Você está na página 1de 19

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

KAREN CARVALHO COLAÇO - 1422140/9

DO VAZIO À EMANCIPAÇÃO: A BUSCA DO EU FEMININO CONTEMPORÂNEO


NA LITERATURA DE CLARICE LISPECTOR

Fortaleza - CE
2021
2

KAREN CARVALHO COLAÇO

DO VAZIO À EMANCIPAÇÃO: A BUSCA DO EU FEMININO CONTEMPORÂNEO


NA LITERATURA DE CLARICE LISPECTOR

TCC apresentado ao curso de graduação em


Psicologia da Universidade de Fortaleza como
requisito parcial para aprovação na disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso em
Psicologia. Grupo de Pesquisa: Psicologia.
Linha de Pesquisa: Sofrimento psíquico:
sujeito, cultura e sociedade.

Orientador(a): prof. Dr. José Clerton de Oliveira Martins

Fortaleza - CE
2021
3

Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de


geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

Colaço, Karen Carvalho.


DO VAZIO À EMANCIPAÇÃO: A BUSCA DO EU FEMININO
CONTEMPORÂNEO NA LITERATURA DE CLARICE LISPECTOR / Karen
Carvalho Colaço. - 2021
18 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade


de Fortaleza. Curso de Psicologia, Fortaleza, 2021.
Orientação: José Clerton de Oliveira Martins.

1. Psicanálise. 2. Feminino. 3. Vazio. 4. Emancipação. 5.


Literatura. I. Martins, José Clerton de Oliveira. II. Título.
4

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ


UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS
CURSO DE PSICOLOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DO VAZIO À EMANCIPAÇÃO: A BUSCA DO EU FEMININO CONTEMPORÂNEO


NA LITERATURA DE CLARICE LISPECTOR

Autora: Karen Carvalho Colaço


Prof. Orientador: prof. Dr. José Clerton de Oliveira Martins

Palavras-chave: Feminino. Vazio. Emancipação. Literatura. Psicanálise.


RESUMO
Este artigo, de caráter exploratório, se propõe a examinar e articular o que a obra Uma
aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969), de Clarice Lispector, pode nos revelar sobre o
processo de emancipação feminina contemporâneo, investigando, através de uma análise
qualitativa de conteúdo, por quais caminhos a protagonista Loreley transpõe o sentimento de
vazio a um destino transformador para a conscientização do Eu feminino. Buscamos
contextualizar os cenários sociais atravessados pelas mulheres na década em que a obra foi
concebida até a contemporaneidade. Para a elaboração deste trabalho, nos baseamos no
questionamento freudiano que trouxe voz às mulheres e gerou discussões que reverberam até
a atualidade: “O que querem as mulheres?”. Examinamos as contribuições da psicanálise para
o processo de emancipação feminina e elucidamos como as críticas de mulheres psicanalistas,
escritoras e feministas puderam transformar os destinos da teoria freudiana sobre as mulheres.
ABSTRACT
This exploratory article intends to examine and articulate what Clarice Lispector's book An
apprenticeship or the book of pleasures (1969) may reveal us about the process of
contemporary female emancipation, investigating through a qualitative analysis of content,
which paths the main character Loreley transposes the feeling of emptiness to a transforming
destiny for the awareness of the feminine Self. We seek to contextualize the social scenarios
experienced by women in the decade which the work was conceived until contemporaneity.
For the preparation of this work, we based ourselves on the Freudian questioning that gave
voice to women and generated discussions that reverberate to the present: “What do women
want?”. We examine the contributions of psychoanalysis to the process of female
emancipation and elucidate how the critics of women psychoanalysts, writers and feminists
were able to transform the destinies of Freudian theory about women.
5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................6

2. MÉTODO..............................................................................................................................7

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................9

3.1 As mulheres de Clarice: da realidade à


ficção.......................................................................9

3.2 A aprendizagem de Lóri e a condição feminina


contemporânea...........................................11
3.3 A Psicanálise e a emancipação
feminina..............................................................................13
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................16
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................17
6

INTRODUÇÃO
“Ela era antes uma mulher que procurava um modo, uma forma. E agora
tinha o que na verdade era tão mais perfeito: era a grande liberdade de não ter modos
nem formas.”
Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969)

Esta pesquisa debruçou-se a explorar possíveis articulações entre a obra literária de


Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969) e o que as teorias
psicanalíticas produziram acerca da emancipação feminina, partindo das primeiras
formulações freudianas sobre a constituição da feminilidade às teorias psicanalíticas
contemporâneas.
O conceito de emancipação desenvolvido nesta pesquisa diz respeito à libertação das
amarras às normas em que as mulheres se constituem socialmente. Trazendo como um recorte
a sociedade brasileira contemporânea, encontramos nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) de 2018 os indicadores sociais das mulheres no Brasil, que nos
revelam que apesar de as mulheres estarem ultrapassando os homens no quesito educação, o
mesmo não está acontecendo nas ocupações de trabalho. Segundo a análise realizada pela
coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Bárbara Cobo (2018), existe uma
tendência à escolha dessas mulheres por atividades mais flexíveis que as possibilitem ter
tempo para se dedicar aos afazeres domésticos e maternos. Ou seja, percebemos que ainda na
atualidade as escolhas femininas permanecem presas aos padrões de séculos passados, não
acompanhando as evoluções sociais. Dessa forma, a busca por novas possibilidades do Eu
feminino se apresenta extremamente relevante no contexto contemporâneo.
Para melhor representar o que já foi esclarecido nas teorias psicanalíticas, utilizamos a
obra claricena Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969), que retrata a busca da
protagonista, Loreley, por sua verdadeira identidade. Apostamos na literatura como fundo
para essa temática a partir da compreensão de que além de as palavras serem uma forma de
expressão do inconsciente, portanto, passíveis de trocas com a psicanálise, os aspectos da
escrita claricena têm o poder de aproximar a experiência feminina da realidade, ao
apresentarem uma escrita profunda e rara sobre a vida interior. Clarice tem a capacidade de
expressar os sentimentos vividos pelos seus personagens a partir das sensações, das metáforas
e ao “brincar” com os sinais e as palavras em seu texto, assim, criando uma atmosfera de
realidade para o leitor, que é capaz de sentir em seu próprio corpo o que ali está escrito.
As personagens de Lispector apresentam um desconforto em comum, são provocadas
7

pelo dilema "quem sou eu?”. Essa pergunta aparece com frequência na sociedade
contemporânea, visto que as conquistas femininas pelo direito a pensar e agir para além das
formas socialmente impostas são recentes. Como é bem colocado na fala da protagonista
Loreley: “Simplesmente, com o copo de água na mão, descobriu que pensar não lhe era
natural.” (UALP1, p. 136).
A escolha da temática desta pesquisa partiu da própria angústia de quem vos escreve,
uma mulher situada na sociedade contemporânea, formanda no curso de Psicologia – este que
foi capaz de me conceder múltiplas possibilidades de existir para além do que a minha
constituição enquanto mulher na sociedade brasileira, ainda extremamente marcada pelo
patriarcado2, foi capaz de me apresentar - e amante da literatura de Clarice Lispector, que
através das suas palavras me trouxe uma nova forma de pensar e agir para encontrar o meu Eu
feminino: inacabado e, portanto, livre.
Na obra – Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969) –, assim como no relato
acima, a pergunta “quem sou eu?” é ausente de respostas (1969, p. 125), dessa forma,
permitindo aos personagens uma liberdade sobre essa indagação, promovendo o alívio do
sentimento de vazio e angústia experimentados pela protagonista. Em analogia à essa
passagem da obra, na conferência “A feminilidade”, Freud (1933, p. 317), ressalta que não diz
respeito à psicanálise descrever o que é a mulher e não consegue responder a pergunta “o que
quer uma mulher?”, assim, criando um mistério atribuído à figura feminina, que para esta
pesquisa é interpretado como um mistério fundamental e, inclusive, transformador para o
processo de emancipação aqui explorado. Consideramos que é a partir do mistério, da falta de
formas e palavras, que as mulheres podem exercer a liberdade para explorar as infinitas
possibilidades de ser.

MÉTODO

A presente pesquisa orientou-se a partir de um levantamento bibliográfico, com o


delineamento exploratório, e análise qualitativa de conteúdo. Planejou-se, a partir desses
métodos, buscar aproximações entre o que a obra de Clarice Lispector Uma aprendizagem ou
1
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, Clarice Lispector (1969). Usaremos essa abreviação no decorrer do
artigo para facilitar a leitura.
2
O termo patriarcal vem da combinação das palavras gregas pater (pai) e arkhe (origem, comando) e está
relacionado a um sistema de organização familiar historicamente específico caracterizado por uma família
liderada por um patriarca. Na perspectiva da teoria feminista o termo é conceituado ―como o controle e
repressão da mulher pela sociedade, que legitima e perpetua o poder masculino. (LÚCIO, 2014 apud BONNICI,
2007, p. 197-198).
8

o livro dos prazeres (1969) e as teorias psicanalíticas podem revelar sobre o processo de
emancipação feminina na contemporaneidade.
A utilização do método bibliográfico partiu da escolha do objeto de pesquisa, que
necessitou de um levantamento de conteúdos já produzidos anteriormente, bem como
esclarece
Gil (2002), acerca da estrutura desse tipo de método. É importante ressaltar, a partir de Selltiz
et al. (1967), citado por Gil (2002), que o objetivo da pesquisa bibliográfica é proporcionar
maior familiaridade com o problema, com o fito de torná-lo mais explícito ou construir
hipóteses a partir dele. Assim, o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições
também são objetivos que podem ser alcançados a partir da pesquisa bibliográfica. Seu
planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado. Utilizando-se dessa vasta possibilidade de
materiais para exploração que a pesquisa bibliográfica proporciona, as fontes para o
levantamento documental foram obtidas a partir de artigos de periódicos, dissertações, teses e
livros, tanto de leitura corrente, quanto de referência.
Para conseguir alcançar questões tão particulares do universo feminino, de acordo com
Minayo (2001), com um nível de realidade que não pode ser quantificado, esta pesquisa se
orienta pela análise qualitativa.

Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,


valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis. (MINAYO, 2001)

Para Goldenberg (1997), ainda, a pesquisa qualitativa não se preocupa com


representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo
social, de uma organização etc. Dessa forma, torna-se ideal para o desenvolvimento de uma
pesquisa que aborda tantos aspectos ainda inomináveis da conduta humana.
Para possíveis interpretações, acerca dos objetos analisados neste projeto, que têm a
sua base na linguagem particular clariceana, por vezes carentes de significantes páreos, o
método psicanalítico torna-se o mais apropriado a fim de construir as elaborações necessárias
para a formulação dos conceitos deste projeto. Este é caracterizado por seu campo de
pesquisa: o campo da linguagem, ou seja, o método psicanalítico compreende o homem como
um ser falante, portanto sujeito à linguagem, esta, intensamente manipulada e simbólica nas
obras de Clarice Lispector.
9

Acrescente-se, como salienta Poli (2008), que um dos principais ensinamentos nas
obras de Freud sobre a elaboração de uma pesquisa em psicanálise é a construção da questão e
a produção do objeto a ser estudado, sendo o método criador do objeto. Esse método se traduz
em parte pela teoria, mas principalmente por meio da posição do analista, de seu desejo de
analista e na construção da questão. Freud (1923), inclusive, descreve a Psicanálise como:

1) um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase


inacessíveis por qualquer outro modo; 2) um método (baseado nessa investigação)
para o tratamento de distúrbios neuróticos; 3) uma coleção de informações
psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumula numa
nova disciplina científica” (FREUD, 1923, p. 245).

Por meio dos questionamentos: “Qual ciência poderia comportar a inclusão do real do
sujeito? Que ciência poderia suportar a inclusão da transferência no interior do campo
discursivo que rege a sua experiência?” (LACAN 1965/1973 apud ALBERTI E ELIA), no
que concerne às relações entre Ciência e Psicanálise, foi que este projeto buscou embasar-se
para compreender como elaborar uma pesquisa a qual seguiu os caminhos da psicanálise,
chegando à conclusão de que a própria linguagem poderá revelar-nos mais do que a ciência
baseada em métodos empírico-indutivos.
Além disso, busca-se também um olhar inovador sobre o feminino, pois esta pesquisa
procurou além das obras clássicas freudianas e lacanianas ancorar-se em autoras que trazem a
temática da feminilidade com a propriedade que apenas o lugar de mulher dentro da sociedade
atual pode oferecer para o avanço deste projeto. Estão presentes nesta pesquisa, dentre os
grandes nomes como Maria Rita Kehl, Karen Horney, e a própria Clarice Lispector, pelo
menos, mais dez mulheres que se dedicaram a explorar temáticas semelhantes fundamentais
para a elaboração desta investigação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

I- As mulheres de Clarice: da realidade à ficção


Analisar, sobretudo, o contexto histórico atravessado pelo feminino e as relações de
poder nele estabelecidas é imprescindível para compreender o questionamento central da
obra aqui explorada: “Quem sou eu?”. Há menos de 100 anos, em 24 de fevereiro de 1932, a
mulher conquistou o direito ao voto no Brasil. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), as mulheres representam hoje, em 2021, quase 53% do eleitorado brasileiro, mas
continuam sendo minoria na ocupação dos cargos eletivos.
10

A obra Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969), foi germinada na década
de 1960, nos remetendo a um período histórico que não pode ser ignorado, visto que a
sociedade brasileira estava enfrentando transformações políticas e sociais mais acentuadas
com o golpe da ditadura militar, de 1964. No ano de publicação do romance, 1969, regia no
país, de acordo com Lúcio (2014), os atos institucionais (AIs) que consistiam no uso da força
militar para combater os movimentos contrários ao poder vigente da época. Nesse período,
de acordo com Alves (2013), o movimento feminista¹ ganhou força no Brasil com a
participação de muitas mulheres nos grupos de oposição à ditadura e também através das
ideias disseminadas por Betty Fridman (1963) sobre a obra de Simone Beauvoir 3(1949), O
Segundo Sexo, que expõe as raízes das opressões sofridas pelas mulheres na sociedade
industrial.
Logo, Alves (2013), nos traz outro marco fundamental para a transformação do
contexto social vivenciado por essas mulheres: o lançamento da pílula anticoncepcional no
início da década de 60. Esse fator nos coloca diante uma luta que vai além da busca por um
espaço político e social, inicia-se uma luta por novas configurações nas relações entre o
homem e a mulher.
É importante ressaltar que as mulheres implicadas nesse processo, na sua maioria,
faziam parte de um contexto social minoritário na sociedade brasileira da época, pois eram
mulheres que tinham acesso à educação, por provirem de famílias burguesas e, diferente das
mulheres mais pobres e marginalizadas que precisavam sustentar a família com a sua força
de trabalho ou se dedicarem apenas aos cuidados domésticos, tiveram maiores possibilidades
de se implicarem nessas lutas. Portanto, estamos falando a partir de um recorte da realidade
das mulheres brasileiras da época.
Apesar de Clarice não assumir a rotulação de feminista, por considerar que:
“―escritor não tem sexo, ou melhor, tem os dois” (LÚCIO, 2014 apud LISPECTOR, 1999,
p. 58); é inegável a contribuição que as suas obras trouxeram para as lutas femininas até a
contemporaneidade.

