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Introdução:

O presente trabalho com tema A Historiografia Africana,  reúne uma serie de abordagem no que
diz respeito ao tema em análise. De tal modo que, partindo do pressuposto que uma
historiografia é um conjunto escrito de uma época e historiografia africana como a história da
história de África remeteu-nos a analisar a historiógrafa africana ao longo dos séculos dividindo
em épocas para sua melhor compreensão. Sendo assim, tivemos como objectivo geral; Descrever
a historiografia africana e como objectivos específicos analisar e a historiografia africana e
identificar as suas fases. Para a concretização do trabalho, foi possível através de consultas
bibliográficas tendo como a principais obras a de Joseph Ki-Zerbo com o título “História Geral
de África I”: metodologias e pré-historia de África. Brasília: Unesco, 2010   

Historiografia
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Segundo DUARTE (1981), “é o conjunto de obras concernente a um assunto histórico ou
produção histórica de uma época”(p.65).   

A historiografia africana

É a história da história de África; a maneira como a história africana é escrita e interpretada ao


longo dos tempos. Ela visa analisar e avaliar as várias fases pelas quais passou a investigação, o
ensino e as formas de abordagem da história de África.

Os primeiros trabalhos sobre a história da África são tão antigos quanto o início da história
escrita. Os historiadores do velho mundo mediterrânico e os da civilização islâmica medieval
tomaram como quadro de referência o conjunto do mundo conhecido, que compreendia uma
considerável porção da África. (KI-ZERBO, 2010).

Evolução da Historiografia africana

Entre as civilizações da Antiguidade Oriental, desenvolveu-se em África a civilização egípcia.


Os egípcios desenvolveram nessa época a escrita hieroglífica, que serviu para fixar o legado
religioso que até então era transmitido oralmente (cosmogonias e mitografias). (DUARTE, 2007;
p.63)

Ki-zerbo (coord) (2010) aventa que África ao norte do Sahara era parte integrante de duas
civilizações e seu passado constituía um dos centros de interesse dos historiadores, do mesmo
modo que o passado da Europa meridional ou o do Oriente Próximo.

Principais tendências da Historiografia africana

Tendências eurocentrista

É uma tendência marcadamente racista, pois defende a superioridade da raça branca sobre a
negra. Sustenta que os africanos não tinham história antes de estabelecerem contactos com os
europeus. Afirma que África não é uma parte histórica do mundo. (FARIAS, 2003; p.64)

Hegel (1770 -1831) definiu explicitamente essa posição em sua Filosofia da História, que contém
afirmações como as que seguem: “A África não é um continente histórico; ela não demonstra
nem mudança nem desenvolvimento”. Os povos negros “são incapazes de se desenvolver e de
receber uma educação. Eles sempre foram tal como os vemos hoje”. (KI-ZERBO, 2010).
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As coisas ficaram ainda mais difíceis para o estudo da história da África após o aparecimento,
nessa época e em particular na Alemanha, de uma nova concepção sobre o trabalho do
historiador, que passava a ser encarado mais como uma actividade científica fundada sobre a
análise rigorosa de fontes originais do que como uma actividade ligada à literatura ou à filosofia.

Tal concepção foi exposta de forma muito precisa pelo professor A. P. Newton, em 1923, numa
conferência diante da Royal African Society de Londres, sobre “A África e a pesquisa histórica”.
Segundo ele, a África não possuía “nenhuma história antes da chegada dos europeus. A história
começa quando o homem se põe a escrever”. (KI-ZERBO: 2010)

Nega assim, a possibilidade de os africanos terem contribuído para o desenvolvimento da


História Universal. O Eurocentrismo defende que somente com as fontes escritas é que se faz a
história.

