAIRROS, UM
MODELO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA
Segundo a SSPAM, em seu Anuário Estatístico de
Segurança Pública (2012), o programa Ronda nos
Bairros foi precedido de uma série de estudos e
providências, com destaque para várias reuniões
realizadas pelas autoridades da Segurança Pública
com as comunidades das seis zonas geográficas
da cidade de Manaus.
Líderes comunitários e religiosos, estudantes,
comerciantes, empresários e moradores puderam
sugerir, criticar, opinar, expor problemas, debater
e ajudar a criar esse plano, concebido para ser
realizado em estreita parceria do cidadão com o
policial.
No ano de 2011, com todos os problemas
causados pela criminalidade que assustava na
cidade de Manaus, pelos autos índices de
violência registrados foi retomada a proposta de
desenvolver novamente a polícia comunitária.
A região metropolitana de Manaus retoma sua
política de policiamento comunitário, agora de
forma mais planejada, orientada pela própria
política nacional de segurança pública, cria o
Policiamento Ronda nos Bairros, objeto de estudo
desta pesquisa.
Por se tratar de uma política pública de
segurança, procurou-se analisar se o aumento dos
investimentos econômico-financeiros pela
Secretaria de Segurança Pública do Estado do
Amazonas tornou a instituição Polícia Militar mais
eficaz no combate à criminalidade, usando como
ferramenta, indicadores simples de mensuração
de políticas públicas.