[...] não há como omitir a capacidade que a autora tem de transpor para literatura
vozes abafadas pelo discurso patriarcal e propostas sobre óticas femininas que se
apresentam não apenas sob pano de fundo do patriarcalismo, mas também por uma
trilha distinta. (LÚCIO, 2014)

3
Simone de Beauvoir (1908-1986) foi uma escritora francesa, filósofa existencialista, memorialista e feminista,
considerada uma das maiores representantes do existencialismo na França. (FRAZÃO, 2021)
11

De contos a romances, as obras de Clarice Lispector são caracterizadas pela


prevalência de personagens do gênero feminino que apresentam particularidades bem
próximas, suas personagens apresentam uma estranheza em comum, questionam o
pertencimento da própria vida, dos próprios desejos, enfrentam, quase sempre, dilemas em
torno da pergunta “quem sou
eu?” e percebem-se aprisionadas às normas sociais ou mesmo à sua própria rotina, ficando
sensível ao leitor a presença de um mal-estar no enlace social vivenciado por essas mulheres.
Os dilemas existenciais enfrentados por essas personagens nos conduzem por
percursos incompletos, repletos de uma linguagem que busca abranger os sentimentos de
desamparo, angústia, solidão e vazio. Contudo, essa busca por respostas e a tentativa de uma
construção identitária feminina, na maioria das obras, não se realiza, pois as personagens não
conseguem expressar o que realmente querem e nem mesmo o que sentem.
Bem como relata Lúcio (2014), além das personagens de Clarice Lispector
fracassarem ao tentarem encontrar a sua identidade feminina, consequentemente, também
fracassam na relação com o outro, quase sempre do sexo oposto, apresentando conflitos seja
com o pai, namorado, irmão ou marido.
UALP (1969), é considerado o único romance clariceano que apresenta uma história
que caminha para um final otimista 4, no sentido de que a busca pela identidade feminina da
protagonista é alcançada e junto a isso o alívio dos seus sintomas de angústia, dor, vazio e,
consequentemente, o triunfo da sua relação com o outro.

II- A aprendizagem de Lóri e a condição feminina contemporânea


A enigmática protagonista Loreley, ou Lóri, é uma professora do primário que atua
em uma escola da prefeitura, tem como origem uma família burguesa da cidade de Campos,
interior do Rio de Janeiro, cidade da qual ela decide se mudar para ganhar a liberdade que em
Campos não poderia ter. A narrativa se apresenta como uma continuação da vida de Lóri,
pois se inicia com uma vírgula e logo após com um fluxo de pensamentos do narrador sobre
o cotidiano da protagonista, nos passando a impressão de estarmos acompanhando apenas
um recorte da história, que já se iniciou muito antes. Ou seja, percebemos que a busca por
essa identidade feminina e emancipação já estava em curso, mas é quando Lóri conhece

4
Apesar do romance ser o considerado o mais otimista, Clarice não o encerra com um ponto final, mas com
dois pontos, como se história não se encerrasse ali, evitando dar ao romance a trivialidade do “felizes para
sempre”.
12

Ulisses5, um professor de filosofia, que ela passa a questionar com mais afinco a sua
identidade feminina.
Lóri aprendeu a se reconhecer apenas através do seu corpo e, consequentemente, só
sabia se relacionar através dele, mantendo relações sempre baseadas na carne, distantes e
supérfluas. Ulisses, ao perceber a forma como Lóri se vinculava consigo e com o mundo,
coloca como condição para se relacionarem que ela esteja pronta não só de corpo, mas
também de alma.
A busca por essa identidade que Loreley não conhecia leva a personagem a um longo
caminho cheio de monólogos baseados nos seus medos, principalmente o medo de pensar,
pois era algo que lhe causava dor e a colocava diante de um enorme vazio. O questionamento
“quem sou eu?” sempre a atormentava, pois ela não encontrava palavras que a descrevessem,
apenas sabia que ela era.