Tendência afrocentrica 

Surge em reacção à tendência eurocêntrica. Critica radicalmente a colonização, afirmando que


influenciou negativamente a evolução histórica africana. É uma corrente que valoriza
excessivamente as realizações africanas. Recusa influência que os outros povos exerceram sobre
a história de África. Para eles, a história é o que graças ao esforço exclusivo dos africanos, sem
concorrência de nenhum factor externo.

O afrocentrismo defende que se deve interpretar e estudar as culturas não europeias,


nomeadamente a africana, e os seus povos do ponto de vista de sujeitos ou agentes e não como
objectos ou destinatários. Estes não defendem que o mundo seja interpretado sob uma única
perspectiva cultural, como foi o caso do eurocentrismo, mais que seja reconhecida a existência
de uma cultura e a sua avaliação em termo de pensamento e conhecimento através da sua própria
perspectiva, nesse caso, mais concretamente a cultura africana seja analisada, por si, enquanto
sujeito e não através de modelos culturais que por vezes não só a entendem como a desprezam e
desvalorizam. (FARIAS, 2003; p.68).

O papel da UNESCO para a história africana

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A esse propósito devemos mencionar o simpósio organizado pela UNESCO no Cairo em 1974,
que permitiu a pesquisadores africanos e não -africanos confrontar livremente seus pontos de
vista sobre o problema do povoamento do antigo Egipto.

Em 1948, aparecia a obra History of the Gold Coast de W. E. F. Ward. No mesmo ano, a
Universidade de Londres criava o cargo de lecturer em História da África na School of Oriental
and African Studies, confiado ao Dr. Roland Oliver.

É a partir dessa mesma data que a Grã -Bretanha empreende um programa de desenvolvimento
das universidades nos territórios que dela dependiam: fundação de estabelecimentos
universitários na Costa do Ouro e na Nigéria; elevação do Gordon College de Cartum e do
Makerere College de Kampala à categoria de universidades. Nas colónias francesas e belgas,
desenrolava -se um processo semelhante. Em 1950 era criada a Escola Superior de Letras de
Dacar que, sete anos mais tarde, adquiriria o estatuto de universidade francesa. (KI-ZERBO,
2010).

Do ponto de vista da historiografia africana, a multiplicação das novas universidades a partir de


1948 foi seguramente mais significativa que  a existência dos raros estabelecimentos criados
antes, mas que vegetavam por falta de recursos, tais como o Libéria College de Monróvia e do
Fourah Bay College de Serra Leoa, fundados respectivamente em 1864 e 1876.

A partir de 1948, a historiografia da África vai progressivamente se assemelhando à de qualquer


outra parte do mundo. E evidente que ela possui problemas específicos, como a escassez relativa
de fontes escritas para os períodos antigos e a consequente necessidade de lançar mão de outras
fontes como a tradição oral, a linguística ou a arqueologia. (KI-ZERBO, 2010).

Mas é preciso ressaltar que esta evolução positiva teria sido impossível sem o processo de
libertação da África do jugo colonial: o levante armado de Madagáscar em 1947, a
independência do Marrocos em 1955, 22 Metodologia e pré -história da África a heróica luta do
povo argelino e as guerras de libertação em todas as colónias da África contribuíram
enormemente para esse processo já que criaram, para os povos africanos, a possibilidade de
retomar o contacto com sua própria história e de controlar a sua organização.

Principais historiadores africanos desta época


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 Samuel Johson (Serra Leoa): A história dos Yorubas;
 Carl Christopher (Gana): A história da Costa de Ouro e de Ashant;

 Joseph Ki-Zerbo (Burkina-Faso): A História de África Negra.

Outros historiadores: Albert Adu Boahen; Bethwell Ogot; Teófilo Obenga; Elika Mibokolo;
John Donald Fage; Ronald; Oliver Terence Ranger; Philip Curtin, Basil Davidson e Walter
Rodney. (KI-ZERBO, 2010).