3 METODOLOGIA
Com o objetivo de analisar se o aumento dos
investimentos econômico-financeiros pela
Secretaria de Segurança Pública do Estado do
Amazonas tornou a instituição Polícia Militar mais
eficaz no combate à criminalidade, com uso de
indicadores simples de mensuração de políticas
públicas.
Utilizou-se a seguinte metodologia de pesquisa.
Quanto a sua natureza ela é uma pesquisa
qualitativa. Para Creswell (2010, p. 26) e Hair Jr.
et al. (2010, p.107). A pesquisa qualitativa é um
meio para explorar e para entender o significado
que os indivíduos ou os grupos atribuem a um
problema social ou humano.
O processo de pesquisa envolve as questões e os
procedimentos que emergem os dados
tipicamente coletados no ambiente do
participante, ou seja, nas delegacias de polícia,
onde são feitos os registros de ocorrências. A
análise dos dados indutivamente construída a
partir das particularidades para os temas gerais e
as interpretações feitas pelo pesquisador acerca
do significado dos dados.
Quanto aos fins e aos meios a pesquisa
caracteriza-se como explicativa, documental e de
campo. Para Vergara (2005) e Severino (2007), a
pesquisa explicativa é aquela que, além de
registrar e analisar os fenômenos estudados
busca identificar suas causas, seja através da
aplicação do método experimental matemático,
seja através da interpretação possibilitada pelos
métodos qualitativos.
A pesquisa documental é aquela realizada em
documentos conservados no interior de órgãos
públicos e, privados de qualquer natureza, ou
com pessoas, registros, anais, regulamentos,
circulares, ofícios etc. Já a pesquisa de campo é a
investigação empírica realizada no local onde
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ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe
de elementos para explicá-lo.
3.1 DA COLETA DOS DADOS
Para a coleta dos dados desta pesquisa, valeu-se
das analises documentais existente na Secretaria
de Segurança Pública do Estado do Amazonas,
dados do relatório anual de criminalidade do ano
de 2012 e a pesquisa “in loco”, nas delegacias de
polícia das seis zonas administrativas dentro da
região metropolitana da cidade de Manaus, onde
foram implantados os 30 (trinta), DPI do
programa Ronda nos Bairros, para a coleta de
informações, sobre o número de ocorrências
registradas nesses órgãos no período que
compreende os anos de 2011 e 2012. O número
de DPI caracteriza o tamanho da amostra da
pesquisa.
Quanto às dificuldades encontradas nas
pesquisas, destaca-se a falta de organização dos
dados nas delegacias, que registram os números
de ocorrências e principalmente pela não
informatização do sistema que demonstre
fielmente todos os dados registrados no decorrer
do ano, pois ainda são utilizados documentos em
registros de papeis, do tipo arquivo morto, de má
qualidade de armazenamento de informações.
Isso causa uma grande dificuldade na hora da
coleta para análise dos dados.
Já na SSPAM, os dados estão disponíveis em seu
primeiro relatório anual de ocorrências que data
do ano de 2012, também com poucas bases de
estudos e pesquisas na área de segurança pública,
pois seus métodos de analises criminais, também
são orientados, pela coleta de informações, dos
órgãos de inteligências da secretaria, assim como,
das ocorrências registradas nas delegacias, em
cada zona da cidade de Manaus.
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3.2 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Segundo Costa e Castanhar (2003), no Brasil a
administração pública nunca se preocupou em
avaliar os programas públicos em geral e
programas sociais em particular. Nota-se que a
análise está mais volta para o processo de
formulação, e já mais para implantação e
avaliação das políticas públicas.
No entanto, com as grandes transformações
ocorridas na sociedade moderna e com a quebra
de paradigmas institucionais, começa a surgir
uma necessidade de avaliar a eficiência dessas
políticas, onde as demandas estão crescendo e os
recursos para atendê-las, são cada vez mais
escassos.
Costa e Castanhar (2003) demonstram os meios
pelas quais as políticas públicas passaram a ser
analisadas, apresentando um arcabouço teórico e
metodologias de avaliação das políticas no
contexto da administração pública.
Comentam os autores que o conhecimento das
diversas opções teóricas pelos gestores públicos
lhes ajuda nas tomadas de decisões em todas as
etapas do processo, para cada programa
desenvolvido. Porém, o difícil é compreender os
critérios de avaliação dessas políticas, pela falta
de consenso dos estudiosos sobre os arcabouços
teóricos.
Em concomitância com essa necessidade de
buscar um conceito para o que seja avaliação de
desempenho no setor público, os autores
comentam que há um consenso para tal.
Apresentam um exemplo da UNICEF que data de
1990, onde diz que a avaliação trata-se do exame
sistemático e objetivo de um projeto ou
programa, finalizado ou em curso, que contemple
o seu desempenho, implementação e resultados,
com vistas à determinação de sua eficiência,
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eficácia e efetividade, impacto, sustentabilidade e
a relevância de seus objetivos.
Segundo os autores o propósito da avaliação é
guiar os tomadores de decisão, orientando-os
quanto à continuidade, necessidade de correções
ou mesmo suspensão de uma determinada
política ou programa (COSTA e CASTANHAR,
2003).
Porém, quando se trata de critérios dessa
avaliação o consenso se encerra, comentam os
autores, dando lugar ao que eles chamam de
emaranhado conceitual, que representa um
obstáculo ao uso mais frequente dessa
ferramenta gerencial no setor público.
Esse emaranhado citado pelos autores refere-se
aos tipos de indicadores existentes para analise e
avaliação de políticas públicas, não
determinando, por exemplo, o que possa ter
melhor uso nesse contexto.
Por entanto, os autores apresentam ainda outros
indicadores além da avaliação de desempenho no
setor público. Tais como:
• Eficiência: termo originado nas ciências
econômicas que significa a menor relação
custo/benefício possível para o alcance dos
objetivos estabelecidos no programa;
• Eficácia: medida do grau em que o programa
atinge os seus objetivos e metas; impacto (ou
efetividade) indica se o projeto tem efeitos
(positivos) no ambiente externo em que interveio
em termos técnicos, econômicos, socioculturais,
institucionais e ambientais;
• Sustentabilidade: mede a capacidade de
continuidade dos efeitos benéficos alcançados
através do programa social, após o seu término;
• Análise custo-efetividade: similar à ideia de
custo de oportunidade e ao conceito de
pertinência; é feita a comparação de formas
alternativas da ação social para a obtenção de