E então de súbito se acalmara. Nunca, até então, tivera a reza tão grande que a anulava
como pessoa atual e comum: era uma lucidez vazia, assim como um cálculo
matemático perfeito no qual não se precisasse. Estava vendo claramente o vazio. (...)
Sabia também que aquela sua clareza podia se tornar o inferno humano. Pois sabia que
– em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade – essa
clareza de realidade era um risco: “Apagai pois a minha flama, Deus, porque ela não
me serve para os dias. Ajudai-me de novo a consistir de um modo mais possível. Eu
consisto, eu consisto.” (p. 114)

O vazio descrito pela personagem diz respeito a algo que não foi lhe concedido e que
ela não conseguiu preencher enquanto baseava a sua identidade apenas no seu corpo
feminino, castrado. Ela desejava muito mais do que o seu corpo de mulher poderia lhe
oferecer, porém compreendia que esse desejo sofreria as consequências de um julgamento
social. Ao analisarmos o conflito existente na busca pelo Eu da personagem, percebemos que
se trata de uma questão comum nas experiências femininas contemporâneas. Desde os
primeiros escritos sobre a existência feminina até os dias atuais, as mulheres são subjugadas,
os seus pensamentos são abafados e os seus corpos são impostos a ideais.
Ainda na atualidade, apesar das mulheres terem conquistado muitos espaços que antes
eram restritos apenas aos homens, alcançados principalmente através da conscientização
feminista e do maior acesso à informação disponibilizados com o avanço da era digital, ainda

5
Ulisses, em grego, significa Odisseu, e é conhecido pelas suas aventuras em alto mar. Enquanto Loreley é o
nome dado a lendária sereia de Reno, na Alemanha, conhecida por enfeitiçar e matar os homens. Na obra de
Clarice o papel dos personagens é subvertido, sendo Loreley que parte à sua odisseia, é ela que vai a ação.
(SILVA, 2008)
13

é possível perceber um alto índice de mulheres presas aos mesmos padrões de subordinação,
apesar de se apresentarem em novas configurações.

A mídia vende uma imagem de ideal de mulher, em que esta deve cumprir
mandamentos para ser qualificada. Entre as exigências estão a beleza e o corpo
impecáveis, a esposa perfeita e fiel, a mãe presente na educação dos filhos, a dona
de casa que cumpre as tarefas do lar e a profissional que trabalha tanto quanto o
homem muitas vezes ganhando menos em cargos inferiores (PENTEADO, 2007, p.
7).

A idealização de mulher contemporânea está diretamente ligada à mulher


independente, que busca superar o ideal da mulher do passado, submissa aos homens. Porém,
percebemos que esse ideal de independência se trata de uma máscara utilizada para velar
mais um padrão ao qual as mulheres estão sendo submetidas, se distinguindo do conceito de
liberdade abordado neste artigo. Acreditamos que enquanto houver padrões, formas e modos
de ser mulher, o desamparo, a angústia, o vazio e a solidão feminina ainda estarão em
evidência.

III- A Psicanálise e a emancipação feminina


Bem como nos relata Iannini (2020), Sigmund Freud, ainda em 1880, muito jovem e
antes de se formar em medicina, foi quem traduziu o livro de Stuart Mill, Sobre a
emancipação das mulheres, para o alemão.

Na Inglaterra, John Stuart Mill, membro do Parlamento desde 1865, submeteu uma
petição em favor do direito das mulheres ao voto. Seu pleito foi derrubado por 194
votos contra 73. Pouco depois, publicou A sujeição das mulheres, uma defesa
contundente da emancipação feminina que, entre outras coisas, desmentia a ideia
largamente aceita de que a sujeição das mulheres aos homens fosse natural.
(IANNINI, 2020)

Na época, muitos homens levantaram bandeiras contra as condições precárias das


mulheres, mas Freud conseguiu ir além. As investigações freudianas sobre as temáticas do
amor, da sexualidade e da feminilidade foram um divisor de águas nos saberes preexistentes
que se perpetuam até os dias atuais, rompendo com os paradigmas da hipocrisia sexual, da
sujeição feminina e do amor romântico. Essas temáticas, além de permearem a conjuntura em
que a psicanálise freudiana se constituiu, foram desfeitas pela mesma, através da exposição
das suas rachaduras (IANNINI, 2020).
14

Freud (1893/1895) revolucionou todo o olhar para o feminino a partir dos seus estudos
sobre as histéricas, trazendo voz às mulheres de sua época e reconhecendo os seus sintomas
como manifestações desencadeadas por uma educação repressora. Todavia, não acreditava
que esse fato fosse suficiente para explicar a histeria nas mulheres e continuou as suas
investigações pelo universo feminino.

Na conferência de 1933, A feminilidade, Freud trouxe novas inquietações ao declarar


que: “Só existe uma libido, que está a serviço tanto da função sexual masculina quanto da
feminina. A ela própria não podemos atribuir nenhum sexo” (p. 337), e completou que mesmo
que queiram chamá-la de masculina, e insistir na comparação entre atividade e masculinidade,
não se pode esquecer que esta libido também representa anseios com metas passivas.

