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HISTÓRIA II
PRIMEIRO REINADO

REBELIÕES CONTRA A QUESTÕES POLÍTICAS


INDEPENDÊNCIA E O A partir da opção pelo modelo de monarquia constitucional, foi
necessária a instauração de uma Assembleia Constituinte em 1823.
RECONHECIMENTO EXTERNO Em um primeiro momento, venceu o projeto do grupo Coimbrão, de
viés conservador e liderado por José Bonifácio e pelos Andradas.
O processo de independência brasileiro, apesar de
Porém, esta Assembleia também foi palco simbólico das cisões pós
aparentemente pacífico, foi marcado por diversas revoltas na independência de grupos políticos, representados principalmente
Bahia, Piauí, Maranhão, Grão-Pará e Cisplatina. O governo responde pelo Partido Português, Partido Brasileiro e os Bonifácios.
ofensivamente a estes movimentos, sobretudo contra estrangeiros
– em sua maioria portugueses -, milícias e populares. Os agentes Produz-se o projeto conhecido como Mandioca, que pautava
o seguinte ideário:
de repressão foram, principalmente, mercenários ingleses –
liderados pelo Lord Cochrane e John Grenfell -, o que desencadeou • Monarquia representativa hereditária
desde já em um endividamento do Império brasileiro. • 3 poderes independentes (Executivo, Legislativo e
Os países latinos, da antiga América Espanhola, em um Judiciário)
primeiro momento não reconheceram a emancipação e a estrutura • Senado vitalício
monárquica brasileira. Entretanto, deste mesmo continente, em • Câmara dos Deputados (Assembleia Geral) – não podia ser
maio de 1824, os Estados Unidos emergem como o primeiro dissolvida pelo Imperador
a reconhecer a independência perante Portugal. Já este país,
• Voto censitário (valor referencial: alqueire de mandioca)
reconheceu no ano seguinte, em 1825, através do intermédio
inglês, ao acordar o estabelecimento de uma tarifação alfandegária • Proibição de estrangeiros em cargos públicos
especial somado ao pagamento compensatório de 2 milhões • Maior poder para o Legislativo
de libras esterlinas – emprestados também pela Inglaterra. No entanto, o projeto foi marcado por uma série de problemas
Logo, desde seus primeiros anos, a nação brasileira avolumava políticos. Pedro I, apoiado pelo Partido Português, se coloca
endividamentos externos contrário às elites brasileiras, sob a alegação que queriam reduzi-lo
a um Imperador fantoche, isto é, com poder extremamente limitado.
Por esta razão, em 12 de novembro de 1823 é deflagrada a Noite
SIMBOLISMO da Agonia, que culminou na dissolução da Assembleia Constituinte,
Durante as primeiras décadas do século XIX, o continente além da prisão de deputados e desterro dos Andradas.
americano via-se imerso em uma série de movimentos Logo, o imperador D. Pedro I, reunido com 10 políticos de sua
emancipacionistas, que desencadearam na instauração de confiança, outorga a Constituição de 1824, que apresentava as
seguintes características:
regimes republicanos. Entretanto, o Brasil optou pelo regime
monárquico, governado por um português, D. Pedro I. Cabe refletir • Monarquia hereditária e vitalícia
acerca das principais razões para tal, compreendida sobretudo • 4 poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador)
em uma tentativa de evitar o desmembramento territorial, além da • Voto censitário (valor referencial: renda anual) e descoberto
manutenção do status quo de parte da elite brasileira – educada • Eleições indiretas e em dois turnos (1º turno: escolha de
em Coimbra e nos moldes da realeza europeia. Cria-se então o eleitores na proporção de 1 para 100 domicílios; 2º turno:
Estado monárquico como portador de um projeto de nacionalidade, elegiam-se os deputados e senadores. Estes últimos em
cuja base territorial é um dos principais símbolos de riqueza. listas tríplices, onde o imperador escolhia o candidato de
sua preferência).
• Centralização do poder
• Catolicismo como religião oficial (Domínio do Estado sobre
a Igreja: Padrado e Benefício)
• Liberdade religiosa em âmbito privado

