Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PRÁTICA EMPRESARIAL

ATIVIDADE AVALITIVA 01 - CONTESTAÇÃO

LETÍCIA BRANCO RIOS – 81711126


MAURO LUIZ LORENZO GOMEZ – 818229230
RAFAELA MARIA MOURA ALMEIDA – 81716070

SÃO PAULO
2021
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA
COMARCA DE MANAUS – ESTADO DO AMAZONAS.

Processo n°: 00000000-00.0.00.0000

SOCIEDADE Y, pessoa jurídica de direito privado, regularmente inscrita no


CNPJ n.º 00.000.000/00000-00, com sede na Rua X, n.º X, CEP: X, Manaus, por meio de seus
advogados infra-assinados, nos autos da ação que lhe move SOCIEDADE X, já qualificado nos autos
em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar a presente:

CONTESTAÇÃO

Com fundamento do artigo 335 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC),


pelas razões de fato e de direito a seguir consubstanciadas.

DOS FATOS:
Em apertada síntese, a Sociedade X, Autora, com sede em Campo Grande
contratou a Empresa, ora Ré, distribuidora de mercadorias (transporte de grãos), Sociedade Y Ltda,
para entrega de 20 toneladas de soja na região norte do país, com prazo de um mês para a essa
distribuição.

A entrega totalizou o valor de R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais) e o


montante do valor da mercadoria era de R$ 10.000.000,00 (Dez milhões de reais).
Entretanto, por ocasião de uma forte chuva na região norte, a ora Requerida
não teve condições de cumprir com a obrigação no prazo estipulado, visto que, diante a força maior,
os caminhões atolam ao tentar a travessia o que ocasionou o perecimento da carga.

Todavia, conforme será demonstrado, a presente demanda não merece


prosperar.

DA PRELIMINAR:
Preliminarmente, o contestante roga pelo declínio de incompetência, visto
que a presente demanda foi distribuída em foro relativamente incompetente, haja vista a regra de
competência estabelecida pelo Código de Processo Civil, em que ações contra Pessoas Jurídicas sua
competência será a sede da Empresa Requerida, o que de fato não fora observado pela parte Autora.

Art. 53, CPC: É competente o foro:

III - do lugar:

a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;

b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica


contraiu;

Portanto, se faz necessário o recebimento desta contestação neste foro,


conforme preceitua o novo CPC:

Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a


contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será
imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio
eletrônico.

Diante do exposto, nos termos do art. 340 do Novo Código de Processo Civil,
tendo em vista que a sede da empresa Y é na comarca de Manaus, contesta-se o foro o qual houve
a distribuição da ação, que é o juízo competente para julgar a presente ação.
DO MÉRITO:
DA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE – OCORRÊNCIA DE CASO FORTUITO
E FORÇA MAIOR
A hipótese ventilada nestes autos trata de típico caso de força maior, ou seja,
evento previsível ou imprevisível, porém inevitável, decorrente das forças da natureza, motivo pelo
qual não poderá ser responsabilizada pelas TORRENCIAIS CHUVAS QUE IMPEDIRAM O ACESSO NAS
ESTRADAS DA REGIÃO NORTE. Por conseguinte, os caminhões ficaram atolados por 5 meses e a
carga pereceu.

Detém previsão legal no art. 393 do Código Civil, sendo uma excludente de
responsabilidade do fornecedor de serviços, pela qual a ré não é considerada responsável por
supostos danos causados, conforme orientam melhor doutrina e jurisprudência.

É imprescindível salientar que, os termos e condições que isentam esta


Requerida desse tipo de situação foram informados e aceitos pela parte Autora no momento da
confirmação da compra, conforme contratato de prestação de serviços anexos a esta demanda.

Ainda, informamos que esta Ré não tem intenção alguma de prejudicar os seus
usuários, sempre procuram a total satisfação, porém, não pode arcar com eventuais danos
decorrentes de força maior.

Outrossim, a Requerida realizou todos os procedimentos em que cabe a ela


realizar, tais como, envio da confirmação da transação, informações sobre a compra realizada e
separação da mercadoria para o devido envio. Contudo, por fatos externos, a entrega não foi
concretizada, não havendo, portanto, o que se falar em responsabilidade por parte da Empresa, ora
Ré, não merecendo prosperar os pedidos formulados em exordial, pugnando, desde já, pela total
improcedência da demanda.

DOS DANOS MATERIAIS E PERDAS E DANOS


Ao tratar do dever de indenizar imputado pela parte Requerente à Requerida
em sua peça inicial, mister ressaltar que, em momento algum houve qualquer conduta da Sociedade
Y que desse ensejo a tal pleito, senão vejamos.
Conforme dispõe o artigo 186 do Código Civil:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,


violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito”.