[...] para a psicologia é indiferente se no corpo houver apenas uma única substância
que produza excitação sexual ou duas delas, ou um número incontável delas. A
psicanálise nos ensina a conceber uma única libido que, por sua vez, conhece metas,
portanto, modos de satisfação, ativos ou passivos. (FREUD, 1933, p. 304)

A partir dessas alegações, Freud (1933) reiterou que os conhecimentos baseados na


anatomia e na biologia seriam limitados para descrever o que é o feminino e o masculino, e
questionou se a própria psicologia também seria insuficiente para delimitar o que é próprio de
cada sexo, advertindo que a noção de masculino equivaler-se ao sexo “ativo” e o feminino ao
“passivo” poderiam ser sujeições influenciadas pelo meio social.

Na obra UALP (1969), a personagem Lóri apresenta, de início, um enorme conflito


entre o seu desejo por liberdade de ser tudo o que pudesse imaginar e não conseguir alcançar
essa liberdade por estar presa a um corpo: “E pelo mesmo fato de se haver visto ao espelho,
sentiu como sua condição era pequena porque um corpo é menor que o pensamento – a ponto
de que seria inútil ter mais liberdade: sua condição pequena não a deixaria fazer uso da
liberdade.” (p. 23). No decorrer da narrativa se torna claro que, na verdade, ela se sentia presa
às possibilidades que o corpo feminino poderia conceder-lhe:

- Qual é o meu valor social, Ulisses? O atual, quero dizer.


- O de uma mulher desintegrada na sociedade brasileira de hoje, na burguesia da
classe média.
- (...) Você acha que eu ofendo a minha estrutura social com a minha enorme
liberdade?
- Claro que sim, felizmente. Porque você acaba de sair da prisão como ser livre, e isso
ninguém perdoa. O sexo e o amor não te são proibidos. Você enfim aprendeu a existir.
15

E isso provoca o desencantamento de muitas outras liberdades, o que é um risco para a


tua sociedade. Até a liberdade de se ser bom assusta os outros. (p. 147)

No que concerne à liberdade feminina, Freud, ao não se atrever a tentar descrever o


que é a mulher, colocando que “A mulher é o continente negro da psicanálise” (1926/1988f, p.
242), deixou livre as interpretações acerca do que significa ser uma mulher. Acreditamos que,
dessa forma, Freud contribuiu para as lutas pela emancipação feminina, mostrando que não
interessava para a psicanálise colocar as mulheres em mais um rótulo, só lhe interessava
descobrir como se constitui uma mulher. É importante ressaltar que Freud só chega a essa
conclusão após muitas elaborações sobre a pergunta “o que quer a mulher?”, já tendo exposto
na obra “A organização genital infantil”, em 1923, que o que as mulheres realmente
desejavam é o pênis, e sofreu duras críticas acerca dessa alegação, principalmente por vozes
de mulheres psicanalistas ainda em sua época.
Entre várias autoras como Anna Freud, Melania Klein e Hélène Deutsch, foi Karen
Horney, uma das principais críticas às teorias freudianas, a precursora da psicologia feminista.
Encontramos na sua biografia ideias que contrariam a antiga noção freudiana sobre a inveja
do pênis. Segundo Vasconcelos (2017 apud HORNEY, 1959), na verdade, as mulheres
invejavam as diferenças de poder e dos privilégios masculinos e era a discrepância nos
destinos possibilitados aos homens e as mulheres que afetavam a saúde mental das mulheres.

Essas psicanalistas, a partir de suas próprias experiências clínicas e, provavelmente,


pessoais, procuram enriquecer o campo de compreensão desse ‘continente negro’ que
é a mulher, segundo definição do próprio Freud. Surgem, então, trabalhos que
expandem significativamente o entendimento da feminilidade. O diálogo de Freud
com essas autoras culminou com os artigos de 1931 e 1932, nos quais a ênfase é
colocada na ligação pré-edípica intensa e longa da menina com sua mãe e nas
consequências advindas desse fato. (MAGDALENO JÚNIOR, 2009, p. 90)

Quase duas décadas depois, Simone Beauvoir (1949), que tinha as suas bases teóricas
inspiradas nessas autoras, formulou um dos aforismos mais famosos do século XX, o qual se
tornou uma das principais bandeiras na luta pela emancipação feminina: “On ne naît femme:
on le devient”, que em tradução livre significa “Não se nasce mulher: torna-se mulher”
(IANNINI, 2020).
No que concerne à mulher, seu complexo de inferioridade assume a forma de uma
recusa envergonhada da feminilidade. Não é a ausência do pênis que provoca o
complexo e sim o conjunto da situação; a menina não inveja o falo a não ser como
símbolo dos privilégios concedidos aos meninos; o lugar que o pai ocupa na família, a
preponderância universal dos machos, a educação, tudo a confirma na ideia da
superioridade masculina. (BEAUVOIR, 1949, p. 72)
Nesse cenário, Kehl (2007), em uma leitura pós-freudiana, propõe, em sua obra
16