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A ESCRAVIDÃO E A CONSTRUÇÃO DO SUCESSÃO DO TRONO PORTUGUÊS


IMPÉRIO Em 10 de março de 1826, o rei de Portugal, D. João VI, morre.
Seu filho, D. Pedro I, abdica de seus direitos do trono português em
Desde o princípio do governo imperial, havia uma orientação de favor de sua filha D. Maria da Glória, que na época tinha apenas
Bonifácio – figura contrária ao continuísmo do tráfico negreiro – 7 anos, sob a regência de seu irmão, D. Miguel. Entretanto, ele
que visava o fim gradual do tráfico negreiro. Inclusive, o artigo 254 instaura um golpe de Estado, retirando a sobrinha e intitulando-se
da Constituição de 1824 previa sua extinção a médio prazo. como o novo rei de Portugal. Este fato levou D. Pedro I a entrar em
Entre 1826 e 1827 havia a orientação de reconhecimento dos guerra com seu irmão, aumentando os gastos brasileiros com o
navios negreiros como piratas, originando o que popularmente conflito, desencadeando mais críticas a seu governo.
ficou conhecido como lei para inglês ver. Já a partir de 1826 a
1830, a possibilidade real do tráfico, aumentou seu número de
40 mil escravos anuais existentes no início desta década para 60 CRISE ECONÔMICA
mil. Nota-se uma política de abolição gradual concomitante ao Além da crise política e dos altos gastos do imperador, outra
aparelhamento do Estado para manutenção do sistema escravista. questão era a grande concorrência internacional que o açúcar e o
algodão enfrentavam. Os tratados que privilegiavam a Inglaterra
eram extremamente prejudiciais a realidade brasileira. Somado
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR a estes pontos, havia também os gastos adquiridos com o
(1824) reconhecimento da Independência brasileira, a falência do Banco
do Brasil, os inúmeros empréstimos adquiridos com a Inglaterra, o
Este movimento de cunho republicano e separatista eclodiu em aumento da inflação e os gastos para sufocar a Confederação do
Pernambuco pelas seguintes razões: Equador (1824).
• Imposição da Constituição de 1824
• Criação do Poder Moderador
CRISE DO IMPÉRIO
• Dissolução da Assembleia Constituinte na Noite da
Como é possível perceber, o breve governo de D. Pedro I
Agonia
enfrentava uma grave crise, agravada com o assassinato do
• Lembranças da Revolução Pernambucana (1817) jornalista e membro do Partido Brasileiro: Líbero Badaró. Por ser
• Questões econômicas, relativas à crise açucareira e grande crítico ao imperador e sua maneira de conduzir a política
algodoeira brasileira, a morte de Badaró gerou grande comoção nacional,
• Influência de ideais liberais, republicanos e federativos levando a questionamentos ao Império das causas desta morte.
Visando apaziguar as ações de diversos setores do país, o imperador
O desenvolvimento deste movimento se deu a partir de jornais resolveu fazer visitas diplomáticas a determinas províncias. No
como o Tifis Pernambucano de Frei Caneca e A Sentinela de Cipriano entanto, ao chegar em Minas Gerais foi pessimamente recebido pela
Barata, que se constituíram como importantes críticos da situação oposição, com vaias e gritos do nome de Líbero Badaró. No retorno
política e social da região. Para agravar a situação, D. Pedro I nomeia a capital, D. Pedro I foi recebido com festa pelo Partido Português,
um novo governador para Pernambuco: Francisco de Pais Barreto, o que levou ao choque com membros do Brasileiro, gerando a
contrariando a vontade da maioria dos eleitores: Manuel Pais de conhecida Noite das Garrafadas em 13 de março de 1831.
Andrade. Eclode então no dia 02 de julho de 1824 a Confederação do
Equador, lideradas pelos nomes destacados acima. Mais uma vez, objetivando acalmar a situação, o imperador
nomeia um ministério somente com brasileiros, mas com a
O movimento tinha como propostas principais: permanências das inúmeras tensões, demite-os e nomeia
• República Federativa – baseado principalmente na ministros portugueses, desencadeando protestos e motins.
experiência dos Estados Unidos Não encontrando saída e estabilidade para manter seu
• Supremacia do poder Legislativo governo, e com receio de perder o trono e em consequentemente
• Constituição baseada no modelo da Colômbia desencadear no fim de sua dinastia no Brasil, D. Pedro I abdica
do trono em 7 de abril de 1831 a favor de seu filho, Pedro de
• Abolição do tráfico de escravos – medida que rompe com
Alcântara. Entretanto, como “Pedrinho” tinha apenas 5 anos de
os anseios aristocráticos
idade, instaura-se uma regência no Brasil.
• Enviar emissários para outros estados próximos
• Brigadas populares.
Para reprimir o movimento, mais uma vez, foram contratados EXERCÍCIOS
os mercenários Ingleses, que agiram em conjunto com as tropas PROTREINO
do governo. Logo, a Confederação do Equador foi amplamente
reprimida, desencadeando na execução, punição e fuga de suas 01. Aponte as razões que justifiquem a opção pelo modelo
principais lideranças monárquico no Brasil após a independência.
02. Explique a insatisfação de D. Pedro I com o projeto de
QUESTÃO DA CISPLATINA Constituição da Mandioca.
Em 19 de abril de 1825, Juan Antônio Lavalleja iniciou o 03. Cite ao menos 5 características da Constituição de 1824.
movimento que visava libertar esta região, que historicamente
desencadeou conflitos anteriormente entre Espanha e Portugal, e 04. Explique brevemente a Confederação do Equador, destacando
nesta conjuntura, entre Argentina e Brasil. Com intermédio inglês, suas motivações e seu desfecho.
a solução encontrada para resolver este impasse foi o surgimento 05. Identifique os principais fatores que expliquem a abdicação de
de um Estado independente, a partir da criação da República D. Pedro I no Brasil.
Oriental do Uruguai em 28 de agosto de 1825. Vale destacar que a
perda desta região e esta resolução trouxe grandes prejuízos aos
cofres brasileiros.

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d) pelo estigma que a escravidão fazia recair sobre o trabalho


braçal.
EXERCÍCIOS e) pela ojeriza ao labor agrícola, inerente a sua condição de

PROPOSTOS homem letrado.

03. (FUVEST) Examine o gráfico.


01. (UNICAMP) Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830
foi o desejo de autonomia literária, tornado mais vivo depois da
Independência. (…) O Romantismo apareceu aos poucos como
caminho favorável à expressão própria da nação recém-fundada,
pois fornecia concepções e modelos que permitiam afirmar o
particularismo, e portanto a identidade, em oposição à Metrópole
(…).
CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2004, p. 19.

