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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


CURSO: ENGENHARIA CIVIL

PROPOSTA PARA TCC:


CONTENÇÃO DE INUNDAÇÕES A PARTIR DE DIQUES E PÓLDERES

EDSON FERNANDO BAULENE

BEIRA
2019
TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

A região rural é o principal detentor da produção agrícola e pecuária em Moçambique, ela vem
sendo apostada para o aumento da Economia Nacional. Mas a problemática das chuvas intensas
vem provocando um grande atrito nestas actividades. Sendo que as produções ocorrem junto aos
rios estando, elas ficam expostas a cheia.
Este projecto vem então propor uma implantação de diques e pólderes locais tendo como ponto
de referência as regiões produtivas. O sistema consiste em implantar um sistema de canais que
recolhe as águas pluviais das regiões altas e posterior passagem nas regiões baixas por diques e
pólderes. Nas regiões baixas será ainda implantado um conjunto de poços sequenciais de
armazenamento das águas, evitando concentrações de águas locais.
HIPÓTESE
Como resposta aos problemas de enchente rural tem-se como alternativas de combate as
seguintes:
a) Drenagem usando diques e sistema de bombeamento;
b) Aterragem nos pontos baixos da região;
c) Drenagem usando canais;
d) Reservatórios.
OBJECTIVOS
OBJECTIVO GERAL
Combater as enchentes, propondo o método estrutural mais eficaz possível de acordo com as
condições da cidade.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
- Identificar as características hidrológicas e os dados sobre inundações;
- Verificar a eficiência dos diques e pólderes;
- Pré-dimensionar o sistema de drenagem constituído principalmente por diques e pólderes.
JUSTIFICATIVA
A escolha deste tema como projecto deve-se a influência directa das enchentes sobre a
comunidade concretamente nas áreas de produções agrícolas. Proporciona perda de bens
materiais e alimentares contribuindo para a queda da economia nacional e a fome. Motivo este
que influencia muito no agravamento de preços de produtos alimentares.
METODOLOGIA
Para execução do presente projecto se recorrerá a documentos directos como livros e dados do
campo, aplicando durante este processo o método dedutivo. Ao retirar as informações
primeiramente se colocará os conteúdos de cada manual em discussão e posteriormente se levará
os conteúdos com maior grau de semelhança. Também será efectuado algumas experiências ou
testes quando for possível.
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 O FENÔMENO DAS ENCHENTES
A urbanização, caracterizada pela ocupação e utilização de recursos naturais pelo homem,
provoca alterações no ciclo hidrológico devido ao aumento de demanda de água, incremento na
geração de detritos e modificações de perfil das bacias naturais. No período em que ocorrem
precipitações sobre a bacia hidrográfica, a vazão aumenta de instante a instante até atingir um
ponto máximo, decrescendo em seguida, de modo mais lento. Este acréscimo na descarga por
certo período de tempo denomina-se cheia ou enchente.
As inundações podem ser intensificadas pela ação do homem, em vista de alterações no solo da
bacia hidrográfica, como o desmatamento, o desnudamento, a urbanização e a consequente
impermeabilização do solo, tornando-se fenômeno inconveniente quando a planície inundada é
ocupada por atividades humanas incompatíveis com a invasão das águas.

1.2 INUNDAÇÕES EM ÁREAS URBANAS


O crescimento das cidades produz fatores associados ao uso do solo tais como:
• A impermeabilização crescente da bacia hidrográfica resultante da substituição de áreas verdes
por asfalto, gerando um aumento no escoamento superficial em virtude da não infiltração
• A erosão do solo, modificando as condições naturais do escoamento superficial e gerando
assoreamento nos cursos d'água;
• A ocupação das várzeas, de maneira inadequada, fazendo com que estas percam sua capacidade
de atenuar os picos dos hidrogramas;
• Alteração no microclima das cidades pela intensa urbanização, tendo como consequência o
aumento da intensidade das precipitações;
Em consequência desses fatores, nas cheias, o volume das águas supera a capacidade de
escoamento, atingindo áreas de uso urbano e inundando residências, indústrias e o sistema viário,
situados nas várzeas.