Contribuição de IDN KHALDUN para historiografia africana

Entre os primeiros historiadores da África, porém, encontra-se um muito importante, um grande


historiador no sentido amplo do termo: referimo-nos a Ibn Khaldun (1332 -1406) que, se fosse
mais conhecido pelos especialistas ocidentais, poderia legitimamente roubar de Heródoto o título
de “pai da história”. (KI-ZERBO, 2010; p.95).

Ibn Khaldun é, realmente, um historiador muito moderno e é a ele que devemos o que se pode
considerar quase como história da África tropical, em sentido moderno. Na qualidade de norte
-africano e também pelo fato de ter trabalhado, a despeito da novidade de sua filosofia e de seu
método, no quadro das antigas tradições mediterrâneas e islâmicas, ele não deixou de se
preocupar com o que ocorria no outro lado do Sahara. (KI-ZERBO, 2010; p100).

Devido aos problemas coloniais, a África não foi considerada um espaço único e total, dai que
até hoje é frequente dizer-se «África branca» -África do Norte ou Magreb, e «África Negra» -
Sul do Sahara. Esta situação justifica o facto de aparecer uma história regionalizada:

 História de África Magrebina; História de África Ocidental; Central e Oriental e África


Meridional. (KI-ZERBO, 2010, p.104).

O crescimento do interesse dos europeus pela África havia proporcionado aos africanos grande
variedade de culturas escritas, que lhes permitia exprimir seu interesse por sua própria história.
(ARÓSTEGUI, 2006, p.75)

Conclusão:

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Após terminado o trabalho, percebemos que a história de África foi por muitos pensadores
ignorados na medida em que viam a África como se fosse um continente sem história devido a
forte presença da oralidade e da ausência de escritos sobre ela. Outro passo foi dado na
historiógrafa africana, quando Malinowski e Radcliffe Brown começaram a influenciar as obras
sobre a África, pois eles criticavam uma história que não tivesse um lastro de fontes. Essa
influência fez sair algumas obras de cunho mais histórico, como as de Leo Frobernius que era
etnólogo, antropólogo cultural, arqueólogo e historiador camuflado.

Ele publicou inúmeros trabalhos com os resultados de suas pesquisas, dentre outros pontos ele
encontrou as estatuetas da cidade de Ifé. Ele buscava uma influência etrusca na cultura africana,
inclusive nas estátuas. Fage aponta que obras de Frobernius praticamente não são lidas e são
muito criticadas, mas o autor ressalta que se faz necessária uma releitura das mesmas, pois elas
são repletas de informações.

Referencias Bibliográficas:
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ARÓSTEGUI, Júlio. (2006). A pesquisa histórica: teoria e método. Tradução Andréa Doré.
Bauru, SP: Edusc.

DUARTE, Josias Abdalla. (2007). Notas sobre o pensamento historiográfico de Ibn Khaldun
(1332-1406). VII EIEM – Encontro Internacional de Estudos Medievais: Idade Média:
permanência, actualização, residualidade. Fortaleza: ABREM/UFC, p.402-403.

FARIAS, P. F. De Moraes. (2003).  Afrocentrismo: entre Uma Contranarrativa histórica


Universalista e o Relativismo Cultural.   São Paulo.

KHALDUN, Ibn. (1981). The Muqaddimah: an introduction to History. Tradução de Franz


Rosenthal. Estados Unidos: Bollingen Series.

KHALDUN, Ibn. (1997). Introducción a la história universal (Al-Muqaddimah). Tradução de


Juan Feres e estudio preliminar, revisión y apéndices de Elías Trabulse. México: Fondo de
Cultura Económica.

KI-ZERBO, Joseph (1997). História Geral de África I: metodologias e pré-historia de África.


Brasília: Unesco.

PUIG MONTADA, Josep. (2008). Ibn Khaldun y la teologia. In: MARTOS QUESADA, Juan y
GARROT GARROT, José Luis. Miradas españolas sobre Ibn Jaldún. Madrid: Ibersaf, pp. 241-
248.

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