Tendo em vista o movimento literário mencionado no trecho acima,


e seu alcance na história do período, é correto afirmar que
a) o nacionalismo foi impulsionado na literatura com a vinda da
família real, em 1808, quando houve a introdução da imprensa
no Rio de Janeiro e os primeiros livros circularam no país.
b) o indianismo ocupou um lugar de destaque na afirmação das
identidades locais, expressando um viés decadentista e cético
quanto à civilização nos trópicos.
c) os autores românticos foram importantes no período por
produzirem uma literatura que expressava aspectos da
natureza, da história e das sociedades locais.
d) a população nativa foi considerada a mais original dentro do Manolo Florentino. Em costas negras. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Adaptado.
Romantismo e, graças à atuação dos literatos, os indígenas
passaram a ter direitos políticos que eram vetados aos negros. O gráfico fornece elementos para afirmar:
a) A despeito de uma ligeira elevação, o tráfico negreiro em
02. (FUVEST) Tornando da malograda espera do tigre, 1alcançou o direção ao Brasil era pouco significativo nas primeiras décadas
capanga um casal de velhinhos, 2que seguiam diante dele o mesmo do século XIX, pois a mão de obra livre já estava em franca
caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das expansão no país.
poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera 3que destinavam
eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à compra de b) As grandes turbulências mundiais de finais do século XVIII
mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam e de começos do XIX prejudicaram a economia do Brasil,
abrir uma boa roça. fortemente dependente do trabalho escravo, mas incapaz de
obter fornecimento regular e estável dessa mão de obra.
–– Mas chegará, homem? perguntou a velha.
c) Não obstante pressões britânicas contra o tráfico negreiro em
–– Há de se espichar bem, mulher! direção ao Brasil, ele se manteve alto, contribuindo para que a
Uma voz os interrompeu: ordem nacional surgida com a Independência fosse escravista.
–– Por este preço dou eu conta da roça! d) Desde o final do século XVIII, criaram-se as condições para que
–– Ah! É nhô Jão! a economia e a sociedade do Império do Brasil deixassem de
ser escravistas, pois o tráfico negreiro estava estagnado.
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por
homem de palavra, e de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais e) Rapidamente, o Brasil aderiu à agenda antiescravista britânica
hesitação; e foram mostrar o lugar que estava destinado para o formulada no final do século XVIII, firmando tratados de
roçado. diminuição e extinção do tráfico negreiro e acatando as
imposições favoráveis ao trabalho livre.
Acompanhou-os Jão Fera; porém, 4mal seus olhos descobriram
entre os utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no
afã de ganhar a soma precisa, que sem mais deu costas ao par de 04. (UNICAMP) Para Portugal, não era interessante trazer para o
velhinhos e foi-se deixando-os embasbacados. Brasil imigrantes de estados possuidores de colônias, tais como
ALENCAR, José de. Til.
França, Inglaterra, Holanda e Espanha. Abrir  as portas da colônia
e, depois, do recém‑criado império do Brasil poderia significar
* moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter gratuito). um risco. Daí, a  preferência por imigrantes dos estados alemães,
da Suíça, e da Itália. Pedro I continuou essa política enfatizando
Considerada no contexto histórico-social figurado no romance Til, que era necessário apoiar o desenvolvimento da agricultura, pelo
a brusca reação de Jão Fera, narrada no final do excerto, explica-se aliciamento de bons colonos que aumentassem o número de
a) pela ambição ou ganância que, no período, caracterizava os braços dos quais necessitávamos.
homens livres não proprietários. (Adaptado de João Klug, “Imigração no Sul do Brasil, em Keila Grinberg e Ricardo Sales (org.).
O Brasil Imperial. v. III. 1870-1889. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 247.)
b) por sua condição de membro da Guarda Nacional, que lhe
interditava o trabalho na lavoura. Assinale a alternativa correta.
c) pela indolência atribuída ao indígena, da qual era herdeiro o a) A grande entrada de imigrantes no Brasil ocorreu a partir do
“bugre”. Primeiro Reinado, em função do fim do tráfico negreiro e da
maciça propaganda promovida pelo governo brasileiro na
Europa.

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HISTÓRIA II 13 PRIMEIRO REINADO