1.3 SISTEMAS DE DRENAGEM


Os sistemas de drenagem são classificados como de microdrenagem e de macrodrenagem, sendo:
• A microdrenagem é definida pelo sistema de condutos pluviais ou canais nos loteamentos ou
na rede primária urbana. Este tipo de sistema de drenagem é projetado para atender a drenagem
de precipitações com risco moderado.
• A macrodrenagem envolve os sistemas coletores de diferentes sistemas de microdrenagem. A
macrodrenagem abrange áreas superiores a 4 km² ou 400 ha, sendo que esses valores não devem
ser tomados como absolutos porque a malha urbana pode possuir as mais diferentes
configurações. Este tipo de sistema deve ser projetado para acomodar precipitações superiores às
da microdrenagem com riscos de acordo com os prejuízos humanos e materiais potenciais.

1.4 MEDIDAS ESTRUTURAIS PARA MITIGAÇÃO DAS ENCHENTES


 Medidas estruturais intensivas
As medidas estruturais de controle de cheias do tipo intensiva são aquelas que agem no rio e
objetivam diversas formas de controle dependendo do tipo da obra. A seguir descrevemos
diversas medidas deste tipo de intervenção.
a) Reservatórios: um reservatório construído para laminar cheias, como o próprio nome diz,
lamina a onda de cheia, retendo parte do volume hídrico durante a fase de crescimento da onda, e
restituindo tal volume ao rio durante a fase da recessão da cheia ou logo após a onda da cheia ter
passado. O reservatório deve permanecer sempre vazio esperando a próxima onda de cheia. Este
tipo de obra mostra, em geral, boa laminação nas pequenas e médias cheias, mas nem sempre nas
grandes cheias, principalmente naquelas caracterizadas por vários picos.
b) Caixa de expansão: uma caixa de expansão é corretamente indicada para aquela área alagável
destinada a exercitar um efeito de decapitação da onda de cheia que se propaga ao longo de um
curso d’água. A função de uma caixa de expansão é similar a de um reservatório de laminação de
cheia. As caixas de expansões geralmente são executadas no pé da montanha ou na zona de
planície, em série, em paralelo ou de modo misto a respeito ao curso d’água. Muitas planícies
funcionam como caixa de expansão naturais, pois no momento das enchentes elas são inundadas,
armazenando grande volume d’água, que retorna ao rio principal quando as águas começam a
baixar.
c) Diques: são barramentos ou muros laterais de terra ou de concreto, inclinados ou retos,
construídos ao longo das margens do rio, de altura tal que contenham as vazões no canal
principal a um valor limite estabelecido em projeto. Este tipo de obra assegura o controle
completo das cheias que tenham o seu pico inferior ao limite estabelecido, mas nenhuma
proteção para as vazões que ultrapassam tal limite, que passarão sobre tais muros. Este tipo de
obra é uma das mais antigas medidas estruturais de controle de cheias.
d) Pólderes: os pólderes são utilizados para proteger áreas restritas. A distinção entre diques e
pólderes é que estes últimos utilizam uma estação de bombeamento para retirar as águas que
chegam na área protegida durante uma enchente. Neste tipo de obra geralmente há necessidade
de construir uma galeria com comportas reguláveis para evitar a entrada da água do rio principal
na área protegida e propiciar a saída da água do ribeirão quando a situação é normal.
São medidas estruturais que visam o isolamento de áreas com cotas topográficas abaixo do nível
do mar, objetivando sua proteção em épocas de enchentes e marés. São compostos por diques de
proteção, redes de drenagem e sistemas de bombeamento.
e) Melhoramentos do álveo: os melhoramentos do álveo tem o escopo de diminuir o tirante
hídrico do rio para uma mesma vazão. Isto pode ser obtido aumentando a área da seção
transversal do rio através do alargamento da calha ou do aprofundamento do canal ou ainda
através do aumento da velocidade. O aumento da velocidade pode ser obtido através da
diminuição da rugosidade, aumento da declividade do rio, eliminação de obstruções, etc. Tais
medidas devem der adotadas com muita cautela, porque são frequentes causas de profundas
alterações na dinâmica da modelação do álveo e do equilíbrio das águas superficiais-
subterrâneas. Também podem produzir sérios inconvenientes do ponto de vista ambiental.
f) Retificações: uma retificação de um rio consiste na construção de um novo leito para o rio,
retilíneo ou quase, em uma zona no qual em geral o rio percorre numerosos meandros. O
primeiro efeito de uma retificação é a redução do percurso d’água com consequente aumento da
declividade. Neste caso haverá uma maior velocidade na corrente, as cheias se propagarão mais
rapidamente para a jusante, seja em consequência do menor percurso, seja devido a maior
velocidade. Em função do aumento da velocidade se produzirá uma erosão da seção no trajeto
retificado o qual se estenderá também à montante.
Com o tempo o efeito benéfico da retificação tende a ser reduzido pelas danificações naturais
que sofrerão a calha do rio devido as erosões. À jusante da retificação nas menores velocidades
produzirá invés um depósito, e de consequência se reduzirá a declividade do trajeto retilíneo. A
diminuição da velocidade se estenderá para à montante até o momento que não esteja novamente
restabelecido o equilíbrio.
g) Canais de desvios: um canal de desvio serve para desviar parte da vazão da cheia do curso
d’água principal, diminuindo assim a vazão do rio na zona que se deseja proteger. Neste tipo
particular de obra em geral a água desviada não retorna mais ao canal principal, mas sim para um
lago, um outro curso d’água ou diretamente ao mar. O inconveniente deste tipo de obras está no
fato que, subdividindo a vazão entre mais de um ramo, a velocidade d’água diminui, e portanto,
se reduz também a força de transporte dos materiais. Como consequência, haverá uma elevação
do leito do rio, que pode provocar o desaparecimento de todas as vantagens obtidas com a
construção da obra. Por isto, estas obras devem ser projetadas com muita prudência.
h) Canais paralelos: um canal paralelo é utilizado quando, por diversas razões, não se pode
incrementar a capacidade do canal principal. Neste tipo de obra a vazão é repartida em dois ou
mais ramos, por um certo trecho, após o desvio a água retorna a escoar por um único canal.
Assim, o nível da cheia do canal principal no trecho interessado diminui. Os inconvenientes
deste tipo de obra são os mesmos descritos para o canal de desvio.
i) Canais extravasores: um canal extravasor não é outro que um canal de desvio ou paralelo. A
diferença é que o canal extravasor é alimentado pelo rio somente durante as maiores cheias,
quando a vazão na seção do álveo em correspondência com o vertedor supera um valor pré-
fixado e extravasa do canal principal. Um canal extravasor é normalmente privo de água e
permite o crescimento de vegetação, mas está sempre em condições de receber parte da vazão do
rio, quando este supera o valor pré-fixado. Os mesmos inconvenientes dos canais de desvios e
paralelos ocorrem também nos canais extravasores, mas com muito menor grau porque
funcionam de um modo não contínuo. Por permanecer seco durante o período que não há cheias
e permitir o crescimento de vegetações o canal extravasor é chamado também canal verde.