determinados impactos, para ser selecionada
aquela atividade/projeto que atenda os objetivos
com o menor custo;
• Satisfação do beneficiário: avalia a atitude do
usuário em relação à qualidade do atendimento
que está obtendo do programa;
• Equidade: procura avaliar o grau em que os
benefícios de um programa estão sendo
distribuídos de maneira justa e compatível com as
necessidades do usuário.
Essas formas quando utilizadas necessitam de
indicadores e quantificação dos resultados
obtidos, dependendo da área e do propósito da
avaliação.
Costa e Castanhar (2003), ainda mostram outro
exemplo de indicadores. Os autores citam
Schwartzman (1994), que propôs três sistemas de
indicadores para as universidades brasileiras.
Sendo eles:
a) Indicadores Simples: definidos como aqueles
que são expressos em termos absolutos (número
de professores, área construída etc.);
b) Indicadores de desempenho: que requerem
um padrão ou um objetivo para comparação e
são relativos (custo por aluno, relação
aluno/professor etc.);
c) Indicadores Gerais: aqueles que são gerados
fora da instituição (ou programa), com base em
estatísticas gerais ou em opiniões de
especialistas.
Portanto, se valeu para esta pesquisa da
avaliação da eficácia das políticas públicas de
segurança na região metropolitana da cidade de
Manaus, do uso de Indicadores Simples, para
análise do número de ocorrências no período de
2009 a 2012 na cidade de Manaus.
Os números apresentados nesta pesquisa são
equivalentes à amostra somente dos números
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absolutos das ocorrências dos crimes na Região
Metropolitana da cidade de Manaus. Nesse
contexto geral de análise, as ocorrências não
foram divididas por DIP, nem por zonas
administrativas, e sim o contexto geral de
ocorrências.
Coube somente no primeiro momento analisar os
números absolutos de ocorrências no decorrer
dos anos de 2011 e 2012, para saber se elas
aumentaram ou diminuíram. É nesse período de
dois anos, que foi implantado na cidade de
Manaus o Programa Ronda no Bairro da Polícia
Militar, onde houve um aumento significativo de
investimentos econômico-financeiros por parte
do governo do estado.
Para fazermos uma breve comparação dos
números de ocorrências, foram feitas análises nos
dois anos anteriores a essa política para
comparação, qual seja 2009 e 2010, daí chegou-se
à conclusão do seguinte: Comparando os anos de
2009 e 2010, com os números de registros de
ocorrências dos anos de 2011 e 2012, para
obtermos o resultado, se positivo ou negativo,
visando responder o principal objetivo deste
estudo. Negativo, (não há eficácia), significa que
os índices de ocorrências deveriam ter caído nos
anos de 2011 e 2012. Comparando com os dois
anos anteriores. Se Positivo, (há eficácia) o
número de ocorrências aumentaram, nos anos de
2011 e 2012, posteriores a implantação do
programa Ronda nos Bairros.
O quadro 1 demonstra os números de
ocorrências, registradas no período analisado.
Foram utilizados os números absolutos de 12
naturezas de crimes, agregadas a duas categorias.
a) Infrações Penais: Corresponde aos Crimes de
Homicídios Dolosos (tentado e consumado),
Roubo seguido de morte (latrocínio), Lesão
Corporal Dolosa, Violência Doméstica, Estupro,
Roubo e Furto.
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METROPOLITANA DA CIDADE DE MANAUS

b) Produtividade: Compreendem as naturezas eficácia do policiamento na cidade de Manaus.

Tráfico de Entorpecentes, Porte/Posse/Uso de
Justifica-se que com o aumento de policiamento
Entorpecentes, Armas de fogo apreendidas e
nas ruas, e com a participação da sociedade
Localização de Veículos. A análise do quadro 1,
denunciando crimes, os índices de ocorrências
demonstra que no decorrer dos anos entre 2009
aumentariam, um aspecto importante observado
a 2012, o número de ocorrências aumentaram
foram os números de denúncias feitas aos
sendo que nos dois primeiros biênios o número
telefones 190, e das viaturas do Ronda no Bairro,
total de ocorrências foram de 158.200
que atualmente possuem uma linha direta, para
ocorrências, já no segundo biênio o número de
que os cidadãos possam denunciar os crimes, e
ocorrências foram de 179.581 ocorrências, um
assim tornando o atendimento mais eficiente
aumento no número de registros de 21.381
com menor tempo de locomoção.
ocorrências.
No quadro 2, observa-se que no decorrer do
A análise do Quadro 1, demonstra que no
período analisado, houve um aumento do
decorrer dos anos entre 2009 a 2012, o número
número de apreensões. São respostas positivas às
de ocorrências aumentaram sendo que nos dois
denúncias e ocorrências de crimes, em parte são
primeiros biênios o número total de ocorrências
casos que foram solucionados de forma positiva,
foram de 158.200 ocorrências, já no segundo
com a apreensão.
biênio o número de ocorrências foram de 179.581
ocorrências, um aumento no número de registros O termo produtividade é utilizado para aferir os
de 21.381 ocorrências. Significando que após a resultados alcançados com o emprego de ações
implantação do Ronda nos Bairros, os números de policiais. A produtividade abrange as apreensões
registros nas delegacias de polícias aumentaram de armas de fogo, localização de veículos furtados
em comparação entre o biênio de 2009 e 2010 ou roubados, tráfico, porte, posse e uso de
com o biênio 2011 e 2012 em 13,51%. substâncias entorpecentes.