b) No Primeiro Reinado, a entrada de imigrantes associava-se ao b) A Constituição de 1824 instaurava a laicidade no território
incremento da produção agrícola e tinha em conta o cenário nacional, extinguindo a religião católica como religião oficial
internacional, no qual as metrópoles europeias disputavam do império e expressando textualmente que “todas as outras
territórios e riquezas. religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou
c) Em meio à corrida imperialista do século XIX, Portugal particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma
empenhou-se pelo fim da escravidão em Lisboa e do tráfico exterior do Templo”.
negreiro em suas colônias africanas. c) A organização política instaurada pela Constituição de 1824
d) A imigração no Brasil surgiu como questão a partir da dividia-se em 4 poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e
implantação da Lei Áurea, que alterou os modos de pagamento Moderador, sendo que este último determinava a pessoa do
do trabalho livre. imperador como inviolável e sagrada.
d) A Constituição de 1824 determinou a cidadania amplificada
05. (FUVEST) A Constituição Brasileira de 1824 colocou o e o direito ao voto para todos os nascidos em solo brasileiro,
Imperador à testa de dois Poderes. Um deles lhe era “delegado independentemente de gênero, raça ou renda.
privativamente” e o designava “Chefe Supremo da Nação” para e) A Constituição de 1824 promoveu, em diversos artigos,
velar sobre “o equilíbrio e harmonia dos demais Poderes Políticos”, ideais de cunho abolicionista. Tais ideais foram respaldo para
o outro Poder o designava simplesmente “Chefe” e era delegado movimentos políticos posteriores, tais como a Revolta dos
aos Ministros de Estado. Estes Poderes eram respectivamente: Farrapos e a Revolta dos Malês.
a) Executivo e Judiciário.
b) Executivo e Moderador. 08. (ENEM (LIBRAS))
c) Moderador e Executivo. Constituição Política do Império do Brasil
d) Moderador e Judiciário. (de 25 de março de 1824)
e) Executivo e Legislativo. Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização
política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe
06. (FEEVALE) “[...] no 07 de setembro de 1822, nas margens do Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que
Ipiranga, nos arredores de São Paulo, quando Dom Pedro, herdeiro incessantemente vele sobre a manutenção da independência,
do trono português, gritou ‘Independência ou morte’, estava equilíbrio e harmonia dos demais Poderes Políticos.
exagerando. [...] O que estava em jogo no início da década de 1820 Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2015 (adaptado).
era mais uma questão de monarquia, estabilidade, continuidade e
integridade territorial do que de revolução colonial.” A apropriação das ideias de Montesquieu no âmbito da norma
MAXWELL, Kenneth. Por que o Brasil foi diferente? O contexto da independência. In: constitucional citada tinha o objetivo de
MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Viagem incompleta: A experiência brasileira (1500-2000). a) expandir os limites das fronteiras nacionais.
Formação: histórias. São Paulo: Senac, 2000, p. 186.
b) assegurar o monopólio do comércio externo.
O processo de independência do Brasil foi marcado por diversas c) legitimar o autoritarismo do aparelho estatal.
características. Sobre esse tema, fazem-se as seguintes
d) evitar a reconquista pelas forças portuguesas.
afirmações.
e) atender os interesses das oligarquias regionais.
I. A instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro em 1808
representou uma alternativa para o contexto de crise política
da Metrópole e a possibilidade de estruturar um império luso- 09. (UECE) Observe o seguinte enunciado:
brasileiro na América. “Com a dissolução da Assembleia Constituinte, em 12 de
II. Da mesma forma que nos demais países da América Latina, novembro de 1823, aumentou a insatisfação com o governo de
o Brasil independente tornou-se monárquico, liberal e, D. Pedro I, sobretudo no Nordeste. Em 2 de julho de 1824, em
rapidamente, urbano. Pernambuco, Manuel Carvalho Paes de Andrade lança o manifesto
que dá origem ao movimento. Contudo, antes da manifestação
III. O projeto de D. Pedro, ao proclamar a independência, era ocorrida no Recife, apoiada por Cipriano Barata e por Joaquim
ampliar o controle das Cortes portuguesas sobre o Brasil, além da Silva Rabelo (o Frei Caneca), ambos experientes revoltosos,
de acabar com a escravidão. a província do Ceará já tinha sua manifestação contrária ao
Com base nas afirmações, assinale a alternativa correta. Imperador, ocorrida no município de Nova Vila do Campo Maior
a) Apenas a afirmação I está correta. (hoje Quixeramobim), em 9 de janeiro de 1824 e liderada por
Gonçalo Inácio de Loyola Albuquerque e Melo (o Padre Mororó)”.
b) Apenas as afirmações I e II estão corretas.
O movimento ocorrido no Brasil durante o Império a que o enunciado
c) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
acima se refere é denominado
d) Apenas as afirmações II e III estão corretas.
a) Revolução Pernambucana.
e) Todas as afirmações estão corretas.
b) Revolução Praieira.

07. (UDESC) Em 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorgou a c) Contestado.


Constituição Política do Império do Brasil. Em relação à Constituição d) Confederação do Equador.
de 1824, assinale a alternativa correta.
a) O Texto Constitucional foi construído coletivamente pela 10. (FMP) O texto a seguir é um fragmento de decreto de D. Pedro
Câmara de Deputados, votado e aprovado em 25 de março de I, de 1823, em que o imperador dissolve a Assembleia Constituinte.
1824. Expressava os interesses tanto do partido liberal quanto Havendo Eu convocado, como Tinha Direito de convocar, a
do partido conservador, para o futuro na nação que recém Assemblea Geral, Constituinte e Legislativa, [...] e havendo esta
conquistara sua independência. Assemblea perjurado ao tão solemne juramento, que prestou à
Nação [...]: Hei por bem, como Imperador, e Defensor Perpetuo do
Brasil, dissolver a mesma Assemblea, e convocar já huma outra na
forma das Instruções, feitas para a convocação desta, que agora

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13 PRIMEIRO REINADO HISTÓRIA II