Deslocamentos do feminino, que, para além de indagar “o que é ser mulher?” é mais
condizente, no contexto da mulher contemporânea, questionar “o que um sujeito pode se
tornar; sendo (também) mulher?”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na obra Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969), a personagem Loreley


chega à conclusão, em sua travessia do “vazio” à “emancipação”, que, na verdade, enquanto
ela pensava estar vazia, estava cheia de formas, perdida em uma rigidez existencial e
ignorante sobre as possibilidades do que poderia vir a ser.
Às mulheres são ensinadas formas de pensar e de se comportar baseadas na
submissão, essas regras partem de pressupostos biológicos e fisiológicos já superados pelas
teorias psicanalíticas. Vemos desde Freud e o seu estudo sobre as histéricas como as
mulheres já sofriam os efeitos da castração social diante à realização dos seus desejos, sendo
a psicanálise fruto da interrogação sobre o desejo das mulheres. Neste artigo, podemos
perceber como os efeitos dessa castração perduram até a atualidade, como exemplo o “ideal
de independência”, que mascara mais uma forma de controle sobre as mulheres.
No decorrer da narrativa da obra explorada, a protagonista, Lóri, descobre que os seus
desejos mais profundos se baseavam em poder exercer a mesma liberdade que ela observava
em Ulisses: “- Eu sempre tive que lutar contra a minha tendência de ser serva de um homem,
disse Lóri, tanto eu admirava o homem em contraste com a mulher. No homem eu sinto a
coragem de estar vivo.” (p. 146). A luta da protagonista girava em torno de uma escolha: viver
através do prazer e ser o que desejava, sofrendo as consequências dessa escolha, ou viver
através da dor e ser o que os padrões a demandavam. É quando a personagem percebe que das
duas formas o sofrimento não poderá ser evitado, que ela escolhe por viver com a mesma
coragem que os homens e assumir uma vida fora das normas, alcançando a sua emancipação.
Compreendemos, nesta exploração, que a possibilidade de escolhas é o que difere as
mulheres contemporâneas das mulheres de um passado onde os seus destinos já estavam
postos. A emancipação feminina não está livre de angústias, ela consiste na experiência de
uma lucidez vazia, como relata Lispector (1969) na obra UALP, e é a apropriação desse não
lugar feminino, desprovido de significações, cheio de mistérios, que traz a possibilidade de
elaborações infinitas sobre o lugar das mulheres e garante ao feminino a liberdade de existir
de forma singular, conforme o seu desejo.
17

REFERÊNCIAS
ALBERTI, Sonia; ELIA, Luciano. Psicanálise e Ciência: o encontro dos discursos. Revista
Mal Estar e Subjetividade, Fortaleza, n. 3, p. 779-802, set. 2008.

ALVES, Ana Carla Farias; ALVES, Ana Karina da Silva. AS TRAJETÓRIAS E LUTAS DO
MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL E O PROTAGONISMO SOCIAL DAS
MULHERES. In: NEODESENVOLVIMENTISMO, TRABALHO E QUESTÃO SOCIAL,
4., 2013, Fortaleza: IV Seminário Cetros, 2013. p. 113-121. Disponível em:
http://www.uece.br/eventos/seminariocetros/anais/trabalhos_completos/69-17225-08072013-
161937.pdf. Acesso em: 24 ago. 2021.

ATAIDE, Luciana de Barros. SER E LINGUAGEM: ESTUDOS SOBRE UMA


APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES, DE CLARICE LISPECTOR. Revista
Entrelinhas, Belém/Pará, v. 11, n. 1, p. 117-131, abr. 2017. Disponível em:
http://revistas.unisinos.br/index.php/entrelinhas/article/view/entr.2017.11.1.08/6073. Acesso
em: 06 ago. 2021.

BEAUVOIR, Simone. O segundo Sexo: fatos e mitos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1949.

COBO, Bárbara. INDICADORES SOCIAIS DAS MULHERES NO BRASIL. Disponível


em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/materias-especiais/20453-estatisticas-
de-genero-indicadores-sociais-das-mulheres-no-brasil.html. Acesso em: 15 ago. 2021.

DELLA TORRE, Daniela. CLARICE LISPECTOR: DA SOLIDÃO DE NÃO PERTENCER


À QUARTA DIMENSÃO. 2006. 196 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Psicologia,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006.

DIA da Conquista do Voto Feminino no Brasil é comemorado nesta segunda (24). 2020.
Disponível em: https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2020/Fevereiro/dia-da-conquista-
do-voto-feminino-no-brasil-e-comemorado-nesta-segunda-24-1. Acesso em: 15 mar. 2021.

DORNELAS, Kirlla Cristhine Almeida. A SOLIDÃO FEMININA E SUAS DELICADAS


RELAÇÕES A PARTIR DOS ROMANCES DE CLARICE LISPECTOR. 2007. 17 f. Curso
de Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Espírito Santo, 2007.

FERRAZ, Kátia D`armas. A SOLIDÃO DO SUJEITO CONTEMPORÂNEO: UM OLHAR


CLÍNICO. 2006. 28 f. TCC (Graduação) - Curso de Psicologia, Universidade Luterana do
Brasil – Ulbra, Gravataí, 2006.