Os dados demonstram que os anos que tiveram
os maiores investimentos em segurança pública
no Estado, período de 2011 e 2012, cresceram
também o número de ocorrências, refletindo a
Demonstração essa que justifica o aumento dos
investimentos e principalmente o maior número
de policiais nas ruas trabalhando. Portanto, nossa
análise conclusiva, é que o policiamento na região
metropolitana da cidade de Manaus, está sendo

Quadro 1: Números de registros de ocorrências mensais.

_____________________________________________________________________
ANO 2009 2010 2011 2012
Número de
Ocorrências 6.750/mês 6.440/mês 7.676/mês 7.289/mês
Média Mensal
______________________________________________________________________
TOTAL 81.000/ano 77.280/ano 92.112/ano 87.469/ano
_____________________________________________________________________
Fonte: Dados da Pesquisa

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Quadro 2: Produtividade
_____________________________________________________________________
ANO 2009 2010 2011
Número de
Apreensões 320/mês 350/mês 450/mês
Média Mensal
______________________________________________________________________
TOTAL 3.840/ano 4.200/ano 5.400/ano
Fonte: Dados da Pesquisa
mais eficaz, após a implantação do programa
Ronda nos bairros, conforme análise do estudo.
Justificando o aumento dos investimentos em
políticas de segurança pública, mormente na
cidade de Manaus, onde se tem a maior
concentração de pessoas devido a criação da
região metropolitana.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O problema de segurança pública nos estados
brasileiros nos últimos anos. Têm chamado a
atenção da sociedade e dos governos, pelo
aumento significativo da criminalidade.
Sobretudo, dos governos Federal, Estadual e
Distrital, principais responsáveis em desenvolver
as políticas públicas de segurança com suas
polícias.
Políticas essas, que cada vez mais demandam
maiores investimentos financeiros, estes cada vez
mais escassos. Surgindo a necessidade do uso por
parte dos gestores públicos, de ferramentas
eficientes, assim como, estratégias eficazes de
gestão, evitando desperdício de dinheiro público.
Este estudo pôde analisar a eficácia de uma
política pública de segurança, após sua
implantação, ainda que muito se tenha a
melhorar, mas já se pode observar e mensurar
seus resultados. Entretanto, a capacidade de
FACEF Pesquisa: Desenvolvimento e Gestão, v.17, n.3 - p.273-285 - set/out/nov/dez 2014
Marcílio Rodrigues de OLIVEIRA
Augusto César Barreto ROCHA
2012
550/mês
6.600/ano
organização e armazenamento dos dados, para
fins de estudos, ainda seja muito deficiente. Não
foi encontrado, por exemplo, um banco de dados
com informações precisas para análise de estudos
pretéritos em segurança pública.
As informações são muito departamentalizadas,
dificultando coletas de informações, até mesmo
para os próprios gestores traçarem políticas e
estratégias de gestão.
A falta de transparência das informações nos
órgãos é outro problema, dificulta até mesmo
quem trabalha dentro dele, imagine o público
externo. Isso precisa ser melhorado, já que existe
a Lei da transparência obrigando os órgãos
públicos a se enquadrarem numa gestão de
serviços transparentes.
Outro ponto importante dessa análise foi o
aumento significativo no número de ocorrências
registradas a partir do ano de 2011, isso é
justificado pelo aumento do policiamento nas
ruas da cidade, através do programa Ronda nos
Bairros, que dar-se a entender que houve
aumento da criminalidade nos anos de 2011 e
2012, pela lógica, isso aconteceu, pelo aumento
do policiamento nas ruas que acabaram
atendendo maiores números de ocorrências a
priori. Entretanto, começou a diminuir no
decorrer do processo, nos anos posteriores.
283
A EFICÁCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA NA REGIÃO
METROPOLITANA DA CIDADE DE MANAUS
Igualmente se observa o aumento nos números
de apreensões, aqui citado como
“produtividade”, demonstrando a eficácia dessa
política.
Portanto, concluímos este estudo, apontando que
o aumento dos investimentos econômico-
financeiros na política de segurança pública na
Região Metropolitana da Cidade de Manaus,
através da Polícia Militar está sendo eficaz no
combate a criminalidade.
O estudo, no entanto, não esgota de nenhuma
forma o tema estudado, e sim necessita de mais
pesquisas para corroborar com as informações e
coletas de dados, procurando gerar cada vez mais
subsídios de informações que ainda são parcos
sobre a temática em lide, tanto para fins de
análise estatística da gestão governamental,
como para fins de estudos acadêmicos.
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