acaba; a qual deverá trabalhar sobre o Projecto de Constituição, a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros” apagavam
que Eu Hei-de em breve Apresentar; que será duplicadamente mais as fogueiras “portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo
liberal, do que a extincta Assemblea acabou de fazer. respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas.
D. PEDRO I. Decreto de dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, em 12 nov. 1823 VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 (adaptado)
apud PEREIRA, V. “A longa ‘noite da agonia’”. Revista de História da Biblioteca Nacional.
Rio de Janeiro: SABIN, ano 7, n. 76, jan. 2012, p. 42.
Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo
aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos episódios
Com base na justificativa do ato político explicitado no texto do
descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela
decreto, e analisando as suas consequências, identifica-se um
antagonismo entre: a) estímulos ao racismo.
a) Monarquia e República. b) apoio ao xenofobismo.
b) Capitalismo e Socialismo. c) críticas ao federalismo.
c) Imperialismo e Independência. d) repúdio ao republicanismo.
d) Absolutismo e Liberalismo. e) questionamentos ao autoritarismo.
e) Nacionalismo e antilusitanismo.
14. Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias Paroquiais:
11. Sobre a situação econômica e financeira do Brasil durante o I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se
Primeiro Reinado, é INCORRETO afirmar que compreendam os casados, e Oficiais militares que forem
maiores de vinte e um anos, os Bacharéis Formados e Clérigos
a) o Brasil passava por uma forte crise no comércio de exportação,
de Ordens Sacras.
devido à queda das suas vendas externas de açúcar no
mercado Europeu. II. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade claustral.
b) a situação brasileira se agravou na medida em que, depois do III. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens
declínio da produção aurífera colonial, a Inglaterra perdeu o de raiz, indústria, comércio ou empregos.
interesse de ser parceira comercial do Brasil. Constituição Política do Império do Brasil (1824). Disponível em: https://legislação.
planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado).
c) o imperador D. Pedro I fazia gastos excessivos e não voltados ao
desenvolvimento econômico, como o financiamento da Guerra A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto
da Cisplatina, além de existirem problemas na arrecadação de histórico de sua formulação. A Constituição de 1824 regulamentou o
impostos. direito de voto dos “cidadãos brasileiros” com o objetivo de garantir
d) o café, que seria o grande produto brasileiro de exportação no a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política brasileira.
século XIX, ainda não ocupava espaço significativo no comércio
b) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros
exterior do país.
nascidos livres.
e) havia grande carência em transportes que, aliada às dimensões
c) a concentração de poderes na região produtora de café, o
continentais do território brasileiro, dificultava a integração
Sudeste brasileiro.
econômica do novo país e o adequado aproveitamento de suas
riquezas naturais. d) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietários
e comerciantes.
12. (Enem PPL) É simplesmente espantoso que esses núcleos tão e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões
desiguais e tão diferentes se tenham mantido aglutinados numa político-administrativas.
só nação. Durante o período colonial, cada um deles teve relação
direta com a metrópole. Ocorreu o o extraordinário, fizemos um 15. A Confederação do Equador contou com a participação de diversos
povo-nação, englobando todas aquelas províncias ecológicas segmentos sociais, incluindo os proprietários rurais que, em grande
numa só entidade cívica e política. parte, haviam apoiado o movimento de independência e a ascensão
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1988. de D. Pedro I ao trono. A necessidade de lutar contra o poder central
fez com que a aristocracia rural mobilizasse as camadas populares,
Após a conquista da autonomia, a questão primordial do Brasil que passaram então a questionar não apenas o autoritarismo do
residia em como garantir sua unidade político-territorial diante das poder central, mas o da própria aristocracia da província. Os líderes
características e práticas herdadas da colonização. Relacionando mais democráticos defendiam a extinção do tráfico negreiro e mais
o projeto de independência à construção do Estado nacional igualdade social. Essas ideias assustaram os grandes proprietários de
brasileiro, a sua particularidade decorreu da terras que, temendo uma revolução popular, decidiram se afastar do
a) ordenação de um pacto que reconheceu os direitos políticos movimento. Abandonado pelas elites, o movimento enfraqueceu e não
aos homens, independentemente de cor, sexo ou religião. conseguiu resistir à violenta pressão organizada pelo governo imperial.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1996 (adaptado).
b) estruturação de uma sociedade que adotou os privilégios de
nascimento como critério de hierarquização social.
Com base no texto, é possível concluir que a composição da
c) realização de acordos entre as elites regionais, que evitou Confederação do Equador envolveu, a princípio,
confrontos armados contrários ao projeto luso-brasileiro.
a) os escravos e os latifundiários descontentes com o poder
d) concessão da autonomia política regional, que atendeu aos centralizado.
interesses socioeconômicos dos grandes proprietários.
b) diversas camadas, incluindo os grandes latifundiários, na luta
e) Afirmação de um regime constitucional monárquico que contra a centralização política.
garantiu a ordem associada à permanência da escravidão.
c) as camadas mais baixas da área rural, mobilizadas pela
aristocracia, que tencionava subjugar o Rio de Janeiro.
13. Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde Pedro I
fora recebido com grande frieza, seus partidários prepararam uma d) as camadas mais baixas da população, incluindo os escravos,
série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro, que desejavam o fim da hegemonia do Rio de Janeiro.
armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 e) as camadas populares, mobilizadas pela aristocracia rural,
de março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como cujos objetivos incluíam a ascensão de D. Pedro I ao trono.

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HISTÓRIA II 13 PRIMEIRO REINADO