FRAZÃO, Dilva. Biografia de Simone de Beauvoir. 2021. Disponível em:


https://www.ebiografia.com/simone_de_beauvoir/. Acesso em: 03 out. 2021.

FREUD, Sigmund. A feminilidade. 1933. In: FREUD, Sigmund. Amor, sexualidade,


18

feminilidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 313-348.

FREUD, Sigmund. Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos.


1925. In: FREUD, Sigmund. Amor, sexualidade, feminilidade. Belo Horizonte: Autêntica,
2020. p. 259-276.

FREUD, Sigmund. Estudos sobre a histeria. 1893-1895. In: FREUD, Sigmund. Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro:
Imago, 1996.

FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu e outros textos: obras completas.


15. ed. São Paulo: Schwarcz Ltda., 2011.

FREUD, Sigmund. Sobre a sexualidade feminina. 1931. In: FREUD, Sigmund. Amor,


sexualidade, feminilidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 285-311.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed. - São Paulo: Atlas, 2002.

GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1997.

HOMEM, Maria Lucia. No limiar do silêncio e da letra: traços da autoria em Clarice


Lispector. 2011. 235 f. Tese (Doutorado) - Curso de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

IANNINI, Gilson; TAVARES, Pedro Heliodoro. Sobre amor, sexualidade e feminilidade.


2020. In: FREUD, Sigmund. Amor, sexualidade, feminilidade. Belo Horizonte: Autêntica,
2020. p. 7-36.

KEHL, Maria Rita. Deslocamentos do Feminino. 2007. 288 f. Imago, Rio de Janeiro, 2008.

LANDI, Elizabeth Cristina. O Feminino e a Solidão. 2017. 197 f. Monografia


(Especialização) - Curso de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco,
2020.

LÚCIO, Geilma Hipólito. HEROÍNAS PROBLEMÁTICAS EM MOVIMENTO:


CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE FEMININA EM PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM
E UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES. 2014. 134 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Letras, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Pau dos
Ferros, 2014. Disponível em:
https://www.uern.br/controledepaginas/defesas2015ppgl/arquivos/3856dissertacao_de_geilma
_hipolito_lucio.pdf. Acesso em: 25 ago. 2021.

MAGDALENO JÚNIOR, Ronis. A CONSTRUÇÃO DO FEMININO: UM MAIS-ALÉM


DO FALO. Jornal de Psicanálise. São Paulo, p. 89-106. dez. 2009. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/jp/v42n77/v42n77a07.pdf. Acesso em: 07 out. 2021.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18
ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
19

PENTEADO, Joana Monassés. Uma reflexão psicanalítica sobre o feminino na


contemporaneidade. 2007. 46 f. TCC (Graduação) - Curso de Psicologia, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em:
https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/18533/2/Joana%20Manasses%20Penteado.pdf.
Acesso em: 16 set. 2021.

POLI, Maria Cristina. Uma escrita feminina: a obra de Clarice Lispector. 2009. 5 f. Curso de
Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

POLI, Maria Cristina. Escrevendo a psicanálise em uma prática de pesquisa. Estilos clin.,  São
Paulo ,  v. 13, n. 25, p. 154-179, dez.  2008 .   Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282008000200010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  18  abr.  2021.

RIVERA, Tania. ARTE E PSICANÁLISE. 2002. 2 v. Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro, 2005.

SILVA, Teresinha V. Zimbrão. MITO EM CLARICE LISPECTOR. XI Congresso


Internacional da ABRALIC. São Paulo. Jul. 2008. Disponível em:
https://abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/020/TERESINHA_SILVA
.pdf. Acesso em: 10 set. 2021.

SIMÕES, Regina Beatriz Silva. PSICANÁLISE E LITERATURA – O TEXTO COMO


SINTOMA. Analytica, São João Del-Rei, v. 6, n. 11, p. 159-179, jul. 2017. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/analytica/v6n11/09.pdf. Acesso em: 10 set. 2021.

VALDIVIA, Olivia Bittencourt. Psicanálise e feminilidade: algumas considerações. 1997. 17


v. Psicol. Cienc. Prof., Brasília, 1997.

VASCONCELOS, Glenda Karen Oliveira. PSICANÁLISE E O FEMININO:


DESBRAVANDO O CONTINENTE NEGRO. Sobral, p. 1-28, dez. 2017. Disponível em:
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/42491/1/2017_tcc_gkovasconcelos.pdf. Acesso
em: 03 set. 2021.

VIEIRA, Carolina Moreira Coimbra. A mulher contemporânea a possibilidade de escolha.


2008. 127 f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - Curso de Psicologia, Pontifícia
Universidade Católica, São Paulo, 2008. Disponível em:
https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/18607/2/Carolina%20Moreira%20Coimbra
%20Vieira.pdf. Acesso em: 15 set. 2021.

Você também pode gostar