 Medidas estruturais extensivas


O controle extensivo das cheias é realizado mediante intervenções de conservação do solo, com
práticas agrícolas corretas e através do reflorestamento da bacia. Este tipo de medida produz
benefícios diversos que influenciam no fenômeno de formação da cheia segundo os seguintes
mecanismos:
(a) Aumento da capacidade de infiltração do terreno e, consequentemente, redução dos defluxos
superficiais (que constituem a componente mais importante da cheia);
(b) Redução da velocidade média de escoamento d’água e incremento dos volumes hídricos
contidos temporariamente no solo, com consequente aumento dos tempos de concentração e da
capacidade de laminação da bacia. A onda de cheia resulta, portanto, mais achatada e com a
vazão de pico inferior com respeito ao caso da bacia não sistematizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] CAPÍTULO II/INUNDAÇÕES URBANAS SISTEMÁTICA INTEGRADA PARA
CONTROLE DE INUNDAÇÕES EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS URBANAS

[2] CONRADO DE SOUZA, Ricardo MÉTODO PARA DIMENSIONAMENTO EFICIENTE


DE RESERVATÓRIOS DE CONTENÇÃO DE CHEIAS PARA A CIDADE DE CURITIBA-
PR/CURITIBA, 2018

[3] CORDERO1, Ademar - MEDIDAS DE CONTROLE DE CHEIAS E EROSÕES

[4] MANUAL DE DRENAGEM URBANA/Região Metropolitana de Curitiba- PR/ VERSÃO


1.0 Dezembro 2002

[5] RODRIGUES DOS SANTOS, Álvaro - ENCHENTES URBANAS: CAUSAS E


SOLUÇÕES/Convenção SECOVI 2012

[6] SATIN, Bruno - CONTROLE DE INUNDAÇÃO, Análise de medidas desse controle em São
Paulo com base no Plano Diretor de Macrodrenagem da bacia do Alto Tietê Satin

[7] VOLUME I/MANUAL DE DRENAGEM URBANA/Toledo-PR: Versão 1.0 agosto 2017

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