16. (UFRGS) Observe a tabela abaixo, que apresenta o número IV. Os religiosos e quaisquer que vivam em comunidade claustral.
de africanos escravizados que desembarcaram no Brasil, após a V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens
independência, e considere o texto do historiador Sidney Chalhoub. de raiz, indústria, comércio, ou emprego.
BRASIL. Constituição de 1824. Disponível em: www.planalto.gov.br.
Número de africanos escravizados que Acesso em: 4 abr. 2015 (adaptado).
Período
desembarcaram no Brasil
De acordo com os artigos do dispositivo legal apresentado, o
1826-1830 329.670 sistema eleitoral instituído no início do Império é marcado pelo(a)
1831-1835 101.924 a) representação popular e sigilo individual.
1836-1840 313.784 b) voto indireto e perfil censitário.
1841-1845 162.170 c) liberdade pública e abertura política.
d) ética partidária e supervisão estatal.
1846-1850 324.991
e) caráter liberal e sistema parlamentar.
1851-1855 8.292
1856-1860 520 18. (ENEM) Entre os combatentes estava a mais famosa heroína
Disponível em: <http://www.slavevoyages.org/assessment/estimates>. da Independência. Nascida em Feira de Santana, filha de lavradores
Acesso em: 10 set. 2018. pobres, Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia
começou a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da
Não obstante a proibição legal, e após decrescimento temporário proibição de mulheres nos batalhões de voluntários, decidiu se
nas entradas de africanos durante a primeira metade da década de 1830, alistar às escondidas. Cortou os cabelos, amarrou os seios, vestiu-
o comércio negreiro, então clandestino, assumiu proporções aterradoras se de homem e incorporou-se às fileiras brasileiras com o nome de
nos anos seguintes, impulsionado pela demanda por trabalhadores para Soldado Medeiros.
as fazendas de café, useiro e vezeiro no logro aos cruzeiros britânicos, GOMES, L. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
auxiliado pela conivência e corrupção de autoridades públicas e com
o apoio de setores diversos da população. [...] Não custa meditar por No processo de Independência do Brasil, o caso mencionado é
um momento no que se acaba de anunciar: a riqueza e o poder dos emblemático porque evidencia a
cafeicultores, que se tornaria símbolo maior da prosperidade imperial
a) rigidez hierárquica da estrutura social.
ao longo do Segundo Reinado, viabilizaram-se ao arrepio da lei, pela
aquisição de cativos provenientes de contrabando. b) inserção feminina nos ofícios militares.
CHALHOUB, Sidney. A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista. c) adesão pública dos imigrantes portugueses.
Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2012. p. 36-37.
d) flexibilidade administrativa do governo imperial.
Considere as seguintes afirmações sobre os dados e o texto acima. e) receptividade metropolitana aos ideais emancipatórios.
I. O tráfico transatlântico, durante a maior parte do Império
Brasileiro, foi uma prática ilegal, sustentada, entre outras 19. (ESPM) Assim, as províncias do nordeste, há muito insatisfeitas
coisas, pelo conluio de elites econômicas com setores da com a política da corte, e agitadas com essa guerra de palavras,
administração monárquica. manifestaram-se em uma nova explosão revolucionária.
II. A flutuação do número de africanos escravizados que
Contra decisões de D. Pedro I, conclamava o Typhis
desembarcaram no Brasil explica-se apenas pela dinâmica de
Pernambucano: ‘Eia, pernambucanos! A nau da pátria está em
oferta e procura, sem o impacto de leis e tratados nacionais e
perigo, cada um a seu posto, unamo-nos com as províncias
internacionais.
limítrofes. Escolhamos um piloto, que mareie a nau ameaçada
III. O número de africanos escravizados teve um imediato
de iminente e desfechada tempestade; elejamos um governo
decréscimo nos cinco anos seguintes à aprovação da
supremo, que nos conduza à salvação e à glória.’.
Bill Aberdeen pelo parlamento britânico, que autorizava o
(Lúcia Bastos Pereira das Neves. "A Vida Política" in: Crise Colonial e Independência /
aprisionamento de navios negreiros pela Marinha inglesa. coordenação Alberto da Costa e Silva)

Quais estão corretas?


O contexto tratado deve ser relacionado com:
a) Apenas I. d) Apenas I e III.
a) a Confederação do Equador;
b) Apenas II. e) I, II e III.
b) a Revolução Pernambucana de 1817;
c) Apenas III.
c) a Praieira;
17. (ENEM) Art. 90. As nomeações dos deputados e senadores d) a Sabinada;
para a Assembleia Geral, e dos membros dos Conselhos Gerais e) a Cabanagem.
das províncias, serão feitas por eleições, elegendo a massa dos
cidadãos ativos em assembleias paroquiais, os eleitores de 20. (MACKENZIE) “A cena de uma rua é, a um só tempo, a mesma
província, e estes, os representantes da nação e província. de todo o quarteirão. Os pés de chumbo (portugueses) deixam
Art. 92. São excluídos de votar nas assembleias paroquiais: que a cabralhada (brasileiros) se aproxime o mais possível. E
inesperadamente, de todas as portas, chovem garrafas inteiras e
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais se não
aos pedaços sobre os invasores. O sangue espirra, testas, cabeças,
compreendem os casados, os oficiais militares, que forem
canelas... Gritos, gemidos, uivos, guinchos.
maiores de vinte e um anos, os bacharéis formados e os
clérigos de ordens sacras. É inverossímil.
II. Os filhos de famílias, que estiverem na companhia de seus pais, E a raça toda, de cacete em punho, vai malhando... E os corpos
salvo se servirem a ofícios públicos. a cair ensanguentados sobre os cacos navalhantes das garrafas. ”
(Correia, V.,1933, p. 42)
III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os guarda-
livros, e primeiros caixeiros das casas de comércio, os
O episódio, descrito acima, relata o enfrentamento entre
criados da Casa Imperial, que não forem de galão branco, e os
portugueses e brasileiros, em 13/03/1831, no Rio de Janeiro,
administradores das fazendas rurais e fábricas.