A responsabilidade civil subjetiva, uma vez que não se aplica mais o instituto
da responsabilidade objetiva, conforme consagrada doutrina, assenta-se na tríade:
a) Dano suportado pela vítima;
b) Conduta de um agente;
c) O nexo causal entre o dano e a conduta.

O dever de indenizar origina-se da culpa em sentido amplo, ou, também, pelo


exercício abusivo de um direito, o que, diante o demonstrado, não se amolda ao caso dos autos.

Frise-se que não subsiste um dos requisitos necessários ao reconhecimento da


responsabilidade civil no presente caso, qual seja, a conduta ilícita desta transportadora, afinal, as
mercadorias não foram entregues e pereceram por reconhecido motivo de força maior.

Devendo, portanto, serem considerados totalmente improcedentes os


supostos danos materiais e perdas e danos sofridos pela parte Requerente, concluindo-se, desta
forma, que não há ato ilícito praticado pela Requerida passível de qualquer indenização.

DA IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO


A parte Requerente pediu a inversão do ônus da prova, sob o argumento de
que por ser consumidor seria considerado hipossuficiente, não cabendo a ele comprovar os fatos
alegados. Entretanto, referida alegação não deve prosperar, pois inaplicável ao presente caso o
Código de Defesa do Consumidor, isto porque, nas hipóteses em que o vínculo contratual é
necessário para a execução de atividade-meio na cadeia de produção – como no caso do transporte
de bens entre empresas, conforme narrado nestes autos –, não há a caracterização da relação de
consumo, ainda que, no âmbito do contrato de forma isolada, uma das partes seja a destinatária do
bem ou serviço.
O entendimento foi fixado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), em Recurso Especial de número 1669638, ao manter acórdão do Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJSP) que afastou a existência de relação de consumo entre duas empresas que firmaram
contrato de transporte de carga, a qual foi avariada entre o Chile e o Brasil.

Explica-se: o ônus da prova é o encargo, atribuído pela lei a cada uma das
partes, de demonstrar a ocorrência dos fatos de seu próprio interesse para as decisões a serem
proferidas no processo.

Segundo o art. 373 do Novo Código de Processo Civil, cabe à parte autora a
prova relativa aos fatos constitutivos de seu alegado direito (inc. I) e ao réu, a dos fatos que de algum
modo atuem ou tenham atuado sobre o direito alegado pelo autor seja impedindo que ele se
formasse, seja alterando-o ou mesmo extinguindo-o (inc. II; fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos).

Ou seja, afastando a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor no


caso em tela, o princípio do ônus da prova repousa no fato de caber, à parte autora, o encargo de
produzir provas capazes de formar, em seu favor, a convicção do juiz e à parte ré, de demonstrar
fato extintivo, impeditivo ou modificativo desse direito.

Ademais, somente a parte Requerente é que poderia fazer prova quanto aos
danos que supostamente suportou, haja vista que somente ela pode demonstrar as circunstâncias
concretas que a teria levado a suportar um dano passível de indenização.

No caso em exame, exigir que a Requerida comprove que a parte Requerente


não suportou qualquer tipo de dano, seria obrigá-la a produzir uma prova negativa.

Desse modo, o pedido de inversão do ônus de provar é tão improcedente que


sequer informa a parte Requerente na inicial a quais fatos, afinal, a aludida inversão teria de ser
aplicada.

Denota-se sem margem de erro que a parte Requerente está se eximindo de


cumprir com seus deveres, ou seja, de provar os fatos constitutivos do seu direito, repassando toda
a responsabilidade para a Requerida, sendo que esse tipo de atitude aventureira praticada pela
parte Requerente deve ser rechaçada por esse MM. Juízo.

Ante o exposto, os fatos constitutivos do direito pleiteados pela parte


Requerente podem e devem ser por ela demonstrados.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1. Preliminarmente, requer seja acolhido o pedido de incompetência territorial;
2. Que a presente ação seja JULGADA IMPROCEDENTE, tendo em vista a ausência de culpa pela
Requerida e consequente falta de dever de indenizar a parte Autora pelos danos sofridos;
3. O afastamento da aplicação do Código de Defesa do Consumidor, consequente inversão do ônus
probatório, conforme os fundamentos acima elencados;
4. Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos;

Nesses termos,
Pede e espera deferimento.

Manaus, dia, mês e ano.

LEÍCIA BRANCO RIOS MAURO LUIZ L. GOMEZ RAFAELA M. M. ALMEIDA


OAB /SP: 000.000 OAB/SP: 000.000 OAB/SP: 000.000

Você também pode gostar