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13 PRIMEIRO REINADO HISTÓRIA II

conhecido como Noite das Garrafadas. Essa manifestação 03. (UFU) Você sabe o quanto eu, sinceramente, detesto o tráfico
assemelhava-se às lutas liberais travadas na Europa, após as de escravos, o quanto acredito ser ele prejudicial ao país, o
decisões tomadas pelo Congresso de Viena. quanto desejo sua total cessão, embora isso não possa ser feito
A respeito dessa insatisfação popular, presente tanto na Europa, imediatamente. As pessoas não estão preparadas para isso, e
após 1815, quanto nos conflitos nacionais, durante o I Reinado, é até que seja feito, colocaria em risco a existência do governo, se
correto afirmar que tentarmos fazê-lo repentinamente.
Correspondência de José Bonifácio ao enviado britânico Henry Chamberlain, 1823. Citada
a) D. Pedro II adota a mesma política praticada por monarcas em: MAXWELL, Kenneth. Por que o Brasil foi diferente? O contexto da independência. In:
europeus; quando, ao outorgar uma carta constitucional, MOTA, Carlos Guilherme (org.). Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000).
contrariou os interesses, tanto da classe oligárquica, fiel ao Formação: histórias. São Paulo: Editora Senac, 2000, p.192 (adaptado)

trono, quanto das classes populares, as quais permaneceram


sem direito ao voto. A emancipação política do Brasil não significou uma ruptura total
com a ordem socioeconômica anterior, o que pode ser demonstrado
b) o governo brasileiro também se utilizou de empréstimos junto pela permanência da escravidão.
à Inglaterra, aumentando a dívida externa e fortalecendo a
economia inglesa, a fim de sanar o deficit orçamentário e A respeito da questão escravista no I Reinado:
suprir os gastos militares em campanhas contra os levantes a) Apresente duas razões pelas quais, de acordo com José
populares. Bonifácio, o fim do tráfico de escravos ameaçaria a própria
c) D. Pedro I, buscando recuperar sua popularidade, iniciou uma existência do governo.
série de visitas às províncias revoltosas do país, adotando a b) Caracterize a política inglesa em relação ao tráfico de escravos
mesma estratégia diplomática que alguns regentes europeus, no Brasil.
nessa época, praticaram, sem contudo, lograrem nenhum
sucesso político. 04. (UNICAMP) Passar de Reino a Colônia
d) as guerras travadas contra o exército napoleônico, na Europa, e É desar [derrota]
o envolvimento do Brasil, na Guerra da Cisplatina, provocaram, É humilhação
em ambos os casos, a enorme insatisfação popular e revolta,
diante do elevado número de combatentes mortos. que sofrer jamais podia
e) a retomada de políticas absolutistas, como o estabelecimento brasileiro de coração.
do Poder Moderador, no Brasil, dando plenos poderes a D. A quadrinha acima reflete o temor vivido no Brasil depois do
Pedro I e, na Europa, a dura repressão contra as ideias liberais, retorno de D. João VI a Portugal em 1821. Apesar de seu filho
deflagradas pela Revolução Francesa, ocasionaram uma Pedro ter ficado como regente, acirrou-se o antagonismo entre
enorme insatisfação popular. “brasileiros” e “portugueses” até que, em dezembro de 1821, as
Cortes de Portugal determinaram o retorno do príncipe. Se ele
acatasse, tudo poderia acontecer. Inclusive, dizia d. Leopoldina,
EXERCÍCIOS DE “uma Confederação de Povos no sistema democrático como nos
Estados Livres da América do Norte”.
APROFUNDAMENTO (Adaptado de Eduardo Schnoor,”Senhores do Brasil”, Revista de História da Biblioteca
Nacional, no. 48. Rio de Janeiro, set. 2009, p. 36.)

01. (UNICAMP) Com a partida de D. João VI, permaneceu como


a) Identifique os riscos temidos pelas elites do centro-sul do
regente do reino do Brasil o príncipe herdeiro. Contrário à ideia de
Brasil com o retorno de D. João VI a Lisboa e a pressão das
submissão do monarca a uma assembleia, que ele considerava
Cortes para que D. Pedro I retornasse a Portugal.
despótica, mas incapaz de deter o rumo dos acontecimentos, D.
Pedro habilmente se aproximou de uma facção da elite brasileira, a b) Explique o que foi a Confederação do Equador.
dos luso-brasileiros.
Adaptado de Guilherme Pereira das Neves, “Del Imperio lusobrasileño al imperio del 05. (UERJ) Trecho da carta de despedida de D. Pedro I a seu filho
Brasil (1789-1822)”, em François-Xavier Guerra (org.), Pedro II.
Inventando la nación. México: FCE, 2003, p. 249.
Meu querido filho e imperador... Deixar filhos, pátria e amigos,
Considerando os processos de independência no continente não pode haver maior sacrifício; mas levar a honra ilibada, não
americano, pode haver maior glória. Lembre-se sempre de seu pai, ame a sua
e a minha pátria, siga os conselhos que lhe derem aqueles que
a) apresente duas diferenças importantes entre o processo de
cuidarem de sua educação, e conte que o mundo o há de admirar...
independência no mundo colonial espanhol e o processo de
Eu me retiro para a Europa: assim é necessário para que o Brasil
independência do Brasil.
sossegue, e que Deus permita, e possa para o futuro chegar àquele
b) explique a importância dos luso-brasileiros no governo de D. grau de prosperidade de que é capaz.
Pedro I e por que eles foram a causa de diversos conflitos no
Adeus, meu amado filho, receba a bênção de seu pai que se
período.
retira saudoso e sem mais esperanças de o ver.
D. Pedro de Alcântara, 12 de abril de 1831 <revistadehistoria.com.br>
02. (USF) O Brasil independente nasceu em meio a uma profunda
crise. Uma crise política marcada pela contestação da autoridade Ainda permanece a imagem de Pedro I como um dos
do imperador e por guerras de independência em várias províncias, responsáveis pela autonomia política do Brasil. Contudo, nove anos
pelos conflitos em torno da elaboração da primeira Constituição após proclamar o 7 de setembro de 1822, o imperador abdicava de
brasileira de 1824 e pelo autoritarismo de D. Pedro I. Finalmente, o seu trono e retornava à Europa. A instabilidade política e econômica
imperador abdicou, em 1831. foi a marca de seu breve reinado.
Piletti, Nelson. História do Brasil. Ática, 1996. São Paulo. p. 170 (Adaptado).
Cite um setor da sociedade brasileira da época que se opunha à
A respeito do assunto proposto no texto, manutenção do governo de Pedro I e uma razão para essa oposição.
Em seguida, aponte um motivo para a instabilidade econômica que
a) caracterize a Constituição de 1824 em relação ao voto. caracterizou esse governo.
b) cite duas razões que concorreram para a abdicação de D.
Pedro I.

PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 381


HISTÓRIA II 13 PRIMEIRO REINADO

GABARITO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. C 05. C 09. D 13. E 17. B
02. D 06. A 10. D 14. D 18. A
03. C 07. C 11. B 15. B 19. A
04. B 08. C 12. E 16. A 20. E

EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. a) DUAS DIFERENÇAS: o caso brasileiro foi relativamente pacífico e não contou com
a participação popular.
b) Os luso-brasileiros – ou, simplesmente, os integrantes do Partido Português – deram
sustentação política a D. Pedro, apoiando a sua autoridade, e, por isso, por diversas vezes,
entraram em conflito com o Partido Brasileiro, formado pela aristocracia rural brasileira.
02. a) A Constituição de 1824 instituiu o voto censitário indireto: com base na renda,
eleitores primários (eleitores de paróquia) elegiam eleitores secundários (eleitores de
província) e estes votavam para os cargos do Legislativo.
b) Podemos citar a perda de prestígio do Imperador devido ao autoritarismo demonstrado
no fechamento da Assembleia Nacional Constituinte (1823) e na imposição da
Constituição de 1824 e o aumento dos problemas econômicos brasileiros a partir da
Guerra Cisplatina (1826), que terminou com a independência da província Cisplatina do
Brasil.
03. a) Para Bonifácio, o fim imediato do tráfico de escravos era uma ameaça porque (1)
a diminuição da mão de obra escrava geraria uma crise econômica no país e (2) a elite
brasileira, extremamente dependente dos escravos, poderia colocar-se contra o governo.
b) A Inglaterra desenvolvia uma política de defesa da abolição da escravatura desde o
século XIX, basicamente por três motivos, a saber: (1) interesse na exploração da África
e, devido a isso, interesse em que a mão de obra africana não saísse do Continente, (2)
interesse em diminuir a produção de açúcar do Brasil, para abrir concorrência para o
açúcar inglês produzido nas Antilhas no mercado mundial e (3) interesse em transformar
a mão de obra escrava em mão de obra paga para ampliar o número de consumidores
para seus produtos manufaturados.
04. a) As elites brasileiras temiam a recolonização do Brasil. Este temor estava baseado
na política desenvolvida pelas cortes portuguesas que adotaram medidas liberais em
Portugal, como a elaboração de uma Constituição e a limitação do poder real, mas,
frente ao Brasil, desenvolveram uma política conservadora que pretendia o fechamento
dos portos, restaurando o monopólio comercial perdido em 1808 e a situação colonial.
Essa política restauradora dos portugueses contrariava os interesses da elite, formada
por grandes proprietários rurais, que lucravam mais com os portos abertos e o comércio
realizado diretamente.
b) Após a Independência do Brasil, iniciou-se o processo de organização do Estado,
caracterizado pelos choques de interesses, principalmente de “brasileiros” e “portugueses”
(defensores de Portugal, mas residentes no Brasil e ligados ao comércio). Nesse
contexto, D. Pedro I outorgou a Constituição, autoritária e centralizadora. A luta contra o
autoritarismo imperial manifestou-se no mesmo ano quando da eclosão de uma grande
rebelião em Pernambuco, que se alastrou pelo nordeste, com caráter separatista e
republicano, denominada Confederação do Equador.
05. Um dos setores e uma das respectivas razões:
• traficantes de escravos / discordância em relação ao acordo assinado com a Inglaterra
pelo fim do tráfico de escravos
• comerciantes nativos / insatisfação com as vantagens e privilégios dispensados pelo
imperador aos comerciantes portugueses e ingleses
• grandes proprietários de escravos e terras / insatisfação com os altos impostos, com
a centralização política imposta por Pedro I e com o acordo relativo ao final do tráfico
• grupos médios urbanos liberais / defesa do federalismo, reivindicação de reformas
à Constituição de 1824, crítica ao endividamento do Estado, aos rumos da Guerra da
Cisplatina e ao envolvimento do Imperador na sucessão portuguesa
Um dos motivos:
• crise da economia açucareira
• gastos com a estruturação do Estado Imperial
• dívidas geradas pelas Guerras de Independência e da Cisplatina
• acordos comerciais desfavoráveis assinados, principalmente, com Portugal e
Inglaterra

ANOTAÇÕES

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